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Teorias:
- Atividade (Art. 4º, CP)
- Resultado
- Ubiquidade
Ex.: Menor
Retroatividade benéfica
Art. 5º XL, CRFB/88
A sucessão de leis no tempo traz algumas situações que a teoria do tempus regit actum é
mitigada pela teoria da retroatividade benéfica:
- Lei nova cria figura penal (novatio legis incriminadora): eficácia será ex nunc, ou seja,
pro futuro, a lei penal que cria novo crime não retroage.
- Lei que extingue o crime (abolitio criminis): é lei que deixa de considerar crime
conduta até então tida como criminosa. Alcança todos os efeitos penais da condenação, o réu
deve ser colocado imediatamente em liberdade e a condenação não pode ser vir para
reincidência ou maus antecedentes. É causa de extinção da punibilidade Art. 107, III, CP*.
- Lei mais benéfica ao réu (Lex mitior ou novatio legis in mellius): é aquela lei
penal que de qualquer forma beneficia o réu. Retroage.
* Combinação de lei – Lex tertia - Poderia o julgador utilizar um pedaço de
uma lei e um pedaço da outra?
Ex.: Lei A comina crime com pena de 1 a 4 anos e multa. Lei B que revoga lei
A comina pena de 2 a 8 anos sem multa. Quem cometeu o crime sob a égide
da lei A poderia se beneficiar da Lei B para ficar com uma pena de 1 a 4 sem
multa?
STF, chegou a entender possível (HC 95.435). Lei de Drogas com nova
causa de diminuição de pena (Art. 33, §3º)
• Omissão.
Corresponde a um comportamento negativo, ou seja, um não fazer
penalmente relevante. Se refere às normas perceptíveis. Se caracteriza
quando o agente não faz o que dele se esperava (dever jurídico) ou
quando faz diverso daquilo que dele se esperava (dever jurídico).
Omissão
• Omissão Própria ou Pura. O próprio tipo penal descreve a omissão
relevante. Ex.: Art. 135 (omissão de socorro); Art. 168-A (apropriação
indébita previdenciária); Art. 244 (Abandono Material).
A omissão está descrita no tipo. Subsunção O tipo não descreve omissão. Subsunção
direta, ação ajusta-se perfeitamente a indireta, necessita-se da ponte (Art, 13,
previsão legal. §2º CP) para ligar a omissão ao tipo
penal.
- Consciência (elemento intelectivo) EX. MÃE QUE DEIXA DE AMAMENTAR SEU FILHO POR VONTADE
PRÓPRIA, SE A CRIANÇA MORRE, ELA RESPONDE POR
HOMISSIDIO POR OMISSÃO
- Vontade (elemento volitivo) SE A POLÍCIA CHEGA E IMPEDE, ELA RESPONDE POR TENTATIVA
DE HOMISSIDIO
Obs.: dolo não se confunde com desejo. No dolo, o agente quer o resultado
delitivo como consequência de sua própria conduta. No desejo, espera o
resultado delitivo como consequência de conduta alheia ou evento alheio.
Teorias do dolo
• Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração
penal;
• Teoria da representação: para esta teoria ocorre dolo toda vez que o agente,
prevendo o resultado como possível, continua a sua conduta. (crítica: não
distingue dolo eventual e culpa consciente).
• Teoria do consentimento ou assentimento: ocorre dolo sempre que o agente,
prevendo o resultado como possível, decide prosseguir com a conduta,
assumindo o risco de produzi-lo. (a parte final distingue a culpa consciente do
dolo eventual).
* O CP adotou a primeira (teoria da vontade) e a terceira teoria (teoria do
consentimento ou assentimento), Art. 18, I, CP
Espécies de dolo
• Dolo direto ou determinado ou intencional ou imediato ou incondicionado:
ocorre quando o agente prevê determinado resultado, dirigindo sua conduta no
sentido de realizar esse mesmo resultado.
• Dolo indireto ou indeterminado:
- dolo alternativo: o agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua
conduta na busca de realizar qualquer um deles. Ex.: Ferir ou matar. Sempre
responde pelo resultado mais grave, pois estava ao alcance da sua vontade.
- dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resultados, porém, dirige sua
conduta na realização de um deles, aceitando produzir o outro. Ex.: agredir grávida,
quer ferir e aceita aborto. * Teoria Positiva do Conhecimento (Reinhart Frank) para
identificar o dolo eventual “aconteça o que acontecer, vou agir”
O AGENTE PREVÊ, ASSUME O RISCO
"FODA-SE"
Espécies de dolo
*Voluntariedade ≠ Espontaneidade
Elementos: início da execução + não consumação por circunstâncias
inerentes à vontade do agente (abandono de dolo)
Consequência
• Responde pelo atos até então praticados.
Ex..: “A” com intenção de matar, desfere 3 facadas em “B”, mas
abandona sua intenção inicial, deixando “B” viver, causando-lhe,
porém, lesões graves. – Responder pela lesão consumada e não
tentativa de homicídio
Arrependimento eficaz
Também conhecido como arrependimento ativo ou resipiscência
Pratica todos os atos executórios, mas o agente arrependido,
desenvolve nova conduta com o objetivo de impedir a consumação.
- Pressupõe esgotamento dos atos de execução
- Só cabe para crimes materiais
• Conceito.
Erro de tipo é a falsa percepção da realidade acerca dos elementos
constitutivos do tipo penal – Erro de tipo essencial.
Exemplo
• Conceito.
Descriminantes putativas são espécies de erros em que, se a situação
imaginária efetivamente existisse, legitimaria a ação do agente. São as
causas de exclusão da ilicitude sob erro.
Descriminante putativa
• Conceito:
Ex.: Art. 128 (aborto); Art. 142 (injúria difamação); Art. 146, §3º, I
(constrangimento ilegal), Art. 156, §2º (furto de coisa comum).
Causa supralegal – Pressupostos
• a) O consentimento deve ser inequívoco, independente de sua forma;
• b) O consentimento de ser livre, não pode se dar por ameaça ou coação, bem
como por paga ou processa de recompensa;
• c) O consentimento deve ser prévio à prática da infração penal. O consentimento
posterior não tem o condão de afastar a ilicitude.
• d) O ofendido deve ser plenamente capaz para assentir, ou seja, maior de 18 anos
e capaz de entender e de determinar de acordo com seu entendimento.
• e) O bem jurídico protegido pela norma deve ser disponível e de titularidade
somente do ofendido.
Consentimento do ofendido como causa de
exclusão da tipicidade
Em alguns delitos, a discordância do ofendido é elementar do tipo
penal, nesses casos, o consentimento do ofendido tem o condão de
afastar a própria tipicidade, ou seja, a conduta não será crime por falta
de ilicitude e sim por atipicidade.
Ex.: Art. 148 (seqüestro ou cárcere privado); Art. 150 (violação de
domicílio) e Art. 213 (estupro).
ESTADO DE NECESSIDADE
Conceito legal, Art. 24, CP
• Conceito.
É uma causa de exclusão da ilicitude em que o agente cumpre
uma obrigação prevista em lei, seja de natureza penal ou
extrapenal.
Estrito Cumprimento de Dever
Exercício Regular de Direito
Legal
Facultativa: o ordenamento
Compulsória: o agente está
Natureza jurídico autoriza o agente,
obrigado a cumprir a lei.
mas ele não está obrigado.
Culpa e Estrito Cumprimento do Dever Legal
• Conceito.
É uma causa de exclusão da ilicitude em que o agente age amparado
por faculdade legal. Ex.: Art. 301 CPP para o particular.
Atividades esportivas
• 1. Previsão legal.
2. Conceito.
Ex1.: Art. 123, Infanticídio. Mãe, querendo matar o próprio filho logo
após o parto, sob a influencia do estado puerperal, pede ao vizinho
uma faca para cumprir seu desígnio, o vizinho, sabendo da vontade da
mãe, repassa a faca às suas mãos. A mãe mata o filho.
Circunstâncias incomunicáveis
Ex2.: “A” chama “B” para ajudar a matar seu pai. Enquanto “B” “vigia”,
“A” mata seu pai.
Observe nessa situação que a circunstância pai é de natureza pessoal,
portanto, via de regra, não se comunica. Como tal circunstância, nessa
situação, não é elementar do crime de homicídio, não se comunicará,
de fato.
Assim, “A” responderá pelo homicídio (Art. 121), com a agravante de
ter praticado contra ascendente (Art. 61, II “e”) e “B” responderá
somente pelo o homicídio (Art. 121) sem a agravante
CONCURSO DE CRIMES.
• Conceito.
Ex.: “A” termina o namoro com “B” que inconformado atira uma pedra em
“A” com a intenção de matá-lo, a pedra atinge “A” matando-o e atinge
também “C” causando-o ferimentos. Caso de concurso formal perfeito, uma
vez que não houve desígnios autônomos.
CRIME CONTINUADO
Conceito.
Mesmas condições de tempo quer dizer que não pode haver um intervalo de
tempo muito grande entes um crime parcelar e outro. A jurisprudência
chegou a fixar um prazo máximo de trinta dias entre um crime e outro, já
para os crimes contra a ordem tributária se admite até 03 messes. (STF, HC
87.495 e HC 89.573).
Pressupostos para configuração do crime
continuado
c) Mesmas condições de tempo, lugar, modo de execução e outras
semelhanças.
• Pena de Banimento.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa”. multa.
Parte especial – Novidade importantes
REDAÇÃO ANTIGA REDAÇÃO NOVA
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou
que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito
de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação:
(Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave..
ART. 121 – HOMICÍDIO
• Art. 121, caput – Homicídio doloso simples.
• Art. 121, §1º - Homicídio doloso privilegiado.
• Art. 121, §2º - Homicídio doloso qualificado.
• Art. 121, §2º-A – Condições do sexo feminino
• Art. 121, §3º - Homicídio culposo.
• Art. 121, §4º - Majorantes.
• Art. 121, §5º - Perdão judicial.
• Art. 121, §6º - Majorante milícia
• Art. 121, §7º - Majorantes dos feminicídio
ART. 121 – HOMICÍDIO
• Se o sujeito passivo for Presidente da República, do Senado, da
Câmara ou do STF, o crime passa a ser o do Art. 29, da Lei 7.170/83
(Lei de segurança nacional . – homicídio por motivação política.
Art. 29 - Matar qualquer das autoridades referidas no art. 26.
Pena: reclusão, de 15 a 30 anos.
• Homicídio preterdoloso é sinônimo de lesão corporal seguida de
morte – Art. 129, §3º.
• Quando ocorre a morte?
Lei 9.434/97 (doação de órgãos) – morte se da com a cessação da
atividade encefálica.
ART. 121 – HOMICÍDIO
• Crime comum, via de regra, tanto para o sujeito ativo como passivo.
Homicídio qualificado pela tortura (Art. 121, §2º, III) – doloso ≠ Tortura
com resultado morte (Art. 1º, §3º, Lei 9.455/97) – preterdoloso.
(Art. 121, §2º, VI) - contra
a mulher por razões da
condição de sexo feminino:
Especial em razão do sujeito passivo. Mulher. No contexto de violência
doméstica e familiar ou por discriminação ou menosprezo pela natureza
Critérios para identificação:
- Psicológico: leva em consideração a sexualidade mental do agente, o que
ocorre com o transexualismo ou síndrome da disforia sexual;
- Biológico: identifica pelo sexo morfológico, genético ou endócrino.
Melhor critério segundo doutrina é o
- Critério jurídico: ou seja aquele que tenha registro civil do sexo feminino.
Somente esses é que poderão er sujeitos passivos desse delito.
(Art. 121, §2º, VII) - contra autoridade ou agente descrito
nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição
São sujeitos passivos os integrantes:
- Das forças armadas – exercito marinha e aeronáutica (Art. 142, CR)
- Da polícia federal (Art. 144,I, CR)
- Da polícia rodoviária federal (Art. 144, II, CR)
- Da polícia ferroviária federal (Art. 144, III, CR)
- Das polícias civis (Art. 144, IV, CR)
- Das polícias militares e do corpo de bombeiros militar (Art. 144, V, CR)
- Das guardas municipais (Art. 144, §8º)
- Do sistema prisional
- Da força nacional de segurança pública (Lei 11.473/07)
(Art. 121, §2º, VII) - contra autoridade ou agente descrito
nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição
• * “A” induz “B” a auxiliar “C” a suicidar-se. Que crime praticou “A”?
R.: “A” é partícipe do autor “B” do crime do Art. 122 c/c 29. Assim, esse
crime admite concurso de agentes.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
• Tipo privilegiado.
Perceba que o legislador, levando em consideração à circunstância da
mãe, sob o estrado puerperal, matar o próprio filho, criou uma forma
especial para esse homicídio. Por isso a doutrina entende que o
infanticídio nada mais é que um homicídio privilegiado.
• Concurso de pessoas
Coautores e partícipes também se beneficiarão da tal espécie
privilegiada?
Fundamento: dignidade da pessoa humana – Art. 1º, III, CR/88 – dignidade sexual.
- Neste é indispensável o consentimento da gestante, sob pena de se configurar o Art. 125
(s/ const.);
- Como não há perigo à vida da gestante nessa situação, não há hipótese de se configurar o
estado de necessidade.
- Também não se exige autorização judicial para a prática pelo médico do aborto, bastando,
que se verifique indícios seguros da prática criminosa, como a s lesões provocadas pelo
crime, boletim de ocorrência, depoimento da vítima e de testemunhas.
- Interpretação extensiva: para abranger vítimas de estupro de vulnerável – Art. 217-A, CP.
- Causa de aumento de pena nos crimes contra a dignidade sexual quando decorrer
gravidez (Art. 234-A, III – L. 12.015/09).
Aborto – Art. 124 a 128, CP
* Aborto eugênico ou eugenésico.
O STF ao julga a ADPF 54 concluiu por maioria de votos pela inconstitucionalidade
da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo seria
conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, I e II, do CP.
Fundamento: tipificação penal da interrupção da gravidez de feto anencéfalo não
se coadunaria com a Constituição, notadamente com os preceitos que garantiriam
o Estado laico, a dignidade da pessoa humana, o direito à vida e a proteção da
autonomia, da liberdade, da privacidade e da saúde.
Sendo assim, permitido tal modalidade de aborto, desde que devidamente
diagnosticada a anencefalia segundo os critérios definidos pelo CFM através da
Resolução 1989 de 10 de maio de 2012.
Natureza jurídica: Não é crime por falta de tipicidade material, ou seja, não há
ofensa ao bem jurídico vida, uma vez que a mesma é inviável – LFG
• Supremo Tribunal Federal, em 29/11/17, no julgamento do Habeas
Corpus 124.306. Com o voto de Barroso, a 1ª Turma da corte, por
maioria, entendeu que a interrupção da gravidez até o terceiro mês
de gestação não pode ser equiparada ao aborto.
• Decisão isolada por ora, julgamento previsto para agosto desse ano
LESÃO CORPORAL – Art. 129, CP
• . Estrutura culposa
Caput – lesão leve §8º - perdão judicial
§1º - lesão grave (Qual.) §9º - lesão doméstica leve (Qual)
§2º - lesão gravíssima (Qual.) §10 – lesão doméstica grave,
§3º - lesão seguida de morte (Qual) gravíssima e seguida de morte c/
aumt pena
§4º - lesão privilegiada (diminuição de
pena) §11 – lesão doméstica leve contra PCD
§5º - substituição de pena § 12 – Autoridade sistema prisional
§6º - lesão culposa § 13 – Lesão contra mulher (Lei
14.188/21)
§7º - aumento de pena da lesão
LESÃO CORPORAL – Art. 129, CP
Sujeitos
Via de regra crime comum, sem qualidade especial para SA e SP, salvo
nas seguintes hipótese que se exige qualidade especial do SP:
• Ex.: Pai acidente de carro culposo que machuca a filha e a esposa. STF,
AP 277/DF
Lesão em violência domestica. §9º, Art. 129.
funcionário e a qualidade.
difamação tem
relação com o cargo
CRIMES CONTRA A HONRA –Calúnia,
Difamação e Injúria – Arts. 138, 139 e 140
Não poderá ser utilizada a exceção quando:
a) se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido
não foi condenado por sentença irrecorrível;
Nos crimes de ação penal privada o início da ação, por opção
legislativa, fica a cargo da vítima que tem a opção de analisar a
conveniência de inaugurar a ação penal. Por esse motivo o legislador
proibiu a exceção da verdade nesse caso, pois caso contrário estaria
permitindo à terceiro que levasse à juízo situação que a própria vítima
decidiu não levar.
Ex.: José atribui à João o fato de ter chamado Maria de prostituta
(injúria). Maria, prefere não processar João pela injúria (ação privada).
CRIMES CONTRA A HONRA –Calúnia,
Difamação e Injúria – Arts. 138, 139 e 140
João processa José pela calúnia, que, neste caso, não poderá se valer da
exceção da verdade, pois João não foi condenado definitivamente pelo crime,
pois Maria preferiu não iniciar à ação.
Esse é o posicionamento da doutrina majoritária. Luiz Regis Prado, Nelson
Hungria.
Para o Prof. Rogério Greco, no entanto, tal disposição deve ser interpretada
conforme a CRFB/88, para que não se lese o princípio da ampla defesa (Art. 5º,
LV), pois não seria razoável suprimir do réu da ação penal por calúnia
importante meio de prova de sua inocência. Assim, para este doutrinador, caso
já haja um processo criminal em curso pelo fato que ele imputou à vítima, o juiz
da ação penal da calúnia deveria suspender o processo e esperar eventual
condenação na ação penal que julga o fato imputado. Porém, se não existir ação
penal em curso pelo fato, não se poderá impedir o réu de se valer da exceptio
veritatis para comprovar sua inocência sob pena de se ferir o princípio da ampla
defesa.
CRIMES CONTRA A HONRA –Calúnia,
Difamação e Injúria – Arts. 138, 139 e 140
• b) se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do
art. 141 (Presidente da República e Chefe de Governo Estrangeiro);
Coisa julgada.
Difamação – art. 139
• Difamar é justamente imputar fato ofensivo à reputação de outrem.
Fato que desabone a imagem da pessoa no meio social, seja no
âmbito, físico, moral ou intelectual.
• * Importante perceber que o dispositivo legal não exige que o fato
seja falso, basta que seja ofensivo à reputação, por isso, a difamação
não admite, via de regra, a exceção da verdade.
• Ex.: Fala publicamente que viu determinada pessoa fazendo uma
orgia em sua casa.
• Ex.: Afirma para outras pessoas que a amiga se prostitui em uma
determinada casa de show.
Injúria – Art. 140
Estrutura
• Caput – Injúria Simples
• §1º - Perdão judicial
• §2º - Injúria Real (qualificadora)
• §3º - Injúria Racial (qualificadora)
Injúria – Art. 140
Analise das elementares.
• Injuriar alguém é justamente ofender lhe a própria dignidade, a imagem
que a própria vítima tem de si (honra subjetiva), imputando-lhe qualidade
demeritória.
• Ex.: Chamar o outro de viado. Vadia
• Obs.: Perceba que a doutrina entende possível a prática da injúria por
omissão (Ex.: cumprimenta todos do local e recusa a cumprimentar outro
que lhe estendeu a mão), ou qualquer outro meio: verbal, gestos, pintura,
imagens, ironia, truncada (ex.: gesto com o dedo médio; afixar um rabo em
alguém).
• Obs.: Admite ainda a injúria reflexa ou indireta (Ex.: chama o marido de
corno. Atinge também a esposa).
Injúria – Art. 140
Perdão judicial
• a) quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a
injúria; (devem estar no mesmo local / ambiente)
- Assemelha-se ao privilégio do homicídio na parte que diz quando o
agente comete o crime sob o domínio de violenta emoção.
penal.
Calúnia, Difamação e Injúria – Art. 138, 139 e
140
• Disposições comuns
• Ação Penal – Art. 145
- Regra geral: Ação penal privada
- Exceções:
• a) Injúria real por lesão corporal (Art. 145, caput parte final) pública
incondicionada
• b) Contra Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro (Art.
145, p.único 1ª parte) – pública condicionada requisição do Min. Justiça.
• c) Contra funcionário público (Art. 145, p.único 2ª parte) – pública
condicionada a representação. *Legitimação ativa concorrente – STF, S. 714
Furto – Art. 155
• Caput - Furto simples (1-4)
• §1º - Aumento de pena repouso noturno
• §2º - Furto privilegiado (pequeno valor + primariedade)
• §3º - Coisa móvel equiparada
• §4º - Furto qualificado (2-8)
• §4º A – Qualificadora perigo comum (fogo explosivo 4-10)
• §4º-B – Furto qualificado por meio eletrônico (Lei 14.155/21)
• §4º-C – Aumento de pena do furto por meio eletrônico (Lei 14.155/21)
• §5º Qualificadora (veículo para fora do Estado ou país 3-8)
• §6º Qualificadora (semoventes 2-5)
• §7º Qualificadora (subtração de substâncias explosivas ou insumos 4-10)
Furto – Art. 155
É a coisa alheia móvel corpórea.
• Alheia: deve pertencer à alguém. Não se aplica à res nullius (coisa
sem dono ex.: conchinha da praia) e nem à res derelicta (coisa
abandonada. Ex.: móvel no lixo). Se o agente subtrair coisa própria
pensando ser alheia, age em erro de tipo que dá ensejo ao crime
impossível (Art. 17, CP)
• Móvel: Definida no direito civil, os bens móveis são aqueles
suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia,
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Art.
82, CCB/02
Furto – Art. 155
É a coisa alheia móvel corpórea.
• Obs.: O ser humano não é coisa, portanto, não é passível de subtração.
Pode configurar sequestro, cárcere privado (Art. 148), extorsão mediante
sequestro (Art. 159) ou mesmo subtração de incapazes (Art. 249).
• A subtração de cadáver ou partes dele, via de regra, configura o crime do
Art. 211. Porém, se o cadáver tem valor econômico, pode se configurar
furto. Ex.: cadáver da faculdade de medicina. Dente de ouro do cadáver é
da família. Entretanto se o furto é de órgãos que se destinam à transplante,
se configura o crime específico previsto na Lei 9.434/97, Art. 14.
• * Abigeato: furto de gado
Furto – Art. 155
• Coisa móvel equiparada §3º
• O §3º do Art. 155 equipara à coisa móvel a energia elétrica ou
qualquer outra que tenha valor econômico, nos termos do item 56 da
exposição de motivos à parte especial do CP que entende como coisa
móvel energia elétricas e afins, tais como solar, térmica, sonora
atômica, mecânica, inclusive energia genética – sémen.
• Observe que o chamado gato que é o desvio da energia do poste para
a casa configura-se furto. Entretanto se houver fraude no medidor
para dissimular o valor gasto, estaremos diante de uma fraude para
obtenção de vantagem ilícita, o que configura o crime de estelionato
(Art. 171, CP)
Furto – Art. 155
• Coisa móvel equiparada §3º
• Sinal de TV a cabo (STF, HC 97.261. Info 623 de 2011) – não estende,
pois não é energia. Entretanto, STJ tem entendimento mais recente
diverso (RHC 30.847) entendo que se estende, é o que prevalece na
doutrina.
• Água encanada também caracteriza coisa móvel para fim de furto
(STJ, REsp.: 741.665)
Furto – Art. 155
• Consumação e tentativa
• Para Nelson Hungria, Heleno Fragoso e Rogério Greco, o delito de
furto somente se consuma quando o agente retira a coisa da posse do
proprietário ou possuidor e a tem em sua posse desvigiada e
tranquila, ainda que por breve momento.
• Entretanto, Damásio, Ney Moura Teles entendem que não é
necessário que o agente tenha posse tranquila e desvigiada da coisa
alheia para a consumação, bastando que a mesma seja retirada da
esfera de disponibilidade da vítima. Esse é o entendimento adota
pelos Tribunais superiores: STF, HC 108.678 – 10/05/2012 / STJ, HC
190117 e Ag.Rg. no REsp.: 1.226.382 – 13/10/11, REsp 1.524.450.
Furto – Art. 155
• Consumação e tentativa
• Sistema de vigilância não torna a tentativa de furto inidônea / crime impossível.
STJ, S. 567: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por
existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não
torna impossível a configuração do crime de furto.
*Furto famélico – para matar a fome: configura, via de regra, estado de
necessidade.
*Furto de uso: (previsto como crime no CPM, Art. 241) Atípico. 2 requisitos:
Subjetivo: intenção desde o início de uso momentâneo; Objetivo: efetiva
restituição integral.
*Se o agente subtrai coisa de seu devedor para se ressarcir da dívida, não se
configura furto, mas sim exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345, CP).
Furto – Art. 155
Causa de aumento de pena do repouso noturno §1º.
Perceba, entretanto, que a conduta tem de se dar no período noturno
dedicado ao repouso. Se o agente, por exemplo, sabendo que a vítima
dorme após o almoço, aproveita para ingressar na sua residência e de lá
subtrair alguns bens, não poderá incidir a majorante.
• Aplica-se para o caso de furto praticado em horário habitualmente de
repouso noturno. Aplica-se tanto para residências como estabelecimento
comerciais, independentemente se há ou não habitantes no lugar e se os
habitantes estão ou não dormindo. STJ, HC 191.300/2012 / HC 29.153.
• Obs.: A majorante do repouso noturno, não se aplica às modalidade
qualificadas (§4º e §5º). STJ, HC 131.391 e REsp.: 940.245
Furto – Art. 155
Furto privilegiado
• Agente primário + pequeno valor da coisa = substituir reclusão por detenção ou
diminuí-la 1/3 a 2/3 ou somente e multa.
• Primariedade se refere à reincidência. Aquele que tem maus antecedentes pode ser
beneficiado. Poderá influenciar na escolha das alternativas, mas não tem o condão
de impedi-las.
• Pequeno valor, segundo entendimento doutrinário não se afere de acordo com as
condições financeiras da vítima, uma vez que o dispositivo legal se refere ao valor da
coisa e não ao prejuízo sofrido. Assim, é entendido como pequeno valor a res furtiva
com valor equivalente a 01 salário mínimo. Alguns autores adotam esse valor como
teto, outros, atendendo à razoabilidade preferem tê-lo como parâmetro.
• Como é um dispositivo benéfico ao réu, o STF (HC 98.265) já entendeu ser aplicável
às modalidades qualificadas (§4º), diferentemente do §1º, apesar das posição
topográfica. Doutrina contra, mas de 2009 em diante é o entendimento do STF, STJ,
S. 511.
Furto – Art. 155
Qualificadoras §4º
Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
* O dano (Art. 163) fica absorvido por se tratar de meio para a consecução do crime fim que é o furto –
Princípio da consunção.
• Questões polêmicas:
I - A destruição ou rompimento do obstáculo deve se dar antes ou depois da subtração da coisa?
Ex.: Funcionário da empresa espera todos saírem ao fim de expediente para subtrair determinado bem e
para conseguir sair da empresa, que já estava fechada, arromba o cadeado da porta.
1ª Corrente: entende que somente incide a qualificadora se a destruição ou rompimento se der antes ou
concomitantemente à subtração da coisa, por conta da própria redação do dispositivo legal que fala em
destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. (Magalhães Noronha e Cleber Masson).
Após, concurso: Furto simples e Dano*
2ª Corrente: entende que mesmo que a destruição ou rompimento de obstáculo se dê após a subtração
da coisa incidirá a qualificadora, pois o rompimento ou destruição do obstáculo é condição para o sucesso
da empreitada criminosa, sendo tão reprovável quanto se tivesse acontecido antes da substração (Nelson
Hungria e Rogério Greco).
Furto – Art. 155
Qualificadoras §4º
Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
* O dano (Art. 163) fica absorvido por se tratar de meio para a
consecução do crime fim que é o furto – Princípio da consunção.
• Questões polêmicas:
II – O obstáculo tem de ser exterior ou pode integrar a res furtiva?
Ex.: Quebra o vidro do carro para subtraí-lo.
1ª Corrente: somente incide a qualificadora quando há rompimento ou
destruição de obstáculo estranho à própria coisa (letra da lei). Nas palavras
de Nelson Hungria: Não é obstáculo no sentido legal, a resistência inerente à
coisa em si mesma
• 2ª Corrente: incide a qualificadora mesmo quando o obstáculo é
inerente à própria coisa que se pretende subtrair. Princípio da
razoabilidade. Não faria sentido punir mais gravemente a pessoa que
quebra o vidro do carro para subtrair pertences em seu interior do
que a pessoa que quebra o vidro do carro para subtrair o próprio
carro. Nesse sentido, Guilherme de Souza Nucci e Cleber Masson.
* 1ª Corrente é que tem prevalecido na jurisprudência dos tribunais
superiores: STJ, HC 153.472
* Explosão caixa eletrônico: caracteriza essa qualificadora, porém, se
coloca em risco uma coletividade, responde em concurso com
explosão: Art. 251
Furto, Art. 155
• com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
* Confiança – pressupõe relação de lealdade.
- relação empregatícia pura e simples não pressupõe. Exemplo que configura: gerente de
tempo no emprego que chega à cargo de deposito. Ex.: parentesco.
* Fraude: é o emprego de artifício ou ardil para subtrair a coisa. Essa é a diferença para o
estelionato (Art. 171). Neste o agente se utiliza do artifício ou ardil para que a vítima lhe entregue a
coisa, no furto o agente se utiliza do artificio ou ardil para subtrair a coisa sem a vítima perceber.
Ex.: coloca uísque na caixa de agua para passar no caixa.
* Escalada: Não implica necessariamente em subir ou escalar um obstáculo. A idéia é de acesso ao
local por meio anormal. Nesse aspecto, incide a qualificadora tanto quando o agente pula o muro
para acessar o local do furto, quanto quando cava um túnel para ter acesso ao mesmo local.
* Destreza: habilidade de movimentos que faz com que a vítima não perceba a subtração. Ex.:
Punguistas ou bate carteira
Furto, Art. 155
• Chave falsa
• É todo instrumento, independentemente da forma, capaz de fazer
funcionar o mecanismo de um fechadura ou dispositivo análogo. Não
se exige que tenha forma de chave.
• Ex.: Mixa.
• Não incide para chave verdadeira.
Furto, Art. 155
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de
servidor mantido fora do território nacional;
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável.
Roubo – Lei 13.654/18
REDAÇÃO ANTIGA REDAÇÃO NOVA
Roubo Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até
ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência metade:
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência: I – Revogado pela Lei nº 13.654/2018.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego §2º- A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego
III - se a vítima está em serviço de transporte de de arma de fogo;
valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a II – se há destruição ou rompimento de obstáculo
ser transportado para outro Estado ou para o exterior mediante o emprego de explosivo ou de artefato
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, análogo que cause perigo comum.
restringindo sua liberdade.
Roubo – Lei 13.654/18
REDAÇÃO ANTIGA REDAÇÃO NOVA