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Mônica Queiroz
Direito Civil
Aula 10
ROTEIRO DE AULA
LINDB
• LICC → LINDB (Lei nº 12.376/10): na origem, a lei era chamada de Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), passando a
ser denominada de LINDB com a Lei 12.376/10.
Abrangência da LINDB
A LINDB é estudada em três disciplinas: Direito Civil, Direito Internacional Privado e Direito Administrativo.
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Natureza jurídica da LINDB: lei ordinária.
CRFB/88, Art. 59, p.ú.: “Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.”
LC nº 95/98 - Dispõe sobre a elaboração das leis e regulamenta o art. 59, p.ú da CRFB/88.
• No exterior, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente
publicada (art. 1º, § 1º, LINDB).
Sistema do prazo de vigência único/sincrônico/simultâneo: sistema pelo qual a lei entra em vigor de uma só vez em todo
o país.
A doutrina entende que o art. 8º da LC 95/98 não revogou o art. 1º da LINDB. Assim, o art. 1º da LINDB é aplicado quando
a lei não menciona expressamente a data de sua entrada em vigor.
LC 95/98, Art. 8º: “A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela
se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula ‘entra em vigor na data de sua publicação’ para as leis de pequena
repercussão.”
A vacatio legis não é obrigatória, embora seja recomendada pelo art. 8º da LC 95/98 para que a sociedade se acostume
com a nova lei que entrará em vigor.
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Contagem da vacatio legis
LC 95/98, Art. 8º, §1º: “A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-
á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação
integral.”
LINDB, Art. 1º, § 3º: “Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.”
LINDB, Art. 1º, §4º: “As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.”
LINDB, Art. 3º: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.”
2. Princípio do Iura Novit Curia: o juiz é conhecedor das leis. Assim, não há necessidade de ser comprovada a existência
de uma lei.
3. Princípio da continuidade das leis: uma lei produz os seus efeitos até que outra a revogue ou a modifique. Assim,
apenas uma lei pode revogar outra lei, salvo a lei temporária.
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LINDB, Art. 2º: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.”
Obs.: Leis temporárias são aquelas que trazem o prazo de vigência em seu bojo (exemplo: lei orçamentária).
REVOGAÇÃO DA LEI
Espécies de revogação:
a) Ab-rogação x Derrogação:
- Ab-rogação: é a revogação total da lei;
- Derrogação: é a revogação parcial da lei anterior.
b) Expressa x Tácita:
- Expressa: a nova lei informa expressamente quais as leis ou dispositivos serão revogados.
- Tácita: ocorre quando o texto da nova lei se mostra incompatível com a lei anterior ou quando a nova lei regula
inteiramente a matéria tratada na lei anterior.
LINDB, Art. 2º, §1º: “A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível
ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.”
LC 95/98, Art. 9º: “Quando necessária a cláusula de revogação, esta deverá indicar expressamente as leis ou disposições
legais revogadas.”
Obs.: Prevalece na doutrina o entendimento de que a revogação tácita continua existindo. O art. 9º da LC 95/98 apenas
demonstra a afeição que o legislador possui pela revogação expressa.
REPRISTINAÇÃO
Repristinação é a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada, em razão da revogação da lei anterior.
Exemplo: A lei 1 é revogada pela lei 2. Posteriormente, a lei 2 é revogada pela lei 3. A lei 3 é a lei repristinadora.
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LINDB, Art. 2º, §3º: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada (L1) não se restaura por ter a lei revogadora (L2) perdido
a vigência.”
LINDB, Art. 4º: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito.”
CPC/15, Art. 140: “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.”
- Analogia: consiste em aplicar uma lei semelhante existente a um caso concreto que não possua lei disciplinadora
específica.
- Costume: é a repetição, de maneira constante e uniforme, em razão da convicção de sua obrigatoriedade (aspecto de
natureza objetiva e subjetiva).
Equidade
A equidade avizinha-se a ideia de justiça e pode ser aplicada pelo magistrado apenas se a lei o autorizar.
CPC/15, Art. 140: “O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.”
Exemplo: art. 143 do CC - cláusula penal prevista em contrato pode ser reduzida pelo magistrado.
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a) Interpretação Autêntica: é aquela que é exercida pelo próprio órgão que editou a norma. Geralmente, quando uma lei
é interpretada por outra lei.
b) Interpretação Judicial: é a interpretação fornecida pelos juízes e tribunais diante do caso concreto que lhes foi posto à
apreciação.
c) Doutrinária: é a interpretação dada pelos estudiosos do Direito em livros, textos, pareceres etc.
b) Interpretação Lógica: a interpretação se dá por meio de critérios lógicos, raciocinando-se no plano de ideias
manifestado pelo legislador.
c) Interpretação Sistemática: a interpretação se dá com a devida adequação da norma ao sistema em que ela se encontra.
Isto é, leva em consideração os diversos instrumentos do ordenamento jurídico.
d) Interpretação Ontológica: o intérprete busca a razão de ser da lei, perquirindo e alcançando a sua essência.
e) Interpretação Teleológica: o intérprete busca a finalidade e o objetivo da lei. (Art. 5º da LINDB: “Na aplicação da lei, o
juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”)
f) Interpretação Analógica: o intérprete deve manusear o método comparativo, aplicando ao fato concreto preceitos que
regulam situações similares. Assim, por decorrência, são também similares às soluções.
g) Interpretação Histórica: perquirem-se os dados históricos que subsidiam a criação da norma para aclarar o sentido da
lei atual.
h) Interpretação Sociológica: deve o intérprete conjugar a norma legal com elementos extraídos do meio social à época
de elaboração da lei para alcançar a exata conjuntura que implicou a edição da lei.
3. Quanto ao resultado:
a) Restritiva: deve ser aplicada quando a norma diz mais do que deveria, implicando em razão disso a diminuição do
alcance de sua interpretação.
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b) Extensiva: deve ser aplicada quando a norma diz menos do que deveria, induzindo à ampliação de sua interpretação.
Nesse caso, a lei traz uma determinada informação que é ampliada pelo intérprete.
Exemplo: a emancipação prevista no art. 5°, p. ú., III do CC ocorre pelo exercício de emprego público efetivo - nesse caso,
o intérprete pode estender a interpretação à função e ao cargo público efetivo.
c) Declarativa: quando a norma não carece de ser ampliada ou diminuída, posto que na medida certa o seu conteúdo foi
expresso.
LINDB, Art. 6º: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada.”
Obs.: O art. 6º da LINDB contempla o princípio da irretroatividade e está em conformidade com o art. 5º, XXXVI da
CRFB/88:
CRFB/88, Art. 5º, XXXVI: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Lei nova: será aplicada para os para casos pendentes e futuros, admitindo duas exceções.
Excepcionalmente, é possível retroagir:
a) Se houver expressa previsão na lei (disposições transitórias);
b) Desde que essa retroatividade não ofenda o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
Relação Jurídica Obrigacional: constituída pela existência de um credor (sujeito ativo), um devedor (sujeito passivo) e um
objeto, ligados por um vínculo jurídico.
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É comum que duas pessoas sejam, ao mesmo tempo, credoras e devedoras uma da outra.
Exemplo: “A” compra um carro de “B”. Neste caso, “A” é devedor e “B” é credor. Mas, “B” também é devedor da entrega
do carro, enquanto “A” é seu credor.
- Em caso de desproporção por ofensa ao equilíbrio genético (contrato já nasce desequilibrado), a parte prejudicada pode
se socorrer do instituto da lesão (art. 157 do CC) ou estado de perigo (art. 156 do CC) - ambos resultam na anulabilidade
do contrato.
- Os contratos que se prolongam no tempo devem nascer e se manter equilibrados. Existindo desequilíbrio funcional
(sinalagma funcional), a parte prejudicada deverá se socorrer da Teoria da Imprevisão ou da Teoria da Quebra da Base
Objetiva do Negócio Jurídico.
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- Prevaleceu até o fim do séc. XIX.
2) Teoria Dualista ou Binária: teoria de linhagem alemã, adotada pelo ordenamento jurídico brasileio. Por essa teoria, a
obrigação se desenvolve por meio da relação e existência de dois elementos: o débito (Schuld) e a responsabilidade
(Haftung).
- Responsabilidade: é a possibilidade que tem o credor de invadir o patrimônio do devedor para se satisfazer.
O devedor tem o dever de pagar a dívida e se não o faz espontaneamente surge o elemento responsabilidade. Por
decorrência, pode o credor invadir o patrimônio do devedor para se satisfazer (exemplo: ação contra o devedor).
b) Obrigação Natural ou Imperfeita (D): é aquela que possui apenas o débito como elemento, isto é, não existe o
elemento responsabilidade. Nesse caso, não pode o credor invadir o patrimônio do devedor.
- Dívida de jogo: em um jogo de mesa, “A” passa a dever R$ 5.000,00 a outros dois jogadores (“B” e “C”), mas não realiza
pagamento. Novamente, o devedor poderá fazer o pagamento espontaneamente, mas “B” e “C” não podem invadir o
patrimônio de “A”.
Atenção: Caso o devedor promova pagamento da dívida após a prescrição, mesmo que dela não tenha ciência, não poderá
solicitar o valor de volta (art. 882, CC). O direito de ressarcimento do pagamento realizado é vedado.
CC, Art. 882: “Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente
inexigível”.
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b) Jogos tolerados: é aquele que embora não seja proibido, não é bem visto pela sociedade (exemplo: poker).
Observação:
- Em regra, não existe prisão por dívida.
- Exceção: devedor de alimentos que não paga e não justifica a ausência de pagamento.
→ Um princípio, para ser aplicado, não necessita de previsão expressa em lei. Contudo, alguns princípios possuem
previsão legal, ocorre como o princípio da responsabilidade patrimonial do devedor:
CC, Art. 391: “Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor”.
STJ: “Os honorários de sucumbência decorrentes de ação de cobrança de cotas condominiais não possuem natureza
propter rem.” (REsp. 1.730.651 - SP, j. 09.04.2019).
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FONTES DAS OBRIGAÇÕES
1) Fonte imediata (ou direta): é a Lei.
Exemplo: no reconhecimento de paternidade os efeitos são impostos pelo ordenamento jurídico e surge para o genitor o
dever de prestar alimentos.
c) Ato Ilícito:
O ato ilícito é contrário ao ordenamento jurídico.
Exemplo: o responsável por acidente de carro se torna devedor.
Para Clóvis do Couto e Silva, as obrigações devem ser vistas como um processo (um conjunto de atos: antes, durante e
depois) e todas as fases devem ser permeadas pelo princípio da boa-fé objetiva. A aplicação da boa-fé objetiva em todas
as etapas garante a maior satisfação para o credor e a menor onerosidade para o devedor. Dentro dessa perspectiva,
entende-se que todas as obrigações são complexas.
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Obrigação Complexa: é aquela em que para ser cumprida não basta o cumprimento da obrigação principal, também
deverão ser cumpridos os deveres laterais ou anexos, que também estarão presentes em todas fases (antes, durante e
depois).
Os deveres laterais ou anexos são chamados de deveres invisíveis e devem ser cumpridos independentemente de previsão
contratual.
Os deveres laterais ou anexos podem ser mnemonicamente memorizados pela sigla PICLES: proteção, informação,
cooperação, lealdade e solidariedade.
Exemplo: cliente que compra um sanduíche e um refrigerante, escorrega no estabelecimento e cai junto com os
alimentos, pois o chão estava molhado. Com a queda, o cliente é socorrido e lhe é fornecido novamente os alimentos. O
cliente pode requerer indenização: por se tratar de obrigação complexa, não basta o cumprimento da obrigação principal
pelo estabelecimento (entrega dos alimentos), sendo necessário o cumprimento dos deveres laterais ou anexos
(informação de chão molhado).
Os deveres laterais ou anexos estão conectados à obrigação principal em razão do princípio da boa-fé objetiva.
Exemplo: médicos e psicólogos possuem o dever de sigilo inclusive após a finalização do atendimento; o fabricante de um
veículo deve fornecer peças após a compra.
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