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PROCESSO DE CONHECIMENTO/

PROCEDIMENTO COMUM
MÓDULO II – PÓS GRADUAÇÃO PROCESSO CIVIL
5 ENCONTROS
Daniela Recchioni – danirecc@gmail.com
Instagram @profdanielarecchioni
CURRÍCULO RESUMIDO

Daniela Recchioni é consultora jurídica e


advogada mestre em Direito Público e pós- Professora da área de Direito Processual
graduada em Processo Civil pela PUC Civil em cursos de Graduação e pós
MINAS. Doutoranda em Ciências da Saúde graduação.
pela Faculdade de Medicina da UFMG.
Larga experiência em Direito Médico,
Membro da ACADEPRO (Academia de inclusive lecionando em cursos de
Direito Processual) e membro da Comissão graduação e pós na área.
de Direito Médico da OABM/MG.
Autora de vários artigos na área jurídica.
Advogada na Mediação certificada pelo
ICFML – Instituto de Certificação e
Formação de Mediadores Lusófonos.
Mediadora certificada pela CAMARB.
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

"Um sistema processual civil que não proporcione à sociedade o


reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou
violados, que têm cada um dos jurisdicionados, não se
harmoniza com as garantias constitucionais de um Estado
Democrático de Direito.

Sendo ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento


jurídico passa a carecer de real efetividade. De fato, as normas
de direito material se transformam em pura ilusão, sem a
garantia de sua correlata realização, no mundo empírico, por
meio do processo".
LEI 13.105/2015

● O Novo Código de Processo Civil a missão de simplificar procedimentos


de forma a dar maior celeridade e efetividade aos processos.

● É importante verificar a estrutura do NCPC de forma a visualizar a


complexidade das mudanças implementadas.

● O NCPC, da mesma forma que no CPC de 1973, é dividido em livros. Mas há


uma grande diferença: há a divisão entre parte geral e uma parte
especial.
LEI 13.105/2015

A parte geral é composta de seis livros, que tratam:

Livro I - DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS/ TÍTULO ÚNICO/ DAS NORMAS


FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS

Livro II- DA FUNÇÃO JURISDICIONAL

Livro III- DOS SUJEITOS DO PROCESSO

Livro IV- DOS ATOS PROCESSUAIS

Livro V- DA TUTELA PROVISÓRIA

Livro VI- DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO


LEI 13.105/2015

→ Verificando o conteúdo do primeiro livro do NCPC já se pode verificar uma


grande alteração para o CPC de 1973. Ora, no CPC de 1973 não havia dispositivos
legais referentes a princípios e sequer normas interpretativas do Processo Civil,
ficando toda a parte interpretativa e principiológica a cargo da doutrina e
da jurisprudência. Já no NCPC é bem diferente. O legislador entendeu por bem
dedicar um livro com título único a tais normais, visando esclarecer e
normatizar tais questões gerais.
LEI 13.105/2015

→ No segundo livro, da função jurisdicional, o NCPC traz a réplica aperfeiçoada


e simplificada de alguns artigos da primeira parte do CPC de 1973, relativos
à jurisdição, ação, limites, competência, etc. A novidade é relativa às regras
de cooperação internacional, com normas que visam regular situações entre
o Brasil e outros países. Além disso, há uma parte de cooperação nacional, que
visa simplificar e aperfeiçoar procedimentos entre diferentes comarcas.
LEI 13.105/2015

→ No terceiro livro trata dos sujeitos do processo, definindo subjetivamente


as partes do processo, partes, procuradores, direitos e deveres das partes,
responsabilização processual, capacidade processual, litisconsórcio,
intervenção de terceiros, auxiliares da justiça, etc.

→ Neste livro primou-se pela observância da ética e boa-fé das partes,


impondo responsabilização para aqueles que agem contrariamente a tais
preceitos.

→ Merece destaque as normas relativas aos honorários advocatícios, em que o


NCPC implementou mudanças substanciais no intuito de valorizar o
advogado.
LEI 13.105/2015

→ No que se refere à gratuidade da justiça, o NCPC não revoga a Lei


1.060/50 completamente, mas há um ajuste, uma adaptação daquela norma a
outras situações que se impõem nos dias atuais.

→ Nas modalidades de intervenção de terceiros no NCPC há exclusão das


modalidades: oposição (doutrinariamente nunca foi forma de intervenção de
terceiro), nomeação à autoria; com a inclusão das modalidades de incidente
de desconsideração da personalidade jurídica e amicus curiae.

→ Outra novidade deste livro é relativa aos auxiliares da justiça, descrevendo


a participação de conciliadores e mediadores que buscam sempre a
aproximação e conciliação das partes, uma das metas deste NCPC.
LEI 13.105/2015
→ O quarto livro, por sua vez, trata dos atos processuais, prazos, citações,
intimações, etc.

→ Há de se destacar que muitos dispositivos foram mantidos do CPC de 1973,


contudo, aperfeiçoados e mais adaptados a dinâmica forense atual. Há
mudança substancial na contagem de prazos (agora em dia úteis).

→ No quinto livro é tratada questão da tutela provisória, com a criação e


aperfeiçoamento das tutelas de urgência.

→ Importante anotar que o NCPC extinguiu o Processo Cautelar existente no


CPC de 1973, mas não a possibilidade de requerer as medidas cautelares,
que estão elencadas neste livro.
LEI 13.105/2015

→ A novidade é a nomenclatura tutela de evidência, que seria a concessão de


medida antecipatória SEM o requisito do periculum in mora ; embora haja
novidade de nomenclatura, tal possibilidade já existia no CPC de 1973.

→ No sexto livro trata da formação, suspensão e extinção do processo, com


as regras que se aplicam a todos os processos.
LEI 13.105/2015
Já a parte especial do NCPC é composta de três livros, além do livro
complementar, que tratam:

Livro I - DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE


SENTENÇA

Livro II- DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

Livro III- DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO


DAS DECISÕES JUDICIAIS

Livro complementar: DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Na parte especial, o NCPC trata do procedimento propriamente dito.


LEI 13.105/2015
→ O primeiro livro regula processo de conhecimento e cumprimento de
sentença. Uma importante alteração é a extinção da diferenciação dos
procedimentos em ordinário e sumário, permanecendo apenas o
procedimento comum.

→ Há a criação de audiência de conciliação, obrigatoriamente, seguindo a


ótica do NCPC de resolução dos conflitos via conciliação.

→ Há muitas normas replicadas e aperfeiçoadas da estrutura do procedimento


comum, liquidação e cumprimento de sentença, que integram o processo de
conhecimento.

→ Além disso, há regulação dos procedimentos especiais, sendo mantidos


alguns e outros extintos.
LEI 13.105/2015

→ O segundo livro da parte especial é o livro do processo de execução, com


manutenção de estrutura do CPC de 1973, com melhorias.

→ No terceiro livro trata dos meios de impugnação de decisões judiciais e a


ordem dos processos nos tribunais. Há no NCPC mecanismos que visam
uniformizar as decisões judiciais, com a criação de novos institutos e
aperfeiçoando os já existentes.

→ Foi extinto recurso agravo retido, e surgiram outros, como por exemplo, o
incidente de assunção de competência.
SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

→ “Das normas fundamentais e da aplicação das normas processuais


Capítulo I

Das normas fundamentais do processo civil

Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme


os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da
República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.”
SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por


impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.”

→ O juiz não pode dar início ex officio ao processo, exige-se a iniciativa da parte
(artigos 2º e 262 do CPC atual). Trata-se dos princípios dispositivo e da inercia
da jurisdição.
SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.

§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos


conflitos.

§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de


conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos
e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.”
SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução


integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.”

→ Celeridade e Razoabilidade temporal (art. 5º, LXXVIII, CF)


SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve


comportar-se de acordo com a boa-fé.”

→A boa-fé e lealdade processual como princípios conectam, indubitavelmente


ao princípio da cooperação, analisado em item próprio (artigo 6º, CPC)
SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se


obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.”

→ cooperação x modelo comparticipativo do processo (Didier)


SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao


exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz
zelar pelo efetivo contraditório.”

→ contraditório (art. 5º, inciso L, CR/88)


SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e


às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da
pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a
legalidade, a publicidade e a eficiência.”

→ art. 5º, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB)

→ pcp. dignidade da pessoa humana


SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 9ºNão se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

I - à tutela provisória de urgência;

II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;

III - à decisão prevista no art. 701”.


SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade
de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de
ofício”.
SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão


públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.

Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a


presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou
do Ministério Público.”
SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO NOVO CPC

“Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de


conclusão para proferir sentença ou acórdão. (REVOGADO!)

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem


cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. (Redação dada pela
Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente


à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de
computadores.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
Objetivo → analisar as peculiaridades e inovações trazidas pelo NCPC de 2015,
fazendo, sempre que possível, um comparativo das principais mudanças em
relação ao CPC de 1973.

→ a primeira grande mudança no Código de Processo Civil é o fim da divisão de


procedimentos. O Código de Processo Civil de 1973, artigo 272 dividia o
procedimento comum em ordinário e sumário; mas com o novo Código de
Processo Civil de 2015, o procedimento sumário deixou de existir, aplicando-
se, somente o procedimento comum, nos termos do art. 318 do NCPC.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

OBSERVAÇÃO

→ Assim quando as demais legislações mencionarem procedimento sumário ou


sumaríssimo, deverá ser aplicado o procedimento comum.

→ Mas subsiste, contudo, os procedimentos especiais dispersos na legislação, e o


procedimento dos Juizados Especiais tratados na Lei nº 9.099/95.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum , salvo disposição em
contrário deste Código ou de lei.

Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos


demais procedimentos especiais e ao processo de execução.

→ A legislação de 2015 trouxe a unicidade de procedimentos. Só há o


procedimento comum. O Código de 1973 tinha como correlato o art. 271 e 272,
que dividia o procedimento comum em ordinário e sumário.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ É importante destacar que âmbito de aplicação da norma processual civil é


muito grande, e assim, o procedimento comum previsto no art. 318 do NCPC
servirá de norma subsidiária para diversos ramos do Direito, nos termos do
parágrafo único do NCPC.

→ O NCPC poderá ser utilizado subsidiariamente no processo do trabalho, no


processo eleitoral, no processo administrativo e até para o processo penal.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ Vale destacar que os procedimentos especiais existentes dentro do próprio
Código de Processo Civil e demais legislações tratam das suas peculiaridades, mas
quase nunca são completos; assim, no geral, será aplicado o procedimento comum.
Portanto, onde existir lacuna na legislação, será aplicado o procedimento
comum do NCPC.

Dos requisitos da petição inicial

O art. 319 do NCPC trata dos requisitos da petição inicial, tendo como correlato o
art. 282 do CPC de 1973 .
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ Art. 319. A petição inicial indicará:

I - o juízo a que é dirigida;

II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o


número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

Em relação ao inciso I do art. 319 do NCPC há mudança de cunho redacional.


Ora, no Código de 1973, art. 282, I falava em indicação do juiz ou tribunal. O novo
Código fala em juízo , conforme destaque em negrito. Embora a nomenclatura no
CPC de 1973 falasse pessoa do juiz ou tribunal, a doutrina já tratava como juízo. O
NCPC apenas modificou a nomenclatura para corrigir.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ O inciso II do art. 319 do NCPC trata dos dados pessoais das partes. O novo
Código exigiu mencionar sobre a união estável, evoluindo nesta questão, já
que atualmente a união estável tem um papel fundamental na sociedade
estando seus efeitos equiparados ao casamento.

→ O CPF e CNPJ exigido não é novidade. É importante para evitar que


homônimos sejam confundidos.

→ O endereço eletrônico, exigência do novo CPC, é importante para citações


e intimações, cada vez mais utilizadas dentro da realidade digital do Poder
Judiciário.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ O Código Novo ressalva que a falta de informações não inviabiliza o exercício do
Direito (previsão do art. 319, §1º, CPC/15).

Os incisos III a VI do art. 319 não tiveram mudança em relação a legislação de 1973.

Art. 319 (...)

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ O inciso VII do art. 319 teve novidade:

Art. 319 (...) VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de
conciliação ou de mediação .

→ Novo requisito da petição inicial; o autor deve constar expressamente se


deseja ou não a tentativa de conciliação. Caso não conste expressamente este
requisito, o juiz determinará a emenda da inicial.
Contudo, é importante registrar que se o autor indicar que não quer fazer a
conciliação, mas o réu indicar que deseja tentativa de conciliação, a
audiência será realizada. E nesse caso, se o autor não comparecer ou não
nomear alguém para representá-lo, tal ausência na audiência será
considerada um ato atentatório a justiça podendo implicar a aplicação de
multa.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ No Código de 1973 falava em requerimento de citação do réu como último
requisito da petição inicial; mas isso é totalmente dispensável já que quando
o autor ingressa com a demanda, sua intenção é movimentar o Poder
Judiciário para a apreciação de seu pedido, e a consequência lógica disso é a
citação do réu. Assim, o novo Código suprimiu esse requisito e colocou no
lugar a opção pela conciliação.

→ O parágrafo primeiro do art. 319 também possui novidade, conforme já


mencionamos:

Art. 319 (...)

§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor,
na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ Embora a lei mencione a possibilidade de requerer judicialmente
providências para saber os dados do réu, na prática, é difícil de
operacionalizar. Contudo, pode ser requerida tal providência e será objeto de
tutela jurisdicional.

Art. 319 (...)

§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a


que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.

§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no


inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou
excessivamente oneroso o acesso à justiça.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ O parágrafo segundo do art. 319 é dirigido ao juízo. Nesse caso, é importante


o autor abrir na petição inicial um tópico informando que não conseguiu
determinada informação. Nesse caso, se o juiz tiver elementos que viabilizem a
citação, ela poderá ser realizada e a petição inicial não poderá ser indeferida.

→ Às vezes é impossível ou não tem como localizar os dados exigidos no inciso II,
mas ainda assim, a petição inicial não deve ser indeferida, conforme disposição
do parágrafo terceiro do art. 319. Vale destacar que tais dispositivos são dirigidos
ao juiz.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ O art. 320 não alterou, mantendo a mesma redação do antigo 273 do CPC
de 1973.

Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à


propositura da ação.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→O Art. 321 do NCPC, correspondente do art. 284 do CPC de 1973, trouxe


algumas inovações:

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts.
319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias , a
emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou
completado.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição


inicial.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ Quando o juiz verificar que a petição inicial não contempla algum requisito
obrigatório deverá determinar a emenda da petição inicial no prazo de 15
dias, e não de 10 dias como previa o CPC de 1973.

→ Além disso, o artigo do NCPC trouxe a obrigatoriedade do magistrado


indicar com precisão o que deve ser corrigido ou completado. No CPC de
1973, por vezes, o magistrado indicava a emenda da inicial sem dizer o que
deveria ser corrigido, e o autor não conseguia identificar o que deveria ser feito;
gerando morosidade.

→ Se o autor não cumprir o despacho de emenda, a petição será indeferida,


conforme o CPC de 1973; sobre isso não houve alteração.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ Já o art. 322 trouxe várias novidades.

Art. 322. O pedido deve ser certo.

§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as


verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.

§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e


observará o princípio da boa-fé.

→ Os artigos correspondentes no CPC de 1973 são os arts. 286 e 293.

→ Em relação ao pedido, o código de 1973 falava em pedido certo ou


determinado.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ Já o NCPC fala em pedido certo; certo com relação à providência


jurisdicional pretendida; há de se ter certeza da tutela que o autor almeja.
Há sentenças condenatória, declaratórias, constitutivas, obrigação de fazer
ou de não fazer. Além da natureza da sentença, há de saber a extensão delas;
em se tratando de sentença condenatória, condenação a quê? Qual o valor; se
for obrigação de fazer, o que se deve fazer.

→ O pedido deve ser CERTO, não duvidoso, referente CERTEZA DA TUTELA


JURISDICIONAL.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ Parágrafo segundo, do art. 322 do NCPC:

→ O Código de 1973, art. 293 falava que os pedidos deveriam ser


interpretados restritivamente.

→ Neste ponto alterou o NCPC, trazendo uma disposição sobretudo para os


magistrados. O pedido no NCPC deve ser interpretado de acordo com o
contexto, com bom senso e boa fé; não apenas considerando o somente o texto
escrito. A intenção da legislação é relativizar o formalismo, e fazer com o
magistrado não fique restrito; há de se levar em conta a tutela pretendida e
dela extrair as adequadas consequências jurídicas.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ O antigo art. 286 do CPC de 1973 tratava do pedido, mencionando o que o


mesmo deveria ser certo ou determinado. Já no NCPC o conteúdo do antigo
art. 286 foi reestruturado, desdobrando-se nos arts. 322 e 324 do NCPC.

→ No art. 322 o pedido deve ser certo, com a exceção dos pedidos implícitos,
já visto no parágrafo primeiro do art. 322.

→ Já o art. 324 trata do PEDIDO DETERMINADO.


Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
Art. 324. O pedido deve ser determinado.

§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:

I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;

II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;

III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva
ser praticado pelo réu.

§ 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.

→ Assim, no NCPC O PEDIDO DEVE SER DETERMINADO, tendo as exceções previstas


nos incisos.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ É importante destacar que no inciso II houve alteração, pois a redação anterior


falava em "quando não for possível determinar, de modo definitivo, as
consequências do ato ou do fato "; e a redação do NCPC fala em "quando não for
possível determinar, desde logo , as consequências do ato ou do fato". Nesses
casos o PEDIDO será ILÍQUIDO, e a SENTENÇA também será ILÍQUIDA, sendo
necessário uma liquidação posterior.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ O artigo 330 do NCPC fala do indeferimento da petição inicial;
(correspondente ao art. 295 do CPC de 1973).

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido
genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ Nota-se que o NCPC NÃO menciona "CONDIÇÕES DA AÇÃO"; pois tal


nomenclatura irá tratar de condições para análise do MÉRITO, e não de
indeferimento da inicial.

→ O conteúdo do art. 330 do NCPC, parágrafos primeiro e segundo já estavam


positivados nos arts. 285-B do CPC de 1973. Mudou-se a estrutura, mas não o
conteúdo jurídico. Não é material efetivamente novo, pois já constava de alteração
recente do CPC de 1973.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ O art. 331 traz as consequências do indeferimento da petição inicial.
Correspondente é o art. 296 do CPC de 1973.

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo
de 5 (cinco) dias, retratar-se.

§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.

§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a


correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.

§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.


Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
→ Os prazos no NCPC foram ampliados; neste caso, o prazo para o juiz retratar-
se era de 48 horas, e passou para 5 (cinco) dias.

→ Se o juiz NÃO se retratar, haverá citação do réu para responder ao recurso.


Neste caso, o réu ainda não tinha sido citado, pois se tratava de indeferimento da
inicial; então, será o réu citado para acompanhar o recurso.

→ No caso do tribunal entender que não é caso de indeferimento da inicial, o


prazo para contestação do réu se dará a partir da intimação do retorno dos
autos, observado o disposto no art. 334 do NCPC. O conteúdo do art. 334 é a
designação da audiência de conciliação; e partir da audiência é que o prazo
começa a ser contado.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ O art. 332 do NCPC traz as hipóteses da improcedência liminar do pedido


(correspondente do art. 285 -A do CPC de 1973, com alteração substancial).
Trata-se das ações que dispensam a fase instrutória, ou seja, temas que tratam
exclusivamente de matéria de direito que dispensem a apresentação de provas.

→ O antigo art. 285-A do CPC falava que o juiz poderia julgar liminarmente
improcedente o pedido quando houvesse jurisprudência naquele juízo a respeito
do tema; a diferença é o fundamento do julgamento liminar;
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,
independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o
pedido que contrariar:

I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de


Justiça;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de


Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.


Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se
verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.

§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da


sentença, nos termos do art. 241.
.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a


citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para
apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ O inciso primeiro do art. 332 do NCPC aponta uma hipótese de


IMPROCEDÊNCIA LIMINAR quando o pedido contrariar SÚMULAS. As
súmulas decorrem de uma série de julgados; são julgamentos reiterados a
respeito de determinado tema, que acabam formando um precedente tão
consistente, que se torna súmula.

→ Já o inciso II do art. 332 do NCPC trata do caso do pedido contrariar


PRECEDENTES DO STJ E STF SOBRE RECURSOS REPETIDOS. Nesta hipótese
NÃO precisa ser súmula, apenas precedente; ou seja, basta um só julgamento,
desde que seja em caso de recursos repetitivos.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ O inciso III do art. 332 do NCPC trata de IMPROCEDÊNCIA LIMINAR no caso


do pedido contrariar RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR) ou de
(IAC) ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA. É a hipótese de demandas que envolvam
temas de repercussão social.

→ O inciso IV do art. 332 do NCPC trata de pedido que contrarie enunciado de


súmula dos tribunais de justiça, quando o caso envolver matéria de direito
local.

→ Se o juiz verificar a prescrição e decadência também poderá julgar


liminarmente improcedente; conforme determinado no parágrafo primeiro do
art. 332 do NCPC.
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

→ Caso não haja apelação por parte do autor, o réu será intimado do trânsito
em julgado da sentença, nos termos do art. 332, §2º do NCPC. Não é citação,
pois a demanda já não existe mais; trata-se de mero conhecimento.

→ Se houver apelação, o juiz poderá se retratar em cinco dias (art. 332, §3º do
NCPC). Se o juiz se retratar, o processo segue e o réu é citado para comparecer
para contrarrazoar em 15 dias (art. 332, §4º do NCPC).
Processo de Conhecimento /
Procedimento Comum

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