1.0 A evolução do direito processual civil no mundo.
1. Fase - Praxismo ou Sincretismo (séc XV até 1868) Nesse período, o direito processual era apenas vinculado ao direito material, ou seja, não possuía existência autônoma. Logo, o direito era visto como prática forense e não de maneira a entendê-lo como ciência. Por esse motivo, essa fase se caracteriza por existir uma relação meramente de autor-réu. 2. Fase - Processualismo Científico (1868) Essa fase entende o direito processual como área do direito público e, nesse momento, o direito já seria considerado uma ciência. Além disso, a relação jurídica processual seria de juiz-autor-réu. 3. Fase - Instrumentalista Nessa fase há um aprofundamento quanto ao direito processual. O direito começou a ser visto como instrumento de pacificação social e, mais além, como ciência de aplicação ao caso concreto. Logo, o processo seria o meio de efetivar uma norma jurídica aplicada pelas partes. 4. Fase - Neoconstitucionalismo e Neoprocessualismo Nessa fase a constituição é vista como a principal norma do processo. Logo, o processo é regido pela constituição, por isso alguns autores chamam de normas processuais constitucionais.
CPC - Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme
os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil.
2.0 Panorama geral da evolução do direito processual civil no Brasil.
1. Fase - Ordenações filipinas. No contexto internacional estava a fase do praxismo. Nessa fase a legislação de Portugal era aplicada no Brasil, ou seja, o ordenamento jurídico se baseava muito no direito português. 2. Fase - Regulamento 737. (1850) Ainda estamos no contexto internacional do praxismo, entretanto, houveram novas determinações processuais, ainda que o direito ainda fosse visto apenas como prática forense, e não uma ciência autônoma. 3. Fase - Códigos de processo estaduais. Nessa fase era de competência dos estados legislar sobre matéria de processo. 4. Fase - Primeiro código de processo civil do Brasil. (1939) Nessa fase a União começou a legislar sobre processo para todo o Brasil. Nesse momento já entende-se o processo como ciência autônoma. 5. Fase - Segundo código de processo civil do Brasil. (1973) chamado código de Buzaid. Esse CPC se caracterizava por dividir uma ação em três diferentes processos: PROC. DE CONHECIMENTO - PROC. CAUTELAR - PROC. DE EXECUÇÃO No futuro ele viria a sofrer diversas alterações, principalmente ao que tange a fase de execução. 6. Fase - Terceiro código de processo civil do Brasil. (2015) Esse CPC foca em um processo sincrético, ou seja, há um processo único cabendo em si as três fases de: FASE DE CONHECIMENTO - FASE DE EXECUÇÃO - FASE SE SENTENÇA
3.0 Fontes do direito processual.
As fontes do direito processual com o conjunto de normas que vão originar o processo civil. 1. Constituição Federal. Art 1 CPC A Constituição traz os fundamentos do processo, além de versar sobre as competências das diversas justiças. (trabalho, cível, criminal etc) 2. Leis Federais, tratando-se de leis ordinárias e leis complementares. 3. Tratados Internacionais, quando recepcionados pelo Brasil. 4. Medidas Provisórias. Art 24, X CF Quando se tratando de medidas anteriores ao ano de 2001, devido ao parágrafo 1 do Art 62 CF. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativa a: b) direito penal, processual penal e processual civil; 5. Leis Estaduais. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: XI - procedimentos em matéria processual; 6. Precedentes. Precedentes são decisões que vinculam ou não decisões judiciais, ou seja, servirá de paradigma para outras decisões. Logo, é uma jurisprudência consolidada. Ocorre do precedente não vincular decisões judiciais quando não há concordância em juízo. 7. Negócio Processual Art 63 CPC O negócio processual é um acordo feito entre as partes dentro de um processo. Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. 8. Resoluções Administrativas do CNJ As resoluções administrativas possuem caráter coercitivo. Para exemplificar, resolução de suspensão dos prazos devido à pandemia. 9. Regimento Interno dos Tribunais. Art 96, I + a Os regimentos internos vão dispor sobre competência e criação de determinadas varas. 10. Costumes.
4.0 Princípios constitucionais do processo/garantias fundamentais do
processo. 1. Princípio do devido processo legal. Art 5 ,inciso LIV CF O devido processo legal informa como o processo vai se desenvolver, qual será o juízo competente, se há contraditório, por exemplo. (due process of law) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; A origem do devido processo legal está marcada em 1215 - Carta Magna Inglesa. Esse princípio é considerado um supraprincipio, ou seja, dele decorrem outros princípios formadores do processo. De acordo com o autor Alexandre Câmara o devido processo legal é o princípio responsável por assegurar que o processo se desenvolva conforme o modelo constitucional. DPL SUBSTANCIAL - é aquele que observa a razoabilidade e a proporcionalidade. DPL FORMAL - é aquele que observa os ditames legais, ou seja, a própria lei.
2. Princípio da igualdade. CAPUT Art. 5, I CF
Esse princípio consiste em tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente na medida correta. No que tange ao processo é possível identificar que pessoas diferentes às vezes estão em situações de desigualdade, por exemplo, há a diferença de pessoa física e pessoa jurídica, pessoas capazes e incapazes, pessoas do direito público e direito privado. O princípio da igualdade não visa apenas o aspecto formal de que todos são iguais, mas também o aspecto substancial de equilibrar ou tentar equilibrar essas desigualdades. Para exemplos práticos, a defensoria tem o dobro de tempo para contestar, percebe-se que incapaz precisa de representação, aplicação de inversao do onus da prova, gratuidade de justiça, entre outros. Essas coisas são a busca da paridade de armas no processo.
3. Princípio do juiz natural. Art 5,inciso 37 e 53
Esse princípio garante que o processo se instaure e se desenvolva perante um órgão jurisdicional cuja competência tenha sido pré fixada. A emenda constitucional 45/2004 - é um exemplo de exceção, mas nesse caso define que só tratariam de processo que viessem depois, entretanto, o entendimento do STF é diferente. (agravo de instrumento 634.728 AGR/GO - súmula vinculante 22). Logo, a competência jurisdicional é pré-definida.
5.0 Normas fundamentais do processo civil. Art 1 - Art 12
O legislador inicia a parte geral do CPC com os conceitos iniciais, princípios e regras fundamentais ao processo. - Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil. O Art 1 ressalta a importância e observância da Constituição Federal. Alguns doutrinadores criticam a utilização do termo valores no artigo, pois ele traz algo subjetivo, eles defendem que deveria ser “normas” no lugar de valores. Princípio da inércia da jurisdição - esse princípio diz que cabe a parte impulsionar ou iniciar uma demanda, exemplificando, se um juiz viu uma batida de um carro, A bateu no carro de B, A diz que não vai pagar, o juiz vendo essa situação não pode iniciar com o processo. As exceções, por exemplo, são os crimes contra a administração pública e outras. - Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. Esse artigo diz que o processo inicia pelas partes mas se desenvolve de forma oficial, isto posto, apenas o juízo dá andamento ao processo.
Princípio da inafastabilidade da jurisdição - esse artigo é uma repetição da
constituição (Art 5 XXXV). Quer dizer que a jurisdição é inafastável, ou seja, o cidadão tem o direito de acionar a jurisdição quando quiser. Alguns doutrinadores dizem que a jurisdição é inevitável. - Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. Os parágrafos 1, 2, 3 dizem respeito a conciliacao, mediacao e arbitragem. São meios de resolução de conflitos sem precisar ajuizar uma ação.
Princípio da celeridade - diz respeito sobre a observância de duração razoável, ou
seja, o processo não pode durar 1 dia a mais ou 1 dia a menos. Essa norma não quer dizer que o processo deva ser rápido, mas sim durar o que é devido, duração razoável, observando as garantias fundamentais do processo. É dever das partes não retardar o processo, recorrendo em litigância de má fé. - Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Princípio da boa fé objetiva - é requerido que as partes façam o que a lei
determina (art 77 a 80) No processo civil falamos apenas de boa fé objetiva, ou seja,a observância da lei. A boa fé subjetiva diz respeito sobre valores, fe, crença, sobre ser uma pessoa boa. *Remissão Art. 322 paragrafo 2 CPC - Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
Caderno Revisto em 10022015 - Aula 01 e 02 - 26012015 e 02022015 - Fredie Didier - Introdução Ao Processo Civil Contemporâneo e Neoprocessualismo - Processo Civil