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• A Lei n. 12.376/2010 alterou o nome da LICC para LINDB, uma vez que o seu conteúdo,
atualmente, interessa mais à Teoria Geral do Direito do que ao Direito Civil
propriamente dito.
• Recentemente, a Lei n. 13.655/2018 alterou a LINDB, a ela acrescentando os artigos 20 a
30, com o objetivo de garantir maior segurança jurídica e eficiência na criação e aplicação
do Direito Público, estabelecendo como novo critério interpretativo, que nas decisões
jurídicas (administrativas, judiciais e controladoras) não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão (art. 20,
LINDB).
A NATUREZA DA LINDB
• A LINDB “não rege as relações da vida, mas sim as normas, já que indica
como interpretá-las, determinando-lhes a vigência e a eficácia, suas
dimensões espácio-temporais, assinalando diretrizes na solução de
conflitos de ordenamentos jurídicos nacionais e estrangeiros, evidenciando
os elementos de convicção” (Maria H. Diniz).
• A LINDB disciplina as próprias normas jurídicas, assinalando-lhes o modo
de entendimento, predeterminando as fontes de direito positivo, a classificação
hierárquica dos preceitos.
CONTEÚDO DA LINDB
• Para Maria Helena Diniz, o direito é uma realidade dinâmica, que está em constante
movimento, acompanhando as relações humanas, modificando-as, adaptando-as às novas
exigências e necessidades da vida. O direito abarca experiências históricas, sociológicas e
axiológicas que se complementam. Logo, as normas, por mais completas que sejam,
são apenas uma parte do direito, não podendo identificar-se com ele.
• Por isso, o sistema jurídico é composto de vários subsistemas. Para Reale, o sistema se
compõe de um subsistema de normas, de um subsistema de valores e de um
subsistema de fatos, que se correlacionam.
POSIÇÃO
FILOSÓFICA
DO ATUAL
CÓDIGO CIVIL
KELSEN X REALE
• Como se nota, a visão kelseniana é de uma pirâmide de normas, um sistema fechado e estático.
Assim era o civilista da geração anterior, moderno. Privilegiava-se o apego à literalidade
fechada da norma jurídica, prevalecendo a ideia de que a norma seria suficiente. A frase-
símbolo dessa concepção legalista era: o juiz é a boca da lei.
• A visão realeana é de três subsistemas: dos fatos, dos valores e das normas. O sistema é
aberto e dinâmico, em constantes diálogos. Assim é o civilista da atual geração, pós-moderno.
Privilegia-se a ideia de interação, de visão unitária do sistema, prevalecendo a constatação de
que, muitas vezes, a norma não é suficiente. As cláusulas gerais são abertas e devem ser
analisadas caso a caso. Frase-símbolo: direito é fato, valor e norma. (Flávio Tartuce)
NOMOGÊNESE JURÍDIC A
A LINDB E A VIGÊNCIA DAS NORMAS JURÍDICAS
• Início da vigência das leis: 45 dias, após oficialmente publicada, salvo disposição contrária.
• A contagem deste prazo se faz com base no art. 8º, parágrafo 1º, da LC 95/98:
• Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo
conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão.
§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a
inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação
integral.
• § 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada.
• § 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
A LINDB E A VIGÊNCIA DAS NORMAS JURÍDICAS
• A lacuna constitui um estado incompleto do sistema que deve ser colmatado ante o
princípio da plenitude do ordenamento jurídico. O juiz tem permissão para
desenvolver o direito sempre que se apresentar uma lacuna. (Maria H. Diniz).
• Ao lado do princípio da plenitude do ordenamento jurídico situa-se o da
unidade da ordem jurídica, que pode levar à questão da correção do sistema
incorreto. Em caso de antinomia real, ter-se-á um estado incorreto do sistema,
que deverá ser solucionado, pois o postulado desse princípio é o da resolução das
contradições, pois, se for antinomia aparente será resolvida por um dos critérios:
hierárquico, cronológico ou da especialidade. (Maria H. Diniz).
A CORREÇÃO DO SISTEMA JURÍDICO
• O sistema jurídico deverá, teoricamente, formar um todo coerente, devendo, por isso,
excluir qualquer contradição, assegurando sua homogeneidade e garantindo a segurança
na aplicação do direito.
• O direito é sempre lacunoso, mas é também, ao mesmo tempo, sem lacunas, isso
dinamicamente considerado. A lacuna advém das nuanças infinitas da vida social,
mas é também sem lacunas porque o próprio dinamismo do direito apresenta
soluções que servirão de base para qualquer decisão. O direito auto-integra-se; ele
mesmo supre seus espaços vazios, através do processo de aplicação e criação das
normas.
• Logo, o sistema jurídico não é completo, mas completável. (Maria H. Diniz).
A CORREÇÃO DO SISTEMA JURÍDICO
• Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.
• A ordem do art. 4º deve ser rigorosamente obedecida?
• A analogia. A integração realiza-se, inicialmente, pela analogia, que consiste em recorrer, para
caso não previsto, à norma legal concernente a uma hipótese prevista e, por isso mesmo,
tipificada. Seu fundamento jurídico-filosófico é o princípio da igualdade de
tratamento, segundo o qual fatos de igual natureza devem julgar-se de igual maneira, e se um
desses fatos já tem no sistema jurídico a sua regra, é essa que se aplica. (Ubi eadem est legis
ratio, ibi eadem legis dispositio). (Francisco Amaral).
A ANALOGIA
• O art. 171, II, da atual codificação material, prevê que tal negócio é anulável,
desde que proposta a ação anulatória no prazo decadencial de quatro anos
contados da sua celebração (art. 178, II). Entretanto, conforme o § 2.º do art. 157,
pode-se percorrer o caminho da revisão do negócio, se a parte beneficiada
com a desproporção oferecer suplemento suficiente para equilibrar o negócio.
Recomenda-se sempre a revisão do contrato em casos tais, prestigiando-se a
conservação do negócio jurídico e a função social dos contratos.
ANALOGIA # INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
• O Código Civil de 2002 consagra três princípios fundamentais, conforme se extrai da sua
exposição de motivos, elaborada por Miguel Reale:
• a) Princípio da Eticidade – Trata-se da valorização da ética e da boa-fé, principalmente
daquela que existe no plano da conduta de lealdade das partes (boa-fé objetiva). Pelo Código
Civil de 2002, a boa-fé objetiva tem função de interpretação dos negócios jurídicos em geral
(art. 113 do CC). Serve ainda como controle das condutas humanas, eis que a sua violação
pode gerar o abuso de direito, nova modalidade de ilícito (art. 187). Por fim, a boa-fé objetiva
tem a função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422 do CC).
Acrescente-se que a eticidade também parece ser regramento adotado pelo Código de
Processo Civil, pela constante valorização da boa-fé processual, notadamente pelos seus arts.
5.º e 6.º.
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO
PROCESSO REsp 1.694.324-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Moura Ribeiro, por maioria, julgado
em 27/11/2018, DJe 05/12/2018
TERCEIRA TURMA
TEMA Transporte rodoviário de mercadorias. Vale-pedágio obrigatório. Lei n. 10.209/2001. Multa
denominada "dobra do frete". Norma cogente. Art. 412 do CC/2002. Não incidência.
A ANTINOMIA PROPRIAMENTE DITA
• Art. 412/CC:
• O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.
• Primeiro, somente através do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade, previsto nos termos dos arts. 948
e seguintes do NCPC, é que se poderá deixar de aplicar a multa chamada "dobra do frete". Segundo, a
penalidade prevista no art. 8º da Lei n. 10.209/2001 é uma sanção legal, de caráter especial, prevista na lei que
instituiu o Vale-Pedágio obrigatório para o transporte rodoviário de carga. Assim, sendo a lei anterior ao
Código Civil de 2002, o que se verifica é um conflito entre os critérios normativos, chamado de
antinomia de segundo grau: de especialidade e cronológico. Isso porque, existe uma norma
anterior, especial, conflitante com uma posterior, geral; colhendo, assim, em um primeiro
momento, a ideia de que seria a primeira preferida, pelo critério da especialidade, e a segunda,
pelo critério cronológico. Desse modo, no caso, deve prevalecer, o critério da especialidade, com
a aplicação dos exatos termos do disposto no art. 2º, § 2º, da LINDB. Assim, por se tratar de
norma especial, a Lei n. 10.209/2001 afasta a possibilidade de convenção das partes para alterar o
conteúdo do seu art. 8º, bem assim a possibilidade de se fazer incidir o ponderado art. 412 do
CC/2002, lei geral.
APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. O ART. 6.º DA LINDB