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Caderno de Teoria Geral do Processo. (2023.

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1.0 A evolução do direito processual civil no mundo.


1. Fase - Praxismo ou Sincretismo (séc XV até 1868)
Nesse período, o direito processual era apenas vinculado ao direito material, ou
seja, não possuía existência autônoma. Logo, o direito era visto como prática
forense e não de maneira a entendê-lo como ciência. Por esse motivo, essa fase se
caracteriza por existir uma relação meramente de autor-réu.
2. Fase - Processualismo Científico (1868)
Essa fase entende o direito processual como área do direito público e, nesse
momento, o direito já seria considerado uma ciência. Além disso, a relação jurídica
processual seria de juiz-autor-réu.
3. Fase - Instrumentalista
Nessa fase há um aprofundamento quanto ao direito processual. O direito começou
a ser visto como instrumento de pacificação social e, mais além, como ciência de
aplicação ao caso concreto. Logo, o processo seria o meio de efetivar uma norma
jurídica aplicada pelas partes.
4. Fase - Neoconstitucionalismo e Neoprocessualismo
Nessa fase a constituição é vista como a principal norma do processo. Logo, o
processo é regido pela constituição, por isso alguns autores chamam de normas
processuais constitucionais.

CPC - Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme


os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República
Federativa do Brasil.

2.0 Panorama geral da evolução do direito processual civil no Brasil.


1. Fase - Ordenações filipinas.
No contexto internacional estava a fase do praxismo. Nessa fase a legislação de
Portugal era aplicada no Brasil, ou seja, o ordenamento jurídico se baseava muito no
direito português.
2. Fase - Regulamento 737. (1850)
Ainda estamos no contexto internacional do praxismo, entretanto, houveram novas
determinações processuais, ainda que o direito ainda fosse visto apenas como
prática forense, e não uma ciência autônoma.
3. Fase - Códigos de processo estaduais.
Nessa fase era de competência dos estados legislar sobre matéria de processo.
4. Fase - Primeiro código de processo civil do Brasil. (1939)
Nessa fase a União começou a legislar sobre processo para todo o Brasil. Nesse
momento já entende-se o processo como ciência autônoma.
5. Fase - Segundo código de processo civil do Brasil. (1973) chamado código de
Buzaid.
Esse CPC se caracterizava por dividir uma ação em três diferentes processos:
PROC. DE CONHECIMENTO - PROC. CAUTELAR - PROC. DE EXECUÇÃO
No futuro ele viria a sofrer diversas alterações, principalmente ao que tange a fase
de execução.
6. Fase - Terceiro código de processo civil do Brasil. (2015)
Esse CPC foca em um processo sincrético, ou seja, há um processo único cabendo
em si as três fases de:
FASE DE CONHECIMENTO - FASE DE EXECUÇÃO - FASE SE SENTENÇA

3.0 Fontes do direito processual.


As fontes do direito processual com o conjunto de normas que vão originar o
processo civil.
1. Constituição Federal. Art 1 CPC
A Constituição traz os fundamentos do processo, além de versar sobre as
competências das diversas justiças. (trabalho, cível, criminal etc)
2. Leis Federais, tratando-se de leis ordinárias e leis complementares.
3. Tratados Internacionais, quando recepcionados pelo Brasil.
4. Medidas Provisórias. Art 24, X CF
Quando se tratando de medidas anteriores ao ano de 2001, devido ao parágrafo 1
do Art 62 CF.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I - relativa a:
b) direito penal, processual penal e processual civil;
5. Leis Estaduais.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
XI - procedimentos em matéria processual;
6. Precedentes.
Precedentes são decisões que vinculam ou não decisões judiciais, ou seja, servirá
de paradigma para outras decisões. Logo, é uma jurisprudência consolidada.
Ocorre do precedente não vincular decisões judiciais quando não há concordância
em juízo.
7. Negócio Processual Art 63 CPC
O negócio processual é um acordo feito entre as partes dentro de um processo.
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território,
elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
8. Resoluções Administrativas do CNJ
As resoluções administrativas possuem caráter coercitivo. Para exemplificar,
resolução de suspensão dos prazos devido à pandemia.
9. Regimento Interno dos Tribunais. Art 96, I + a
Os regimentos internos vão dispor sobre competência e criação de determinadas
varas.
10. Costumes.

4.0 Princípios constitucionais do processo/garantias fundamentais do


processo.
1. Princípio do devido processo legal. Art 5 ,inciso LIV CF
O devido processo legal informa como o processo vai se desenvolver, qual será o
juízo competente, se há contraditório, por exemplo. (due process of law)
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
A origem do devido processo legal está marcada em 1215 - Carta Magna Inglesa.
Esse princípio é considerado um supraprincipio, ou seja, dele decorrem outros
princípios formadores do processo. De acordo com o autor Alexandre Câmara o
devido processo legal é o princípio responsável por assegurar que o processo se
desenvolva conforme o modelo constitucional.
DPL SUBSTANCIAL - é aquele que observa a razoabilidade e a proporcionalidade.
DPL FORMAL - é aquele que observa os ditames legais, ou seja, a própria lei.

2. Princípio da igualdade. CAPUT Art. 5, I CF


Esse princípio consiste em tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente
na medida correta. No que tange ao processo é possível identificar que pessoas
diferentes às vezes estão em situações de desigualdade, por exemplo, há a
diferença de pessoa física e pessoa jurídica, pessoas capazes e incapazes, pessoas
do direito público e direito privado. O princípio da igualdade não visa apenas o
aspecto formal de que todos são iguais, mas também o aspecto substancial de
equilibrar ou tentar equilibrar essas desigualdades.
Para exemplos práticos, a defensoria tem o dobro de tempo para contestar,
percebe-se que incapaz precisa de representação, aplicação de inversao do onus da
prova, gratuidade de justiça, entre outros. Essas coisas são a busca da paridade de
armas no processo.

3. Princípio do juiz natural. Art 5,inciso 37 e 53


Esse princípio garante que o processo se instaure e se desenvolva perante um
órgão jurisdicional cuja competência tenha sido pré fixada.
A emenda constitucional 45/2004 - é um exemplo de exceção, mas nesse caso
define que só tratariam de processo que viessem depois, entretanto, o entendimento
do STF é diferente. (agravo de instrumento 634.728 AGR/GO - súmula vinculante
22).
Logo, a competência jurisdicional é pré-definida.

5.0 Normas fundamentais do processo civil. Art 1 - Art 12


O legislador inicia a parte geral do CPC com os conceitos iniciais, princípios e regras
fundamentais ao processo.
- Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme
os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da
República Federativa do Brasil.
O Art 1 ressalta a importância e observância da Constituição Federal. Alguns
doutrinadores criticam a utilização do termo valores no artigo, pois ele traz algo
subjetivo, eles defendem que deveria ser “normas” no lugar de valores.
Princípio da inércia da jurisdição - esse princípio diz que cabe a parte impulsionar
ou iniciar uma demanda, exemplificando, se um juiz viu uma batida de um carro, A
bateu no carro de B, A diz que não vai pagar, o juiz vendo essa situação não pode
iniciar com o processo.
As exceções, por exemplo, são os crimes contra a administração pública e outras.
- Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso
oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Esse artigo diz que o processo inicia pelas partes mas se desenvolve de forma
oficial, isto posto, apenas o juízo dá andamento ao processo.

Princípio da inafastabilidade da jurisdição - esse artigo é uma repetição da


constituição (Art 5 XXXV). Quer dizer que a jurisdição é inafastável, ou seja, o
cidadão tem o direito de acionar a jurisdição quando quiser. Alguns doutrinadores
dizem que a jurisdição é inevitável.
- Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
Os parágrafos 1, 2, 3 dizem respeito a conciliacao, mediacao e arbitragem. São
meios de resolução de conflitos sem precisar ajuizar uma ação.

Princípio da celeridade - diz respeito sobre a observância de duração razoável, ou


seja, o processo não pode durar 1 dia a mais ou 1 dia a menos. Essa norma não
quer dizer que o processo deva ser rápido, mas sim durar o que é devido, duração
razoável, observando as garantias fundamentais do processo.
É dever das partes não retardar o processo, recorrendo em litigância de má fé.
- Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral
do mérito, incluída a atividade satisfativa.

Princípio da boa fé objetiva - é requerido que as partes façam o que a lei


determina (art 77 a 80)
No processo civil falamos apenas de boa fé objetiva, ou seja,a observância da lei. A
boa fé subjetiva diz respeito sobre valores, fe, crença, sobre ser uma pessoa boa.
*Remissão Art. 322 paragrafo 2 CPC
- Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve
comportar-se de acordo com a boa-fé.

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