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TEORIA GERAL DO

DIREITO CIVIL
N126
2024/1

E-mail:
professordurval2007@gmail.com
Tel.: (21) 96500-6532
Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro

Professor: Durval Duarte Neto

SÃO GONÇALO
2024

o
Teoria Geral do Direito Civil
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Bacharelado
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LINDB – DECRETO 4.657/42


REPRISTINAÇÃO (art. 2ª, §3º da VACACIO LEGIS (art. 1º, § 1º da
LINDB) LINDB)
✓ Ocorre quando uma norma ✓ A REGRA 45 no País e 3 meses
revogada volta a valer no caso de no estrangeiro, contados da
revogação de sua revogadora. publicação, SALVO disposições
✓ Não é permitido no Direito em contrário.
brasileiro. Salvo expressa
autorização legal.

VIGÂNCIA
DAS LEIS

REVOGAÇÃO (art. 2º, § 1º da


REVOGAÇÃO (art. 2º, § 1º da
LINDB)
LINDB)
✓ Lei EXPRESSAMENTE declara da
revogação.
✓ AD-ROGAÇÃO: revogação
✓ TACITAMENTE, lei nova TOTAL DA lei.
INCONPATÍVEL com a lei
✓ DERROGAÇÃO; revogação de
anterior ou lei nova regula
parte da lei.
INTEIRAMENTE a matéria de que
trabalha a lei anterior

VAMOS LÁ: A vigência é a aptidão de produzir efeitos juridicamente válidos. Caso haja
correção posterior do texto legal com a nova publicação, duas situações podem acontecer:
a. Se a lei NÃO entrou em vigor – o prazo de vigência começa a partir da nova publicação.
b. Se a lei já está em vigor – as correções são consideradas lei nova.

ATENÇÃO PARA os atributos das Leis:


➢ Existência – esse depende de atender a determinados pressupostos jurídicos
necessários para a criação da norma jurídica, notadamente pela observância correta
do processo legislativo.
➢ Vigência – é a aptidão da lei para produzir seus efeitos, revelada pelo momento em
que a lei entra em vigor. Enquanto isso, a lei existe, mas não tem eficácia.
➢ Validade – se verifica com a compatibilidade da lei com o sistema jurídico como um
todo e, especialmente, com as normas de hierarquia superior.
➢ Eficácia – é o poder que a lei tem de produzir efeitos que dela se espera.
Normalmente acontece com a vigência da lei. A lei em vigor geralmente tem eficácia.

OLHA A EFICÁCIA da LEI: a lei tem eficácia enquanto durar a sua vigência. Porém o fim
da vigência se dar por 3 motivos:
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➢ Decurso do prazo – é o caso de leis temporárias, cuja vigência se estabelece na
própria lei, com prazo definido.
➢ Suspensão da execução – ocorre com a declaração da inconstitucionalidade da lei.
➢ Revogação – que, como já visto, por ab-rogação, que é a revogação total, e a
derrogação, que é a revogação parcial. Lembrar da revogação expressa e tácita.

❖ Inadmissibilidade do Erro de Direito (ART. 3º da LINDB)


Este decorre do princípio da obrigatoriedade da lei, como a lei está ao alcance de
qualquer pessoa, não há motivos para deixar de aplicá-las em razão da alegada ignorância
acerca de sua existência ou conteúdo.

❖ Integralização das Lacunas da Lei (ART. 4º da LINDB)


Neste caso o juiz não pode deixar de julgar um processo alegando que não há previsão
legal, ou que há lacuna na lei (Ver ar. 140, caput do CPC). Neste caso deverá valer-se de:
➢ Analogia – é um método de indução lógico, em que primeiro de faz a constatação
(empírica), por comparação, de que há uma semelhança entre fatos/tipos diferentes e,
depois, toma-se em juízo de valor que demonstra a relevância das semelhanças sobre
as diferenças. Assim, procura-se no ordenamento jurídico uma norma semelhante para
aplicá-la no caso concreto em que ausente uma norma específica. Costuma-se separar
em dois grupos:
✓ Analogia in legis (legal) – é a aplicação de uma norma já existente para um caso
semelhante que não possua uma norma própria e específica.
✓ Analogia in iuris (jurídica) – consiste na utilização de um conjunto de normas
próximas, para com isso extrair elementos que permitam fazer analogia,
socorrendo-se do ordenamento jurídico como um todo.
➢ Costumes – são as práticas integradas e aceitas num determinado meio. É aquele
construído por dois elementos necessários: o uso e a convicção jurídica, caracterizado,
assim, a norma jurídica que deveria da longa prática uniforme, constante, pública e geral
de determinado ato com a convicção de sua necessidade jurídica.
➢ Princípios gerais de direito – não derivam de um processo legislativo, mas estão
na sua essência, no seu nascedouro, contidos de forma imanente no ordenamento
jurídico. Tem natureza múltiplas:
✓ são decorrentes das normas do ordenamento jurídico – são subsistemas
normativos, atuam como fundamento de integração do sistema normativo e
como limite da atividade jurisdicional.
✓ derivam das ideias política e sociais vigentes num dado momento – trata-
se de um ponto de união entre consenso social, valores predominantes, aspirações
de uma sociedade com o sistema de direito.
✓ são reconhecidos pelas noções civilizadas – aqueles que possuem substrato
comum a todos os povos ou a alguns deles em determinados períodos da história.
➢ Equidade – tem o significado de igualdade, imparcialidade, retidão, justiça. Deve ser
visto com bastante cautela e ressalva. Julgar por equidade está mencionado no art.
140 do CPC, parágrafo único. Significa afastar a norma do caso concreto para julgar
com critérios pessoais de justiça. Para se julgar por equidade depende de autorização
expressa da lei. Exemplo: art. 108 do CTN ou art. 25 da LJEC.

❖ Fins Sociais e às Exigências do Bem Comum (ART. 5º da LINDB)


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O juiz não deve ser um mero aplicador da letra fria da lei, mas deve, sim, buscar o
sentido da lei, o “espírito” dela, que lhe permita atingir os fina sociais e as exigências do bem
comum, de sorte a resguardar e promover a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da
CRFB/88).

❖ Eficácia das Leis (ART. 6º da LINDB)


Trata-se do princípio a irretroatividade da lei, que é a regra geral do nosso
ordenamento jurídico. A matéria é constitucional, prevista na CRFB/88, art. 5º, XXXVI, é
constitui cláusula pétrea.
Assim, a lei nova produz efeito geral e imediato, mas tem eu respeitar:
➢ Ato jurídico perfeito – é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em
que se efetuou. Exemplo: um contrato, segundo a regência de uma determinada
lei, que posteriormente foi revogada ou modificada, porém não poderá afetá-lo.
➢ Direito adquirido – é aquele já reconhecido ao seu titular – mesmo que ainda
não exercido. Já está definitivamente integrado ao patrimônio de seu titular, e cujo
exercício não pode ser obstado pela vontade de outrem, nem mesmo da lei.
➢ Coisa julgada – quando num processo judicial contra a sentença não couber mais
nenhum recurso, seja porque já se esgotaram todos, seja porque não interposto
nenhum, ocorre o fenômeno do TRÂNSITO EM JULGADO, e com ele ocorre a
COISA JULGADA, que nada mais é do que a qualidade da decisão que a torna
indiscutível e imutável, não podendo ser afetado por lei posterior.

❖ Princípio da territorialidade (ART. 7º da LINDB)


Respeitando a soberania constitucional, as leis brasileiras terão validade no território
nacional, ao passo que as leis estrangeiras apenas valerão aqui se tiverem autorização estatal
para tanto. Trata-se do princípio da territorialidade.
Quanto a pessoa o respectivo dispositivo legal trata das seguintes questões:
➢ Começo e fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de
família – aplica-se a lei do domicílio da pessoa (lex fori).
➢ Casamento realizado no Brasil – aplica-se a lei brasileira sobre impedimentos
e formalidades.
➢ Invalidade do casamento – aplica-se a lei do primeiro domicílio do casal, se
domiciliados em locais diversos.
➢ Regime de bens, legal ou convencional – rege-se pelas leis do domicílio do
casal e, se foram diversos, do primeiro domicílio dele.
ATENÇÃO: o conceito de domicílio está no art. 70 do CC. Porém, se a
pessoa tem várias residências, onde viva alternadamente, será considerado o
domicílio qualquer um deles, segundo o que dispõe o art. 71 do CC. Vale
destacar, que além da residência, admite-se como domicílio, o local onde a
pessoa concentra suas atividades profissionais, e se forem exercidas em
diversos lugares, cada uma delas será considerado seu domicílio, art. 72 do
ATENÇÃO CC.
Não tendo a pessoa domicílio, considerar-se-á domiciliado o lugar de sua
residência ou naquele em que se encontre.
Outro ponto importante é o fato de que o domicílio do chefe de a família
estende-se ao outro cônjuge e os filhos não emancipados, e o do tutor ou
curador aos incapazes sobre sua guarda, exceto em caso de abandono.

❖ Bens (ART. 8º da LINDB)


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Os bens IMÓVEIS são qualificados e regidos pela lei onde estiverem situados (lex rei
sitae).
Já os bens MÓVEIS transportados pelo proprietário, aplicam-se a lei do domicílio deste,
assim como em caso de penhor.

❖ Obrigações (ART. 9º da LINDB)


Quanto as obrigações, estas serão regidas pelas leis do país onde foram constituídas
(locus regit actum). No caso de um contrato, a obrigação dele resultante vai ser considerada
constituída no domicílio do proponente, sendo-lhes aplicadas as leis desse país. Por fim,
independentemente de onde tenha sido constituída a obrigação, se ela tiver de ser cumprida
no Brasil, irá se sujeitar às leis brasileiras.

❖ Morte ou Ausência (ART. 10º da LINDB)


Nesse caso será aplicada a lei do domicílio do falecido ou do ausente,
independentemente da natureza e da situação dos bens.
A capacidade para suceder será regulada pela lei do domicílio do herdeiro ou
legatário.
No caso de falecimento ou desaparecimento de um estrangeiro que tenha deixado
bens no Brasil, aplica-se a lei mais benéfica ao cônjuge e aos filhos brasileiros.

❖ Pessoas Jurídicas (ART. 11º da LINDB)


As pessoas jurídicas de direito privado (art. 44 do CC), regem-se pelas leis do
País em que foram constituídas. Uma Organização estrangeira, somente poderá atuar no Brasil
por meio de filiais, agências ou estabelecimentos, desde que seus atos constitutivos tenham
sido aprovados pelo Governo brasileiro, caso em que se submetem a legislação brasileira.
As pessoas jurídicas de direito público externo (art. 42 do CC), são proibidas
de adquirir no Brasil ou sujeitos a desapropriação. Só poderão adquirir propriedade dos
prédios necessários à sede dos seus representantes diplomáticos ou agentes consulares.

❖ Jurisdição e Competência Internacional (ART. 12º da LINDB)


Pelo princípio da territorialidade a jurisdição nacional só pode ser exercida dentro do
território nacional. Assim, não se admite que juízes estrangeiros possam exercer a sua
jurisdição dentro do território brasileiro.
Isso decorre da soberania nacional (art. 1º, I, da CRFB/88 e art. 16 do CPC).
O Código de processo Civil trata da competência internacional do art. 21 ao art. 25.

LEMBRETE A sentença estrangeira só terá eficácia no Brasil depois de


homologado pelo STJ (art. 961 do CPC e art. 15 do LINDB).

❖ Competência Concorrente (ART. 12º da LINDB)


O art. 21 do CPC trata da competência concorrente, entre o juiz brasileiro e o juiz
estrangeiro. A competência diz respeito a possibilidade de que terão competência para julgar
tanto o juiz brasileiro quanto o juiz estrangeiro nos seguintes casos:
a. quando o réu for domiciliado no Brasil, qualquer que seja a sua
nacionalidade: neste caso tem competência a autoridade judiciária brasileira pelo
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fator do domicílio (art. 12, caput da LINDB). Assim, não importa onde o fato
ocorreu nem a nacionalidade das partes;
b. quando a obrigação tiver que ser cumprida no Brasil: neste caso independe
o local onde a obrigação tenha sido contraída (art. 12, caput da LINDB);
c. quando o fundamento da demanda é ato ou fato ocorrido no Brasil: neste
caso basta o critério da localidade, independentemente da nacionalidade das partes;
d. ações de alimentos em que o credor tem domicílio no Brasil: trata-se da
questão do foro privilegiado de jurisdição do alimentando (art. 53, II do CPC);
e. ações de alimentos em que o réu mantiver algum vínculo com o Brasil:
trata-se no casso em questão recebimento de renda ou obtenção de benefício ao
consumidor (art. 101, I, do Código de Defesa do Consumidor - CDC);
f. ação decorrente de relação de consumo em que o autor (consumidor)
é domiciliado no Brasil: trata-se de foro privilegiado que a lei confere ao
consumidor (art. 101, I do CDC); e
g. ação em que as partes se submetem à jurisdição nacional: neste caso
temos a eleição de foro. Exemplo: nos contratos.

❖ Competência Exclusiva (ART. 12º da LINDB)


O CPC em seu art. 23, contempla as hipóteses de competência exclusiva da autoridade
judiciária brasileira. Neste caso só o juiz brasileiro terá competência para julgar. São hipóteses
referentes a bens imóveis situados no Brasil, previstos nos incisos I, II e II do art. 23 do CPC).
No caso da competência exclusiva, o Brasil não reconhecerá a sentença
ATENÇÃO proferida por juiz estrangeiro. Assim, não há que se falar em sentença
homologada no brasil pelo STJ.

São casos de competência exclusiva:


a. ações que versão sobre imóveis situados no Brasil: ações que envolvam
direitos reais (art. 1.225 do Código Civil) e direitos pessoais sobre bens imóveis
(art. 79 e 81 do CC). Ações relativas a direitos reais sobre bens imóveis (art. 73
do Código de Processo Civil). No mesmo sentido fala o art. 12, §1º do LINDB.
b. ações que envolvam direito sucessório, como inventário e partilha e
confirmação de testamento particular, de bens situados no Brasil: nestes
casos a competência independe da nacionalidade do falecido, do seu domicílio ou
do local do óbito (art. 10, §1º da LINDB);
c. ações de direito de família, como divórcio, separação judicial e
dissolução de união estável, que envolvam partilha de bens situados no
Brasil: nestes casos independentemente fa nacionalidade ou do domicílio do
titular.

❖ Exclusão da Jurisdição Brasileira (ART. 12º da LINDB)


O CPC em seu art. 25, cuida do caso em que a jurisdição brasileira é excluída em favor
da estrangeira. Trata-se de foro de eleição em contrato internacional. Neste caso o réu deverá
arguir em CONTESTAÇÃO, ou seja, na peça de defesa da ação.
Nos parece tratar de competência internacional relativa, de sorte que haverá
preclusão (perda do prazo), pois não contestou no tempo certo. Neste caso
temos prorrogação de competência (o Brasil de torna competente), ou seja, a
ATENÇÃO
competência deixa de ser internacional e se torna brasileira. MAS FIQUE
ATENTO: não se aplica essa regra nos casos de competência exclusiva (art.
63 do CPC).
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A cláusula de foro de eleição em contratos internacionais segue as mesmas regras do


contrato nacional (art. 63 do CPC). Quais sejam:
I. deve constar de instrumento escrito;
II. obriga os herdeiros e sucessores dos contratantes;
III. pode ser considerada abusiva pelo juiz, de ofício, antes da citação; e
IV. o réu deve alegar a abusividade em contestação sob pena de preclusão.

❖ Competência Internacional e os Efeitos da Litispendência (ART. 12º da


LINDB)
Litispendência é o fenômeno que ocorre quando se repete uma ação que já
existe, e o efeito da litispendência é impedir o desenvolvimento da ação repetida
(art. 485, V do CPC). São duas ações idênticas.

Assim, nos casos de competência internacional concorrente (art. 21 e 22 do CPC), a


existência de ação intentada perante o tribunal estrangeiro não produz o efeito da
litispendência em relação à mesma ação proposta perante a autoridade judiciária brasileira, ou
seja, não impede o conhecimento e julgamento da ação (art. 24, caput, do CPC).
Nos exceção fica por conta de hipóteses previstas em sentido contrário em
tratados (acordos) internacionais no qual o Brasil seja signatário (parte).
ATENÇÃO Outro ponto importante, que merece destaque, é o fato de que a ação
pendente(litispendência) ajuizada no Brasil, não impede a homologação, pelo
STJ, da sentença estrangeira proferida no processo repetido (art. 24, parágrafo
único do CPC).

❖ Prova dos Fatos (ART. 13º da LINDB)


A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro, aplicam-se as leis desse país em
relação ao ônus e aos meios de produção (lex loci).

Não serão admitidas no Brasil as provas que a lei brasileira desconheça. Porém,
devemos ter atenção quanto ao fato de que o nosso ordenamento admite todos
ATENÇÃO os meios de prova ainda que não prevista em lei, desde que sejam moralmente
legítimas (art. 369 do CPC) e que não sejam obtidas de maneira ilícitas (art. 5º,
LVI, da CRFB/88).

❖ Prova da Lei Estrangeira (ART. 14º da LINDB)


Prevalece em nosso ordenamento jurídico o princípio de que o juiz conhece a lei.
Porém, não podemos exigir que o juiz conheça todas as leis existentes no País e no mundo.
Assim, quando a parte alegar direito municipal (apoiado em leis municipais), estadual (em
leis estaduais), direito alienígena (leis estrangeiras) e consuetudinário (com base nos
costumes), são situações em que o juiz mandará a parte provar o teor da lei alegada. Nesse
caso ele solicita a juntada da cópia da lei em questão e a certidão da vigência da norma (art.
376 do CPC).

❖ Sentença Estrangeira (ART. 15º da LINDB)


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O exercício da jurisdição em território brasileiro decorre do princípio da soberania
(art. 1º, I, do CRFB/88). Porém, devemos lembrar que a sentença estrangeira poderá ter
eficácia no Brasil ou no caso do exequatur (decisões interlocutórias e de urgência) depois de
homologada pelo STJ. A EXCEÇÃO ocorre quando houver previsão específica em lei ou em
tratado internacional. Caso em que dispensa a homologação.
Somente a decisão definitiva, transitada em julgado, ou seja, aquela que não caiba mais
nenhum recurso, será possível de ser homologada pelo STJ (Súmulas, 381 e 420 do STF).
Vale ressaltar, que se admite homologação de decisão estrangeira não judiciais, mas
que, pelas leis pátrias, tem natureza jurisdicional. Exemplo: sentença arbitral (art. 515, VII, do
CPC).
Também é importante saber que pode haver homologação para fins de execução fiscal,
desde que esteja prevista em tratado internacional, ou que haja promessa de reciprocidade do
governo estrangeiro junto com o governo brasileiro.
Outro ponto importante, é saber que a sentença estrangeira pode ser homologada
parcialmente, ou seja, o STJ pode homologar apenas um capítulo da sentença, deixando de
homologar outro.

Exequatur ao pé da letra significa "execute-se", "cumpra-se". É uma


autorização para que uma sentença estrangeira ou um pedido formulado por
autoridade estrangeira por carta rogatória sejam cumpridos no Brasil.
Decisão interlocutória, conforme § 2º do artigo 203, do CPC é definida
como o pronunciamento judicial que decida alguma coisa no processo e que
não se enquadre no conceito de sentença. É uma decisão em regra no meio
EXPLICAÇÃO do processo.
Decisão definitiva, quando o juiz resolve o mérito (artigo 487 do CPC) e
não caiba mais recurso.
Sentença arbitral, é um meio de solucionar conflitos entre as partes de
maneira privada e extrajudicial. Uma das suas principais características é,
justamente, a natureza confidencial, oferecendo mais privacidade e
flexibilidade aos envolvidos

❖ Homologação de Sentença Estrangeira (ART. 15º da LINDB)


Olha só, a homologação de sentença estrangeira é uma ação de competência originária
do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, i, da CRFB/88). É um processo cognitivo (de
conhecimento), que tem como objetivo constituir o direito da sentença estrangeira poder ser
executada no Brasil. No art. 963 do CPC encontramos os requisitos indispensáveis à
homologação de sentença estrangeira no Brasil.
São requisitos INDISPENSÁVEIS. Assi, NÃO podem faltar, sob pena de não ser viável
a homologação pelo STJ. Esses mesmos requisitos também são INDISPENSÁVEIS para que se
conceda o exequatur nas cartas rogatórias.
A homologação de sentença estrangeira processa-se na forma do Regimento Interno
do STJ (arts. 216-A ao 216-N. vale destacar que o sistema jurídico positivo para homologação
de sentença estrangeira não admite qualquer discussão sobre o mérito da sentença que se
pretende homologar.
Sendo revel ou incapaz o requerido, lhe será nomeado um curador especial. Com ou
sem defesa os autos do processo seguirão para o Procurador Geal da república, que tem dez
dias para apresentação do parecer.
Não havendo resistência à homologação, por parte do requerido ou do Procurador
gral, o Presidente do STJ julgará o pedido, em decisão monocrática. Caso seja negada a
homologação, caberá agravo interno.
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Porém, havendo resistência à pretensão homologatória, pelo requerido ou pelo
Procurador Geral, o processo será distribuído à Corte Especial do STJ, onde será julgado.

Decisão monocrática, decisão proferida por apenas um magistrado. É mais


comum na 1ª instância, que é formada por juízes, mas pode ocorrer em
qualquer instância ou tribunal.
Agravo interno é uma espécie recursal que visa impugnar as decisões
EXPLICAÇÃO monocráticas proferidas pelo relator em Tribunal. Estabelecido no art. 1021
do Código de Processo Civil, o objetivo principal desse recurso é levar a
decisão ao conhecimento do órgão colegiado competente para que este se
manifeste a favor ou contra.

ATENÇÃO PARA EXCEÇÃO: o art. 961, § 5º do CPC, que diz respeito à


desnecessidade de homologação de sentença estrangeira referente a divórcio consensual,
porque ela passa a produzir efeitos no Brasil por disposição legal. Porém, qualquer juiz poderá
examinar a sua validade, quando contestada em processo de sua competência. A exceção no
caso do divórcio consensual NÃO se aplica ao divórcio litigiosos. Este, precisa de
homologação.

❖ Reenvio (ART. 16º da LINDB)


O reenvio é a possibilidade de remissão de uma lei a outra, e ocorre quando, na
aplicação de uma lei estrangeira (norma substantiva ou material), ela remete o julgador para
outra lei (norma indicativa ou indireta) que pode do mesmo País (reenvio de 1º grau) ou de
outro País (reenvio de 2º grau). Vale destacar, que o Direito brasileiro (art. 16, da LINDB).

❖ Ofensa à Soberania nacional, à Ordem Pública e aos Bons Costumes (ART.


17º da LINDB)
Os atos normativos ou jurisdicionais (atos públicos), bem como declarações de
vontade (atos privados), originados de outros países, que atentem contra a soberania nacional,
a ordem pública e os bons costumes.

❖ Competência Consular (ART. 18º da LINDB)


O referido dispositivo legal, trata da competência consular brasileira para realiza atos
notariais (nascimento, óbito, casamento, separação e divórcio consensuais, etc.), em Estado
estrangeiro.
Nesse caso, os brasileiros que estejam no exterior, domiciliados ou não no Brasil,
possam se dirigir aos representantes consulares do Brasil e requerer a lavratura de atos de
competência normal de juiz de casamento, de tabelião ou oficial de registro civil, de acordo
com sua lei nacional, que é a brasileira.

❖ Validade dos Atos de Competência Consular (ART. 19º da LINDB)


Vale destacar, ainda que o país estrangeiro onde estiver o consulado não reconhecer
nenhum dos atos mencionados no parágrafo anterior, eles terão validade e eficácia no Brasil.
Caso o requerimento tenha sido recusado pela autoridade consular, o requerente terá
um prazo de noventa dias, para que se renove o perdido.
❖ Fundamentação das decisões Administrativas e judiciais (ART. 20 e 21 da
LINDB)
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Em decorrência do devido processo legal previsto na Constituição Federal em seu art.
5º, LIV e em especial do princípio do contraditório e ampla defesa do art. 5º, LV, as decisões
proferidas em processos administrativos e judiciais devem ser fundamentadas. Vale destacar o
que determina o art. 93, IX da CRFB/88, quanto a obrigatoriedade de fundamentação, assim
como, o art. 50 da Lei nº 9.784/99.
Devemos observar que no art. 21 da LINDB, as decisões proferidas em processos
administrativos e judiciais a invalidação do objeto (ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa), além de fundamentação (art. 20 da LINDB), deverá indicar, EXPRESSAMENTE,
as consequências jurídicas e administrativas de tal decisão, indicando, se for o caso, as
condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime.

❖ Hermenêutica das Normas de Gestão Pública (ART. 22 da LINDB)


Já sabemos que a hermenêutica é a ciência da interpretação, e sua finalidade precípua,
como domínio teórico, é possibilitar fundamentos firmes, mas racionais e seguros, para uma
correta interpretação das normas legais. Das políticas
No caso da interpretação das normas referentes à gestão pública, o intérprete da lei,
deverá considerar, no que se fizer necessário, os prováveis obstáculos e as reais dificuldades
do gestor público, bem como as exigências das políticas públicas a seu cargo, na ótica do
Direito Público, sem prejuízo dos direitos dos administrados, inclusive no que diz respeito ao
princípio da proporcionalidade, das eventuais. sanções aplicadas.

❖ Regime de Transição das decisões administrativos e Judiciais (ART. 23 da


LINDB)
As decisões administrativas, de controladoria e judiciais, deverão contar com previsão
de um regime de transição, sempre quando, a partir de interpretação ou orientação nova,
impuser novo dever, ordenamento ou condicionamento, para aplicação da norma de direito,
de modo proporcional, equânime e eficiente sem prejuízo aos interesses gerais.

❖ Revisão Sobre Validade do Ato Administrativo ou Judicial (ART. 24 da


LINDB)
Sempre que decisão administrativa ou judicial realizar revisão sobre validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma, cuja produção já se houver completado, haverá a
necessidade de garantir que a mudança gerada pela decisão deverá levar em conta as
orientações gerais da época, de sorte a assegurar o respeito ao ato jurídico perfeito, à coisa
julgada e ao direito adquirido (art. 5º, XXXVI, e art 6º da LINDB), sendo vedado, com base
em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas, situações plenamente
constituídas, anteriormente, com base nas orientações gerais da época.

❖ Dispositivo Vetado (ART. 25 da LINDB)

❖ Compromisso Extrajudicial de Entidade Pública (ART. 26 da LINDB)


Por determinação do presente dispositivo legal, a autoridade pública tem possibilidade
de celebrar compromisso extrajudicial com os respectivos interessados. Porém, deverá
pronunciar-se corretamente quanto a aplicação da Lei ou do Direito. a legislação aplicável e
após a devida manifestação do órgão jurídico, para eliminar irregularidade, incerteza jurídica
ou situação contenciosa na aplicação do Direito Público, inclusive no caso de expedição de
licenças e deverá
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❖ Compensação (ART. 27 da LINDB)


O presente dispositivo prevê a possibilidade da imposição de compensação, por
benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos, resultante de processo judicial ou
administrativo, ou da conduta dos agentes ou gestores envolvidos. O erro deve ser irreversível
para que possa ser corrigido por compensação, como modo de alcançar o interesse público.
Porém, essa compensação deverá ser motivada conforme previsão do art. 20 da LINDB.

❖ Responsabilidade do Agente Público (ART. 28 da LINDB)


Quando a agente público age com dolo (vontade consciente de fazer) ou erro grosseiro
(aquele manifesto, evidente e inescusável praticado com culpa grave, caracterizado por ação
ou omissão com elevado grau de negligência, imprudência ou imperícia), poderá ser
responsabilizado pessoalmente. Porém, vale destacar, que ele NÃO responde por culpa -
imprudência ou negligência.
Vale destacar, que a responsabilidade da administração pública pelos atos danosos de
seus servidores é objetiva (independe, por parte do prejudicado, da comprovação, ou seja, parte-se
da noção de culpa presumida) nos termos do art. 37, § 6º da CRFB/88.

❖ Atos Normativos e Consulta Pública (ART. 29 da LINDB)


O presente artigo prevê a possibilidade de, antes da edição de atos normativos por
autoridade administrativa, proceder-se a consulta pública, para manifestação da população,
de interessados e de qualquer pessoa que quiser participar.
Consulta pública são processos democráticos para construção conjunta de políticas
públicas entre Governo e sociedade. Contando com a colaboração dos cidadãos, da sociedade
civil organizada (estrutura organizativa cujos membros servem o interesse geral através de um
processo democrático, atuando como intermediários entre os poderes públicos e os cidadãos.
Exemplificando: sociedades cooperativas, organizações religiosas etc) e dos setores
empresariais, as ações e programas do Governo poderão atingir seus objetivos a ser
aprimorados de acordo com aas demandas coletivas.

❖ Segurança Jurídica (ART. 30 da LINDB)

As autoridades públicas deverão sempre atuar de forma a aumentar a segurança jurídica


na aplicação da norma, inclusive, por meio de regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas, com caráter vinculante, em relação ao órgão ou entidade a que se
destinam, até que haja posterior revisão.

São Gonçalo, 07 de setembro de 2023.

Professor Durval Duarte Neto

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