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Aplicação da Pena - AB1.

2 - Direito Penal

Faculdade de Direito de Alagoas - FDA/UFAL


Monitora: Jigleane Milena da C. Alexandre (6° período -
Matutino)
Contato: (82) 99959-9232
Disciplina: Direito Penal II
Professor: Alberto Jorge

● A dosimetria diz respeito à aplicação da 4. Princípio da legalidade penal (não há pena


pena de acordo com a legislação penal, o que sem prévia cominação legal);
significa que o juiz não pode transpor as disposições 5. Princípio do in dubio pro reo;
legais. 6. Princípio do non bis in idem (uma mesma
● Há dois tipos de sentenças que interessam circunstância não poderá ser considerada duas ou
no Direito Penal: condenatória, com a aplicação da mais vezes para a aplicação da pena ao réu).
pena (total ou parcial), e a absolutória imprópria
(em relação às medidas de segurança). Princípio constitucional da individualização
● Art. 5°, XLVI da CF.

Aplicação da pena ● O juiz fixa a pena em concreto.

● A aplicação da pena no Direito Penal é ● Pena em abstrato: prevista no preceito

regida por seis pilares fundamentais: secundário da norma penal incriminadora. Aponta

1. Individualização da pena (imposição um intervalo máximo e mínimo de anos, para que o

constitucional, art. 5°, XLVI, fase legislativa e fase juiz, em sua discricionariedade, não fuja do limite

judicial), na medida em que não há tarifação penal imposto pela lei. Logo, a pena em concreto é aquela

no sistema brasileiro; fixada pelo juiz de acordo com o caso em análise.

2. Hierarquia das fases (critério ou sistema


trifásico), devendo-se sempre seguir as fases em Princípio constitucional da legalidade (geral e

ordem sequencial da primeira à terceira; penal)


● Art. 5°, XLIX da CF.
3. Princípio da proporcionalidade (para se
● Não há crime sem lei anterior que o
evitar o excesso, mas, também, a carência);
defina, nem pena sem prévia cominação legal. Ou
seja, o sujeito somente poderá ser apenado caso sua ● As mesmas circunstâncias avaliadas na
conduta seja tipificada como crime em lei anterior à aplicação da pena não podem incidir mais de uma
prática delitiva. vez. Quando se utiliza uma circunstância em uma
Princípio da proporcionalidade das fases na aplicação da pena, essa mesma
circunstância (aquilo que circunda o crime) não
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
pode ser usada em outra fase da aplicação da
antecedentes, à conduta social, à personalidade do
mesma pena. Quando a circunstância integra o
agente, aos motivos, às circunstâncias e
crime, ela é elemento do crime; e se integra o crime,
conseqüências do crime, bem como ao
o elemento não é avaliado para a aplicação da
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme
seja necessário e suficiente para reprovação e pena, porque ela já foi avaliada pelo legislador na

prevenção do crime: disposição da pena em abstrato (por isso a pena


para o estupro de vulnerável, por exemplo, é maior
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
do que o estupro de uma pessoa capaz).

II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos


limites previstos; Portanto, seguindo a lógica da ordem jurídica, na
aplicação da pena, o juiz deve:
III - o regime inicial de cumprimento da pena
● Fixar a pena privativa de liberdade em
privativa de liberdade;
concreto (in concreto);

IV - a substituição da pena privativa da liberdade ● Fixar a pena de multa principal, se for o

aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. caso;


● Substituir a pena privativa de liberdade
● De acordo com esse artigo, o magistrado,
por restritiva de direito e/ou multa, se for o caso;
ao fixar a pena do réu, não poderá ultrapassar
● Estabelecer o regime inicial e o local de
nem ficar aquém da pena que seja necessária e
cumprimento;
suficiente para reprimir e prevenir o crime. Em
● Suspender a execução da pena (SURSIS),
suma, não pode ser desproporcional nem para muito
se for o caso;
nem para menos. Logo, é necessário atingir o
● Estabelecer outras providências, como, por
equilíbrio.
exemplo, determinação de prisão provisória e
medidas administrativas.
Princípio do "Non bis in idem"
Sistemas ● Na 3a, há a aplicação das causas

● Há dois sistemas de aplicação das penas especiais de aumento e causas especiais de

no Direito Penal brasileiro: diminuição, que são especificadas no texto legal.

● Bifásico: Defendido por Roberto Lyra, mas ● No sistema trifásico, as fases posteriores

não foi adotado no Código Penal para a aplicação se sobrepõem às fases anteriores.

da pena privativa de liberdade. Porém, é o rege a ● LEMBRE-SE QUE: Desprezam-se,

aplicação da pena de multa que se divide na fixação sempre, as frações de horas na aplicação da PPL e

dos dias-multa e do valor de cada dia-multa. as frações de centavos na pena de multa.

● Trifásico: Adotado pelo Código Penal de


1940 para aplicar as PPL, contando com três Esquema gráfico (racionalidade na dosimetria)

fases:
1) aplicação da pena básica, considerando as
circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, limitada
pelo máximo e mínimo legal;
2) consideração das agravantes e atenuantes;
3) aplicação das majorantes e minorantes.

O Critério ou Sistema Trifásico Teoria das circunstâncias

● 1a fase → pena base (circunstâncias ● Circunstâncias, o que são? São dados que

judiciais); estão agregados ao crime, mas que não fazem parte

● 2a fase → agravantes e atenuantes; dele, ou seja, não é elemento do crime, apenas o

● 3a fase → causas especiais de aumento e circunda.

de diminuição da pena espalhadas pela parte geral e ● Circunstâncias judiciais (art. 59 do CP):

especial do CP, podendo, nessa fase, a pena ir além previstas no CP, mas valoradas de acordo com o

do máximo ou ficar aquém do mínimo cominado no caso concreto e pela interpretação do juiz.

preceito secundário da norma incriminadora. ● Circunstâncias agravantes e atenuantes

● A 1a e a 2a fase são limitadas pela pena legais: previstas no CP, mas valoradas fixamente

em abstrato, o que significa que o juiz não poderá pela jurisprudência.

ultrapassar o máximo ou diminuir além do mínimo ● Circunstâncias especiais: causas especiais

do que a lei prevê. de aumento e diminuição da pena - majorantes e


minorantes, que se encontram dispersas ao longo concreto fixada no meio do limite da pena em
da Parte Geral e da Parte Especial do Código Penal; abstrato.
● III - Muitas circunstâncias contrárias
ao réu: pena em concreto fixada mais próxima do
1a Fase - Pena Base limite máximo da pena em abstrato.
● Parte-se do mínimo cominado ● Divide-se o intervalo (entre o mínimo e o
abstratamente (pena in abstrato) à infração, máximo) em oito partes (porque são oito
para, então, se analisar as circunstâncias judiciais circunstâncias previstas no art. 59) para
do art. 59 do CP, que são: controlar a dosimetria da pena de forma
● Culpabilidade; proporcional.
● Antecedentes;
● Conduta social; Culpabilidade
● Personalidade; ● As circunstâncias subjetivas valem mais

● Motivos; do que as circunstâncias objetivas. A culpabilidade

● Consequências; é sempre a mais importante de todas as

● Circunstâncias; circunstâncias judiciais, porque, no art. 59 do CP,

● Comportamento da vítima. ela significa a maior ou menor possibilidade do réu

● Servem para a fixação da pena base , já ter evitado o crime. Ou seja, é entendida como uma
que as outras penas partem dela, mas ela pode ser gradação que o juiz faz sobre a possibilidade de
a definitiva, caso não haja outras circunstâncias evitar o delito que o réu tinha. Como, por exemplo, o
atenuantes e agravantes ou majorantes e tempo para pensar e organizar o crime, as
minorantes. Porém, sem essas circunstâncias, não condições econômicas, educacionais e sociais do
pode haver pena sujeito para evitar o crime. Todavia, a culpabilidade,
mesmo sendo importante, não pode ser o valor de
Três regras na primeira fase: duas outras circunstâncias.
● I - Poucas circunstâncias contrárias ao
réu: pena em concreto fixada mais próxima do limite Antecedentes
mínimo da pena em abstrato. ● Antecedentes ao tempo do crime. Ou seja,
● II - Algumas circunstâncias contrárias e da ação ou da omissão do crime.
algumas circunstâncias favoráveis: pena em ● Um mau antecedente é uma condenação
criminal em julgado que seja anterior ao tempo do
crime. É provada com certidão dos autos para
aumentar as margens penais. Motivos do crime
● A reincidência pode ser usada como mau ● Circunstância subjetiva. Motivos são
antecedente, e não como reincidência em si, porque todas as razões que levam o condenado a cometer o
o CP prevê que a reincidência prescreve em cinco crime. É raramente usado para aumentar as
anos, por isso uma sentença transitada em julgado margens penais na primeira fase da aplicação da
há mais de cinco anos é considerada mau pena, porque pode ser considerada na segunda fase,
antecedente, e não reincidência. como os motivos torpes previstos como agravantes
do crime.
Conduta social
● Significa a interação social nos diversos
Consequências do crime
campos da coletividade. ● Não é o mesmo que a consumação. Por
● Uma má conduta social é quando o sujeito exemplo, no furto de um carro de um uber, a
repete a mesma atitude e só pode ser avaliada se consumação é a perda do automóvel e a
tiver em correlação com o crime. consequência é a perda do dinheiro que ele ia
● Argumento bom em favor da ganhar com o trabalho. Ou ainda no crime de
desconsideração da má conduta social para a roubo que se consuma com o uso da violência ou
aplicação da pena é aquele que diz que o sujeito ameaça e a saída da coisa da esfera do dono para
responde pelo o que ele faz não pelo o que ele é, a esfera do assaltante, enquanto a consequência
segundo o princípio da ofensividade. poderia ser os traumas que a vítima adquiriu com a
prática do roubo.
Personalidade
● É o que cada pessoa é. Extremamente Circunstâncias do crime
problemática para a aplicação da pena, porque ● Como, por exemplo, furtar a carteira de
considera o que a pessoa é, ao invés do que ela faz. alguém no enterro de um parente dessa pessoa.
Usam de forma profana porque deveria haver um ● O non bis in idem faz com que o juiz dê
laudo psicológico que comprove que a pessoa tem preferência às fases posteriores se as
indícios voltados para a prática do crime. Assim, circunstâncias judiciais aparecerem em mais de
deve-se avaliar se a personalidade está relacionada uma fase.
ao crime cometido pelo agente. ● Exemplo: se a circunstância aparecer na
● AJ discorda piamente. segunda fase e na primeira, o juiz dá preferência à
análise dela na segunda. E se aparecer na ● A menoridade relativa prevalece sobre as
primeira, na segunda e na terceira, o juiz deixa demais atenuantes e agravantes, de modo a valer
para analisá-la na terceira fase, porque em fases mais do que ⅙ para diminuir a pena do acusado; já
posteriores, as circunstâncias sempre valem mais a reincidências, dentre as agravantes, vale mais de
ou menos do que nas fases anteriores. ⅙ também para o aumento da pena, mas nunca o
Comportamento da vítima dobro. Além disso, na hipótese de haver confronto
● Analisar se a vítima deu causa ao crime. entre a reincidência e a menoridade relativa, esta
Era muito usado para aumentar as margens penais prevalece frente àquela.
do réu.
● O STJ fixou que o comportamento da Limites para agravamento e atenuação
vítima não pode ser usado para aumentar a ● Possibilidade da atenuação vir aquém do
condenação do réu. Por isso, essa circunstância mínimo legal (RT 702/329 e RSTJ 90/384) e
normalmente é neutra, ou seja, não é avaliada para impossibilidade do agravamento ir além do máximo
o aumento da pena do réu. legal.
● LEMBRE-SE QUE: Todas as ● Arts. 61 e 62 → agravantes.
circunstâncias do art. 59 servem apenas para ● Arts. 65 e 66 → atenuantes.
aumentar as margens penais. Se foram positivas, ● É obrigatório considerar essas
servem para aumentar. Porém, se todas forem circunstâncias.
favoráveis, a pena fixada em concreto é a pena ● A menoridade relativa é quando o indivíduo

mínima prevista em abstrato. Se todas forem tem mais de dezoito anos e menos de vinte e um

desfavoráveis, a pena fixada em concreto é a pena anos de idade, porque ele está na fase da puberdade

máxima prevista em abstrato. passando por modificações em seu corpo e mente.


Essa atenuante é preponderante entre todas.

2a fase - agravantes e atenuantes legais ● Nas agravantes, a preponderante é a

● Margens de agravamento e atenuação reincidência, porque o indivíduo demonstra uma

obrigatórias (CP, arts. 61, 62, 65 e 66). desobediência constante em relação à ordem

● Desnecessidade de cálculos aritméticos, já jurídica.

que valem sempre ⅙ de aumento ou de diminuição da


pena fixada na primeira fase. Agravantes

● Ordem de incidência: 1° agravantes, 2° ARTIGO 61 DO CP.

atenuantes.
I - reincidência: é preponderante entre todas as e) Contra ascendente, descendente, irmão
agravantes e todas as atenuantes, com exceção da ou cônjuge (apenas para quem é casado civilmente);
menoridade relativa. f) Com abuso de autoridade ou
Exemplo: prevalecendo-se de relações domésticas, de
O indivíduo cometeu o crime em 2019, mas só foi coabitação ou de hospitalidade → crimes contra
condenado “hoje”. empregados domésticos, hóspedes, visitas.
Crime: furto, março de 2019; abril 2019, cometeu g) Com abuso de poder ou violação de dever
homicídio; maio, outro furto; agosto, um estupro; em inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão →
dezembro, um roubo = é primário em todos, porque a não ser que já esteja no tipo penal;
ainda não houve o trânsito em julgado da sentença. h) Contra criança, maior de 60 (sessenta)
anos, enfermo ou mulher grávida → devido à
II - ter o agente cometido o crime: fragilidade da vítima;
a) Por motivo fútil (banal) ou torpe (causa i) Quando o ofendido estava sob a imediata
repugnância) → é analisado aqui, não na proteção da autoridade → pela audácia do
primeira, e não pode ser analisada nas duas por criminoso;
causa do princípio do non bis in idem. j) Em ocasião de incêndio, naufrágio,
b) Para facilitar ou assegurar a execução, a inundação ou qualquer calamidade pública, ou de
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro desgraça particular do ofendido;
crime; k) Em estado de embriaguez preordenada.
c) À traição (quebra da confiança), de
emboscada (armadilha), ou mediante dissimulação Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação
(é diferente da traição, porque aqui o sujeito ao agente que (em relação ao concurso de agente,
esconde os próprios desígnios para cometer o crime quando mais de uma pessoa se envolve para a
de forma mais fácil e diminuir a resistência da prática criminosa):
vítima), ou outro recurso que dificultou ou tornou I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou
impossível a defesa do ofendido. → Modos de dirige a atividade dos demais agentes;
cometer o crime. II - coage ou induz outrem à execução material do
d) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, crime;
tortura ou outro meio insidioso ou cruel (faz a III - instiga ou determina a cometer o crime
vítima sofrer em demasia), ou de que podia resultar alguém sujeito à sua autoridade ou não punível em
perigo comum. → Meios de cometer o crime. virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante expressamente em lei. → “Atenuante inominada”,
paga ou promessa de recompensa. segundo a doutrina.

Atenuantes

3a Fase Dosimetria - Causas especiais de


a) ser o agente menor de 21 (vinte e um), na
data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na aumento e diminuição
data da sentença;
● A pena pode ir além do máximo e aquém do
b) o desconhecimento da lei;
mínimo expresso em lei.

Ter o agente: ● Aumentos e diminuição delimitados pelo


próprio dispositivo legal;
c) cometido o crime por motivo de relevante
● Quantidade fixa (v.g. O dobro);
valor social ou moral;
● Quantidade variável (v.g. De um sexto até
d) procurado, por sua espontânea vontade e
a metade);
com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
● Neste caso o aumento ou a diminuição se
minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do fará em razão da própria causa.
julgamento, reparado o dano; ● Se diferencia das outras fases porque pode
e) cometido o crime sob coação a que podia levar a pena aquém do mínimo e além do máximo
resistir, ou em cumprimento de ordem de previsto em lei. Se aplica de forma sucessiva. Tem
autoridade superior, ou sob a influência de violenta que fazer cálculo por cálculo, em fase de cascata.
emoção, provocada por ato injusto da vítima → ● Majorantes/Minorantes: podem alterar as
diminui a pena em ⅙. balizas legais além/aquém
f) confessado espontaneamente, perante a ● Podem ser fixas ou variáveis: o legislador
autoridade, a autoria do crime → tem que ser colocou um patamar de aumento ou variável. No
verdadeira, porque facilita todo o processo penal. caso da tentativa, por exemplo, quanto mais perto
Não precisa se arrepender. da consumação menor será a diminuição prevista
g) cometido o crime sob a influência de no art. 14.
multidão em tumulto, se não o provocou. ● Em razão das causas variáveis se faz em
função da própria causa. Variável porque tem um
Art. 66. A pena poderá ser ainda atenuada em
intervalo em que o juiz pode aplicar a pena. O
razão de circunstância relevante anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista
aumento ou a diminuição se faz de acordo com a a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a
própria causa. causa que mais aumente ou diminua.
● Exemplo do art. 26, parágrafo único.
● Pena provisória + C.A 1 (causa de
Quanto mais a capacidade mental do indivíduo se
aumento) = resultado 1
aproximar do “normal”, menos diminui, e quanto
● Resultado 1 + C.A 2 = resultado 2
menos “normal”, maior será a diminuição.
● Resultado 2 + C.D.1 (causa de diminuição)
● Previstas na parte geral & especial;
= resultado 3
● Parte geral → Todas presentes no caso
● Pena definitiva!
concreto.
● NÃO: pena provisória + C.A1 + C.D.1 =
● Parte especial → apenas 1 → a que +
Pena provisória.
aumenta ou + diminui. Aplica apenas uma, sendo
● Obedecer sempre a regra de considerar
aquela que mais aumenta a pena ou aquela que mais
primeiro as causas especiais de aumento e
diminui. Só pode escolher uma! Se tiver outra na
posteriormente as causas especiais de diminuição,
parte especial, a outra atua como agravante, em
sendo os cálculos feitos em cascata, NUNCA de uma
tese. Em suma, pode-se usar duas, desde que uma
vez só.
seja de aumento e outra de diminuição, na medida
● Ou seja, a cada nova majorante ou
em que a vedação apenas proíbe que as duas causas
minorante, você deve fazer um cálculo único, não
especiais sejam usadas no mesmo sentido, isto é,
podendo, de forma alguma, considerar todas em um
duas majorantes ou duas minorantes.
único cálculo, porque a majorante/minorante se
aplica ao resultado anterior sempre.

Cálculo da pena Causas especiais parte GERAL

● Tentativa: art. 14, II, parágrafo único,


Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se
ao critério do art. 59 deste Código; em seguida CP. Diminuição de ⅓ a ⅔ de acordo com a própria

serão consideradas as circunstâncias atenuantes tentativa.

e agravantes; por último, as causas de diminuição ● Arrependimento posterior: art. 16, CP.

e de aumento. ● Erro sobre ilicitude do fato: art. 21, CP.


● Sacrifício do direito ameaçado: art. 24,
Parágrafo único - No concurso de causas de
parágrafo 2°, CP.
aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou
● Responsabilidade penal diminuída: art. Causas especiais de aumento:
26, parágrafo único, CP.
● Causas especiais de aumento previstas na
● Embriaguez acidental incompleta: art. 28,
Parte Geral: Arts.: 29, § 2° (participação
II, parágrafo 2°.
dolosamente distinta com possibilidade de previsão
Concurso de crimes: 1 ou + ações = 2 ou + do resultado mais grave); 70 (concurso formal) e
resultados. 71 (crime continuado).
● Causas especiais de aumento previstas na
● Cúmulo material → 2 ou + ações = 2 ou +
Parte Especial: Art.: 121, § 4° (aumento especial
resultados → soma as penas.
em homicídio culposo e aumento especial em
● Concurso formal = art. 70, CP.
homicídio doloso); 141, caput, e 141, parágrafo
● 1 ação = + de um resultado.
único (aumento especial da pena nos crimes contra
● Se o dolo era causar os dois resultados →
a honra); 155, § 1° (furto noturno); 157, § 2°
cúmulo material.
(roubo “qualificado); 158, § 1° (extorsão
● Crime continuado = art. 71, CP.
“qualificada”); 168, § 1° (aumento da pena na
Parte especial exemplo: apropriação indébita); 226 (aumento da pena nos
crimes contra os costumes) etc.
● Art. 121, parágrafo 1°, CP;
● LEMBRE-SE QUE: Se tiver mais de uma
● Art. 155, parágrafo 2°, CP;
causa na parte especial, aplica-se apenas uma que
● Art. 157.
mais aumenta ou mais diminui. Na parte geral

Majorante é diferente de qualificadora. aplica-se todas.

● Qualificadora: nova atribuição ao tipo Causas especiais de diminuição:

penal, traz tantos elementos novos que gera outra


● Causas especiais de diminuição previstas
pena maior porque o tipo se torna qualificado. Se
na Parte Geral: Art.: 14, II (tentativa); 16
não for aplicada a pena do tipo qualificado, todo o
(arrependimento posterior); 21, parte final (erro
cálculo da dosimetria se torna errado porque a
de proibição evitável); 24, § 2° (relevância do bem
pena mínima em abstrato já é maior que aquela do
jurídico não sacrificado); 26, parágrafo único
tipo comum.
(responsabilidade diminuída); 26, § 2° (embriaguez
● Majorante: circunstância que NÃO traz
acidental incompleta) e 29, § 1° (participação de
novas elementares, mas merecem reprimenda
menor importância).
maior.
● Causas especiais de diminuição previstas CONCURSO DE CRIMES
na Parte Especial: Arts.: 121, § 1° (homicídio
● Pluralidade de delitos. Há três espécies de
privilegiado); 129, § 4° (lesões corporais
concurso de crimes:
privilegiadas); 155, § 2° (furto privilegiado); 155, §
1. Material (ou real): pluralidade de crimes,
2° (furto privilegiado); 171, § 1° (estelionato
mediante mais de uma ação ou omissão. O concurso
privilegiado) etc.
pode ser homogêneo (quando são delitos da mesma
espécie) e heterogêneo (quando são de espécies
distintas). É aplicado o sistema do cúmulo material,
SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA
ou seja, a pena é aplicada cumulativamente.
● A doutrina traz quatro sistemas, mas o ● Art. 69 do CP, caput e parágrafos 1° e 2°.
Brasil só adota dois deles. ● Se as penas restritivas de direitos forem
● Sistema do cúmulo material (adotado no aplicadas para crimes diferentes, elas só serão

Brasil. É a regra, por isso é adotado em quase cumpridas em simultâneo se forem compatíveis, se

todos os países): se houver mais de uma crime, não forem compatíveis, tem que cumprir depois de

soma-se as penas de cada um deles. Tem que fazer a forma sucessiva.


2. Formal (ou ideal): na prática dos vários
dosimetria para cada crime, mas soma a pena em
crimes, o agente os pratica mediante uma só ação.
concreto de cada um deles. É aplicado nos casos de
Unidade de ação ou omissão e pluralidade de crimes.
concurso material (art. 69 do CP).
● O concurso formal se divide em:
● Sistema da absorção: a pena menos grave
● Próprio: os múltiplos crimes são tidos
deve ser absorvida pela pena mais grave, única
necessariamente em relação ao que o agente
aplicada.
pretendeu de forma culposa, ou seja, ele não queria
● Sistema do cúmulo jurídico: a pena
cometer todos os delitos, mas apenas um, de modo
aplicada deve ser maior do que cominada a cada um
que os demais delitos são tidos a título de culpa.
dos delitos, mas sem se chegar à soma delas.
Aplica-se o sistema da exasperação, porque se
● Sistema da exasperação (também é
aplica a mais grave das penas cabíveis,
adotado no Brasil): diferente do cúmulo material,
aumentando em qualquer caso de ⅙ até a metade.
nesse sistema, mesmo que haja múltiplos crimes, há
Regra: sistema da exasperação. Unidade de ação ou
apenas uma aplicação da pena. Aplica-se a pena
omissão que corresponde a unidade subjetiva do
mais grave aumentada e determinada quantidade.
agente (o dolo dele).
● Impróprio: o sistema de aplicação é ● É a lógica de beneficiar o agente. Na
idêntico ao sistema do concurso material, porque a Idade Média era uma lógica primitiva. Ou seja, a
ação que é única é dolosa e os crimes concorrentes interpretação do crime continuado é para
resultam de desígnios autônomos, ou seja, o agente beneficiar o agente, já que o crime continuado deve
quer (ou não se importa) em cometer eles. O juiz faz compreender os diversos delitos para ser
a dosimetria de forma separada e depois soma as considerado um só.
duas. Regra: sistema do cúmulo material.
Conceito
Multiplicidade de propósitos.
● Art. 70, caput e parágrafo único. ● Trata-se de espécie de concurso de crimes
● No concurso formal próprio, o sistema da caracterizado por pluralidade de condutas e
exasperação não poderá ultrapassar o sistema do pluralidade de delitos da mesma espécie com a
cúmulo material nunca. Art. 72 do CP. Na multa conexão entre circunstâncias de tempo, lugar, modo
não tem sistema de exasperação, sempre o de execução e outras semelhantes. Se distingue do
material, ou seja, a cada crime é aplicado a pena de concurso material, porque os crimes devem ser da
multa correspondente e depois soma todas. mesma espécie e deve haver um nexo de causalidade
entre todos, se distinguindo do concurso material
homogêneo.
3. Crime continuado (ou continuação ● O crime continuado para configurar-se
delitiva): deve observar o caso concreto iluminado pelas
razões de política criminal que o motivaram.
Histórico:
Teorias sobre o Crime Continuado
● O crime continuado deve sua formação aos
glosadores (1110-1250) e pós-glosadores a) Teoria subjetiva: aposta apenas no
(1250-1450). Suas bases foram lançadas, aspecto subjetivo, na intenção do agente,

efetivamente, no século XIV com a finalidade de desprezando os aspectos objetivos (superada em

permitir que autores do terceiro furto não fossem razão das dificuldades de apuração da subjetividade

punidos com a pena capital. JACOBO DE do comportamento das várias ações). A teoria

BELVISIO, seu discípulo BARTOLO DE subjetiva está completamente superada hoje, porque

SASSOFERRATO e BALDO DE UBALDIS, são aposta apenas no aspecto subjetivo do agente.

havidos como os pais do instituto. Desenvolvido b) Teoria objetivo-subjetiva: reclama, para


pelos glosadores. além dos elementos objetivos, uma unidade de
desígnios, uma programação inicial do agente Teoria da ficção jurídica é adotada no Brasil, mas a
combinada com a realização sucessiva de condutas pena é aplicada pelo sistema da exasperação. Ficção
(modus operandi). Ex.: furtar uma bicicleta por porque na realidade são vários crimes, mas na
partes: uma roda, a outra, a corrente, a estrutura. aplicação da pena se considera um só.
É a teoria adotada pelo Código Penal italiano (art. ● A teoria da unidade jurídica ou mista: o
81, § 2°). A teoria objetivo-subjetiva já reclama delito continuado trata-se de um terceiro crime ou
para além dos elementos objetivos, mas também foi crime de concurso. Não é adotada por ninguém.
superada.
Requisitos do Crime Continuado
c) Teoria objetiva: para essa teoria pouco
importa o elemento subjetivo ou programação do ● 1°: Pluralidade de condutas;
agente, os elementos do crime continuado devem ser ● 2°: Pluralidade de crimes da mesma
apurados objetivamente. O conjunto de condições espécie;
objetivas é que aferem ou não a continuação ● 3°: Nexo de continuidade delitiva por:
criminosa (homogeneidade objetiva das ações - a) Condições de tempo: uma periodicidade, um
HUNGRIA). É a teoria, nascida na Alemanha, certo ritmo;
adotada por nosso CP. E a teoria objetiva não b) Condições de lugar: conexão espacial,
precisa de aspectos subjetivos nenhum porque é consideração acerca dos locais onde o delito
muito difícil de provas. Vem dos alemães, mas é ocorreu;
adotada no CP brasileiro. c) Maneira de execução: modus operandi ou
estilo de praticar o crime semelhante;
Natureza Jurídica
d) Outras condições semelhantes
● As várias condutas constituem ou não um (interpretação analógica): existem outras condições
único crime? semelhantes às anteriores que possam ser levadas
● Teoria da unidade jurídica real: Sim, em conta para apreciação da continuidade (Ex.:
unidade de intenção e unidade de lesão. Baseia-se fraude no contador de energia nos vários meses
na Teoria Objetivo-subjetiva. Não é adotada no pelo morador do apartamento).
Brasil. ● Havendo coisa julgada rompe-se a
● Para a teoria da ficção jurídica: Não, as possibilidade de continuidade delitiva.
várias condutas constituem na realidade vários ● Delitos da mesma espécie são delitos que

crimes, mas a lei os considera um só, fundada na ofendem o mesmo ou os mesmos bens jurídicos.

coerência lógica do fato, na utilidade e na equidade.


● Periodicidade é o ritmo no qual os crimes a) prática de dois ou mais crimes dolosos;
são cometidos, não precisa ser exatamente o mesmo b) ofensa a vítimas diferentes;
espaço de tempo. c) emprego de violência ou grave ameaça à
● Conexão especial é a região onde o agente pessoa (+ os requisitos objetivos do caput).
comete o crime. ● Consequências: pena aumentada até o
● Uma condição dessas pode escapar, mas triplo.
em regra todas devem estar presentes. ● Próprio: A aplicação da pena variável
● Modus operandis é a forma como ele entre ⅙ a ⅔ é de acordo com a quantidade de
comete o crime, não precisa ser igual, apenas crimes praticados pelo agente. Os crimes
semelhante. subsequentes são considerados continuação do
● Em suma, o crime continuado é primeiro, desde que o crime seja da mesma espécie.
caracterizado pelo nexo causal. Isso é o que o (caput)
diferencia do concurso material. ● Impróprio (ou específico - parágrafo
único): os crimes não são da mesma espécie, mas
Crime Continuado Específico
são todos dolosos contra vítimas diferentes e com
● Conceito: trata-se do crime continuado uso de violência ou grave ameaça. Usa o sistema da
praticado com agressões sucessivas contra bens exasperação com a aplicação da pena até o triplo.
jurídicos eminentemente pessoais (CP, parágrafo
único do art. 71);
● Requisitos:

Questões práticas

● Q.1) José do Patrocínio, estudante de Direito da FDA-UFAL, ficou extasiado com as manifestações
populares havidas em São Paulo e no Rio de Janeiro, em especial os ataques feitos por grupamentos mascarados
que danificavam bancos, concessionárias de autos de luxo e lanchonetes da McDonald’s, embora fosse um
consumidor fiel do Big Mac e da Coca Cola com pouco gás e muito gelo servida na rede de lanchonetes
multinacional. Patrocínio, então com 20 anos de idade, ficava indignado com a pasmaceira de Maceió, “uma
província sem pegada revolucionária”, dizia. Leitor do “Manifesto Comunista” de Marx e Engels, desejava, agora,
adquirir “Qu'est-ce que la propriété? ou Recherche sur le principe du Droit et du Gouvernment”, obra de
Pierre-Joseph Proudhon, que o impressionara bastante em função de uma fala do Professor em aula citando o
filósofo: “propriedade é roubo”. Como cursava francês na Aliança e sabia da existência da obra entre as
coleções da Biblioteca Geral da UFAL resolveu tomar emprestada, porém com o firme propósito de se apropriar,
tanto que, passados mais de 10 meses da expiração do prazo, não a devolveu. Durante esses meses, envolto com
a leitura do livro, influenciado pelos black blocs do Sudeste, indignado com o Reitor que não recebeu um grupo de
alunos do Diretório Central dos Estudantes e negando para si o valor civilizatório da lei, resolveu bolar um plano
para depredar a própria Universidade. Aproveitando que estudava a noite, demorava um pouco mais para sair e,
uma vez por semana, destruía e/ou inutilizava portas e vidraças, pichando, ademais, as paredes com o símbolo do
anarquismo. Na quarta semana, em sua última investida, ao derrubar uma porta deparou-se em uma sala na
Reitoria com um “iMac” da Apple com “tela de retina”. Seus olhos brilharam, era o seu sonho de consumo,
todavia um sonho distante, pois não tinha condições para comprar, não trabalhava e vivia às expensas dos pais,
pessoas de classe média - um professor de ensino médio no COC e uma bancária do Santander. Não teve dúvidas,
subtraiu o computador e o levou para o seu quarto, em sua residência. Patrocínio, não obstante pedidos de sua
mãe, sequer buscava um estágio para poder pagar pequenas despesas. Era aluno perspicaz, embora pouco
empenhado e com desempenho sofrível nas várias disciplinas que cursou. Já foi preso pela polícia em uma briga de
rua, discutia muito com o pai a quem intitulava de “reacionário”, e consumia, em raves, anfetaminas as quais
chamava de “bala”. Quando da execução do dano, Patrocínio estava sob o efeito da “tulipa azul”, um tipo de
anfetamina que confessou, perante o Juiz, usou para tomar coragem no momento da conduta criminosa. Após
investigação policial desvendar os fatos, facilitada pelas fotos da ação enviadas por “seu Instagram” para
colegas, ele foi processado e, ao final, condenado por apropriação indébita (CP, art. 168), dano ao patrimônio
público (CP, art. 163, III) e furto (CP, art. 155). Diante do caso hipotético apresentado aplique sua pena,
considerando, inclusive, a espécie de concurso de crimes.

● Q.2) No dia 05 de outubro de 2022, às 12:30, ao sair da prova de Direito Penal II, Rebeca, grávida
de 07 (sete) meses, encaminhava-se ao ponto de ônibus mais próximo quando foi abordada por Leonardo que,
livre, consciente e voluntariamente, mostrou à vítima a arma de fogo que portava na cintura, alertando-a que
qualquer forma de reação resultaria em sua morte. Leonardo obteve o iPhone 13 de Rebeca, seus anéis, brincos
e colar, bem como um saldo de R$ 28,00 (vinte e oito reais) que estava na carteira da vítima. Para conseguir ir
embora sem chamar atenção, Leonardo fingiu estar perguntando informações sobre o horário dos ônibus
enquanto acompanhava Amanda lado a lado. Ocorre, contudo, que em seguida, por volta das 13:20, daquele
mesmo dia, Leonardo, ainda em perfeito controle de sua ações e vontade, empreendeu conduta delituosa, assim
como fizera com Amanda, porém agora em desfavor de Marina que passava pelo mesmo caminho da vítima
pretérita. De Marina, Leonardo levou a mochila por completo contendo o notebook e demais pertences escolares
da vítima. Logo em seguida à fuga de Leonardo com seus pertences, Marina procurou a guarita mais próxima,
pedindo ajuda para entrar em contato com os policiais, que, em um evento inédito de raridade, chegaram ao local
pouco tempo depois, iniciando as buscas por Leonardo e o prendendo em flagrante delito, ainda portando os itens
roubados de Rebeca e a mochila de Marina. Sendo apreendida, também, a arma de fogo utilizada pelo agente
para ameaçar as vítimas; a arma, porém, encontrava-se desmuniciada. Na audiência de custódia, ficou
evidenciado que o indiciado possui 20 (vinte) anos completos, sendo seu aniversário no mês seguinte ao do
cometimento dos delitos. Ao decorrer do processo penal, Leonardo já com de 21 (vinte e um), foi identificado
como sendo de classe média alta, tendo sua residência localizado no loteamento Aldebaran, sem antecedentes
criminais, e com escolaridade de ensino superior em andamento em faculdade particular. Por fim, na audiência de
instrução e julgamento, visando amenizar sua situação, Leonardo, de modo espontâneo, confessou que havia
abordado Rebeca e Marina porque percebeu que ambas não apresentavam resistência efetiva e que, assim, seria
mais fácil subtrair seus pertences, que seriam utilizados para a compra de entorpecentes, pois os que possuía
tinham sido usados momentos antes da prática delituosa, como forma de “dar coragem” para o cometimento dos
crimes. Logo, sabendo que o réu foi condenado em sentença judicial transitada em julgado por Roubo (Art. 157)
e analisando o caso relatado acima, individualize a pena de Leonardo, lembrando de fixar, também, a pena de
multa (caso seja necessário), indicar o regime inicial de cumprimento da pena, mencionar a possibilidade de
substituição da PPL por PRD.

● Q.3) Ayato, de vinte anos, percebe que poderia subtrair facilmente veículos da garagem do edifício em
que reside, devido à inexistência de vigilância no local. Desse modo, em uma madrugada, o agente subtrai um
carro, que sabia não ser utilizado diariamente pelo proprietário, deixando-o em uma garagem particular. Na
noite seguinte, vendo que não houve nenhuma movimentação em razão da subtração do veículo, Ayato repete a
mesma ação, utilizando dos métodos empregados na noite anterior. Após alguns dias, acreditando não ter sido
identificado, Ayato falsifica os documentos referentes ao primeiro carro, realizando a venda do automóvel a uma
terceira pessoa. Ocorre, porém, que Magno, de 66 (sessenta e seis) anos, dono do segundo veículo a ser
subtraído e vizinho do agente, procura Ayato, demandando informações sobre seu carro, informando a este que
tomou conhecimento que ele está envolvido no sumiço de seu bem. Desse modo, temendo ser denunciado por
Magno e ir “parar na cadeia”, Ayato consome cocaína e aguarda, escondido, em lugar ermo, seu vizinho, que
voltava de uma caminhada noturna, com o fito de matá-lo. Assim, após disparar toda a munição da arma de
fogo que portava, Ayato foge do local, deixando a vítima para morrer no local sozinha, e se dirige, logo em
seguida, ao local onde mantinha o carro de Magno, ao qual ateou fogo, com a finalidade de destruir as provas de
sua conduta ilícita. No entanto, nada disso adiantou, pois Ayato foi preso na semana seguinte, como indiciado
pelo desaparecimento dos carros, segundo as investigações policiais. Ao decorrer do processo, foi comprovado que
Ayato já havia sido preso anteriormente por uma confusão em uma briga do bar que costumava frequentar com
seus amigos, onde era conhecido por seu temperamento instável e explosivo. Além disso, o edifício do agente fica
localizado na Ponta Verde, em frente à praia, na medida em que ele pertence à classe média alta da cidade de
Maceió. Por fim, Ayato confessou ter subtraído os veículos, bem como a falsificação dos documentos do primeiro
carro e a morte de Magno, informando, também, que teria cometido os crimes porque precisava do dinheiro para
fazer uma viagem de diversão com os amigos para o exterior. Sabendo, portanto, que o juiz condenou Ayato pelos
crimes de Furto (Art. 155), Estelionato (Art. 171) e por homicídio (Art. 121), com base nos detalhes do caso
em tela, individualize a pena do agente, aproveitando para indicar a pena de multa, o regime inicial de
cumprimento da pena e a possibilidade de substituição da PPL por PRD.

● Q.4) Otto, nascido em novembro de 2002, encontra o diário de sua mãe Theresa e descobre que ela
havia matado seu pai Welt, anos atrás, ambicionando seus bens e com o fito de manter sua relação adúltera em
segredo, já que a mesma havia sido descoberta por seu marido. Dessa forma, sentindo-se ultrajado e movido pela
sensação de dever de vingar a morte de seu pai, Otto passa pouco mais de mês planejando uma forma de matar
sua genitora de forma a não chamar a atenção de terceiros. Assim, no almoço do Dia das Mães do ano de
2022, Otto envenena a comida de Theresa, que vem a morrer naquele mesmo dia de forma súbita. No dia
seguinte, porém, tomado pelo remorso, Otto procura a polícia e confessa ter matado sua mãe, ficando à
disposição da Justiça para o prosseguimento das investigações. Para a análise do caso, leve em consideração os
seguintes aspectos:
● Otto sofria de perturbação de saúde mental, sendo comprovado por laudo médico que, na data do fato, o
mesmo não possuía capacidade plena de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento, tendo sido a descoberta da morte de seu pai por sua mãe o gatilho que acionou as
inconsistências mentais do agente.
● Otto não possui nenhum registro criminal antecedente e sempre foi conhecido na vizinhança em que
morava com sua mãe como um rapaz estudioso e pacífico, chegando a ser considerado “recluso” pelos demais
jovens da rua. Outrossim, o veneno utilizado para ceifar a vida de Theresa foi desenvolvido por Otto, estudante
de Química da UFAL. Por fim, Otto foi condenado, mediante sentença transitada em julgado, em dezembro de
2022, pelo crime de Homicídio (Art. 121). Sabendo disso, individualize a pena de Otto, determinando se é
aplicável a pena de multa, assim como a substituição da PPL por PRD. Avalie, em qual regime o condenado
deverá iniciar o cumprimento de sua pena.

● Q.5) Kevin, de 19 anos, portando um cutelo, ingressou sorrateiramente na residência de Félix, com o
intuito de roubar o cofre da família que ficava localizado no primeiro andar da casa. Todavia, ao passar pelo
portão, Kevin notou que não conseguiria adentrar na residência sem que um dos moradores abrisse a porta, já
que a fechadura era personalizada com a digital dos membros da família. Para tanto, o agente se esconde atrás
do sofá da área externa da casa, esperando que a filha única de Félix, Ellie, de oito anos, voltasse da escola, por
volta do meio-dia. Assim, com a chegada de Ellie e de sua babá, Kevin, com seu cutelo em mãos, se revela para as
duas, aproveitando para ameaçar de morte a criança, caso ela não abrisse a porta da casa e lhe mostrasse o
caminho para o cofre, o que foi feito. No entanto, enquanto retirava os pertences do cofre, Kevin escuta o
barulho de de sirenes se aproximando da casa e somente aí percebe que a babá e a criança, visando ligar para a
polícia, se trancaram no quarto principal da casa, que também possui tranca personalizada, o que significa ele
não poderia mais ter acesso a elas. Dessa forma, com medo de ser preso em flagrante pela polícia, Kevin se
apressa a sair da casa, levando apenas o que conseguia carregar em seus bolsos. Acontece que, mesmo tendo sido
rápido em sua fuga, Kevin ainda foi capturado pela polícia algumas horas depois tentando vender os pertences da
família de Félix. Quando apresentado ao juiz, o autor do crime se mostrou arrependido, confessando todos os
fatos cometidos naquele dia e, inclusive, que teria cometido o delito porque precisava comprar remédios para sua
mãe que estava muito idosa e correndo risco de vida no HGE pela falta de medicamentos e de assistência
especializada. Além disso, Kevin revelou, ainda, que sua mãe o havia criado sozinha com bastantes dificuldades,
pois se mantinha com o salário mínimo de doméstica que recebia por seus serviços, o que foi comprovado ser
verdadeiro no processo. Kevin tem apenas o ensino médio completo, pois teve que largar seus estudos para
trabalhar e conseguir sustentar sua mãe que, como dito, já se encontrava com idade avançada e com a saúde
debilitada. O agente não possui antecedentes criminais e é tido como uma pessoa “calma e trabalhadora” no
bairro da Ponta Grossa, onde vive com sua mãe. Por fim, Ellie necessitou ser submetida a tratamento psicológico
por alguns meses para superar o trauma provocado pela conduta delituosa de Kevin. Ademais, foi descoberto que
a babá, no momento do crime, estava grávida de dois meses, o que, contudo, não era perceptível. Sendo assim,
sabendo que o juiz condenou Kevin pelo crime de Roubo (Art. 157), fixe a pena em concreto do réu, aproveitando
para determinar a pena de multa, caso necessário, bem como a indicação do regime inicial de cumprimento da
pena e a possibilidade de substituição da PPL por PRD.

● Q.6) Kalpas (23 anos) e Kosma (15 anos), ao final da tarde, surpreendem Apônia e sua filha Griseo, de
apenas 7 anos de idades, no momento em que saiam de uma agência bancária e, apontando-lhe uma arma de
fogo, exigem que a mãe da criança lhe entregue sua bolsa. De imediato, ao abrirem a carteira e verificarem que
havia um cartão bancário, ameaçam Apônia de a matarem junto de Griseo caso ela não entregasse sua senha.
Assim, após passar-lhes o segredo de sua conta-corrente, Apônia é mantida sob vigília em um beco próximo à
agência bancária, sob a mira do revólver de Kalpas, enquanto Kosma se dirige ao caixa eletrônico. No entanto,
desconfiando da conduta de Kosma, os vigilantes notam a investida criminosa e prende-no em flagrante.
Instantes depois, ao ouvir pessoas gritando que o banco estava sendo assaltado, Kalpas exige que Apônia
mantenha Griseo em silêncio e que fique ali por uns minutos sem gritar por socorro, enquanto tenta fugir do
local, levando a bolsa da vítima. Contudo, policiais que já haviam sido comunicados de que havia um crime em
execução conseguem capturá-lo quando tentava sair do beco onde se encontrava, recuperando a bolsa. Ademais,
os policiais constataram que a arma utilizada por Kalpas era um simulacro, na verdade. Além disso, durante o
processo penal, os agentes do crime se negaram a prestar depoimento, exercendo seu direito ao silêncio de forma
plena. Sabendo, portanto, de tais detalhes, classifique a conduta delituosa, apontando por quais crimes os réus
foram condenados e fixando suas penas de acordo com o caso concreto, determinando o valor da pena de multa,
caso necessário, bem como a indicação do regime inicial de cumprimento da pena e a possibilidade de
substituição da PPL por PRD.

Ps,.: Esta questão seis é para vocês treinarem a classificação dos crimes, mas caso não consigam visualizar o
delito do caso em tela, pode me procurar para poder tirar as dúvidas :)

Bons estudos!

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