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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA


DIREITO PENAL

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

Tratando-se de um princípio com duas vertentes.


1.2 - Princípio da individualização da pena.
DIREITO PENAL A Constituição Federal estabelece, em seu art. 5° – a lei
regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes: A individualização da pena é feita
em três fases distintas:
PROGRAMA: 1. Legislativa.
Noções de Direito Penal Na esfera legislativa, a individualização da pena se dá
1 A lei penal no tempo, a lei penal no espaço. 2 Infração através da cominação de punições proporcionais à
penal: elementos, espécies, sujeito ativo e sujeito gravidade dos crimes. Estabelecendo penas mínimas e
passivo da infração penal. 3 Tipicidade, ilicitude, máximas, a serem aplicadas pelo Judiciário,
culpabilidade, punibilidade. 4 Excludentes de ilicitude e considerando as circunstâncias do fato e as
de culpabilidade. 5 Imputabilidade penal. 6 Concurso de características do criminoso.
pessoas. 7 Crimes contra a pessoa. 8 Crimes contra o 2. Judicial.
patrimônio. 9 Crimes contra a Administração Pública.
3. Na fase judicial, a individualização da pena é feita com
base na análise, pelo magistrado, das circunstâncias do
crime. Nessa fase, a individualização da pena sai do plano
1 - DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO
meramente abstrato e vai para o plano concreto,
DIREITO PENAL.
devendo o Juiz fixar a pena de acordo com as
peculiaridades do caso.
4. Administrativa.
1.1 - Princípio da anterioridade da Lei penal. 5. Na fase Administrativa, a individualização é feita na
O princípio da anterioridade da lei penal afirma que não execução da pena. Com o progresso de regime,
basta que a criminalização se dê por meio de Lei em concessão de saídas eventuais do local de cumprimento
sentido estrito, mas que seja anterior ao fato, à prática da pena e outras, serão decididas pelo Juiz da execução
da conduta. penal de acordo com as peculiaridades de cada detento.

O princípio da anterioridade da lei penal culmina no Por esta razão, em 2006, o STF declarou a
princípio da irretroatividade da lei penal. Pode-se dizer, inconstitucionalidade do artigo da Lei de Crimes
inclusive, que são sinônimos. Entretanto, a lei penal pode Hediondos que previa a impossibilidade de progressão
retroagir. Beneficiando o réu, estabelecendo uma pena de regime nesses casos, nos quais o réu deveria cumprir
menos grave para o crime ou quando deixa de considerar a pena em regime integralmente fechado. O STF
a conduta como criminosa. Nesse caso, haverá entendeu que a terceira fase de individualização da pena
retroatividade da lei penal, pois ela alcançará fatos havia sido suprimida, violando o princípio constitucional.
ocorridos antes de sua vigência. Outra indicação clara de individualização da pena na fase
de execução está no artigo 5° da Constituição, que
Essa previsão se encontra no art. 5° da Constituição – a estabelece o cumprimento da pena em
lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Não estabelecimentos distintos, de acordo com as
se tratando de um “benefício” criminoso. É uma questão características do preso.
de lógica: Se o Estado considera, hoje, que uma
determinada conduta não pode ser crime, não faz 1.3 - Princípio da intranscendência da pena.
sentido manter preso, ou dar sequência a um processo O princípio da intranscendência da pena está previsto no
pela prática deste fato que não é mais crime. Pois, o art. 5° da Constituição Federal – nenhuma pena passará
próprio Estado não considera mais a conduta como tão da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
grave a ponto de merecer uma punição criminal. reparar o dano e a decretação do perdimento de bens
A legalidade, também reserva legal e anterioridade são ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
garantias para os cidadãos, pois impedi que o Estado os contra eles executadas, até o limite do valor do
surpreenda com a criminalização de uma conduta após a patrimônio transferido. Esse princípio impede que a
prática do ato. pena ultrapasse a pessoa do infrator.

Sendo assim: Legalidade = Anterioridade + Reserva Legal

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Entretanto, isso não impede que os sucessores do Assim, sendo este um princípio de ordem Constitucional,
condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos deve a legislação infraconstitucional respeitá-lo, sob
civis causados pelo fato. Porém, tecnicamente falando, pena de violação à Constituição. Portanto, se o
os herdeiros não são responsabilizados pelo crime de cumprimento de pena é dada a partir da sentença em
seus pais, por exemplo, pois não respondem com seu primeira instância seria inconstitucional, pois a
próprio patrimônio, apenas com o patrimônio deixado. Constituição afirma que o acusado ainda não é
considerado culpado nessa hipótese.
1.4 - Princípio da limitação das penas ou da humanidade.
1.6 - PRINCÍPIO DA LEGALIDADE / RESERVA LEGAL.
A Constituição Federal estabelece em seu art. 5° – não
haverá penas: O Direito Penal tem, unicamente, como fonte imediata a
lei. A lei penal pode ser considerada como o pressuposto
1. Pena de morte, salvo em caso de guerra declarada.
das infrações e das sanções. Esta além de servir como
2. Pena de caráter perpétuo. garantia para as pessoas que praticam condutas lícitas
3. Pena de trabalhos forçados. (não sancionadas), indica também as pretensões para o
Estado e para os criminosos.
4. Pena de banimento.
De acordo com Asúa, é a partir da lei que surge a
5. Pena cruéis. pretensão punitiva do Estado de reprimir todos os atos
Entretanto, determinados tipos de pena são que estejam previstos na lei como delitos, juntamente
terminantemente proibidos pela Constituição Federal. com a pena que foi estabelecida para quem venha a
No caso da pena de morte, tem uma única exceção. No cometer estes delitos.
caso de guerra declarada, mas não basta que os furtos Deste modo, a lei pode ser entendida como a fonte e
cometidos durante estado de guerra serão punidos com também a medida do direito de punir. Pode-se concluir
pena de morte, pois isso não guarda qualquer então, que o Estado não pode castigar àqueles que
razoabilidade. Esta ressalva é direcionada tenham um comportamento que esteja em
precipuamente aos crimes militares. A vedação à pena de conformidade com as leis e nem punir o cidadão quando
trabalhos forçados impede, por exemplo, que o preso não houver uma sanctio juris associada a um delito.
seja obrigado a trabalhar sem remuneração. A prisão
perpétua também é inadmissível no Direito brasileiro. No início do século XIX, Feuerbach consagrou o princípio
Em razão disso, uma lei que preveja a pena mínima para da legalidade, descrevendo-o da seguinte forma:
um crime em 60 anos, por exemplo, estaria violando o “nullum crimen, nulla poena sine lege”.
princípio da vedação à prisão perpétua. Por se tratar de O princípio da legalidade que também, é conhecido
uma burla ao princípio, já que a idade mínima para como o princípio da reserva legal, surgiu da necessidade
aplicação da pena é 18 anos. dos cidadãos de um princípio que fosse capaz de
1.5 - Princípio da presunção de inocência ou presunção controlar o poder punitivo estatal e que restringisse sua
de não culpabilidade. aplicação a limites em que não houvesse nem
arbitrariedade e nem excesso do poder punitivo.
A Presunção de inocência é o maior pilar de um Estado
Democrático de Direito, pois, segundo este princípio, Este princípio pode ser encarado de acordo com seu
nenhuma pessoa pode ser considerada culpada, antes da significado político, como sendo uma garantia
sentença penal condenatória. Sendo a situação na qual a constitucional dos direitos do homem. Ainda de acordo
sentença proferida no processo criminal, condenando o com este princípio, a liberdade civil deve ser encarada
réu, não pode mais ser modificada através de recurso. como sendo a liberdade que a pessoa tem de fazer tudo
Portanto, não havendo uma sentença criminal que a lei permita, ou melhor, que ela não proíba.
condenatória irrecorrível o acusado não pode sofrer as A condição de segurança e de liberdade individual advém
consequências da condenação. do fato de que só na lei podem estar contidas as
Sendo assim, a provas que são obrigatórias cabe ao limitações que diferenciam a atividade criminosa da
acusador. O réu é inocente, até que o acusador prove sua atividade legítima.
culpa. A visão mais amplamente aceita entre os autores no que
Por fim, o Processo Penal é um jogo no qual o acusado e diz respeito ao histórico deste princípio é que este teve
o acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de suas origens na Magna Carta inglesa promulgada no ano
comprovarem suas teses. Havendo empate, o título é do de 1215, pelo Rei João Sem Terra, mais especificamente
acusado! no artigo 39 da mesma.

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Asúa, no entanto, tem uma visão distinta da maioria dos "Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
outros autores quanto à origem do princípio da sem prévia cominação legal".
legalidade. Para ele, este princípio se origina nas
O princípio da legalidade da lei penal, de modo muito
instituições do Direito ibérico, já existente no ano de
semelhante ao que aparece na Constituição, está no
1188 nas Cortes de Leão, através da voz de Afonso IX, se
código penal em vigência, no seu artigo 1o, no qual está
concedia ao súdito o direito de não ser perturbado em
expresso: "Não há crime sem lei anterior que o defina.
seus bens ou em sua pessoa, se não fosse chamado pela
Não há pena sem prévia cominação legal".
Cúria.
1.7 - PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI.
Farinaccio e Menoquio tiveram suas obras influenciadas
pelo princípio inglês. Na América, a constituição de No Código Penal brasileiro, logo no seu primeiro artigo,
Maryland de 11 de novembro de 1776, em seu artigo 15, há a definição tanto do princípio da anterioridade,
declarava: "As leis retroativas, que declaram criminosos quanto do princípio da legalidade.
ou castigam atos cometidos antes da existência de ditas Em relação ao princípio da anterioridade pode-se
leis, são injustas e incompatíveis com a liberdade". afirmar que não há crime sem lei "anterior" que o defina;
O princípio foi formulado em termos precisos na não há pena sem "previa" imposição legal.
Declaração dos Direitos do Homem, na Revolução No que diz respeito ao princípio da legalidade ou da
Francesa de 26 de agosto de 1789. Nesta Declaração o reserva legal nota-se que não há crime sem “lei“ que o
princípio foi colocado da seguinte forma: "Ninguém pode defina; não há pena sem “cominação legal”.
ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e
promulgada anteriormente ao delito e legalmente A lei, ou melhor, o legislador ao não descrever um fato
aplicada". como punível, certamente deseja que este fato não seja
considerado como uma conduta criminosa, ou seja, uma
Este mesmo princípio esteve também presente nas conduta típica, antijurídica, culpável e punível.
Constituições revolucionárias francesas dos anos de Entretanto, se a lei considerar um determinado fato
1791 e 1793. E com o passar do tempo ele se difundiu como punível, só poderá ser aplicada a pena ao infrator,
pelas constituições de todos os povos do mundo. se houver uma lei anterior que a defina.
Em relação ao Brasil o princípio da legalidade representa O princípio da legalidade evoluiu muito, em termos
uma garantia constitucional e também uma norma de técnicos, com o surgimento da teoria da tipicidade. O
Direito Penal. Inspirada no individualismo político da fato que se amolda ao que o legislador descreveu como
Revolução Francesa, a constituição de 1824, declarava conduta criminosa, é chamado de fato típico. O conjunto
em seu artigo 179, inciso II, que: "ninguém será de elementos descritivos do crime contido na lei penal é
sentenciado senão por autoridade competente e em o tipo, este tem que ser definido antes da prática
virtude de lei anterior e na forma por ela prescrita". delituosa. Pode-se concluir então, que para que haja
Código Criminal de 1830, em seu artigo 1.o declarava: crime é necessário que o fato seja cometido depois que
"não haverá crime, ou delito sem uma lei anterior, que o a lei incriminadora que o define já esteja vigorando.
qualifique". E no artigo 33 constava: "nenhum crime será
punido com penas que não estejam estabelecidas nas
leis, nem com mais, ou menos, daquelas que estiverem 2 – INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL.
decretadas para punir o crime no grau máximo, médio, 2.1 - CONCEITO
ou mínimo, salvo o caso em que aos juízes se permitir
arbítrio". Interpretação da lei penal é a “atividade que consiste em
extrair da norma penal seu exato alcance e real
Em seu artigo 1o, o Código de 1890, declarava: "Ninguém significado” (CAPEZ, 2020, p. 117).
poderá ser punido por fato que não tenha sido
anteriormente qualificado crime, e nem com penas que 2.2 - NATUREZA
não estejam previamente estabelecidas. A interpretação Segundo Fernando Capez, “a interpretação deve buscar
extensiva por analogia ou paridade não é admissível para a vontade da lei, desconsiderando a de quem a fez. A lei
qualificar crimes, ou aplicar-lhes penas". terminada independe de seu passado, importando
A disposição do artigo 179, II, da Constituição de 1824, apenas o que está contido em seus preceitos” (CAPEZ,
foi repetida com pequenas mudanças nas constituições 2020, p. 117).
de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e na atual que está em Contudo, há uma modalidade de interpretação da lei,
vigência no artigo 5.o, XXXIX, que declara o seguinte: não só penal, que consiste na interpretação teleológico-

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subjetiva, que busca aferir a vontade do legislador no EXEMPLO: caso dos namorados proibidos de se verem.
momento da feitura da lei, valendo-se, para tanto, de
investigações, por exemplo, das notas taquigráficas das
Casas Legislativas, de modo a descobrir tudo o que foi 2.3.2.2 - LÓGICA OU TELEOLÓGICA
debatido antes da feitura da lei. Essa modalidade busca a vontade da lei, “atendendo-se
2.3 - ESPÉCIES aos seus fins e à sua posição dentro do ordenamento
jurídico” (CAPEZ, 2020, p. 118).
2.3.1 - QUANTO AO SUJEITO QUE A ELABORA.
A interpretação teleológica se subdivide da seguinte
2.3.1.1 - AUTÊNTICA OU LEGISLATIVA - É a interpretação
forma: I - TELEOLÓGICA-OBJETIVA: busca a vontade da
feita pelo próprio órgão que elaborou o texto da norma.
lei em si, por meio da análise da exposição de motivos da
Pode ser: I - CONTEXTUAL: é realizada dentro do próprio
lei, por exemplo; II -TELEOLÓGICA-SUBJETIVA: busca a
texto elaborado, como no caso do art. 327 do Código
vontade do legislador, por meio da análise das notas
Penal, que explica o conceito de funcionário público para
taquigráficas dos debates nas Casas Legislativas, por
fins penais; II - POSTERIOR: é realizada posteriormente,
exemplo.
ou seja, a lei interpretadora entra em vigor após a lei
interpretada, como, por exemplo, se fosse o caso de o 2.3.3 - QUANTO AO RESULTADO
Ministério da Saúde editar uma nova portaria listando as 2.3.3.1 - DECLARATIVA
drogas regulamentadas no Brasil, para, assim,
complementar a Lei nº 11.343/2006. Nessa, como o nome sugere, declara-se que “há perfeita
correspondência entre a palavra da lei e a sua vontade”
ATENÇÃO: A norma interpretativa tem efeito ex tunc, (CAPEZ, 2020, p. 118). Assim, por exemplo, quando se
uma vez que apenas esclarece o sentido da lei. declara que, para o crime de homicídio, matar “alguém”
significa matar pessoa natural, está a se entender a lei tal
e qual exatamente aquilo que consta no texto da norma.
2.3.1.2 - DOUTRINÁRIA OU CIENTÍFICA - É a interpretação
feita pelos estudiosos e cientistas do Direito, como no 2.3.3.2 - RESTRITIVA
caso dos livros, artigos, folders etc. com conteúdo Nessa, entende-se que a letra escrita da lei foi além da
jurídico. Não tem força obrigatória. sua vontade e, assim sendo, tendo a lei dito mais do que
Segundo Fernando Capez, “a Exposição de Motivos [do queria, por tal motivo a interpretação restringe o seu
Código Penal] é interpretação doutrinária e não significado. Como por exemplo, temos o art. 28 do
autêntica, uma vez que não é lei” (CAPEZ, 2020, p. 117), Código Penal, que, apesar de dispor que a embriaguez,
no caso, de autoria de Ibrahim Abi-Ackel, então Ministro voluntária ou culposa, não exclui a imputabilidade penal,
da Justiça do Brasil, sendo que o Código Penal teve a é interpretado no sentido de que a embriaguez
contribuição de diversos penalistas, como Nelson patológica pode excluir sim a imputabilidade penal se
Hungria. vier a interferir totalmente na capacidade do indivíduo,
excluindo a sua culpabilidade, porque pode ser
2.3.1.3 - JUDICIAL
considerada como doença mental.
É a interpretação feita pelos órgãos jurisdicionais, não
tendo força obrigatória no âmbito do Direito Penal,
valendo salientar algumas exceções: I - as súmulas 2.3.3.3 - EXTENSIVA
vinculantes do Supremo Tribunal Federal; II - no âmbito Nessa, entende-se que “a letra escrita da lei ficou aquém
do Direito Processual Civil, com o advento do Código de da sua vontade”, ou seja, “a lei disse menos do que
Processo Civil de 2015, há algumas matérias de queria e, por isso, a interpretação vai ampliar o seu
observância obrigatória, que vinculam todos os juízes. significado” (CAPEZ, 2020, p. 118). O Direito Penal não
2.3.2 - QUANTO AOS MEIOS EMPREGADOS admite interpretação extensiva em prejuízo do réu. Por
outro lado, o Direito Processual Penal admite
2.3.2.1 - GRAMATICAL, LITERAL OU SINTÁTICA
interpretação extensiva, ainda que em prejuízo do réu.
Essa modalidade interpretativa leva em conta o sentido
2.4 - O PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO.
literal das palavras. Assim, por exemplo, quando se
entende que, para o crime de homicídio, matar “alguém” Esse princípio é melhor tratado na disciplina de Direito
significa matar pessoa natural, está a se entender a lei tal Processual Penal, mas, basicamente, enuncia que o juiz,
e qual exatamente aquilo que consta literalmente do ao proferir sua decisão final no processo, se estiver em
texto da norma. dúvida deve decidir a favor do réu, absolvendo-o ou

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mesmo selecionando a hipótese que mais o beneficie 2.6.2 - FUNDAMENTO


dentre as possíveis (se estiver na dúvida entre a culpa e
A razão de ser da analogia é a premissa de que “onde há
a inocência, deve escolher a inocência; se estiver na
a mesma razão, aplica-se o mesmo direito”, em latim,
dúvida entre a culpa por crime mais grave, como tráfico,
“ubi eadem ratio, ibi eadem jus” (CAPEZ, 2020, p. 121).
e infração penal menos grave, como posse de droga para
uso próprio, deve condenar pela infração menos grave).
Cremos que o princípio do in dubio pro reo deve ser 2. 7 - DISTINÇÃO ENTRE ANALOGIA, INTERPRETAÇÃO
aplicado tanto na esfera do Processo Penal (questões EXTENSIVA E INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA.
probatórias, por exemplo), como também na esfera do ANALOGIA (NÃO HÁ NORMA) - Nessa, não há norma
Direito Penal, de modo que, se o juiz eventualmente reguladora para a hipótese.
estiver na dúvida sobre o alcance de determinada norma
penal, deve interpretá-la de maneira mais benéfica ao INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA (A NORMA É ESTENDIDA).
réu. Nessa, existe uma norma regulando a hipótese, mas tal
norma não menciona expressamente o que pretendeu
mencionar, de modo que o intérprete deve ampliar seu
2.5 - INTERPRETAÇÃO PROGRESSIVA, ADAPTATIVA OU significado para além do que estiver apenas
EVOLUTIVA. textualmente previsto, como no caso do art. 181, I, do
É a forma de interpretação que, ao longo do tempo, vai Código Penal, que prevê a escusa absolutória para o
adaptando-se às mudanças político-sociais e às agente que pratica o crime de furto contra cônjuge na
necessidades do momento, como no caso da aplicação constância da sociedade conjugal (casamento), podendo
do crime de ato obsceno, previsto no art. 233 do Código estender tal aplicação também para a pessoa que está
Penal, em que no passado se entendia que condutas em união estável com outra e pratica furto contra ela na
como o beijo lascivo se enquadravam em tal delito, mas, constância dessa união estável (CAPEZ, 2020, p. 122).
no presente, devido à maior “liberdade sexual”, entende- INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (A NORMA TRAZ UM
se que o beijo lascivo, por si só, ainda que praticado em EXEMPLO).
via pública, não configura o crime.
Nessa, existe uma norma regulando a hipótese, mas essa
norma estabelece uma fórmula genérica, que deve ser
2.6 - ANALOGIA interpretada de acordo com os casos anteriormente nela
própria estabelecidos, como no caso da qualificadora do
2.6.1 - CONCEITO
homicídio consistente no crime praticado mediante
A analogia também recebe o nome de integração paga, promessa de recompensa ou outro motivo torpe.
analógica, suplemento analógico e aplicação analógica e No caso, a lei é clara ao determinar que a paga e a
“consiste em aplicar-se a uma hipótese não regulada por promessa de recompensa são exemplos de motivo torpe,
lei disposição relativa a um caso semelhante”, assim mas também é clara ao dizer que qualquer outro motivo
sendo, o fato, por não ser regido por qualquer norma, torpe também se enquadrará na qualificadora, como no
passa a ser regido por um caso análogo, como, por caso do filho que mata o pai para receber herança, por
exemplo, o art. 128, II, do Código Penal, que dispõe que exemplo.
o aborto praticado por médico não é punido “se a
2.7.1 - ESPÉCIES
gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu 2.7.1.1 - LEGAL OU LEGIS
representante legal”. Embora tal norma permissiva Nessa, o caso é regido por norma reguladora de hipótese
afaste o crime de aborto, tanto para o médico como para semelhante.
a gestante, se a prática for feita pelo médico com o
consentimento da gestante que fora estuprada, 2.7.1.2 - JURÍDICA OU JURIS
entendeu-se ser possível aplicar tal norma permissiva Nessa, a hipótese é regulada por princípio extraído do
também ao crime de violação sexual mediante fraude, ordenamento jurídico em seu conjunto, como no caso de
previsto no art. 215 do Código Penal. A título de exemplo, aplicar-se o princípio da boa-fé, que vem do Direito Civil,
configura violação sexual mediante fraude a conduta do para interpretar a norma penal relativa ao crime de
gêmeo que se faz passar pelo irmão para ter relação receptação, de modo que eventual acusado de
sexual com a esposa desse. receptação pode alegar que presumiu a boa-fé do
terceiro ao adquirir o produto proveniente de crime.

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2.7.1.3 - IN BONAM PARTEM § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como


É a analogia empregada em benefício do agente. extensão do território nacional as embarcações e
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
2.7.1.4 - IN MALAM PARTEM do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
É a analogia utilizada em prejuízo do agente. como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
2.7.1.5 - ANALOGIA EM NORMA PENAL INCRIMINADORA respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
O Direito Penal não admite analogia in malam partem, de em alto-mar.
modo que, por exemplo, não se pode considerar como § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes
crime o furto de uso (subtração de coisa alheia móvel praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
apenas para uso), pois o crime de furto exige o ânimo de estrangeiras de propriedade privada, achando-se
assenhoramento definitivo da coisa, isto é, a vontade de, aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no
ao subtrair a coisa, ser o seu dono definitivo, ainda que espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
por breve momento, de modo que configurará crime do territorial do Brasil.
furto o a conduta do agente que subtrai um celular e o
vende logo em seguida, por exemplo, pois para vender Lugar do crime
teve ânimo de dono. Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.
3 - APLICAÇÃO DA LEI PENAL – NO TEMPO E NO ESPAÇO Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
Anterioridade da Lei cometidos no estrangeiro:

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não I - os crimes:
há pena sem prévia cominação legal. a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
Lei penal no tempo República;

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município,
dela a execução e os efeitos penais da sentença de empresa pública, sociedade de economia mista,
condenatória. autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo c) contra a administração pública, por quem está a seu
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda serviço;
que decididos por sentença condenatória transitada em d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
julgado. domiciliado no Brasil;
Lei excepcional ou temporária II - os crimes:
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
decorrido o período de sua duração ou cessadas as reprimir;
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
b) praticados por brasileiro;
praticado durante sua vigência.
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
Tempo do crime
mercantes ou de propriedade privada, quando em
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da território estrangeiro e aí não sejam julgados.
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
resultado.
a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
Territorialidade estrangeiro.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
convenções, tratados e regras de direito internacional, depende do concurso das seguintes condições:
ao crime cometido no território nacional.
a) entrar o agente no território nacional;

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DIREITO PENAL

b) ser o fato punível também no país em que foi da Constituição: A lei penal não retroagirá, salvo para
praticado; beneficiar. Precedentes: HHCC 110.040, Rel. Min.
GILMAR MENDES, 2ª Turma, DJ e de 29/11/11; 110.317,
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
Rel. Min. Carlos Britto, (liminar), DJe de 26/09/11, e
brasileira autoriza a extradição;
111.143, Rel. Min. DIAS TÓFFOLI (liminar), DJe de
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não 22/11/11”. (STF. HC 113717 / SP. Rel. Luiz Fux. 1ª T. Julg.
ter aí cumprido a pena; 26/02/2013).
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo
3.1 - LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime CF, Art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, beneficiar o réu;
se, reunidas as condições previstas no parágrafo CADH, art. 9º. Princípio da legalidade e da
anterior: retroatividade. Ninguém pode ser condenado por ações
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; ou omissões que, no momento em que forem cometidas,
não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável.
b) houve requisição do Ministro da Justiça. Tampouco se pode impor pena mais grave que a
aplicável no momento da perpetração do delito. Se
depois da perpetração do delito a lei dispuser a
Três são os fundamentais princípios aplicados no imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso
instituto da eficácia da lei penal no tempo: a) legalidade, beneficiado.
no sentido de anterioridade; b) irretroatividade e c)
retroatividade da lei mais benigna. CP, art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em
Não há infração ou sanção penal sem lei anterior, isto é, virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
sem lei prévia. Esse desdobramento do princípio da condenatória.
legalidade traduz a ideia da anterioridade penal, segundo
o qual a para a aplicação da lei penal, exige-se lei anterior Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo
tipificando o crime e prevento a sua sanção. favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em
O segundo princípio constitucional (irretroatividade), julgado.
descrito no art. 5º, XL da CF, dispõe que a lei penal não
retroagirá, salvo para beneficiar o réu, impondo-se, CP, art. 3º. A lei excepcional ou temporária, embora
assim, a irretroatividade da lei penal, salvo quando a lei decorrido o período de sua duração ou cessadas as
nova seja benéfica ao acusado. Destarte, nas palavras de circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
Luiz Flávio Gomes e Valério de Oliveira Mazzuoli praticado durante a sua vigência.
“qualquer que seja o aspecto disciplinado do Direito CP, art. 4º. Considera-se praticado o crime no momento
penal incriminador (que cuida do âmbito do proibido e da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
do castigo), sendo a lei nova prejudicial ao agente, não resultado.
pode haver retroatividade” (GOMES e MAZZUOLI, 2008,
p. 125).
Por fim, quanto à retroatividade da lei mais benigna, “é 3.2 – DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL
indispensável investigar qual a que se apresenta mais A irretroatividade da lei é princípio basilar do Direito
favorável ao indivíduo tido como infrator. A lei anterior, Penal, tendo sua base constitucional no art. 5º, XL, da
quando for mais favorável, terá ultratividade e CF.
prevalecerá mesmo ao tempo de vigência da lei nova,
apesar de já estar revogada. O inverso também é O princípio tem origem no movimento iluminista e
verdadeiro, isto é, quando a lei posterior foi mais busca a preservação da segurança jurídica do sistema.
benéfica, retroagirá para alcançar fatos cometidos antes Para a segurança social, o tempo deve reger o ato: o
de sua vigência” (BITENCOURT, 2007. P. 162). indivíduo precisa saber, ao tempo da prática da
conduta, as sanções que lhe podem ser aplicadas. A
O Supremo Tribunal Federal tem adotado entendimento irretroatividade da lei penal, portanto, é regra que se
literal do princípio: “A lei nova é lex in melius e por isso alinha à legalidade penal.
deve retroagir, por força do disposto no art. 5º, inc. XL,

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DIREITO PENAL

Exceção é posta, pelo mesmo art. 5º, XL, CF, prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência
possibilitando a retroatividade da lei penal para casos da lei anterior”.
em que ela for mais benéfica ao réu. Assim, por
Mas, sendo a norma híbrida, isto é, com aspectos de
exemplo, se uma nova lei vem a abolir um crime
direito material e processual penal, será aplicada a
(abolitio criminis), ela será aplicada a fatos pretéritos.
retroatividade da lei penal benéfica. Como exemplo de
Mas, se a lei penal vier a majorar a pena do crime, ela
norma híbrida temos o art. 28-A, do CPP, que trouxe
não será aplicada a fatos cometidos antes da sua
para o nosso ordenamento jurídico o acordo de não
entrada em vigor.
persecução penal (ANPP). Embora processual, a norma
Em relação à retroatividade da lei mais benéfica, o art. também afeta temas de direito material, a exemplo da
2º, do CP, diz que “ninguém pode ser punido por fato extinção da punibilidade.
que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória”. 3.2.1 - SUCESSÃO (CONFLITO) DE LEIS NO TEMPO
E, atenção: essa retroatividade benéfica da lei penal Em uma situação ideal, de normalidade, a lei penal
será reconhecida ainda que haja trânsito em julgado de vigente na época do fato delituoso é a que embasará o
sentença condenatória. Essa é a redação do parágrafo julgamento e a execução penal do agente (tempus regit
único, do art. 2º, do CP: “a lei posterior, que de actum). Noutras palavras, praticado o ilícito, fixa-se a lei
qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos penal aplicável que perdurará enquanto não extinta,
anteriores, ainda que decididos por sentença revogada ou modificada. A lei penal da época do fato
condenatória transitada em julgado”. dará supedâneo para a aplicação das sanções penais e
Mas, o supracitado, não implicaria em violação à forma de execução.
garantia constitucional da coisa julgada? Não! Assim Porém, nem sempre haverá estabilidade (no sentido de
esclarecem os professores Patricia Vanzolini e Gustavo manutenção) da lei penal; nem sempre a lei penal
Junqueira: vigente na época do fato regulará toda persecução penal
(...) a garantia da coisa julgada (assim como todos ou do fato criminoso. Assim, entre a data do fato e o
outros direitos e garantias do art. 5º, classificados como término do cumprimento da pena poderá haver
“direitos e garantias individuais”) dirige-se ao cidadão, alteração das leis penais, ocorrendo a sucessão ou
e não ao Estado. Para beneficiá-lo, a coisa julgada pode conflito de leis penais no tempo. Nesse caso, “torna-se
ser afastada quando do advento de lei mais favorável. necessário encontrar qual a norma que é aplicável ao
(JUNQUEIRA; VANZOLINI, 2021) fato; se aquela que vigia quando o crime foi praticado,
ou a que entrou depois em vigor” (DELMANTO, 2010, p.
A retroatividade benéfica da lei penal também está 85).
prevista no Pacto de San José da Costa Rica, tratado
internacional de direitos humanos que possui status Para resolver esses casos de sucessão de lei, basta
supralegal e forma o nosso bloco de observar um único critério: aplica-se a regra penal mais
constitucionalidade. O art. 9º do tratado é dedicado aos benéfica ao acusado, na forma retroativa ou ultra-ativa.
princípios da legalidade e da retroatividade, afirmando A lei penal mais favorável é aplicada mesmo que o fato
que: punível tenha sido julgado, com trânsito em julgado
(retroatividade) ou mesmo que tenha sido revogada com
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões o advento da lei nova (ultra-atividade).
que, no momento em que forem cometidas, não sejam
delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco Consequentemente, a lei penal será irretroativa quando
se pode impor pena mais grave que a aplicável no colocar o agente em situação pior àquela prevista por
momento da perpetração do delito. Se depois da outra lei anterior. Desta maneira, “toda lei penal, que, de
perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena alguma forma, represente um gravame aos direitos de
mais leve, o delinquente será por isso beneficiado. liberdade, que agrave as consequências penais diretas do
crime, criminalize condutas, restrinja a liberdade,
Importa destacar que a retroatividade penal somente é provisoriamente ou não, caracteriza lei penal mais grave,
aplicada às normas materiais. Se a norma for processual e consequentemente, não pode retroagir” (BITENCOURT,
penal, a irretroatividade é regra que não comporta 2007, p. 163).
exceção. Nesse sentido, o art. 2º, do CPP, determina
que “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem A fim didático, separar-se-á em tópicos a forma de
sucessão de leis penais no tempo: a) abolitio criminis; b)

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novatio legis incriminadora; c) novatio legis in pejus; d) pela lei anterior” (CAPEZ, 2007, p. 56). Como se vê, nesta
novatio legis in mellius. hipótese, a regra é aquela insculpida no princípio da
legalidade e da anterioridade: não haverá crime ou pena
sem lei prévia.
3.2.2 - ABOLITIO CRIMINIS
Portanto, em decorrência da máxima nullum crimen
Haverá abolição de crime quando a lei nova deixa de nullum pena sine previa lege, as condutas que
considerar crime/contravenção penal o fato superveniente tornaram-se crime não retroagem, sendo
anteriormente tipificado como ilícito penal. Nesse caso, aplicáveis a partir de sua vigência.
o legislador retira a ilicitude da conduta,
descriminalizando o ato que outrora era considerado
como delito. 3.2.4 - NOVATIO LEGIS IN PEJUS
O instituto da abolitio criminis está descrito no caput do Entende-se por novatio legis in pejus, também chamada
art. 2º do Código Penal, sendo causa de extinção de de lex gravior, a lei posterior que, de qualquer modo,
punibilidade (art. 107, inciso III, do CP). agrava a situação do agente.
Para Rogério Sanches Cunha “a abolição do crime Aplicando-se o critério supracitado, a lei nova que
representa a supressão da figura criminosa. Trata-se de prejudica o agente não retroage, isto é, deve ser mantida
revogação de um tipo penal pela superveniência de lei a lei revogada (ultra-atividade da lei vigente na época do
descriminalizadora” e ocorre “sempre que o legislador, fato). Destarte, havendo inovação legislativa para pior,
atendendo às mutações sociais (e ao princípio da “A lei que terá incidência, nesse caso, é a antiga (que vai
intervenção mínima), resolve não mais incriminar continuar regendo os fatos ocorridos em seu tempo).
determinada conduta, retirando do ordenamento Esse é o princípio da ultra-atividade da lei penal anterior
jurídico-penal a infração que a previa, julgando que o mais benéfica (leia-se a lei anterior, embora já tenha
Direito Penal não mais se faz necessário à proteção de perdido sua vigência, diante da lei nova, continua válida
determinado bem jurídico” (CUNHA, 2013, p. 100). e aplicável para os fatos ocorridos durante o seu tempo;
se alei nova é prejudicial, ela não retroage, não alcança
Importante esclarecer que o instituto da abolitio
os fatos passados; desse modo, eles continuam sendo
criminis não ofende a coisa julgada, tendo em vista que
regidos pela lei anterior, mesmo tendo essa lei anterior
a coisa julgada resguarda a garantia do indivíduo frente
já perdido sua vigência; aliás, justamente porque já não
ao Estado e não a pretensão punitiva do Estado contra
está vigente é que se fala em ultra-atividade, ou seja, a
o indivíduo.
lei acaba tendo atividade mesmo depois de ‘morta’)”
Ainda, reconhecendo a abolitio criminis de determinado (GOMES e MAZZUOLI, 2008, p. 126).
crime, isto é, lei posterior revogando a conduta que antes
Deste modo, em se tratando de novatio legis in pejus, é
era tipificada como infração penal, a lei retroage,
inadmissível a sua retroatividade, segundo
atingindo todas as situações que se enquadrem na
posicionamento do Supremo Tribunal Federal: “Fato
abolição, desaparecendo, por conseguinte, todos os
ocorrido antes da vigência da lei. Retroatividade de lei
efeitos penais. Entretanto, os efeitos extrapenais
penal mais gravosa. Inadmissibilidade. (...) A garantia da
(rectius: cíveis, administrativos) não são atingidos pela
irretroatividade da lei penal mais gravosa impõe a
descriminalização da conduta. A propósito, Paulo
aplicação, aos fatos praticados antes da edição da Leinº
Queiroz aconselha que “embora não subsistindo
11.464/07, da regra geral do art. 33, § 2, 'b', do Código
quaisquer dos efeitos penais (v.g. reincidência) persistem
Penal para o estabelecimento do regime inicial de
todas as consequências não penais (civil, administrativo)
cumprimento de pena”. (STF. HC 98365 / SP. Rel. Cezar
do fato, como a obrigação civil de reparar o dano, que
Peluso. 2ª T. Julg. 15/12/2009). E também o STJ: “A
independe do direito penal” (QUEIROZ, 2008, P. 108).
novatio legis in pejus não pode retroagir para prejudicar
o réu atingindo com maior rigor situação fática anterior
à sua vigência (art. 5º, inciso XL da Lex Fundamentalis) ”.
3.2.3 - NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA
(STJ. HC 155024 / RS. Rel. Min. Felix Fischer. T5. DJe
Em se tratando de novatio legis incriminadora, ou seja, 02/08/2010).
uma lei posterior que criminaliza determinada conduta,
aplica-se a regra geral da irretroatividade penal. Segundo
Capez “é a lei posterior que cria um tipo incriminador,
tornando típica a conduta considerada irrelevante penal

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DIREITO PENAL

3.2.5 - NOVATIO LEGIS IN MELLIUS 3.2.6 - APURAÇÃO DA LEI PENAL MAIS BENÉFICA
Finalmente, a quarta hipótese de conflito de lei penal no Para verificar qual a lei penal mais benéfica, em regra, é
tempo é a novatio legis in mellius, vale dizer, ocorre possível a sua verificação hipoteticamente. Quando
quando a lei posterior que traz um benefício, de certa ambas as leis penais (anterior e posterior) forem de fácil
forma, para o agente do fato (a lei nova beneficia a constatação naquilo em que houve o favorecimento ao
situação do acusado). Rene Ariel Dotti leciona que “O agente, aplica-se desde logo a mais vantajosa ao réu. É o
advento de uma lei nova poderá beneficiar o agente não que ocorreu, por exemplo, com o crime de “porte ilegal
apenas quando descriminaliza o fato anteriormente de drogas para consumo próprio” do art. 16, da Lei nº
punível, mas quando institui uma regra de Direito Penal 6368/76 revogada pelo artigo 28 da Lei nº 11.343/06 (lex
que: a) altera a composição do tipo de ilícito; b) modifica mitior), que foi possível a verificação literal da lei mais
a natureza, a qualidade, a quantidade ou a forma de benéfica.
execução da pena; c) estabelece uma condição de
Todavia, em casos mais complexos, “Não basta a
punibilidade ou processabilidade; d) de qualquer outro
comparação, em abstrato, de duas leis penais, para
modo é mais favorável” (DOTTI, 2010, p. 343).
descobrir-se qual é a mais benéfica. Elas devem ser
O Supremo Tribunal Federal tem julgado da mesma comparadas em cada caso concreto, apurando-se quais
forma: “Novatio legis in mellius que, em razão do seriam os resultados e consequências da aplicação de
princípio da retroatividade da lei penal menos gravosa, uma e de outra” (DELMANTO, 2010, p. 85). Nesses casos,
alcança a situação pretérita do paciente, beneficiando-o é necessário que o julgador verifique, no caso concreto,
(...). Por se tratar de novatio legis in mellius, nada impede comparando-a, nas leis questionadas, qual será a mais
que, em razão do princípio da retroatividade da lei penal benéfica ao acusado. Persistindo a dúvida, a doutrina
menos gravosa, ela alcance a situação pretérita do tem entendido que se deve perguntar ao acusado,
paciente, beneficiando-o”. (STF. HC 114149 / MS . Rel. aconselhado pelo seu defensor, qual das leis lhe parece
Dias Toffoli. 1ª T. Julg em 13/11/2012). ser a mais favorável (Neste sentido: Sanches, Hungria,
Delmanto e Bacigalupo). Damásio finaliza que “nos casos
Corroborando este entendimento, é o posicionamento
de séria dúvida sobre a lei mais favorável, deve a nova
do Superior Tribunal de Justiça: “A Constituição Federal
ser aplicada somente aos fatos ainda não decididos,
reconhece, no art. 5º inciso XL, como garantia
nada impedindo seja ouvido o réu a respeito” (JESUS,
fundamental, o princípio da retroatividade da lei penal
2006, p. 93).
mais benéfica. Desse modo, o advento de lei penal mais
favorável ao acusado impõe sua imediata aplicação,
mesmo após o trânsito em julgado da condenação.
3.2.7 - LEX MITIOR X VACATIO LEGIS
Todavia, a verificação da lex mitior, no confronto de leis,
é feita in concreto, visto que a norma aparentemente Uma das questões mais importantes desse estudo se
mais benéfica, num determinado caso, pode não ser. refere à incidência da lei penal que se encontra em
Assim, pode haver, conforme a situação, retroatividade vacatio legis. Sancionada, promulgada e publicada uma
da regra nova ou ultra-atividade da norma antiga”. (STJ. lei penal mais benéfica, é possível sua aplicação
REsp 1107275 / SP. Rel. Min. Felix Fischer. T5. DJe imediata? Isto é, antes mesmo de encerrar o prazo da
04/10/2010). sua vacatio, caso existente?
Ocorrendo, portanto, essa novatio legis in mellius, Há duas teorias sobre o assunto. A primeira, seguida por
aplicar-se-á a lex mitior (lei melhor) ao caso concreto, Damásio de Jesus, Guilherme de Souza Nucci e Frederico
retroagindo à data dos fatos. Esse instituto está previsto Marques, defende que não é possível a lei nova abranger
no parágrafo único do artigo 2º do Código Penal e o fato anterior ou concomitante ao período da vacatio.
também não encontra obstáculo à coisa julgada, não Isto é, “a lei penal não possui eficácia jurídica ou social,
havendo que se falar em direito adquirido do jus devendo imperar a lei vigente. Fundamenta-se esta
puniendi estatal. corrente no fato de que a lei no período de vacatio legis
Em suma, a novatio legis in mellius, assim como a abolitio não passa de mera expectativa de lei. Esta é a corrente
criminis, retroage para beneficiar o agente criminoso, predominante” (CUNHA, 2013, p. 104).
aplicando-se de forma imediata aos processos em A segunda corrente, defendida por Rene Dotti, Celso
andamento, sentenciados ou não, e também à execução Delmanto e Alberto Silva Franco, entende que, em se
penal. tratando de lex mitior, deve a lei ser aplicada desde logo,
independentemente se se encontra em vacatio legis ou
não. Isso porque “a lei em período de vacatio não deixa

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

de ser lei posterior, devendo ser aplicada desde logo, se 6368/76: “No plano do agravamento da pena de
for mais favorável ao réu” (DOTTI, 2010, p. 344/345). reclusão, a regra mais nova não tem como retroincidir.
Sendo (como de fato é) constitutiva de política criminal
mais drástica, a nova regra cede espaço ao comando da
3.2.8 - COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS – LEX TERTIA norma penal de maior teor de benignidade, que é
justamente aquela mais recuada no tempo: o art. 12 da
Eis o ápice da aplicação da lei no tempo: é possível a
Lei 6.368/1976, a incidir por ultra-atividade. O
conjugação de leis penais, formando, o que a doutrina
novidadeiro instituto da minorante, que, por força
chama de terceira lei (lex tertia)? Em outras palavras,
mesma do seu ineditismo, não se contrapondo a
pode o julgador utilizar-se de partes de leis diferentes
nenhuma anterior regra penal, incide tão imediata
favoráveis ao réu para aplicação no caso concreto?
quanto solitariamente, nos exatos termos do inciso XL do
Duas são as teorias que respondem essa questão. art. 5º da Constituição Federal” (STF. RE 596152 RG / SP.
Rel. p. Ac. Min. Ayres Britto. Pleno. Julg. 13.10.2011).
A primeira, corrente tradicional, defendida
No mesmo diapasão: “A causa de diminuição de pena
principalmente por Nelson Hungria, Aníbal Bruno,
prevista no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, mais benigna,
Heleno Cláudio Fragoso, Eugenio Raul Zaffaroni, José
pode ser aplicada sobre a pena fixada com base no
Henrique Pierangeli, Costa e Silva, afirma não ser possível
disposto no art. 12, caput, da Lei nº 6.368/76”. (STF. HC
a fusão de leis, isto é, que não é possível dividir a norma
95435 / RS. Rel. p. Ac. Min. Cezar Peluso. 2ª T. Julg.
para aplicar a parte mais benéfica, criando uma terceira
21/10/2008).
lei (lex tertia). Sobre o assunto: “Nessa tarefa deve-se
analisar em separado uma e outra lei, mas não é lícito Sobre as duas correntes, Juarez Cirino perfeitamente
tomar preceitos isolados de uma e outra, mas cada uma resume a combinação de leis sucessivas: “a) posição
delas em sua totalidade. Se assim não fosse, estaríamos tradicional rejeita a combinação de leis sucessivas, sob o
aplicando uma terceira lei, esta inexistente, criada argumento de construção de uma lex tertia, proibida ao
unicamente pelo intérprete” e continua afirmando que “o intérprete; b) posição moderna admite a combinação de
juiz não pode criar uma terceira lei porque estaria leis sucessivas, sob o argumento convincente de que a
aplicando um texto que, em momento algum, teve expressão “de qualquer modo” (art. 2º, parágrafo único,
vigência” (ZAFFARONI e PIERANGELI, 2004, p. 219/220). CP) não conhece exceções” (SANTOS, 2011, p. 26/27).
O Superior Tribunal de Justiça corrobora com este
entendimento (HC 124782 / ES, RHC 22407 / PR).
3.2.9 - CRIME CONTINUADO E CRIME PERMANENTE
Por outro lado, a corrente moderna, da qual fazem parte
Basileu Garcia, Damásio de Jesus, Frederico Marques, Em se tratando de crime continuado (ou continuidade
Celso Delmanto, Cezar Roberto Bitencourt, Rene Ariel delitiva, art. 71, do Código Penal) ou de crime
Dotti, Bustos Ramirez, Francisco de Assis Toledo e permanente (cuja consumação se prolonga no tempo), a
Magalhães Noronha, admite a combinação de leis regra é que se aplica a lei mais nova, ainda que maléfica
favoráveis ao réu, sob o fundamento de que o juiz não ao acusado. Portanto, havendo a modificação da lei
cria uma terceira lei, mas apenas efetua uma integração quando ainda em prosseguimento a prática de crime
das normas, pois, quem pode aplicar o todo, pode aplicar continuado ou permanente, a lei nova é aplicada a toda
somente uma parte dela. A propósito, Damásio disserta a série de delitos praticados (caso seja crime continuado)
que “Se o juiz pode aplicar o todo de uma ou de outra lei ou para o crime permanente.
para favorecer o sujeito, não vemos por que não possa
Neste sentido, o Supremo Tribunal Federal editou a
acolher parte de uma e de outra para o mesmo fim,
súmula 711: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime
aplicando o preceito constitucional. Este não estaria
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é
sendo obedecido se o Juiz deixasse de aplicar a parcela
anterior à cessação da continuidade ou da
benéfica da lei nova, porque impossível a combinação de
permanência”. Ao comentar a referida súmula, Roberval
leis” (JESUS, 2006, p. 94/95).
Rocha Ferreira Filho aduz que “o STF discute sobre a
O Supremo Tribunal Federal tem se posicionado aplicabilidade da lei posterior mais gravosa aos fatos
majoritariamente (contra: HC 107583 / MG, HC 96844 / praticados pelo acusado, responsável pela sequência de
MSeHC 68416 / DF)no sentido da possibilidade da atos do crime continuado ou pelo crime permanente.
combinação das leis, quando houver ineditismo penal, Conforme o entendimento [da] Corte, se o agente
conforme julgamento do Recurso Extraordinário em permaneceu na prática de crimes (crime continuado) ou
Repercussão Geral, em que analisou a minorante do art. permaneceu na prática delituosa (crime permanente),
33, § 4º da Lei n. 11.343/06 em conjunto com a Lei n. mesmo após edição de lex gravior, a aplicação da pena

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, ainda que continuidade normativo-típica, a impor a manutenção de
sofra maior punição pelo crime”. (FERREIRA FILHO, 2009, condenações dos que infringiram tipos penais da lei
p. 228). revogada quando há, como in casu, correspondência na
lei revogadora” (STF. HC 106155 / RJ. Rel. p. Ac. Min.
No caso de crime continuado, o Superior Tribunal de
Luiz Fux. 1ª T. Julg. 04/10/2011).
Justiça assim decidiu: “Caracterizada a continuidade
delitiva, a aplicação da Lei 11.343/06, mesmo quando Ainda, no campo jurisprudencial, o Superior Tribunal de
mais gravosa ao sentenciado, mostra-se adequada, já Justiça tem entendido que não houve abolitio criminis
que a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em em relação ao crime de atentado violento ao pudor:
vigor da novel de legislação de drogas. Enunciado “Diante do princípio da continuidade normativa, descabe
sumular 711 do Supremo Tribunal Federal”. (STJ. RHC falar em abolitio criminis do delito de atentado violento
30851 / GO. Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura. T6. ao pudor, anteriormente previsto no art. 214 do Código
DJe 18/03/2013). E, em relação ao crime permanente, Penal. O advento da Lei n.º 12.015/2009 apenas
vide acórdão do mesmo Tribunal Superior, HC 111120 / condensou a tipificação das condutas de estupro e
DF (Rel. Min. Laurita Vaz. T5. DJe 17/12/2010). atentado violento ao pudor no artigo 213 do Estatuto
repressivo”. (STJ. HC 217531 / SP. Rel. Min. Laurita Vaz.
T5. DJe 02/04/2013). No mesmo diapasão: “O princípio
3.2.10 - PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO- da continuidade normativa típica ocorre quando uma
TÍPICA norma penal é revogada, mas a mesma conduta
continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a
Aplica-se o princípio da continuidade normativo-típica
infração penal continua tipificada em outro dispositivo,
quando uma lei é revogada, porém, a conduta ainda
ainda que topologicamente ou normativamente diverso
continua incriminada em outro dispositivo legal, não
do originário”. (STJ. HC 204416 / SP. Rel. Min. Gilson
ocorrendo, nessa hipótese, a abolitio criminis.
Dipp. T5. DJe 24/05/2012).
Sobre o assunto, Rogério Sanches Cunha diferencia
Assim, pelo princípio da continuidade normativo-típica
ambos os institutos: “A abolitio criminis representa
não há supressão do conteúdo penal, isto é, da conduta
supressão formal e material da figura criminosa,
incriminadora, inexistindo abolitio criminis. O que ocorre
expressando o desejo do legislador em não considerar
é uma migração do conteúdo da norma penal para outro
determinada conduta como criminosa. É o que aconteceu
tipo penal, havendo apenas a revogação formal do
com o crime de sedução, revogado, formal e
artigo, permanecendo, porém, o fato típico.
materialmente, pela Lei nº 11.106/2005” E prossegue “O
princípio da continuidade normativo-típica, por sua vez,
significa a manutenção do caráter proibido da conduta,
3.3 - TEMPO E LUGAR DO CRIME
porém com o deslocamento do conteúdo criminoso para
outro tipo penal. A intenção do legislador, nesse caso, é Há três correntes quanto à determinação do momento
que a conduta permaneça criminosa” (CUNHA, 2013, p. da prática do crime (tempus delicti). São elas: a) da
106). atividade; b) do resultado e c) mista.
Neste raciocínio tem decidido o Supremo Tribunal Para a teoria da atividade, também chamada de teoria
Federal, aplicando o princípio da continuidade da ação, considera-se o momento do crime quando o
normativa-típica: “Abolitio Criminis. Inocorrência. agente realizou a ação ou a omissão típica. Ou seja,
Princípio da continuidade normativo-típica. Precedentes. considera-se praticado o crime no momento da conduta
(...). 1. A jurisprudência desta Suprema Corte alinhou-se do agente, não se levando em consideração o momento
no sentido de que, nos moldes do princípio da do resultado, se diverso. Essa é a teoria adotada pelo
continuidade normativo-típica, o art. 3º da Lei nº Código Penal, em seu artigo 4º.
9.983/2000 apenas transmudou a base legal de
Cezar Roberto Bitencourt cita algumas exceções à
imputação do crime de apropriação indébita
teoria adotada. Ensina que “o Código, implicitamente,
previdenciária para o Código Penal (art. 168-A), não
adota algumas exceções à teoria da atividade, como,
tendo havido alteração na descrição da conduta
por exemplo: o marco inicial da prescrição abstrata
anteriormente incriminada na Lei nº 8.212/90. (...)” (STF.
começa a partir do dia em que o crime consuma-se; nos
AI 804466 AgR / SP. Rel. Min. Dias Toffoli. 1ª T. Julg.
crimes permanentes, do dia em que cessa a
13/12/2011). E também: “A revogação da lei penal não
permanência; e nos de bigamia, falsificação e alteração
implica, necessariamente, descriminalização de
de assentamento do registro civil, da data em que o fato
condutas. Necessária se faz a observância ao princípio da
torna-se conhecido” (BITENCOURT, 2007, p. 172).

14
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

A segunda corrente, denominada como do resultado, do Com relação ao lugar do crime, nosso ordenamento
evento ou do efeito, defende que o momento do crime é jurídico, amparado pelo artigo 6 do código penal,
aquele em que ocorreu o resultado. Deste modo, acolheu a TEORIA DA UBIQUIDADE, que amplia a noção
considera-se praticado o delito no momento em que de lugar do crime para incluir tanto aquele no qual se
ocorre o resultado, o efeito da conduta ilícita. Damásio verifica a conduta do agente, como aquele no qual se
leciona que “Não é de aceitar-se a teoria do evento, verifica o resultado naturalístico (nos crimes em que é
principalmente quando a ação ocorre antes de entrar em exigido) ou ainda do bem jurídico violado.
vigor uma lei que define um crime ex novo e o resultado
Qual a vantagem da aplicação do princípio da
se produz no período de sua vigência. Se a conduta é lícita
Ubiquidade?
perante o ordenamento jurídico, lícito é o resultado,
ainda que ocorra sob a eficácia da lei nova que define o
fato (conduta e evento) como crime. Mesmo que a ação 1º vantagem: atingir os crimes a distância. (a
ocorra durante o lapso da vacatio e o resultado após a criminalidade hoje na modernidademuitas vezes é
entrada da lei em vigor, a solução é a mesma: o fato se feita por meios virtuais, tais como crimes da
considera cometido ao tempo da lei antiga, que não o internet. Exemplo recente foi um Estelionato via
considerava crime, aplicando-se o princípio da reserva internet onde a fraude foi feita no Brasil e o
legal” (JESUS, 2006, p. 104). resultado/prejuízo foi em Portugal).
A última corrente (mista, ubiquidade ou unitária) A teoria da ubiquidade como considera o lugar do
sustenta que o tempo do crime é o da ação ou da crime tanto o lugar da ação ou omissão ou onde
omissão quanto o do resultado. Assim, conforme produziu o resultado, acaba ampliando o conceito
ensinamento de Régis Prado “o tempo do crime pode ser extensivo do crime.De modo que nesse cenário a
tanto o da ação como o do resultado” (PRADO, 2010, p. lei vai ser aplicada, independente onde ocorreu
46). aconduta ou o resultado.
3.3.1 - RETROATIVIDADE DA LEI INTERPRETATIVA E DA 2º vantagem: Evita-se o inconveniente do conflito
JURISPRUDÊNCIA negativo de jurisdição. Se o localque ocorreu a
Para encerrar o estudo sobre lei penal no tempo, será conduta, no caso o Brasil tivesse aplicado a teoria
respondida a seguinte questão: É possível a do resultado, “teríamos que aplicar” a lei de
retroatividade da lei interpretativa e da jurisprudência? Portugal, porém se Portugal aplicasse a lei da
atividade, ficaríamos com um vácuo de jurisdição
No caso da lei interpretativa, Nelson Hungria entende porque nem Brasil nem Portugal aplicariam a sua lei
que as leis interpretativas não podem retroagir em (conflito negativo de jurisdição).
desfavor do réu. Contudo, para Frederico Marques e
Fernando Capez, a interpretação autêntica não cria nem
inova o ordenamento jurídico, por isso, deve ser aplicada Lugar do crime: teoria da ubiquidade (CP) ou do
de forma ex tunc. A lei interpretativa “limita-se a resultado (CPP)?
estabelecer o correto entendimento e o exato alcance da
Muitas vezes, ao se analisar os dispositivos contidos
regra anterior, que já deveriam estar sendo aplicados
em nossa legislação (sejam de direto material ou
desde o início de sua vigência” (CAPEZ, 2007, p. 61).
processual), verifica-se que há regras
Em relação á retroatividade da jurisprudência, o aparentemente distintas e contraditórias, o que
entendimento majoritário, segundo Rogério Sanches fatalmente acarreta uma série de dúvidas aos
Cunha, é da impossibilidade de retroação. Isto é, operadores do Direito, sem falar ainda dos
mudando o entendimento jurisprudencial, salvo se se estudantes do bacharelado e dos concursos
tratar de recurso repetitivo, controle de públicos.
constitucionalidade ou de súmula vinculante, não há que
Com efeito, dispõe o artigo 6º do CP que:
se falar em irretroatividade. A propósito, “não se pode
considera-se praticado o crime no momento da
negar a possibilidade de retroatividade (benéfica) da
ação, ou da omissão, no todo ou em parte, bem
jurisprudência quando dotada de efeitos vinculantes
como onde se produziu ou deveria produzir-se o
(presente nas súmulas vinculantes e decisões em sede de
resultado.
controle concentrado de constitucionalidade) ”. (CUNHA,
2013, p. 110). Já o artigo 70 do CPP, diz que a competência será,
de regra, determinada pelo lugar em que se
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo

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DIREITO PENAL

lugar em que for praticado o último ato de execução. A adoção da Teoria da Ubiquidade implica o
entendimento de que o lugar do crime tanto
Pois bem, está caracterizada a aparente antinomia na
pode ser o Brasil, como o Paraguai.
área penal, em tema de lugar do crime. O CP diz que
deve se considerar, como local onde praticada a Ressalte-se, aqui, que outro não poderia ser o
infração penal, o lugar onde tenha o agente entendimento possível, uma vez que a soberania
praticado o crime, bem como onde o resultado se dos países deve ser respeitada. No caso do Brasil,
produziu(consumação) ou deveria ter se produzido basta um único ato de execução ser praticado em
(tentativa). O CPP por outro lado, diz que o local do nosso território, ou então, que o resultado venha
crime será o da consumação, ou então, do último ato aqui ocorrer (ou que deveria ocorrer, caso crime
praticado quando tratar- se de crime tentado. tentado). Vale, neste caso, ler com atenção os
parágrafos 1º e 2º do artigo 70 do CPP
Como proceder para encontrar o devido
esclarecimento e, assim, identificar corretamente Ainda em relação ao CP, torna-se mais clara a
qual o local responsável pela apuração do delito? regra contida no artigo 8º : supõe-seque a vítima
Antes de tudo, torna-se fundamental o estudo de três tenha sido alvejada com tiros no Paraguai e falece no
teorias que regem a matéria em pauta, a saber: Brasil. O Paraguai tem soberania para apurar o crime
e condenar o réu. A pena eventualmente aplicada,
1) Teoria da Atividade (ou da Ação): lugar do
ainda que com trânsito em julgado lá, não impede
crime é aquele em que foi praticada a conduta
que o Brasil instaure o devido processo penal,
(ação ou omissão) ;
inclusive condenando também o réu. Não obstante,
2) Teoria do Resultado (ou do Evento): para essa o cumprimento da pena deverá ser comparado com
teoria não importa o local da prática da conduta, mas o do estrangeiro e, assim, seguir-se-á a regra contida
sim, o lugar onde se produziu ou deveria ter se do referido artigo 8º do CP. (atenuação ou
produzido o resultado do crime (adotada pelo art. 70º cômputo).
do CPP);
3) Teoria da Ubiquidade (ou mista): é a fusão
Volta-se agora a uma breve análise da disposição do
das duas anteriores. Lugar do crime étanto aquele
CPP
em que se produziu (ou deveria ter se produzido) o
resultado, bem comoonde foi praticada a ação ou O artigo 70, do CPP, conforme visto, traz
omissão. (Adotada pelo art. 6º do CP). notadamente em seu bojo a Teoria do Resultado e,
tal opção, em nada conflita com o CP Isso porque,
Ainda assim há que se atentar para o fato de que
como visto, o critério do CP é apenas residual,
essa teoria, trazida pelo CP, somente se aplica aos
somente para os crimes à distância. Nos demais, a
chamados crimes à distância, isto é, aqueles em que
regra geral é a de que o local do crime será onde
a conduta criminosa é praticada em um país, e o
ocorreu o resultado, ou onde deveria ter ocorrido.
resultado vêm a ser produzido em outro.
Ou seja, aplica-se a Teoria do Resultado aos crimes em
Cuidado: ao contrário do que enganosamente possa
geral, salvo:
parecer, crimes à distância não são os delitos que
ocorrem em diversas comarcas. Exige-se, a) Crime de homicídio (doloso ou culposo): em
necessariamente, pluralidade de países. que pese ser a regra geral o lugardo crime onde a
vítima faleceu, tem-se que, nos crimes plurilocais
Desta feita, a regra do artigo 6º do CP, aplica-se
(conduta em uma comarca e resultado na outra), o
a situações em que a prática docrime começa em
entendimento pacífico de nossa jurisprudência é o de
um país e termina em outro. Vale dizer, pode a ação
que o juízo natural para analisar o caso será o
criminosa começar no Brasil e terminar em outro; ou
local onde o crime de homicídioexteriorizou seus
começar em outro país e terminar no Brasil.
efeitos, vale dizer, onde provocou impacto na
A título de exemplo, imagina-se a clássica hipótese sociedade.
em que o agente desfere dois tiros na vítima em solo
b) Lei 11.101/05 (Lei de Falências): só há interesse
brasileiro, sendo que esta atravessa a Ponte da
do examinador quando forem praticados crimes
Amizade e vem a falecer no Paraguai.
falimentares em diversas comarcas e, então, o juízo
natural será odo local onde o juiz cível decretar a
falência ou homologar o plano de recuperação
judicial ou extrajudicial, pouco importando onde

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DIREITO PENAL

tenham sido praticados os crimes – daíchamar-se de lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
juízo universal, detentor da vis atractiva. isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa; contravenção, a infração penal a
c) Lei 9.099 /95 (JECRIM): lugar do crime será onde foi
que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples
praticada a infração.
ou de multa, ou ambas, alternativa ou
d) Estelionato mediante emissão de cheque cumulativamente”.
sem suficiente provisão de fundos:só há interesse
Para melhor entender as principais características de
nas provas quando o cheque é emitido em uma
cada um trazemos um quadro ilustrativo.
cidade e sacado em outra. O lugar do crime será o
do local do banco sacado.
e) Estelionato mediante cheque falsificado: como
o cheque é falso, não há que se falar em agência. O
local é onde se deu efetivamente o prejuízo
(observação: caso o agente tenha hackeado o
computador da vítima, será o local onde ela tem
conta, e não da residência dela).
f) Crime formal: são compreendidos como sendo
aqueles em que não se faz necessária a ocorrência de
um resultado naturalístico para sua consumação,
bastando a conduta do agente. Caso ocorra o
resultado, tem-se o exaurimento do crime, mero
indiferente penal. Assim, se o agente extorquir a
vítima na cidade de São Paulo, combinar de receber o
dinheiro no Rio de Janeiro, o lugar do crime será São
Paulo, posto ali ter se consumado a infração.
4 – DO CRIME Ao entender o conceito de infração Penal e uma breve
Infração Penal é toda conduta ilícita que se adéqua ao explicação sobre a diferença entre, crime e
texto penal punitivo, ou seja, um crime ou contraversão contravenção penal, podemos discorrer sobre os
penal. Esta conduta comissiva ou omissiva, que deve elementos necessários para o crime. Qual sejam
estar almejado com a tipicidade, com o dolo ou culpa e Tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade.
para a alguns, renomados doutrinadores que defendem
a culpabilidade.
4.1 – ELEMENTOS DO CRIME
O Código Penal Brasileiro adota o sistema dualista ou
binário. Prevê a infração penal como gênero, já as
espécies são o crime e a contraversão penal. É FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
interessante ressaltar que delito é sinônimo de crime.
Não foi descrito um tipo de conduta específica para o Conduta Estado de Imputabilidade
delito, desta maneira o uso da palavra delito e crime necessidade
tem o mesmo significado, para o ordenamento jurídico
Tipicidade Legítima defesa Potencial
brasileiro.
consciência da
O sistema dualista é chamado assim, pois são duas as ilicitude
espécies, o crime e a contravenção penal, essas duas
Relação de Estrito Exigibilidade de
fazendo parte do todo, do gênero infração penal.
causalidade cumprimento condutadiversa
A contravenção penal que já foi alvo de muitas questões do deverlegal
de concurso por sua vez tem uma descrição própria que
trás alguns sinônimos são; crime anão, crime Resultado Exercício Regular
vagabundo e delito liliputiano. de Direito

Contraversão penal vem descrita na Lei de Introdução


ao Código Penal (decreto-lei n. 2.848, de 7-12-940) em
seu “Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a

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DIREITO PENAL

Em geral a doutrina divide o crime em 3 fases: fato reflexos ou coação física irresistível. O caso fortuito e a
típico, ilícito e culpável (teoria tripartite - força maior são os casos em que não há previsibilidade
majoritária) além de ser inevitável, não estando no alcance da
vontade humana. Os atos ou movimentos reflexos são as
reações motoras causadas excitação dos sentidos, em
4.1.1 – FATO TÍPICO que determinada ação é realizada sem a vontade do
agente, como o sonambulismo ou hipnose. A coação
O fato típico é a ação humana que se adequa
física irresistível e quando o indivíduo não tem liberdade
especificamente ao elemento descrito na lei penal. Ao
em suas ações sendo forçado fisicamente a realizar uma
contrário, se encontra o fato atípico que é a conduta que
ação. (MASSON, 2015).
não preenche os requisitos descritos no tipo penal. O
fato típico é fundamental para a criação de um crime, O segundo elemento do fato típico é o resultado. Pode
devendo ele ser observado primeiramente para só ser encontrada a nomenclatura evento como sinônimo
depois serem observados os outros elementos do crime, de resultado, embora tenham significados diferentes
pois sem ele não há uma conduta que necessite da tutela podem assim ser, mas no direito brasileiro existe a
do direito penal. O fato típico tem seus elementos preferência pela palavra resultado. O resultado nada
necessários, para que na falta de um deles a conduta seja mais é do que a modificação no mundo exterior, causada
considerada atípica, sendo eles a conduta, o resultado, a pela conduta de um indivíduo. Embora a própria conduta
relação de causalidade ou nexo causal e a tipicidade. já faça tal mudança, o resultado é a transformação criada
(DAMÁSIO, 2013). pela conduta com seus efeitos.
A conduta é o primeiro elemento do fato típico, e pode O resultado pode ser dividido em duas espécies, jurídico
ser considerada a ação e comportamento humano. No ou normativo. O resultado jurídico é toda a lesão ou
direito penal brasileiro a conduta é exclusiva de pessoa perigo de lesão de um bem juridicamente tutelado pela
física e não de pessoa jurídica, não podendo essa realizar lei, ou seja, é a mera desobediência a lei penal que vai
infração penal, salvo contra os crimes ambientais, em gerar o resultado. O resultado naturalístico, também
que a pessoa jurídica pode ser polo ativo de uma conduta chamado de material, é a mudança no mundo exterior
delituosa. A conduta humana pode ser tanto ativa causada pela conduta do agente. Toda infração penal
comissiva quanto passiva, enquadrando-se ainda em tem resultado jurídico, pois sempre há um bem jurídico
dolosa ou culposa. (GRECO, 2011). que está sendo violado, mas nem sempre tem o
resultado naturalístico que é derivado de um crime
A segunda teoria criada para definir a conduta foi a
material. (MASSON, 2015).
finalista. Seu principal idealizador foi Welzel, tem como
alicerce a ideia de que o homem é um ser consciente e O terceiro elemento do fato típico é o nexo causal. É a
responsável pelas suas ações, por isso o direito não pode ligação entre a conduta realizada pelo sujeito e o
interferir em determinados atos causais, mais apenas nas resultado que foi gerado pela ação, ou seja, só se pode
ações especificas que levavam a um fim. Para o finalismo imputar sanção a uma pessoa se ela tiver gerado o
a conduta é uma atitude humana, consciente e resultado. O ordenamento jurídico brasileiro aderiu a
voluntária destinada a um final. A conduta comissiva ou teoria da conditio sine qua non, também chamada de
omissiva pode ser tanto contraria como conforme o teoria da equivalência dos antecedentes, em que a ação
ordenamento jurídico, a depender do elemento comissiva ou omissiva será considerada, sendo que sem
subjetivo, sendo o dolo ou a culpa. (MASSON, 2015). ela o resultado não aconteceria. Através dessa teoria
deve-se analisar o crime do resultado para trás, para se
As condutas podem ser comissivas ou omissivas. As
chagar no que o causou. (DAMASIO, 2013).
comissivas, também chamada de ação é o movimento
humano que gera alguma mudança no mundo externo, a Conquanto tudo que acontecer para o delito possa ser
omissão em contrapartida é toda falta de ação tido como causa, sendo esta superveniente e, por conta
necessária que desencadeia uma mudança no mundo própria criou o resultado, não poderá ser imputado ao
externo. Além disso, as condutas podem ser classificadas sujeito, visto que a ocorrência do fato não está ao
em dolosas ou culposas. O dolo é toda vontade humana alcance do agente causador. Para essas situações o
geradora de um resultado, enquanto a culpa a falta de código penal acolheu a teoria a teoria da causalidade
uma vontade que gerou o resultado por imprudência, adequada, não mais a da equivalência dos antecedentes.
negligência ou imperícia. (GRECO, 2011). (MASSON, 2015).
Existem, ainda, hipóteses da exclusão da conduta, sendo Nos crimes classificados como de mera conduta ou os
elas o caso fortuito e a forca maior, atos ou movimentos formais, em que não necessita da existência do

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DIREITO PENAL

resultado, não há o nexo de causalidade, pois este só que fere ou põe em perigo de lesão algum bem jurídico
ocorre como ligação entre a causas e o resultado. Se tais tutelado, ou seja, não basta que uma conduta esteja
delitos não encontram resultado obviamente haverá perfeitamente enquadrada ao tipo penal, mas necessita
relação causal. (DAMASIO, 2013). que essa ação tenha relevante valor jurídico em
obediência ao princípio da intervenção mínima.
Existem as causas dependentes e independentes no nexo
(MASSON, 2015).
causal. As causas dependentes são todas as que tiveram
relação direta com o agente e o resultado, ou seja, a A adequação típica é o método pelo qual se conecta a
causa dependente não elimina o nexo causal, pois conduta do agente com o modelo descrito em lei, e a
depende da ação do sujeito, existindo dependência entre adequação típica pode se dar de duas formas, imediata
os fatos, sendo que sem um o outro também não e mediata. A tipicidade imediata é aquela que se
aconteceria. Já nas causas independentes não há relação enquadra diretamente no tipo penal, não necessita de
causal entre o agente que realiza a ação com o resultado outros recursos para que seja adequada a tipicidade. Já
gerado, pois este se deu de maneira isolada, a tipicidade mediata é aquela que exige recursos,
independente e de forma inesperada. (MASSON, 2015). geralmente encontrados na parte geral do código penal.
É o que ocorre com a tentativa, em que acontece uma
As causas absolutamente independentes são aquelas
ampliação temporal sendo analisado o período
que desvinculam completamente a ação ou omissão
antecedente a consumação, também encontrada na
realizada pelo agente com o resultado, senso a própria
participação, que busca não só o autor mas todos que
causa criadora do evento. As causas independentes
tiveram relação com o fato, e também nos crimes
absolutas podem ser subdivididas em três, sendo elas
omissivos impróprios, que busca aqueles que devendo
preexistentes, concomitantes ou supervenientes. As
agir não o fizeram. (BITENCOURT, 2015).
preexistentes, também chamada de estado anterior é
aquela que existe antes da ação delituosa, ou seja,
mesmo sem a interferência do agente o resultado ia se
4.1.2 – ILICITUDE
concretizar. A concomitante por sua vez se dá no mesmo
momento da ação do sujeito ativo do crime, o resultado Ilicitude é a contrariedade de uma ação praticada por
ocorre de forma inesperada juntamente com a ação do alguém em relação ao ordenamento jurídico, colocando
agente. Já a superveniente ocorre depois da ação do em risco os bens jurídicos penalmente tutelados. Pode-
agente, mas o seu resultado não tem relação com a ação se entender a antijuridicidade como a tipicidade, pois
empregada pelo sujeito. (MASSON, 2015). qualquer ato tipificado em lei também é ilícito. A ilicitude
Já as causas relativamente independentes ocorrem pode ser formal, quando o fato praticado contraria o
justamente pela ação do agente. A preexistente, a ordenamento jurídico, como material ou substancial,
agente prática primeiramente a ação que leva a um quando o conteúdo da ação delitiva analisa o
resultado, e a concomitante, que juntamente com a comportamento sob o aspecto social. (GRECO, 2013).
causa independente gera um resultado, o agente Em face da recepção da teoria da tipicidade como indício
responderá pelos atos já praticados, respeitando a teoria de ilicitude, quando exercido o fato típico se prevê a
da equivalência dos antecedentes. A causa característica ilícita. Mas essa presunção é relativa, pois
superveniente relativamente independente pode se dar um fato típico pode ser considerado lícito, desde que
de duas formas, em que produzem o resultado por si só, esteja amparado pelas causas de excludente de ilicitude,
respondendo o agente pelos atos já praticados, e os que que são a legitima defesa, o estado de necessidade, o
não produzem por si só, adendo a teoria da causa estrito cumprimento do dever legal, e o exercício regular
adequada, é quando a causa não é mais fato que criou o de um direito. (MASSON, 2015).
resultado, mas passa a ser unicamente a conduta
O estado de necessidade é o a primeira excludente de
própria. (MASSON, 2015).
ilicitude, ou seja, o agente cometendo um fato típico
O quarto elemento do fato típico é a tipicidade. ainda assim não comete um crime pois esse fato típico
Tipicidade nada mais é do que a adequação de uma não é ilícito. O estado de necessidade é um conflito entre
conduta humana com relação a lei, se encaixados todos dois bens jurídicos, em que um deverá se sobressair
os itens comuns entre o fato no mundo real com o que a mesmo cometendo uma ação delituosa, amparado pela
lei descreve haverá a tipicidade, que pode ser dividida excludente em tela. O estado de necessidade busca
em duas formas. Tipicidade material é toda ação humana proteger um bem jurídico pessoal ou de terceiros, desde
que se adequa ao modelo descrito no tipo penal. A que tal bem ameaçado seja de inferior ou igual valor, e
tipicidade material, por sua vez é toda a conduta humana

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DIREITO PENAL

que também não tenha provocado a situação danosa. pelo estado de necessidade deve estar em conformidade
(GRECO, 2013). com a lei, e para isso cria um feliz exemplo a respeito:
O estado de necessidade é amparado por duas teorias, O condenado a morte não poderá invocar estado de
sendo elas a unitária e a diferenciadora. A unitária utiliza necessidade para praticar alguma conduta lesiva contra
o estado de necessidade justificante, que exclui a o executor da morte, visando salvar sua própria vida
antijuridicidade independentemente do valor do bem que, nesse caso, já não se acha juridicamente
sacrificado, ou seja, se os direitos em conflito forem do protegida. (GOMES, p. 206).
mesmo porte ainda assim será excluída toda a ilicitude
Não ter provocado o perigo dolosamente. Quem pratica
do fato. Em contrapartida a teoria diferenciadora,
uma ação dolosa com resultado gerador de perigo não
adotada na Alemanha, utiliza o estado de necessidade
pode alegar estar amarado pelo estado de necessidade
exculpante, que se preocupa em diferir a importância
mais será responsabilizado por todo e qualquer dano
dos bens conflitantes para aplicação da lei de forma
que sua ação venha a ter gerado inclusive a que lhe gerar
distinta, isto é, caso o bem jurídico sacrificado seja de
riscos e para extingui-los tenha praticado mais ações
menor valor haverá a exclusão da antijuridicidade, mas
delitivas. Terceiro que age em estado de necessidade de
se os direitos forem de mesma amplitude não haverá a
terceiro que tenha causado o perigo responde por suas
exclusão da ilicitude, esta permanecerá, será excluído
ações, desde que tenha ciência de que tal pessoa criou
apenas a culpabilidade, em relação a aplicação da pena.
aquela situação, pois se não tiver tal ciência estará
(GOMES, 2004).
amparado pela excludente de ilicitude, pois fica evidente
O Brasil recepcionou a teoria unitária uma vez que o sua ação de boa-fé. (GOMES, 2004).
atrigo 23 do código penal entendeu o estado de
A inevitabilidade do comportamento lesivo deve existir,
necessidade unicamente como exclusão da
pois o sacrifício do direito alheio deve ser a última opção
antijuridicidade, salvo em relação ao código penal
necessária para salvar direito próprio, não existindo
militar, em seus artigos 39 e 45, que acolheu a teoria
qualquer outra maneira de fazê-lo. A proporcionalidade
diferenciadora. O estado de necessidade também exige
também é fundamental para que esteja configurado o
certos requisitos para que seja valido, sendo eles o perigo
estado de necessidade, pois não há que se falar em
atual ou iminente, direito próprio ou alheio, não ter
estado de necessidade quando o bem jurídico protegido
provocado o perigo, inevitabilidade do comportamento
é de menor valor que o bem sacrificado, o que pode
lesivo, proporcionalidade, aspecto subjetivo. (GOMES,
acontecer nesses casos é a simples redução facultativa
2004).
de um a dois terços. (GOMES, 2004).
O perigo atual ou iminente quer dizer que o agente só
O aspecto subjetivo é quando o agente tem a consciência
estará amparado pelo estado de necessidade se o perigo
de ter agido para salvar direito próprio ou alheio.
estiver no presente, pois se o risco ocorrer
Faltando algum desses critérios não estará formalizada a
posteriormente ou futuramente não há que se falar em
excludente de ilicitude em tela. Também não há que se
estado de necessidade. O código penal diz respeito
falar em estado de necessidade quando o agente tem o
apenas ao perigo atual, tendo alguns doutrinadores que
dever legal de agir, a pessoa que diante da lei tem
entendem não poder ser exercido o estado de
obrigação de enfrentar o perigo, a exemplo o bombeiro,
necessidade de perigo que iminente, ou seja, que está
o que não se confunde com dever jurídico, que poderá
prestes a acontecer mais ainda não aconteceu. Por outro
exercer o estado de necessidade. (GOMES, 2004).
lado, a doutrina majoritária entende que não já justiça
em ter o agente que esperar o perigo iminente se tornar Legitima defesa é a segunda excludente de
atual, podendo ele agir para proteger seu direito quando antijuridicidade. Ela tem como característica principal, e
o fato está em sua iminência. (DAMASIO, 2013). está intrinsecamente ligada, a injusta agressão, pois é
necessário que haja tal ação para que o agente da
Direito próprio ou alheio diz respeito a quem pode ser
legítima defesa possa agir. Além disso, a legitima defesa
usado o estado de necessidade. O direito próprio,
assim como o estado de necessidade poderá ser para
chamado de estado de necessidade próprio, em sentido
defender direito próprio ou alheio. Também em
amplo é todo bem jurídico tutelado de uma pessoa que
semelhança ao estado de necessidade a legitima defesa
será protegido por estar lesando outro direito de
depende de alguns requisitos para se concretizar.
outrem. O direito alheio salienta que o agente com uma
(DAMASIO, 2013).
conduta típica para proteger direito ou bem de outra
pessoa, chama-se estado de necessidade de terceiros. O requisito subjetivo é a ciência de que o agente está
Entende Luiz Flavio Gomes que o direito a ser protegido agindo para defesa de direito próprio ou alheio. Os
requisitos objetivos são a agressão injusta atual ou

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

iminente, direito próprio ou alheio, uso dos meios estes sejam configurados é necessário que atuem dentro
necessários, moderação no uso dos meios necessários. A das devidas regras técnicas de atuação. (MASSON, 2015).
agressão injusta sempre é resultado de ação humana,
nunca de animais, salvo se usado como mero
instrumento do homem, ou de efeitos da natureza. 4.1.3 – CULPABILIDADE
Direito próprio ou alheio, pois é admitida a legitima
Este elemento é o causador de todo debate a respeito
defesa de terceiro que sofre a agressão injusta, bem
das teorias bipartite e tripartite. Alguns doutrinadores
como sua própria. Uso dos meios necessários, o agente
entendem como sendo este elemento apenas
poderá usar qualquer meio necessário para se defender
pressuposto de pena enquanto outros acham ser um dos
da agressão sofrida. Moderação no uso dos meios
elementos construtivos do crime, visto que sem ele não
necessários pode ser entendida como a
há que se falar em delito.
proporcionalidade da agressão e da defesa.
A culpabilidade é uma a reprovação jurídica causada pela
A legitima defesa tem algumas espécies. A defensiva é
conduta do agente. Para explicá-la surgiram diversas
aquela em que o agente se defende sem cometer
teorias, sendo elas a teoria psicológica, teoria normativa,
qualquer fato típico, enquanto a ofensiva é aquela em
teoria normativa pura, teoria limitada. A teoria
que o agente, para se defender, utiliza fato tipificado
psicológica diz que a culpabilidade tem como elementos
como crime. A legitima defesa putativa é aquela em que
a imputabilidade e o elemento subjetivo, ou seja, dolo ou
o agente acha estar amparado pela excludente de
culpa. A teoria normativa por outro lado entende que a
ilicitude quando na verdade não está. Legitima defesa
culpabilidade tem como requisitos a imputabilidade, o
subjetiva é aquela em que o agente excede na defesa,
elemento subjetivo e a exigibilidade de conduta diversa.
mas que é justificável diante da situação. A legitima
Já na teoria normativa pura, por ser finalista, entende
defesa sucessiva é quando um agente, amparado pela
que o elemento subjetivo deve ficar na conduta,
excludente de ilicitude, começa a exceder em sua ação é
pertencendo a culpabilidade a imputabilidade, potencial
o que inicialmente começou a agressão precisa usar da
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta
legitima defesa. (GOMES, 2004).
diversa. A teoria limitada trás os elementos da teoria
Estrito cumprimento do dever legal é uma excludente de normativa pura além das descriminantes putativas.
antijuridicidade voltada, geralmente para os funcionários (MASSON, 2015).
e autoridades públicas que tem um dever legal de agir.
Também entende Zaffaroni que a estrutura social do
Os funcionários públicos, em alguns cargos, têm a
agente é de suma importância para caracterizar ou não
obrigação de agir utilizando uma conduta típica em lei,
a culpabilidade, explicando essa teoria através de um
mas como também tem o dever de atuar de forma legal
claro exemplo.
então estão amparados pelo exercício regular do direito.
É comum o agente público fazer uso dessa prerrogativa, Se um sujeito de certo grau de instrução e de posição
mas também é possível que um particular esteja social furta um anel numa joalheria, sem que ninguém
amparado por tal excludente, como no caso do advogado o obrigue a isto, ou o ameace, e sem estar mentalmente
que não respondera por falso testemunho, se chamado enfermo, dizemos que esse sujeito podia motivar-se na
para depor contra cliente, pois a lei permite o sigilo entre norma que proíbe furtar, e que lhe era exigível que nela
advogado e cliente. (MASSON, 2015). se motivasse, porque nada o impedia. Por esta razão
lhe reprovamos o injusto, concluindo que sua conduta
Exercício regular de um direito é uma excludente de
é culpável, reprovável. (ZAFFARONI, p.601).
ilicitude que protege os direitos individuais, baseada no
princípio da legalidade. O direito deve ser visto como um Como a culpabilidade determina se o agente, cometedor
todo e por isso não pode haver contradição entre os de fato típico e ilícito, receba a devida punição, é
ramos do direito, o que é proibido no direito penal necessário entender as excludentes de culpabilidade que
também é proibido em qualquer área do direito e vise e são imputabilidade por doença mental,
versa. Por isso existe o exercício regular de um direito, desenvolvimento mental retardado, desenvolvimento
para que em primeira mão seja um fato típico, ainda mental incompleto e embriaguez acidental completa.
assim não será um fato antijurídico, pois facultado ao Ainda pode ser excludente de culpabilidade a potencial
agente exercer tal direito. A exemplo temos, as práticas consciência da ilicitude através do erro de proibição. Por
desportivas como as lutas e procedimentos cirúrgicos último a exigibilidade de conduta diversa personificados
que embora sejam tipificadas como lesão corporal estão através da coação moral irresistível, obediência
sendo realizadas amparada por tal excludente. Para que hierárquica à ordem não manifestamente ilegal.
(MASSON, 2015).

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DIREITO PENAL

A imputabilidade é o primeiro critério a ser examinado moral o agente se vê obrigado por uma pressão moral
na culpabilidade, dela se derivando os outros. Ela pode que lhe causaram, sendo necessário o cometimento da
se dar por doença mental ou desenvolvimento mental ação criminosa. Na obediência hierárquica a ordem não
retardado ou incompleto. O código penal brasileiro manifestamente ilegal, deve existir uma relação de
adotou o critério bi psicológico para analisar tal critério direito público, uma vez que o executor da ação deve ser
não se admitindo, por exemplo, apenas o atestado de inferior ao mandante, nesse caso o agente por ter,
doença mental para que esteja excluída a culpa, mas é perante a lei que obedecer seu superior, será isento de
necessário também que no momento da conduta pena, salvo quando a ordem for manifestamente ilegal,
delituosa o agente não tinha consciência da ilicitude do nesse caso o agente também respondera pela ilicitude
fato. (BITENCOURT, 2015). do fato. (BITENCOURT, 2015).
A imputabilidade em relação a menoridade é, no Brasil,
quando o agente é menor de dezoito anos, não podendo
5 - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA; DESISTÊNCIA
ser-lhe imputado fato criminoso, mas sim ato infracional.
VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ;
A legislação adotou para a menoridade o critério
ARREPENDIMENTO POSTERIOR; CRIME IMPOSSÍVEL.
biológico, pois nesse caso não há que se falar em
conhecimento da ilicitude, mas apenas da idade para Art. 14 - Diz-se o crime:
critério de culpabilidade. Não obstante, a imputabilidade
por embriaguez deve se dar involuntariamente e Crime consumado
completa, pois se for incompleta o agente será I - consumado, quando nele se reúnem todos os
responsabilizado, podendo haver uma redução na pena. elementos de sua definição legal;
Já no caso da embriaguez voluntaria, ou seja, o agente
Tentativa
teve a vontade de ingerir bebida alcoólica ou substância
alucinógena, embora não tenha consciência da matéria II - tentado, quando, iniciada a execução, não se
ilícita de sua conduta ainda assim será responsabilizado. consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
(GRECO, 2013).
Pena de tentativa
A potencial consciência da ilicitude é o segundo requisito
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-
para a culpabilidade, sendo o erro do tipo sua causa de
se a tentativa com a pena correspondente ao crime
exclusão da culpabilidade. Para que o agente responda
consumado, diminuída de um a dois terços.
pela sua conduta, deve ele saber da ilicitude da sua ação,
caso contrário, será excluída sua culpabilidade, pois, não Desistência voluntária e arrependimento eficaz
tinha consciência da ilicitude. Embora o direito brasileiro Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
tenha dito que ninguém pode alegar não saber da lei, a prosseguir na execução ou impede que o resultado se
depender da realidade social do agente o direito penal produza, só responde pelos atos já praticados.
permite que no caso concreto o agente possa ser isento
da pena. O erro do tipo pode se dar de duas formas, o Arrependimento posterior
escusável ou inevitável, que nada mais é do que a Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
impossibilidade do agente saber que determinada ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa,
conduta era criminosa, e o inescusável ou evitável, em até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
que o agente poderia suspeitar que sua conduta poderia voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
ser delitiva, nesse caso não haverá a exclusão da terços.
culpabilidade mas uma redução de pena. (MASSON,
2015). Crime impossível

A exigibilidade da conduta diversa é o terceiro critério Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
adotado para caracterização da culpabilidade, ou seja, absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
para que o agente seja culpável é necessário que ele objeto, é impossível consumar-se o crime.
pudesse realizar outras ações que estivessem a favor do
direito, caso contrário entraria nas excludentes de
culpabilidade, que é o caso da coação moral irresistível e
obediência hierárquica a ordem manifestamente ilegal.
A coação moral irresistível não se confunde com coação
física irresistível, pois esta é excludente da conduta, na

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DIREITO PENAL

5.1 - ESPÉCIES DE TENTATIVA Efeitos - O agente somente responderá pelos atos até
então praticados, se configurar algum delito.

- Tentativa imperfeita ou inacabada: Ocorre quando a


execução do crime é interrompida, ou seja, o agente, por Exemplo: o agente que desiste de prosseguir um roubo
circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a no momento em que iria coletar os bens da vítima,
praticar todos os atos de execução do crime. responderá somente por ameaça, ou lesão, se houver.

- Tentativa perfeita ou acabada: Também conhecida


como “crime falho”. Ocorre quando o agente pratica O arrependimento eficaz é bem parecido com a
todos os atos de execução do crime, mas o resultado não desistência, inclusive estão previstos no mesmo artigo.
se produz por circunstâncias alheias à sua vontade.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
- Tentativa branca ou incruenta: Classificação para os prosseguir na execução ou impede que o resultado se
crimes contra a pessoa; ocorre quando a vítima não é produza, só responde pelos atos já praticados.
atingida.
No arrependimento, o agente já fez tudo o que podia
- Tentativa cruenta: Classificação para os crimes contra a para atingir o resultado, mas resolve interferir para
pessoa; ocorre quando a vítima é atingida, mas o evitar a sua concretização.
resultado desejado não acontece por circunstância
alheia à vontade do agente. Desistência voluntária - O agente não quer mais o
resultado, desistindo voluntariamente da execução do
- Tentativa idônea: É aquela em que o sujeito pode delito, quando podia concluí-la.
alcançar a consumação, mas não consegue fazê-lo por
circunstâncias alheias à sua vontade. É a tentativa Arrependimento eficaz - A execução dos atos já foi
propriamente dita, definida no art. 14, II, do Código concluída, porém o agente, não mais desejando chegar
Penal. ao resultado, age para impedir a consumação.

- Tentativa inidônea: Sinônimo de crime impossível (art. Os efeitos neste, também são os mesmo da desistência,
17) ocorre quando o agente inicia a execução, mas a respondendo o agente somente pelos atos já praticados.
consumação do delito era impossível por absoluta Exemplo: A ministra veneno mortal a seu desafeto.
ineficácia do meio empregado ou por absoluta Concluiu os atos executórios, se permanecer inerte a
impropriedade do objeto material. Nesse caso, não se vítima morre. A, então, se arrepende e ministra antídoto
pune a tentativa, pois a lei considera o fato atípico. em seu desafeto, fazendo cessar os efeitos do mal que
ele próprio causou. Se a vítima não sofrer nenhuma
lesão, A não responderá por nada. Se sofrer, responde
5.2 - DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO somente pela lesão e não por tentativa de homicídio.
EFICAZ; ARREPENDIMENTO POSTERIOR
O arrependimento posterior, está previsto no artigo 16
A desistência voluntária é a desistência no do cp, sendo autoexplicativo.
prosseguimento da execução do crime, feita
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
voluntariamente, respondendo o agente apenas pelos
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa,
atos que já praticou.
até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
terços.
BIZU: Não confundir com tentativa, pois nesta, a
consumação não ocorre por fator alheio à vontade do É a reparação do dano causado ou restituição da coisa
agente. subtraída, nos crimes praticados sem violência ou grave
ameaça, por ato voluntário do agente, até o
recebimento da denúncia ou da queixa.
Desistência voluntária - o agente pode prosseguir, mas
Efeitos-> redução da pena de 1/3 a 2/3
não quer.
Tentativa - o agente quer prosseguir, mas não pode.
BIZU: há crimes em que é possível a extinção da
punibilidade em caso de reparação do dano, como por
exemplo no peculato culposo (art. 312, § 2º). Mas nesses

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DIREITO PENAL

casos, o próprio artigo em que o delito esta tipificado é b) Legítima Defesa (Artigo 25 do Código penal):
quem prevê a causa de extinção.
“Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
6 - EXCLUDENTES DE ILICITUDE E DE CULPABILIDADE.
Para que se aplique a legítima defesa, faz-se necessário
averiguar se existe uma situação de agressão injusta a
6. 1 – CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE direito seu o de outrem, bem como se houve o uso dos
meios necessários para repelir tal agressão.
As excludentes de Ilicitude têm previsão legal no artigo
23 do Diploma Repressivo, sendo elas: ESTADO DE Deve-se lembrar que o excesso do uso de uma
NECESSIDADE, LEGÍTIMA DEFESA, EXERCÍCIO REGULAR excludente de ilicitude é punível, independente de
DO DIEITO E EXTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL, culpa ou dolo (art. 23, Parágrafo Único do CP).
porém, ainda existe a excludente SUPRA LEGAL, como o Exemplo: em uma situação de assalto, a vítima agride o
consentimento do ofendido, sendo esta uma construção assaltante para livrar-se da situação e conseguir fugir.
doutrinária e com amparo na jurisprudência.
A agressão é um crime tipificado. Nessa situação
específica, se for comprovada, pode ser considerada
a) Estado de Necessidade: (Artigo 24 do Código Penal): como causa que exclui a ilicitude do ato.

Art. 24 – “Considera-se em estado de necessidade quem Existe também a situação da legítima defesa putativa e
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não a sucessiva, vejamos:
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo Na legítima defesa putativa, o indivíduo imagina estar
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas em legítima defesa, reagindo contra uma agressão
circunstâncias, não era razoável exigir-se”. inexistente. Trata-se de discriminante putativa: há erro
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha quanto à existência de uma justificante. É o que a
o dever legal de enfrentar o perigo. doutrina chama de erro de permissão ou erro de
proibição indireto, de acordo com os adeptos da teoria
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito limitada da culpabilidade.
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois
terços. Fale-se em legítima defesa subjetiva na hipótese de
excesso exculpante, que se caracteriza quando há erro
Diante de tal situação, para que o agente esteja invencível, posto que, qualquer pessoa, na mesma
amparado pelo estado de necessidade, faz-se necessário situação, e, diante das mesmas circunstâncias, agiria em
preencher os seguintes requisitos: excesso. Trata-se de causa supralegal de inexigibilidade
1 - Existência de um perigo atual ou iminente; de conduta diversa, que exclui, portanto, a culpabilidade.

2 - Bem jurídico próprio ou alheio (bem jurídico Por derradeiro, a legítima defesa sucessiva ocorre
ameaçado); quando há repulsa ao excesso. Em outras palavras, é a
reação contra o excesso injusto.
2 - Situação não provocada voluntariamente pelo agente;
c) Estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
3 - Conhecimento da situação justificante; regular de direito:
4 - Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado; Nesses casos, a exclusão da ilicitude acontece quando o
5 - O conhecimento da situação de fato justificante; ato é praticado por um indivíduo que cumpre um dever
ou exerce seu direito. A aplicação mais comum acontece
Há de ressaltar que, conforme o art. 24, § 1º “Não pode
quando uma pessoa pratica uma conduta em função de
alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal
sua profissão, por exemplo, e no segundo caso podemos
de enfrentar o perigo. ” Ou seja, policiais, bombeiros,
citar o uso de ofendículos como a cerca elétrica em sua
salva-vidas, são alguns exemplos de pessoas que não
residência.
podem alegar o estado de necessidade quando, no
exercício de suas funções, possuíam o dever legal de Assim, a conduta que seria crime, se praticada no dever
enfrentar o perigo. profissional, não será tratada como um crime. Para isso,
é preciso que a obrigação esteja especificada em uma lei.
Do contrário, a ação poderá ser tratada como um ato
ilícito – no caso de estrito cumprimento de dever legal.

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DIREITO PENAL

Assim como nas outras causas excludentes, é importante Em contrapartida, a excludente de culpabilidade
que sejam respeitados os limites previstos na lei, pois os corresponde à ausência de cada um desses elementos –
excessos no ato poderão ser punidos como crime. ou seja, inimputabilidade, ausência de potencial
consciência da ilicitude e inexigibilidade de conduta
Exemplo: um segurança de uma loja que reage a um
diversa.
assalto com arma de fogo.
Nesse caso, por estar cumprindo o dever de proteção
que a profissão exige, a conduta praticada poderá não 6.2.1 - DOENÇA MENTAL OU DESENVOLVIMENTO MENTAL
ser tratada como crime. INCOMPLETO
Como apontamos anteriormente neste artigo, o artigo
6. 2 – CAUSAS EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE 26 do Código Penal define que pessoas que sofram de
alguma doença mental ou tenham o desenvolvimento
O QUE GERA A CULPABILIDADE? A culpabilidade é a mental incompleto não possam ser imputadas por atos
relação subjetiva que liga o autor do crime com o ato penalmente ilícitos.
cometido. É um princípio do direito penal que define
Essa situação, portanto, é uma excludente de
quais são os requisitos que o sujeito que cometeu um
culpabilidade. Entretanto, é importante apontar que o
crime deve preencher para que a culpa do mesmo possa
Código Penal prevê a redução na pena, e não a isenção
ser atribuída a ele.
da mesma, no parágrafo único do mesmo artigo:
Para se definir a culpabilidade de alguém sobre um ato
“Art. 26. Parágrafo único – A pena pode ser reduzida de
ilícito, o agente precisa ser imputável, ter consciência da
um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
ilegalidade da prática e ter a possibilidade de ter agido
de saúde mental ou por desenvolvimento mental
de forma diferente no caso concreto.
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
É importante não confundir esse conceito de “culpa” entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
como contraposto a “dolo”. acordo com esse entendimento”.
A excludente de culpabilidade é uma das situações onde Cabe a análise do caso concreto e do tipo de delito
o sujeito que cometeu um crime é afastado ou excluído cometido para definir se cabe a isenção de pena ou
da culpa de tê-lo cometido. Isso quer dizer que houve um apenas a diminuição da mesma.
ato ilícito e tipificado como tal no Código Penal, mas o
agente que o cometeu não é responsável pela culpa de
tê-lo cometido. 6.2.2 - MENORIDADE PENAL
O excludente de culpabilidade não é diretamente citado A menoridade penal (artigo 27 do Código Penal) também
em nenhum artigo do Código Penal brasileiro, mas o torna o sujeito que cometeu o crime inimputável.
texto do mesmo aponta, em diferentes momentos,
situações que configuram a excludente de culpabilidade, Isso não quer dizer que o mesmo esteja isento de
como o artigo 22, por exemplo: penalidade, mas que o mesmo não sofrerá com as
consequências da pena previstas no Código Penal em si,
“Art. 22 – Se o fato é cometido sob coação irresistível ou mas poderá ser submetido a outras penas, contidas em
em estrita obediência a ordem, não manifestamente legislação específica.
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem”.
Como tal, a culpa é definida por um princípio de 6.2.3 - COAÇÃO OU ORDEM HIERÁRQUICA SUPERIOR
culpabilidade que rege o direito de o Estado punir um A coação ou cumprimento de ordem hierárquica
sujeito por um ato. Conforme a lei penal brasileira e a superior como excludente de culpabilidade está prevista
jurisprudência, a culpabilidade é composta por três no artigo 22 do Código Penal.
elementos:
O mesmo artigo aponta que a responsabilidade pelo ato
1. Imputabilidade; criminoso será aplicada sobre o autor da coação ou da
2. Potencial consciência da ilicitude; e ordem, que será punido de acordo.
3. Exigibilidade de conduta diversa.

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DIREITO PENAL

6.2.4 - EMBRIAGUEZ INVOLUNTÁRIA Assim, não se demonstra razoável exigir que um


empresário deixe de arcar com verbas básicas salariais
A embriaguez, quando causada de forma involuntária, ou que são relevantes à subsistência de seus funcionários,
seja, quando a pessoa torna-se ébria sem conhecimento para recolher um tributo. Evidentemente que tal
do ato que a fez ficar assim, seja por ter consumido droga
sem saber ou por ter sido drogada por terceiro, conforme
aponta o parágrafo 1º do artigo 28 do Código Penal:
“§ 1º – É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento”.
De fato, é interessante notar a sutileza. A embriaguez,
por exemplo, não é excludente de culpabilidade se for
propositalmente causada pelo sujeito, como se vê no art.
28, II, do CP.
colocação não é pacífica e suscita altas discussões.

6.2.5 - NÃO CONHECIMENTO DO ATO ILÍCITO A inexigibilidade de conduta diversa decorre de um


desdobramento de uma das elementares da
Por último, o não conhecimento de que o ato era ilícito culpabilidade que é a exigibilidade de conduta diversa.
no momento em que foi praticado também pode Para uma conduta ser considerada culpável há de ser
configurar em excludente de culpabilidade (artigo 21). exigível conduta diversa, o agente deve ser imputável e
Isto é, falsa percepção da realidade, seja em relação ao ter potencial conhecimento da ilicitude do fato.
comportamento ou ao próprio ilícito. Entretanto, nem
todo erro é excludente de culpabilidade. Existem, além
disso, os chamados erros inescusáveis. Nesse sentido, 7 – IMPUTABILIDADE PENAL
vale a LINDB, no art. 3º: ninguém se escusa de cumprir a Inimputáveis
lei, alegando que não a conhece. O CP também
prescreve, no art. 21, que “o desconhecimento da lei é Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
inescusável”. mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
É claro que, para se fazer tal afirmação, deve-se inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
considerar a cultura, o conhecimento, a classe social, a ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
ocupação e vários outros fatores do sujeito, além de
também se levar em consideração que tipo de crime foi Redução de pena
cometido. Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
6.2.6 - INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. retardado não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
A causa supralegal mais difundida do excludente de
esse entendimento.
culpabilidade é a inexigibilidade de conduta diversa.
Isso significa que na circunstância em que o crime Menores de dezoito anos
ocorreu não se poderia exigir que o sujeito adotasse
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são
outro comportamento sem ser o de praticar o delito. Esta
penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
excludente supralegal é bastante utilizada quando um
estabelecidas na legislação especial.
sujeito pratica uma apropriação indébita previdenciária
para pagar salário de seus funcionários quando sua Emoção e paixão
empresa está em situação pré-falimentar. Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a
emoção ou a paixão; II - a embriaguez, voluntária ou
culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

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DIREITO PENAL

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez 7.2.2 - DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO -
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, CAUSA QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
É o desenvolvimento que ainda não se concluiu, devido
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
à recente idade cronológica do agente ou a sua falta de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
convivência na sociedade, ocasionando imaturidade
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o mental e emocional.
agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
Exemplos: menores de 18 anos e dos indígenas
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
inadaptados a sociedade, os quais têm capacidade de
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
chegar a sua plena potencialidade, com o acumulo de
do fato ou de determinar-se de acordo com esse
experiência.
entendimento.
STF e indígenas: “é desnecessário o exame
No Direito Penal, imputabilidade significa a
antropológico destinado a aferir o grau de integração do
possibilidade de atribuir a autoria ou responsabilidade
paciente na sociedade se o juiz afirma sua
de um ato criminoso a alguém. Ou seja, uma pessoa
imputabilidade plena com fundamento na avaliação do
imputável é uma pessoa que já pode responder por seus
grau de escolaridade, influencia portuguesa e do nível
atos e ser condenada a alguma pena por causa deles.
de liderança exercida na quadrilha, ou comunidade”.
É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de
Menores de 18 anos: como não sofrem sanção penal
determinar-se de acordo com esse entendimento.
pela pratica de ilícito penal, em decorrência da ausência
O agente deve ter condições físicas, psicológicas, morais de culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento
e mentais de saber que está realizando um ilícito penal. medidas sócio educativos prevista no ECA.
Mas não é só. Além dessa capacidade plena de
entendimento, deve ter totais condições de controle
sobre sua vontade. 7.2.3 - DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO -
CAUSA QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE
Em outras palavras, imputável é não apenas aquele que
tem capacidade de intelecção sobre o significado de sua É o incompatível com o estágio de vida em que se
conduta, mas também de comando da própria vontade, encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do
de acordo com esse entendimento. desenvolvimento normal para aquela idade cronológica.
Sua capacidade não corresponde às experiências para
7.1 - IMPUTABILIDADE E RESPONSABILIDADE.
aquele momento de vida, o que significa que a plena
Responsabilidade é a aptidão do agente para ser punido potencialidade jamais será atingida.
por seus atos e exige três requisitos: imputabilidade,
Exemplo: os oligofrênicos, pessoas com reduzidíssimo
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta.
coeficiente intelectual. Classificados numa escala de
7.2 - CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE: inteligência: débeis mentais, imbecis e idiotas.
Compreendem-se também os surdos-mudos que
7.2.1 - Doença mental - CAUSA QUE EXCLUEM A
devidos sua anomalia, não tem capacidade de
IMPUTABILIDADE
entendimento e de autodeterminação. Assim, estes, não
É a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, teriam condições de entender o crime que cometeram.
capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender o
ATENÇÃO! Questões processuais sobre
caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de
inimputabilidade.
acordo com esse entendimento.
A prova da inimputabilidade do acusado é fornecida pelo
Exemplos: epilepsia, psicose, neurose, esquizofrenia,
exame pericial, através do médico legal, exame
paranoia, psicopatia, epilepsia etc. A dependência
chamado: incidente de insanidade mental, onde
patológica, como drogas configura doença mental
suspende-se o processo até o resulto final. Com prazo de
quando retirar a capacidade de entender ou querer.
10 dias para provar a existência da causa excludente da
culpabilidade (Lei nº 11.719, de junho de 2008).

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DIREITO PENAL

7.2.4 – EMBRIAGUEZ. 7.2.4.3 - EMBRIAGUEZ COMPLETA PROVENIENTE DE


CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR.
A embriaguez seria a causa capaz de levar à exclusão da
capacidade de entendimento e vontade do agente, em Agora o caso de embriaguez que EXCLUI a
virtude de uma intoxicação aguda e transitória causada imputabilidade, tornando a pessoa inimputável. Ficando
por álcool ou qual substancia de efeitos psicotrópicos isento da culpa.
como morfina, ópio, cocaína entre outros.
Embriaguez acidental: pode decorrer de caso fortuito ou
As drogas psicotrópicas, ou seja, substâncias que força maior, (neste caso de embriaguez há exclusão da
provocam alterações psíquicas podem ser subdivididas imputabilidade, ou seja, a pessoa NÃO tem capacidade
em três espécies: de entender o caráter ilícito que está praticando, assim,
portanto, sendo uma pessoa inimputável-irresponsável
pelos seus atos ilícitos praticados). Ficando isento da
7.2.4.1 - FASES DA EMBRIAGUEZ. culpa.
Excitação: estado inicial provocado pela inibição dos Caso fortuito: é toda ocorrência episódica, ocasional,
mecanismos de autocensura. O agente torna-se rara, de difícil verificação. Exemplo: se alguém tropeça a
inconveniente, perde a intensidade visual e tem seu cai de cabeça em um tonel de vinho, embriagando-se, ou
equilíbrio afetado. ainda, quando ingere bebida na ignorância de que tem
Depressão: passada a excitação inicial, estabelece-se conteúdo alcoólico ou dos efeitos psicotrópicos que
uma confusão mental e há irritabilidade, tornando o provoca. Nessas hipóteses, o sujeito não se embriagou
sujeito mais agressivo. porque quis, nem porque agiu com culpa.

Sono: quando grandes doses são ingeridas, o agente fica Força maior: deriva de uma força externa ao agente, que
em estado de dormência profunda, com perda do o obriga a consumir a droga. É o caso do sujeito obrigado
controle sobre as funções fisiológicas. a ingerir álcool por coação física ou moral irresistível,
perdendo em seguida, o controle sobre suas ações.
Segundo Frederico Marques “na embriaguez fortuita, a
7.2.4.2 - ESPÉCIES DA EMBRIAGUEZ. alcoolização decorre de fatores imprevistos, enquanto
na derivada de força maior a intoxicação provém de
Embriaguez não acidental: pode ser voluntaria (dolosa força externa que opera contra a vontade de uma
ou intencional) e culposa. pessoa, compelindo-a a ingerir a bebida”.
Voluntária, dolosa ou intencional: o agente ingere Completa ou incompleta: tanto uma como outra podem
substâncias alcoólicas com intenção de embriagar-se. Há, retirar total ou parcialmente a capacidade de entender e
portanto, um desejo de ingressar em um estado de querer.
alternação psíquica, daí embriaguez dolosa.
BIZU DAS REGRAS - CONSEQUÊNCIAS DA EMBRIAGUEZ
Culposa: o agente não tem intenção de embriagar-se, ACIDENTAL!
porém isso corre devido sua imprudência e excessivo
consumo. Neste caso ocorre devido ao descuido, Quando completa: exclui a imputabilidade, e o agente
conduta culposa, e imprudência. fica isento de pena;

Completa: a embriaguez voluntária ou culposa tem como Quando incompleta: não exclui, mas permite a
consequência à perda total e completa do entendimento diminuição da pena de 1/3 a 2/3, conforme o grau de
e vontade do agente. perturbação. Lembrando que neste caso, o agente não
teve livre-arbítrio para decidir se consumira ou não a
Incompleta: tem como consequência a perda parcial de substância.
sua autodeterminação, que ainda consegue manter um
resíduo de compreensão e vontade. A embriaguez também pode ser:

Consequência: a embriaguez não acidental jamais excluir 1. Embriaguez Patológica: é o caso dos alcoólatras e dos
a imputabilidade do agente, seja voluntária, culposa, dependentes, que se colocam em estado de embriaguez
completa ou incompleta, ou seja, no momento em que em virtude de uma vontade invencível de continuar a
ingeria a substância, o agente tinha plena capacidade de consumir a droga.
sua conduta ilícita. A embriaguez surge de um ato de 2. Embriaguez Preordenada: Ocorre quando o sujeito se
livre-arbítrio do sujeito. Considera-se então, o momento embriaga propositalmente para cometer um crime,
da ingestão da substância e não o da prática delituosa. incidindo sobre a pena uma circunstância agravante.

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DIREITO PENAL

Exemplo são os assaltantes que consomem substâncias Na doutrina, tem-se definido o concurso de agentes
estimulantes para prática de assalto. como a reunião de duas ou mais pessoas, de forma
consciente e voluntária, concorrendo ou colaborando
E NA PROVA?
para o cometimento de certa infração penal.
Emoção é um sentimento abrupto, súbito, repentino,
Para a caracterização de um ilícito penal, é necessário,
arrebatador. A paixão sendo um sentimento lento. Como
primeiramente, uma conduta humana, positiva ou
o ciúme excessivo, deformado pelo egoísmo sentimento
negativa, cometida por uma ou várias pessoas, não
de posse, é a paixão em sua forma mais perversa.
sendo todo comportamento do homem um delito, em
Consequência: nenhum desses casos exclui a face do princípio de reserva legal somente os que estão
imputabilidade, ou seja, uma pessoa que age com tipificados pela lei penal podem assim ser considerados.
emoção de seus atos age com repleta capacidade de
Já os requisitos para a caracterização do concurso de
entendimento do ato ilícito que praticou. Portanto, a
pessoas serão demonstrados a seguir.
pessoa não se isenta de culpa.
Emoção como causa minorante: Pode funcionar como
causa específica de diminuição de pena (privilégio) no 8.1 - TEORIAS
homicídio doloso e nas lesões corporais, porém exigem-
Quando um crime for cometido por mais uma de uma
se quatro requisitos:
pessoa, ocorre o concurso de pessoas. Nas palavras do
 Deve ser violenta. doutrinador Fábio Miranda Mirabete, o concurso pode
ser definido como a ciente e voluntária participação de
 O agente deve estar sob o domínio dessa
duas ou mais pessoas na mesma infração penal, havendo
emoção, e não mera influencia.
uma convergência de vontades visando um fim comum,
 A emoção deve ter sido provocada por um ato sendo dispensável um acordo prévio entre as pessoas.
injusto da vítima, e
Seguindo essa mesma linha, Guaracy Moreira adiciona
 A reação do agente deve ser logo em seguida a mais uma característica ao concurso de pessoas, ao
essa provocação. salientar que nem todos praticam a mesma ação num
evento criminoso. Há os que praticam o verbo previsto
Nesses casos a pena pode ser reduzida de 1/6 a 1/3. Já
no tipo penal, os coautores, e há os que colaboram para
a paixão não funciona sequer como causa de diminuição
o resultado, os participes.
de pena.
Discordando de certa parte da doutrina, o mestre Nelson
Hungria, adota outra postura quando se trata da questão
8 – CONCURSO DE PESSOAS de haver ou não um acordo prévio entre os agentes. Em
sua doutrina ensina que, deve haver um acordo de
O concurso de pessoas (também chamado de concurso vontades que o acordo de vontades verse sobre o
de agentes) pode ser definido como a concorrência de objetivo crime e sobre os meios de alcança-lo. Enquanto
duas ou mais pessoas para o cometimento de um ilícito não se fundem em uma só as opiniões dos co-partícipes,
penal. ou enquanto não se estabelece entre eles a perfeita
O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 29, não define unidade de intenção (desígnios) e de planos, não é
especificamente o concurso de pessoas, porém, afirma atingido o summatum opus, ou seja, não é atingida a
que “quem, de qualquer modo, concorre para o crime consumação do concurso de agentes. Contudo, para que
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua se tenha o concurso de pessoas é preciso preencher os
culpabilidade”. seguintes requisitos:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o 1. Pluralidade de condutas: é necessária a participação
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de de duas ou mais pessoas, cada uma com a sua conduta
sua culpabilidade. delituosa;
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a 2. Relevância causal de cada uma: a participação deve
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. ser relevante para a concretização do delito;
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime 3. Liame subjetivo: deve existir um vínculo entre os
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena agentes, um liame subjetivo, ou seja, as condutas devem
será aumentada até metade, na hipótese de ter sido ser homogêneas: todos devem ter a consciência de que
previsível o resultado mais grave. estão colaborando para a realização de um crime; e

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DIREITO PENAL

4. Identidade de infração para todos participantes: 8.2 - REQUISITOS CARACTERIZADORES.


todos devem responder pelo mesmo crime.
Para que se configure o concurso (eventual) de pessoas
Quando ao requisito 2 (relevância causal), é pelo código é indispensável a existência de requisitos de natureza
penal no art. 29, §1º do Código Penal, que deve ser objetiva e subjetiva, somados a outros que possam
apurado no caso concreto, em que a pena será reduzida complementar e aperfeiçoar a prática criminosa.
de um sexto a um terço. Tratando deste assunto, o
É possível extrair, pelo menos quatro requisitos básicos
mestre Marcelo Fortes Barbosa utiliza como exemplo de
para o concurso de pessoas na prática criminosa, os
participação de menor importância a do motorista que
quais se algum desses inexistentes, não há de se falar em
se limitou a levar os latrocidas ao local do crime sem
concurso de pessoas. São eles:
espera-los para dar-lhes fuga. Emprestar um veículo para
a prática de furto se nos afigura como uma participação
de menor importância. 8.2.1 - PLURALIDADE DE AGENTES E DE CONDUTAS
No Direito Penal Brasileiro, existem duas principais Concorrência de mais de uma pessoa na execução de
teorias adotadas no concurso de pessoas: a teoria uma infração penal. No concurso de pessoas nem todos
monista e a pluralista. os participantes, embora assim o desejem, contribuem
Na teoria monista crime é único e indivisível, ainda que com sua ação na infração penal. Alguns praticam o fato
tenha sido praticado em concurso de várias pessoas. Não material típico, núcleo do tipo; outros praticam atos que,
se distingue entre as várias categorias de pessoas (autor, por si sós, configurariam atos atípicos.
partícipe, instigador, cúmplice e etc.), sendo todos Todos os participantes de um evento criminoso não o
autores (ou coautores) do crime. fazem necessariamente da mesma forma, nas mesmas
A crítica para essa teoria, que se baseia no fato de que condições e nem com a mesma importância, mesmo que
essa posição dificulta o estabelecimento da contribuindo livre e espontaneamente para o seu
“equivalência das condições”, que torna assunto de resultado. Para Esther Ferraz, “enquanto alguns
grande discussão, pois a própria lei estabelece que seja praticam o fato material típico, representado pelo verbo
unitário o crime, mas admite causas de agravação e núcleo do tipo, outros se limitam a instigar, a induzir, a
atenuação da pena. auxiliar moral ou materialmente o executor ou
executores praticando atos que, em si mesmos, seriam
Na teoria pluralista, a pluralidade de agentes
atípicos”. Contudo, como disposto no caput do artigo 29
corresponde a um real concurso de ações distintas,
do Código Penal, a participação de cada um deve se
tendo como consequência uma multiplicidade de delitos,
conjugar, para colaboração causal de obtenção resultado
praticando cada agente um crime próprio, autônomo,
criminoso, razão pela qual, todos respondem pelo
independente dos demais.
mesmo crime.
A crítica existente para essa teoria baseia-se na ideia de
Todavia, é necessária a diferenciação de autor do mero
que a participação de cada agente não são autônomas,
partícipe, até pelo primado maior da culpabilidade, ou
nem independentes, pois conversem para uma mesma
seja, da responsabilização das pessoas "na medida de
ação de um único resultado derivado de todas as causas
sua culpabilidade", como dispõe o caput do art. 29 do
diversas.
Código Penal. Por autor entende-se aquele que executa
A lei penal vigente adota a teoria monista ou unitária. com suas próprias mãos todos os elementos do tipo
Assim, todos aqueles que concorrem para a produção do penal, em que poderá ainda utilizar de outra pessoa
crime, devem responder por ele. A teoria comporta como instrumento ou aquele que realiza a parte
algumas exceções, como por exemplo, no caso de aborto necessária de decisão criminosa para prática criminosa.
consentido, a gestante responde por infração ao art. 124
Este é o principal requisito para que se caracterize o
(consentir que outrem lhe provoque) e quem realizou o
concurso de pessoas.
aborto pelo crime do art. 126 (provocar aborto com
consentimento da gestante), nesses casos é aplicada a
teoria pluralista, que admite que cada um dos 8.2.3 - RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS
concorrentes responda pela sua própria conduta, pois
cada um pratica um crime próprio, autônomo. A conduta de típica ou atípica de cada participante deve
se integrar em uma corrente causal que determina o
resultado. Para configurar participação a conduta precisa
ter eficácia causal, provocando, facilitando, estimulando

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DIREITO PENAL

a conduta principal. Portanto, conduta irrelevante para a favorecimento pessoal ou real previsto nos art. 348 e 349
produção do crime não possui qualquer eficácia causal. do Código Penal, e não o concurso de pessoas.
Não satisfaz a multiplicidade de agentes e condutas para Nos crimes dolosos, basta apenas que o agente adira à
que se configure o concurso de agentes, é necessário vontade do outro, em que os participantes deverão atuar
ainda que o crime se faça por meio de condutas nas quais com vontade homogênea, no sentido todos visarem a
se possa vislumbrar o nexo de causalidade entre elas e o realização do mesmo tipo penal. A existência de vínculo
resultado obtido. Desse modo, cada conduta deve ser subjetivo não significa a necessidade de ajuste prévio
relevante para a contribuição objetiva do crime, no (pactum sceleris) entre os delinquentes. Rogério Greco
encadeamento causal dos eventos. Caso a conduta típica afirma que se não se conseguir vislumbrar o liame
ou atípica de cada participante não seja da corrente subjetivo entre os agentes do crime doloso, cada um
causal para determinação do resultado, será ela por si só responderá isoladamente por sua conduta.
irrelevante. Obviamente, se conclui que nem todo
Já nos delitos culposos há divergência doutrinária.
comportamento vai caracterizar a participação, pois é
Antigamente, se pesava a possibilidade de concurso de
necessário que haja, no mínimo, estimulação,
agentes, porém, atualmente tem se admitido, até com
induzimento ou facilitação para prática criminosa. Nesse
certa tranquilidade que alguém possa conscientemente
sentindo, condutas irrelevantes ou insignificantes para
contribuir para a conduta culposa de terceiro. Aqui,
existência do crime serão desprezadas, não constituindo
deve-se verificar o elemento vontade na realização da
sequer participação criminosa.
conduta, mas não na produção do resultado.
Diferentemente do concurso de pessoas no crime
doloso, o binômio consciência e vontade não conectam
8.2.3 - VÍNCULO SUBJETIVO
para um objetivo de prática criminosa, mas sim de
Para aperfeiçoamento do concurso de pessoas, devem realizar a conduta culposa pela imprudência, negligência,
existir vários agentes que contribuam para uma ação ou imperícia. Sendo assim, é importantíssimo diferenciar
comum. Não satisfaz o agente atuar com dolo/culpa. É o vínculo subjetivo que existe no concurso de pessoas
necessário que haja uma relação subjetiva entre os (crimes dolosos) com o normativo (crimes culposos).
participantes do crime, pois, do contrário, várias
condutas poderão ser isoladas, autônomas e até mesmo
desprezíveis. Deve haver, portanto, um vínculo 8.2.4 - Identidade de fato
psicológico e normativo entre os diversos autores do
O quarto e último requisito para se configurar o concurso
crime, de forma a se analisar essas condutas como um
de pessoas, as infrações praticadas pelos concorrentes
todo, e a ser possível a aplicação do art. 29 do Código
sejam únicas – Unidade da Infração Penal. É
Penal.
imprescindível que todos atuem com esforços
Ensina Cezar Roberto Bittencourt que, todavia, o simples conjugados a fim do mesmo objetivo criminoso.
conhecimento da realização de uma infração penal ou
Damásio de Jesus considera que se trata de identidade
mesmo a concordância psicológica caracterizam, no
de infração para todos os participantes, não
máximo, “conivência”, que não é punível, a título de
propriamente de um requisito, mas sim de verdadeira
participação, se não constituir, pelo menos, alguma
consequência jurídica diante das outras condições.
forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por si
Desse modo, não há de se falar em concurso de pessoas
mesma, uma infração típica.
se a concorrência entre dois ou mais agentes não se
“Somente a adesão voluntária, objetiva (nexo causal) e destinar a mesma prática de certa e determinada
subjetiva (nexo psicológico), à atividade criminosa de infração penal.
outrem, visando à realização do fim comum, cria o
Deve-se existir, portanto, uma unidade da infração
vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes à
penal, requisito básico para concurso de pessoas e
responsabilidade pelas consequências da ação. ”
produto lógico-necessário em face do concurso de
(MIRABETE, Manual, v.1, p.226)
agentes. Essa infração penal deverá ser ao menos
Portanto, deve haver uma participação consciente e tentada, bem como dispõe o art. 31 do Código Penal, em
voluntária no fato, mas não é indispensável o acordo casos de impunibilidade de ajuste, determinação ou
prévio de vontade para a existência do concurso de instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
pessoas. A adesão tem que ser antes ou durante a contrário.
execução do crime, nunca posterior. No caso de acordo
posterior a execução do crime, esse caracteriza o

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9 - ERRO DE PROIBIÇÃO 9.1 - Formas de Erro de Proibição:


O erro de proibição se faceta nas seguintes formas:
direto, indireto (erro de permissão), ambos
É um instituto ligado à culpabilidade e, por denominados de discriminantes.
consequência, à ideia de reprovabilidade da conduta.
I.I - Erro de proibição direto (art. 21 do CP).
A culpabilidade é a reprovabilidade que decorre do
agente ter a possibilidade de compreender a
antijuridicidade da sua ação e que, com isso, possa se Essa figura ocorre quando o agente, efetivamente, não
autodeterminar a partir dessa compreensão. conhece a ilicitude de uma conduta proibida.
A falta de uma dessas “qualidades” impede que se O erro de proibição direto recai sobre seu
aceite pela reprovabilidade da conduta. Obviamente comportamento, o agente acredita sinceramente que
que, por ser relativo a um juízo que incide sobre o sua conduta é lícita.
sujeito, a reprovabilidade e, com isso, a culpabilidade,
permite “graus”. Para que melhor se entenda: Por exemplo, a holandesa
que vem ao Brasil e realiza um aborto, crendo que aqui,
Justamente por isso, a exclusão da culpabilidade como em seu país, o mesmo não seja proibido; ou no
somente existe quando o sujeito não possui nenhuma caso de um islâmico casado que, no Brasil, contrai
possibilidade de compreender a antijuridicidade de sua novas núpcias, acreditando que aqui também é
conduta ou não possa, de maneira absoluta, se permitida a poligamia.
autoderminar a partir dessa compreensão.
Nesses casos, é preciso que se faça uma análise do grau
O erro de proibição, assim, ocorreria nos casos em que de instrução do agente e do seu grau de conhecimento
o sujeito não compreende a antijuridicidade de sua da ilicitude para se afirmar se o erro é inevitável (ou
ação, também representada pela figura da falta de “invencível”), o que exclui a culpabilidade e,
consciência da ilicitude. logicamente, o crime; ou se a situação exigia que o
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sujeito apurasse melhor a existência da proibição, o que
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se culminaria numa redução de pena – mas manteria o
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. delito doloso.
Situação excepcional está no caso previsto no artigo
20, § 1º, do CP.
BIZÚ! Não se deve olvidar que, apesar de o
desconhecimento da lei ser inescusável, é previsto Art. 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro
como circunstância atenuante pelo art. 65, II, CP. plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
É de suma importância que neste instante já tenhamos legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva
uma ideia exata da distinção entre a ignorância da lei e de culpa e o fato é punível como crime culposo.
ausência de conhecimento da ilicitude.
Não obstante o mencionado parágrafo encontre-se no
Em resumo, embora não sejamos obrigados a conhecer artigo referente ao erro de tipo, ele não se enquadra
a letra seca da lei, devemos ter um mínimo de nessa hipótese, mas, sim, na de erro de proibição
compreensão do que se enxerga como proibido. indireto (ou erro de tipo permissivo).
O erro de proibição ocorre quando o agente não I.II - O erro de proibição indireto.
compreende um fato como ilícito ou o enxerga como
permitido. Mas, ao contrário do erro de tipo, o erro de É aquele no qual o agente dolosamente pratica um fato
proibição apenas poderá excluir a culpabilidade do típico, mas acreditando que estava amparado numa
agente, mas não o seu elemento subjetivo (no caso o situação permitida pelo direito – caso de uma causa
dolo), assim, apenas permitirá a não punição da justificante (legítima defesa, estado de necessidade,
conduta em virtude da falta de culpabilidade ou a cumprimento do dever). É chamado também de erro na
diminuição de pena, em razão do menor grau de descriminante.
reprovabilidade – tudo a depender do grau do erro. Por seu turno, o erro de proibição indireto se dá
quando o agente supõe que sua ação, ainda que típica,
é amparada por alguma excludente de ilicitude e pode
ocorrer em duas situações, quais sejam:

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1. Quando aos limites: O agente pratica o fato, porém Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal
desconhece seus limites, como por exemplo, João de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
ameaça José, este por sua vez vai à sua casa, pega a culposo, se previsto em lei.
arma e mata João. Se enganou, pois pensou que a
Ocorre, no caso concreto, quando o indivíduo não tem
legítima defesa poderia se dar em relação a mal futuro.
plena consciência do que está fazendo; imagina estar
Desconhecia José que a referida excludente de ilicitude
praticando uma conduta lícita, quando na verdade,
se refere à agressão atual e iminente.
está a praticar uma conduta ilícita, mas que por erro,
2. Quanto à existência: O agente supõe presente uma acredite ser inteiramente lícita.
causa que está ausente, à guisa de exemplo pode-se
O erro sobre o fato típico diz respeito ao elemento
citar o caso de alguém que, sendo credor de outrem,
cognitivo, o dolo, vale dizer, a vontade livre e
entende que pode ir à casa deste pegar o dinheiro
consciente de praticar o crime, ou assumir o risco de
devido, sendo certo que tal atitude configura crime de
produzi-lo (Dolo Direto e Eventual respectivamente,
Exercício Arbitrário das Próprias Razões (art. º 345 CP)
art. 18, I).
Para que melhor se entenda: Um exemplo está no caso
Por isso, de acordo com o que dispõe o art. 20, caput,
de um homem que, ao perceber que um sujeito pulou
do CP, o erro de tipo exclui o dolo e, portanto, a própria
seu muro no período da noite, empunha sua pistola e
tipicidade (como visto, o dolo foi deslocado para
dispara na direção do rapaz, mas, após atingi-lo
Tipicidade de acordo com a Teoria Finalista).
fatalmente, percebe que matou seu próprio filho, que
estava sem a chave do portão de casa. Se o homem Observe não há qualquer mácula à culpabilidade, por
alvejado efetivamente fosse um ladrão, a ação do força disso, se o erro for vencível, haverá punição por
primeiro sujeito seria legítima, logo não seria crime. crime culposo desde que previsto no tipo penal.
Nesse caso, percebam, há o dolo. O atirador queria
atingir o homem que pulava o muro, mas supondo que 10.1 - Formas de Erro de Tipo.
o sujeito era um ladrão. O dolo não era direcionado a
atingir o seu próprio filho. Se seguíssemos o raciocínio O Erro de Tipo pode apresentar-se de duas formas,
do erro de proibição direto, não poderíamos pensar na quais sejam, o erro “essencial” e “acidental”.
exclusão da punição por ausência de elemento I - Erro Essencial
subjetivo.
Ocorre o erro essencial quando ele recai sobre
BIZÚ! O artigo 20, § 1º, do CP, dá tratamento diverso ao elementares, qualificadoras, causas de aumento de
erro de tipo permissivo, equiparando-o ao erro de tipo pena e agravantes, ficando-as excluídas se o erro foi
por excelência. Com efeito, permite, a exclusão de pena escusável. Portanto, nesta forma, o agente não tem
ou a punição pelo tipo culposo se houver. plena consciência ou nenhuma de que está praticando
uma conduta típica.

BIZÚ! Sinônimos para Erro de Proibição Indireto: Erro O erro essencial por sua vez se desdobra em duas
de Permissão, Erro Permissivo e Descriminante Putativa modalidades, a saber:
por Erro de Proibição I.I - Escusável ou Invencível – está previsto no art. 20,
“caput”, 1.º parte. Verifica-se quando o resultado
ocorre, mesmo que o agente tenha praticado toda
10 - ERRO DE TIPO diligencia necessária, em suma, naquela situação todos
agiriam da mesma forma.

Tipo é a descrição legal da norma proibitiva, vale dizer,


é a norma que descreve condutas (previstas BIZÚ! Ocorrendo esta modalidade, ter-se-á por
abstratamente) que são criminosas. Quando o indivíduo excluído o dolo e também a culpa. Logo, se o erro recai
pratica um fato e ele se subsume na descrição legal, sobre uma elementar, exclui o crime, se recai sobra
tem-se o crime, surgindo aí o “ius puniendi” do Estado. qualificadora, exclui a qualificadora e assim por diante.
Porém, podem ocorrer circunstâncias que, se BIZÚ! As consequências processais são de suma
objetivamente constatadas, excepcionarão o poder de importância pois, havendo inquérito, deve o membro
punir do Estado e dentre estas exceções encontra-se o do “parquet” pedir seu arquivamento, e se houver ação
erro de tipo. penal, deve pedir o trancamento.

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DIREITO PENAL

I.II - Vencível ou Inescusável – previsto no art. 20, 1º II.II - Erro “ in persona”: ocorre quando o agente atinge
parte, CP. Se dá quando o agente, no caso concreto, em pessoa diversa (vítima real, efetiva) da que pretendia
não agindo com a cautela necessária e esperada, acaba (vítima virtual); a solução se encontra no art. 20 § 3º do
atuando abruptamente cometendo o crime que poderia CP (nesse caso, não se deve levar em conta a vítima
ter sido evitado. real, efetiva, mas, sim, a vítima virtual).
Um exemplo ajuda entender essa espécie: Júnior,
atirador de elite, resolve dar cabo na vida de José, seu
BIZÚ! Ocorrendo essa modalidade de erro de tipo, há a
pai. Para tanto usa de seus conhecimentos de atirador,
exclusão do dolo, porém subsiste a culpa. Portanto o
esperando que seu pai passe, como de costume, pelo
réu responde por crime culposo se existir a modalidade
local onde o aguarda. Então vem um indivíduo com os
culposa, em decorrência do Princípio da
mesmos caracteres físicos de seu pai. João prepara sua
Excepcionalidade do Crime culposo.
melhor mira e atira, mas acaba matando Pedro, irmão
BIZÚ! Alguns doutrinadores chamam essa modalidade gêmeo de José, seu pai.
de “culpa imprópria” e como o próprio nome sugere ela
Em suma, ocorrendo o erro de pessoa, o agente
é excepcional, não seguindo os regramentos da
responde como se tivesse atingindo a pessoa que
modalidade comum, motivo pelo qual, admite-se
pretendia e não as que efetivamente atingiu.
tentativa.

Observe que não houve falha na execução do delito,


Para que melhor se entenda o erro vencível: Um tio e
apenas ocorreu uma falsa representação da realidade,
sobrinho saem para uma caçada, cansados de esperar
dado a semelhança física entre os irmãos.
pela presa o sobrinho resolve sair para buscar água.
No exemplo supracitado o agente responde como se
Ao retornar, já no fim de tarde, seu tio acha que é sua
tivesse atingido o pai, e não o tio.
caça e sem tomar as cautelas necessárias, acaba
atirando. Ao se dirigir à suposta presa alveja, percebe
que é o sobrinho. Neste caso o tio responde por
II.III - Erro na execução ou “aberratio ictus”: tem
homicídio culposo.
previsão no art. 73 do CP (se o agente, por acidente ou
II - Erro de Tipo Acidental. erro na execução, atingir pessoa diversa e não quem
realmente pretendia atingir, responde, criminalmente,
O erro acidental, que recai sobre circunstâncias
como se tivesse praticado o crime contra quem
secundárias do crime. Não impede o conhecimento
pretendia – vítima virtual – e não contra quem
sobre o caráter ilícito da conduta, o que por consectário
realmente praticou – vítima real e efetiva – o delito);
lógico não obsta a responsabilização do agente,
nesse caso, como se vê, aplica-se a mesma regra do art.
devendo responder pelo crime.
20 § 3º do CP; e no caso de também ser atingida a
Esse erro possui várias espécies, a saber: pessoa que pretendia, aplica-se a regra do concurso
II.I - Erro sobre o objeto: ocorre quando a conduta do formal de delitos (art. 70 do CP).
agente recai sobre coisa diversa da que pretendia (ex. Note que aqui, diferentemente do erro sobre a pessoa,
agente furta um relógio de marca diversa da que o agente por execução imperfeita acaba atingindo um
pretendia furtar); o erro, nesse caso, é irrelevante, terceiro que, em regra, não fazia parte do seu “animus”.
respondendo pelo crime (no caso, furto simples
consumado).
Um exemplo ajuda entender essa espécie: Júnior, um
desastrado, resolve matar seu irmão. Quando este
Um exemplo ajuda entender essa espécie: uma pessoa passa pelo local esperado Júnior atira, mas por erro de
querendo furtar um aparelho de televisão que se pontaria, acaba não por atingir seu irmão, mas a
encontra em embalagem fechada, entra na loja da namorada deste, que estava ao seu lado.
vítima, acaba, porém, levando uma máquina de lavar.
Havendo resultado único o agente responde por um só
crime, mas levando-se em conta as condições da pessoa
Observe que o erro do agente é acidental e irrelevante, que queria atingir, nesse sentido,
consoante mencionado supra, respondendo assim pelo Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios
crime. de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que

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pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde agente que praticou a conduta, logo, se no exemplo
como se tivesse praticado o crime contra aquela, acima ele tivesse consciência de que a vítima ainda não
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste morreu e ateasse fogo, não haveria que se falar em
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o aberratio causae ou dolo geral.
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70
II.V - Resultado diverso do Pretendido ou “aberratio
deste Código.
criminis ou delicti”: tem previsão no art. 74 do CP (se o
Porém, pode ocorrer resultado duplo, vale dizer, atingiu agente, por acidente ou erro na execução, praticar
dolosamente a pessoa que queria e culposamente um crime diverso do que pretendia, responderá por culpa
terceiro, neste caso há concurso formal perfeito (ou se houver previsão da hipótese culposa, nesta espécie
normal ou próprio), uma vez que não existe desígnios de erro do tipo, o agente quer atingir determinado bem
autônomos, devendo ser considerada uma só pena jurídico, mas atinge outro) no caso de também ocorrer
aumentando-se de 1/6 a ½. É o Sistema da o crime pretendido, aplica-se a regra do concurso
Exasperação. formal de delitos (art. 70 do CP).
Pode ocorrer também, que esteja no “animus” do Um exemplo ajuda entender essa espécie: Júnior quer
agente atingir as duas pessoas, portanto um resultado atingir a vidraça, mas por erro de pontaria acaba por
duplo doloso. Neste caso afirma-se haver desígnios acertar a cabeça de José. Neste caso o agente só
autônomos, devendo então as penas serem somadas, é responde por lesões culposas, que absorve a tentativa
o Sistema do Cúmulo Material. Tem-se na hipótese de dano.
manejada o concurso formal impróprio (ou anormal ou
Porém se ocorrer duplo resultado, ou seja, atinge a
imperfeito).
vidraça e pessoa, o agente responde por crime de dano
consumado em concurso formal com crime de lesões
corporais culposas, aplicando-se o Sistema da
BIZÚ! O erro na execução difere do “erro in persona”
Exasperação, já explicado anteriormente.
porque neste, o agente atinge a vítima pensando que a
desejada. Ou seja, há uma falsa representação da Por fim, não pode-se deixar de mencionar, responde
realidade. No erro na execução, o agente quer atingir a pelo crime o terceiro que determina o erro, na forma
vítima desejada e sabe que é ela, só que erra na do art. 20, § 2º do CP.
execução, e atinge outra pessoa (vítima alvejada).
Um exemplo ajuda entender essa espécie: suponha-se
que o médico, desejando matar o paciente, entrega à
enfermeira uma injeção contendo veneno, afirma que
II.IV - “aberratio causae”: neste caso o erro recai sobre
se trata de um anestésico e fez com que ela aplique”.
o nexo causal, é a hipótese do dolo geral.
Conclui-se que a enfermeira não agiu dolosamente,
Embora o nome possa assustar, trata-se de instituto de
mas por um erro que terceiro determinou, neste caso
fácil compreensão, que encontra relação com o estudo
apenas o médico responde pelo crime de homicídio.
do dolo e que consiste basicamente no erro, pelo
agente, quanto ao meio de execução por ele utilizado
que efetivamente atingiu o resultado criminoso.
11 - DESCRIMINANTES PUTATIVAS
Exemplo clássico é o do indivíduo que dispara contra a
vítima e, acreditando que ela está morta, visando se No Direito Penal, a descriminante putativa, é tratada
livrar do corpo, coloca fogo. como modalidade de erro e poderá afastar o conceito de
crime. Inicialmente, torna-se necessário entender o
No entanto, posteriormente, por meio de perícia, se conceito de descriminante putativa.
descobre que a arma utilizada era demasiadamente
fraca e não havia matado a vítima, sendo que ela A expressão descriminante significa excludente de
morreu foi em razão do fogo. ilicitude. A expressão putativa significa imaginária. Logo,
uma descriminante (excludente de ilicitude) putativa
Veja que o agente não tinha a intenção de matar a (imaginária) jamais terá natureza de causa excludente da
vítima por meio do fogo, quando ele ateou fogo, estava ilicitude, pelo simples fato de que ela não é real.
sinceramente acreditando que ela estava morta, queria
apenas se livrar do corpo. Sendo tratada como modalidade de erro, a hipótese
adequar-se-á ao artigo 20, parágrafo 1º ou ao artigo 21
O importante é saber que a aberratio causae guarda do Código Penal. Portanto, haverá erro de tipo
relação com o dolo, ou seja, o erro tem que ser do

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DIREITO PENAL

permissivo ou erro de proibição indireto, excludente de ilicitude. As causas excludentes de


respectivamente. ilicitude, por sua vez, são: estado de necessidade,
legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e
Vamos ao exemplo: O sujeito está sozinho em casa, à
exercício regular de direito.
noite, e escuta um barulho estranho. Ao verificar pela
janela vê que alguém estava caindo em seu terreno. Divisão das Descriminantes putativas
Como o local é escuro, ermo, onde já havia tido casos de
As descriminantes putativas se dividem em erro de tipo
roubo, arrombamento, lesão corporal, ele vai à cozinha e
permissivo e erro de proibição indireto. Agora, antes de
pega uma arma, mira no vulto e atira, vindo a causar a
passarmos para o conceito desses termos, muita atenção
morte da pessoa. Posteriormente, chama a polícia e
para os sinônimos. Talvez seja o detalhe que cause o
verifica-se que a vítima era seu filho, que saiu e esqueceu
maior número de confusões.
a chave de casa.
Sinônimos para Erro de Proibição Indireto: Erro de
Pergunta-se: Como será resolvido esse caso concreto?
Permissão, Erro Permissivo e Descriminante Putativa por
Caberão as excludentes da ilicitude?
Erro de Proibição
No exemplo, o sujeito, em sua visão, estava defendendo
Na doutrina, a explicação, normalmente, é a seguinte: no
a vida dele e de sua família. Pode parecer que estava
erro de tipo permissivo, há erro sobre a situação fática;
agindo em legítima defesa. Todavia, esse fato estava
já no erro de proibição indireto, o erro incide sobre a
apenas em sua cabeça. Neste caso, o direito penal trata
existência ou os limites da justificante, tendo em vista
como causa de descriminante putativa.
a teoria limitada da culpabilidade.
Descriminante, como vimos acima, é sinônimo de causa
Calma! Você vai entender! Vamos desmistificar esse
excludente da ilicitude, causa justificante. Putativo
tema te dando exemplos bem claros.
significa imaginário. Assim, conclui-se que descriminante
putativa é uma causa excludente da ilicitude imaginária. Para o tratamento das descriminantes putativas, o
Ela não é real e por isso não é tratada como excludente Direito Penal, adota a teoria limitada da culpabilidade.
do segundo elemento do conceito de crime (a ilicitude), Nem todo erro que acontece será tratado como erro de
mas sim como modalidade de erro. proibição. Nem todo erro nas descriminantes, portanto,
será tratado dentro da culpabilidade. Poderá existir, em
Se for algo que decorre apenas da imaginação do sujeito,
termos das descriminantes putativas, erro de tipo ou de
resta claro que ele errou. Contudo, o erro do sujeito não
proibição.
exclui ilicitude.
Erro de tipo permissivo
Como já mencionamos, descriminante putativa é tratada
como modalidade de erro. Então, analisemos os art. 20 e O parágrafo 1º, do art. 20, do CP, trata apenas de uma
21, do CP. modalidade de erro, o denominado erro de tipo
permissivo. Trata-se de erro sobre a situação fática. O
Descriminantes putativas
agente tem uma falsa percepção da realidade.
Art. 20 §1º – É isento de pena quem, por erro
O art. 20, parágrafo 1º, do CP, traz em princípio a isenção
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
de pena.
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva Agreguemos mais informações ao exemplo anterior:
de culpa e o fato é punível como crime culposo. Imaginemos que era de costume o filho entrar pelo
quintal da casa. Se o sujeito fosse mais cuidadoso teria
Erro sobre a ilicitude do fato
descoberto que era seu filho.
Art. 21 – O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
Essa situação está prevista na segunda parte do
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
parágrafo 1º, do art. 20, do CP. Responderá o agente por
evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço.
crime culposo. Trata-se da denominada culpa imprópria.
Parágrafo único – Considera-se evitável o erro se o
Art. 20 §1º – (…) Não há isenção de pena quando o erro
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
atingir essa consciência. Erro de proibição indireto
Em outras palavras, descriminante putativa ocorre No entanto, há casos em que o erro incide sobre a
quando o sujeito, levado a erro pelas circunstâncias do existência ou os limites da descriminante.
caso concreto, supõe agir em face de uma causa

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DIREITO PENAL

Vamos ao exemplo 1: Imaginemos que alguém, ao Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal
presenciar uma grave traição, acredite que pode matar o de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
cônjuge em legítima defesa da honra. Neste caso, não se culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº
trata de falsa percepção da realidade. O erro se dá acerca 7.209, de 11.7.1984)
da existência da excludente. O agente acredita que há
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de
legítima defesa em uma hipótese em que ela não existe.
11.7.1984)
Ele achou que a lei lhe autorizava o homicídio neste caso
– “só que não! ” Entendeu? § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
Vamos ao exemplo 2: Imaginemos, que alguém de fato
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção
comece a atuar para se defender de uma injusta
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível
agressão, mas acredite que por estar em legítima defesa,
como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
poderá exceder e matar a outra pessoa. Neste caso, o
11.7.1984)
erro incide sobre os limites de uma descriminante.
Existe, neste caso, a autorização da reação imediata Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº
(legítima defesa). Ocorre que o sujeito acredita que pode 7.209, de 11.7.1984)
matar o agente. Resultado? Erro de proibição indireto. § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o
Não pela existência de justificante, pois realmente erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
existia, mas pelos seus limites.
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de
Perceba que nestas duas últimas hipóteses, o erro do 11.7.1984)
agente não envolve uma situação de fato, não há uma
falsa percepção da realidade. Na verdade, o agente § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
acredita que sua conduta não é proibida. praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
Sobre a Teoria limitada da culpabilidade pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Lembram que comentamos lá em cima sobre a teoria (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
limitada da culpabilidade? É só porque existe essa teoria Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº
que foi adotada pelo Código Penal (item 19 da Exposição 7.209, de 11.7.1984)
de Motivos), que se faz necessária essa distinção entre as
consequências do erro de tipo permissivo e erro de Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
proibição indireto. sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Isso, porque, no primeiro, erro de tipo permissivo, há (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
isenção da pena ou possibilidade de responder à título
de culpa. Já no segundo, erro de proibição indireto, se Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o
inevitável, exclui a culpabilidade/isenta de pena ou, se agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
evitável, reduz a pena de 1/6 a 1/3. do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº
Existem duas classificações doutrinárias: 7.209, de 11.7.1984)
I - Teoria Extremada (ou estrita) da Culpabilidade: Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação
Conforme essa teoria, caso esteja o agente agindo em dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
erro quanto à existência de uma excludente de ilicitude
ou seus limites, ou quanto aos pressupostos fáticos do Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
evento, esses dois erros serão erros de proibição. em estrita obediência a ordem, não manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
II - Teoria Limitada da Culpabilidade: Conforme essa coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
teoria, quando o agente agir em erro quanto à existência 11.7.1984)
de uma excludente de ilicitude ou seus limites, o seu erro
será o de proibição. Contudo, quando o erro do agente
recair sobre os pressupostos fáticos do evento, o seu erro
será o de tipo. Lembrando que é esta a teoria elencada
por nosso código de direito penal.
Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

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DIREITO PENAL

PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela
Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
TÍTULO I
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo
CAPÍTULO I
feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº
DOS CRIMES CONTRA A VIDA 13.104, de 2015)
Homicídio simples I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº
Art. 121. Matar alguem: 13.104, de 2015)

Pena - reclusão, de seis a vinte anos. II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.


(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Caso de diminuição de pena
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de (quatorze) anos é aumentada de: (Incluído pela Lei nº
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 14.344, de 2022) Vigência
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com
terço. deficiência ou com doença que implique o aumento de
sua vulnerabilidade; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
Homicídio qualificado 2022) Vigência
§ 2° Se o homicídio é cometido: II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
outro motivo torpe; curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.
II - por motivo futil; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum; Homicídio culposo

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de


ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a 1965)
defesa do ofendido; Pena - detenção, de um a três anos.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade Aumento de pena
ou vantagem de outro crime:
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
de prestar imediato socorro à vítima, não procura
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 2003)
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração
nº 13.142, de 2015) atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei
proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) nº 6.416, de 24.5.1977)
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos (Incluído § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência se o crime for praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por

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DIREITO PENAL

grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é
2012) realizada por meio da rede de computadores, de rede
social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
nº 13.968, de 2019)
terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído
pela Lei nº 13.104, de 2015) § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder
ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores
pela Lei nº 13.968, de 2019)
ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com
em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido
deficiência ou com doenças degenerativas que
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade
enfermidade ou deficiência mental, não tem o
física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 14.344, de
necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
2022) Vigência
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
III - na presença física ou virtual de descendente ou de responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129
ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
de 2018)
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é
IV - em descumprimento das medidas protetivas de cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 quem não tem o necessário discernimento para a prática
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
Lei nº 13.771, de 2018) oferecer resistência, responde o agente pelo crime de
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
automutilação (Redação dada pela Lei nº 13.968, de (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
2019) Infanticídio
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o
praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material próprio filho, durante o parto ou logo após:
para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de
Pena - detenção, de dois a seis anos.
2019)
Aborto provocado pela gestante ou com seu
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
consentimento
(Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio
que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - detenção, de um a três anos.
(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Aborto provocado por terceiro
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
Lei nº 13.968, de 2019)
gestante:
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação
Pena - reclusão, de três a dez anos.
resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela
gestante: (Vide ADPF 54)
Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de
2019) Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se
a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou
ou debil mental, ou se o consentimento é obtido
fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
mediante fraude, grave ameaça ou violência
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
Forma qualificada
causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº
13.968, de 2019) Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos
anteriores são aumentadas de um terço, se, em
conseqüência do aborto ou dos meios empregados para

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DIREITO PENAL

provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza Diminuição de pena


grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas,
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
lhe sobrevém a morte.
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
(Vide ADPF 54) da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.
Aborto necessário
Substituição da pena
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é mil réis a dois contos de réis:
precedido de consentimento da gestante ou, quando
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
incapaz, de seu representante legal.
anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
CAPÍTULO II
Lesão corporal culposa
DAS LESÕES CORPORAIS
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Lesão corporal
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
Aumento de pena
outrem:
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
Pena - detenção, de três meses a um ano.
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste
Lesão corporal de natureza grave Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 1º Se resulta: § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
de trinta dias; Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de
II - perigo de vida; 2004)

III - debilidade permanente de membro, sentido ou § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente,
função; descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
IV - aceleração de parto: prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
Pena - reclusão, de um a cinco anos. coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei
nº 11.340, de 2006)
§ 2° Se resulta:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
I - Incapacidade permanente para o trabalho; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
II - enfermidade incuravel; § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei
IV - deformidade permanente;
nº 10.886, de 2004)
V - aborto:
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será
Pena - reclusão, de dois a oito anos. aumentada de um terço se o crime for cometido contra
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº
Lesão corporal seguida de morte
11.340, de 2006)
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
produzí-lo:
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro

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DIREITO PENAL

grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) grave:
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões Pena - reclusão, de um a cinco anos.
da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do
§ 2º - Se resulta a morte:
art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº 14.188, de
2021) Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído Aumento de pena
pela Lei nº 14.188, de 2021) § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de
um terço:
CAPÍTULO III I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
irmão, tutor ou curador da vítima.
Perigo de contágio venéreo
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou
pela Lei nº 10.741, de 2003)
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea,
de que sabe ou deve saber que está contaminado: Exposição ou abandono de recém-nascido
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para
ocultar desonra própria:
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
grave:
Perigo de contágio de moléstia grave
Pena - detenção, de um a três anos.
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
§ 2º - Se resulta a morte:
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
produzir o contágio: Pena - detenção, de dois a seis anos.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Perigo para a vida ou saúde de outrem Omissão de socorro
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível
direto e iminente: fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses
constitui crime mais grave.
casos, o socorro da autoridade pública:
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
perigo decorre do transporte de pessoas para a Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído triplicada, se resulta a morte.
pela Lei nº 9.777, de 1998) Condicionamento de atendimento médico-hospitalar
Abandono de incapaz emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do de formulários administrativos, como condição para o
abandono: atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído
pela Lei nº 12.653, de 2012).
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).

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Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da Exceção da verdade


negativa de atendimento resulta lesão corporal de
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído
pela Lei nº 12.653, de 2012). I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
privada, o ofendido não foi condenado por sentença
Maus-tratos
irrecorrível;
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de
indicadas no nº I do art. 141;
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
quer abusando de meios de correção ou disciplina: Difamação
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza à sua reputação:
grave: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Exceção da verdade
§ 2º - Se resulta a morte: Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. Injúria
(Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou
o decoro:
CAPÍTULO IV Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
DA RIXA
Rixa § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
contendores: diretamente a injúria;
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
injúria.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além
CAPÍTULO V
da pena correspondente à violência.
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos
Calúnia referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
fato definido como crime:
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Lei nº 9.459, de 1997)
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

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Disposições comuns Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere


calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,
cometido:
responde pela ofensa.
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente
governo estrangeiro;
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
ou contra os Presidentes do Senado Federal, da Câmara
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal;
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art.
(Redação dada pela Lei nº 14.197, de 2021) (Vigência)
141 deste Código, e mediante representação do
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação
injúria. dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de 60
(sessenta) anos ou pessoa com deficiência, exceto na
CAPÍTULO VI
hipótese prevista no § 3º do art. 140 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa SEÇÃO I
de recompensa, aplica-se a pena em dobro. (Redação
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Constrangimento ilegal
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer
modalidades das redes sociais da rede mundial de Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou
computadores, aplica-se em triplo a pena. (Incluído pela grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Exclusão do crime
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
parte ou por seu procurador; Aumento de pena
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro,
científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar quando, para a execução do crime, se reúnem mais de
ou difamar; três pessoas, ou há emprego de armas.
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as
público, em apreciação ou informação que preste no correspondentes à violência.
cumprimento de dever do ofício. § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. consentimento do paciente ou de seu representante
Retratação legal, se justificada por iminente perigo de vida;
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata II - a coação exercida para impedir suicídio.
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de Ameaça
pena.
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto,
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de injusto e grave:
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015) Parágrafo único - Somente se procede mediante
representação.

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Perseguição § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:


Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima
esfera de liberdade ou privacidade. (Incluído pela Lei nº
em casa de saúde ou hospital;
14.132, de 2021)
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é
cometido: (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído
pela Lei nº 11.106, de 2005)
I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído pela Lei
nº 14.132, de 2021) § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da
natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
II – contra mulher por razões da condição de sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código; Pena - reclusão, de dois a oito anos.
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) Redução a condição análoga à de escravo
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
com o emprego de arma. (Incluído pela Lei nº 14.132, de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
2021) jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das degradantes de trabalho, quer restringindo, por
correspondentes à violência. (Incluído pela Lei nº 14.132, qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida
de 2021) contraída com o empregador ou preposto: (Redação
dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
§ 3º Somente se procede mediante representação.
(Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei
Violência psicológica contra a mulher (Incluído
nº 10.803, de 11.12.2003)
pela Lei nº 14.188, de 2021)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a
nº 10.803, de 11.12.2003)
prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento
ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
comportamentos, crenças e decisões, mediante parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
ameaça, constrangimento, humilhação, trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
manipulação, isolamento, chantagem, II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou
ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do
qualquer outro meio que cause prejuízo à sua trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
saúde psicológica e autodeterminação: (Incluído (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
pela Lei nº 14.188, de 2021)
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
e multa, se a conduta não constitui crime mais
grave. (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021) I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº
10.803, de 11.12.2003)
Seqüestro e cárcere privado
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de
seqüestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 11.12.2003)
2002)
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
Pena - reclusão, de um a três anos. (Vigência)
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante

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grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar
finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por
(Vigência) duas ou mais pessoas:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) pena correspondente à violência.
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de § 2º - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) (Vigência)
escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído pela casa alheia ou em suas dependências:
Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - durante o dia, com observância das formalidades
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
2016) (Vigência)
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
2016) (Vigência)
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
I - qualquer compartimento habitado;
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) III - compartimento não aberto ao público, onde alguém
exerce profissão ou atividade.
I - o crime for cometido por funcionário público no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; § 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do
pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº parágrafo anterior;
13.344, de 2016) (Vigência) II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, SEÇÃO III
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de
dependência econômica, de autoridade ou de DOS CRIMES CONTRA A
superioridade hierárquica inerente ao exercício de INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
emprego, cargo ou função; ou (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência) Violação de correspondência

IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de
território nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) correspondência fechada, dirigida a outrem:
(Vigência) Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
o
§ 2 A pena é reduzida de um a dois terços se o agente Sonegação ou destruição de correspondência
for primário e não integrar organização criminosa.
§ 1º - Na mesma pena incorre:
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - quem se apossa indevidamente de correspondência
alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a
SEÇÃO II sonega ou destrói;
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou
DOMICÍLIO telefônica
Violação de domicílio II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação
de quem de direito, em casa alheia ou em suas telefônica entre outras pessoas;
dependências: III - quem impede a comunicação ou a conversação
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. referidas no número anterior;

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IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho profissão, e cuja revelação possa produzir dano a
radioelétrico, sem observância de disposição legal. outrem:
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa de
outrem. um conto a dez contos de réis. (Vide Lei nº 7.209, de
1984)
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função
em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou Parágrafo único - Somente se procede mediante
telefônico: representação.
Pena - detenção, de um a três anos. Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei nº
12.737, de 2012) Vigência
§ 4º - Somente se procede mediante representação,
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso alheio,
conectado ou não à rede de computadores, com o fim de
Correspondência comercial
obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo
estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou ou de instalar vulnerabilidades para obter vantagem
em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir ilícita: (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
Parágrafo único - Somente se procede mediante § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
representação. distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
SEÇÃO IV computador com o intuito de permitir a prática da
conduta definida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.737,
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS de 2012) Vigência
SEGREDOS
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
Divulgação de segredo terços) se da invasão resulta prejuízo econômico.
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
documento particular ou de correspondência § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais
divulgação possa produzir dano a outrem: ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo
trezentos mil réis a dois contos de réis. (Vide Lei nº 7.209, invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
de 1984) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
(Parágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas terços se houver divulgação, comercialização ou
ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou
nos sistemas de informações ou banco de dados da informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2012) Vigência
2000) § 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 2012) Vigência

§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração I - Presidente da República, governadores e prefeitos;


Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Lei nº 9.983, de 2000) II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído
Violação do segredo profissional pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência

Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara

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Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos,
ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio
de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta
não à rede de computadores, com ou sem a violação de
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
mecanismo de segurança ou a utilização de programa
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
Vigência
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo,
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente considerada a relevância do resultado gravoso: (Incluído
se procede mediante representação, salvo se o crime é pela Lei nº 14.155, de 2021)
cometido contra a administração pública direta ou
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o
indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,
crime é praticado mediante a utilização de servidor
Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas
mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº
concessionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº
14.155, de 2021)
12.737, de 2012) Vigência
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é
praticado contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela Lei
TÍTULO II nº 14.155, de 2021)
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
CAPÍTULO I subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior.
DO FURTO (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Furto § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia a subtração for de semovente domesticável de
móvel: produção, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou
praticado durante o repouso noturno. de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou Furto de coisa comum
aplicar somente a pena de multa.
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém,
qualquer outra que tenha valor econômico. a coisa comum:
Furto qualificado Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, § 1º - Somente se procede mediante representação.
se o crime é cometido:
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito
subtração da coisa; o agente.
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza;
CAPÍTULO II
III - com emprego de chave falsa;
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Roubo
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos
e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
13.654, de 2018)

47
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DIREITO PENAL

ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à Extorsão


impossibilidade de resistência:
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um
(Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) terço até metade.
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
2018) o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072,
de 25.7.90
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
e o agente conhece tal circunstância.
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta
a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de Extorsão mediante seqüestro
1996)
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei
sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 10.446, de 2002)
nº 13.654, de 2018)
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
2019)
horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
pela Lei nº 13.654, de 2018) por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
2018)
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
(Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº
13.654, de 2018) § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete)
seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654,
(Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
de 2018)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta)
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

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DIREITO PENAL

Extorsão indireta II - com emprego de substância inflamável ou explosiva,


se o fato não constitui crime mais grave
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida,
abusando da situação de alguém, documento que pode III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito
dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública,
contra terceiro: empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos; (Redação
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
CAPÍTULO III para a vítima:
DA USURPAÇÃO Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
Alteração de limites além da pena correspondente à violência.

Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou Introdução ou abandono de animais em propriedade
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para alheia
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade
alheia: alheia, sem consentimento de quem de direito, desde
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. que o fato resulte prejuízo:

§ 1º - Na mesma pena incorre quem: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.

Usurpação de águas Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou


histórico
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
águas alheias; Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
tombada pela autoridade competente em virtude de
Esbulho possessório valor artístico, arqueológico ou histórico:
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Alteração de local especialmente protegido

§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade
pena a esta cominada. competente, o aspecto de local especialmente protegido
por lei:
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego
de violência, somente se procede mediante queixa. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Supressão ou alteração de marca em animais Ação penal

Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante
propriedade: queixa.

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.


CAPÍTULO V

CAPÍTULO IV DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

DO DANO Apropriação indébita

Dano Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem


a posse ou a detenção:
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Aumento de pena
Dano qualificado
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
Parágrafo único - Se o crime é cometido: agente recebeu a coisa:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; I - em depósito necessário;

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DIREITO PENAL

II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; estabelecido, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
(Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018)
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou
nº 9.983, de 2000)
força da natureza
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000) Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Apropriação de tesouro
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
todo ou em parte, da quota a que tem direito o
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra proprietário do prédio;
importância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a
terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº Apropriação de coisa achada
9.983, de 2000) II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
II – recolher contribuições devidas à previdência social total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou
que tenham integrado despesas contábeis ou custos legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; competente, dentro no prazo de quinze dias.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se
III - pagar benefício devido a segurado, quando as o disposto no art. 155, § 2º.
respectivas cotas ou valores já tiverem sido
reembolsados à empresa pela previdência social.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) CAPÍTULO VI

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


espontaneamente, declara, confessa e efetua o Estelionato
pagamento das contribuições, importâncias ou valores e
presta as informações devidas à previdência social, na Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
forma definida em lei ou regulamento, antes do início da em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
somente a de multa se o agente for primário e de bons Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. (Vide Lei nº
2000) 7.209, de 1984)

I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto
social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído no art. 155, § 2º.
pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
II – o valor das contribuições devidas, inclusive Disposição de coisa alheia como própria
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em
previdência social, administrativamente, como sendo o
garantia coisa alheia como própria;
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou

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DIREITO PENAL

imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer pela Lei nº 13.964, de 2019)
dessas circunstâncias;
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964,
Defraudação de penhor de 2019)
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, nº 13.964, de 2019)
quando tem a posse do objeto empenhado;
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
Fraude na entrega de coisa (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de Duplicata simulada
coisa que deve entregar a alguém;
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que
Fraude para recebimento de indenização ou valor de não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade
seguro ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada
pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria,
ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
haver indenização ou valor de seguro;
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle
Fraude no pagamento por meio de cheque que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de
Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em
1968)
poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Abuso de incapazes
Fraude eletrônica
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos,
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da
e multa, se a fraude é cometida com a utilização de
alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos
efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento,
ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
Induzimento à especulação
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo,
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental
se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora
especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou
do território nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de
devendo saber que a operação é ruinosa:
2021)
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
cometido em detrimento de entidade de direito público Fraude no comércio
ou de instituto de economia popular, assistência social Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial,
ou beneficência. o adquirente ou consumidor:
Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
pela Lei nº 14.155, de 2021) falsificada ou deteriorada;
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o II - entregando uma mercadoria por outra:
crime é cometido contra idoso ou vulnerável,
considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
dada pela Lei nº 14.155, de 2021) § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo
se a vítima for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor
valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como
precioso, metal de ou outra qualidade:

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DIREITO PENAL

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
aprovação de conta ou parecer;
Outras fraudes
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira,
hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos
recursos para efetuar o pagamento:
mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Governo.
Parágrafo único - Somente se procede mediante § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem
deixar de aplicar a pena. para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações
Fraudes e abusos na fundação ou administração de de assembléia geral.
sociedade por ações Emissão irregular de conhecimento de depósito ou
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, "warrant"
fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant,
ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da em desacordo com disposição legal:
sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
relativo:
Fraude à execução
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
não constitui crime contra a economia popular. Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando,
destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui
crime contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
1951)
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações,
que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou
comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação CAPÍTULO VII
falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou DA RECEPTAÇÃO
oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a
elas relativo; Receptação

II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
títulos da sociedade; ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à Lei nº 9.426, de 1996)
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro,
dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação
assembléia geral; dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando 9.426, de 1996)
a lei o permite; § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
social, aceita em penhor ou em caução ações da própria expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
sociedade; proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui
lucros ou dividendos fictícios; Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do Art. 182 - Somente se procede mediante representação,
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos
1996) anteriores:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de quando haja emprego de grave ameaça ou violência à
1996) pessoa;
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido II - ao estranho que participa do crime.
ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, 10.741, de 2003)
pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se
o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, TÍTULO III
de 1996)
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de
Estado, do Distrito Federal, de Município ou de CAPÍTULO I
autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL
de economia mista ou empresa concessionária de
Violação de direito autoral
serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no
caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são
2017) conexos: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de
1º.7.2003)
Receptação de animal
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de
produção ou de comercialização, semovente § 1o Se a violação consistir em reprodução total ou
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por
em partes, que deve saber ser produto de crime: qualquer meio ou processo, de obra intelectual,
(Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) interpretação, execução ou fonograma, sem autorização
expressa do autor, do artista intérprete ou executante,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
do produtor, conforme o caso, ou de quem os
(Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
represente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de
1º.7.2003)
CAPÍTULO VIII Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
DISPOSIÇÕES GERAIS (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos § 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito
crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à
10.741, de 2003) venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em
depósito, original ou cópia de obra intelectual ou
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; fonograma reproduzido com violação do direito de
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco autor, do direito de artista intérprete ou executante ou
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga
original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem
a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

quem os represente. (Redação dada pela Lei nº 10.695, Usurpação ou indevida exploração de modelo ou
de 1º.7.2003) desenho privilegiado
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, Art. 189. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer
Falsa declaração de depósito em modelo ou desenho
outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção
da obra ou produção para recebê-la em um tempo e Art. 190. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
lugar previamente determinados por quem formula a Art. 191. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem
autorização expressa, conforme o caso, do autor, do
artista intérprete ou executante, do produtor de CAPÍTULO III
fonograma, ou de quem os represente: (Redação dada
pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) DOS CRIMES CONTRA AS

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. MARCAS DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO


(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Violação do direito de marca
o o o o
§ 4 O disposto nos §§ 1 , 2 e 3 não se aplica quando Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou
Uso indevido de armas, brasões e distintivos públicos
os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto
na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar,
para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto
ou indireto. (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Marca com falsa indicação de procedência
Usurpação de nome ou pseudônimo alheio Art. 194. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
Art. 185 - (Revogado pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Art. 195. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
Art. 186. Procede-se mediante: (Redação dada pela Lei
nº 10.695, de 1º.7.2003) CAPÍTULO IV
I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184; DOS CRIMES DE CONCORRÊNCIA DESLEAL
(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
Concorrência desleal
II – ação penal pública incondicionada, nos crimes
previstos nos §§ 1o e 2o do art. 184; (Incluído pela Lei nº Art. 196. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)
10.695, de 1º.7.2003)
III – ação penal pública incondicionada, nos crimes TÍTULO IV
cometidos em desfavor de entidades de direito público,
autarquia, empresa pública, sociedade de economia DOS CRIMES CONTRA
mista ou fundação instituída pelo Poder Público; A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
Atentado contra a liberdade de trabalho
IV – ação penal pública condicionada à representação,
nos crimes previstos no § 3o do art. 184. (Incluído pela Lei Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou
nº 10.695, de 1º.7.2003) grave ameaça:
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou
indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo
CAPÍTULO II período ou em determinados dias:
DOS CRIMES CONTRA O PRIVILÉGIO DE INVENÇÃO Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
Violação de privilégio de invenção pena correspondente à violência;

Art 187. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)


Falsa atribuição de privilégio
Art 188. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.5.1996)

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DIREITO PENAL

II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além
ou a participar de parede ou paralisação de atividade da pena correspondente à violência. (Redação dada pela
econômica: Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além § 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei nº
da pena correspondente à violência. 9.777, de 1998)
Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de
boicotagem violenta determinado estabelecimento, para impossibilitar o
desligamento do serviço em virtude de dívida; (Incluído
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou
pela Lei nº 9.777, de 1998)
grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não
fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria- II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer
prima ou produto industrial ou agrícola: natureza, mediante coação ou por meio da retenção de
seus documentos pessoais ou contratuais. (Incluído pela
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
Lei nº 9.777, de 1998)
pena correspondente à violência.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a
Atentado contra a liberdade de associação
vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante,
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
grave ameaça, a participar ou deixar de participar de (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
determinado sindicato ou associação profissional:
Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência,
pena correspondente à violência.
obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho:
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
perturbação da ordem
pena correspondente à violência.
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo
Exercício de atividade com infração de decisão
de trabalho, praticando violência contra pessoa ou
administrativa
contra coisa:
Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da
decisão administrativa:
pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o
abandono de trabalho é indispensável o concurso de, Aliciamento para o fim de emigração
pelo menos, três empregados.
Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com
Paralisação de trabalho de interesse coletivo o fim de levá-los para território estrangeiro. (Redação
dada pela Lei nº 8.683, de 1993)
Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo
de trabalho, provocando a interrupção de obra pública Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
ou serviço de interesse coletivo: (Redação dada pela Lei nº 8.683, de 1993)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do
território nacional
Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou
agrícola. Sabotagem Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de
uma para outra localidade do território nacional:
Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial,
comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou Pena - detenção de um a três anos, e multa. (Redação
embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo dada pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar
existentes ou delas dispor:
trabalhadores fora da localidade de execução do
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude
ou cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou,
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista
ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito de origem. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
assegurado pela legislação do trabalho:

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DIREITO PENAL

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a TÍTULO VI


vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante,
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
(Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998) (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
CAPÍTULO I
TÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS Estupro
CAPÍTULO I Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
ele relativo
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
motivo de crença ou função religiosa; impedir ou
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
perturbar cerimônia ou prática de culto religioso;
grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de
vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é pela Lei nº 12.015, de 2009)
aumentada de um terço, sem prejuízo da
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº
correspondente à violência.
12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído
CAPÍTULO II pela Lei nº 12.015, de 2009)
DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei
nº 12.015, de 2009)
Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia
funerária: Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
aumentada de um terço, sem prejuízo da
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada
correspondente à violência.
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Violação de sepultura
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de
Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária: obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018)
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte
dele: Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência
ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de
Vilipêndio a cadáver 2018)

Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não
constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718,
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. de 2018)
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

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DIREITO PENAL

Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações
2001) descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o
não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº
agente da sua condição de superior hierárquico ou
12.015, de 2009)
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou
função. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) § 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
Lei nº 10.224, de 15 de 2001) grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído
de 15 de 2001) pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é § 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº
menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, 12.015, de 2009)
de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)
CAPÍTULO I-A § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º
deste artigo aplicam-se independentemente do
(Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela
Registro não autorizado da intimidade sexual Lei nº 13.718, de 2018)

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por Corrupção de menores


qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a
sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº
autorização dos participantes: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
13.772, de 2018)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015,
montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro de 2009)
registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou
ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. (Incluído pela
adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Lei nº 13.772, de 2018)
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14
(catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção
CAPÍTULO II carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído
Sedução pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Favorecimento da prostituição ou de outra forma de
Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
2009) vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014)

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela outra forma de exploração sexual alguém menor de 18
Lei nº 12.015, de 2009) (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a
pela Lei nº 12.015, de 2009) abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

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DIREITO PENAL

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído CAPÍTULO III


pela Lei nº 12.015, de 2009)
DO RAPTO
o
§ 1 Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem
Rapto violento ou mediante fraude
econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009) Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº Rapto consensual
12.015, de 2009) Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso Diminuição de pena
com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14
(catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Concurso de rapto e outro crime
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
em que se verifiquem as práticas referidas no caput
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito CAPÍTULO IV
obrigatório da condenação a cassação da licença de DISPOSIÇÕES GERAIS
localização e de funcionamento do estabelecimento.
Art. 223 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 224 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro
de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia Ação penal
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, Título, procede-se mediante ação penal pública
vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de
por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação 2018)
de massa ou sistema de informática ou telemática -,
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que
13.718, de 2018)
contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável
ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o Aumento de pena
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou Art. 226. A pena é aumentada: (Redação dada pela Lei nº
pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 11.106, de 2005)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não I – de quarta parte, se o crime é cometido com o
constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada
de 2018) pela Lei nº 11.106, de 2005)
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
terços) se o crime é praticado por agente que mantém curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;
ou com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído pela (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
Lei nº 13.718, de 2018) III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
2018) praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
descritas no caput deste artigo em publicação de
natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
com a adoção de recurso que impossibilite a (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
identificação da vítima, ressalvada sua prévia Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

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DIREITO PENAL

b) para controlar o comportamento social ou sexual da Adultério


vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Art. 240 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

TÍTULO VII
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
CAPÍTULO I
Registro de nascimento inexistente
DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de
Bigamia nascimento inexistente:
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo Pena - reclusão, de dois a seis anos.
casamento:
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito
Pena - reclusão, de dois a seis anos. inerente ao estado civil de recém-nascido
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como
com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou
punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao
estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981)
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro
casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação dada pela
considera-se inexistente o crime. Lei nº 6.898, de 1981)
Induzimento a erro essencial e ocultação de Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de
impedimento reconhecida nobreza: (Redação dada pela Lei nº 6.898,
de 1981)
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz
impedimento que não seja casamento anterior: deixar de aplicar a pena. (Redação dada pela Lei nº 6.898,
de 1981)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Sonegação de estado de filiação
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do
contraente enganado e não pode ser intentada senão Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra
depois de transitar em julgado a sentença que, por instituição de assistência filho próprio ou alheio,
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o
fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:
Conhecimento prévio de impedimento
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência
de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano. CAPÍTULO III
Simulação de autoridade para celebração de casamento DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR
Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para Abandono material
celebração de casamento:
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18
constitui crime mais grave. (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de
ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não
Simulação de casamento
lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente
pessoa: acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa,
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não de socorrer descendente ou ascendente, gravemente
constitui elemento de crime mais grave. enfermo: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de CAPÍTULO IV


uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País.
DOS CRIMES CONTRA O
(Redação dada pela Lei nº 5.478, de 1968)
PÁTRIO PODER, TUTELA CURATELA
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo
solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação
por abandono injustificado de emprego ou função, o de incapazes
pagamento de pensão alimentícia judicialmente Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a
acordada, fixada ou majorada. (Incluído pela Lei nº 5.478, fugir do lugar em que se acha por determinação de quem
de 1968) sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de
Entrega de filho menor a pessoa inidônea ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do
tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou
Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a
interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a
pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o
quem legitimamente o reclame:
menor fica moral ou materialmente em perigo: (Redação
dada pela Lei nº 7.251, de 1984) Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Redação Subtração de incapazes
dada pela Lei nº 7.251, de 1984) Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito
§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de
se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor lei ou de ordem judicial:
é enviado para o exterior. (Incluído pela Lei nº 7.251, de Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato
1984) não constitui elemento de outro crime.
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior § 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou
quem, embora excluído o perigo moral ou material, curador do interdito não o exime de pena, se destituído
auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela,
para o exterior, com o fito de obter lucro. (Incluído pela curatela ou guarda.
Lei nº 7.251, de 1984)
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito,
Abandono intelectual se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução deixar de aplicar pena.
primária de filho em idade escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. TÍTULO VIII
Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos, DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou
vigilância: CAPÍTULO I

I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva DOS CRIMES DE PERIGO COMUM


com pessoa viciosa ou de má vida; Incêndio
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a
ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de integridade física ou o patrimônio de outrem:
igual natureza;
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
Aumento de pena
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a
comiseração pública: § 1º - As penas aumentam-se de um terço:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem
pecuniária em proveito próprio ou alheio;
II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a
obra de assistência social ou de cultura;

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DIREITO PENAL

c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
transporte coletivo; destinado à sua fabricação:
d) em estação ferroviária ou aeródromo; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
e) em estaleiro, fábrica ou oficina; Inundação
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a
integridade física ou o patrimônio de outrem:
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de
Incêndio culposo culpa.
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis Perigo de inundação
meses a dois anos.
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio
próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade
Explosão física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou
obra destinada a impedir inundação:
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o
patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
simples colocação de engenho de dinamite ou de
substância de efeitos análogos:
Desabamento ou desmoronamento
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento,
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou expondo a perigo a vida, a integridade física ou o
explosivo de efeitos análogos: patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena Modalidade culposa
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre Parágrafo único - Se o crime é culposo:
qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo. Subtração, ocultação ou inutilização de material de
salvamento
Modalidade culposa
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou
incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou
substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de
calamidade, aparelho, material ou qualquer meio
seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção,
destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou
de três meses a um ano.
salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal
Uso de gás tóxico ou asfixiante natureza:
Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou
Formas qualificadas de crime de perigo comum
asfixiante:
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de
Modalidade Culposa liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é
Parágrafo único - Se o crime é culposo: aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta
lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta
Pena - detenção, de três meses a um ano. morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo,
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte aumentada de um terço.
de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou
transportar, sem licença da autoridade, substância ou

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DIREITO PENAL

Difusão de doença ou praga TÍTULO X


Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
dano a floresta, plantação ou animais de utilidade
CAPÍTULO I
econômica:
DA MOEDA FALSA
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Moeda Falsa
Modalidade culposa
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda
Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de detenção,
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no
de um a seis meses, ou multa.
estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
TÍTULO IX
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
Incitação ao crime
moeda falsa.
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem incita, circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com
publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
delas contra os poderes constitucionais, as instituições § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
civis ou a sociedade. (Incluído pela Lei nº 14.197, de multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal
2021) (Vigência) de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a
Apologia de crime ou criminoso fabricação ou emissão:

Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado
criminoso ou de autor de crime: em lei;

Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. II - de papel-moeda em quantidade superior à


autorizada.
Associação Criminosa
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o circular moeda, cuja circulação não estava ainda
fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei autorizada.
nº 12.850, de 2013) (Vigência)
Crimes assimilados ao de moeda falsa
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada
pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo
de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete
associação é armada ou se houver a participação de recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal
criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº indicativo de sua inutilização; restituir à circulação
12.850, de 2013) (Vigência) cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já
Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº recolhidos para o fim de inutilização:
12.720, de 2012) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze
custear organização paramilitar, milícia particular, grupo anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que
ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos trabalha na repartição onde o dinheiro se achava
crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do
12.720, de 2012) cargo.(Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído Petrechos para falsificação de moeda
dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho,

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DIREITO PENAL

instrumento ou qualquer objeto especialmente falsificado destinado a controle tributário; (Incluído pela
destinado à falsificação de moeda: Lei nº 11.035, de 2004)
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta,
Emissão de título ao portador sem permissão legal
fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
ficha, vale ou título que contenha promessa de industrial, produto ou mercadoria: (Incluído pela Lei nº
pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte 11.035, de 2004)
indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. controle tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro 11.035, de 2004)
qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
multa. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando
CAPÍTULO II legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis,
carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS
PÚBLICOS Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Falsificação de papéis públicos § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de


alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: anterior.
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora
qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou
de tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º,
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na
legal; pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

III - vale postal; § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do


inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou
econômica ou de outro estabelecimento mantido por outros logradouros públicos e em residências. (Incluído
entidade de direito público; pela Lei nº 11.035, de 2004)
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro Petrechos de falsificação
documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou
a depósito ou caução por que o poder público seja Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar
responsável; objeto especialmente destinado à falsificação de
qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
transporte administrada pela União, por Estado ou por Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Município: Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
sexta parte.
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela
Lei nº 11.035, de 2004)
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis
falsificados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei
nº 11.035, de 2004)
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede,
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo

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DIREITO PENAL

CAPÍTULO III da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
DA FALSIDADE DOCUMENTAL
III – em documento contábil ou em qualquer outro
Falsificação do selo ou sinal público
documento relacionado com as obrigações da empresa
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983,
União, de Estado ou de Município; de 2000)

II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e
seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. contrato de trabalho ou de prestação de
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; Falsificação de documento particular (Redação dada
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
próprio ou alheio. particular ou alterar documento particular verdadeiro:

III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de
ou identificadores de órgãos ou entidades da 2012) Vigência
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000) Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
equipara-se a documento particular o cartão de crédito
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o ou débito. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
sexta parte. Falsidade ideológica

Falsificação de documento público Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular,


declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
público, ou alterar documento público verdadeiro: escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o


crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de documento é público, e reclusão de um a três anos, e
sexta parte. multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o
documento é particular. (Vide Lei nº 7.209, de 1984)
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e
portador ou transmissível por endosso, as ações de comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a
sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento falsificação ou alteração é de assentamento de registro
particular. civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz Falso reconhecimento de firma ou letra
inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de
I – na folha de pagamento ou em documento de função pública, firma ou letra que o não seja:
informações que seja destinado a fazer prova perante a Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
previdência social, pessoa que não possua a qualidade de documento é público; e de um a três anos, e multa, se o
segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de documento é particular.
2000)
Certidão ou atestado ideologicamente falso
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
empregado ou em documento que deva produzir efeito Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de
perante a previdência social, declaração falsa ou diversa função pública, fato ou circunstância que habilite alguém

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DIREITO PENAL

a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de CAPÍTULO IV


caráter público, ou qualquer outra vantagem:
DE OUTRAS FALSIDADES
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Falsificação do sinal empregado no contraste de metal
Falsidade material de atestado ou certidão precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros
fins
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que ou sinal empregado pelo poder público no contraste de
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar
de serviço de caráter público, ou qualquer outra marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:
vantagem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica- usa a autoridade pública para o fim de fiscalização
se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados
objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade
Falsidade de atestado médico
legal:
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão,
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
atestado falso:
Falsa identidade
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de
identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
lucro, aplica-se também multa.
alheio, ou para causar dano a outrem:
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica o fato não constitui elemento de crime mais grave.
que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de
ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento
verso do selo ou peça:
de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. utilize, documento dessa natureza, próprio ou de
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para terceiro:
fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa,
Uso de documento falso se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados


ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Fraude de lei sobre estrangeiro
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer
Supressão de documento no território nacional, nome que não é o seu:

Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade
público ou particular verdadeiro, de que não podia para promover-lhe a entrada em território nacional:
dispor: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Incluído
documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e pela Lei nº 9.426, de 1996)
multa, se o documento é particular.
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou
possuidor de ação, título ou valor pertencente a
estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a
propriedade ou a posse de tais bens: (Redação dada pela
Lei nº 9.426, de 1996)

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DIREITO PENAL

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Adulteração de sinal identificador de veículo § 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
automotor (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei
12.550. de 2011)
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu
componente ou equipamento:(Redação dada pela Lei nº
TÍTULO XI
9.426, de 1996))
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) CAPÍTULO I
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função DOS CRIMES PRATICADOS
pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público
que contribui para o licenciamento ou registro do veículo Peculato
remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
material ou informação oficial. (Incluído pela Lei nº valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
9.426, de 1996) particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

CAPÍTULO V Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que
lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Fraudes em certames de interesse público (Incluído pela
Lei 12.550. de 2011)
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o Peculato culposo
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o
credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído crime de outrem:
pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - detenção, de três meses a um ano.
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
12.550. de 2011) punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; imposta.
ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Peculato mediante erro de outrem
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Inserção de dados falsos em sistema de informações
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas
às informações mencionadas no caput. (Incluído pela Lei Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado,
12.550. de 2011) a inserção de dados falsos, alterar ou excluir
indevidamente dados corretos nos sistemas
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração informatizados ou bancos de dados da Administração
pública: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou

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DIREITO PENAL

para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº Corrupção passiva
9.983, de 2000))
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema
de informações ou programa de informática sem § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em
autorização ou solicitação de autoridade competente: conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço
cedendo a pedido ou influência de outrem:
até a metade se da modificação ou alteração resulta
dano para a Administração Pública ou para o Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
administrado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Facilitação de contrabando ou descaminho
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
documento
prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento,
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Prevaricação
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
constitui crime mais grave. Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação (Vide ADPF 881)
diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
Concussão público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso
a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
comunicação com outros presos ou com o ambiente
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Condescendência criminosa
Excesso de exação Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
levar o fato ao conhecimento da autoridade
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
competente:
que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137,
de 27.12.1990) Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Advocacia administrativa
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de privado perante a administração pública, valendo-se da
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos qualidade de funcionário:
cofres públicos:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Violação do sigilo de proposta de concorrência


Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-
Violência arbitrária
lo:
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
pretexto de exercê-la:
Funcionário público
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena
correspondente à violência. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
Abandono de função
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce
permitidos em lei:
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. quem trabalha para empresa prestadora de serviço
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: contratada ou conveniada para a execução de atividade
típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 9.983, de 2000)
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os
de fronteira: autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou direta, sociedade de economia mista, empresa pública
prolongado ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de Lei nº 6.799, de 1980)
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la,
sem autorização, depois de saber oficialmente que foi
exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Violação de sigilo funcional CAPÍTULO II

Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do DOS CRIMES PRATICADOS POR
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar- PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
lhe a revelação:
Usurpação de função pública
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se
o fato não constitui crime mais grave. Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:

§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra
Resistência
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas
de informações ou banco de dados da Administração Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) violência ou ameaça a funcionário competente para
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
o
§ 2 Se da ação ou omissão resulta dano à Administração § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de um a três anos.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
das correspondentes à violência.

68
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

Desobediência III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de


qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
exercício de atividade comercial ou industrial,
público:
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. clandestinamente no País ou importou
Desacato fraudulentamente ou que sabe ser produto de
introdução clandestina no território nacional ou de
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da importação fraudulenta por parte de outrem; (Redação
função ou em razão dela: dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
de 1995) mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal ou
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos
1995) deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 13.008, de 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho
agente alega ou insinua que a vantagem é também é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
9.127, de 1995)
Contrabando
Corrupção ativa
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir
ou retardar ato de ofício: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) § 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se,
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
dever funcional. II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Descaminho que dependa de registro, análise ou autorização de
órgão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008,
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de de 26.6.2014)
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira
13.008, de 26.6.2014) destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela exercício de atividade comercial ou industrial,
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) mercadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos nº 13.008, de 26.6.2014)
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
26.6.2014) alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) nº 13.008, de 26.6.2014)

69
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo


efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
inclusive o exercido em residências. (Incluído pela Lei nº
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais
4.729, de 14.7.1965)
fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
ou fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente,
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência espontaneamente, declara e confessa as contribuições,
pública ou venda em hasta pública, promovida pela importâncias ou valores e presta as informações devidas
administração federal, estadual ou municipal, ou por à previdência social, na forma definida em lei ou
entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave Lei nº 9.983, de 2000)
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, somente a de multa se o agente for primário e de bons
além da pena correspondente à violência. antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
oferecida.
II – o valor das contribuições devidas, inclusive
Inutilização de edital ou de sinal acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
pela previdência social, administrativamente, como
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
determinação legal ou por ordem de funcionário público, § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha
para identificar ou cerrar qualquer objeto: de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um
mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.
Subtração ou inutilização de livro ou documento (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
livro oficial, processo ou documento confiado à custódia reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do
de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em reajuste dos benefícios da previdência social. (Incluído
serviço público: pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
constitui crime mais grave.
CAPÍTULO II-A
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído
(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
pela Lei nº 9.983, de 2000)
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
previdenciária e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Corrupção ativa em transação comercial internacional
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou
documento de informações previsto pela legislação indiretamente, vantagem indevida a funcionário público
previdenciária segurados empregado, empresário, estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à
equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº
nº 9.983, de 2000) 10.467, de 11.6.2002)
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), Frustração do caráter competitivo de licitação (Incluído
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário pela Lei nº 14.133, de 2021)
público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou
Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter
o pratica infringindo dever funcional. (Incluído pela Lei nº
para si ou para outrem vantagem decorrente da
10467, de 11.6.2002)
adjudicação do objeto da licitação, o caráter competitivo
Tráfico de influência em transação comercial do processo licitatório: (Incluído pela Lei nº 14.133, de
internacional (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) 2021)
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato
Patrocínio de contratação indevida (Incluído pela Lei nº
praticado por funcionário público estrangeiro no
14.133, de 2021)
exercício de suas funções, relacionado a transação
comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10.467, de Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente,
11.6.2002) interesse privado perante a Administração Pública,
dando causa à instauração de licitação ou à celebração
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
de contrato cuja invalidação vier a ser decretada pelo
(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
Poder Judiciário: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
agente alega ou insinua que a vantagem é também
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº
10467, de 11.6.2002) Modificação ou pagamento irregular em contrato
administrativo (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº
10.467, de 11.6.2002) Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer
modificação ou vantagem, inclusive prorrogação
Art. 337-D. Considera-se funcionário público
contratual, em favor do contratado, durante a execução
estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que
dos contratos celebrados com a Administração Pública,
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
sem autorização em lei, no edital da licitação ou nos
emprego ou função pública em entidades estatais ou em
respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar
representações diplomáticas de país estrangeiro.
fatura com preterição da ordem cronológica de sua
(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
exigibilidade: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
empresas controladas, diretamente ou indiretamente,
pelo Poder Público de país estrangeiro ou em Perturbação de processo licitatório (Incluído pela Lei nº
organizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei 14.133, de 2021)
nº 10.467, de 11.6.2002) Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
qualquer ato de processo licitatório: (Incluído pela Lei nº
14.133, de 2021)
CAPÍTULO II-B
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS
multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
ADMINISTRATIVOS
Violação de sigilo em licitação (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
14.133, de 2021)
Contratação direta ilegal (Incluído pela Lei nº 14.133,
Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
de 2021)
processo licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo
Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à de devassá-lo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
contratação direta fora das hipóteses previstas em lei:
Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Afastamento de licitante (Incluído pela Lei nº 14.133, de
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
2021)

71
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de § 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de que, declarado inidôneo, venha a participar de licitação
vantagem de qualquer tipo: (Incluído pela Lei nº 14.133, e, na mesma pena do § 1º deste artigo, aquele que,
de 2021) declarado inidôneo, venha a contratar com a
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 14.133, de
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa,
2021)
além da pena correspondente à violência. (Incluído pela
Lei nº 14.133, de 2021) Impedimento indevido (Incluído pela Lei nº 14.133, de
2021)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
abstém ou desiste de licitar em razão de vantagem Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a
oferecida. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) inscrição de qualquer interessado nos registros
cadastrais ou promover indevidamente a alteração, a
Fraude em licitação ou contrato (Incluído pela Lei nº
suspensão ou o cancelamento de registro do inscrito:
14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Pública, licitação ou contrato dela decorrente, mediante:
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Omissão grave de dado ou de informação por projetista
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
qualidade ou em quantidade diversas das previstas no
edital ou nos instrumentos contratuais; (Incluído pela Lei Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à
nº 14.133, de 2021) Administração Pública levantamento cadastral ou
condição de contorno em relevante dissonância com a
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de
realidade, em frustração ao caráter competitivo da
mercadoria falsificada, deteriorada, inservível para
licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais
consumo ou com prazo de validade vencido; (Incluído
vantajosa para a Administração Pública, em contratação
pela Lei nº 14.133, de 2021)
para a elaboração de projeto básico, projeto executivo
III - entrega de uma mercadoria por outra; (Incluído pela ou anteprojeto, em diálogo competitivo ou em
Lei nº 14.133, de 2021) procedimento de manifestação de interesse: (Incluído
IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da pela Lei nº 14.133, de 2021)
mercadoria ou do serviço fornecido; (Incluído pela Lei nº Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
14.133, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente § 1º Consideram-se condição de contorno as
mais onerosa para a Administração Pública a proposta ou informações e os levantamentos suficientes e
a execução do contrato: (Incluído pela Lei nº 14.133, de necessários para a definição da solução de projeto e dos
2021) respectivos preços pelo licitante, incluídos sondagens,
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e topografia, estudos de demanda, condições ambientais
multa. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) e demais elementos ambientais impactantes,
considerados requisitos mínimos ou obrigatórios em
Contratação inidônea (Incluído pela Lei nº 14.133, de normas técnicas que orientam a elaboração de projetos.
2021) (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional § 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício,
declarado inidôneo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de direto ou indireto, próprio ou de outrem, aplica-se em
2021) dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa. pela Lei nº 14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional previstos neste Capítulo seguirá a metodologia de
declarado inidôneo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de cálculo prevista neste Código e não poderá ser inferior a
2021) 2% (dois por cento) do valor do contrato licitado ou
celebrado com contratação direta. (Incluído pela Lei nº
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa. 14.133, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)

72
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - PMPA
DIREITO PENAL

CAPÍTULO III § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no


processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de
Reingresso de estrangeiro expulso 28.8.2001)
Art. 338 - Reingressar no território nacional o Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
estrangeiro que dele foi expulso: qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação
nova expulsão após o cumprimento da pena. falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia,
cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela
Denunciação caluniosa Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação
de procedimento investigatório criminal, de processo dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
judicial, de processo administrativo disciplinar, de
inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a
contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético- um terço, se o crime é cometido com o fim de obter
disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: prova destinada a produzir efeito em processo penal ou
(Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) em processo civil em que for parte entidade da
administração pública direta ou indireta. (Redação dada
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
se serve de anonimato ou de nome suposto.
Coação no curso do processo
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é
de prática de contravenção. Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim
de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que
Comunicação falsa de crime ou de contravenção funciona ou é chamada a intervir em processo judicial,
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-
lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da
não se ter verificado: pena correspondente à violência.

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço)
até a metade se o processo envolver crime contra a
Auto-acusação falsa dignidade sexual. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime Exercício arbitrário das próprias razões
inexistente ou praticado por outrem:
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei
Falso testemunho ou falsa perícia o permite:
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou além da pena correspondente à violência.
intérprete em processo judicial, ou administrativo, Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada somente se procede mediante queixa.
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. própria, que se acha em poder de terceiro por
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) determinação judicial ou convenção:
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
o crime é praticado mediante suborno ou se cometido
com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em Fraude processual
processo penal, ou em processo civil em que for parte Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
entidade da administração pública direta ou processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

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coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o
o perito: crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda
está o preso ou o internado.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as
meses a um ano, ou multa.
penas aplicam-se em dobro.
Evasão mediante violência contra a pessoa
Favorecimento pessoal
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
pública autor de crime a que é cominada pena de
usando de violência contra a pessoa:
reclusão:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
correspondente à violência.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Arrebatamento de preso
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, de quem o tenha sob custódia ou guarda:
descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
de pena.
correspondente à violência.
Favorecimento real
Motim de presos
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem
autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
ou disciplina da prisão:
seguro o proveito do crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
correspondente à violência.
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou
facilitar a entrada de aparelho telefônico de
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização Patrocínio infiel
legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou
12.012, de 2009).
procurador, o dever profissional, prejudicando interesse,
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
pela Lei nº 12.012, de 2009).
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Exercício arbitrário ou abuso de poder
Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019)
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o
(Vigência)
advogado ou procurador judicial que defende na mesma
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
segurança
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de
legalmente presa ou submetida a medida de segurança
restituir autos, documento ou objeto de valor
detentiva:
probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. procurador:
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de
Exploração de prestígio
reclusão, de dois a seis anos.
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-
utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do
se também a pena correspondente à violência.
Ministério Público, funcionário de justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha:

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Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.


Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se
o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
também se destina a qualquer das pessoas referidas
neste artigo.
Violência ou fraude em arrematação judicial
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou
licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além
da pena correspondente à violência.
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou
suspensão de direito
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade
ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

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