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PENA RESTRITIVA DE DIREITO

1. INTRODUÇÃO

O ordenamento jurídico penal estabelece três modalidades de penas, quais


sejam: pena privativa de liberdade, pena restritiva de direito e a pena pecuniária,
cada qual com seus critérios de aplicabilidade determinadas no código penal.
No presente trabalho discente efetivo, nos atentaremos apenas à
modalidade de pena restritiva de direitos.

Inicialmente, cumpre ressaltar, que as penas restritivas de direito foram criadas


como penas alternativas às de restrição de liberdade, tendo como foco os casos de
menor gravidade.

Em outras palavras, quando condenado, preenchido determinados


critérios a seguir expostos, o agente poderá, ao invés de ser encarcerado, sofrer
limitações de direitos.

Não há na parte especial do código penal, tipos penais prevendo penas


restritivas de direito e disso se extrai sua própria natureza jurídica, sendo elas sanções
penais autônomas e substitutivas. Desse modo, quando o juiz aplicar a pena
privativa, poderá substitui-la pela restritiva pelo mesmo prazo da primeira.

2. CRITÉRIOS DE APLICAÇÃO DA PENA ALTERNATIVA

Com o advento da lei 9.714/98 [4], que modificou o Código Penal trazendo a
previsão dos artigos 43, 44, 45, 46, 47 e 55 no CP, houve ampliação das possiblidades
de aplicação das chamadas penas restritivas de direito.
O tema é tratado na sessão II a partir do artigo 43, que traz em seu texto
as seguintes penas:

Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I - prestação pecuniária; II -


perda de bens e valores; III - limitação de fim de semana. IV - prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas; V - interdição temporária de direitos; VI -
limitação de fim de semana.

Importante destacar que, sendo espécies de penas menos rigorosas, as penas


acima descritas, surgem como alternativas e um ponto positivo para o eventual
condenado em crime menos gravoso.

A defesa, portanto, sempre deve atuar se atentando para tal


possibilidade de aplicação, visto que se torna um cumprimento bem mais benéfico do
que a privação da liberdade do acusado.

Nesse sentido, para sua aplicação é necessário se atentar para


determinados critérios e o subsequente (artigo 44 do Código Penal), estabelece os
requisitos que devem ser observados, quais sejam:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as
privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não
superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II – o réu não
for reincidente em crime doloso; III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias
indicarem que essa substituição seja suficiente.
Tais requisitos são considerados cumulativos, sendo assim, todos
devem estar presentes no caso concreto.

Observa-se que os incisos do artigo contêm naturezas diversas, isto é,


os primeiros incisos I e II, do aludido artigo, são de natureza objetiva, já o inciso III,
de natureza subjetiva [5], o que resulta em maior discricionariedade ao juiz quanto a
sua avaliação e aplicação.

No que se refere ao requisito de natureza subjetiva (inciso III) , o juiz


deve, dentro de seu próprio critério, se atentar ao artigo 59 do código penal para
proceder com a substituição, ou seja, levar em consideração a culpabilidade,
antecedentes, conduta social, personalidade do condenado, motivos que levaram ao
delito, bem como as circunstâncias da prática da infração.

3. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Sursis é uma suspensão condicional da pena, aplicada à execução da pena


privativa de liberdade, não superior a dois anos, podendo ser suspensa, por dois a quatro
anos, desde que, o condenado não seja reincidente em crime doloso, a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias autorizem a concessão do benefício; e não seja indicada ou cabível a
substituição por penas restritivas de direitos.

O artigo 77 do Código Penal Brasileiro especifica que a pena pode ser suspensa.
Isso significa que o juiz pode arbitrariamente suspender a pena ou negar a suspensão, de
acordo com sua apreciação. De acordo com o sistema de leis penais, o juiz tem
liberdade de apreciação para decidir sempre que ele deve se pronunciar.

A lei manda que se atenda aos antecedentes do condenado, não apenas os


judiciais, mas também a vida passada, como os antecedentes familiares e sociais, além
da índole, as razões e as circunstâncias que rodeiam o delito, entre outros.

3.1 REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS

Pressupostos objetivos são a natureza e a quantidade da pena (art.77 caput do


CP) e o não cabimento da substituição por pena restritiva de direitos (art.77, III do CP).
Em primeiro lugar, concede-se o sursis somente ao condenado a pena
privativa de liberdade, veda-se expressamente a suspensão da execução das penas de
multa e restritiva de direitos (art.80 CP). Beneficiam-se, portanto somente os
condenados, as penas de reclusão, detenção e prisão simples (nas contravenções).
Permite-se a concessão do beneficio, a pena privativa de liberdade que não seja superior
a dois anos, incluída nesse limite a soma das penas aplicadas, em virtude de conexão ou
continência.
Os requisitos subjetivos da suspensão condicional da pena estão previstos no
art.77, I e II do CP. Em primeiro lugar, é necessário que o condenado não seja
reincidente em crime doloso.

Só há reincidência nos casos em que o agente comete novo crime, depois


de transitar em julgado a sentença que condenar o agente. Assim, é possível que a
suspensão condicional da pena seja aplicada ao réu que já foi anteriormente condenado,
desde que a sentença condenatória (do crime antecedente) transite em julgado após o
cometimento do crime pelo qual está sendo julgado e com base no qual se está
concedendo o sursis .
O sursis também poderá ser concedida ao condenado reincidente em crime
culposo, independentemente de ambos os crimes (antecedente e posterior) ou só um
deles configurar crime de tipo culposo.

4. EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Nada mais é do que a modalidade de sanção penal com a finalidade


exclusivamente preventiva, destinada aos inimputáveis e semi-imputáveis como bem
exposto acima. O requisito base para a aplicação das medidas de segurança é a
periculosidade o agente.

Ou seja, o intuito central, assim como a pena, é evitar a prática de futuras


infrações penais. Apesar de ter um caráter curativo, ainda é tratada como uma sanção
penal, tendo em vista que há uma privatização e uma restrição de direitos.

4.1 PRINCÍPIOS QUE REGEM A MEDIDA DE SEGURANÇA

Um dos princípios centrais é a legalidade, ou seja, apenas a lei pode criar essas
sanções penais. Outro princípio importante é a anterioridade, na qual se admite apenas
a imposição de uma medida de segurança quando sua previsão legal for anterior à
prática da infração penal, como bem dispõe o artigo 5°, XL, CF/88.
Por último temos a jurisdicionalidade, que nada mais é do que a aplicação pelo
judiciário com observância no princípio do devido processo legal.

4.2 PRESSUSPOSTOS DA APLICAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA

Um dos pressupostos para a aplicação de tal medida é justamente a prática de


um fato típico e ilícito, ou seja, o crime tem que está presente no Código Penal, e ser
ilícito. Um ponto específico sobre a medida de segurança é o fato da periculosidade do
agente, pois o mesmo vai ser inimputável ou semi-inimputável.

Nesse sentido, é necessário também que não tenha ocorrido a extinção da


punibilidade.

4.3 APLICAÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Sanção penal em estudo é aplicada pelo juiz da condenação, salvo na hipótese


de medida de segurança substitutiva (art. 183, LEP), por superveniência de doença
mental do condenado, caso em que a competência é atribuída ao juiz da execução.

Art. 26, CP – É de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Ou seja, o inimputável que pratica infração penal é absolvido, pois não se aplica
pena, em virtude da ausência de um de seus pressupostos, a culpabilidade. Lembrando
que a natureza da sentença que fixa essa sanção penal é absolutória imprópria.

4.4 EXECUÇÃO E REVOGAÇÃO

Transitada em julgado a sentença, dá-se início à execução da medida de


segurança imposta. Vencido o prazo mínimo fixado, será o condenado submetido
obrigatoriamente a perícia médica, caso em que, comprovada a cessação da
periculosidade, o juiz determinará a suspensão da execução da medida. Portanto,
transitada em julgado esta decisão, será expedida ordem para desinternação ou
liberação.

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