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Princípios Básicos
• Normas extraídas da CF possuem força normativa;
• Esses dois não se confundem:
o Princípio da Legalidade: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal. Aplicável tanto para as condutas quanto para as penas;
o Princípio da Reserva Legal: Significa que em matéria penal somente o legislador pode
intervir para prever crimes e penas ou medida de segurança. Somente LEI em
sentido estrito pode tratar de matéria penal. Isso impede a edição de leis vagas ou
imprecisas – lembrando que lei penal em branco pode, ex: lei de drogas!
▪ Med. Prov., segundo o STF, podem tratar de matéria penal SE FOR FAVORÁVEL
ao réu;
• É proibido a Analogia in Malam Partem, no entanto, Interpretação extensiva é possível até
desfavorável ao réu;
• Leis temporárias → Continuam produzindo efeito após sua vigência! Ex: Proibição do álcool
em dia de votação. Não é caso de abolitio criminis!
• Princípio da individualização da pena, ocorre em três esferas:
o Legislativa: As punições devem ter penas Mínimas e Máximas;
o Judicial: O magistrado avalia a pena de acordo com o grau de lesividade e
antecedentes do réu;
o Administrativa: É na parte da execução penal, avaliando progressão de regime,
condicional e etc.
• Princípio da Intranscedência\ Personalidade da pena: a pena não passa do condenado para
outra pessoa, mas pode haver obrigação do sucessor reparar o dano até o limite do
patrimônio;
• São vedadas as penas de: -Banimento, -Trabalho forçado, -Tortura, -Cruéis, -Perpétuas. A
pena de MORTE é permitida em caso de guerra declarada. São cláusulas pétreas;
• Presunção da Inocência: Ninguém era culpado até o trânsito em julgado, mas o STF
relativizou, autorizando cumprir pena por condenação em segunda instância;
• STF: Processos criminais em curso e IP não podem ser considerados maus antecedentes;
• *Q! Não se exige sentença em julgado (pelo novo crime) para que o condenado sofra
regressão de regime de um atual cumprimento de pena. Basta novo crime doloso ou falta
grave, para que haja regressão;
• Princípio da Alteridade\Lesividade: O fato deve causar dano jurídico à terceiro;
• Princípio da Ofensividade: Além do tipo, o fato deve ofender de maneira grave o bem
jurídico;
• Princípio da Fragmentariedade: A Infração penal vai ser somente contra bens jurídicos
RELEVANTES;
• Princípio da Subsidiariedade: o direito penal é usado quando os demais forem insuficientes;
• Princípio da intervenção mínima: decorre dos dois acima, o DP é usado só se realmente
necessário.
• Ne bis in idem: Não se pude 2x a mesma pessoa pelo mesmo fato, NEM MESMO
PROCESSADO!
• Princípio da Insignificância/bagatela: exclui a TIPICIDADE MATERIAL!
o A conduta é formalmente típica, mas materialmente Atípica.
Incabível para:
Deve haver:
-Furto qualificado*
o Mínima Ofensividade da conduta; -Moeda Falsa
o Nenhuma periculosidade da ação; -Tráfico ou porte de Drogas*
o Reduzido grau de reprovabilidade da conduta; -Roubo*
o Inexpressividade da lesão jurídica; -*Crimes contra ADM e FÉ
o NÃO ESTÁ EXPRESSO NO CP. É DOUTRINÁRIO! pública
Obs: Segundo STJ deve-se analisar ainda a importância do bem para a vítima, se for de
alto valor, NÃO CABE. -
• Reincidência:
o STF: A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a
insignificância penal da conduta. Q!
• Não se aplica o princípio da insignificância ao:
Estelionato contra o INSS (estelionato previdenciário);
Estelionato envolvendo FGTS;
Estelionato envolvendo o seguro-desemprego;
Tempo do crime
Lugar do crime
O CP adotou a teoria mista ou da ubiquidade, tanto o lugar que se pratica, quanto o lugar
que se produziu ou deveria produzir o resultado, são considerados lugar do crime.
* L.U.T.A: Lugar: Ubiquidade \ Tempo: Atividade;
OBS: Crimes conexos são crimes que estão relacionados entre si. Não aceitam a ubiquidade,
uma vez que não constituem unidade jurídica. Cada crime deve ser julgado no lugar em que
foi cometido.
Disposições Gerais do CP
• Prazos: Começa a contar do dia da pena. Não é computada fração de dia;
• Eficácia da sentença estrangeira: Quando a lei estrangeira produzir os mesmos efeitos, ela
pode ser homologada para o brasil, com a função de:
✓ Obrigar o agente a reparar o dano (deve haver req. da vítima)
✓ Sujeitar o infrator à medida de segurança – Se não houver tratado de extradição deve
haver requisição do ministro da justiça.
Analogia
É um meio de integração da lei penal. Busca suprir a falta de uma lei. Na analogia o aplicador
de direito se vale de uma outra norma, parecida, para aplica-la. NUNCA é prejudicial ao réu,
diferente da interpretação extensiva, essa pode ser. Analogia em bonam partem ok!
Fato típico e seus ELEMENTOS
• Norteia-se pelo aspecto analítico de crime e seus elementos →Fato Típico, Ilícito e Culpável.
São eles:
>Conduta: A conduta humana deve ter uma dada finalidade → Conduta = Ação + vontade. Tem
que ser analisada a finalidade do agente em sua conduta. A teoria finalista da ação diz que será
típico o fato praticado pelo agente se ele atuou com Dolo ou Culpa. Sendo assim, a vontade não
poderá ser separada da conduta. Se estiver ausente o dolo ou a culpa, a conduta será atípica.
- Crime omissivo impróprio: Também chamado de comissivos por omissão, consiste do dever
jurídico de IMPEDIR o resultado. A lei descreve uma conduta de fazer, mas o agente se nega a
cumprir. É um crime material. Ex: amamentar o filho – responde por homicídio doloso. Há uma
espécie de vínculo com a vítima. Cabe tentativa e participação!!
-Crime omissivo próprio: Descreve uma inação do agente, e esta é um comportamento
proibido. Não foi ele quem deu causa àquela situação, mas foi omisso quando deveria agir, ex:
Omissão de socorro. É um crime de mera conduta e INDEPENTE do resultado OBS: a norma
penal TIPIFICA a omissão. São qualificadoras, lesão corporal grave e morte. Apenas na
modalidade DOLOSA, inexiste na forma culposa.
>Resultado Naturalístico: Modificação do mundo real provocada pela ação do agente. Apenas
crimes materiais exigem resultado naturalístico. Há dois tipos de resultados: Jurídicos, presente
em todos os crimes, e os Naturalístico, para crimes materiais e formais. Nos crimes formais-
crimes de resultado cortado - existe a possibilidade de resultado Naturalístico, mas a lei NÃO
EXIGE que aconteça, bastando a tentativa. Nos crimes de mera conduta, diz-se que a ação já é
o resultado – ex: porte de arma, o resultado é APENAS Jurídico. Sendo assim, crimes Formais e
de Mera conduta, só se exige a conduta e tipicidade.
>Nexo Causal: Vínculo que une a conduta do agente ao resultado naturalístico. Sendo assim, só
se aplica aos crimes materiais.
-Teorias acerca do nexo de causalidade:
o Teoria da equivalência dos antecedentes: É considerada causa do crime toda conduta sem
a qual o resultado não teria ocorrido. Basta retirá-la do curso dos acontecimentos e ver
se, ainda assim, o crime ocorreria. O CP adotou essa teoria, MAS adicionou o DOLO; só
será considerada causa a conduta ligada ao resultado E que foi querida pelo agente.
(principal adotada)
o Teoria da causalidade adequada: Considera causa do evento apenas a ação ou omissão
do agente apta e idônea a gerar o resultado. Também adotada pelo CP, porém, somente
em algumas situações, chamadas de “Concausas”.
→Concausas Absolutamente Independentes: Concausas que não tem relação nenhuma
com a conduta. Por serem independentes, produzem por si só o resultado naturalístico. O
resultado de um novo fato aconteceria independentemente da conduta anterior do
agente, portanto, este responde pelos atos já causados e NÃO PELO RESULTADO Podem
ser:
1] Preexistente: é a causa que existe anteriormente à conduta do agente. Ex: A deseja
matar a vítima B e para tanto a espanca, atingindo-a em diversas regiões vitais. A vítima é
socorrida, mas vem a falecer. O laudo necroscópico, no entanto, evidencia como causa
mortis envenenamento anterior, causado por C, cujo veneno ministrado demorou mais de
10 horas para fazer efeito;
2] Concomitante: é a causa que surge no mesmo instante em que o agente realiza a
conduta. Ex: A efetua disparos de arma de fogo contra B, que vem a falecer em razão de
um súbito colapso cardíaco (cuidado, não se trata de doença cardíaca preexistente, mas
sim de um colapso ocorrido no mesmo instante da conduta do agente!);
3] Superveniente: é a causa que atua após a conduta do agente. A administra dose letal
de veneno para B. Enquanto este último ainda está vivo, desprende-se um lustre da casa,
que acaba por acertar qualquer região vital de B e vem a ser sua causa mortis.
→Concausas Relativamente Dependentes: aqui a concausa por si só não pode produzir o
resultado, mas se unir à conduta do agente, produzem o resultado. Também podem ser:
1] Preexistente: a causa existe antes da prática da conduta, embora seja dela dependente.
O clássico exemplo é o agente que dispara arma de fogo contra a vítima, causando-lhe
ferimentos não fatais. Porém, ela vem a falecer em virtude do agravamento das lesões
pela hemofilia.
OBS: Nessas duas hipóteses o agente responde pelos atos causados e pelo resultado. Pois
se não houvesse sua conduta não haveria o resultado naturalístico.
3] Superveniente:
a) Concausa Superveniente Relativamente Independente que não produz por si só o
resultado: como exemplo, tem-se a vítima que é alvejada por disparos não fatais, mas
vem a falecer em virtude de imperícia médica na oportunidade da cirurgia a qual teve
que ser submetida em virtude dos ferimentos. O Agente responde pelos atos
causados e pelo resultado.
b) Concausa Superveniente Relativamente Independente que produz por si só o
resultado: como exemplo, a vítima que é atingida por disparos de arma de fogo não
fatais, mas vem a falecer em virtude do acidente automobilístico de sua ambulância;
ou a vítima que, também alvejada, vem a falecer em razão de um incêndio na ala de
feridos do hospital. O agente responde pelos atos causados: homicídio tentado, e não
consumado.
Conforme visto, pela teoria da causalidade adequada, não basta o agente contribuir, sua
contribuição tem que ser eficaz.
>Tipicidade: É a correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato natural (conduta),
concreto e a descrição contida na lei.
o NOVIDADE: Teoria da Imputação Objetiva → Na imputação objetiva, o agente
somente responde penalmente se ele criou ou incrementou um risco proibido
relevante, pois não há imputação objetiva quando o risco criado é permitido. Ex:
Acidente de trânsito em que o condutor vem em alta velocidade e atropela um
ciclista. Constata-se que mesmo que o condutor viesse dentro do limite de velocidade
não seria possível evitar o acidente. Segundo esta teoria da IMPUTAÇÃO OBJETIVA, o
condutor deverá ser absolvido, pois sua conduta não representou incremento ao
risco, ou seja, não lhe deu causa. Logo, a teoria trata eminentemente da RELAÇÃO DE
CAUSALIDADE.
Crimes Dolosos e Culposos
• Crime Doloso → Divide-se em Dolo DIRETO (1º e 2º grau; e erro sucessivo) e INDIRETO
(Alternativo e Eventual).
o Dolo DIRETO de primeiro grau: É o dolo normal, convencional.
o Dolo DIRETO de segundo grau: Para atingir sua finalidade, o agente sabe que
NECESSARIAMENTE outros bens jurídicos vão ser lesados. Não é apenas provável, é
CERTO! Ex: Bomba no avião para matar certa pessoa – mata-se todo mundo
obviamente.
o Dolo DIRETO por erro sucessivo: O agente age com dolo normal achando que o que
causou o resultado foi sua ação inicial, mas na realidade foi outra ação posterior que
ele realizara. Ex: Atira-se em alguém visando sua morte, posteriormente joga-se o
corpo no rio achando que a pessoa está morta, quando ademais, percebe-se que ela
morreu por afogamento. O agente responde por homicídio consumado
independente da causa.
o Dolo INDIRETO Eventual: agente prevê pluralidade de resultados, dirige sua conduta
na busca de realizar um deles, porém assume o risco de produzir os demais.
o Dolo INDIRETO Alternativo: o agente prevê pluralidade de resultados e dirige sua
conduta na busca de realizar qualquer um deles indistintamente. Exemplo: o agente
quer praticar lesão corporal ou homicídio indistintamente. O agente tem a mesma
vontade de um ou de outro, tanto faz.
• Crime Culposo → O agente deixa de observar o dever objetivo de cuidado, realiza conduta
voluntariamente causando um resultado naturalístico indesejado, não previsto e nem
querido, mas que com devida atenção podia ser evitado. São 3 tipos:
o Negligência: O Agente deixa de tomar as cautelas necessárias em sua conduta,
famoso relapso, ex: Médico que esquece uma tesoura na barriga do paciente em
cirurgia, ou deixa de usar luvas.
o Imprudência: O agente não toma os cuidados que uma pessoa normal tomaria, faz
algo fora da prudência. Ex: Dirigir perigosamente.
o Imperícia: Quando alguém que deveria dominar uma técnica e não domina. Ex:
médico que erra em uma sutura.
O crime culposo é do tipo MATERIAL, exigindo resultado naturalístico, portanto, só haverá
ilícito penal se lesar algum bem jurídico. Admite tentativa somente nos casos de culpa
Imprópria. Porém, a regra é SEM TENTATIVA PARA CRIMES CULPOSOS.
Espécies de culpa:
o Culpa Consciente: O agente prevê o resultado (é exceção nas culpas), há
previsibilidade, mas espera que ele não ocorra, supondo que pode evitá-lo com a sua
habilidade. Ex: caso do caçador que acerta o amigo.
o Culpa Inconsciente: É a culpa normal, o agente não prevê o resultado, ocorre nas 3
modalidades citadas acima.
o Culpa Própria: o agente não quer, não prevê o resultado, mas acaba lhe dando causa
por negligência.
o Culpa Imprópria: é aquela em que o agente, por erro evitável ou fantasia, imagina
certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude do seu comportamento
(discriminante putativa). Ele quer e provoca intencionalmente determinado
resultado típico, mas responde por culpa por razões de política criminal. EX: caso do
pai que atira em um vulto entrando de madrugada em casa pensando ser um ladrão,
quando na realidade era seu filho que saíra escondido.
OBS: o Brasil não adota Compensação de culpas, ex: Lesões advindas de um acidente
de trânsito em que AMBOS estão errados e são lesionados, os dois responde por seus
atos causados.
Crimes Consumado e Tentado
• Tentativa → Iniciada a execução do crime, este não se consuma por vontades alheias à do
agente. O crime tem 4 fases: Cogitação, Preparação, Execução e Consumação. Só se pune a
Execução e Consumação. A exceção se dá para preparação em casos de maquinário, ex:
adquirir máquinas para produzir dinheiro falso.
• A tentativa é uma adequação típica MEDIATA do CP, pois as condutas tentadas não se
amoldam perfeitamente aos artigos. As bancas estão considerando cabível a tentativa nos
casos de DOLO EVENTUAL.
• Crime falho é a dita tentativa perfeita e ocorre quando o agente, apesar de ter praticado
todos os atos de execução, não alcança a consumação por circunstâncias alheias a sua
vontade. O crime falho (tentativa perfeita) difere da tentativa imperfeita (tentativa
inacabada), porque nesta o agente não consegue praticar todos os atos necessários à
consumação do crime em razão de circunstâncias alheias a sua vontade.
• O CP adotou a Teoria objetiva, dualista, realística - ODR: Sopesam-se o desvalor da ação e
o desvalor do resultado: A tentativa deve receber punição inferior à do crime consumado,
pois o bem jurídico não foi atingido integralmente.
As tentativas possuem as seguintes divisões:
o Branca ou Incruenta: O agente sequer atinge o objeto, cabe redução máxima de 2/3.
o Vermelha ou Cruenta: Quando o agente atinge o objeto, mas não obtém o resultado
em razões alheias à sua vontade.
o Perfeita: o agente esgota os meios que dispunha para lesar o objeto material.
o Imperfeita: Antes de esgotar sua potencialidade lesiva, é impedido por circunstâncias
alheias. Ex: agente dispara 3 tiros contra o alvo e antes de acabar sua munição chega
uma VTR da polícia.
• A pena do crime tentado é a mesma do crime consumado (no papel), só que reduzida de
1/3 a 2/3.
• Desistência Voluntária: o agente, por ato voluntário, interrompe a execução do crime. “Posso
prosseguir, mas não quero”. Necessário que o resultado não se consume. OBS: Tem quer ser
voluntário, porém não espontâneo!
• Arrependimento eficaz: O agente já praticou todos os atos, mas age e faz com que o resultado
não ocorra. O agente responde pelos atos já praticados!
OBS: Nos dois casos é necessário que o crime não se consume, se consumar vai responder
com pena atenuada.
• Ambos os casos, afastam a TIPICIDADE! Respondendo pelos atos já praticados. Nos
dois casos, se forem cometidos em concurso de pessoas e somente um deles realiza a
conduta de se arrepender, este dispositivo se comunica aos demais.
• Arrependimento Posterior: O agente, nos crimes sem violência ou grave ameaça,
voluntariamente e até o recebimento da denúncia, restitui a coisa ou repara o dano causado.
Serve para qualquer delito e não somente em crimes contra o patrimônio. STJ:
arrependimento posterior é caso de diminuição de pena de 1/3 a 2/3. Tem quer ser
voluntário, porém não espontâneo! A reparação do dano deve ser PESSOAL. Em caso de
concurso também se comunica aos demais agentes. Caso haja violência culposa no crime
também pode-se usar este dispositivo.
Concurso de Crimes
• Concurso Material: Prática de duas ou mais condutas dolosas ou culposas, que produzem
dois ou mais resultados, idênticos ou não. Não importando se os fatos foram produzidos em
mesma ocasião ou datas diferentes. Nesse caso, SOMAN-SE AS PENAS.
• Concurso FORMAL: Com uma só ação, o agente comete dois ou mais crimes, podendo ser:
o Formal próprio: O agente só tinha UM desígnio, ex: A atira em B com a intenção de
matar, porém o tiro vara e acerta C. Usa-se EXASPERAÇÃO, aplicando pena mais
grave.
o Formal impróprio: O agente, com uma só ação, produz mais de um resultado,
QUERENDO AMBOS. Os desígnios autônomos que caracterizam o concurso formal
impróprio referem-se a qualquer forma de dolo, direto ou eventual. Nesse caso,
SOMAN-SE AS PENAS.
Há, ainda, a figura que se denominou de concurso material benéfico, que ocorre
quando o sistema da exasperação se mostra prejudicial ao réu em relação ao sistema
da cumulação. No caso de concurso formal PRÓPRIO, aplica-se o cúmulo material se
a exasperação for mais prejudicial.
• Crime Continuado: Mediante uma ação\omissão o agente pratica crimes da mesma espécie,
utilizando de modo de execução semelhantes.
• Os delitos devem ser subsequentes ao primeiro, e ser continuação dele, de uma
mesma maneira, ex: Caixa do mercado que furta diariamente uma quantia de
dinheiro. Esse caso também usa a exasperação.
• Devem possuir um intervalo máx. de 30 dias e serem produzidos no mesmo local
(mesma cidade ou comarca limítrofe/próxima).
• Deve haver também semelhança no bem jurídico lesado, ex: Roubo ≠ latrocínio. O
acréscimo de pena leva em conta a quantidade dos crimes praticados. OBS: Se
durante a execução do crime continuado (até os permanentes -sequestro), entrar em
vigor lei mais gravosa, aplica-se ela.
• STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta
na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
• SOBRE AS PENAS DE MULTA: No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta
e integralmente, ou seja, somam-se. PORÉM, no caso do CRIME CONTINUADO, aplica-se
UMA ÚNICA PENA DE MULTA.
• Em se havendo a reiteração criminosa indicadora da delinquência habitual ou profissional,
é vedada caracterização do crime continuado, sob pena de haver benefício pela própria
torpeza.
• A prevenção no processo penal, em diversas situações, constitui critério de fixação de
competência, como na hipótese em que for possível a dois ou mais juízes conhecerem do
mesmo crime — seja por dividirem a mesma competência de juízo, seja pela incerteza da
competência territorial — ou, ainda, nos crimes continuados ou permanentes.
II) Legítima Defesa: Prática de um ato para REPELIR uma agressão, com os seguintes
requisitos: -Agressão injusta; -Atual ou iminente; -Contra direito próprio ou alheio.
A legítima defesa pode ser:
• Agressiva: Se A agride B, e, este, em legítima defesa revida e agride A, não há crime.
• Defensiva: O agente se limita a defender, não revidando o agressor.
• Próprio: Defesa de próprio bem jurídico.
• De Terceiro: Defesa do bem jurídico de terceiro.
• Real: Agressão que de fato acontece.
• Putativa: Quando o agente pensa que está sendo agredido, mas na verdade trata-se
de sua imaginação. OBS: exclui somente o dolo.
• Sucessiva: Quando A agride B, e este em desproporção ataca A, gerando direito de
defesa ao excesso causado por B.
• A legítima defesa não é presumida, quem alega deve provar sua ocorrência.
• Não é cabível contra animais, nesse caso é estado de necessidade.
• Q! Igualmente ao estado de necessidade, se o agredido erra ao revidar a agressão e atinge
pessoa diversa do fato (erro sobre a pessoa) continua amparado pela excludente de ilicitude.
• Excesso punível: é o exercício IRREGULAR de uma causa excludente de ilicitude, existindo
na modalidade DOLOSA E CULPOSA. Podendo ser:
▪ Extensivo: Quando cessada agressão, a vítima venha a revidar injustamente;
(dolo);
▪ Intensivo: Quando a resposta é desproporcional. (Culpa).
III) Estrito cumprimento do dever legal: É uma obrigação (compulsória) imposta pela
lei\decreto\regulamento. Quando o agente atua tipicamente, não está fazendo nada além
de sua obrigação, geralmente aplicável aos agentes públicos, mas cabe ao particular, ex:
advogado que se nega a testemunhar. OBS: troca de tiro policial VS bandido é leg. Defesa.
O agente deve ter a consciência que age sob essa causa de justificação! Que atue querendo
pratica-la! *Todas excludentes de ilicitude só podem ser verificadas em crimes dolosos.
• ERRO de TIPO ESSENCIAL: exclui o dolo (sempre!). O erro de tipo é a representação errônea
da realidade! Não sabe que está errado! Na qual o agente acredita não se verificar a
presença de um dos elementos essenciais do crime (tipicidade, ilicitude, culpabilidade). Ex:
No crime de desacato, desconhecer que a outra parte era funcionário público. Também
pode ser:
o Escusável: excluindo o dolo e a culpa. Logo, a própria TIPICIDADE;
o Inescusável: Exclui o dolo, mas responde com culpa.
Obs: Veja que não se trata de desconhecimento da lei, mas uma falsa percepção da
realidade.
• ERRO de TIPO ACIDENTAL: É o erro na execução do fato criminoso, sobre dados irrelevantes,
o agente sabe que está cometendo o ilícito! O agente responde pelo crime como se não
houvesse erro, o dolo é normal, mantido. Pode ser:
o Erro sobre a PESSOA: Confunde a pessoa visada, praticando ato em outra.
Respondendo da mesma forma!
o Erro sobre o Nexo CAUSAL: O agente alcança o resultado, mas em razão de nexo
diferente do planejado. Ex: José atira em maria para matar, joga seu corpo no rio para
esconde-lo e depois verifica-se que ela morreu foi afogada. Responde da mesma
forma, por homicídio doloso, mas com causa diferente!
o Erro sobre a EXECUÇÃO: O agente não se confunde quanto à pessoa, mas erra o alvo
e acaba acertando outra pessoa, errando na EXECUÇÃO. Responde pelo crime
originalmente pretendido. Obs: Carrega as qualidades da vítima desejada, ex:
privilégio. Se o agente atinge a vítima visada e a não visada sem querer, responde por
concurso formal.
o Erro sobre o CRIME ou RESULTADO DIVERSO: O agente pretendia cometer um crime,
mas acaba cometendo outro por erro. Ex: Arremessar uma pedra sobre um vidro e
acabar atingindo e matando uma pessoa. Como não houve intenção o agente
responde por homicídio culposo, uma vez que não se constate a vontade do agente.
o Erro sobre objeto: Ocorre quando o sujeito supõe que sua conduta recai sobre
determinada coisa, sendo que na realidade incide sobre outra. É o caso de o sujeito
subtrair açúcar supondo tratar-se de farinha. Responde igualmente por furto.
PORÉM, se, por exemplo, o sujeito esteja traficando talco no lugar de cocaína, vira
erro de tipo essencial, tornando sua conduta atípica.
• ERRO de PROIBIÇÃO DIRETO: Quando o agente atua acreditando que sua conduta não é
ilícita. Se escusável, exclui a CULPABILIDADE, se inescusável, talvez pode atenuar a pena.
Veja que existe dolo no agir; diferente do erro de tipo essencial, porém, havia
desconhecimento da ilicitude de sua ação.
• ERRO de PROIBIÇÃO INDIRETO: O agente atua acreditando que existe, em abstrato, alguma
descriminante putativa (causa de justificação), é levado a erro pelas circunstâncias do caso
concreto, supondo agir em face de uma causa excludente de ilicitude.
o OBS: Tanto no erro de proibição DIRETO quanto INDIRETO, em ambos, há o DOLO
DE AGIR, porém não se sabe que a ação é errada. Novamente, se escusáveis, excluem
a CULPA, se inescusáveis, atenuam a pena.
• ERRO de PROIBIÇÃO MANDAMENTAL: A norma determina/manda a conduta positiva do
agente, e este, por desconhecimento não o faz, achando que não era para agir.
• Erro de diagnóstico (médico): Não enseja culpa.
Modalidades:
A) CO-AUTOR → pode ser entendido como aquele agente que mais se aproxima do núcleo do
tipo penal, juntamente com o autor principal, podendo sua participação ser parcial ou
direta.
Pode haver coautoria em crimes culposos!
B) PARTÍCIPE → é aquele indivíduo que não participa dos atos de execução, mas auxilia o autor
(ou co-autor) na realização do fato típico. Esta participação pode ser moral ou material.
Obs.: Os crimes de mão própria admitem partícipe, mas NÃO COAUTORIA. Lembre-se →
toda participação é dolosa, logo não há partícipe em crime CULPOSO, porém, pode ter
concurso e coautoria.
a. OBS: NÃO É PORQUE É PARTÍCIPE QUE A PENA É MENOR! Ela pode ser inferior, mas
não é obrigatório.
C) AUTOR → Toda a pessoa que pratica o núcleo do tipo penal.
D) Caracteriza a autoria por convicção, o autor que conhece efetivamente a norma, mas a
descumpre por razões de consciência, que pode ser política, religiosa, filosófica, etc.
OBS: o CP adotou o conceito restritivo de autor, vem da teoria OBJETIVO FORMAL, na qual
diferencia autor e partícipe. Autor é aquele que pratica o núcleo do tipo e partícipe aquele que
presta colaboração. O que causa um certo problema nos crimes de mando, sendo que para isso,
o CP também adotou parte da TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO, que diz que autor é que decide
a forma de execução, início e outras condições. Assim, o partícipe seria aquele que, embora
colabore dolosamente, não exerça domínio sobre a ação. Aqui é levada em conta a parte
intelectual, não as ações.
Q! OBS: a doutrina e a jurisprudência admitem o concurso de pessoas e coautoria em crimes
culposos. O que não se admite é a participação.
CRIMES CONTRA A PESSOA
1.1. Dos crimes contra a vida
➢ Homicídio
O homicídio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de fogo, facada, pancadas, etc.),
podendo ser praticado de forma comissiva (ação) ou omissiva (omissão), respondendo por
homicídio sem ter agido, mas tendo se omitido.
EXEMPLO: Mãe que, mesmo sabendo que o padrasto irá matar seu filho, nada faz para impedi-lo.
Ela responderá por HOMICÍDIO DOLOSO.
O crime se consuma quando a vítima vem a falecer, sendo, portanto, um crime material. Como o
delito pode ser fracionado em vários atos (crime plurissubsistente), existe a possibilidade de
tentativa, desde que, iniciada a execução.
• Homicídio Privilegiado
A peculiaridade da motivação do crime, neste caso, é NOBRE. A Lei entende que a conduta do
agente NÃO É TÃO GRAVE, pode ser em três situações:
a) Motivo de relevante valor social – Por exemplo, matar o estuprador do bairro.
b) Motivo de relevante valor MORAL – Por exemplo, matar por compaixão (eutanásia).
c) Sob o domínio de violenta emoção, LOGO APÓS injusta provocação da vítima.
❖ O dolo Eventual é compatível com homicídio privilegiado.
* A pena, nesse caso, é diminuída de 1/6 a 1/3.
• Homicídio Qualificado
Se o homicídio é cometido:
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; - subjetiva
II - Por motivo fútil; - subjetiva
III - Com emprego de veneno (vítima deve desconhecer a substância), fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; -Objetiva
IV - À traição, com emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido; - Objetiva
V - Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. - Subjetiva
OBS: As qualificadoras objetivas são as que dizem respeito ao crime, enquanto as subjetivas
vinculam-se ao agente. Enquanto as objetivas dizem respeito às formas de execução (meios e
modos), as subjetivas conectam-se com a motivação do crime. As qualificadoras III e IV e VI são de
ordem objetiva, adequando-se em caso de privilégio.
-Por motivo fútil: Aqui temos o motivo banal, um motivo bobo, ridículo, ou seja, há uma
desproporção gigante entre o motivo do crime e o bem lesado.
-Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum. *Temos aqui uma qualificadora decorrente dos MEIOS
UTILIZADOS para a prática do delito, não dos motivos.
OBS: CUIDADO! MUITO CUIDADO! MAS MUITO CUIDADO MESMO! A utilização de tortura
como MEIO para se praticar o homicídio, qualifica o crime. Entretanto, se o agente
pretende TORTURAR (esse é o objetivo), mas se excede (culposamente) e acaba matando a
vítima, NÃO HÁ HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA, mas TORTURA QUALIFICADA
PELO RESULTADO MORTE.
-*FEMINICÍDIO, não basta, assim, que a vítima seja mulher, deve ficar caracterizada a violência de
gênero. Quando o crime envolver violência doméstica e familiar ou menosprezo / discriminação
à condição de mulher.
OBS: Arma de fogo não é qualificadora, é MAJORANTE, e aumentou para 2/3. Arma branca não
é mais porra nenhuma.
• Homicídio Culposo
Ocorre por inobservância de um dever de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia), acaba
por causar a morte da pessoa.
No entanto: Imagine que numa mesa de cirurgia, um MÉDICO CIRURGIÃO esqueça uma pinça na
barriga do paciente, que vem a falecer em razão disso. Nesse caso, não houve imperícia, pois, o
MÉDICO É APTO PARA REALIZAR A CIRURGIA, tendo havido negligência (o camarada não tomou
os cuidados devidos antes de dar os pontos na cirurgia).
• Homicídio Majorado
• Perdão Judicial
Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator (Não confundir perdão judicial com
perdão do ofendido), por entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado
“perdão judicial”. É o que ocorre, por exemplo, no caso de homicídio culposo no qual o infrator
tenha perdido alguém querido. *Nesse caso, ocorrendo o perdão judicial, também estará extinta a
punibilidade, não o crime!
OBS: Vítima não morre, mas sofre lesões graves – Crime consumado;
Vítima não morre nem sofre lesões graves – INDIFERENTE PENAL
O crime pode aparecer, ainda, na forma majorada:
-Por motivo egoístico;
-Se a vítima é menor ou tem diminuída a capacidade de resistência (vítima sem
discernimento completo);
➢ Infanticídio
O infanticídio é o crime no qual a mãe, sob influência do estado puerperal, mata o próprio filho
recém-nascido, durante ou logo após o parto. *Dispensa-se perícia se for comprovado o estado
puerperal da mãe!
*CUIDADO! Embora seja crime próprio, é plenamente admissível o concurso de agentes – Na
modalidade participação, coautoria não! AMBOS responderão por infanticídio (desde que
conheçam a condição de mãe da vítima).
O crime só é admitido na forma dolosa e consuma-se com a morte da criança; a tentativa é
plenamente possível.
Q
u
IV – Aceleração de parto a
l
Lesões GRAVES i
f
i
c
a
d
o
Lesões GRAVÍSSIMAS r
a
s
-O CP trata ambas como lesões graves, mas em razão da pena diferenciada para cada uma delas, a
Doutrina chama as primeiras de LESÕES GRAVES e as segundas de LESÕES GRAVÍSSIMAS. A lesão
corporal seguida de morte é um crime qualificado pelo resultado, mais especificamente, um crime
PRETERDOLOSO (dolo na conduta inicial e culpa na ocorrência do resultado) – 04 a 12 anos.
-CURIOSIDADE: Perda de testículo configura lesão gravíssima? Não. Tratando-se de órgãos duplos,
para a lesão ser gravíssima deve atingir os dois. Do contrário, gera ‘mera’ debilidade de função,
produzindo uma lesão de natureza grave. Se perder dois dentes ou prejuízo mastigatório. →
Natureza GRAVE.
Há, ainda, a figura da lesão corporal privilegiada:
-O agente comete o crime movido por relevante valor moral ou social, ou movido por violenta
emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima.
-Caso as lesões não sejam graves e:
a) Ocorrer a situação anterior; ou
b) Tratar-se de lesões recíprocas entre infrator e ofendido:
O JUIZ PODE SUBSITTUIR A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA DE MULTA.
*É possível, ainda, que havendo lesão corporal culposa, o Juiz conceda o perdão judicial ao
infrator.
*Tratando-se de Lesão CULPOSA, não há que se falar em grau da lesão ou resultado de morte.
CONSIDERAÇÕES:
1. No crime de violência doméstica, é possível o enquadramento, por exemplo, da Babá, que
se prevalece da convivência com a criança para agredi-la.
2. Nos crimes de lesão corporal, a AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA. No entanto, em
caso de LESÃO LEVE OU LESÃO CORPORAL CULPOSA, A AÇÃO SERÁ PÚBLICA
CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO.
3. Q! CUIDADO! Se a lesão é praticada com violência doméstica à MULHER, EM QUALQUER
CASO (leve ou grave), A AÇÃO É PÚBLICA INCONDICIONADA.
4. CUIDADO MASTER! A Lei 13.142/15 incluiu uma NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. A
pena será aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime de lesões corporais for praticado contra
integrantes das Forças Armadas, das forças de segurança pública, dos agentes do sistema
prisional e integrantes da Força Nacional de Segurança. OBS: é necessário que o crime tenha
sido praticado em razão da função exercida pelo agente.
O CP não diz o que é contágio venéreo (NORMA PENAL EM BRANCO), devendo a norma ser
complementada, o que ocorre mediante portaria do Ministério da Saúde. *É IRRELEVANTE SE A
OUTRA PESSOA CONCORDA! A efetiva contaminação também é irrelevante para a consumação
do delito. ATENÇÃO: Não se exige o dolo de QUERER CONTAMINAR (dolo específico), mas apenas
o dolo de querer MANTER RELAÇÕES SEXUAIS.
A ação penal neste crime é PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO.
-Parecido com o tipo penal anterior, porém o elemento subjetivo aqui exigido é o dolo e ainda se
exige o chamado ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO (OU DOLO ESPECÍFICO OU ESPECIAL FIM DE
AGIR), que consiste numa vontade além da mera vontade de praticar o ato que expõe a perigo.
Aqui o CP exige que o agente QUEIRA TRANSMITIR A DOENÇA. Havendo necessidade de que o
AGENTE QUEIRA O RESULTADO, NÃO CABE DOLO EVENTUAL, tampouco CULPA.
*Não se exige que o agente utilize da relação sexual para transmitir a moléstia grave, podendo
ser QUALQUER MEIO APTO PARA TRANSMITIR A DOENÇA.
* O crime se consuma com a mera realização do ato (crime formal), não se exigindo que o resultado
ocorra (contaminação).
-Se a vítima já estava contaminada antes, CRIME IMPOSSÍVEL.
-O STJ tem julgado no sentido de que a transmissão dolosa do vírus da AIDS se trata de tentativa
de homicídio, pois é uma doença de caráter letal.
IMPORTANTE →Perceba que nesse crime, o dolo específico varia, podendo se desdobrar em
outros tipos:
• Se a intenção era transmitir a doença: Moléstia grave;
• Se a intenção era a morte da vítima: tentativa de homicídio;
• Se a intenção era lesionar: lesão corporal gravíssima.
A ação penal aqui é PÚBLICA INCONDICIONADA.
➢ Perigo para a vida ou saúde de outrem
O crime se consuma com a mera exposição da vítima ao RISCO DE DANO (perigo). Caso o resultado
ocorra, duas hipóteses podem ocorrer:
o O resultado gera um delito mais grave – Responde pelo delito mais grave.
o O resultado é menos grave do que o crime de exposição a perigo – Responde pelo crime
de exposição a perigo.
Há aumento de pena se decorrer de transporte irregular de pessoas. EX: Caminhão de boias-frias.
➢ Abandono de incapaz
O crime é PRÓPRIO, pois se exige que o sujeito ativo tenha uma qualidade especial:
• Ter o dever de guarda e vigilância da pessoa abandonada.
A condição de “incapaz é qualquer pessoa que não tenha condições de se proteger sozinha”.
Poderá, ainda, haver uma causa de aumento de pena (de 1/3), caso:
-O abandono ocorra em local ermo (deserto);
-O agente for ascendente (pai, mãe), descendente (filho, neto), irmão, cônjuge, tutor ou curador
da vítima;
-Se a vítima possuir mais de 60 anos.
➢ Omissão de socorro
Não há necessidade de que haja algum vínculo específico entre os sujeitos. A Doutrina
ligeiramente majoritária entende que é possível PARTICIPAÇÃO, mas NÃO COAUTORIA.
A Doutrina exige, ainda, que o sujeito ativo esteja PRESENTE na situação de perigo.
O agente pode praticar a conduta de duas formas:
o Deixando de prestar o socorro imediato à pessoa;
o Caso não possa fazê-lo, deixando de comunicar à autoridade pública para que proceda ao
socorro da pessoa.
OBS: A omissão de socorro nos acidentes de trânsito (caso o agente esteja envolvido no acidente)
é regulada pelo CTB. Caso o agente não tenha se envolvido no acidente, tendo apenas presenciado
pessoa que necessitava de ajuda por ter se envolvido em acidente de trânsito, responde pelo art.
135 do CP. Perceba as duas maneiras.
*A omissão de socorro à pessoa idosa é crime específico previsto no Estatuto do Idoso.
-A Lei 12.653/12 trouxe uma modalidade “especial” de omissão de socorro:
Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento
prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar
emergencial. Esse crime chama-se: Condicionamento de atendimento médico hospitalar
emergencial.
➢ Maus-tratos
O crime de maus-tratos é um crime PRÓPRIO (só pode ser praticado por quem detenha a guarda
ou vigilância da vítima). Consistente NA INTENÇÃO DE EDUCAR, ENSINAR, TRATAR OU
CUSTODIAR:
o Privar de alimentação;
o Privar de cuidados indispensáveis;
o Sujeitar a trabalho excessivo ou inadequado;
o Abusar dos meios de correção ou disciplina.
Em se tratando de conduta omissiva, não há possibilidade de tentativa (deixar de alimentar, deixar
de prestar cuidados básicos, etc.).
Há UMA CAUSA DE AUMENTO DE PENA, no caso de a vítima ser menor de 14 anos.
AÇÃO PENAL: Nos crimes de Periclitação da vida e saúde, somente o crime de perigo de contágio
de doença VENÉREA é crime de ação penal CONDICIONADA à representação. TODOS OS DEMAIS
SÃO CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
➢ Calúnia Alegação sobre fato CERTO! DETERMINADO! Ex: João é estuprador ou ladrão, é INJÚRIA!
A calúnia é a imputação falsa de crime a alguma pessoa. Na calúnia, o bem jurídico tutelado é a
honra objetiva do ofendido. Qualquer pessoa, em regra, pode praticar o delito (sujeito ativo).
Entretanto, em alguns casos, algumas pessoas gozam de imunidade material, não praticando crime
quando caluniam alguém no exercício da profissão (parlamentares, por exemplo). Até os mortos
podem ser caluniados, mas o sujeito passivo no caso são seus familiares. O INIMPUTÁVEL
também pode ser caluniável. Mas e se alguém não comete o crime com a intenção de caluniar,
mas apenas para fazer uma brincadeira? Nesse caso, não há crime.
• A calúnia admite tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. "Quando alguém está na
dúvida, não deve atribuir crime a outrem”.
*O crime se consuma com a divulgação da calúnia a um terceiro. Não basta, portanto, que
somente o sujeito ativo e o sujeito passivo tenham conhecimento da calúnia. Trata-se de um CRIME
FORMAL, não se exigindo que a honra objetiva da vítima seja, de fato, atingida. EX: As pessoas que
tomam conhecimento podem não acreditar no que estão ouvindo sobre a vítima.
-Não se esqueça que é POSSÍVEL A TENTATIVA NOS CRIMES FORMAIS!
-Admite-se, neste crime, a EXCEÇÃO DA VERDADE, que nada mais é que o direito que o sujeito
ativo possui de provar que o fato que ele imputa ao sujeito passivo, de fato, ocorreu.
Entretanto, existem casos em que não se admite prova da verdade:
-No caso de crime de ação penal privada, se não houve ainda sentença condenatória
irrecorrível:
-No caso de a calúnia se dirigir ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
-No caso de crime de ação penal pública, CASO O CALUNIADO JÁ TENHA SIDO ABSOLVIDO
por sentença penal transitada em julgado;
→ É cabível a RETRATAÇÃO! (Até o momento da sentença).
➢ Difamação
A difamação, à semelhança da calúnia, também tem como bem jurídico tutelado a HONRA
OBJETIVA do ofendido. Aqui, o fato imputado ao ofendido não é crime, mas apenas ofensivo à sua
reputação.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Temos, portanto, um CRIME COMUM. O sujeito passivo
também pode ser qualquer pessoa, não se exigindo qualquer qualidade da vítima.
→CUIDADO! Não se pune a difamação contra os mortos!
*A consumação também se dá quando UM TERCEIRO TOMA CONHECIMENTO DO FATO
DIFAMATÓRIO. A tentativa é possível na forma escrita.
CUIDADO! A exceção da verdade, aqui, só é admitida se o ofendido é funcionário público e a
difamação se refere ao exercício das funções.
-Não se pune também aquele que diz o que todo mundo já sabe (exceção de notoriedade).
→ É cabível a RETRATAÇÃO! (Até o momento da sentença).
OBS: A Doutrina não admite o perdão judicial na injúria qualificada nem na injúria real.
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que
ela não manda.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se
reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
• Não comete esse crime quem faz:
I - A intervenção médica ou cirúrgica se justificada por iminente perigo de vida;
II - A coação exercida para impedir suicídio.
-Percebam que só haverá este crime caso não se trate de crime mais grave. Assim, aquele que
coage outra pessoa a manter com ele relações sexuais comete estupro, e NÃO CONTRANGIMENTO
ILEGAL.
-É plenamente POSSÍVEL A TENTATIVA.
➢ Ameaça
Obviamente o mal deve ser injusto. O que é ameaça grave para uma pessoa, poderá não ser para
outra.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, consistente na VONTADE DE AMEAÇAR,
independentemente de o agente pretender, ou não, cumprir a ameaça.
A consumação se dá com a chegada da ameaça ao conhecimento da vítima. Em regra, não cabe
tentativa, mas ela é admitida no caso de ameaça escrita.
O crime pode ser praticado por ação, omissão e até mesmo por fraude (o agente induz a vítima a
erro). Devemos, entretanto, distinguir sequestro de cárcere privado:
- Sequestro – A privação da liberdade não implica confinamento da vítima em recinto fechado;
- Cárcere privado – É espécie do gênero sequestro, mas exige que a vítima fique confinada em
recinto fechado.
O crime se consuma no momento em que a vítima tem sua liberdade de ir e vir privada. E se
durante esse tempo sobrevier lei mais grave? Aplica-se a lei mais grave, por ter entrado em vigor
quando o crime ainda estava se consumando.
Existem duas qualificadoras. A primeira incidirá no caso de o crime ser praticado:
- Contra ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do infrator, ou contra pessoa
maior de 60 anos;
- Mediante internação em casa de saúde ou hospital;
- Por mais de 15 dias;
- Contra menor de 18 anos;
- Com fins libidinosos (sexuais).
A segunda qualificadora incide no caso de resultar à vítima grave sofrimento físico ou moral, EM
RAZÃO DE MAUS-TRATOS OU DA NATUREZA DA PRIVAÇÃO DA LIBERDADE.
Divulgação de segredo: Divulgar a alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou
de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa
produzir dano a outrem, TEM QUE ser capaz de causar dano, mas independe dele ocorrer ou não.
O crime se consuma com a revelação do segredo, sendo irrelevante para a consumação do delito
a ocorrência do dano. O crime é de ação penal pública condicionada, porém se lesar a adm. pública,
torna-se incondicionada (obviamente).
Violação de Segredo Profissional: (Não confundir com violação de sigilo profissional, que é crime
contra adm. Pública)
Revelar a alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem.
Aqui temos um crime próprio, pois somente aquele que tem ciência do segredo em razão de
função, ministério (Padre, por exemplo), ofício ou profissão (médico, advogado), pode praticar o
delito. Por se tratar de crime formal, consuma-se com a mera divulgação do segredo
(conhecimento do fato por terceiros), dispensando a ocorrência do dano para a consumação do
delito.
Invasão de dispositivo informático: prevê como criminosa a conduta de invasão de dispositivo
informático (os chamados hackers ou crackers). A consumação do delito se dá quando o agente
INVADE o dispositivo informático (desde que possua uma das intenções já elencadas),
independentemente do fato de ele conseguir ou não obter, alterar ou destruir os dados.
OBS: Se da conduta resulta prejuízo econômico, a pena é aumentada.
• Anotações:
-Crime progressivo→ é aquele realizado mediante um único ato ou atos que compõem único
contexto. Em outras palavras, ocorre quando o agente, para alcançar um resultado mais grave,
passa NECESSARIAMENTE por uma conduta inicial que produz um evento menos grave.
-A progressão criminosa → é aquela realizada mediante dois atos, dois movimentos, ou seja,
quando o agente inicia um comportamento que configura um crime menos grave, porém, ainda
dentro do mesmo inter criminis, resolve (Novo dolo!) praticar uma infração mais grave. O agente
responde SOMENTE pelo crime mais grave.
‘’§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das
Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no
contexto:
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou
pelo Ministro de Estado da Defesa;
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não
beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
atribuição subsidiária.’’
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
1.1. Do FURTO
➢ Furto
O bem jurídico tutelado no crime de furto é APENAS o patrimônio, ou seja, o furto é um crime
que lesa apenas um bem jurídico. Pode ser de coisas lícitas ou Ilícitas.
A coisa subtraída não pode ser de propriedade do infrator, caso contrário, não há furto, podendo
haver, se for o caso, EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES. A maioria da Doutrina
entende que a coisa não precisa ter valor econômico significativo (embora a ausência de valor
significativo possa gerar a atipicidade da conduta por ausência de lesividade).
*Sendo a intenção somente a de usar a coisa e logo após devolvê-la, teremos o que se chama de
FURTO DE USO, que NÃO É CRIME.
*O que vocês devem saber é que o STF e o STJ adotam a teoria segundo a qual o crime se consuma
quando o agente passa a ter o poder sobre a coisa, ainda que por um curto espaço de tempo,
ainda que não tenha tido a posse mansa e pacífica sobre a coisa furtada, sendo desnecessário
que a coisa saia da esfera de vigilância da vítima (teoria da amotio).
O §1° prevê a majorante (a única do furto) no caso de o crime ser praticado durante o repouso
noturno, e pode ser aplicado às qualificadoras, em conjunto.
O STJ entende que se aplica ainda que se trate de residência desabitada ou estabelecimento
comercial.
Q! O §2° prevê o chamado FURTO PRIVILEGIADO, que é aquele no qual o réu possui bons
antecedentes e a coisa é de pequeno valor. A Jurisprudência vem entendendo como “coisa de
pequeno valor” aquela que não ultrapassa um salário mínimo vigente (cabendo ao Juiz, porém,
analisar cada caso), veja que não é insignificância!
CUIDADO! O crime de furto de energia elétrica só ocorrerá se o agente se apodera daquilo que não
está em sua posse, daquilo que não é seu – nesse caso o crime de furto é permanente. Se o agente
altera o medidor de Luz (fraude), haverá o crime de estelionato.
OBS: a mera subtração da folha de cheque, em branco, não caracteriza furto, por possuir valor
insignificante. Se o agente, entretanto, preenche a folha fraudulentamente e, posteriormente,
obtém vantagem indevida, praticará o delito de estelionato.
POR FIM: A causa de aumento de pena – MAJORANTE REPOUSO NOTURNO- pode ser aplicada
JUNTAMENTE com as hipóteses de furto qualificado.
➢ Roubo
A violência pode ser própria, quando o agente aplica força física sobre a vítima, ou imprópria,
quando aplica alguma medida que torna a vítima indefesa (Boa-noite-cinderela, por exemplo).
O roubo de uso é crime! Ou seja, o agente que rouba alguma coisa para somente usá-la e devolver,
comete crime de roubo (contrário do furto!).
O STF e o STJ adotam a teoria segundo a qual o crime se consuma quando o agente passa a ter o
poder sobre a coisa, após ter praticado a violência ou grave ameaça. Se o agente pratica a violência
ou grave ameaça, mas não subtrai a coisa, o crime é TENTADO.
O §1° traz a figura do roubo IMPRÓPRIO. O roubo impróprio ocorre quando a violência ou ameaça
é praticada APÓS A SUBTRAÇÃO DA COISA. (Veja que começa com furto, depois se aplica a
violência).
Arma de fogo majora o crime → desmuniciada não majora!
OBS: Emprego de arma branca deixou de ser Majorante.
*O USO DE ARMA DE BRINQUEDO\DESMUNICIADA\INAPTA NÃO gera aplicação da causa de
aumento de pena (continua roubo simples).
É necessário que haja perícia para apurar a potencialidade lesiva da arma? Em regra, sim.
Contudo, se não for possível, as demais provas podem ser utilizadas para comprovar o fato (Posição
do STJ).
Majorantes:
ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO (Lesão corporal grave ou morte): Não se exige que o
resultado tenha sido querido pelo agente, bastando que ele tenha agido pelo menos de maneira
culposa em relação a eles.
*OBS: prevalece no STF o entendimento de que o crime de latrocínio se consuma com a ocorrência
do resultado morte, ainda que a subtração da coisa não tenha se consumado. Em concurso de
agentes, todos responderão pelo latrocínio se o desdobramento causal da ação principal era
previsível para todos os partícipes. No caso do latrocínio, o emprego de arma de fogo não é usado
como Majorante, caso ele se consume, pois, a pena base do parágrafo é muito maior (15-30 anos).
➢ Extorsão
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa.
Neste, o agente se vale destes meios para fazer com que a vítima LHE ENTREGUE A COISA,
ESPONTANEAMENTE, ou seja, deve haver a colaboração da vítima.
O STJ entende que se trata de CRIME FORMAL, que se consuma com o mero emprego da violência
ou grave ameaça, independentemente da obtenção da vantagem visada pelo agente.
O §3° do art. 158 representa uma inovação legislativa que criou a figura do SEQUESTRO
RELÂMPAGO, com pena mais elevada (não é hediondo, mas se a vítima morrer é HEDIONDO).
A ação penal no crime de extorsão, em qualquer hipótese, é PÚBLICA INCONDICIONADA.
Na extorsão:
• Arma – mesmo branca- ou concurso: Majorante
• Lesão grave ou Morte\mediante sequestro: Qualificadora
EXTORSÃO INDIRETA: Ocorre quando um credor exige ou recebe, do devedor (como garantia de
dívida), documento que possa dar causa à instauração de processo criminal contra a vítima.
Embora a lei diga “qualquer vantagem”, a Doutrina entende que a vantagem deve ser
PATRIMONIAL e INDEVIDA, pois se for DEVIDA, teremos o crime de exercício arbitrário das
próprias razões.
O STF entende que se trata de CRIME FORMAL, que se consuma com a mera privação da liberdade
da vítima, independentemente da obtenção da vantagem visada pelo agente.
TRATA-SE DE CRIME PERMANENTE, que se prolonga no tempo. Não é instantâneo!
A maioria da Doutrina entende que o resultado (lesão grave ou morte) qualifica o crime,
QUALQUER QUE SEJA A PESSOA QUE SOFRA A LESÃO, ainda que não seja o próprio sequestrado,
mas que decorra do contexto fático do delito.
O §4° prevê a chamada DELAÇÃO PREMIADA, sendo indispensável que dessa delação decorra uma
facilitação na liberação do sequestrado, não precisando levar à prisão dos demais bandidos.
*O crime ocorrerá ainda que a vítima não seja transferida para outro local.
OBS: tratando-se de Organização Criminosa, a celebração de acordo de colaboração premiada, por
si só, não é motivo para revogação de prisão preventiva previamente imposta.
1.3. Da Usurpação
➢ Alteração de limites
Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. BUSCA SE APODERAR de bem imóvel
que não lhe pertence (mas que é divisório com o seu).
O §1° traz formas equiparadas, relativas à conduta daqueles que realizam a usurpação de águas
alheias ou o concurso de duas pessoas (mínimo de três então), de terreno ou edifício alheio, com
o fim de esbulho possessório.
A ação penal, em regra, é PÚBLICA INCONDICIONADA. No entanto, se a propriedade lesada for
particular e não tiver havido emprego de violência, A AÇÃO PENAL SERÁ PRIVADA.
Aqui se pune a conduta do agente que retira (suprime) ou altera marca ou sinal referente à
propriedade de gado ou rebanho alheio.
O crime se consuma com a mera realização da supressão ou alteração da marca ou sinal, não
havendo necessidade de que o agente se apodere dos animais cujas marcas foram adulteradas.
No entanto, se o agente se apoderar dos animais, teremos o crime de furto mediante fraude, que
absorve este crime de usurpação. A tentativa é plenamente possível. A ação penal será sempre
pública incondicionada.
1.4. Do DANO
➢ Do Dano
CUIDADO! O crime de “pichação” é definido como CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE (ambiente
urbano). Aliás, este crime de dano é bastante genérico, ocorrendo apenas quando não houver uma
hipótese específica. EXEMPLO: Danificar objeto destinado a culto religioso ou objetos tombados.
Esta conduta configura o crime do art. 208 e 165 do CP, e não o crime de dano.
*O crime se consuma com a ocorrência do dano. Não havendo a ocorrência do dano, o crime será
tentado.
Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem o consentimento do dono, desde que o
fato resulte prejuízo (Atenção para dependência de prejuízo!!). A mera conduta não configura o
crime!
A ação penal será, em todos os crimes de dano, PÚBLICA INCONDICIONADA. No entanto, se o
crime é o de dano simples, ou se é praticado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável à
vítima, ou no caso de introdução ou abandono de animais em propriedade alheia, o crime será de
AÇÃO PENAL PRIVADA.
➢ Apropriação Indébita
Decorrendo de confiança entre o dono da coisa e o infrator. Caso haja mera detenção (sem relação
de confiança entre dono e infrator), estaremos diante do crime de furto.
O crime se consuma com a inversão da intenção do agente e majora-se se o agente recebeu a
coisa:
• Em razão do emprego ou profissão; em depósito necessário; na qualidade de tutor,
curador, síndico, liquidatário, inventariante.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, não se punindo a conduta culposa daquele que apenas se
esqueceu de repassar as contribuições recolhidas. Não se exige o dolo específico (Posição do STF
e do STJ). Atenção: não se exige o dolo de querer ficar com o dinheiro, somente de não o
repassar!
➢ Estelionato
Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. O sujeito passivo
pode ser tanto aquele que foi enganado pela fraude do agente ou aquele que teve a efetiva lesão
patrimonial (pois podem ser pessoas distintas).
A vantagem perquirida pelo agente deve ser patrimonial (maioria da Doutrina).
*Só se configura crime de estelionato quando há prejuízo patrimonial a outrem, consistente em
perder o que já se possui ou em deixar de ganhar o que é devido, não bastando a mera obtenção
de uma vantagem indevida pelo agente.
VEJA: Vantagem indevida + prejuízo da vítima, não só um! É, portanto, um crime MATERIAL! Se o
agente impede o resultado o crime não está consumado!
“Cheque voador”: CUIDADO! Para que se configure crime, é necessário que o agente tenha, de
antemão, a intenção de não pagar, ou seja, o agente sabe que não possui fundos para adimplir a
obrigação contraída. Se o agente repara o dano ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, obsta o
prosseguimento da ação penal.
A emissão de cheques sem fundos para pagamento de dívidas de jogo NÃO CONFIGURA CRIME,
pois estas dívidas não são passíveis de cobrança judicial.
O §3° prevê o chamado estelionato previdenciário, que é a percepção de vantagem INDEVIDA –
diferente da sonegação- contra entidade de direito público, o qual há 3 disposições, trata-se de:
• Crime permanente (beneficiário): quando o benefício fraudulento é na origem, ou seja,
criado com ardil, sem qualquer atendimento aos requisitos legais. Ex: fraudo a previdência
como sendo eu o beneficiário e o recebo mensalmente. Aqui se trata de crime único, porém
permanente, admitindo o flagrante a qualquer momento. Prazo prescricional começa na
última parcela do benefício.
• Crime instantâneo de efeito permanente: Se praticado por terceiro diferente do
beneficiário – ex: um funcionário do INSS frauda para outra pessoa -Prazo prescricional
começa na 1ª parcela do benefício.
• Crime Continuado (por terceiro): aqui o benefício é devido, porém não é a pessoa que o
saca, ou seja, um terceiro tem posse e faz uso do cartão previdenciário do benefício. Ex:
após morte do beneficiário, sua filha continua a receber os valores. Aqui se trata de crime
em continuidade delitiva, sendo a conduta renovada mês a mês com a utilização do cartão.
Prazo prescricional começa na Última parcela do benefício.
• 2ºNas mesmas penas incorrem quem: Dispõe de coisa alheia como própria.
• 3º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o crime for cometido em detrimento de
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou
beneficência.
→Forma qualificada do estelionato: contra idosos, pena dobrada! Não tem agravante,
pois já está aumentada a pena.
➢ Abuso de Incapazes
Aqui o patrimônio destas pessoas que possuem uma fragilidade maior, ou seja, que estão mais
vulneráveis a serem enganadas.
Aqui não há propriamente fraude, mas abuso de uma condição de vulnerabilidade, sendo,
portanto, dispensável o emprego de algum meio ardiloso, pois a vítima já é bastante vulnerável.
O crime se consuma com a prática do ato pela vítima, pouco importando se o agente aufere o
proveito ou se a vítima vem a ter efetivo prejuízo (Posição do STF). (formal)
A conduta é muito similar à anterior, com a diferença de que, aqui, o agente não induz a vítima a
praticar ato jurídico, mas a induz à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou
mercadorias, sabendo OU DEVENDO SABER que a operação será ruinosa.
O crime se consuma com a prática do jogo ou aposta ou com a especulação, independentemente
da obtenção do proveito pelo infrator.
➢ Fraude no comércio
A conduta pode ser praticada mediante a VENDA (somente esta forma comercial) de mercadoria
FALSA OU DETERIORADA, desde que tenha sido informado ao comprador que se tratava de
mercadoria verdadeira ou perfeita.
➢ Fraude à execução
Aqui se pune a conduta daquele que deliberadamente se desfaz dos seus bens, seja alienando-os,
desviando-os, destruindo-os ou danificando-os, com a finalidade de FRUSTRAR A SATISFAÇÃO DO
CRÉDITO QUE ESTÁ SENDO COBRADO EM SEDE DE EXECUÇÃO.
A regra é que o crime é de ação penal PRIVADA, mas se houver detrimento da União, então é
INCONDICIONADA.
A conduta pode ser praticada, ainda, na modalidade de SIMULAÇÃO DE DÍVIDAS.
1.7. Da Receptação
A conduta (tipo objetivo) pode ser dividida em duas partes:
• RECEPTAÇÃO PRÓPRIA– Aqui o agente sabe que a coisa é produto de crime e a adquire,
recebe, transporta, conduz ou oculta. NÃO é NECESSÁRIO AJUSTE, CONLUIO ENTRE O
ADQUIRENTE (RECEPTADOR) E O VENDEDOR (O QUE PRATICOU O CRIME ANTERIOR);
• RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA – Aqui o agente não adquire o bem, mas, sabendo que é produto
de crime, INFLUI PARA QUE TERCEIRO DE BOA-FÉ O ADQUIRA, RECEBA OU OCULTE.
Somente a coisa móvel poderá ser objeto material do delito (Posição adotada pelo STF).
A consumação, na RECEPTAÇÃO PRÓPRIA, se dá com a efetiva inclusão da coisa na esfera de
posse do agente (CRIME MATERIAL). Já a RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA É CRIME FORMAL, bastando
que o infrator influencie o terceiro a praticar a conduta, pouco importando se este vem a praticá-
la ou não.
*Receptação Qualificada: A diferença na receptação qualificada é, basicamente, que a conduta
deva ter sido praticada NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL, sendo, portanto, crime
PRÓPRIO. Não precisa ser comércio habitual, basta uma venda.
• A pena é aplicada em dobro se o bem era da ADM. Pública.
O §3° prevê a receptação culposa, que ocorre quando o agente age com imprudência, adquirindo
um bem em circunstâncias anômalas, sem atentar para o fato de que é bem provável que a
mercadoria seja produto de crime. Porém, se tiver havido a absolvição no CRIME ANTERIOR, em
razão do reconhecimento da INEXISTÊNCIA DE CRIME, da existência de circunstância que exclui o
crime ou pelo fato de não constituir infração penal, a receptação não será punível.
• Cabe receptação sobre produto vindo de ato infracional, mas contravenção não!
• Aquele que encomenda produto da prática do crime previamente não responde por
receptação, mas sim como CO-AUTOR ou partícipe do crime anterior cometido.
Q! Perdão judicial e do privilégio: O perdão judicial pode ser aplicado somente à receptação
culposa, caso o réu seja primário.
*Os crimes contra o patrimônio são, em regra, DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
Porém, se mesmo se enquadrando a vítima numa destas circunstâncias, o CRIME SERÁ DE AÇÃO
PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA nos seguintes casos:
➢ Peculato
O peculato culposo se aplica tanto ao crime de peculato próprio (apropriação ou desvio), quanto
ao crime de peculato impróprio (peculato-furto).
*O CP estabelece, ainda, que no caso do crime Peculato culposo (somente neste!), se o agente
reparar o dano antes de proferida a sentença irrecorrível (ou seja, antes do trânsito em julgado),
estará extinta a punibilidade. Caso o agente repare o dano após o trânsito em julgado, a pena
será reduzida pela metade.
Atenção: A reparação do dano só gera estes efeitos no peculato culposo, não nas suas demais
modalidades!
REPARAÇÃO DO DANO --> Peculato CULPOSO:
➢ Antes da Sentença Irrecorrível: Extingue a punibilidade.
➢ Depois da Sentença Irrecorrível: Reduz a pena pela metade.
Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo
ou inutilizá-lo, total ou parcialmente. SOMENTE NA MODALIDADE DOLOSA, se extraviar
culposamente é atípico.
Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. A Lei determina que deve haver uma
“exigência” de vantagem indevida.
A concussão só resta caracterizada quando o agente intima a vítima amparado nos poderes
inerentes ao seu cargo. Assim, se o agente exige R$ 10.000,00 da vítima, sob a ameaça de matar
seu filho, estará praticando, na verdade, o delito de extorsão.
Portanto:
CONCUSSÃO – Ameaça de mal amparado nos poderes do cargo.
EXTORSÃO – Ameaça de mal (violência ou grave ameaça) estranho aos poderes do cargo.
➢ Excesso de exação
➢ Corrupção Passiva
Trata-se de crime próprio, só podendo ser praticado pelo funcionário público, ainda que apenas
nomeado (mas não empossado). No entanto, é plenamente possível o concurso de pessoas,
respondendo também o particular pelo crime, desde que este particular tenha conhecimento da
condição de funcionário público do agente.
A conduta é a de solicitar ou receber vantagem, bem como aceitar promessa do recebimento de
vantagem futura.
A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
❖ Corrupção passiva pode ser imprópria, quando o ato a ser praticado pelo funcionário público
em troca da vantagem for legítimo (o funcionário recebe a vantagem, por exemplo, para
agilizar o andamento de uma certidão).
❖ Corrupção passiva própria: aquela na qual o agente recebe a vantagem ou aceita a promessa
de vantagem para praticar ato ilícito (o agente, por exemplo, recebe vantagem para deixar de
aplicar uma multa, por exemplo).
Prevaricação:
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Exige-se que o agente pratique o crime para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (dolo
específico).
Existe, ainda, uma modalidade específica de prevaricação, que é a prevista no art. 319-A, inserido
recentemente pela Lei 11.466/07:
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo. É Chamada pela Doutrina de prevaricação imprópria.
Condescendência criminosa:
Nesse crime, o agente também deixa de fazer algo a que estava obrigado em razão da função, mas
o faz por indulgência (sentimento de pena, de comiseração):
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento
da autoridade competente.
CUIDADO! O tipo penal exige que o agente seja hierarquicamente superior ao outro funcionário
que cometeu a falta funcional.
Assim, se um funcionário público toma conhecimento de que seu colega praticou uma infração
funcional e nada faz a respeito, NÃO PRATICA ESTE CRIME. (averiguar!)
➢ Advocacia Administrativa
A conduta é patrocinar interesse privado perante a administração Pública. O agente deve se valer
das facilidades que a sua condição de funcionário público lhe proporciona.
➢ Violência Arbitrária
Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. Existem decisões no âmbito
do STJ e do STF reconhecendo a plena vigência deste artigo.
A conduta é praticar violência no exercício da função, ou em razão dela. Logo, não se exige que o
agente esteja em horário de trabalho, ou dentro da repartição, desde que a violência ocorra em
razão da função do agente. Deve haver a finalidade especial de pretender abusar de sua
autoridade.
➢ Abandono de Função
A conduta é abandonar o cargo. Parte da Doutrina entende, ainda, que pode ocorrer o abandono
se o servidor, ainda que compareça à repartição, se recuse a trabalhar.
O CP estabeleceu, ainda, duas qualificadoras, quando do fato resultar algum prejuízo à
administração pública e quando o fato ocorrer em faixa de fronteira.
Trata-se de hipótese na qual o agente está para se tornar servidor público, ou já deixou de sê-lo,
e mesmo assim exerce as funções às quais está impedido de exercer, seja porque ainda não tomou
posse, seja porque já foi desligado do serviço público.
Se o agente não possui qualquer vínculo, comete o crime de usurpação de função pública.
A conduta é revelar ou facilitar a revelação de fato sigiloso que o agente tenha tomado
conhecimento em razão do cargo. É indiferente se o fato é revelado a um particular ou a outro
servidor público. É imprescindível, porém, que o fato tenha sido levado ao conhecimento do agente
em razão da sua função pública. É crime subsidiário: só vai ocorrer se do fato não ocorrer crime
mais grave, PORÉM, se lesar dois bens jurídicos → ex: Corrupção passiva (sujeito passivo: estado)
+ esse crime na forma qualificada (sujeito passivo: um terceiro). NÃO HÁ SUBSIDIARIEDADE,
responde pelos dois crimes.
Aqui, diferentemente do que ocorre no crime de exercício funcional ilegal, o agente não possui
qualquer vínculo com a administração pública ou, caso possua, suas funções são absolutamente
estranhas à função usurpada. É necessário que o agente pratique atos inerentes à função. Não
basta que apenas se apresente a terceiros como funcionário público.
*Forma qualificada do delito: Se do fato o agente aufere qualquer vantagem.
➢ Resistência
A conduta punida é a resistência comissiva (ação), ou seja, aquela na qual o agente pratica uma
conduta, qual seja, com emprego de violência ou ameaça ao funcionário que irá executar o ato
legal – ou quer impedir a prisão de terceiro.
As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Contudo, aquele
que resiste à prisão em razão de estar sendo preso em flagrante por crime que exige a violência ou
grave ameaça para sua caracterização, não responde por este crime, considerando-se a violência
aqui empregada como mero desdobramento do crime principal.
*E se o particular resistir à prisão em flagrante executada por um particular. Nesse caso, não
pratica o crime em questão.
Se o ato do agente público não é executado, há a figura do crime qualificado.
➢ Desobediência
➢ Desacato
➢ Tráfico de Influência
Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função.
Esta é a conduta do “malandro” que pretende obter vantagem em face de um particular, sob o
argumento de que poderá influenciar na prática de determinado ato por um servidor público
comum (sem qualificação especial). É uma espécie de “estelionato”, pois o agente promete usar
uma influência que não possui. A Doutrina entende que o particular que paga ao agente para a
suposta intermediação NÃO É SUJEITO ATIVO, mas sujeito PASSIVO.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
também destinada ao funcionário.
*Se a influência do agente for REAL, tanto ele quanto aquele que paga por ela são considerados
CORRUPTORES ATIVOS.
CUIDADO! Assim, a obtenção da vantagem é mero exaurimento, sendo dispensável para a
consumação do crime.
➢ Corrupção Ativa
Se algum funcionário público, valendo-se da função, concorrer para a prática do delito, não
responde por este, mas pelo crime do art. 318 do CP (facilitação de contrabando ou descaminho,
outro tipo penal).
O STF possui algumas decisões no sentido de que a mera omissão em declaração ao fisco, acerca
da quantidade de mercadoria, configura o crime de descaminho.
*A consumação de cada um dos delitos ocorre em momento diferente.
-O contrabando se consuma quando a mercadoria ilícita ultrapassa a barreira alfandegária, sendo
liberada pelas autoridades.
-Nas mesmas penas do CONTRABANDO incorrem quem:
• Importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou
autorização;
• Reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação;
• Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
• Adquire, recebe ou oculta, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
proibida pela lei brasileira.
- O descaminho, por sua vez, irá se consumar com o simples fato de iludir o estado, sem o
pagamento dos impostos devidos. Trata-se de crime FORMAL.
Em relação ao DESCAMINHO, a Jurisprudência entende, ainda, que em se tratando de prejuízo
inferior a ao patamar estabelecido pela Fazenda Nacional como irrelevante para fins de execução
fiscal, temos hipótese de aplicação do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:
• STF e STJ: Até R$ 20.000,00
Existem algumas decisões no âmbito do STF entendendo que o pagamento do tributo devido, no
caso do descaminho, antes do recebimento da denúncia NÃO GERA extinção de punibilidade.
Descaminho: Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada,
pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Nas mesmas penas do DESCAMINHO incorrem quem:
• Vende, guarda ou, de qualquer forma, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou
importou fraudulentamente.
• Adquire, recebe ou oculta, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de
documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
OBS: Incorre nas penas de descaminho ou contrabando, aquele que pratica navegação de
cabotagem (transporte de mercadorias entre portos), fora dos casos permitidos em lei.
• Novidades:
▪ Não cabe mais suspensão condicional do processo para o CONTRABANDO, no descaminho
SIM (a pena mínima ultrapassa um ano);
▪ Passa a admitir prisão preventiva.
▪ O CP considerava que a pena seria aplicada em dobro se o delito fosse cometido mediante
transporte AÉREO. Pois bem, a nova lei estendeu esta previsão também para os
transportes marítimos ou fluviais (mares ou rios).
→Tanto para o contrabando quanto para o descaminho, equipara-se às atividades comerciais,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
exercido em residências.
→ CUIDADO! Importação clandestina de “cigarros” pode ser tanto descaminho quanto
contrabando. Se a entrada destes produtos era LEGAL, e houve apenas finalidade de deixar de
pagar o imposto devido pela importação, temos DESCAMINHO. Se a importação é VEDADA (no
casso de cigarros legalmente exportados e ilegalmente reimportados), teremos CONTRABANDO.
A segunda consiste em violação de selo ou sinal empregado por funcionário público para identificar
ou cerrar (fechar) qualquer objeto.
A conduta pode ser tanto de subtrair quanto de inutilizar livro, processo ou documento. A
subtração e a inutilização podem ser totais ou parciais. Não se exige nenhuma finalidade especial
de agir.
➢ Sonegação Previdenciária
Este crime NÃO É COMUM! Trata-se de CRIME PRÓPRIO! Somente o particular que tinha a
incumbência de realizar corretamente o lançamento de informações, etc., é quem pode cometer
o crime.
**! Se antes do início da ação do fisco o agente se retrata/confessa e presta as informações
corretas, extingue-se a punibilidade (não se exige o pagamento!).
** ATENÇÃO! Existe outra hipótese de extinção da punibilidade para este delito, mas que
pressupõe o PAGAMENTO INTEGRAL DO TRIBUTO ou contribuição social (inclusive acessórios). O
pagamento poderá ocorrer mesmo depois de iniciada a ação do fisco, mas antes do recebimento
da denúncia.
CUIDADO! O STF entende que o pagamento integral do débito, ANTES DO TRÂNSITO EM
JULGADO (mesmo após o julgamento), extingue a punibilidade.
Assim, são três os requisitos para o perdão judicial ou aplicação apenas da pena de multa
(facultado ao juiz):
a) Ter o agente bons antecedentes;
b) Ser primário;
c) O valor das contribuições não ser superior ao valor estabelecido pela Previdência Social como o
mínimo ao ajuizamento de execuções fiscais.
*O STF entende que se o valor das contribuições sonegadas for inferior a este valor (20k), não há
hipótese de perdão judicial ou aplicação da pena de multa, mas sim ATIPICIDADE DA CONDUTA.
• STJ: o Fisco pode requisitar, sem autorização judicial, informações bancárias das instituições
financeiras para fins de constituição de créditos tributários. Contudo, tais informações
obtidas pelo Fisco não poderiam ser enviadas ao MP para servirem de base para a
propositura de uma ação penal, salvo quando houver autorização judicial, sob pena de
configurar quebra de sigilo bancário.
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
1.12. Moeda Falsa
➢ Moeda Falsa
A Doutrina entende que se a falsificação for grosseira, não há crime, por não possuir potencialidade
lesiva (Notas de brinquedo). Porém, se utilizar dela para auferir vantagem sobre terceiro, então
teremos estelionato.
*Importante ressaltar, ainda, que os Tribunais Superiores entendem ser inaplicável ao delito de
moeda falsa o princípio da insignificância.
Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou
bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à
circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em
tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização.
→ Consuma-se no momento em que a moeda é formada (independe da circulação), tem seu sinal
inutilizado ou entra em circulação, a depender de qual das condutas se trata. Admite-se tentativa,
pois não se trata de crime que se perfaz num único ato.
O equipamento deve ter como finalidade precípua a falsificação de moeda. Assim, se alguém
fornece, por exemplo, equipamento que se destina a inúmeras funções, e dentre elas, pode ser
usado para esse fim, não há a prática do crime. Se o agente produz a moeda, o crime de moeda
falsa absorve este de petrechos.
Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro. Ex:
Alterar CNH ou uma carteira de trabalho da previdência social de empregado. Cai toda hora!
A conduta pode ser de fabricar documento público falso ou alterar documento público verdadeiro
ou até mesmo inserir informação errônea. Vejam que esta trata de hipótese que mais se assemelha
à falsidade ideológica, mas que a lei considera como falsidade de documento público;
O STJ e o STF entendem que se o documento falso é fabricado para a prática de estelionato, e a
sua potencialidade lesiva se esgota nele, o crime de falso fica absorvido pelo crime de estelionato.
Caso a potencialidade lesiva do documento não se esgote no estelionato praticado, o agente
responde por ambos os delitos, em concurso material.
Ressalta-se que, a falsificação de documento particular também é crime, possuindo, porém, pena
mais branda.
DETALHE: O § único equiparou o cartão de crédito a documento particular, para os fins deste
delito.
→Ao final, RESTA EM UM DOCUMENTO FALSO!
Diferentemente do que a maioria das pessoas imagina, não está relacionado à falsidade de
identidade (prevista em outro crime).
✓ A falsidade ideológica está relacionada à alteração do conteúdo de documento público ou
particular (embora no mesmo artigo, as penas são diferentes!):
Omitir, em documento público ou particular, declaração que nele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
VEJA: A conduta pode ser de omitir ou inserir informação falsa em documento, não bastando que
o agente insira informação falsa, ele deve fazer isto com o fim de:
✓ Prejudicar direito,
✓ Criar obrigação ou,
✓ Alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
OBS: A pessoa que insere ou omite a informação, tem permissão para manusear o documento, do
contrário, o crime é FALSIDADE MATERIAL DE DOCUMENTO PÚBLICO ou PARTICULAR (art.
anterior).
• Exemplo claro: Atestado médico, se recebê-lo de boa fé e alterá-lo: falsidade ideológica.
Se furtar a receita em branco e preencher, falsidade material.
→ Ao final RESTA EM UM DOCUMENTO VERDADEIRO!
*Observe: Nos delitos de falsificação de documento (público ou particular) – tópico anterior-, a
própria FORMA do documento é investigada. No crime de falsidade ideológica, o problema está
em seu CONTEÚDO.
-Consuma-se no momento em que o agente omite a informação que deveria constar ou insere a
informação falsa, não sendo necessário que o documento seja levado ao conhecimento de
terceiros. Admite-se tentativa, pois não se trata de crime que se perfaz num único ato.
*Os Tribunais entendem que o crime não se caracteriza se o documento falsificado está sujeito à
revisão por autoridade.
-Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite
alguém a obter cargo público. (Crime próprio).
- Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de
atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo
público. (Crime impróprio)
A conduta é fazer uso dos documentos produzidos nos crimes previstos anteriormente. Fazer USO
significa efetiva utilização do documento, não bastando o mero porte do documento para a
caracterização do delito. Porém, tratando-se de CNH, basta portar para caracterizar uso de
documento falso. Falsificações GROSSEIRAS não são consideradas crimes.
CUIDADO! E se quem usa o documento falso é a própria pessoa que fabricou o documento falso?
O agente responde apenas pela falsificação do documento, e não pelo uso, pois é natural que
toda pessoa que falsifica um documento pretenda utilizá-lo posteriormente, de alguma forma.
O art. 311 estabelece o crime de “adulteração de sinal de veículo automotor”. Qualquer pessoa
(crime comum).
Entretanto, os § 1° e 2° trazem hipóteses de condutas que devem ser praticadas por funcionário
público no exercício da função:
→ Falso (falsidade ideológica e falsidade documental) e uso de documento falso – absorção pelo
crime e sonegação fiscal – O STJ entendeu que se o crime de falso ou de uso de documento falso
foi praticado como crime-meio para a prática da sonegação fiscal, ficará absorvido por este (crime-
fim), ainda que a falsidade (ou uso de documento falso) tenha ocorrido em momento posterior à
sonegação fiscal, mas desde que haja uma conexão entre ambas as condutas.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
➢ Reingresso de estrangeiro expulso
O ato administrativo de expulsão é PRIVATIVO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Trata-se de
CRIME DE MÃO PRÓPRIA: Somente o próprio estrangeiro expulso, pessoalmente, pode praticar o
delito. Não basta que o agente se recuse a sair do país, tem que ter sido expulso E VOLTAR, senão
o crime não se configura. Doutrina: Trata-se de crime permanente, cabendo flagrante a qualquer
tempo.
➢ Denunciação Caluniosa
Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-
lhe crime ou contravenção penal de que o sabe inocente. É necessário que haja a efetiva prática
de algum ato pela autoridade, ou seja, é necessário que ela adote alguma providência, ainda que
não instaure o inquérito policial ou qualquer outro procedimento. A consumação é controversa
entre jurisprudência e doutrina.
ATENÇÃO: Não cabe retratação! Na calúnia o objetivo é ofender a honra objetiva, na denunciação
caluniosa é prejudicar o terceiro em face da justiça. A calúnia restringe o fato tipificado como
crime, Já a denunciação caluniosa abrange tanto crime como contravenção penal.
➢ Fraude Processual
Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo (processo penal pena
em dobro), o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito.
Ou seja, pune-se o camarada que, mediante a intenção de praticar fraude processual, muda os
fatos (retira manchas de sangue, limpa o local do crime, etc.). A intenção, aqui, é ludibriar o Juiz
(ou o perito). O crime se consuma com a mera realização do ato, desde que CAPAZ DE LUDIBRIAR
O JUIZ, mesmo que não consiga.
➢ Favorecimento Pessoal
Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de
reclusão (veja que se for detenção, a pena é mais branda). Se quem presta o auxílio é ascendente,
descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
ATENÇÃO: É necessário que aquele que presta o auxílio não tenha participado da conduta
criminosa. O comparsa do crime que ajuda o outro a fugir não responde por esse crime. É
necessário que o auxílio seja prestado APÓS A PRÁTICA DO DELITO e, ainda, não tenha sido
previamente acordado entre o favorecedor e o favorecido. Caso contrário, o favorecedor pode ser
considerado partícipe do delito praticado:
COMBINAÇÃO PRÉVIA = CONCURSO DE AGENTES (responde de partícipe do delito
praticado).
SEM COMBINAÇÃO PRÉVIA = FAVORECIMENTO PESSOAL.
O delito se consuma com a efetiva prestação do auxílio e a obtenção de êxito na ocultação do
favorecido. Se a polícia perceber e pegar o criminoso, há crime tentado.
➢ Arrebatamento de preso
Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda. O tipo
objetivo consiste em retirar o preso da custódia do Estado (independentemente da legalidade da
prisão) com o fim de MALTRATÁ-LO (linchamento, por exemplo).
➢ MOTIM de preso
Crime próprio. O tipo objetivo é o de reunirem-se os presos, fazendo baderna, rebelião,
perturbando a ordem ou disciplina da prisão.
➢ Patrocínio infiel
Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo
patrocínio, em juízo, lhe é confiado. A mera negligência (perder o prazo de um recurso) não
configura o crime.
O § único traz um crime autônomo, que é o de “patrocínio simultâneo ou tergiversação”. Vejamos:
❖ Patrocínio simultâneo – Advogado, ao mesmo tempo, patrocina os interesses de partes
contrárias (ainda que se valendo de pessoa interposta, como, por exemplo, de um colega
advogado);
❖ Tergiversação (ou patrocínio sucessivo) – Aqui o agente renuncia ao mandato recebido por uma
das partes e passa a defender a outra. DEPENDE DO PREJUÍZO do cliente, não basta assinar
procuração contrária.
CUIDADO! Não se exige que o patrocínio se dê no mesmo processo, bastando que seja na
MESMA CAUSA.
➢ Exploração de prestígio
Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, de terceiro, a pretexto de influir em juiz,
jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou
testemunha. (Veja que parece tráfico de influência, mas é sobre funcionário público específico).
Essa influência PODE ou NÃO EXISTIR. O crime se consuma com a mera solicitação, pouco
importando o recebimento.