Você está na página 1de 9

Resumo Direito Penal

Slide 1

Norma Penal Em Branco (norma cega): Depende de outra espécie legislativa. A norma penal em branco é
aquela com preceito secundário (pena) determinado, porém, com preceito primário (conteúdo)
indeterminado, dependendo, para sua exequibilidade (eficácia), de complementação por outra norma ou
ato administrativo (FCC).

Norma Penal Em Branco Em Sentido Estrito, Própria Ou Heterogênea: o complemento normativo não
emana do legislador. A lei é complementada por ato normativo diverso de lei.

Norma Penal Em Branco Em Sentido Lato, Amplo, Imprópria Ou Homogênea: a lei é

complementada pela mesma espécie normativa (lei). Tal instituto se subdivide em dois:

1. HOMÓLOGA/HOMOVITELINA: quando a complementação está dentro do mesmo estatuto. Ex: a


definição de funcionário público está prevista no art. 327 do CP); e

2. HETERÓLOGA/HETEROVITELINA: quando a complementação se não estiver dentro do mesmo estatuto.

Tipo Penal Aberto: Depende de complemento valorativo dado pelo juiz na análise do

caso concreto.

Tipos culposos: Nos delitos culposos a ação do tipo não está determinada legalmente. Seus casos tipos são,
por isso, “abertos”, dependendo de complementação judicial durante a análise do caso concreto.

Eficácia Da Lei Penal No Tempo - Quando (no tempo) um crime considerado praticado? Há 3 correntes.

● 1ª Corrente: considera-se praticado no momento da conduta: TEORIA DA ATIVIDADE.

● 2ª Corrente: considera-se o momento do resultado: TEORIA DO RESULTADO.

● 3ª Corrente: considera o momento da conduta ou da consumação: TEORIA MISTA ou da


UBIQUIDADE.

O CP adotou a TEORIA DA ATIVIDADE: Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou


omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

Logo, o momento da ação ou omissão, serve para verificar a(s):

a) Capacidade do agente;

b) Condições da vítima (menor de 14 anos ou maior de 60); e

c) A lei que vai reger o caso.

O que é abolitio criminis temporária e quais os seus efeitos? A Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento)
estabeleceu um prazo para que os possuidores e proprietários de armas de fogo entregassem ou
regularizassem o registro do instrumento de acordo com os requisitos legais. Durante esse período,

não houve a incidência do crime de posse de arma de fogo.


Questão: Como tratar a sucessão de lei penal no caso de continuidade delitiva? Pode haver

duas leis vigentes em condutas diferentes?

● 1ª corrente - in dúbio pro réu. Aplica-se a lei mais benéfica. Ex.: vários crimes em continuidade
delitiva (art. 71, CP) são praticados sob a égide de duas leis, sendo uma mais grave. O conflito
resolve-se pela aplicação do princípio da retroatividade ou ultratividade da lei mais benéfica;
● 2ª corrente - Se o crime é único, aplica-se a lei do último ato, isto é, a lei vigente ao término da
cessação da continuidade. O agente que prosseguiu na continuidade delitiva após o advento da lei
nova tinha a possibilidade de motivar-se pelos imperativos desta, ao invés de persistir nas práticas
de seus crimes. Submete-se, portanto, ao novo regime, ainda que mais grave, sem violação ao
princípio da legalidade (STF).

Lei temporária em sentido estrito: é aquele que tem pré-fixado em seu texto o tempo de sua vigência.
Geralmente é de curta duração. Ex: Piracema

Lei temporária em sentido amplo (ou lei excepcional): é a que atende as transitórias necessidades estatais,
tais como guerras, calamidades, epidemias etc. perdura por todo o tempo excepcional. Ex: desperdiçar
água durante o período da seca.

Questão: Alterando-se o complemento da NPB haverá retroatividade ou irretroatividade?

4ª corrente - quando o complemento da norma penal em branco for homogêneo retroagirá. Se for
heterogênea, a retroatividade poderá ou não ocorrer. Se a legislação complementar não se revestir de
excepcionalidade nem trazer consigo a seu autor revogação, a retroatividade se mostrará admissível. Ao
revés, quando a proibição aparecer em legislação editada em situação de anormalidade econômica ou
social que reclame uma pronta e segura intervenção do poder público, tendente a minimizar ou elidir seus
efeitos danosos sobre a população, assemelhando-se às normas excepcional ou temporária, a
retroatividade não será admitida (Francisco de Assis Toledo e STF).

Questão: É possível a retroatividade de jurisprudência mais benéfica?

No Brasil, a doutrina vem admitindo em casos de súmula vinculante e controle concentrado de


constitucionalidade, ou seja, quando a decisão tiver força vinculante.

1- Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: CESPE - 2018 - STJ - Analista Judiciário - Judiciária

Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca
de crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.

Tratando-se de crimes permanentes, aplica-se a lei penal mais grave se esta tiver vigência antes da
cessação da permanência.

R: A questão em comento pretende aferir os conhecimentos do candidato acerca dos entendimentos


sumulados pelos Tribunais Superiores.

No caso da assertiva em análise, trata-se do teor da Súmula 497 do STF, segundo a qual "quando se tratar
de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o
acréscimo decorrente da continuação".
Desta forma, correta a assertiva.

2- Banca: CESPE Órgão: EMAP Prova: CESPE - 2018 - EMAP - Analista Portuário - Área Jurídica

A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir:

No ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria da ubiquidade quando se fala do tempo do crime,
ou seja, o crime é considerado praticado no momento da ação ou da omissão.

R: Errado

3- Banca: CESPE Órgão: EBSERH Prova: CESPE - 2018 - EBSERH - Advogado

Com referência à lei penal no tempo, ao erro jurídico-penal, ao concurso de agentes e aos sujeitos da

infração penal, julgue o item que se segue:

Situação hipotética: Um crime foi praticado durante a vigência de lei que cominava pena de multa para

essa conduta. Todavia, no decorrer do processo criminal, entrou em vigor nova lei, que, revogando a

anterior, passou a atribuir ao referido crime a pena privativa de liberdade. Assertiva: Nessa situação,

dever-se-á aplicar a lei vigente ao tempo da prática do crime.

R: A regra que prevalece no direito penal é a do tempus regit actum, segundo a qual as condutas são
regidas pela lei vigente no momento em que ocorreram. Se, após o cometimento da infração penal,
sobrevier lei mais gravosa, prevalece a que vigia ao tempo do crime. A exceção a essa regra é o comando
constante no parágrafo único do artigo 2º do Código Penal e que encontra fundamento no artigo 5º, inciso
XL da Constituição da República, de acordo com o qual a lei penal só retroage para beneficiar o réu. Como
no caso da questão, a lei posterior é prejudicial ao agente delitivo, aplica-se a lei vigente ao tempo da
prática do crime.

Gabarito do professor: Certo

Slide 2

FATO TÍPICO b. Resultado

● Naturalístico: é toda modificação no mundo exterior provocada pelo comportamento humano

voluntário. Essa modificação pode ser de ordem física (nos objetos inanimados), fisiológica (no

corpo humano) ou psicológica (na mente humana).

OBS: Nem todo crime possui resultado naturalístico. De acordo com essa teoria os crimes se classificam

em: Materiais, Formais e de Mera Conduta.

Crimes Materiais: é aquele que só se consuma com a produção do resultado naturalístico.

• Ex: Homicídio (art. 121 do CP) – só se consuma com a morte da vítima;


Crimes Formais: é aquele cuja consumação não depende da produção de um resultado

naturalístico, embora ele possa ocorrer.

• Ex: Ameaça (art. 147 do CP) – a consumação ocorre no momento em que o mal é prometido,

independentemente da sua concretização;

• Ex: Extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP) – a consumação ocorre no momento do

sequestro com a finalidade de extorsão, ainda que o resgate não seja pago.

Crimes de Mera Conduta: é aquele que o resultado naturalístico não é admitido em hipótese

alguma.

• Ex: Desobediência (art. 330 do CP) – não produz nenhuma alteração no mundo concreto.

Jurídico ou Normativo: é toda lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pela

norma. Todo crime tem resultado jurídico, porque sempre agride um bem jurídico tutelado

pelo direito penal. Quando não houver resultado jurídico, não há crime. Assim, pode-se dizer

que não há crime sem resultado Jurídico ou Normativo.

• Ex: Homicídio – o bem jurídico tutelado é a vida;

NEXO CAUSAL: é o elo, a conexão, física e normativa estabelecida entre a conduta do agente e

o resultado naturalístico produzido. É a relação de causa e efeito existente entre a conduta e o

resultado.

Teoria da equivalência dos antecedentes (conditio sine qua non): considera-se causa, toda ação

ou omissão que concorre para a produção do resultado (art. 13, caput do CP). Para saber se o fato

é causa do crime, deve-se utilizar o procedimento hipotético de eliminação (de Thyrén).

Procedimento Hipotético de Eliminação: consiste na análise individual de cada fato que compõe a

cadeia de eventos do crime e, se excluído um dos fatos se constatar que o resultado não teria

ocorrido, então aquele fato não é causa.

• Ex: No Homicídio examinemos a seguinte cadeia de fatos: 1) produção do revólver pela indústria; 2)

aquisição da arma pelo comerciante; 3) compra do revólver pelo agente; 4) refeição tomada pelo

homicida; 5) emboscada; 6) disparo dos projéteis; 7) resultado morte. Excluindo-se o fato nº 4, ainda

assim o crime ocorreria, então, ele não é causa do resultado.


OBS: Dessa forma, não poderia haver responsabilidade muito ampla (regressus ad infinitum), por

exemplo, do operário que trabalhou na fábrica de armas que depois foi utilizada para matar alguém?

Resposta: NÃO, pois aqui deve-se usar o filtro da causalidade psíquica ou subjetiva (art. 19 do CP) que

exige a presença do dolo ou culpa para responsabilização do crime. Assim, o operário da fábrica de

armas poderiam ser responsabilizado apenas se desde o momento que fabricava aquela arma já pretendia

desviá-la para um conhecido que pretendia matar uma pessoa – aqui a conduta dolosa do operário seria

uma das causas do crime.

Teoria da causalidade adequada: é uma exceção à teoria da equivalência dos antecedentes (art. 13, §1º

do CP), e diz que, ainda que um fato possa ter contribuído de qualquer modo para a produção do

resultado, ele não pode ser considerado sua causa quando isoladamente não tiver idoneidade para o

resultado.

• Ex: Sem o nascimento do agente, o crime de homicídio por ele cometido não teria ocorrido,
portanto, seus pais poderiam ser considerados coautores pelo nascimento do homicida, contudo, o
simples nascimento não é fato idôneo para, isoladamente, causar homicídio (todo mundo que
nasce é homicida?), pelo que, o parto do agente não pode ser causa do homicídio por este
cometido.

Slide 3

Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.

REQUISITOS

1) Há uma situação de perigo atual (ou iminente).

2) Ameaça a direito próprio ou de terceiros.

3) Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado.

4) Situação de perigo não causada voluntariamente pelo agente.

5) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.

6) Conhecimento da situação de fato justificante.


Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Legítima defesa é a repulsa a injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou de outrem, usando
moderadamente os meios necessários.

REQUISITOS:

1) Agressão injusta, atual ou iminente.

2) Direito próprio ou de terceiros.

3) Utilização dos meios necessários;

4) Utilização moderada de tais meios.

5) Conhecimento da situação de fato justificante.

Legítima Defesa Putativa: Excesso pode gerar nova legítima defesa. Ofendículos.

- Dispõe o art. 23, III, 1.ª parte, do Código Penal: 'Não há crime quando o agente pratica o fato em estrito

cumprimento de dever legal'.

- É o desempenho de uma atividade ou a prática de uma conduta autorizada por lei, que torna lícito um
fato típico. Se alguém exercita um direito, previsto e autorizado de algum modo pelo ordenamento jurídico,
não pode ser punido, como se pratique um delito.”

Slide 4

Conceito de Crime: No Conceito Analítico de Crime, que é adotado pelo CP ainda que implicitamente,
buscou-se demonstrar a estrutura do crime. Assim, conforme Hans Welsel, o crime é definido por um Fato
Típico (tipicidade), Antijurídico (Ilicitude) e culpável.

Conceito de culpabilidade: A culpabilidade é o juízo que será feito sobre a reprovabilidade da conduta do
agente, considerando suas circunstâncias pessoais (ex. capacidade). Ainda, é importante notar que ao
contrário do fato típico (fato estar previsto na lei) e da ilicitude (fato contrário ao ordenamento jurídico),
que foca no fato, na culpabilidade o objeto está no agente.

Teoria do Erro: A teoria do erro baseia-se sobre o fato de nossa sociedade atual cometer erros ou
ignorância sobre determinados fatos penais. Compreende-se que o erro de tipo é aquele que versa sobre
os elementares, circunstâncias ou qualquer dado da figura típica (GRECO, 2017, p. 438). Já no caso de erro
de proibição entende-se ser todo erro sobre a antijuridicidade de uma ação conhecida como típica pelo
autor (JESUS apud. MAURACH, 2015, p.351).
AS FORMAS DO ERRO DE TIPO: O erro de tipo previsto no art. 20, caput, do Código Penal, com a

seguinte redação: “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.” (BRASIL, 1940).

ERRO DE TIPO ESSENCIAL: Essa espécie de erro reconhece a possibilidade de defeito no processo de
formação cognitiva, sendo assim não idônea a possibilidade de descaracterização do tipo, mas ajuda na
punição do agente. Exemplo: amigos saem para caçar ursos e no meio da noite, ao ouvir um barulho vindo
de um arbusto, um deles atira e mata. Porém era um dos amigos que levantou para urinar atrás da moita.

ERRO DE TIPO ACIDENTAL: O erro de tipo acidental, diferente do essencial, versa sobre (error in objecto)
erro de objeto, (error in persona) erro de pessoa e (aberratio ictus) erro de execução. Exemplo: o agente
dispara contra A e erra o alvo, acertando B, que vem a morrer ou sofrer lesão corporal.

ERRO DE PROIBIÇÃO: Doutrinariamente há uma distinção entre erro e ignorância, constituindo-se o erro
como conhecimento falso sobre um objeto e ignorância a ausência total do conhecimento do objeto. O
erro é escusável quando o agente atua ou se omite sem ter consciência da ilicitude do fato em situação na
qual não é possível lhe exigir que tenha esta consciência.

O erro ainda pode ser inescusável (inevitável), podendo assim, afastar a culpabilidade, como diz o art. 21,
parágrafo único do CP. Sendo o erro evitável não há a exclusão do dolo, porém a conduta se torna menos
reprovável.

Para aferir se o erro foi escusável ou inescusável são consideradas as características pessoais do agente,
tais como idade, grau de instrução, local em que vive e os elementos culturais que permeiam o meio no
qual sua personalidade foi formada, e não o critério inerente ao homem médio.

DAS DESCRIMINANTES PUTATIVAS: Ocorrem as descriminantes quando o sujeito, é levado ao erro diante
do caso concreto há um supor sobre o agir em face de uma causa que exclui a ilicitude. Disciplinada pelo
art. 23, caput, do CP, enumera quatro causas onde a antijuridicidade é excluída.

Teorias da culpabilidade: A Teoria Limitada da Culpabilidade basicamente considera como elementos da


culpabilidade a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.

Não confunda:

● Erro de tipo: o agente não sabe o que faz, se soubesse não faria -> incide sobre os elementos
constitutivos do tipo legal do crime)

● Erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato): o agente age acreditando que sua conduta não é ilícita -
> Sabe o que faz, mas ignora ser proibido (recai sobre a consciência da ilicitude do fato)

Elementos da Culpabilidade: Depreendemos da Teoria Limitada da Culpabilidade que os Elementos da


Culpabilidade são:

● Imputabilidade penal

● Potencial consciência da ilicitude (Já vimos)

● Exigibilidade de conduta diversa


Imputabilidade penal: A imputabilidade penal pode ser definida como a capacidade mental do

agente de entender o caráter ilícito da conduta. Obviamente que existem hipóteses em que há exclusão da
culpabilidade.

Causas de inimputabilidade (exclusão da culpabilidade) Doença mental ou desenvolvimento mental


incompleto ou retardado (CP, Art. 26)

● Inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato -> Isento de pena;

● Não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato -> redução 1/3 a 2/3

A inexigibilidade de conduta diversa é uma causa geral de exclusão de culpabilidade fundada na não
censurabilidade de uma conduta, quando não se pode exigir do agente, em determinadas circunstâncias e
com base nos padrões sociais vigentes, diferente ação ou omissão.

Outros

No direito penal, "estado de necessidade" e "legítima defesa" são duas excludentes de ilicitude, ou seja,
situações em que uma conduta que normalmente seria considerada ilegal não é punida por conta das
circunstâncias excepcionais. Apesar de semelhantes, elas possuem diferenças fundamentais:

1. Estado de Necessidade: Ocorre quando uma pessoa pratica um ato ilegal para proteger um direito
próprio ou de terceiros diante de uma situação de perigo atual ou iminente, que não foi causada
voluntariamente pela pessoa. Por exemplo, se alguém invade uma casa privada para se abrigar de um
desastre natural iminente. A ação é realizada para evitar um dano maior, e não existe um agressor
específico.

2. Legítima Defesa: Acontece quando uma pessoa pratica um ato ilegal para se defender ou defender
terceiros de uma agressão injusta, atual ou iminente. Por exemplo, se alguém usa força física para se
defender de um ataque. Neste caso, existe um agressor que está causando uma ameaça direta.

Resumindo, a principal diferença está na natureza da ameaça: no estado de necessidade, a pessoa reage a
uma situação de perigo geral ou uma força maior, enquanto na legítima defesa, a reação é contra uma
agressão injusta de outra pessoa.

No direito penal, os conceitos de antijuridicidade (ou ilicitude) e culpabilidade são fundamentais para a
compreensão da estrutura do delito. Eles são distintos e cada um tem seu papel na análise de um ato
considerado criminoso:

1. Antijuridicidade (ou Ilicitude): Refere-se à contrariedade do ato com o ordenamento jurídico. Uma ação
é antijurídica quando viola uma norma penal, ou seja, quando não está amparada por nenhuma excludente
de ilicitude, como legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de um direito ou estrito
cumprimento de dever legal. A antijuridicidade responde à questão: o ato praticado é contrário à lei?

2. Culpabilidade: Enquanto a antijuridicidade diz respeito à relação do ato com a lei, a culpabilidade refere-
se à relação entre o agente e o ato praticado. Ela envolve a análise de se o indivíduo podia, ao tempo da
ação ou omissão, agir conforme a lei (exigibilidade de conduta diversa) e se era capaz de entender o caráter
ilícito do fato (imputabilidade). A culpabilidade também envolve a análise da intenção ou negligência.
Responde à questão: o agente pode ser pessoalmente responsabilizado pelo ato?
Portanto, enquanto a antijuridicidade se foca no ato em si e sua conformidade (ou não) com a lei, a
culpabilidade se concentra na capacidade e na responsabilidade do agente de responder por esse ato. É
possível ter uma ação antijurídica (contrária à lei) que não seja culpável (por exemplo, se praticada por
alguém que não tem capacidade de entender seu caráter ilícito, como uma pessoa com certas
incapacidades mentais).

Você também pode gostar