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Interpretação Extensiva
Quando o legislador disse menos do que queria dizer – o sentido literal é mais estrito
que o sentido real – e o intérprete deve estender a letra da lei, em função dos elementos
lógicos de interpretação
Interpretação Restritiva
Verifica-se quando o legislador disse mais do que queria dizer – o sentido literal é mais
amplo que o sentido real – e o intérprete deve limitar a letra da lei, em função dos
elementos lógicos da interpretação
Interpretação Abrogante
É aquela em que o intérprete reconhece que o sentido da lei é indecifrável, ou seja, que
é impossível determinar o seu conteúdo, isto porque existe uma contradição insanável
entre o espírito e a letra da lei
Modalidades:
▪ Interpretação abrogante lógica – incongruência insanável dos preceitos
interpretados
▪ Interpretação abrogante valorativa – os valores subjacentes às disposições em
causa forem incompatíveis entre si
Interpretação Enunciativa:
É aquela em que o intérprete deduz dum preceito uma regra que nele apenas está
virtualmente contida, usando para tais certas inferências ou argumentos lógico-jurídicos.
Da regra X, o espírito da lei permite retirar a regra Y (uma nova regra sem
correspondência na letra da lei, mas implicitamente manifestada).
4 Argumentos Lógico-Jurídicos:
o " A minori ad maius" - a lei que proíbe o menos, também proíbe o mais
o “A maiori ad minus” – a lei que permite o mais, também permite o menos
o “A contrario” – da disciplina excecional estabelecida para certo caso, deduz-
se um princípio regra oposto para os casos não abrangidos pela norma
excecional
o “A legitimidade dos fins, justifica os meios” – a lei que permite ou proíbe o
fim, permite ou proíbe o meio
Interpretação Corretiva:
Verifica-se quando o sentido real da lei é afastado, modificado ou corrigido pelo
intérprete, com fundamento em injustiça ou inoportunidade.
Atualmente o CC não parece admitir a interpretação corretiva na ordem jurídica
portuguesa
Integração de Lacunas
Atividade de colmatar omissões ou vazios em domínios que o Direito deveria reger
Preceitos do CC: art.º 8.º/1, 10.º e 11.º CC
Lacuna Jurídica:
A lacuna jurídica existe quando se verifica a ausência de uma regra jurídica para reger
certa matéria, que deve ser prevista e regulada pelo Direito
2 requisitos simultaneamente para aferir a existência de uma lacuna:
▪ Inexistência de disciplina jurídica ou vazio jurídico
▪ Imprescindibilidade dessa disciplina
Espécies de lacunas: (Slide 145)
Lacunas Voluntárias
Lacunas Involuntárias
Lacunas Iniciais
Lacunas posteriores
Lacunas de previsão
Lacunas de estatuição
Lacunas da lei
Lacunas do direito
Processos de Integração da Lacuna:
Intra- Sistemáticos
Nestes processos a solução do caso faz-se tomando por base o sistema de normas
vigentes
Analogia Legis - pressupõe o recurso a uma regra determinada normalmente legal.
Analogia Iuris - pressupõe o recurso a um princípio jurídico determinado.
Norma que o intérprete criaria - a resolução do caso apela ao espírito geral do
sistema
Extra-Sistemáticos
Nestes processos a solução do caso funda-se noutros critérios
Normativos - verificam-se quando o legislador emite uma norma para colmatar a
lacuna.
Discriminatórios - verificam-se quando o legislador dá à Administração a
possibilidade de optar entre duas soluções igualmente possíveis, de acordo com a
melhor prossecução do interesse público
Equitativos - verificam-se quando o juiz não decide segundo uma norma, mas
segundo as circunstâncias do caso concreto, isto é, o juiz não pretende criar uma
norma, procurando uma solução adequada a todos os casos daquela índole, mas
procurando uma solução que seja adequada à luz do princípio da justiça.
Sanções Jurídicas
(como garantia da ordem)
Define-se sanção como a consequência negativa ou reação desfavorável da ordem
jurídica ao incumprimento de uma norma
Modalidades de Sanções:
o Reconstitutivas
o Compensatórias
o Punitivas
o Preventivas
o Compulsórias
o Desvalores do ato (ineficácia e invalidade)
Sanções Reconstitutivas:
São as sanções que visam refazer a situação que existia se a norma jurídica não tivesse
sido violada.
Visam a obtenção de uma realidade idêntica à que se verificaria se tivesse havido
observância da regra, de molde que, se retirarmos uma fotografia aos antes e ao agora
ela vai ser igual
562º e 566º/1 CC
Modalidades:
o Reconstituição em espécie (562º CC)
o Indemnização específica
o Execução específica (827º, 830º, 828º, 829º CC)
Sanções Compensatórias:
Visam reconstituir uma situação que, embora seja diferente à que existia antes da
violação da norma é, todavia, equivalente em termos pecuniários.
Não se pretende uma identidade de fotografia, mas uma fotografia parecida com a
existente antes da violação da norma
Estas sanções operam através de indemnização dos danos sofridos, porque a
reconstituição natural pode ser impossível, insuficiente ou inadequada.
Tipos de danos cobertos:
o Danos não Patrimoniais (496º/1 CC)
o Danos Patrimoniais (564º/1 CC)
o Danos Emergentes (564º/1 - Desvalorização imediata do património)
o Lucros Cessantes (564º/1 - 2º Parte - Ganhos que se deixou de obter)
Sanções Punitivas:
São aquelas que têm como função principal aplicar um castigo ao violador da norma
Concretizam-se através da aplicação de uma pena que se pode traduzir na privação de
um bem ou da liberdade
Modalidades:
o Criminais ( multa/ pena de prisão)
o Administrativas (Coimas/ Interdição temporária de exercício de atividade)
o Disciplinares (repreensão/suspensão/multa/demissão)
o Civis (Ex: 2034º; 1649º)
Sanções Preventivas:
são as sanções em que se pretendem afastar posteriores violações do direito, cujo receio
existe devido ao facto de se ter praticado previamente um determinado ilícito.
o Proteção coativa preventiva
o Sanções punitivas
Exemplos: 781º CC, 66º e 91º CP
Sanções compulsórias:
são as sanções que pretendem levar o infrator da norma a adotar a conduta devida, de
modo a que a sua violação não se prolongue por mais tempo. Trata-se de sanções que
ocorrem em fase tardia, mas em que o cumprimento da norma ainda é possível e útil
para o direito, razão pela qual se visa pressionar o infrator ao seu acatamento.
EX: pena de prisão; direito de retenção; sanção pecuniária.
Desvalores Jurídicos dos atos
Supondo que após tais atos que produzam efeitos , pode suceder que a suposta lei não
exista, não seja válida ou não produza efeitos
Fala-se então em desvalores do ato legislativo ou valores jurídicos negativos:
o Inexistência
o Invalidade: nulidade e anulabilidade
Também a ineficácia que se verifica quando a conformidade para com o direito não é
posta em causa, mas a lei simplesmente não produz efeitos devido ao não
preenchimento de algum requisito ou condição.
Precisões:
o Os desvalores jurídicos aplicam-se não só a atos legislativos, mas também aos
demais atos jurídicos, tais como atos administrativos
o Devem-se separar os desvalores jurídicos, dos vícios dos atos:
um vício corresponde à media em que se contraria o Direito
o desvalor jurídico é a consequência ou “sanção” decorrente do desrespeito
do Direito.
Inexistência Jurídica:
o Verifica-se quando determinado ato legislativo se encontra de tal forma em
desconformidade para com o direito que para este "nada há".
o Nestes Casos, nem sequer existe uma base que permita identificar um ato jurídico,
mesmo que inválido. A Lei inexistente é uma mera aparência de lei, pelo que não
produz qualquer efeito.
o Vícios do ato que geram a inexistência:
Inconstitucionalidade formal, ex: a não promulgação pelo PR, Art.º 137º CRP
Inconstitucionalidade orgânica, ex: quando um órgão que não exerce a
função legislativa, legisla (art.º 103.º/2 CRP)
Inconstitucionalidade material
o A invalidade da lei verifica-se quando surgem inconstitucionalidades menos graves
do que aquelas que geram a sua inexistência.
Graus de Invalidade: Nulidade
o A nulidade é a forma de invalidade mais intensa, por isso, também se chama de
"nulidade absoluta" (268º CC e 161º e 162º Cod. Procedimento Administrativo)
O ato é nulo desde a altura em que é praticado, por esse motivo nunca
produziu efeitos e não é obrigatório ab initio.
A nulidade pode ser declarada pelos tribunais (a todo o tempo)
Os tribunais podem declarar a nulidade oficiosamente - "ex officio", sem
solicitação nesse sentido
A nulidade é insanável
Graus de Invalidade: anulabilidade
o A anulabilidade é a forma de invalidade menos intensa, por isso, também é
apelidada de "nulidade relativa" (287º CC e 135º CPA)
O ato anulável, embora inválido, produz efeitos até à sua anulação, por isso,
é obrigatório até ser anulado – goza de presunção de legalidade.
A anulação do ato compete aos tribunais.
A anulação tem natureza constitutiva – vem alterar a ordem jurídica – e não
meramente declarativa.
A anulação está dependente do pedido das pessoas com especial interesse
na anulação.
Ineficácia
O entendimento do conceito de ineficácia parte de uma primeira perceção do que
significa eficácia ou produção de efeitos: para explicar o que significa produzir efeitos
devemos tomar a imagem de uma arma que está carregada, ela só produz efeitos
quando se aperta o gatilho e dispara.
Assim, a ineficácia verifica-se quando um ato ou facto, distinto da lei, paralisa ou impede
a produção dos efeitos jurídicos, sem que haja um vício ou desconformidade para com o
Direito dessa mesma lei. Ex: a lei não publicada no DR.
A ineficácia impede a produção de qualquer efeito jurídico.