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Direito PENAL

Princípios Básicos
• Normas extraídas da CF possuem força normativa;
• Esses dois não se confundem:
o Princípio da Legalidade: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal. Aplicável tanto para as condutas quanto para as penas;
o Princípio da Reserva Legal: Significa que em matéria penal somente o legislador pode
intervir para prever crimes e penas ou medida de segurança. Somente LEI em
sentido estrito pode tratar de matéria penal. Isso impede a edição de leis vagas ou
imprecisas – lembrando que lei penal em branco pode, ex: lei de drogas!
▪ Med. Prov., segundo o STF, podem tratar de matéria penal SE FOR FAVORÁVEL
ao réu;
• É proibido a Analogia in Malam Partem, no entanto, Interpretação extensiva é possível até
desfavorável ao réu;
• Leis temporárias → Continuam produzindo efeito após sua vigência! Ex: Proibição do álcool
em dia de votação. Não é caso de abolitio criminis!
• Princípio da individualização da pena, ocorre em três esferas:
o Legislativa: As punições devem ter penas Mínimas e Máximas;
o Judicial: O magistrado avalia a pena de acordo com o grau de lesividade e
antecedentes do réu;
o Administrativa: É na parte da execução penal, avaliando progressão de regime,
condicional e etc.
• Princípio da Intranscedência\ Personalidade da pena: a pena não passa do condenado para
outra pessoa, mas pode haver obrigação do sucessor reparar o dano até o limite do
patrimônio;
• São vedadas as penas de: -Banimento, -Trabalho forçado, -Tortura, -Cruéis, -Perpétuas. A
pena de MORTE é permitida em caso de guerra declarada. São cláusulas pétreas;
• Presunção da Inocência: Ninguém era culpado até o trânsito em julgado, mas o STF
relativizou, autorizando cumprir pena por condenação em segunda instância;
• STF: Processos criminais em curso e IP não podem ser considerados maus antecedentes;
• *Q! Não se exige sentença em julgado (pelo novo crime) para que o condenado sofra
regressão de regime de um atual cumprimento de pena. Basta novo crime doloso ou falta
grave, para que haja regressão;
• Princípio da Alteridade\Lesividade: O fato deve causar dano jurídico à terceiro;
• Princípio da Ofensividade: Além do tipo, o fato deve ofender de maneira grave o bem
jurídico;
• Princípio da Fragmentariedade: A Infração penal vai ser somente contra bens jurídicos
RELEVANTES;
• Princípio da Subsidiariedade: o direito penal é usado quando os demais forem insuficientes;
• Princípio da intervenção mínima: decorre dos dois acima, o DP é usado só se realmente
necessário.
• Ne bis in idem: Não se pude 2x a mesma pessoa pelo mesmo fato, NEM MESMO
PROCESSADO!
• Princípio da Insignificância/bagatela: exclui a TIPICIDADE MATERIAL!
o A conduta é formalmente típica, mas materialmente Atípica.
Incabível para:
Deve haver:
-Furto qualificado*
o Mínima Ofensividade da conduta; -Moeda Falsa
o Nenhuma periculosidade da ação; -Tráfico ou porte de Drogas*
o Reduzido grau de reprovabilidade da conduta; -Roubo*
o Inexpressividade da lesão jurídica; -*Crimes contra ADM e FÉ
o NÃO ESTÁ EXPRESSO NO CP. É DOUTRINÁRIO! pública
Obs: Segundo STJ deve-se analisar ainda a importância do bem para a vítima, se for de
alto valor, NÃO CABE. -

• Já na bagatela imprópria (irrelevância penal do fato): a aplicação da pena, considerando


as circunstâncias do caso concreto, devido à ínfima culpa, em especial o histórico do
autor do fato, torna-se desnecessária. Imaginemos agente primário que, depois de furtar
coisa com significado econômico para a vítima, se arrepende e devolve o objeto
subtraído.

• Descaminho: CABE o princípio da insignificância, com o patamar:


o STF e STJ: até 20 mil reais;

• Reincidência:
o STF: A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a
insignificância penal da conduta. Q!
• Não se aplica o princípio da insignificância ao:
Estelionato contra o INSS (estelionato previdenciário);
Estelionato envolvendo FGTS;
Estelionato envolvendo o seguro-desemprego;

• Fontes do Direito penal:


o Materiais: São os órgãos que o produzem, no nosso caso o CP: a UNIÃO, só!
o Formais: Os meios pelos quais o direito se apresenta:
▪ Imediatas: no caso do brasil, somente a LEI;
▪ Mediatas: fontes que ajudam a formar o DP, são os costumes, doutrina, atos
adm., jurisprudência, princípios gerais.
Infração Penal
• Infração Penal é o Gênero que comporta duas espécies: Crime e Contravenção Penal;
• Conceito de crime: Possui 3 aspectos:
o Material: Ação que lese bem jurídico de terceiro; ou que possua desvalor social;
o Formal: Infração que possua pena de Reclusão ou Detenção; que a lei considera
criminoso;
o Analítico: Adotamos a teoria tripartite, na qual o crime é algo: -
▪ Conduta típica,
▪ Ilícita / antijurídica
▪ Culpável.
• Contravenção penal: Lei estabelece prisão simples ou multa; regime semiaberto ou aberto;
• O legislador define se a conduta é contravenção ou crime, pela lei;

Crimes: Contravenção penal:


-Admitem tentativa; -Admite tentativa, mas não é punida;
-Pena máx: 30 anos; -Pena máx: 5 anos;
-Aplica extraterritorialidade; -Não há extraterritorialidade e Contravenção no
exterior não gera efeitos penais;
Aplicação da Lei Penal
• STJ: Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativas de liberdade e
pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa.
• STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada exige
motivação idônea.
• Princípio da Continuidade das leis: Quando uma lei revoga a outra, deve abordar a matéria
de forma diferente da qual tratava a antiga;
• Revogação:
o Tácita: Não diz expressamente que está revogando a outra norma;
o Expressa: a revogação vem expressamente dita;
• Uma lei produz efeitos desde sua vigência até sua revogação, no período de Vacatio Legis,
que é da publicação até a vigência, ela NÃO produz efeitos! É o chamado princípio de
atividade da lei;
Conflito de leis penais no tempo:
• Lei nova incriminadora: Só produz efeitos a partir de sua entrada em vigor;
• Lex Gravior: Aqui lei posterior não inova, mas traz situação desfavorável ao réu, ex: aumento
de pena, também só produz efeitos a partir de sua vigência, não alcançando fatos pretéritos;
• Abolitio Criminis: exclui a CULPABILIDADE! Ocorre quando lei nova EXCLUI um fato que era
considerado crime, retroagindo a fatos já acontecidos. Não abrange causas cíveis ou ADM.,
ex: multa, prejuízo da vítima. OBS: cuidado, na continuidade típico normativa lei só altera
um artigo que previa um crime e o insere em outro de nova lei, a conduta ainda é crime,
mas por outro tipo;
• Lex Mitior: Aqui lei posterior não inova o tipo, mas traz situação favorável ao réu, ex:
Diminuição de pena, ela RETROAGE alcançando fatos pretéritos, até para casos já julgados,
em cumprimento de pena;
• Lei nova com Prejuízos e Benefícios: Só se aplicará UMA delas, devendo ponderar qual
compensa;
o E se a lei NOVA (+ benéfica que a anterior) é revogada por uma MAIS NOVA mais
gravosa?
Nesse caso a lei MAIS NOVA não vai retroagir, enquanto a anterior NOVA continua
produzindo efeitos após sua revogação (Ultra atividade).
• Em caso de retroatividade da lei é excluído a PUNIBILIDADE;
• Assim:
o Retroatividade: Aplicação de uma norma a fato ocorrido ANTES da vigência da nova
lei;
o Ultratividade: Aplicação de uma norma APÓS sua revogação;
• Lei penal Temporária: Período certo e definido, ex: proibido consumo de álcool no dia da
eleição;
• Lei penal Excepcional: criada para anormalidades, ex: guerra, estado de sítio;
Embora decorrido o tempo de ambas, aplica-se ao fato praticado DURANTE sua vigência,
mesmo após sua revogação (são auto revogáveis). Agora se nova lei extinguir a
criminalização do fato ocorrido na vigência delas, aí haverá descriminalização;
• Leis penais em branco: A sanção é determinada, mas seu conteúdo é indeterminado,
dependendo de complementação, e estas se dividem em:
o Sentido LATO Ou Própria: A fonte complementadora é o MESMA que editou a norma,
ex: Legislativo complementando a lei que ele mesmo fez;
o Sentido ESTRITO ou Imprópria: A fonte complementadora é DIVERSA daquela que
editou a norma, ex: a portaria a qual define o que é produto apto à produção de
drogas é da Anvisa (executivo).
o Homovitelina: o complemento está no mesmo documento (ou no mesmo ramo). Por
exemplo: lei penal complementa lei penal – o Código Penal dispõe sobre quem é
funcionário público (art. 312 e 327).
o Heterovitelina: o complemento está em documento diverso (ou em ramo diverso).
Por exemplo: lei civil complementa lei penal – o Código Civil (CC) enumera as
hipóteses de impedimento de casamento (art. 236 do CP e art. 1.521 do CC).
o Norma penal em branco ao revés/ invertido: o complemento não se refere ao
preceito primário, mas à sanção.

OBS: Caso a norma complementadora trazer benefícios ao réu, ela RETROAGE.


• Conflito aparente de normas: Há conflito quando dado crime se amolda em 2 ou mais
normas, e isso é resolvido por 4 princípios (S.E.C.A.):
o Subsidiariedade: Ocorre quando a NORMA primária (+ ampla) prevalece sobre a
subsidiária (- ampla). Ex: No caso de Roubo, afasta-se o furto;
o Especialidade: Lei especial prevalece sobre a geral. Ex: lei de drogas, infanticídio (que
é matar, mas com condição especial);
o Consunção: Aqui o CRIME\FATO, mais grave absorve o menos grave e menos amplo,
ex: Documento falso para praticar estelionato (caso se esgote nesse crime),
estelionato absorve o de uso de documento falso; em caso de homicídio com arma,
afasta-se o porte de arma;
o Alternatividade: Se uma norma traz condutas, que geram a mesma infração, caso o
agente execute todas, ainda assim só responderá por 1 crime, ex: O crime de tráfico
traz 18 verbos, mesmo que o agente execute todas, só responde por 1 crime: tráfico
de drogas.

Tempo do crime

O CP adotou a teoria da atividade, considera-se crime no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado. STF: Em caso de crime permanente ou
continuado, aplica-se a lei VIGENTE ao final da permanência –ex: sequestro; ou ao final
último crime (c. continuado), mesmo que mais gravosa, se sua vigência era anterior!
• Territorialidade: Aplica-se nossa lei penal aos crimes cometidos no nosso território:
o -Solo e subsolo da nação;
o -Golfos, baías e portos,
o -Rios, lagos e Mares (até 12 milhas da costa); território por extensão:
▪ Navios e aviões Públicos em qualquer lugar!
▪ Navios e Aviões particulares QUE se encontrem no nosso mar ou nosso
espaço aéreo;
• Embarcações de “mera passagem”, em caso de crime, se não atingir bem jurídico BR, nossa
lei não se aplicará ao fato;
• O CP adotou a territorialidade MITIGADA/TEMPERADA, na qual aplica-se a lei do nosso país,
todavia excepcionalmente aplica-se a lei estrangeira, de acordo com tratados e convenções;
• Extraterritorialidade: Aplicação da nossa lei a um fato que não ocorreu em nosso território;
possui alguns princípios:
o Princ. da , divide-se em ativa e passiva:
▪ Ativa: Aplica-se a lei penal daqui a crimes cometidos POR brasileiro, ainda que
no exterior, com as diferenças:
✓ Genocídio (incondicionado): Quando o agente for brasileiro ou brasileiro
domiciliado no exterior;
✓ Crimes comuns (condicionado a alguns requisitos);
1-Entrar o agente no território nacional;
2-Ser o fato punível também no país que foi praticado;
3-Crime incluso entre os quais o brasil autoriza extradição;
4-O agente não tenha sido absolvido/perdoado ou tenha cumprido pena no
exterior;

▪ Passiva (hipercondicionada): Aplica-se a lei brasileira a crimes cometido


CONTRA brasileiros, ainda que no exterior; depende dos requisitos anteriores
e mais dois:
A) Ter havido requisição do ministro da justiça;
B) Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição do estrangeiro.
o Princ. do Domicílio: Aplica-se a lei brasileira a quem mora aqui! Mesmo que seja
estrangeiro, cometendo crime contra estrangeiro NO estrangeiro!
o Princípio da Defesa ou Proteção: Aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos em
qualquer lugar, por qualquer agente, que atentem contra bens jurídicos nacionais
relevantes, independente da nacionalidade do infrator, a fim de proteger bens
jurídicos considerados essenciais:
▪ Contra vida ou liberdade do presidente;
▪ Contra o patrimônio, Fé ou administração pública;
OBS: Será aplicada a lei brasileira MESMO que o agente já tenha sido condenado
ou absolvido no exterior, porém, sua pena é computada ou atenuada na daqui.
Atenção: Esses casos NÃO DEPENDEM de requisição do MJ ou concessão de
extradição.
o Princípio da Justiça Universal ou Cosmopolita: pelo princípio da justiça penal
universal o agente fica sujeito à lei penal do país onde for encontrado, não
importando a sua nacionalidade, a do bem jurídico lesado ou a do local do crime.
Esse princípio rege normalmente os crimes em que o Brasil se obrigou a reprimir em
Tratados, independentemente do local onde foi praticado, quem praticou ou contra
quem foi praticado. Exemplo: tráfico internacional.
o Princípio da Bandeira\Representação ou Pavilhão: Aplica-se a nossa lei aos crimes
cometidos no estrangeiro em embarcações privadas que sustentem nossa bandeira
(registro no Br), quando no país que ocorreu o crime, este não for julgado.

Lugar do crime
O CP adotou a teoria mista ou da ubiquidade, tanto o lugar que se pratica, quanto o lugar
que se produziu ou deveria produzir o resultado, são considerados lugar do crime.
* L.U.T.A: Lugar: Ubiquidade \ Tempo: Atividade;
OBS: Crimes conexos são crimes que estão relacionados entre si. Não aceitam a ubiquidade,
uma vez que não constituem unidade jurídica. Cada crime deve ser julgado no lugar em que
foi cometido.

Aplicação da lei penal em Relação às pessoas


É possível ser sujeito ativo sem praticar a conduta descrita, ex: emprestar uma arma
sabendo o fim;
STF e STJ: É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu
nome. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação’’.
• Diplomatas: possuem imunidades, estão sujeitos à jurisdição do seu país, e varia:
o Imunidade Total: O Diplomata\ Familiares \ Membros da administração;
o Imunidade Parcial: Cônsules e membros do pessoal de serviço da missão;
o Cônsul Honorário (podroso): Cônsul Honorário não possui imunidade.
• Parlamentares em função do cargo, não cometem crime por suas opiniões ou palavras, não
importando o local;
• Membros do CN só podem ser presos em flagrante delito por crimes INAfiançáveis ou
transito em julgado de sentença;
• Sujeito passivo
o Formal ou Mediato: sempre o estado, até nos crimes de APP;
o Material ou Imediato: Titular do bem jurídico;

Disposições Gerais do CP
• Prazos: Começa a contar do dia da pena. Não é computada fração de dia;
• Eficácia da sentença estrangeira: Quando a lei estrangeira produzir os mesmos efeitos, ela
pode ser homologada para o brasil, com a função de:
✓ Obrigar o agente a reparar o dano (deve haver req. da vítima)
✓ Sujeitar o infrator à medida de segurança – Se não houver tratado de extradição deve
haver requisição do ministro da justiça.

Interpretação da Lei Penal


Autêntica: Feita pelo próprio legislador. Aplica-se a fatos passados, mesmo que desfavorável.
Doutrinária ou exposição de motivos: Feita pelos estudiosos, não tem força obrigatória.
Judicial: Feita pelo juiz ou membros do judiciário.
Gramatical: Analisa o texto da lei. Bem precária.
Lógica: Busca entender o que a lei quis dizer. Uma das mais confiáveis e técnicas.
Declarativa: O intérprete não amplia nem restringe o seu alcance.
Extensiva: Quando a lei diz menos que deveria, o interpretador amplia seu alcance, Ex: Quando
a lei proíbe a bigamia, implicitamente proíbe a poligamia.
Restritiva: O intérprete restringe o alcance da lei, quando ela diz mais do que deveria.
Analógica: decorre da busca do sentido de um texto legal existente consistente na
comparação entre a hipótese exemplificativa e a hipótese que ocorreu, de fato, no caso
concreto. Ex: “Homicídio qualificado por motivo torpe”, o legislador vai buscar entender o que
é torpe/banal.

Analogia
É um meio de integração da lei penal. Busca suprir a falta de uma lei. Na analogia o aplicador
de direito se vale de uma outra norma, parecida, para aplica-la. NUNCA é prejudicial ao réu,
diferente da interpretação extensiva, essa pode ser. Analogia em bonam partem ok!
Fato típico e seus ELEMENTOS
• Norteia-se pelo aspecto analítico de crime e seus elementos →Fato Típico, Ilícito e Culpável.
São eles:
>Conduta: A conduta humana deve ter uma dada finalidade → Conduta = Ação + vontade. Tem
que ser analisada a finalidade do agente em sua conduta. A teoria finalista da ação diz que será
típico o fato praticado pelo agente se ele atuou com Dolo ou Culpa. Sendo assim, a vontade não
poderá ser separada da conduta. Se estiver ausente o dolo ou a culpa, a conduta será atípica.
- Crime omissivo impróprio: Também chamado de comissivos por omissão, consiste do dever
jurídico de IMPEDIR o resultado. A lei descreve uma conduta de fazer, mas o agente se nega a
cumprir. É um crime material. Ex: amamentar o filho – responde por homicídio doloso. Há uma
espécie de vínculo com a vítima. Cabe tentativa e participação!!
-Crime omissivo próprio: Descreve uma inação do agente, e esta é um comportamento
proibido. Não foi ele quem deu causa àquela situação, mas foi omisso quando deveria agir, ex:
Omissão de socorro. É um crime de mera conduta e INDEPENTE do resultado OBS: a norma
penal TIPIFICA a omissão. São qualificadoras, lesão corporal grave e morte. Apenas na
modalidade DOLOSA, inexiste na forma culposa.

>Resultado Naturalístico: Modificação do mundo real provocada pela ação do agente. Apenas
crimes materiais exigem resultado naturalístico. Há dois tipos de resultados: Jurídicos, presente
em todos os crimes, e os Naturalístico, para crimes materiais e formais. Nos crimes formais-
crimes de resultado cortado - existe a possibilidade de resultado Naturalístico, mas a lei NÃO
EXIGE que aconteça, bastando a tentativa. Nos crimes de mera conduta, diz-se que a ação já é
o resultado – ex: porte de arma, o resultado é APENAS Jurídico. Sendo assim, crimes Formais e
de Mera conduta, só se exige a conduta e tipicidade.

>Nexo Causal: Vínculo que une a conduta do agente ao resultado naturalístico. Sendo assim, só
se aplica aos crimes materiais.
-Teorias acerca do nexo de causalidade:
o Teoria da equivalência dos antecedentes: É considerada causa do crime toda conduta sem
a qual o resultado não teria ocorrido. Basta retirá-la do curso dos acontecimentos e ver
se, ainda assim, o crime ocorreria. O CP adotou essa teoria, MAS adicionou o DOLO; só
será considerada causa a conduta ligada ao resultado E que foi querida pelo agente.
(principal adotada)
o Teoria da causalidade adequada: Considera causa do evento apenas a ação ou omissão
do agente apta e idônea a gerar o resultado. Também adotada pelo CP, porém, somente
em algumas situações, chamadas de “Concausas”.
→Concausas Absolutamente Independentes: Concausas que não tem relação nenhuma
com a conduta. Por serem independentes, produzem por si só o resultado naturalístico. O
resultado de um novo fato aconteceria independentemente da conduta anterior do
agente, portanto, este responde pelos atos já causados e NÃO PELO RESULTADO Podem
ser:
1] Preexistente: é a causa que existe anteriormente à conduta do agente. Ex: A deseja
matar a vítima B e para tanto a espanca, atingindo-a em diversas regiões vitais. A vítima é
socorrida, mas vem a falecer. O laudo necroscópico, no entanto, evidencia como causa
mortis envenenamento anterior, causado por C, cujo veneno ministrado demorou mais de
10 horas para fazer efeito;
2] Concomitante: é a causa que surge no mesmo instante em que o agente realiza a
conduta. Ex: A efetua disparos de arma de fogo contra B, que vem a falecer em razão de
um súbito colapso cardíaco (cuidado, não se trata de doença cardíaca preexistente, mas
sim de um colapso ocorrido no mesmo instante da conduta do agente!);
3] Superveniente: é a causa que atua após a conduta do agente. A administra dose letal
de veneno para B. Enquanto este último ainda está vivo, desprende-se um lustre da casa,
que acaba por acertar qualquer região vital de B e vem a ser sua causa mortis.
→Concausas Relativamente Dependentes: aqui a concausa por si só não pode produzir o
resultado, mas se unir à conduta do agente, produzem o resultado. Também podem ser:
1] Preexistente: a causa existe antes da prática da conduta, embora seja dela dependente.
O clássico exemplo é o agente que dispara arma de fogo contra a vítima, causando-lhe
ferimentos não fatais. Porém, ela vem a falecer em virtude do agravamento das lesões
pela hemofilia.

2] Concomitante: ocorre simultaneamente à conduta do agente. Outro clássico exemplo é


o do agente que dispara arma de fogo contra a vítima, que foge correndo em via pública
e morre atropelada por algum veículo que ali trafegava.

OBS: Nessas duas hipóteses o agente responde pelos atos causados e pelo resultado. Pois
se não houvesse sua conduta não haveria o resultado naturalístico.

3] Superveniente:
a) Concausa Superveniente Relativamente Independente que não produz por si só o
resultado: como exemplo, tem-se a vítima que é alvejada por disparos não fatais, mas
vem a falecer em virtude de imperícia médica na oportunidade da cirurgia a qual teve
que ser submetida em virtude dos ferimentos. O Agente responde pelos atos
causados e pelo resultado.
b) Concausa Superveniente Relativamente Independente que produz por si só o
resultado: como exemplo, a vítima que é atingida por disparos de arma de fogo não
fatais, mas vem a falecer em virtude do acidente automobilístico de sua ambulância;
ou a vítima que, também alvejada, vem a falecer em razão de um incêndio na ala de
feridos do hospital. O agente responde pelos atos causados: homicídio tentado, e não
consumado.
Conforme visto, pela teoria da causalidade adequada, não basta o agente contribuir, sua
contribuição tem que ser eficaz.
>Tipicidade: É a correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato natural (conduta),
concreto e a descrição contida na lei.
o NOVIDADE: Teoria da Imputação Objetiva → Na imputação objetiva, o agente
somente responde penalmente se ele criou ou incrementou um risco proibido
relevante, pois não há imputação objetiva quando o risco criado é permitido. Ex:
Acidente de trânsito em que o condutor vem em alta velocidade e atropela um
ciclista. Constata-se que mesmo que o condutor viesse dentro do limite de velocidade
não seria possível evitar o acidente. Segundo esta teoria da IMPUTAÇÃO OBJETIVA, o
condutor deverá ser absolvido, pois sua conduta não representou incremento ao
risco, ou seja, não lhe deu causa. Logo, a teoria trata eminentemente da RELAÇÃO DE
CAUSALIDADE.
Crimes Dolosos e Culposos

• Crime Doloso → Divide-se em Dolo DIRETO (1º e 2º grau; e erro sucessivo) e INDIRETO
(Alternativo e Eventual).
o Dolo DIRETO de primeiro grau: É o dolo normal, convencional.
o Dolo DIRETO de segundo grau: Para atingir sua finalidade, o agente sabe que
NECESSARIAMENTE outros bens jurídicos vão ser lesados. Não é apenas provável, é
CERTO! Ex: Bomba no avião para matar certa pessoa – mata-se todo mundo
obviamente.
o Dolo DIRETO por erro sucessivo: O agente age com dolo normal achando que o que
causou o resultado foi sua ação inicial, mas na realidade foi outra ação posterior que
ele realizara. Ex: Atira-se em alguém visando sua morte, posteriormente joga-se o
corpo no rio achando que a pessoa está morta, quando ademais, percebe-se que ela
morreu por afogamento. O agente responde por homicídio consumado
independente da causa.
o Dolo INDIRETO Eventual: agente prevê pluralidade de resultados, dirige sua conduta
na busca de realizar um deles, porém assume o risco de produzir os demais.
o Dolo INDIRETO Alternativo: o agente prevê pluralidade de resultados e dirige sua
conduta na busca de realizar qualquer um deles indistintamente. Exemplo: o agente
quer praticar lesão corporal ou homicídio indistintamente. O agente tem a mesma
vontade de um ou de outro, tanto faz.

• Crime Culposo → O agente deixa de observar o dever objetivo de cuidado, realiza conduta
voluntariamente causando um resultado naturalístico indesejado, não previsto e nem
querido, mas que com devida atenção podia ser evitado. São 3 tipos:
o Negligência: O Agente deixa de tomar as cautelas necessárias em sua conduta,
famoso relapso, ex: Médico que esquece uma tesoura na barriga do paciente em
cirurgia, ou deixa de usar luvas.
o Imprudência: O agente não toma os cuidados que uma pessoa normal tomaria, faz
algo fora da prudência. Ex: Dirigir perigosamente.
o Imperícia: Quando alguém que deveria dominar uma técnica e não domina. Ex:
médico que erra em uma sutura.
O crime culposo é do tipo MATERIAL, exigindo resultado naturalístico, portanto, só haverá
ilícito penal se lesar algum bem jurídico. Admite tentativa somente nos casos de culpa
Imprópria. Porém, a regra é SEM TENTATIVA PARA CRIMES CULPOSOS.
Espécies de culpa:
o Culpa Consciente: O agente prevê o resultado (é exceção nas culpas), há
previsibilidade, mas espera que ele não ocorra, supondo que pode evitá-lo com a sua
habilidade. Ex: caso do caçador que acerta o amigo.
o Culpa Inconsciente: É a culpa normal, o agente não prevê o resultado, ocorre nas 3
modalidades citadas acima.
o Culpa Própria: o agente não quer, não prevê o resultado, mas acaba lhe dando causa
por negligência.
o Culpa Imprópria: é aquela em que o agente, por erro evitável ou fantasia, imagina
certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude do seu comportamento
(discriminante putativa). Ele quer e provoca intencionalmente determinado
resultado típico, mas responde por culpa por razões de política criminal. EX: caso do
pai que atira em um vulto entrando de madrugada em casa pensando ser um ladrão,
quando na realidade era seu filho que saíra escondido.
OBS: o Brasil não adota Compensação de culpas, ex: Lesões advindas de um acidente
de trânsito em que AMBOS estão errados e são lesionados, os dois responde por seus
atos causados.
Crimes Consumado e Tentado
• Tentativa → Iniciada a execução do crime, este não se consuma por vontades alheias à do
agente. O crime tem 4 fases: Cogitação, Preparação, Execução e Consumação. Só se pune a
Execução e Consumação. A exceção se dá para preparação em casos de maquinário, ex:
adquirir máquinas para produzir dinheiro falso.
• A tentativa é uma adequação típica MEDIATA do CP, pois as condutas tentadas não se
amoldam perfeitamente aos artigos. As bancas estão considerando cabível a tentativa nos
casos de DOLO EVENTUAL.
• Crime falho é a dita tentativa perfeita e ocorre quando o agente, apesar de ter praticado
todos os atos de execução, não alcança a consumação por circunstâncias alheias a sua
vontade. O crime falho (tentativa perfeita) difere da tentativa imperfeita (tentativa
inacabada), porque nesta o agente não consegue praticar todos os atos necessários à
consumação do crime em razão de circunstâncias alheias a sua vontade.
• O CP adotou a Teoria objetiva, dualista, realística - ODR: Sopesam-se o desvalor da ação e
o desvalor do resultado: A tentativa deve receber punição inferior à do crime consumado,
pois o bem jurídico não foi atingido integralmente.
As tentativas possuem as seguintes divisões:
o Branca ou Incruenta: O agente sequer atinge o objeto, cabe redução máxima de 2/3.
o Vermelha ou Cruenta: Quando o agente atinge o objeto, mas não obtém o resultado
em razões alheias à sua vontade.
o Perfeita: o agente esgota os meios que dispunha para lesar o objeto material.
o Imperfeita: Antes de esgotar sua potencialidade lesiva, é impedido por circunstâncias
alheias. Ex: agente dispara 3 tiros contra o alvo e antes de acabar sua munição chega
uma VTR da polícia.
• A pena do crime tentado é a mesma do crime consumado (no papel), só que reduzida de
1/3 a 2/3.
• Desistência Voluntária: o agente, por ato voluntário, interrompe a execução do crime. “Posso
prosseguir, mas não quero”. Necessário que o resultado não se consume. OBS: Tem quer ser
voluntário, porém não espontâneo!
• Arrependimento eficaz: O agente já praticou todos os atos, mas age e faz com que o resultado
não ocorra. O agente responde pelos atos já praticados!
OBS: Nos dois casos é necessário que o crime não se consume, se consumar vai responder
com pena atenuada.
• Ambos os casos, afastam a TIPICIDADE! Respondendo pelos atos já praticados. Nos
dois casos, se forem cometidos em concurso de pessoas e somente um deles realiza a
conduta de se arrepender, este dispositivo se comunica aos demais.
• Arrependimento Posterior: O agente, nos crimes sem violência ou grave ameaça,
voluntariamente e até o recebimento da denúncia, restitui a coisa ou repara o dano causado.
Serve para qualquer delito e não somente em crimes contra o patrimônio. STJ:
arrependimento posterior é caso de diminuição de pena de 1/3 a 2/3. Tem quer ser
voluntário, porém não espontâneo! A reparação do dano deve ser PESSOAL. Em caso de
concurso também se comunica aos demais agentes. Caso haja violência culposa no crime
também pode-se usar este dispositivo.

Concurso de Crimes
• Concurso Material: Prática de duas ou mais condutas dolosas ou culposas, que produzem
dois ou mais resultados, idênticos ou não. Não importando se os fatos foram produzidos em
mesma ocasião ou datas diferentes. Nesse caso, SOMAN-SE AS PENAS.
• Concurso FORMAL: Com uma só ação, o agente comete dois ou mais crimes, podendo ser:
o Formal próprio: O agente só tinha UM desígnio, ex: A atira em B com a intenção de
matar, porém o tiro vara e acerta C. Usa-se EXASPERAÇÃO, aplicando pena mais
grave.
o Formal impróprio: O agente, com uma só ação, produz mais de um resultado,
QUERENDO AMBOS. Os desígnios autônomos que caracterizam o concurso formal
impróprio referem-se a qualquer forma de dolo, direto ou eventual. Nesse caso,
SOMAN-SE AS PENAS.
Há, ainda, a figura que se denominou de concurso material benéfico, que ocorre
quando o sistema da exasperação se mostra prejudicial ao réu em relação ao sistema
da cumulação. No caso de concurso formal PRÓPRIO, aplica-se o cúmulo material se
a exasperação for mais prejudicial.
• Crime Continuado: Mediante uma ação\omissão o agente pratica crimes da mesma espécie,
utilizando de modo de execução semelhantes.
• Os delitos devem ser subsequentes ao primeiro, e ser continuação dele, de uma
mesma maneira, ex: Caixa do mercado que furta diariamente uma quantia de
dinheiro. Esse caso também usa a exasperação.
• Devem possuir um intervalo máx. de 30 dias e serem produzidos no mesmo local
(mesma cidade ou comarca limítrofe/próxima).
• Deve haver também semelhança no bem jurídico lesado, ex: Roubo ≠ latrocínio. O
acréscimo de pena leva em conta a quantidade dos crimes praticados. OBS: Se
durante a execução do crime continuado (até os permanentes -sequestro), entrar em
vigor lei mais gravosa, aplica-se ela.
• STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta
na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
• SOBRE AS PENAS DE MULTA: No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta
e integralmente, ou seja, somam-se. PORÉM, no caso do CRIME CONTINUADO, aplica-se
UMA ÚNICA PENA DE MULTA.
• Em se havendo a reiteração criminosa indicadora da delinquência habitual ou profissional,
é vedada caracterização do crime continuado, sob pena de haver benefício pela própria
torpeza.
• A prevenção no processo penal, em diversas situações, constitui critério de fixação de
competência, como na hipótese em que for possível a dois ou mais juízes conhecerem do
mesmo crime — seja por dividirem a mesma competência de juízo, seja pela incerteza da
competência territorial — ou, ainda, nos crimes continuados ou permanentes.

ILICITUDE e suas causas de exclusão

• Estando presente o primeiro elemento (fato típico), presume-se presente a ilicitude,


devendo o acusado comprovar a existência de uma causa de exclusão de ilicitude.
• OBS: Essas causas de exclusão, não estão só na lei, fazendo-se presente também em causas
supralegais, como maior exemplo, o consentimento do ofendido (prévio ou concomitante)
que não está expresso no CP e exclui a antijuricidade.
• As fontes das causas de justificação das excludentes são:
• A lei (estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito);
• A necessidade (estado de necessidade e legítima defesa);
• A falta de interesse (consentimento do ofendido – não expresso do CP).
I) Estado de Necessidade: Sacrifício de um interesse juridicamente protegido para salvar de
perigo atual e inevitável o direito do próprio agente OU de terceiros. O perigo não pode ter
sido provocado voluntariamente e o agente não pode ter o dever jurídico de impedir o
resultado, se deu causa culposamente, pode ser alegado estado de necessidade. OBS: a
conduta deve ser proporcional e o bem protegido de igual ou maior valor que o sacrificado.
a) Agressivo: O agente sacrifica bem jurídico de terceiro, que não deu causa ao perigo.
b) Defensivo: O agente sacrifica bem jurídico de quem ocasionou a situação de perigo.

II) Legítima Defesa: Prática de um ato para REPELIR uma agressão, com os seguintes
requisitos: -Agressão injusta; -Atual ou iminente; -Contra direito próprio ou alheio.
A legítima defesa pode ser:
• Agressiva: Se A agride B, e, este, em legítima defesa revida e agride A, não há crime.
• Defensiva: O agente se limita a defender, não revidando o agressor.
• Próprio: Defesa de próprio bem jurídico.
• De Terceiro: Defesa do bem jurídico de terceiro.
• Real: Agressão que de fato acontece.
• Putativa: Quando o agente pensa que está sendo agredido, mas na verdade trata-se
de sua imaginação. OBS: exclui somente o dolo.
• Sucessiva: Quando A agride B, e este em desproporção ataca A, gerando direito de
defesa ao excesso causado por B.
• A legítima defesa não é presumida, quem alega deve provar sua ocorrência.
• Não é cabível contra animais, nesse caso é estado de necessidade.
• Q! Igualmente ao estado de necessidade, se o agredido erra ao revidar a agressão e atinge
pessoa diversa do fato (erro sobre a pessoa) continua amparado pela excludente de ilicitude.
• Excesso punível: é o exercício IRREGULAR de uma causa excludente de ilicitude, existindo
na modalidade DOLOSA E CULPOSA. Podendo ser:
▪ Extensivo: Quando cessada agressão, a vítima venha a revidar injustamente;
(dolo);
▪ Intensivo: Quando a resposta é desproporcional. (Culpa).

III) Estrito cumprimento do dever legal: É uma obrigação (compulsória) imposta pela
lei\decreto\regulamento. Quando o agente atua tipicamente, não está fazendo nada além
de sua obrigação, geralmente aplicável aos agentes públicos, mas cabe ao particular, ex:
advogado que se nega a testemunhar. OBS: troca de tiro policial VS bandido é leg. Defesa.
O agente deve ter a consciência que age sob essa causa de justificação! Que atue querendo
pratica-la! *Todas excludentes de ilicitude só podem ser verificadas em crimes dolosos.

IV) Exercício Regular de direito (particular autorizado):


• O direito deve estar previsto em lei. O direito pode advir de um costume, mas NÃO LOCAL.
É facultativa, o agente não está obrigado a agir. Ex: atleta de MMA que lesiona oponente; o
médico que causa lesão para salvar o paciente.
• Ofendículo: São aparatos defensivos da propriedade (cacos de vidro no muro, cerca
elétrica), caso ativados, VIRAM LEG. DEFESA.
Culpabilidade
Nada mais é do que o juízo de reprovabilidade sobre a conduta do agente, aqui o objeto de
estudo não é o fato, mas sim o agente. Nosso CP adotou a Teoria LIMITADA da culpabilidade,
dividindo o erro sobre suas causas de justificação (descriminantes putativas), erros de TIPO e
erros de PROIBIÇÃO.
3 Elementos:
• Imputabilidade penal: Capacidade mental de entender o caráter ilícito da conduta. O CP
adotou o critério BIOPSICOLÓGICO: Deve haver uma doença mental (biológico), mas o juiz
deve analisar se o agente era ou não capaz de entender o caráter ilícito da conduta. As
causas de INImputabilidade são:
o O agente com doença mental que, no tempo da ação era INTEIRAMENTE, incapaz de
entender o ilícito. Pena reduzida de 1/3 a 2/3 para os não inteiramente incapazes.
o Menores de 18 anos.
o Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, quando ao tempo
da ação\omissão for inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito. Pena
reduzida de 1/3 a 2/3 para os não inteiramente incapazes.
OBS: Não excluem a imputabilidade penal:
-Emoção ou paixão;
-Embriaguez voluntária ou culposa;
OBS: Os silvícolas são inimputáveis somente se não integrados à sociedade.
SISTEMA VICARIANTE:
-Aos inimputáveis: Medidas de segurança \ tratamento;
-Aos Imputáveis: Só se impõe pena;
-Aos Semi-imputáveis: Pena ou medida de segurança\tratamento;
• Potencial consciência da ilicitude: É a possibilidade de o agente conhecer o caráter ilícito
do fato. Quando o agente age acreditando que sua conduta não é penalmente ilícita, comete
erro de proibição, sendo de dois tipos:
o Escusável: Realmente não tinha como ele saber; (desculpável, isento de pena, exclui
dolo e culpa).
o Inescusável: Se pensasse um pouco saberia que era errado. (Não desculpável, é
atenuante). Ex: desconhecimento da lei → não tem como alegar isso.
• Exigibilidade de conduta diversa: É a possibilidade que o agente tinha de agir de outro
modo. Esse elemento fundamenta duas causas de exclusão de culpabilidade:
→ Coação Moral Irresistível: Quando uma pessoa coage outra a praticar um crime,
sob ameaça de lhe fazer mal grave.
→ Obediência hierárquica: A ordem não pode ser manifestamente ilegal. Caso saiba
que a ordem é ilegal o agente RESPONDE!
OBS: A coação física irresistível não exclui a culpabilidade, ela exclui a TIPICIDADE!!!
ERROS
Pela teoria extremada da culpabilidade, todo erro é considerado de proibição. Já na teoria
LIMITADA da culpabilidade (adotada no CP), temos erro de proibição e os erros de tipo:

• ERRO de TIPO ESSENCIAL: exclui o dolo (sempre!). O erro de tipo é a representação errônea
da realidade! Não sabe que está errado! Na qual o agente acredita não se verificar a
presença de um dos elementos essenciais do crime (tipicidade, ilicitude, culpabilidade). Ex:
No crime de desacato, desconhecer que a outra parte era funcionário público. Também
pode ser:
o Escusável: excluindo o dolo e a culpa. Logo, a própria TIPICIDADE;
o Inescusável: Exclui o dolo, mas responde com culpa.
Obs: Veja que não se trata de desconhecimento da lei, mas uma falsa percepção da
realidade.

• ERRO de TIPO ACIDENTAL: É o erro na execução do fato criminoso, sobre dados irrelevantes,
o agente sabe que está cometendo o ilícito! O agente responde pelo crime como se não
houvesse erro, o dolo é normal, mantido. Pode ser:
o Erro sobre a PESSOA: Confunde a pessoa visada, praticando ato em outra.
Respondendo da mesma forma!
o Erro sobre o Nexo CAUSAL: O agente alcança o resultado, mas em razão de nexo
diferente do planejado. Ex: José atira em maria para matar, joga seu corpo no rio para
esconde-lo e depois verifica-se que ela morreu foi afogada. Responde da mesma
forma, por homicídio doloso, mas com causa diferente!
o Erro sobre a EXECUÇÃO: O agente não se confunde quanto à pessoa, mas erra o alvo
e acaba acertando outra pessoa, errando na EXECUÇÃO. Responde pelo crime
originalmente pretendido. Obs: Carrega as qualidades da vítima desejada, ex:
privilégio. Se o agente atinge a vítima visada e a não visada sem querer, responde por
concurso formal.
o Erro sobre o CRIME ou RESULTADO DIVERSO: O agente pretendia cometer um crime,
mas acaba cometendo outro por erro. Ex: Arremessar uma pedra sobre um vidro e
acabar atingindo e matando uma pessoa. Como não houve intenção o agente
responde por homicídio culposo, uma vez que não se constate a vontade do agente.
o Erro sobre objeto: Ocorre quando o sujeito supõe que sua conduta recai sobre
determinada coisa, sendo que na realidade incide sobre outra. É o caso de o sujeito
subtrair açúcar supondo tratar-se de farinha. Responde igualmente por furto.
PORÉM, se, por exemplo, o sujeito esteja traficando talco no lugar de cocaína, vira
erro de tipo essencial, tornando sua conduta atípica.

• ERRO de PROIBIÇÃO DIRETO: Quando o agente atua acreditando que sua conduta não é
ilícita. Se escusável, exclui a CULPABILIDADE, se inescusável, talvez pode atenuar a pena.
Veja que existe dolo no agir; diferente do erro de tipo essencial, porém, havia
desconhecimento da ilicitude de sua ação.
• ERRO de PROIBIÇÃO INDIRETO: O agente atua acreditando que existe, em abstrato, alguma
descriminante putativa (causa de justificação), é levado a erro pelas circunstâncias do caso
concreto, supondo agir em face de uma causa excludente de ilicitude.
o OBS: Tanto no erro de proibição DIRETO quanto INDIRETO, em ambos, há o DOLO
DE AGIR, porém não se sabe que a ação é errada. Novamente, se escusáveis, excluem
a CULPA, se inescusáveis, atenuam a pena.
• ERRO de PROIBIÇÃO MANDAMENTAL: A norma determina/manda a conduta positiva do
agente, e este, por desconhecimento não o faz, achando que não era para agir.
• Erro de diagnóstico (médico): Não enseja culpa.

Concurso de Pessoas (Codelinquência)


Junção de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou contravenção penal. O CP adotou
a teoria MONISTA. O concurso de agentes deve ser entendido como um crime único, respondendo
todos por ele, na medida de sua participação. Temos duas espécies de concurso:
• Eventual: O tipo penal NÃO EXIGE que o fato seja praticado por mais de uma pessoa. Ex:
um homicídio.
• Necessário: O tipo penal EXIGE que o fato seja praticado por mais de uma pessoa, Ex:
associação criminosa. As condutas podem ser paralelas (associação criminosa) ou
contrapostas (uma rixa).
Requisitos:
1) Pluralidade de agentes: Os comparsas devem ter discernimento, de maneira que a ausência
de culpabilidade por doença mental afastaria o concurso de agentes. Alguém que determina
um doente a praticar um fato, na realidade está encaixado como AUTOR MEDIATO. Caso o
agente use um inimputável por ser menor de idade, é reconhecido o concurso de pessoas
aparente. Assim a inimputabilidade (por menor de idade) não impede o concurso de
agentes.
OBS.: A Participação de dois adolescentes na empreitada criminosa gera prática de dois
delitos de corrupção de menores, assim → Concurso formal.
2) Relevância na colaboração: a colaboração deve ser PRÉVIA, CONCOMITANTE ou
POSTERIOR.
3) Vínculo\liame subjetivo: A colaboração dos agentes DEVE ter sido ajustada entre eles, esse
ajuste não precisa ser prévio, pode ser ali na hora! Se houver colaboração que não foi
combinada, estaremos diante de autoria colateral. Ex: A deseja matar B e faz uma
emboscada, acontece que C, sem saber de A, faz o mesmo com idêntico desejo. Quando A
passa ambos atiram e o matam. LEMBRANDO:
a. Colaboração → Prévia, concomitante ou posterior;
b. Ajuste → não precisa ser somente prévio podendo ser, concomitante ou posterior;
4) Unidade de crime para os agentes: Se 20 pessoas colaboram para o mesmo crime,
respondem todos pelo mesmo delito, independentemente de sua conduta, mas na medida
de sua participação.
5) Existência de fato punível: O fato praticado tem que ser punível, se ficar só no abstrato não
há crime. Deve ser ao menos tentado.
OBS: Considera-se partícipe de crime comissivo, com ação omissiva, o gerente de
estabelecimento comercial, detentor das chaves do local, que, ao sair do estabelecimento,
deixa a porta aberta a fim de facilitar a prática de furto, mesmo que quem furte desconheça
a ação inicial.

Modalidades:
A) CO-AUTOR → pode ser entendido como aquele agente que mais se aproxima do núcleo do
tipo penal, juntamente com o autor principal, podendo sua participação ser parcial ou
direta.
Pode haver coautoria em crimes culposos!
B) PARTÍCIPE → é aquele indivíduo que não participa dos atos de execução, mas auxilia o autor
(ou co-autor) na realização do fato típico. Esta participação pode ser moral ou material.
Obs.: Os crimes de mão própria admitem partícipe, mas NÃO COAUTORIA. Lembre-se →
toda participação é dolosa, logo não há partícipe em crime CULPOSO, porém, pode ter
concurso e coautoria.
a. OBS: NÃO É PORQUE É PARTÍCIPE QUE A PENA É MENOR! Ela pode ser inferior, mas
não é obrigatório.
C) AUTOR → Toda a pessoa que pratica o núcleo do tipo penal.
D) Caracteriza a autoria por convicção, o autor que conhece efetivamente a norma, mas a
descumpre por razões de consciência, que pode ser política, religiosa, filosófica, etc.
OBS: o CP adotou o conceito restritivo de autor, vem da teoria OBJETIVO FORMAL, na qual
diferencia autor e partícipe. Autor é aquele que pratica o núcleo do tipo e partícipe aquele que
presta colaboração. O que causa um certo problema nos crimes de mando, sendo que para isso,
o CP também adotou parte da TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO, que diz que autor é que decide
a forma de execução, início e outras condições. Assim, o partícipe seria aquele que, embora
colabore dolosamente, não exerça domínio sobre a ação. Aqui é levada em conta a parte
intelectual, não as ações.
Q! OBS: a doutrina e a jurisprudência admitem o concurso de pessoas e coautoria em crimes
culposos. O que não se admite é a participação.
CRIMES CONTRA A PESSOA
1.1. Dos crimes contra a vida
➢ Homicídio

O homicídio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de fogo, facada, pancadas, etc.),
podendo ser praticado de forma comissiva (ação) ou omissiva (omissão), respondendo por
homicídio sem ter agido, mas tendo se omitido.
EXEMPLO: Mãe que, mesmo sabendo que o padrasto irá matar seu filho, nada faz para impedi-lo.
Ela responderá por HOMICÍDIO DOLOSO.

O crime se consuma quando a vítima vem a falecer, sendo, portanto, um crime material. Como o
delito pode ser fracionado em vários atos (crime plurissubsistente), existe a possibilidade de
tentativa, desde que, iniciada a execução.

• Homicídio Privilegiado

A peculiaridade da motivação do crime, neste caso, é NOBRE. A Lei entende que a conduta do
agente NÃO É TÃO GRAVE, pode ser em três situações:
a) Motivo de relevante valor social – Por exemplo, matar o estuprador do bairro.
b) Motivo de relevante valor MORAL – Por exemplo, matar por compaixão (eutanásia).
c) Sob o domínio de violenta emoção, LOGO APÓS injusta provocação da vítima.
❖ O dolo Eventual é compatível com homicídio privilegiado.
* A pena, nesse caso, é diminuída de 1/6 a 1/3.

• Homicídio Qualificado

Se o homicídio é cometido:
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; - subjetiva
II - Por motivo fútil; - subjetiva
III - Com emprego de veneno (vítima deve desconhecer a substância), fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; -Objetiva
IV - À traição, com emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido; - Objetiva
V - Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. - Subjetiva
OBS: As qualificadoras objetivas são as que dizem respeito ao crime, enquanto as subjetivas
vinculam-se ao agente. Enquanto as objetivas dizem respeito às formas de execução (meios e
modos), as subjetivas conectam-se com a motivação do crime. As qualificadoras III e IV e VI são de
ordem objetiva, adequando-se em caso de privilégio.

*Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) – Qualificadora Objetiva


VI - Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - Violência doméstica e familiar;
II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição. - Qualificadora Subjetiva – válido para guardas de
trânsito

-Mediante paga ou promessa de recompensa ou OUTRO MOTIVO TORPE: é aquela motivação


repugnante. No caso de mandante, O STJ decidiu que se trata de circunstância de caráter pessoal.
Assim, o homicídio, para o mandante, não será necessariamente qualificado. A Doutrina diverge
sobre a natureza da “recompensa”, mas prevalece o entendimento de que deva ter natureza
econômica.

-Por motivo fútil: Aqui temos o motivo banal, um motivo bobo, ridículo, ou seja, há uma
desproporção gigante entre o motivo do crime e o bem lesado.

-Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum. *Temos aqui uma qualificadora decorrente dos MEIOS
UTILIZADOS para a prática do delito, não dos motivos.
OBS: CUIDADO! MUITO CUIDADO! MAS MUITO CUIDADO MESMO! A utilização de tortura
como MEIO para se praticar o homicídio, qualifica o crime. Entretanto, se o agente
pretende TORTURAR (esse é o objetivo), mas se excede (culposamente) e acaba matando a
vítima, NÃO HÁ HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA, mas TORTURA QUALIFICADA
PELO RESULTADO MORTE.

-*FEMINICÍDIO, não basta, assim, que a vítima seja mulher, deve ficar caracterizada a violência de
gênero. Quando o crime envolver violência doméstica e familiar ou menosprezo / discriminação
à condição de mulher.

-*CONTRA AGENTES DE SEGURANÇA E DAS FORÇAS ARMADAS – O homicídio também será


considerado “qualificado” quando for praticado contra integrantes das Forças Armadas (Marinha,
Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pública (Polícias federal, rodoviária federal,
ferroviária federal, civil, militar e corpo de bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional
(agentes penitenciários) e integrantes da Força Nacional de Segurança.  + guardas de trânsito
!*OBS: é necessário que o crime tenha sido praticado em razão da função exercida pelo agente.
Relaciona também os parentes destes funcionários públicos (cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau).
*! Preste atenção:
E se houver mais de uma circunstância qualificadora? Nesse caso, não existe crime DUPLA OU
TRIPLAMENTE QUALIFICADO. Uma qualifica e a outra vai como agravante!
E se o crime for, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado (praticado por relevante valor moral
e mediante emprego de veneno, por exemplo)? Nesse caso, temos o chamado homicídio
qualificado-privilegiado. Mas, CUIDADO! Isso só será possível se a qualificadora for objetiva
(relativa ao meio utilizado).
E sendo o crime qualificado (objetivamente)-privilegiado (subjetivamente), será ele hediondo?
NÃO!

OBS: Arma de fogo não é qualificadora, é MAJORANTE, e aumentou para 2/3. Arma branca não
é mais porra nenhuma.

• Homicídio Culposo
Ocorre por inobservância de um dever de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia), acaba
por causar a morte da pessoa.
No entanto: Imagine que numa mesa de cirurgia, um MÉDICO CIRURGIÃO esqueça uma pinça na
barriga do paciente, que vem a falecer em razão disso. Nesse caso, não houve imperícia, pois, o
MÉDICO É APTO PARA REALIZAR A CIRURGIA, tendo havido negligência (o camarada não tomou
os cuidados devidos antes de dar os pontos na cirurgia).

• Homicídio Majorado

O homicídio pode ser majorado (ter a pena aumentada) no caso de:


No homicídio culposo (aumento de 1/3):
-Resulta de inobservância de regra técnica ou profissão, arte ou ofício;
-Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima;
-Não procura diminuir as consequências de seu ato;
-Foge para evitar prisão em flagrante;
No homicídio doloso:
-Se o crime for cometido contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos (aumento de 1/3);
-Se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança,
ou por grupo de extermínio (aumento de 1/3 até a metade);
-Com arma de fogo;
-Se o crime, no caso de FEMINICÍDIO, for praticado:
a) durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
b) contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
c) na presença de descendente ou de ascendente da vítima (aumento de 1/3 até a metade).

• Perdão Judicial

Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator (Não confundir perdão judicial com
perdão do ofendido), por entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado
“perdão judicial”. É o que ocorre, por exemplo, no caso de homicídio culposo no qual o infrator
tenha perdido alguém querido. *Nesse caso, ocorrendo o perdão judicial, também estará extinta a
punibilidade, não o crime!

➢ Instigação ou auxílio ao suicídio


Deve ser direcionado à pessoa certa, NÃO GENERICAMENTE ou em grupo.
O suicídio não é crime (ou sua tentativa), mas a conduta do terceiro que auxilia outra pessoa a se
matar (material ou moralmente) é crime. Assim, quem auxilia outra pessoa a se matar não é
partícipe deste crime, mas AUTOR.
É admitido o concurso de pessoas (duas ou mais pessoas se reunirem para auxiliarem outra a se
suicidar). No entanto, somente a PESSOA QUE POSSUA ALGUM DISCERNIMENTO pode ser sujeito
passivo do crime, eis que se a pessoa (suicida) não tiver qualquer discernimento, estaremos diante
de um homicídio.
O crime pode ser praticado de 03 formas:
Induzimento – O agente faz nascer na vítima a ideia de se matar;
Instigação – O agente reforça a ideia já existente na cabeça da vítima, que está pensando em se
matar;
Auxílio – O agente presta algum tipo de auxílio material à vítima (empresta uma arma de fogo, por
exemplo).
→ !! Só é admitido tentativa no crime de Participação ao Suicídio se RESULTAR LESÃO GRAVE!!

OBS: Vítima não morre, mas sofre lesões graves – Crime consumado;
Vítima não morre nem sofre lesões graves – INDIFERENTE PENAL
O crime pode aparecer, ainda, na forma majorada:
-Por motivo egoístico;
-Se a vítima é menor ou tem diminuída a capacidade de resistência (vítima sem
discernimento completo);

➢ Infanticídio

O infanticídio é o crime no qual a mãe, sob influência do estado puerperal, mata o próprio filho
recém-nascido, durante ou logo após o parto. *Dispensa-se perícia se for comprovado o estado
puerperal da mãe!
*CUIDADO! Embora seja crime próprio, é plenamente admissível o concurso de agentes – Na
modalidade participação, coautoria não! AMBOS responderão por infanticídio (desde que
conheçam a condição de mãe da vítima).
O crime só é admitido na forma dolosa e consuma-se com a morte da criança; a tentativa é
plenamente possível.

➢ Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento


Assim, este crime é um crime DE MÃO PRÓPRIA. Duas formas:
-Gestante pratica o aborto em si própria;
-Gestante permite que outra pessoa pratique o aborto nela.
O sujeito passivo é o feto. O crime só é punido na forma dolosa. Se o aborto é culposo, a gestante
não comete crime (Ex.: Gestante pratica esportes radicais, vindo a se acidentar e causar a morte
do filho). A gestante que tenta suicídio, responde por tentativa de aborto (dolo eventual).

➢ Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante


Nesse crime o terceiro pratica o aborto na gestante, sem que ela concorde com a conduta.
Não é necessário que se trate de um médico, podendo ser praticado por qualquer pessoa (CRIME
COMUM). O sujeito passivo, aqui, como em todos os outros delitos de aborto, é o feto. Entretanto,
nesse crime específico também será vítima (sujeito passivo) a gestante. Também ocorrerá o crime
quando o consentimento for prestado por quem não possua condições de prestá-lo (menor de 14
anos, ou alienada mental).
O crime se consuma com a morte do feto, sendo plenamente possível a tentativa.
*Se o agente pretende matar a mãe, sabendo que ela está grávida, e ambos os resultados ocorrem,
responderá por ambos os crimes (homicídio e aborto) em concurso formal.

➢ Aborto praticado com o consentimento da gestante


Aqui, embora o aborto seja praticado por terceiro, há o consentimento da gestante. A gestante
responde pelo crime do art. 124 (antepenúltimo a este tópico) e o terceiro responde por este
delito.
O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, COM EXCEÇÃO DA PRÓPRIA GESTANTE! O sujeito
passivo é apenas o feto.
Nos casos de estupro, não se exige que haja sentença reconhecendo o estupro; basta que haja, ao
menos, boletim de ocorrência registrado na Delegacia.
-Em caso de aborto de Anencéfalo – não microcefalia - deve ser interpretada como conduta atípica
e, portanto, não criminosa.

1.2. Da Lesão corporal


O bem jurídico tutelado é a incolumidade física da pessoa (integridade física).
A lesão qualificada pode se dar pela ocorrência de
• Resultado grave (lesões graves/gravíssimas) ou ;
• Resultado morte (Lesão corporal seguida de morte).
Lesões leves ou culposas → Condicionadas à representação. O conceito legal de lesão leve é obtido
por exclusão.
As seguintes situações são consideradas como lesões graves para fins penais:

Q
u
IV – Aceleração de parto a
l
Lesões GRAVES i
f
i
c
a
d
o
Lesões GRAVÍSSIMAS r
a
s

-O CP trata ambas como lesões graves, mas em razão da pena diferenciada para cada uma delas, a
Doutrina chama as primeiras de LESÕES GRAVES e as segundas de LESÕES GRAVÍSSIMAS. A lesão
corporal seguida de morte é um crime qualificado pelo resultado, mais especificamente, um crime
PRETERDOLOSO (dolo na conduta inicial e culpa na ocorrência do resultado) – 04 a 12 anos.
-CURIOSIDADE: Perda de testículo configura lesão gravíssima? Não. Tratando-se de órgãos duplos,
para a lesão ser gravíssima deve atingir os dois. Do contrário, gera ‘mera’ debilidade de função,
produzindo uma lesão de natureza grave. Se perder dois dentes ou prejuízo mastigatório. →
Natureza GRAVE.
Há, ainda, a figura da lesão corporal privilegiada:
-O agente comete o crime movido por relevante valor moral ou social, ou movido por violenta
emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima.
-Caso as lesões não sejam graves e:
a) Ocorrer a situação anterior; ou
b) Tratar-se de lesões recíprocas entre infrator e ofendido:
O JUIZ PODE SUBSITTUIR A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA DE MULTA.
*É possível, ainda, que havendo lesão corporal culposa, o Juiz conceda o perdão judicial ao
infrator.
*Tratando-se de Lesão CULPOSA, não há que se falar em grau da lesão ou resultado de morte.
CONSIDERAÇÕES:
1. No crime de violência doméstica, é possível o enquadramento, por exemplo, da Babá, que
se prevalece da convivência com a criança para agredi-la.
2. Nos crimes de lesão corporal, a AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA. No entanto, em
caso de LESÃO LEVE OU LESÃO CORPORAL CULPOSA, A AÇÃO SERÁ PÚBLICA
CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO.
3. Q! CUIDADO! Se a lesão é praticada com violência doméstica à MULHER, EM QUALQUER
CASO (leve ou grave), A AÇÃO É PÚBLICA INCONDICIONADA.
4. CUIDADO MASTER! A Lei 13.142/15 incluiu uma NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. A
pena será aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime de lesões corporais for praticado contra
integrantes das Forças Armadas, das forças de segurança pública, dos agentes do sistema
prisional e integrantes da Força Nacional de Segurança. OBS: é necessário que o crime tenha
sido praticado em razão da função exercida pelo agente.

1.3. Da periclitação da vida e da saúde


Aqui o CP cuida de crimes de “perigo”, ou seja, atos praticados pelo agente que, embora não
causem danos, expõem a perigo de dano outra ou outras pessoas. Temos aqui, portanto, crimes
FORMAIS.

➢ Perigo de Contágio venéreo

O CP não diz o que é contágio venéreo (NORMA PENAL EM BRANCO), devendo a norma ser
complementada, o que ocorre mediante portaria do Ministério da Saúde. *É IRRELEVANTE SE A
OUTRA PESSOA CONCORDA! A efetiva contaminação também é irrelevante para a consumação
do delito. ATENÇÃO: Não se exige o dolo de QUERER CONTAMINAR (dolo específico), mas apenas
o dolo de querer MANTER RELAÇÕES SEXUAIS.
A ação penal neste crime é PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO.

➢ Perigo de contágio de moléstia grave

-Parecido com o tipo penal anterior, porém o elemento subjetivo aqui exigido é o dolo e ainda se
exige o chamado ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO (OU DOLO ESPECÍFICO OU ESPECIAL FIM DE
AGIR), que consiste numa vontade além da mera vontade de praticar o ato que expõe a perigo.
Aqui o CP exige que o agente QUEIRA TRANSMITIR A DOENÇA. Havendo necessidade de que o
AGENTE QUEIRA O RESULTADO, NÃO CABE DOLO EVENTUAL, tampouco CULPA.
*Não se exige que o agente utilize da relação sexual para transmitir a moléstia grave, podendo
ser QUALQUER MEIO APTO PARA TRANSMITIR A DOENÇA.
* O crime se consuma com a mera realização do ato (crime formal), não se exigindo que o resultado
ocorra (contaminação).
-Se a vítima já estava contaminada antes, CRIME IMPOSSÍVEL.
-O STJ tem julgado no sentido de que a transmissão dolosa do vírus da AIDS se trata de tentativa
de homicídio, pois é uma doença de caráter letal.
IMPORTANTE →Perceba que nesse crime, o dolo específico varia, podendo se desdobrar em
outros tipos:
• Se a intenção era transmitir a doença: Moléstia grave;
• Se a intenção era a morte da vítima: tentativa de homicídio;
• Se a intenção era lesionar: lesão corporal gravíssima.
A ação penal aqui é PÚBLICA INCONDICIONADA.
➢ Perigo para a vida ou saúde de outrem

O crime se consuma com a mera exposição da vítima ao RISCO DE DANO (perigo). Caso o resultado
ocorra, duas hipóteses podem ocorrer:
o O resultado gera um delito mais grave – Responde pelo delito mais grave.
o O resultado é menos grave do que o crime de exposição a perigo – Responde pelo crime
de exposição a perigo.
Há aumento de pena se decorrer de transporte irregular de pessoas. EX: Caminhão de boias-frias.

➢ Abandono de incapaz

O crime é PRÓPRIO, pois se exige que o sujeito ativo tenha uma qualidade especial:
• Ter o dever de guarda e vigilância da pessoa abandonada.
A condição de “incapaz é qualquer pessoa que não tenha condições de se proteger sozinha”.
Poderá, ainda, haver uma causa de aumento de pena (de 1/3), caso:
-O abandono ocorra em local ermo (deserto);
-O agente for ascendente (pai, mãe), descendente (filho, neto), irmão, cônjuge, tutor ou curador
da vítima;
-Se a vítima possuir mais de 60 anos.

➢ Exposição ou abandono de recém-nascido

O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade de expor o recém-nascido a perigo, com a


finalidade de ocultar a própria desonra. Assim, além do dolo, exige-se o especial fim de agir,
consistente na intenção de ocultar a própria desonra. Caso não haja essa intenção, o agente
responde pelo crime de abandono de incapaz.
Qualificadora: morte da criança.

➢ Omissão de socorro

Não há necessidade de que haja algum vínculo específico entre os sujeitos. A Doutrina
ligeiramente majoritária entende que é possível PARTICIPAÇÃO, mas NÃO COAUTORIA.
A Doutrina exige, ainda, que o sujeito ativo esteja PRESENTE na situação de perigo.
O agente pode praticar a conduta de duas formas:
o Deixando de prestar o socorro imediato à pessoa;
o Caso não possa fazê-lo, deixando de comunicar à autoridade pública para que proceda ao
socorro da pessoa.
OBS: A omissão de socorro nos acidentes de trânsito (caso o agente esteja envolvido no acidente)
é regulada pelo CTB. Caso o agente não tenha se envolvido no acidente, tendo apenas presenciado
pessoa que necessitava de ajuda por ter se envolvido em acidente de trânsito, responde pelo art.
135 do CP. Perceba as duas maneiras.
*A omissão de socorro à pessoa idosa é crime específico previsto no Estatuto do Idoso.
-A Lei 12.653/12 trouxe uma modalidade “especial” de omissão de socorro:
Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento
prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar
emergencial. Esse crime chama-se: Condicionamento de atendimento médico hospitalar
emergencial.

➢ Maus-tratos
O crime de maus-tratos é um crime PRÓPRIO (só pode ser praticado por quem detenha a guarda
ou vigilância da vítima). Consistente NA INTENÇÃO DE EDUCAR, ENSINAR, TRATAR OU
CUSTODIAR:
o Privar de alimentação;
o Privar de cuidados indispensáveis;
o Sujeitar a trabalho excessivo ou inadequado;
o Abusar dos meios de correção ou disciplina.
Em se tratando de conduta omissiva, não há possibilidade de tentativa (deixar de alimentar, deixar
de prestar cuidados básicos, etc.).
Há UMA CAUSA DE AUMENTO DE PENA, no caso de a vítima ser menor de 14 anos.

AÇÃO PENAL: Nos crimes de Periclitação da vida e saúde, somente o crime de perigo de contágio
de doença VENÉREA é crime de ação penal CONDICIONADA à representação. TODOS OS DEMAIS
SÃO CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.

1.4. Da Rixa (Coautoria OBRIGATÓRIA)


Pode ser conceituado como a briga, contendo MAIS DE DUAS PESSOAS (três), cada um agindo por
conta própria. Cada um será sujeito ativo na sua agressão e sujeito passivo na agressão do outro.
A Doutrina exige que haja três ou mais pessoas se agredindo mutuamente; não é necessário
contato físico (pode ser praticado à distância, jogando pedras, paus, etc.).
Aliás, o crime é de CONCURSO NECESSÁRIO, pois necessariamente deve ser praticado por mais de
duas pessoas.
*A ocorrência de lesões é mero exaurimento, irrelevante para a consumação do delito.
A forma qualificada ocorrerá caso sobrevenha a ALGUMA PESSOA (que participa ou não da rixa),
lesão grave ou morte. TODOS participantes responderão pela forma QUALIFICADA, caso ocorra.
A ação é penal pública Incondicionada.
➢ Como se trata de concurso, existe, via de regra, liame subjetivo, sendo significativa a
existência de vínculos psicológicos entre os agentes. EX: torcer para o mesmo time; ou rixa
político partidária.

1.5. Dos crimes contra Honra


-Os crimes contra a honra são aqueles nos quais o bem jurídico tutelado é a honra do ofendido,
seja em sua dimensão subjetiva ou objetiva:
o Honra subjetiva – É o sentimento de apreço pessoal que a pessoa tem de si mesmo;
o Honra objetiva – É o apreço que os outros têm pela pessoa. É ligada à imagem da pessoa
perante o corpo social.
-A pessoa jurídica pode ser vítima nos crimes de Calúnia e Difamação, injúria não!
Os crimes contra a honra são, nos termos do CP, três:
- Calúnia
- Injúria
- Difamação

➢ Calúnia Alegação sobre fato CERTO! DETERMINADO! Ex: João é estuprador ou ladrão, é INJÚRIA!

A calúnia é a imputação falsa de crime a alguma pessoa. Na calúnia, o bem jurídico tutelado é a
honra objetiva do ofendido. Qualquer pessoa, em regra, pode praticar o delito (sujeito ativo).
Entretanto, em alguns casos, algumas pessoas gozam de imunidade material, não praticando crime
quando caluniam alguém no exercício da profissão (parlamentares, por exemplo). Até os mortos
podem ser caluniados, mas o sujeito passivo no caso são seus familiares. O INIMPUTÁVEL
também pode ser caluniável. Mas e se alguém não comete o crime com a intenção de caluniar,
mas apenas para fazer uma brincadeira? Nesse caso, não há crime.
• A calúnia admite tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. "Quando alguém está na
dúvida, não deve atribuir crime a outrem”.

*O crime se consuma com a divulgação da calúnia a um terceiro. Não basta, portanto, que
somente o sujeito ativo e o sujeito passivo tenham conhecimento da calúnia. Trata-se de um CRIME
FORMAL, não se exigindo que a honra objetiva da vítima seja, de fato, atingida. EX: As pessoas que
tomam conhecimento podem não acreditar no que estão ouvindo sobre a vítima.
-Não se esqueça que é POSSÍVEL A TENTATIVA NOS CRIMES FORMAIS!
-Admite-se, neste crime, a EXCEÇÃO DA VERDADE, que nada mais é que o direito que o sujeito
ativo possui de provar que o fato que ele imputa ao sujeito passivo, de fato, ocorreu.
Entretanto, existem casos em que não se admite prova da verdade:
-No caso de crime de ação penal privada, se não houve ainda sentença condenatória
irrecorrível:
-No caso de a calúnia se dirigir ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
-No caso de crime de ação penal pública, CASO O CALUNIADO JÁ TENHA SIDO ABSOLVIDO
por sentença penal transitada em julgado;
→ É cabível a RETRATAÇÃO! (Até o momento da sentença).

➢ Difamação

A difamação, à semelhança da calúnia, também tem como bem jurídico tutelado a HONRA
OBJETIVA do ofendido. Aqui, o fato imputado ao ofendido não é crime, mas apenas ofensivo à sua
reputação.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Temos, portanto, um CRIME COMUM. O sujeito passivo
também pode ser qualquer pessoa, não se exigindo qualquer qualidade da vítima.
→CUIDADO! Não se pune a difamação contra os mortos!
*A consumação também se dá quando UM TERCEIRO TOMA CONHECIMENTO DO FATO
DIFAMATÓRIO. A tentativa é possível na forma escrita.
CUIDADO! A exceção da verdade, aqui, só é admitida se o ofendido é funcionário público e a
difamação se refere ao exercício das funções.
-Não se pune também aquele que diz o que todo mundo já sabe (exceção de notoriedade).
→ É cabível a RETRATAÇÃO! (Até o momento da sentença).

➢ Injúria NÃO SE EXIGE TERCEIRO CONHECEDOR!


-Diferentemente dos dois primeiros tipos penais, a injúria não busca tutelar a honra objetiva, mas
a HONRA SUBJETIVA DO OFENDIDO.
-A ofensa tem por finalidade lhe fazer sentir-se inferior, diminuída.
-Aqui não se trata de um FATO, mas da emissão de um conceito depreciativo sobre o ofendido
(piranha, fedorento, safado, etc.) - Um xingamento.
**Aqui, diferentemente do que ocorre na difamação e na calúnia, não se exige que um terceiro
tome conhecimento da ofensa, pois o que se tutela é a honra subjetiva, sendo necessário que a
própria VÍTIMA TOME CONHECIMENTO DAS OFENSAS. Da mesma forma que os demais, o CRIME
É FORMAL, independentemente do fato da vítima se sentir ou não ofendida (resultado naturalístico
dispensável). ATENÇÃO! Na injúria NUNCA se admite prova da verdade.
O § 1° estabelece duas hipóteses que a Doutrina classifica como PERDÃO JUDICIAL (só para injúria
lembre). É o caso da provocação e da retorsão:
I - Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - No caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria (não difamação).
O § 2° traz o que se chama de INJÚRIA REAL, pois há contato físico. – Ação penal privada
condicionada à representação, porém, se resultar lesão grave → ação penal pública
INCONDICIONADA.
O § 3°, por sua vez, traz a INJÚRIA QUALIFICADA, consiste na utilização de elementos referentes
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. –
A.P. Privada CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO.
→ Injúria reflexa: xingar um homem casado de "corno" ou “cornudo” é uma hipótese de injúria
reflexa, dando azo ao concurso formal de crimes, devido ofensa também à honra subjetiva da
mulher.
→ Não cabe RETRATAÇÃO!
→CUIDADO! Não se pune a Injúria contra os mortos! (Só calúnia lembra!)

OBS: A Doutrina não admite o perdão judicial na injúria qualificada nem na injúria real.

➢ Disposições comuns (crimes contra honra)


o Se o crime for cometido mediante paga ou promessa de recompensa, a pena é aplicada em
DOBRO.
o Se o querelado (infrator) antes da sentença (de primeiro grau!) Se retrata da calúnia ou
difamação (Não da Injúria!) Fica isento de pena.
o A ação penal é, EM REGRA, PRIVADA, salvo no caso da INJÚRIA REAL, na hipótese de haver
lesão grave.

1.6. Dos crimes contra liberdade individual


São divididos em quatro grandes grupos:
-Crimes contra a liberdade pessoal;
-Crimes contra a inviolabilidade do domicílio;
-Crimes contra a inviolabilidade das correspondências;
-Crimes contra a inviolabilidade dos segredos;
➢ Constrangimento ilegal

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que
ela não manda.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se
reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
• Não comete esse crime quem faz:
I - A intervenção médica ou cirúrgica se justificada por iminente perigo de vida;
II - A coação exercida para impedir suicídio.
-Percebam que só haverá este crime caso não se trate de crime mais grave. Assim, aquele que
coage outra pessoa a manter com ele relações sexuais comete estupro, e NÃO CONTRANGIMENTO
ILEGAL.
-É plenamente POSSÍVEL A TENTATIVA.
➢ Ameaça
Obviamente o mal deve ser injusto. O que é ameaça grave para uma pessoa, poderá não ser para
outra.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, consistente na VONTADE DE AMEAÇAR,
independentemente de o agente pretender, ou não, cumprir a ameaça.
A consumação se dá com a chegada da ameaça ao conhecimento da vítima. Em regra, não cabe
tentativa, mas ela é admitida no caso de ameaça escrita.

➢ Sequestro e cárcere privado (crime permanente e de dano, não é instantâneo!)

O crime pode ser praticado por ação, omissão e até mesmo por fraude (o agente induz a vítima a
erro). Devemos, entretanto, distinguir sequestro de cárcere privado:
- Sequestro – A privação da liberdade não implica confinamento da vítima em recinto fechado;
- Cárcere privado – É espécie do gênero sequestro, mas exige que a vítima fique confinada em
recinto fechado.
O crime se consuma no momento em que a vítima tem sua liberdade de ir e vir privada. E se
durante esse tempo sobrevier lei mais grave? Aplica-se a lei mais grave, por ter entrado em vigor
quando o crime ainda estava se consumando.
Existem duas qualificadoras. A primeira incidirá no caso de o crime ser praticado:
- Contra ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do infrator, ou contra pessoa
maior de 60 anos;
- Mediante internação em casa de saúde ou hospital;
- Por mais de 15 dias;
- Contra menor de 18 anos;
- Com fins libidinosos (sexuais).
A segunda qualificadora incide no caso de resultar à vítima grave sofrimento físico ou moral, EM
RAZÃO DE MAUS-TRATOS OU DA NATUREZA DA PRIVAÇÃO DA LIBERDADE.

➢ Redução à condição análoga à de escravo

Reduzir alguém à condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a


jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, vindo a restringir, por
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.
Trata-se de crime permanente e plurissubsistente, admitindo a tentativa!
Forma equiparada:
o Impede o uso de meio de transporte pelo trabalhador;
o Mantém vigilância ostensiva no trabalho (capatazes);
o Apodera-se de documentos dos trabalhadores.
Aumenta-se a pena somente se praticado contra criança, adolescente ou por motivo de
preconceito.

➢ Dos crimes contra a inviolabilidade do domicílio, da correspondência e dos segredos

-Quanto ao domicílio: É necessário que se trate de residência ou outro recinto FECHADO AO


PÚBLICO. Não há modalidade culposa. Assim, o bêbado que entra na casa errada não comete o
crime. Não há invasão de domicílio em imóveis não habitados, ex: andarilhos que entram em
construções ou casas para alugar. Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por
funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas
em lei, ou com abuso do poder.
-Quanto ao desvio/destruição de correspondência:
Se praticado por funcionário público, há o crime de abuso de autoridade. O crime se consuma
quando o agente toma conhecimento do conteúdo da correspondência destinada, não havendo
necessidade de abertura da carta (Colocar contra a luz, por exemplo). O crime se consuma com o
mero apoderamento, independente de destruí-la ou de sonegar de fato.

-Quanto ao sócio infiel: Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial


ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência,
ou revelar a estranho seu conteúdo.
Aqui, não basta que o agente tome conhecimento da correspondência, sendo necessário que ele,
no todo em parte:
-A desvie
-A sonegue
-A suprima
-A subtraia
-Revele seu conteúdo a estranhos
O crime se consuma não quando o agente toma conhecimento do conteúdo da correspondência
(que é DISPENSÁVEL), mas quando realiza alguma das condutas previstas no tipo.

Divulgação de segredo: Divulgar a alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou
de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa
produzir dano a outrem, TEM QUE ser capaz de causar dano, mas independe dele ocorrer ou não.
O crime se consuma com a revelação do segredo, sendo irrelevante para a consumação do delito
a ocorrência do dano. O crime é de ação penal pública condicionada, porém se lesar a adm. pública,
torna-se incondicionada (obviamente).

Violação de Segredo Profissional: (Não confundir com violação de sigilo profissional, que é crime
contra adm. Pública)
Revelar a alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem.
Aqui temos um crime próprio, pois somente aquele que tem ciência do segredo em razão de
função, ministério (Padre, por exemplo), ofício ou profissão (médico, advogado), pode praticar o
delito. Por se tratar de crime formal, consuma-se com a mera divulgação do segredo
(conhecimento do fato por terceiros), dispensando a ocorrência do dano para a consumação do
delito.
Invasão de dispositivo informático: prevê como criminosa a conduta de invasão de dispositivo
informático (os chamados hackers ou crackers). A consumação do delito se dá quando o agente
INVADE o dispositivo informático (desde que possua uma das intenções já elencadas),
independentemente do fato de ele conseguir ou não obter, alterar ou destruir os dados.
OBS: Se da conduta resulta prejuízo econômico, a pena é aumentada.

• Anotações:
-Crime progressivo→ é aquele realizado mediante um único ato ou atos que compõem único
contexto. Em outras palavras, ocorre quando o agente, para alcançar um resultado mais grave,
passa NECESSARIAMENTE por uma conduta inicial que produz um evento menos grave.

-A progressão criminosa → é aquela realizada mediante dois atos, dois movimentos, ou seja,
quando o agente inicia um comportamento que configura um crime menos grave, porém, ainda
dentro do mesmo inter criminis, resolve (Novo dolo!) praticar uma infração mais grave. O agente
responde SOMENTE pelo crime mais grave.

Compete à justiça militar


-Os crimes dolosos contra a vida cometidos pelos integrantes das Forças Armadas (não entra PM
e bombeiro) contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, não se aplicando o
procedimento do Júri, Quando em: operações de guerra, operação de paz, estado de calamidade.
Quando fora das funções E praticado crime doloso contra a vida, tanto as forças armadas quanto a
PM e bombeiros respondem pelo tribunal do júri.

‘’§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.

§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das
Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no
contexto:
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou
pelo Ministro de Estado da Defesa;
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não
beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
atribuição subsidiária.’’
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
1.1. Do FURTO
➢ Furto

O bem jurídico tutelado no crime de furto é APENAS o patrimônio, ou seja, o furto é um crime
que lesa apenas um bem jurídico. Pode ser de coisas lícitas ou Ilícitas.
A coisa subtraída não pode ser de propriedade do infrator, caso contrário, não há furto, podendo
haver, se for o caso, EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES. A maioria da Doutrina
entende que a coisa não precisa ter valor econômico significativo (embora a ausência de valor
significativo possa gerar a atipicidade da conduta por ausência de lesividade).

*Sendo a intenção somente a de usar a coisa e logo após devolvê-la, teremos o que se chama de
FURTO DE USO, que NÃO É CRIME.
*O que vocês devem saber é que o STF e o STJ adotam a teoria segundo a qual o crime se consuma
quando o agente passa a ter o poder sobre a coisa, ainda que por um curto espaço de tempo,
ainda que não tenha tido a posse mansa e pacífica sobre a coisa furtada, sendo desnecessário
que a coisa saia da esfera de vigilância da vítima (teoria da amotio).

O §1° prevê a majorante (a única do furto) no caso de o crime ser praticado durante o repouso
noturno, e pode ser aplicado às qualificadoras, em conjunto.
O STJ entende que se aplica ainda que se trate de residência desabitada ou estabelecimento
comercial.
Q! O §2° prevê o chamado FURTO PRIVILEGIADO, que é aquele no qual o réu possui bons
antecedentes e a coisa é de pequeno valor. A Jurisprudência vem entendendo como “coisa de
pequeno valor” aquela que não ultrapassa um salário mínimo vigente (cabendo ao Juiz, porém,
analisar cada caso), veja que não é insignificância!

É possível, ainda, a aplicação do privilégio ao furto qualificado, desde que:


• Estejam presentes os requisitos que autorizam o reconhecimento do privilégio;
• A qualificadora seja de ordem objetiva – a única que não é objetiva: “abuso de confiança”
O §3° traz uma CLÁUSULA DE EQUIPARAÇÃO, estabelecendo que se equipara à coisa móvel a
ENERGIA ELÉTRICA ou qualquer outra energia que possua valor econômico, no entanto, se pagar a
conta antes da denúncia, extingue a punibilidade.

CUIDADO! O crime de furto de energia elétrica só ocorrerá se o agente se apodera daquilo que não
está em sua posse, daquilo que não é seu – nesse caso o crime de furto é permanente. Se o agente
altera o medidor de Luz (fraude), haverá o crime de estelionato.

O furto será considerado QUALIFICADO (cabe privilégio nas objetivas!):


• Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. Se a violência for exercida
contra o próprio bem furtado, não há a qualificadora (ex: quebrar o vidro do carro que se
quer furtar);
• Abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza. Vale ressaltar que se a vítima percebe a
ação, o agente responde por tentativa de furto simples, e não por tentativa de furto
qualificado; OBS: o simples fato de o agente ter uma relação de emprego com seu
empregador não caracteriza, por si só, esta qualificadora.
• Chave falsa ou qualquer objeto capaz de abrir uma fechadura sem provocar sua destruição
(pode ser um grampo de cabelo, por exemplo). A LIGAÇÃO DIRETA EM VEÍCULO NÃO É
CONSIDERADA CHAVE FALSA;
• Concurso de pessoas. Mais de um agente;
• Furto de veículo automotor que venha A SER TRANSPORTADO PARA OUTRO ESTADO OU
PARA O EXTERIOR, se não chegar a sair do estado ou país é furto simples consumado –
Crime material!
• NOVA QUALIFICADORA: Furto de semovente domesticável de reprodução, AINDA que
abatido e consumido no local.
• NOVA QUALIFICADORA: Furto praticado COM emprego de explosivo ou análogo ou for
furto DE Substâncias explosivas ou para sua fabricação.

❖ Não se aplica o princípio da insignificância no furto qualificado – privilégio pode!

OBS: a mera subtração da folha de cheque, em branco, não caracteriza furto, por possuir valor
insignificante. Se o agente, entretanto, preenche a folha fraudulentamente e, posteriormente,
obtém vantagem indevida, praticará o delito de estelionato.
POR FIM: A causa de aumento de pena – MAJORANTE REPOUSO NOTURNO- pode ser aplicada
JUNTAMENTE com as hipóteses de furto qualificado.

Furto de coisas perdidas, abandonadas e que nunca tiveram dono:


a) Furto de coisas perdidas – Incabível
b) Furto de coisas abandonadas e que nunca tiveram dono– Incabível

➢ Furto de coisa comum

Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a


detém, a coisa comum. O crime aqui é próprio, ou seja, somente pode ser cometido pela pessoa
que possua uma daquelas características (seja sócio, condômino, etc.).

1.2. Do Roubo e da Extorsão


Aqui se tutelam, além do patrimônio, a integridade física, mental e a vida da vítima, pois as
condutas não violam somente o patrimônio destas, mas colocam em risco, também, estes bens
jurídicos.

➢ Roubo

A violência pode ser própria, quando o agente aplica força física sobre a vítima, ou imprópria,
quando aplica alguma medida que torna a vítima indefesa (Boa-noite-cinderela, por exemplo).
O roubo de uso é crime! Ou seja, o agente que rouba alguma coisa para somente usá-la e devolver,
comete crime de roubo (contrário do furto!).
O STF e o STJ adotam a teoria segundo a qual o crime se consuma quando o agente passa a ter o
poder sobre a coisa, após ter praticado a violência ou grave ameaça. Se o agente pratica a violência
ou grave ameaça, mas não subtrai a coisa, o crime é TENTADO.

O §1° traz a figura do roubo IMPRÓPRIO. O roubo impróprio ocorre quando a violência ou ameaça
é praticada APÓS A SUBTRAÇÃO DA COISA. (Veja que começa com furto, depois se aplica a
violência).
Arma de fogo majora o crime → desmuniciada não majora!
OBS: Emprego de arma branca deixou de ser Majorante.
*O USO DE ARMA DE BRINQUEDO\DESMUNICIADA\INAPTA NÃO gera aplicação da causa de
aumento de pena (continua roubo simples).
É necessário que haja perícia para apurar a potencialidade lesiva da arma? Em regra, sim.
Contudo, se não for possível, as demais provas podem ser utilizadas para comprovar o fato (Posição
do STJ).

Com relação à majorante (Roubo Circunstanciado) do roubo praticado em concurso de pessoas,


e se estivermos diante de uma associação criminosa? O STJ entende que os agentes respondem
tanto pelo roubo com a causa de aumento de pena do concurso de pessoas quanto pela
associação criminosa, em concurso MATERIAL.

Majorantes:

I – Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;


II – Se há o concurso de pessoas;
III – Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV – Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou
para o exterior;
V – Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI – Rompimento de obstáculo COM explosivo ou roubo DE explosivos - Nova Majorante, essa
aumenta 2/3;

ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO (Lesão corporal grave ou morte): Não se exige que o
resultado tenha sido querido pelo agente, bastando que ele tenha agido pelo menos de maneira
culposa em relação a eles.
*OBS: prevalece no STF o entendimento de que o crime de latrocínio se consuma com a ocorrência
do resultado morte, ainda que a subtração da coisa não tenha se consumado. Em concurso de
agentes, todos responderão pelo latrocínio se o desdobramento causal da ação principal era
previsível para todos os partícipes. No caso do latrocínio, o emprego de arma de fogo não é usado
como Majorante, caso ele se consume, pois, a pena base do parágrafo é muito maior (15-30 anos).

➢ Extorsão

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa.
Neste, o agente se vale destes meios para fazer com que a vítima LHE ENTREGUE A COISA,
ESPONTANEAMENTE, ou seja, deve haver a colaboração da vítima.
O STJ entende que se trata de CRIME FORMAL, que se consuma com o mero emprego da violência
ou grave ameaça, independentemente da obtenção da vantagem visada pelo agente.
O §3° do art. 158 representa uma inovação legislativa que criou a figura do SEQUESTRO
RELÂMPAGO, com pena mais elevada (não é hediondo, mas se a vítima morrer é HEDIONDO).
A ação penal no crime de extorsão, em qualquer hipótese, é PÚBLICA INCONDICIONADA.
Na extorsão:
• Arma – mesmo branca- ou concurso: Majorante
• Lesão grave ou Morte\mediante sequestro: Qualificadora
EXTORSÃO INDIRETA: Ocorre quando um credor exige ou recebe, do devedor (como garantia de
dívida), documento que possa dar causa à instauração de processo criminal contra a vítima.

➢ Extorsão mediante sequestro

Embora a lei diga “qualquer vantagem”, a Doutrina entende que a vantagem deve ser
PATRIMONIAL e INDEVIDA, pois se for DEVIDA, teremos o crime de exercício arbitrário das
próprias razões.

O STF entende que se trata de CRIME FORMAL, que se consuma com a mera privação da liberdade
da vítima, independentemente da obtenção da vantagem visada pelo agente.
TRATA-SE DE CRIME PERMANENTE, que se prolonga no tempo. Não é instantâneo!

A pena será de DOZE A VINTE ANOS SE:


-O sequestro dura mais de 24 horas;
-Se o sequestrado é menor de 18 anos ou maior de 60 anos;
-Se o crime for cometido por Organização criminosa;

A maioria da Doutrina entende que o resultado (lesão grave ou morte) qualifica o crime,
QUALQUER QUE SEJA A PESSOA QUE SOFRA A LESÃO, ainda que não seja o próprio sequestrado,
mas que decorra do contexto fático do delito.
O §4° prevê a chamada DELAÇÃO PREMIADA, sendo indispensável que dessa delação decorra uma
facilitação na liberação do sequestrado, não precisando levar à prisão dos demais bandidos.
*O crime ocorrerá ainda que a vítima não seja transferida para outro local.
OBS: tratando-se de Organização Criminosa, a celebração de acordo de colaboração premiada, por
si só, não é motivo para revogação de prisão preventiva previamente imposta.

1.3. Da Usurpação

➢ Alteração de limites

Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. BUSCA SE APODERAR de bem imóvel
que não lhe pertence (mas que é divisório com o seu).
O §1° traz formas equiparadas, relativas à conduta daqueles que realizam a usurpação de águas
alheias ou o concurso de duas pessoas (mínimo de três então), de terreno ou edifício alheio, com
o fim de esbulho possessório.
A ação penal, em regra, é PÚBLICA INCONDICIONADA. No entanto, se a propriedade lesada for
particular e não tiver havido emprego de violência, A AÇÃO PENAL SERÁ PRIVADA.

➢ Supressão ou alteração de marca em animais

Aqui se pune a conduta do agente que retira (suprime) ou altera marca ou sinal referente à
propriedade de gado ou rebanho alheio.
O crime se consuma com a mera realização da supressão ou alteração da marca ou sinal, não
havendo necessidade de que o agente se apodere dos animais cujas marcas foram adulteradas.
No entanto, se o agente se apoderar dos animais, teremos o crime de furto mediante fraude, que
absorve este crime de usurpação. A tentativa é plenamente possível. A ação penal será sempre
pública incondicionada.

1.4. Do DANO
➢ Do Dano

Basta o prejuízo da vítima.


O crime deve ser praticado na forma comissiva (ação). Nada impede, contudo, que alguém
responda pelo delito em razão de uma omissão, desde que seja o responsável por evitar o
resultado (ex: Vigia que faz vista grossa para alguém destruindo algo sob sua responsabilidade).

CUIDADO! O crime de “pichação” é definido como CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE (ambiente
urbano). Aliás, este crime de dano é bastante genérico, ocorrendo apenas quando não houver uma
hipótese específica. EXEMPLO: Danificar objeto destinado a culto religioso ou objetos tombados.
Esta conduta configura o crime do art. 208 e 165 do CP, e não o crime de dano.
*O crime se consuma com a ocorrência do dano. Não havendo a ocorrência do dano, o crime será
tentado.

➢ Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia

Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem o consentimento do dono, desde que o
fato resulte prejuízo (Atenção para dependência de prejuízo!!). A mera conduta não configura o
crime!
A ação penal será, em todos os crimes de dano, PÚBLICA INCONDICIONADA. No entanto, se o
crime é o de dano simples, ou se é praticado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável à
vítima, ou no caso de introdução ou abandono de animais em propriedade alheia, o crime será de
AÇÃO PENAL PRIVADA.

1.5. Da Apropriação Indébita


O agente POSSUI A POSSE SOBRE O BEM, mas se RECUSA A DEVOLVÊ-LO ou REPASSÁ-LO a quem
é de direito. Ou seja, aqui o crime se dá pela INVERSÃO DO ANIMUS DO AGENTE, QUE ANTES
ESTAVA DE BOA-FÉ, e passa a estar de má-fé.

➢ Apropriação Indébita

Decorrendo de confiança entre o dono da coisa e o infrator. Caso haja mera detenção (sem relação
de confiança entre dono e infrator), estaremos diante do crime de furto.
O crime se consuma com a inversão da intenção do agente e majora-se se o agente recebeu a
coisa:
• Em razão do emprego ou profissão; em depósito necessário; na qualidade de tutor,
curador, síndico, liquidatário, inventariante.

➢ Apropriação indébita previdenciária

Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e


forma legal ou convencional. Todas modalidades desse crime são OMISSIVAS!
**!Q. É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
** É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a multa se o agente for primário
e de bons antecedentes, desde que:
I - Tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o
pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios.
II- Seja o valor menor que o de base estabelecido pela previdência.

O elemento subjetivo exigido é o dolo, não se punindo a conduta culposa daquele que apenas se
esqueceu de repassar as contribuições recolhidas. Não se exige o dolo específico (Posição do STF
e do STJ). Atenção: não se exige o dolo de querer ficar com o dinheiro, somente de não o
repassar!

1.6. Do Estelionato e outras fraudes

➢ Estelionato

Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. O sujeito passivo
pode ser tanto aquele que foi enganado pela fraude do agente ou aquele que teve a efetiva lesão
patrimonial (pois podem ser pessoas distintas).
A vantagem perquirida pelo agente deve ser patrimonial (maioria da Doutrina).
*Só se configura crime de estelionato quando há prejuízo patrimonial a outrem, consistente em
perder o que já se possui ou em deixar de ganhar o que é devido, não bastando a mera obtenção
de uma vantagem indevida pelo agente.
VEJA: Vantagem indevida + prejuízo da vítima, não só um! É, portanto, um crime MATERIAL! Se o
agente impede o resultado o crime não está consumado!

*E se o agente praticar o estelionato mediante a utilização de documento falso?


O STJ e o STF entendem que se trata de concurso FORMAL.
-No entanto, embora ambos entendam tratar-se de concurso formal, entendem que se a
potencialidade lesiva do falso se exaure no estelionato, o crime de estelionato absorve o falso, que
foi apenas um meio para a sua prática.
*E se o agente obtém um cheque da vítima? O crime é tentado ou consumado?
Enquanto o agente não obtiver o valor prescrito no cheque, o crime ainda é tentado.

ESTELIONATO PRIVILEGIADO: é aquele no qual o agente é PRIMÁRIO e o prejuízo é DE PEQUENO


VALOR. TEM QUE ESTAR OS DOIS REQUISITOS. Nesse caso, o Juiz pode reduzir a pena ou aplicar
somente a pena de multa.

“Cheque voador”: CUIDADO! Para que se configure crime, é necessário que o agente tenha, de
antemão, a intenção de não pagar, ou seja, o agente sabe que não possui fundos para adimplir a
obrigação contraída. Se o agente repara o dano ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, obsta o
prosseguimento da ação penal.
A emissão de cheques sem fundos para pagamento de dívidas de jogo NÃO CONFIGURA CRIME,
pois estas dívidas não são passíveis de cobrança judicial.
O §3° prevê o chamado estelionato previdenciário, que é a percepção de vantagem INDEVIDA –
diferente da sonegação- contra entidade de direito público, o qual há 3 disposições, trata-se de:
• Crime permanente (beneficiário): quando o benefício fraudulento é na origem, ou seja,
criado com ardil, sem qualquer atendimento aos requisitos legais. Ex: fraudo a previdência
como sendo eu o beneficiário e o recebo mensalmente. Aqui se trata de crime único, porém
permanente, admitindo o flagrante a qualquer momento. Prazo prescricional começa na
última parcela do benefício.
• Crime instantâneo de efeito permanente: Se praticado por terceiro diferente do
beneficiário – ex: um funcionário do INSS frauda para outra pessoa -Prazo prescricional
começa na 1ª parcela do benefício.
• Crime Continuado (por terceiro): aqui o benefício é devido, porém não é a pessoa que o
saca, ou seja, um terceiro tem posse e faz uso do cartão previdenciário do benefício. Ex:
após morte do beneficiário, sua filha continua a receber os valores. Aqui se trata de crime
em continuidade delitiva, sendo a conduta renovada mês a mês com a utilização do cartão.
Prazo prescricional começa na Última parcela do benefício.
• 2ºNas mesmas penas incorrem quem: Dispõe de coisa alheia como própria.
• 3º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o crime for cometido em detrimento de
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou
beneficência.

→Forma qualificada do estelionato: contra idosos, pena dobrada! Não tem agravante,
pois já está aumentada a pena.

➢ Abuso de Incapazes

Aqui o patrimônio destas pessoas que possuem uma fragilidade maior, ou seja, que estão mais
vulneráveis a serem enganadas.
Aqui não há propriamente fraude, mas abuso de uma condição de vulnerabilidade, sendo,
portanto, dispensável o emprego de algum meio ardiloso, pois a vítima já é bastante vulnerável.
O crime se consuma com a prática do ato pela vítima, pouco importando se o agente aufere o
proveito ou se a vítima vem a ter efetivo prejuízo (Posição do STF). (formal)

➢ Induzimento à especulação (Jogo\aposta)

A conduta é muito similar à anterior, com a diferença de que, aqui, o agente não induz a vítima a
praticar ato jurídico, mas a induz à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
mercadorias, sabendo OU DEVENDO SABER que a operação será ruinosa.
O crime se consuma com a prática do jogo ou aposta ou com a especulação, independentemente
da obtenção do proveito pelo infrator.

➢ Fraude no comércio

A conduta pode ser praticada mediante a VENDA (somente esta forma comercial) de mercadoria
FALSA OU DETERIORADA, desde que tenha sido informado ao comprador que se tratava de
mercadoria verdadeira ou perfeita.

➢ Fraudes ou abusos na fundação ou administração de sociedades por ações


A conduta prevista no caput do artigo visa a proteger o patrimônio e a boa-fé dos futuros sócios da
sociedade por ações. O sujeito ativo SOMENTE PODE SER SÓCIO-FUNDADOR da sociedade por
ações.
Sujeito passivo poderá ser qualquer pessoa. A conduta é a de fazer afirmação falsa ou ocultar
FRAUDULENTAMENTE fato relativo à sociedade por ações a ser constituída.

➢ Fraude à execução

Aqui se pune a conduta daquele que deliberadamente se desfaz dos seus bens, seja alienando-os,
desviando-os, destruindo-os ou danificando-os, com a finalidade de FRUSTRAR A SATISFAÇÃO DO
CRÉDITO QUE ESTÁ SENDO COBRADO EM SEDE DE EXECUÇÃO.
A regra é que o crime é de ação penal PRIVADA, mas se houver detrimento da União, então é
INCONDICIONADA.
A conduta pode ser praticada, ainda, na modalidade de SIMULAÇÃO DE DÍVIDAS.

1.7. Da Receptação
A conduta (tipo objetivo) pode ser dividida em duas partes:
• RECEPTAÇÃO PRÓPRIA– Aqui o agente sabe que a coisa é produto de crime e a adquire,
recebe, transporta, conduz ou oculta. NÃO é NECESSÁRIO AJUSTE, CONLUIO ENTRE O
ADQUIRENTE (RECEPTADOR) E O VENDEDOR (O QUE PRATICOU O CRIME ANTERIOR);
• RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA – Aqui o agente não adquire o bem, mas, sabendo que é produto
de crime, INFLUI PARA QUE TERCEIRO DE BOA-FÉ O ADQUIRA, RECEBA OU OCULTE.
Somente a coisa móvel poderá ser objeto material do delito (Posição adotada pelo STF).
A consumação, na RECEPTAÇÃO PRÓPRIA, se dá com a efetiva inclusão da coisa na esfera de
posse do agente (CRIME MATERIAL). Já a RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA É CRIME FORMAL, bastando
que o infrator influencie o terceiro a praticar a conduta, pouco importando se este vem a praticá-
la ou não.
*Receptação Qualificada: A diferença na receptação qualificada é, basicamente, que a conduta
deva ter sido praticada NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL, sendo, portanto, crime
PRÓPRIO. Não precisa ser comércio habitual, basta uma venda.
• A pena é aplicada em dobro se o bem era da ADM. Pública.

O §3° prevê a receptação culposa, que ocorre quando o agente age com imprudência, adquirindo
um bem em circunstâncias anômalas, sem atentar para o fato de que é bem provável que a
mercadoria seja produto de crime. Porém, se tiver havido a absolvição no CRIME ANTERIOR, em
razão do reconhecimento da INEXISTÊNCIA DE CRIME, da existência de circunstância que exclui o
crime ou pelo fato de não constituir infração penal, a receptação não será punível.
• Cabe receptação sobre produto vindo de ato infracional, mas contravenção não!
• Aquele que encomenda produto da prática do crime previamente não responde por
receptação, mas sim como CO-AUTOR ou partícipe do crime anterior cometido.

Q! Perdão judicial e do privilégio: O perdão judicial pode ser aplicado somente à receptação
culposa, caso o réu seja primário.

1.8. Das Disposições Gerais


Aquele que comete QUALQUER DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO é isento de pena (exclui a
punibilidade) se pratica o fato contra:
I - Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - De ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou
natural.
Este artigo cuida do que a doutrina chama de escusas absolutórias.

*Os crimes contra o patrimônio são, em regra, DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.

Porém, serão crimes de AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO:

Se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:


I - Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - De irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Porém, se mesmo se enquadrando a vítima numa destas circunstâncias, o CRIME SERÁ DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA nos seguintes casos:

Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:


I - Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
violência à pessoa;
II - Ao estranho que participa do crime – veja que a escusa se aplica ao parente! Mas não ao
estranho!
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60.

1.9. Tópicos jurisprudenciais relevantes

• Roubo – Aplicação da majorante relativa ao emprego de arma de fogo – DESNECESSIDADE


de perícia;
• FURTO – Majorante do repouso noturno – aplicável também no caso de furto praticado
contra estabelecimento comercial. Na aplicação da pena, pode ser somado a majorante
com QUALQUER UMA DAS QUALIFICADORAS.
o Repouso noturno + qualquer qualificadora → SOMA-SE TUDO!
• Furto – qualificadora do “rompimento de obstáculo” – necessidade de perícia. Prova
testemunhal, nesse caso, não supre. (averiguar novamente)
• Latrocínio – tentativa: Prevalece o entendimento de que o crime de latrocínio tentado está
caracterizado quando, independente da natureza das lesões sofridas pela(s) vítima(s), há
dolo de roubar e dolo de matar, e o resultado agravador somente não ocorre por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1.10. Crimes Praticados Por Funcionário Público contra a Administração em Geral
❖ Trata-se de crimes funcionais, ou seja, devem ser praticados por funcionário público. Os
crimes funcionais dividem-se em crimes funcionais próprios (puros) ou impróprios (impuros).
-Nos crimes funcionais próprios (puros), ausente a condição de “funcionário público” ao agente,
a conduta passa a ser considerada a um indiferente penal (atipicidade absoluta). Exemplo: No
crime de prevaricação (art. 319 do CP), se o agente não for funcionário público, não há prática de
qualquer infração penal.
-No entanto, nos crimes funcionais impróprios (impuros), faltando a condição de “funcionário
público” ao agente, a conduta não será um indiferente penal, deixará apenas de ser considerada
crime funcional, sendo desclassificada para outro delito (atipicidade relativa). Imaginem o crime
de peculato-furto.
-A pessoa jurídica não pode figurar como sujeito ativo de crime contra a administração pública
previsto no Código Penal. Só o funcionário público pode!
-Há uma Majorante (causa de aumento de pena), caso o funcionário público seja ocupante de cargo
em comissão ou Função de Direção e Assessoramento na administração púbica. Contudo, o
legislador não incluiu as autarquias.
-O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto
do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

➢ Peculato

O peculato-apropriação/peculato-desvio são faces do crime de peculato comum. Como vimos, é


necessário que o agente seja funcionário público e que se valha da função ou cargo (um
terceirizado de limpeza/manutenção e etc., não se encaixa aqui!), mas nada impede que haja
concurso de pessoas com um particular. Não é necessário que o dinheiro ou outro bem móvel
apropriado ou desviado seja público, podendo ser particular. Há necessidade de contato prévio do
agente com o bem!
*É necessário que o bem, valor ou coisa, seja desviado para o PATRIMÔNIO de alguém (do agente
ou de terceiros), pouco importando se o agente aufere lucro.
*STF: Analogamente ao furto de uso, o peculato de uso também não configura ilícito penal, tão-
somente administrativo. Porém, se for bem fungível (ex: dinheiro) aí configura.
*STJ: É vedada a aplicação da agravante genérica: "ter sido o crime praticado com abuso de poder
ou violação inerente ao cargo" quando tratar-se de crime de peculato, por caracterizar o Bis in
idem.

O peculato-furto (também chamado de peculato impróprio) caracteriza-se da subtração de um


bem que estava sob guarda da administração. Subtrair o bem ou valor, ou concorrer para sua
subtração. Exige-se que o funcionário público se valha de alguma facilidade proporcionada pela
sua condição de funcionário público. Consuma-se no momento em que o agente adquire a posse
do bem mediante a subtração. Veja que não há necessidade de contato prévio com o bem. Se o
cargo for de elevada responsabilidade, a pena base é majorada.

O peculato culposo se aplica tanto ao crime de peculato próprio (apropriação ou desvio), quanto
ao crime de peculato impróprio (peculato-furto).
*O CP estabelece, ainda, que no caso do crime Peculato culposo (somente neste!), se o agente
reparar o dano antes de proferida a sentença irrecorrível (ou seja, antes do trânsito em julgado),
estará extinta a punibilidade. Caso o agente repare o dano após o trânsito em julgado, a pena
será reduzida pela metade.
Atenção: A reparação do dano só gera estes efeitos no peculato culposo, não nas suas demais
modalidades!
REPARAÇÃO DO DANO --> Peculato CULPOSO:
➢ Antes da Sentença Irrecorrível: Extingue a punibilidade.
➢ Depois da Sentença Irrecorrível: Reduz a pena pela metade.

“Peculato por erro de outrem” ou “peculato-estelionato”: Apropriar-se de dinheiro ou qualquer


utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. O agente mantém em erro o
particular!
-CUIDADO! A Doutrina entende que se o erro foi provocado dolosamente pelo funcionário público,
com o intuito de enganar o particular, ele deverá responder pelo delito de estelionato.

➢ Inserção de dados falsos em sistema de informações e modificação ou alteração não


autorizada de sistema de informações
Art. 313 - A → Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da
Administração Pública EXIGINDO-SE: o fim de obter vantagem indevida ou para causar dano.
Parte da Doutrina chama esse delito de “peculato eletrônico”.
Art. 313 - B → Modificar ou alterar, o funcionário autorizado OU não, sistema de informações ou
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente. Não se exige
obtenção de vantagem indevida.
-Ambos somente na modalidade DOLOSA.

➢ Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento

Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo
ou inutilizá-lo, total ou parcialmente. SOMENTE NA MODALIDADE DOLOSA, se extraviar
culposamente é atípico.

➢ Emprego irregular de verbas ou rendas públicas

Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.


* Entretanto, em se tratando de prefeito municipal não se aplica este artigo, aplicando o decreto
de lei 201/67. O Agente não desvia a verba em proveito próprio ou alheio, mas apenas dá à verba
destinação diversa da prevista em lei, mas sempre no interesse da administração.
➢ Concussão

Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. A Lei determina que deve haver uma
“exigência” de vantagem indevida.
A concussão só resta caracterizada quando o agente intima a vítima amparado nos poderes
inerentes ao seu cargo. Assim, se o agente exige R$ 10.000,00 da vítima, sob a ameaça de matar
seu filho, estará praticando, na verdade, o delito de extorsão.
Portanto:
CONCUSSÃO – Ameaça de mal amparado nos poderes do cargo.
EXTORSÃO – Ameaça de mal (violência ou grave ameaça) estranho aos poderes do cargo.

Consuma-se no momento em que o agente efetivamente pratica a conduta de exigir a vantagem


indevida, pouco importando se chega a recebê-la. Assim, trata-se de crime formal, não se
exigindo o resultado naturalístico.
VEJA A DIFERENÇA:
• Se o agente EXIGE vantagem indevida, nos poderes do cargo, teremos concussão!
• Se o agente apenas solicita, recebe ou apenas aceita promessa de vantagem indevida,
teremos corrupção passiva.
• Caso se utilize de violência ou grave ameaça para obter vantagem indevida, teremos
extorsão.

➢ Excesso de exação

Prevê uma espécie de concussão, só que específica em relação à exigência de tributo ou


contribuição social indevida.
O CP exige que o agente saiba que está cobrando tributo ou contribuição social indevida, ou,
ainda, que este ao menos deva saber que é indevida.
O dispositivo estabelece como conduta punível, também, a conduta de exigir tributo ou
contribuição social devida, mas mediante utilização de meio de cobrança vexatório ou gravoso,
não autorizado por lei. Portanto, são dois núcleos diferentes previstos neste tipo de pena.

Há uma qualificadora, no caso do agente que, além de exigir indevidamente o tributo ou


contribuição social, desviá-lo dos cofres da administração pública, em proveito próprio ou de
terceiros.

➢ Corrupção Passiva

Trata-se de crime próprio, só podendo ser praticado pelo funcionário público, ainda que apenas
nomeado (mas não empossado). No entanto, é plenamente possível o concurso de pessoas,
respondendo também o particular pelo crime, desde que este particular tenha conhecimento da
condição de funcionário público do agente.
A conduta é a de solicitar ou receber vantagem, bem como aceitar promessa do recebimento de
vantagem futura.
A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

❖ Corrupção passiva pode ser imprópria, quando o ato a ser praticado pelo funcionário público
em troca da vantagem for legítimo (o funcionário recebe a vantagem, por exemplo, para
agilizar o andamento de uma certidão).
❖ Corrupção passiva própria: aquela na qual o agente recebe a vantagem ou aceita a promessa
de vantagem para praticar ato ilícito (o agente, por exemplo, recebe vantagem para deixar de
aplicar uma multa, por exemplo).

Na modalidade de aceitar e solicitar promessa de vantagem, trata-se de crime formal, não se


exigindo o efetivo recebimento da vantagem. Na modalidade de receber vantagem ilícita, o crime
é material, exigindo-se o efetivo recebimento da vantagem.
Uma forma “privilegiada” do crime. É a hipótese do “favor”, aquela conduta do funcionário que
cede a pedidos de amigos, conhecidos ou mesmo de estranhos, para que faça ou deixe de fazer
algo ao qual estava obrigado, sem que vise ao recebimento de qualquer vantagem ou à satisfação
de interesse próprio.

➢ Facilitação de contrabando ou descaminho

Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho.


*Se, porém, o funcionário público que facilitar a prática do contrabando ou descaminho não tiver
a obrigação de evitá-la, responderá como partícipe do crime praticado pelo particular, e não pelo
crime desse tópico, MUITO CUIDADO COM ISSO!
Consuma-se com a efetiva facilitação para o crime, ainda que este último (contrabando ou
descaminho) não venha a se consumar.

➢ Prevaricação, prevaricação imprópria e condescendência criminosa

Prevaricação:
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Exige-se que o agente pratique o crime para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (dolo
específico).
Existe, ainda, uma modalidade específica de prevaricação, que é a prevista no art. 319-A, inserido
recentemente pela Lei 11.466/07:
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo. É Chamada pela Doutrina de prevaricação imprópria.

Condescendência criminosa:
Nesse crime, o agente também deixa de fazer algo a que estava obrigado em razão da função, mas
o faz por indulgência (sentimento de pena, de comiseração):
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento
da autoridade competente.
CUIDADO! O tipo penal exige que o agente seja hierarquicamente superior ao outro funcionário
que cometeu a falta funcional.
Assim, se um funcionário público toma conhecimento de que seu colega praticou uma infração
funcional e nada faz a respeito, NÃO PRATICA ESTE CRIME. (averiguar!)

➢ Advocacia Administrativa

A conduta é patrocinar interesse privado perante a administração Pública. O agente deve se valer
das facilidades que a sua condição de funcionário público lhe proporciona.

Interesse legítimo – Crime de advocacia administrativa na forma simples.


Interesse ilegítimo – Crime de advocacia administrativa na forma qualificada.

➢ Violência Arbitrária
Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. Existem decisões no âmbito
do STJ e do STF reconhecendo a plena vigência deste artigo.
A conduta é praticar violência no exercício da função, ou em razão dela. Logo, não se exige que o
agente esteja em horário de trabalho, ou dentro da repartição, desde que a violência ocorra em
razão da função do agente. Deve haver a finalidade especial de pretender abusar de sua
autoridade.

➢ Abandono de Função

A conduta é abandonar o cargo. Parte da Doutrina entende, ainda, que pode ocorrer o abandono
se o servidor, ainda que compareça à repartição, se recuse a trabalhar.
O CP estabeleceu, ainda, duas qualificadoras, quando do fato resultar algum prejuízo à
administração pública e quando o fato ocorrer em faixa de fronteira.

➢ Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado

Trata-se de hipótese na qual o agente está para se tornar servidor público, ou já deixou de sê-lo,
e mesmo assim exerce as funções às quais está impedido de exercer, seja porque ainda não tomou
posse, seja porque já foi desligado do serviço público.
Se o agente não possui qualquer vínculo, comete o crime de usurpação de função pública.

➢ Violação de Sigilo Profissional (As informações são relativas à adm. pública)

A conduta é revelar ou facilitar a revelação de fato sigiloso que o agente tenha tomado
conhecimento em razão do cargo. É indiferente se o fato é revelado a um particular ou a outro
servidor público. É imprescindível, porém, que o fato tenha sido levado ao conhecimento do agente
em razão da sua função pública. É crime subsidiário: só vai ocorrer se do fato não ocorrer crime
mais grave, PORÉM, se lesar dois bens jurídicos → ex: Corrupção passiva (sujeito passivo: estado)
+ esse crime na forma qualificada (sujeito passivo: um terceiro). NÃO HÁ SUBSIDIARIEDADE,
responde pelos dois crimes.

➢ Tópicos Jurisprudenciais importantes

• CONCUSSÃO – Possibilidade de agravamento da pena base pela simples condição de policial. A


condição de policial seria uma condição especial de agente que tem a obrigação de velar pela
segurança do cidadão, o que imporia maior dever de obediência à norma.
• CORRUPÇÃO PASSIVA – crime praticado por promotor de justiça – circunstância passível de ser
considerada em prejuízo do réu. O fato de o crime de corrupção passiva ter sido praticado por
Promotor de Justiça no exercício de suas atribuições institucionais pode configurar circunstância
judicial desfavorável na dosimetria da pena.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – Pt.2
1.11. Crimes Praticados Por Particular contra a Administração em Geral

➢ Usurpação de Função Pública

Aqui, diferentemente do que ocorre no crime de exercício funcional ilegal, o agente não possui
qualquer vínculo com a administração pública ou, caso possua, suas funções são absolutamente
estranhas à função usurpada. É necessário que o agente pratique atos inerentes à função. Não
basta que apenas se apresente a terceiros como funcionário público.
*Forma qualificada do delito: Se do fato o agente aufere qualquer vantagem.

➢ Resistência

A conduta punida é a resistência comissiva (ação), ou seja, aquela na qual o agente pratica uma
conduta, qual seja, com emprego de violência ou ameaça ao funcionário que irá executar o ato
legal – ou quer impedir a prisão de terceiro.
As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Contudo, aquele
que resiste à prisão em razão de estar sendo preso em flagrante por crime que exige a violência ou
grave ameaça para sua caracterização, não responde por este crime, considerando-se a violência
aqui empregada como mero desdobramento do crime principal.
*E se o particular resistir à prisão em flagrante executada por um particular. Nesse caso, não
pratica o crime em questão.
Se o ato do agente público não é executado, há a figura do crime qualificado.

➢ Desobediência

Trata-se, portanto, de crime omissivo ou comissivo, a depender da conduta do agente.


Esse crime não se configura quando o réu desobedece à ordem que possa lhe incriminar, pois não
está obrigado a contribuir para sua incriminação.
Cuidado: O descumprimento de medida protetiva não é desobediência. É tratado como artigo
próprio na lei maria da penha.

➢ Desacato

O sujeito passivo no crime de desacato, em primeiro lugar, é a administração pública e, somente,


em segundo plano vem o funcionário público, que também é ofendido em sua honra.
É inegável que haverá o crime quando o desacato partir de um particular. Mas e se quem cometer
o desacato for funcionário público?
É possível, mas exige-se, apenas, que o infrator não esteja no exercício de suas funções.
-Não se exige que o funcionário esteja na repartição ou no horário de trabalho, mas sim que o
desacato ocorra em razão da função exercida pelo servidor.
-Considera-se o crime formal, pois basta que a ofensa exista, ainda que o resultado não ocorra
(ainda que o funcionário público não se sinta ofendido ou menosprezado pela conduta).
Entende-se que se o ofendido já não é mais funcionário público (demitido, aposentado, etc.), o
crime de desacato não se caracteriza, ainda que praticado em razão da função anteriormente
exercida pelo funcionário.

➢ Tráfico de Influência
Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função.
Esta é a conduta do “malandro” que pretende obter vantagem em face de um particular, sob o
argumento de que poderá influenciar na prática de determinado ato por um servidor público
comum (sem qualificação especial). É uma espécie de “estelionato”, pois o agente promete usar
uma influência que não possui. A Doutrina entende que o particular que paga ao agente para a
suposta intermediação NÃO É SUJEITO ATIVO, mas sujeito PASSIVO.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
também destinada ao funcionário.
*Se a influência do agente for REAL, tanto ele quanto aquele que paga por ela são considerados
CORRUPTORES ATIVOS.
CUIDADO! Assim, a obtenção da vantagem é mero exaurimento, sendo dispensável para a
consumação do crime.

➢ Corrupção Ativa

Oferecer ou Prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,


omitir ou retardar ato de ofício.
* Aqui, não se pune a corrupção subsequente. O que seria isto? Vejam que se exige que a
promessa ou oferecimento seja anterior à prática do ato, não havendo o crime se o ato já fora
praticado pelo funcionário público.
Note-se que a existência da corrupção ativa independe da passiva, e vice-versa.
CUIDADO! Se o funcionário público solicita a vantagem indevida e o particular a fornece (paga uma
quantia, por exemplo), o particular NÃO comete o crime de corrupção ativa, eis que o tipo
somente prevê os verbos de OFERECER e PROMETER vantagem indevida, que pressupõem que o
particular tome a iniciativa.
*A Doutrina entende que o mero pedido de favor, o famoso “jeitinho”, não configura o crime de
corrupção ativa.
Se em razão da vantagem oferecida ou prometida o funcionário público age da maneira que não
deveria, a pena é aumentada.

➢ Contrabando e Descaminho – Ambos Formais!

Se algum funcionário público, valendo-se da função, concorrer para a prática do delito, não
responde por este, mas pelo crime do art. 318 do CP (facilitação de contrabando ou descaminho,
outro tipo penal).
O STF possui algumas decisões no sentido de que a mera omissão em declaração ao fisco, acerca
da quantidade de mercadoria, configura o crime de descaminho.
*A consumação de cada um dos delitos ocorre em momento diferente.
-O contrabando se consuma quando a mercadoria ilícita ultrapassa a barreira alfandegária, sendo
liberada pelas autoridades.
-Nas mesmas penas do CONTRABANDO incorrem quem:
• Importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou
autorização;
• Reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;
• Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
• Adquire, recebe ou oculta, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
proibida pela lei brasileira.
- O descaminho, por sua vez, irá se consumar com o simples fato de iludir o estado, sem o
pagamento dos impostos devidos. Trata-se de crime FORMAL.
Em relação ao DESCAMINHO, a Jurisprudência entende, ainda, que em se tratando de prejuízo
inferior a ao patamar estabelecido pela Fazenda Nacional como irrelevante para fins de execução
fiscal, temos hipótese de aplicação do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:
• STF e STJ: Até R$ 20.000,00
Existem algumas decisões no âmbito do STF entendendo que o pagamento do tributo devido, no
caso do descaminho, antes do recebimento da denúncia NÃO GERA extinção de punibilidade.

Descaminho: Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada,
pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Nas mesmas penas do DESCAMINHO incorrem quem:
• Vende, guarda ou, de qualquer forma, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou
importou fraudulentamente.
• Adquire, recebe ou oculta, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de
documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
OBS: Incorre nas penas de descaminho ou contrabando, aquele que pratica navegação de
cabotagem (transporte de mercadorias entre portos), fora dos casos permitidos em lei.
• Novidades:
▪ Não cabe mais suspensão condicional do processo para o CONTRABANDO, no descaminho
SIM (a pena mínima ultrapassa um ano);
▪ Passa a admitir prisão preventiva.
▪ O CP considerava que a pena seria aplicada em dobro se o delito fosse cometido mediante
transporte AÉREO. Pois bem, a nova lei estendeu esta previsão também para os
transportes marítimos ou fluviais (mares ou rios).
→Tanto para o contrabando quanto para o descaminho, equipara-se às atividades comerciais,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
exercido em residências.
→ CUIDADO! Importação clandestina de “cigarros” pode ser tanto descaminho quanto
contrabando. Se a entrada destes produtos era LEGAL, e houve apenas finalidade de deixar de
pagar o imposto devido pela importação, temos DESCAMINHO. Se a importação é VEDADA (no
casso de cigarros legalmente exportados e ilegalmente reimportados), teremos CONTRABANDO.

➢ Inutilização de Sinal ou Edital

A primeira consiste em inutilizar (tornar inválido à finalidade destinada), conspurcar (sujar, de


modo a impedir a leitura) ou rasgar edital afixado por funcionário público.

A segunda consiste em violação de selo ou sinal empregado por funcionário público para identificar
ou cerrar (fechar) qualquer objeto.

➢ Subtração ou inutilização de livro ou documento

A conduta pode ser tanto de subtrair quanto de inutilizar livro, processo ou documento. A
subtração e a inutilização podem ser totais ou parciais. Não se exige nenhuma finalidade especial
de agir.

➢ Sonegação Previdenciária
Este crime NÃO É COMUM! Trata-se de CRIME PRÓPRIO! Somente o particular que tinha a
incumbência de realizar corretamente o lançamento de informações, etc., é quem pode cometer
o crime.
**! Se antes do início da ação do fisco o agente se retrata/confessa e presta as informações
corretas, extingue-se a punibilidade (não se exige o pagamento!).

** ATENÇÃO! Existe outra hipótese de extinção da punibilidade para este delito, mas que
pressupõe o PAGAMENTO INTEGRAL DO TRIBUTO ou contribuição social (inclusive acessórios). O
pagamento poderá ocorrer mesmo depois de iniciada a ação do fisco, mas antes do recebimento
da denúncia.
CUIDADO! O STF entende que o pagamento integral do débito, ANTES DO TRÂNSITO EM
JULGADO (mesmo após o julgamento), extingue a punibilidade.
Assim, são três os requisitos para o perdão judicial ou aplicação apenas da pena de multa
(facultado ao juiz):
a) Ter o agente bons antecedentes;
b) Ser primário;
c) O valor das contribuições não ser superior ao valor estabelecido pela Previdência Social como o
mínimo ao ajuizamento de execuções fiscais.

*O STF entende que se o valor das contribuições sonegadas for inferior a este valor (20k), não há
hipótese de perdão judicial ou aplicação da pena de multa, mas sim ATIPICIDADE DA CONDUTA.
• STJ: o Fisco pode requisitar, sem autorização judicial, informações bancárias das instituições
financeiras para fins de constituição de créditos tributários. Contudo, tais informações
obtidas pelo Fisco não poderiam ser enviadas ao MP para servirem de base para a
propositura de uma ação penal, salvo quando houver autorização judicial, sob pena de
configurar quebra de sigilo bancário.
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
1.12. Moeda Falsa
➢ Moeda Falsa

Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país


ou no estrangeiro.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor,
gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - De moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - De papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava
ainda autorizada.

A Doutrina entende que se a falsificação for grosseira, não há crime, por não possuir potencialidade
lesiva (Notas de brinquedo). Porém, se utilizar dela para auferir vantagem sobre terceiro, então
teremos estelionato.
*Importante ressaltar, ainda, que os Tribunais Superiores entendem ser inaplicável ao delito de
moeda falsa o princípio da insignificância.

➢ Crimes assemelhados ao da moeda falsa

Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou
bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à
circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em
tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização.
→ Consuma-se no momento em que a moeda é formada (independe da circulação), tem seu sinal
inutilizado ou entra em circulação, a depender de qual das condutas se trata. Admite-se tentativa,
pois não se trata de crime que se perfaz num único ato.

➢ Petrechos para falsificação de moeda

O equipamento deve ter como finalidade precípua a falsificação de moeda. Assim, se alguém
fornece, por exemplo, equipamento que se destina a inúmeras funções, e dentre elas, pode ser
usado para esse fim, não há a prática do crime. Se o agente produz a moeda, o crime de moeda
falsa absorve este de petrechos.

1.13. Da Falsidade de Títulos e outros Papéis Públicos


O CP incrimina condutas diversas, relativas à falsificação, em todas as suas formas, de papéis
públicos. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - Selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado
à arrecadação de tributo;
II - Papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;
III - vale postal;
IV - Cautela de penhor;
V - Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo à arrecadação de rendas
públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;
Incorre na mesma pena quem: importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em
depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou
mercadoria:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário falsificado;
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de
sua aplicação.

Equipara-se a atividade comercial: qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive


o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. Inclusive aquela não
regulamentada, como a atividade dos camelôs, por exemplo.

1.14. Da Falsidade DOCUMENTAL


➢ Falsificação de Selo ou Sinal Público

Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:


I - Selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município;
II - Selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de
tabelião.

➢ Falsificação de Documento Público (Refere-se à forma, abrange cópia autenticada)

Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro. Ex:
Alterar CNH ou uma carteira de trabalho da previdência social de empregado.  Cai toda hora!

A conduta pode ser de fabricar documento público falso ou alterar documento público verdadeiro
ou até mesmo inserir informação errônea. Vejam que esta trata de hipótese que mais se assemelha
à falsidade ideológica, mas que a lei considera como falsidade de documento público;
O STJ e o STF entendem que se o documento falso é fabricado para a prática de estelionato, e a
sua potencialidade lesiva se esgota nele, o crime de falso fica absorvido pelo crime de estelionato.
Caso a potencialidade lesiva do documento não se esgote no estelionato praticado, o agente
responde por ambos os delitos, em concurso material.
Ressalta-se que, a falsificação de documento particular também é crime, possuindo, porém, pena
mais branda.
DETALHE: O § único equiparou o cartão de crédito a documento particular, para os fins deste
delito.
→Ao final, RESTA EM UM DOCUMENTO FALSO!

➢ Falsidade Ideológica (Refere-se ao Conteúdo)

Diferentemente do que a maioria das pessoas imagina, não está relacionado à falsidade de
identidade (prevista em outro crime).
✓ A falsidade ideológica está relacionada à alteração do conteúdo de documento público ou
particular (embora no mesmo artigo, as penas são diferentes!):
Omitir, em documento público ou particular, declaração que nele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
VEJA: A conduta pode ser de omitir ou inserir informação falsa em documento, não bastando que
o agente insira informação falsa, ele deve fazer isto com o fim de:
✓ Prejudicar direito,
✓ Criar obrigação ou,
✓ Alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
OBS: A pessoa que insere ou omite a informação, tem permissão para manusear o documento, do
contrário, o crime é FALSIDADE MATERIAL DE DOCUMENTO PÚBLICO ou PARTICULAR (art.
anterior).
• Exemplo claro: Atestado médico, se recebê-lo de boa fé e alterá-lo: falsidade ideológica.
Se furtar a receita em branco e preencher, falsidade material.
→ Ao final RESTA EM UM DOCUMENTO VERDADEIRO!
*Observe: Nos delitos de falsificação de documento (público ou particular) – tópico anterior-, a
própria FORMA do documento é investigada. No crime de falsidade ideológica, o problema está
em seu CONTEÚDO.
-Consuma-se no momento em que o agente omite a informação que deveria constar ou insere a
informação falsa, não sendo necessário que o documento seja levado ao conhecimento de
terceiros. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato.
*Os Tribunais entendem que o crime não se caracteriza se o documento falsificado está sujeito à
revisão por autoridade.

➢ Certidão ou atestado ideologicamente falso

-Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite
alguém a obter cargo público. (Crime próprio).
- Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de
atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo
público. (Crime impróprio)

➢ USO de Documento Falso

A conduta é fazer uso dos documentos produzidos nos crimes previstos anteriormente. Fazer USO
significa efetiva utilização do documento, não bastando o mero porte do documento para a
caracterização do delito. Porém, tratando-se de CNH, basta portar para caracterizar uso de
documento falso. Falsificações GROSSEIRAS não são consideradas crimes.
CUIDADO! E se quem usa o documento falso é a própria pessoa que fabricou o documento falso?
O agente responde apenas pela falsificação do documento, e não pelo uso, pois é natural que
toda pessoa que falsifica um documento pretenda utilizá-lo posteriormente, de alguma forma.

1.15. Outras Falsidades


➢ Falsificação de sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscalização
alfandegária, ou para outros fins.
➢ Atribuir-se ou atribuir a terceiro “falsa identidade” para obter vantagem, em proveito
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem. *Cuidado: trata-se do crime de “falsa
identidade”, que a maioria das pessoas acredita ser o crime de “falsidade ideológica”.
Consiste, basicamente, em se fazer passar por outra pessoa. *MUITO CUIDADO! A falsa
identidade só ocorre se o agente se faz passar por outra pessoa, sem utilizar documento
falso! Se o agente se vale de um documento falso para se fazer passar por outra pessoa,
neste caso teremos USO DE DOCUMENTO FALSO!
A prática da conduta (falsa identidade), perante a autoridade policial, para se esquivar de
eventual cumprimento de prisão também caracteriza esse crime.
Os Art’s. 309 e 310 do CP trazem as figuras típicas de “fraude de lei sobre estrangeiro”,
estabelecendo duas condutas completamente distintas:
-Uma delas refere-se a uma modalidade especial de falsa identidade praticada pelo
estrangeiro ou terceiro em favor dele, atribuindo-lhe falsa identidade, para facilitar entrada
no país.
-A segunda, por sua vez, versa sobre o brasileiro (tem que ser brasileiro) que se faz passar
por dono de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, para fins de fraudar a lei, pois
o estrangeiro não poderia ser proprietário delas. Trata-se do famoso “testa-de-ferro”, ou
“laranja”, que age desta forma para que o estrangeiro possa continuar sendo proprietário
de algo que a lei brasileira o proíbe de ser.

O art. 311 estabelece o crime de “adulteração de sinal de veículo automotor”. Qualquer pessoa
(crime comum).
Entretanto, os § 1° e 2° trazem hipóteses de condutas que devem ser praticadas por funcionário
público no exercício da função:

§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena


é aumentada de um terço.
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento
ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou
informação oficial.

1.16. Das fraudes em certames de interesse público


Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer
a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso. Aqui é válido para concurso, prova de OAB, ENEM,
qualquer coisa do tipo.

1.17. Tópicos Jurisprudenciais Importantes


→ Nos casos de prática do crime de introdução de moeda falsa em circulação é possível a aplicação
das agravantes quando o delito é cometido “contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge”
ou “contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida”. (bizarro, mas ok)

→ Moeda falsa – Impossibilidade de aplicação do ARREPENDIMENTO POSTERIOR, pois o dano


potencial (à fé pública) que caracteriza o delito jamais será reparado.

→ Falso (falsidade ideológica e falsidade documental) e uso de documento falso – absorção pelo
crime e sonegação fiscal – O STJ entendeu que se o crime de falso ou de uso de documento falso
foi praticado como crime-meio para a prática da sonegação fiscal, ficará absorvido por este (crime-
fim), ainda que a falsidade (ou uso de documento falso) tenha ocorrido em momento posterior à
sonegação fiscal, mas desde que haja uma conexão entre ambas as condutas.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
➢ Reingresso de estrangeiro expulso
O ato administrativo de expulsão é PRIVATIVO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Trata-se de
CRIME DE MÃO PRÓPRIA: Somente o próprio estrangeiro expulso, pessoalmente, pode praticar o
delito. Não basta que o agente se recuse a sair do país, tem que ter sido expulso E VOLTAR, senão
o crime não se configura. Doutrina: Trata-se de crime permanente, cabendo flagrante a qualquer
tempo.

➢ Denunciação Caluniosa
Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-
lhe crime ou contravenção penal de que o sabe inocente. É necessário que haja a efetiva prática
de algum ato pela autoridade, ou seja, é necessário que ela adote alguma providência, ainda que
não instaure o inquérito policial ou qualquer outro procedimento. A consumação é controversa
entre jurisprudência e doutrina.

ATENÇÃO: Não cabe retratação! Na calúnia o objetivo é ofender a honra objetiva, na denunciação
caluniosa é prejudicar o terceiro em face da justiça. A calúnia restringe o fato tipificado como
crime, Já a denunciação caluniosa abrange tanto crime como contravenção penal.

➢ Comunicação falsa de crime ou contravenção penal


Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que
sabe não se ter verificado. Diferente da conduta passada, onde se denunciava a ocorrência de um
crime contra alguém QUE SABE SER INOCENTE, aqui comunica-se FALSA OCORRÊNCIA à polícia,
não individualizando o infrator.
ATENÇÃO: A Doutrina majoritária entende que a comunicação falsa de crime perante policiais
militares NÃO CONFIGURA O DELITO EM QUESTÃO, eis que os policiais militares não são
autoridades para estes fins (investigação). O crime se consuma no momento em que a autoridade,
em razão da comunicação falsa, pratica algum ato, não sendo necessária a instauração do
Inquérito.

➢ Autoacusação falsa de crime


Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem. Veja: Não pratica
o crime, entretanto, quem assume sozinho a prática de um crime do qual PARTICIPOU. Não precisa
ser espontâneo, ou seja, pode ser no momento em que estiver sendo interrogado. O crime se
consuma no momento em que a autoridade toma CONHECIMENTO DA AUTOACUSAÇÃO FALSA,
pouco importando se toma qualquer providência.

➢ Falso testemunho ou falsa perícia


Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial. O sujeito ativo só pode ser
testemunha, perito, intérprete, etc., menos a vítima, pois ela não presta depoimento, e sim
“declarações”. Só admite a modalidade DOLOSA, se a pessoa se engana com a realidade, não
pratica crime. O crime se consuma no momento em que o agente faz a declaração ou perícia falsa,
pouco importando se dessa afirmação falsa sobrevém algum resultado. OBS: O fato deixa de ser
punível se, antes da sentença (mesmo que simples) em que ocorreu o fato, o agente se retrata
ou declara a verdade.
✓ Interessante: O STF e o STJ já se posicionaram no sentido de que, em tese, é possível atribuir
ao advogado a coautoria pelo crime de falso testemunho.
O §1° prevê causa de aumento de pena nas seguintes hipóteses:
✓ Crime cometido mediante suborno.
✓ Praticado com vistas (dolo específico) a obter prova que deva produzir efeitos em processo
civil em que seja parte a administração direta ou indireta.
• Praticado com vistas a obter prova que deva produzir efeitos em processo criminal.

➢ Corrupção ativa de testemunha, contador, perito, intérprete ou tradutor


Dar, oferecer ou prometer dinheiro a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para
fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou
interpretação. O crime se consuma com o oferecimento ou promessa da vantagem, desde que
chegue ao conhecimento do destinatário.

➢ Coação no curso do processo


Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que participa ou é chamada a intervir em processo
judicial, policial ou administrativo OU juízo arbitral. Não há modalidade culposa.
O crime se consuma quando a coação (moral ou física) é exercida, não importando se a vítima cede
ao que o infrator exige, não sendo necessário, sequer, que a vítima se sinta efetivamente
ameaçada.
Se da violência eventualmente empregada resultar ferimento, o agente responde por ambos os
delitos (lesão corporal + coação no curso do processo). Não tem aumento de pena!

➢ Exercício arbitrário das próprias razões


Duas formas:
- Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima. Se não há emprego
de violência, somente se procede mediante queixa.
- Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por
determinação judicial.
O sujeito passivo, em ambos os casos, é o Estado, e, secundariamente, o particular que sofre a ação
do infrator.

➢ Fraude Processual
Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo (processo penal pena
em dobro), o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito.
Ou seja, pune-se o camarada que, mediante a intenção de praticar fraude processual, muda os
fatos (retira manchas de sangue, limpa o local do crime, etc.). A intenção, aqui, é ludibriar o Juiz
(ou o perito). O crime se consuma com a mera realização do ato, desde que CAPAZ DE LUDIBRIAR
O JUIZ, mesmo que não consiga.

➢ Favorecimento Pessoal
Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de
reclusão (veja que se for detenção, a pena é mais branda). Se quem presta o auxílio é ascendente,
descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
ATENÇÃO: É necessário que aquele que presta o auxílio não tenha participado da conduta
criminosa. O comparsa do crime que ajuda o outro a fugir não responde por esse crime. É
necessário que o auxílio seja prestado APÓS A PRÁTICA DO DELITO e, ainda, não tenha sido
previamente acordado entre o favorecedor e o favorecido. Caso contrário, o favorecedor pode ser
considerado partícipe do delito praticado:
COMBINAÇÃO PRÉVIA = CONCURSO DE AGENTES (responde de partícipe do delito
praticado).
SEM COMBINAÇÃO PRÉVIA = FAVORECIMENTO PESSOAL.
O delito se consuma com a efetiva prestação do auxílio e a obtenção de êxito na ocultação do
favorecido. Se a polícia perceber e pegar o criminoso, há crime tentado.

➢ Favorecimento REAL (coisa)


Nesse crime o agente ajuda o criminoso a tornar seguro o proveito do crime. Não deve ter havido
prévio acordo. Se tiver havido este acordo, o favorecedor responde como partícipe do delito
cometido.
IMPORTANTE: Também é necessário que o agente não ADQUIRA PARA SI O PRODUTO. Nesse caso,
o crime seria o de RECEPTAÇÃO. A consumação se dá com a prestação do auxílio, ainda que a
pretensão não seja alcançada. Aqui não se aplica a escusa absolutória, ainda que o favorecimento
seja prestado a um parente próximo, o crime permanece!

➢ Fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança


Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida à medida de segurança
detentiva. A pessoa não precisa estar presa, pode estar sob custódia indo para delegacia. Havendo
violência contra a pessoa, além da pena deste crime, aplica-se a pena relativa à violência. Também
é possível a modalidade culposa.

➢ Evasão mediante violência contra a pessoa (preso rebelde)


Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
usando de violência contra a pessoa. Veja que basta tentar! Exige-se, ainda, que o preso tenha
usado violência CONTRA A PESSOA (se usou violência contra coisa, não caracteriza o crime.
ATÍPICO).

➢ Arrebatamento de preso
Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda. O tipo
objetivo consiste em retirar o preso da custódia do Estado (independentemente da legalidade da
prisão) com o fim de MALTRATÁ-LO (linchamento, por exemplo).

➢ MOTIM de preso
Crime próprio. O tipo objetivo é o de reunirem-se os presos, fazendo baderna, rebelião,
perturbando a ordem ou disciplina da prisão.

➢ Patrocínio infiel
Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo
patrocínio, em juízo, lhe é confiado. A mera negligência (perder o prazo de um recurso) não
configura o crime.
O § único traz um crime autônomo, que é o de “patrocínio simultâneo ou tergiversação”. Vejamos:
❖ Patrocínio simultâneo – Advogado, ao mesmo tempo, patrocina os interesses de partes
contrárias (ainda que se valendo de pessoa interposta, como, por exemplo, de um colega
advogado);
❖ Tergiversação (ou patrocínio sucessivo) – Aqui o agente renuncia ao mandato recebido por uma
das partes e passa a defender a outra. DEPENDE DO PREJUÍZO do cliente, não basta assinar
procuração contrária.
CUIDADO! Não se exige que o patrocínio se dê no mesmo processo, bastando que seja na
MESMA CAUSA.

➢ Exploração de prestígio
Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, de terceiro, a pretexto de influir em juiz,
jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou
testemunha. (Veja que parece tráfico de influência, mas é sobre funcionário público específico).
Essa influência PODE ou NÃO EXISTIR. O crime se consuma com a mera solicitação, pouco
importando o recebimento.

Princípio da Insignificância: exclui a TIPICIDADE!


Abolitio Criminis: exclui a CULPABILIDADE! *
Retroatividade da lei é excluído a PUNIBILIDADE.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz, excluem a TIPICIDADE! *
Coação moral irresistível: exclui a CULPABILIDADE!
Erro de tipo essencial: sempre exclui o dolo. Se escusável, exclui também culpa e a TIPICIDADE;
se inescusável o agente responde com culpa.

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