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CURSO DE DIREITO
PROCESSO PENAL - RITO COMUM
PORTO ALEGRE/RS
NOVEMBRO DE 2021
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA
OPÇÃO DE ATIVIDADE 1 No caso desta disciplina será prevista como tal atividade
a leitura e discussão interpretativa de precedentes jurisprudenciais sobre a matéria do
Direito Processual Penal, especificamente sobre os princípios que norteiam o processo
penal, que serão devidamente indicados pelo professor em sala de aula.
A familiarização com o julgado será realizada em horário não presencial pelos
alunos, seguido da elaboração pelo aluno de texto descritivo que será postado no
ambiente virtual (Blackboard).
OPÇÃO DE ATIVIDADE 2 No caso desta disciplina será prevista como tal atividade
a leitura e discussão interpretativa de artigo em inglês cotejando com precedentes
jurisprudenciais sobre a matéria do Direito Processual Penal, especificamente sobre os
princípios que norteiam o processo penal, que serão devidamente indicados pelo
professor em sala de aula.
A familiarização com o texto será realizada em horário não presencial pelos alunos,
seguido da elaboração pelo aluno de texto descritivo que será postado no ambiente
virtual (Blackboard).
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL SOB O ENFOQUE ANALÍTICO
DE JOSÉ NELSON DE MIRANDA COUTINHO
I. Introdução
O direito penal é uma área jurídica responsável por atribuir penas aos
delitos cometidos na sociedade, tendo como base as leis originadas do Poder
Legislativo. Os princípios do direito penal dão suporte para a área e facilitam a
compreensão de qualquer ramo do direito.
O princípio da legalidade exprime a ideia de que não existe crime se não estiver
previsto em lei. É uma forma de limitar o direito penal, para que atue somente dentro
das leis vigentes.
O princípio da adequação social manifesta que o Direito deve estar em harmonia com
a realidade social do seu tempo, tomando como base os valores vigentes na sociedade
e adequando-se aos seus ditames.
O princípio da isonomia exprime que todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza. As situações iguais devem ser tratadas de modo igual, e
circunstâncias desiguais devem ser vistas desigualmente.
Previsto no artigo 5º, XL, da CF, o princípio da irretroatividade estabelece que as leis
penais mais severas não retroagirão para prejudicar o réu. Sendo assim, sobrevindo lei
que atribua pena mais grave a determinado crime ou que tipifique determinada
conduta, ela não será aplicada aos fatos anteriores à sua vigência.
No entanto, se a nova lei for mais benéfica, ela retroagirá em benefício do réu, sendo
aplicada aos fatos cometidos antes de sua vigência. Vale lembrar que essa regra não
se aplica aos casos de lei excepcional ou temporária.
Embora não esteja previsto na CF, o princípio da vedação ao bis in idem vigora no
ordenamento jurídico brasileiro em decorrência de sua expressa previsão no Tratado
de Roma, do qual o Brasil é signatário.
Segundo a doutrina, esse princípio do Direito Penal tem três significados. No aspecto
processual, ele impede que um indivíduo seja processado mais de uma vez pelo
mesmo fato. Do ponto de vista material, ele impede que o Estado condene alguém
mais de uma vez pelo mesmo fato. Por sua vez, no viés execucional, o ne bis in
idem estabelece que ninguém pode ser executado duas ou mais vezes por condenações
relacionadas à mesma infração penal.
Vale lembrar que, assim como os demais princípios, o ne bis in idem não tem caráter
absoluto. No Brasil, a exceção está prevista no artigo 8º, do Código Penal, o qual
permite novos julgamento e condenação pelo mesmo fato nos casos de
extraterritorialidade.
Como você viu, o Direito Penal é o último instrumento a ser utilizado pelo Estado
para a pacificação social. Portanto, apenas as relevantes lesões aos bens jurídicos mais
importantes podem ensejar a incidência do poder punitivo estatal.
Desse modo, para que uma conduta seja reprimida na seara penal não basta que ela
seja considerada infração; é necessário que ela lese o bem jurídico protegido pela
norma. Por isso, condutas irrelevantes, como o furto de quantias irrisórias, não podem
ser punidas penalmente, visto que elas não ofendem o bem jurídico protegido.
Nesse sentido, surge o Princípio do juiz natural que veda a criação de tribunal de
exceção, bem como, determina que o juiz deve ser competente para julgar, ou seja, ele
deve ter a atribuição legal para julgar aquela matéria e pessoa naquele local.
Para a jurisdição ser exercida é necessário que alguém seja investido na função. A
investidura ocorre através de concurso público de provas e títulos, em observância a
CF/88.
Contudo essa regra não é absoluta tendo algumas exceções, por exemplo, a escolha
dos Ministros do STF ou ingresso nos tribunais pelo quinto constitucional[1], feitos
que independem de concurso público.
A atividade jurisdicional é indelegável, somente podendo ser exercida, pelo órgão que
CF/88 estabeleceu como competente.
Assim sendo após o processo ser recebido por um Juiz, ele não poderá delegar o
julgamento a terceiro ou outro juiz.
III.4. Princípio da inevitabilidade
A lide, uma vez levada ao judiciário, não poderá às partes impedir a decisão do juiz.
Existindo uma decisão as partes devem cumpri-la, independente da satisfação das
partes sobre ela.
Entretanto existe uma exceção a qual se refere às questões da justiça desportivas, onde
há a necessidade do esgotamento das vias administrativas desportivas para a lide seja
levada ao Judiciário.
As partes devem provocar a jurisdição, pois ela não age de oficio. Exceção: inventário,
previsto no artigo 989 do CPC. Esse princípio é considerado também uma
característica da jurisdição.
A jurisdição aderirá uma base territorial e será aplicada nessa base. Atenção, existem
tribunais que sua aderência será em todo o território nacional como o STF.
Preliminarmente, nota-se que a doutrina não faz distinção entre as duas formas
terminológicas que se O conceito do princípio da obrigatoriedade da ação penal
pública encontra-se no artigo 24 do Código de Processo Penal, e diz que o Ministério
Público tem o dever de promover a ação penal tão só tenha ele notícia do crime e não
existam obstáculos que o impeça de atuar. Assim, verificando ser a conduta típica,
ilícita e culpável, o Ministério Público estará obrigado a oferecer a denúncia. Este
princípio funda-se na ideia latina “nec delicta maneant impunita”, ou seja, nenhum
crime deve ficar impune.
Assim como em toda relação processual contenciosa, no processo penal há uma lide,
manifestada através do “jus puniendi” do Estado versus a pretensão de liberdade do
réu, na qual o Estado exerce sua pretensão punitiva.
Em regra, a ação penal é pública (CF/88, artigo 129, inciso I) e o Ministério Público é
o “dominis litis” da ação penal pública. Nos crimes processados e julgados nessa
condição, incidirá o princípio da obrigatoriedade, diferentemente da ação penal de
iniciativa privada, uma vez que o Ministério Público, verificando ser a conduta típica
e antijurídica, estará obrigado a oferecer a denúncia, na medida em que aquele não
poderá agir por conveniência, e o ato será vinculado, não podendo o MP optar por não
denunciar, mesmo por razões de políticas criminais.
Esse princípio é aplicável tanto à ação penal pública quanto à ação penal de iniciativa
privada.
Esse princípio autoriza que, já havendo uma ação penal pública em face de
determinado réu, será sempre possível que o MP intente outra ação pelo mesmo fato
em face de outro acusado.
Este princípio estabelece que o Estado tem o dever soberano de agir e de determinar
as normas de conduta delituosa bem como a sanção penal correspondente, estando
inicialmente relacionado com os princípios da legalidade e da obrigatoriedade. A
diretriz da oficialidade funda-se no interesse público de defesa social.
Basicamente significa que o ofendido ou seu representante legal não são obrigados a
propor a ação penal contra o autor do delito; exercerão o direito se quiserem conforme
a conveniência social ou a oportunidade política da medida. Uma vez proposta a ação
penal, em face desses princípios, dela poderão desistir, bem como de eventual recurso
interposto. Apenas para efeito de comparação é o posto do que ocorre com a ação
penal pública. O ofendido ou seu representante legal se despojam da ação penal
mediante certos atos, que constituem causas extintivas da punibilidade, a saber: a
decadência e a renúncia – ambos antes do exercício da ação – e a perempção, a
desistência e o perdão, estas últimas depois de seu exercício.
É o mesmo princípio que rege a ação penal pública tratado alhures, não havendo nada
a acrescentar.
Diante do exposto, não resta dúvida, pois, que a indivisibilidade rege a ação penal
privada e sua inobservância tem como consequência a extinção da punibilidade em
relação à todos os autores do crime. A causa extintiva será a renúncia (antes da ação)
ou perdão aceito ou ainda a desistência.
A defesa pode ser subdividida em: defesa técnica, que é a defesa efetuada por
profissional habilitado; e autodefesa (defesa material ou genérica) que é a defesa
realizada pelo próprio imputado. A defesa técnica é sempre obrigatória, enquanto a
autodefesa pode ou não ser exercida pelo acusado, que pode optar por permanecer
inerte, invocando inclusive o silêncio. A autodefesa comporta também subdivisão,
representada pelo direito de audiência (oportunidade de influir na defesa por
intermédio do interrogatório), e no direito de presença, consistente na possibilidade de
o réu tomar posição, a todo momento, sobre o material produzido, sendo-lhe garantia
a imediação com o defensor, o juiz e as provas.
Também conhecido como ne procedat judex ex officio, este principio significa que,
sendo a jurisdição inerte, cabe as partes a provocação do Poder Judiciário, exercendo
o direito de ação, no intuito da obtenção do provimento jurisdicional. Neste contexto,
o art. 26 do CPP não foi recepcionado pela CF, não se admitindo mais que nas
contravenções penais a ação tenha inicio por portaria baixada pelo delegado ou pelo
magistrado (que se chamava de processo judicialiforme). De fato, a partir da nova
ordem constitucional, a titularidade da ação passou a ser privativa do MP (129, I),
admitindo-se, nos casos previstos, a iniciativa privada.
Com efeito, o delegado não pode arquivar os autos do IP (art. 17) e o promotor não
pode desistir da ação interposta (art. 42).
Decorrência expressa do art. 93, IX, CF, assevera que o juiz é livre para decidir, desde
que o faça de forma motivada, sob pena de nulidade insanável.
A publicidade dos atos processuais, que pode ser definida como a garantia de todo e
qualquer cidadão aos atos praticados no curso do processo, é a regra. Todavia, o sigilo
é admissível quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (art. 5,
LX). O art. 792, do CPP prevê sigilo se da publicidade do ato puder ocorrer escândalo,
inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem (&1º).
Por sua vez, O Pacto de São José da Costa Rica, em seu art. 8º, item 2, h, dispõe
acerca do direito de recorrer das decisões judiciais. Ocorre que o referido pacto, neste
ponto, é recebido como lei ordinária, já que o direito ao recurso não pode ser
enquadrado como expressão de direito fundamental, encontrando-se por consequência,
fragilizado, dentre das varias exceções existentes no sistema de decisões
simplesmente irrecorríveis.
V.16. Principio do Juiz natural
Tal principio consagra o direito de ser processado por juiz competente (art. 5, LIII) e a
vedação constitucional a criação de juízos ou tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII).
Em outras palavras, impede a criação casuística de tribunais pós-fato, para apreciar
um determinado caso.
Em relação ao princípio do juiz natural, foi afirmado que: este tem suas
origens diretamente vinculadas a ideais iluministas, é corolário do princípio da
isonomia, e surgiu com a finalidade de exaurir os privilégios das justiças senhoriais,
bem como eliminar a possibilidade de tribunais de exceção, visto que um Juízo
natural, pressupõe competência para julgamento anteriormente estabelecida em lei.
Em visão crítica, foi destacado a necessidade de analisar esse princípio sob a ótica do
nosso sistema processual pátrio, haja vista que a Constituição de 1988 passou a o
prever como regra.
VII. Conclusão
Por fim, dentre os princípios que regem o direito processual penal pátrio,
nota-se a existência de alguns princípios que autolimitam o poder de atuação estatal
na esfera individual do cidadão, ainda que quando sujeito passivo do jus puniendi
Estatal. Podem ser citados como exemplo o princípio do juiz natural, o princípio do
contraditório, o princípio da imparcialidade, dentre outros.