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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ ________ DA ________

Processo Crime nº ________

________ , ________ , inscrito no CPF sob o nº ________ , com


endereço na ________ , vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 5º, inciso LXVIII, da
Constituição Federal apresentar

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

pelas razões de fato e fundamentos:

DOS FATOS

O mérito da denúncia trata-se de suposta prática dos delitos de ________


enquadrado no Art. ________ .

Segundo consta da Denúncia, o acusado teria ________ .

O denunciado exerceu o direito de permanecer em silêncio em seu


depoimento prestado na fase inquisitorial.

Apesar de ________ , a denúncia foi indevidamente recebida na data de


________ , o que merece ser revista uma vez que ________ , conforme passa a

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demonstrar.

INÉPCIA DA PEÇA ACUSATÓRIA

Dentre os pressupostos legais, nos termos do art. 41 do CPP, a denúncia


deve conter a qualificação do acusado, a exposição do fato criminoso com todas as suas
circunstâncias, o enquadramento legal do crime e classificação, in verbis:

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato


criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a
classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

Todavia, a denúncia deixa de preencher os pressupostos do referido


artigo quando deixa de ________ .

A ausência de tais informações impedem o pleno exercício ao


contraditório. Afinal, como poderá elaborar a sua defesa sem acesso a tais informações?

Tratam-se de dados indispensáveis à ampla defesa, conforme precedentes


do STJ sobre o tema:

PROCESSUAL PENAL. DENÚNCIA. REQUISITOS. ART. 41


DO CPP. GOVERNADOR. FORO POR PRERROGATIVA DE
FUNÇÃO. STJ. DESMEMBRAMENTO. CONCURSO DE
AGENTES. DESCRIÇÃO INDIVIDUALIZADA DAS
CONDUTAS. AUSÊNCIA. AMPLA DEFESA. PREJUÍZO.
OCORRÊNCIA. INÉPCIA. REJEIÇÃO. ART. 395, I, DO CPP.
1. (...). 3. A exposição do fato criminoso com todas suas
circunstâncias tem o objetivo de atender à necessidade de
permitir, desde logo, o exercício da ampla defesa pelo
denunciado, pois é na delimitação temática da peça acusatória
em que se irá fixar o conteúdo da questão penal. 4. Ocorre a
inépcia da denúncia ou queixa quando sua deficiência resultar
em prejuízo ao exercício da ampla defesa do acusado, ante a

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falta de descrição do fato criminoso, da ausência de imputação
de fatos determinados ou da circunstância de da exposição não
resultar logicamente a conclusão. 5. Na presente hipótese, a
denúncia não narra a correta delimitação da modalidade de
contribuição do acusado para a suposta prática dos crimes dos
arts. 288 e 312 do CP, 89 e 90 da Lei 8.666/93, tampouco a
demonstra a correspondência concreta entre suas condutas e as
dos demais supostos agentes, o que impede a compreensão da
acusação que se lhe imputa, causando, por consequência,
prejuízo a seu direito de ampla defesa. 6. A rejeição da denúncia
por inépcia em relação a um acusado não impede o oferecimento
de nova denúncia, caso sanadas as irregularidades, nem seu
exame pelo juiz natural dos demais acusados, fixado pelo
desmembramento do processo. 7. Denúncia rejeitada em relação
ao acusado com prerrogativa de foro, por inépcia. (APn 810/DF,
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL,
julgado em 20/11/2017, DJe 28/11/2017, #83222183) #3222183

HABEAS CORPUS. PREFEITO. FRAUDE À LICITAÇÃO


(ART. 90 DA LEI N. 8.666/1993). CONDUTA DELITUOSA.
AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE FATOS CONCRETOS.
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA (ART. 280 DO CP). VÍNCULO
ESTÁVEL E PERMANENTE NÃO DEMONSTRADO.
INÉPCIA DA DENÚNCIA. OCORRÊNCIA. SIMILITUDE DE
SITUAÇÕES. RECONHECIMENTO (ART. 580 DO CPP). 1.
É inepta a denúncia que tem caráter genérico e não descreve a
conduta criminosa praticada pelo paciente, mencionando apenas
que os atos ilícitos ocorreram com o respaldo do prefeito
municipal (fl. 16), afirmando, na sequência, que o fato de ele
pertencer a mesma agremiação política do proprietário da
empresa vencedora da licitação sugere a sua adesão ao fato
delituoso. 2. As condutas descritas pelo Parquet denotam o
concurso de agentes na prática delituosa e não o delito de
associação criminosa (art. 288 do CP), cuja tipificação exige a
demonstração da existência de vínculo estável e permanente dos
agentes, visando à prática de crimes. 3. Havendo similitude de

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situações, nos termos dos arts. 580 e 654, § 2º, ambos do Código
Penal, a ordem deve ser estendida aos demais denunciados
quanto ao delito tipificado no art. 288 do Código Penal. 4.
Ordem concedida para trancar a Ação Penal n.
112/2.13.0000406-6, em trâmite na comarca de Não-Me-Toque,
em relação ao paciente, Paulo Lopes Godoi, sem prejuízo de que
outra seja ofertada com descrição circunstanciada das condutas a
ele atribuídas; com extensão parcial aos demais denunciados, tão
somente com relação ao delito tipificado no art. 288 do Código
Penal. (STJ - HC: 258696 RS 2012/0233946-2, Relator:
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento:
07/03/2017, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
13/03/2017, #83222183)

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - ART. 171, CAPUT, DO


CP, E ART. 102 DA LEI N. 10.741/03 - DENÚNCIA
REJEITADA POR INÉPCIA - REFORMA DA DECISÃO -
IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO
ART. 41 DO CPP - AGLUTINAÇÃO E DESCRIÇÃO
GENÉRICA DE VÁRIOS FATOS COMO CRIME ÚNICO -
INÉPCIA CONFIGURADA - DECISÃO ACERTADA -
RECURSO NÃO PROVIDO. - Se a inicial acusatória não
cuidou de descrever todos os fatos criminosos e suas
circunstâncias, como determina o art. 41 do CPP, aglutinando de
forma genérica as condutas delitivas supostamente praticadas
pela recorrida, como se tratasse de um único fato delitivo,
prejudicando, consequentemente, o exercício da ampla defesa da
denunciada, configura-se a inépcia da peça, devendo ser de fato
rejeitada a denúncia. (TJ-MG - Rec em Sentido Estrito:
10444150012227001 MG, Relator: Jaubert Carneiro Jaques,
Data de Julgamento: 06/06/2017, Câmaras Criminais / 6ª
CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 23/06/2017,
#13222183)

Nesse sentido, confirmam recentes precedentes:

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Recurso em sentido estrito - Lesão corporal e ameaça -
Denúncia parcialmente recebida - Desconhecimento da data em
que um dos fatos ocorreu - Ausência dos requisitos mínimos
essenciais da peça acusatória - Inépcia configurada - Art. 41 do
Código de Processo Penal - Entendimento jurisprudencial -
Decisão mantida - Recurso improvido. (TJ-SP - RSE:
00043298420188260047 SP 0004329-84.2018.8.26.0047,
Relator: Alexandre Almeida, Data de Julgamento: 13/03/2019,
11ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação:
15/03/2019, #83222183)

A doutrina, nesse mesmo sentido, destaca sobre a imprescindibilidade da


completude da inicial, sob pena de indeferimento:

"As exigências relativas à exposição do fato criminoso, com


todas as suas circunstâncias atendem à necessidade de se
permitir, desde logo, o exercício da ampla defesa. Conhecendo
com precisão todos os limites da imputação, poderá o acusado a
ela se contrapor o mais amplamente possível, (...)".
(OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 20ª ed.
Editora Atlas, 2016. p.168)

A peça acusatória não pode ser genérica. Os fatos devem ser


individualizados e com características sólidas do ocorrido, razão pela qual deve ser
imediatamente rejeitada, nos termos do Art. 395, inc. I do CPP.

Não obstante ao exposto, pelo princípio da causalidade, passa-se a


rebater pontualmente as imputações ao réu.

DO NÃO ENQUADRAMENTO À LEI MARIA DA PENHA

Conforme redação da Lei 11.340/06, que instituiu a conhecida Lei Maria


da Penha, configura violência doméstica e familiar qualquer ação ou omissão que cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, nos
seguintes ambientes:

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I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade


formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade
expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor


conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente
de coabitação.

Ocorre que no presente caso, trata-se de ________ , não se enquadrando,


portanto, na lei maria da penha.

Conforme narrado, no presente caso, referidos elementos não restam


configurados pelas provas colhidas no processo, especialmente pela ausência de
vulnerabilidade entre a vítima e o réu.

Afinal, apesar da vítima ser ________ , ela é igualmente do gênero


feminino, ou seja, não se trata de agressão baseada em gênero, apta a se enquadrar na
Lei Maria da Penha. Nesse sentido:

CONFLITO DE JURISDIÇÃO. AÇÃO ENTE IRMÃS. NÃO


INCIDÊNCIA DA LEI MARIA DA PENHA. CONFLITO
IMPROCEDENTE. A situação em exame não se enquadra nas
hipóteses previstas na Lei Maria da Penha. Como decide o
Superior Tribunal de Justiça: Para a incidência da Lei Maria
da Penha, é necessária a demonstração de que a violência
contra a mulher tenha se dado em razão do gênero e em
contexto de hipossuficiência ou vulnerabilidade da vítima em
relação a seu agressor. A situação citada antes não ocorre no
caso em tela. Trata-se de incidente entre irmãs, cujas
características não se veem hipossuficiência ou vulnerabilidade
da vítima. DECISÃO: Conflito de jurisdição improcedente.

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Unânime. (TJRS, Conflito de Jurisdição 70079928594,
Relator(a): Sylvio Baptista Neto, Primeira Câmara Criminal,
Julgado em: 12/12/2018, Publicado em: 23/01/2019) (in:
Modelo Inicial: https://modeloinicial.com.br/peticao/14)

APELAÇÃO. LESÃO CORPORAL. INFRAÇÃO PENAL


PRATICADA PELA GENITORA DA OFENDIDA.
VIOLÊNCIA NÃO BASEADA EM GÊNERO. LEI N.
11.340/2006. NÃO INCIDÊNCIA. AUSENTE PROVA DA
EXISTÊNCIA DO FATO. ABSOLVIÇÃO. Tratando-se de
agressão perpetrado pela genitora da vítima, não há cogitar-
se da incidência da Lei Maria da Penha, porquanto não se
está diante de violência baseada no gênero, a justificar a
abrangência da precitada legislação. Inexistente, pois,
demonstração de que tenham sido suportadas lesões corporais
pela vítima pois inaplicável, à espécie, a norma especial posta
no artigo 12, § 3º, da Lei 11.340/06 , impositiva a absolvição da
acusada. Sentença reformada. Ré absolvida. APELAÇÃO
PROVIDA, POR MAIORIA. (TJRS, Apelação 70076652346,
Relator(a): Honório Gonçalves da Silva Neto, Primeira Câmara
Criminal, Julgado em: 09/05/2018, Publicado em: 25/05/2018)

Da referida decisão, importante destacar o seguinte trecho:

"Ora, no âmbito da unidade doméstica, no âmbito familiar ou


em qualquer relação íntima de afeto, para a aplicação da Lei
Maria da Penha é necessário que reste caracterizada ªchamada
violência de gênero, que nada mais é do que aquela violência
fundada em convicções culturais de força ou superioridade
masculina, inexistente no caso em análise, porquanto, como
visto no caso presente, a violência foi praticada por uma
mulher contra outra mulher, não incidindo a Lei Maria da
Penha à hipótese. Por isso que, inexistente, como visto,
demonstração de lesão suportada pela ofendida, impõe-se a
absolvição da acusada relativamente ao crime de lesão
corporal que lhe foi imputado, com fundamento no artigo 386,

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II, do Código de Processo Penal."

Tratando-se, portanto, de mera agressão física não se enquadrando na Lei


Maria da penha.

DA AUSÊNCIA DE PROVAS

Conforme pode-se observar da Denúncia, a mesma foi totalmente


embasada pelo ________ , sem qualquer prova robusta sobre a autoria do fato.

Ocorre que no atual Estado Democrático de Direito, em especial em


nosso sistema processual penal acusatório, cabe ao Ministério Público comprovar a real
existência do delito e a relação direta com a sua autoria, não podendo basear sua
acusação apenas no depoimento da vítima.

No Direito Penal brasileiro, para que haja a condenação é necessária a


real comprovação da autoria e da materialidade do fato, conforme preceitua o Código de
Processo Penal ao prever expressamente:

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte


dispositiva, desde que reconheça:
(...)
VII - não existir prova suficiente para a condenação.

O que deve ocorrer no presente caso, pois não há elementos suficientes


para comprovar a relação do Réu com os fatos narrados. Dessa forma, o processo deve
ser resolvido em favor do acusado, conforme destaca Celso de Mello no seguinte
precedente:

"É sempre importante reiterar - na linha do magistério


jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal consagrou na
matéria - que nenhuma acusação penal se presume provada.
Não compete, ao réu, demonstrar a sua inocência. Cabe ao
contrário, ao Ministério Público, comprovar, de forma
inequívoca, para além de qualquer dúvida razoável, a
culpabilidade do acusado. Já não mais prevalecem em nosso

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sistema de direito positivo, a regra, que, em dado momento
histórico do processo político brasileiro (Estado novo), criou,
para o réu, com a falta de pudor que caracteriza os regimes
autoritários, a obrigação de o acusado provar a sua própria
inocência (...). Precedentes." (HC 83.947/AM, Rel. Min. Celso
de Mello).

Fato é que de forma leviana instaurou-se o presente processo,


desprovido de provas cabais a demonstrar a a gravidade do ato, consubstanciadas
unicamente em indícios que maculam a finalidade da ação proposta.

Com base nas declarações e provas documentais acostadas ao presente


processo, é perfeitamente possível verificar a ausência de qualquer evidência que
confirme as alegações do denunciante.

Afinal, não há provas que sustentem as alegações trazidas no processo,


sequer indícios contundentes foram juntados à inicial.

As declarações que instruíram o processo até o momento, sequer


indicam a conduta específica do denunciado, devendo o presente processo ser
imediatamente arquivado, com a aplicação imediata do in dubio pro reo, como destaca
os precedentes sobre o tema:

A condenação exige certeza absoluta, fundada em dados objetivos


indiscutíveis, o que não ocorre no caso em tela. Razão pela qual, mesmo com o
recebimento da denúncia, no que data máxima vênia, discordamos, não há que imputar
ao acusado a conduta denunciada , levando em consideração e devido respeito ao
princípio constitucional do in dubio pro reo.

Sobre o tema, o doutrinador Noberto Avena destaca:

"Apenas diante de certeza quanto à responsabilização penal do


acusado pelo fato praticado é que poderá operar-se a
condenação. Havendo dúvidas, resolver-se-á esta em favor do
acusado. Ao dispor que o juiz absolverá o réu quando não
houver provas suficientes para a condenação, o art. 386, VII, do

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CPP agasalha, implicitamente, tal princípio. (Processo penal.
10ª ed. Editora Metodo, 2018.Versão ebook, 1.3.15)

Trata-se da devida materialização do princípio constitucional da


presunção de inocência - art. 5º, inc. LVII da Constituição Federal, pela qual cabe ao
Estado acusador apresentar prova cabal a sustentar sua denúncia, impondo-se ao
magistrado fazer valer brocado outro, a saber: allegare sine probare et non allegare
paria sunt - alegar e não provar é o mesmo que não alegar.

Não sendo o conjunto probatório suficiente para afastar toda e qualquer


dúvida quanto à responsabilidade criminal do acusado, imperativa a sentença
absolutória. A prova da autoria deve ser objetiva e livre de dúvida, pois só a certeza
autoriza a condenação no juízo criminal. Não havendo provas suficientes, a absolvição
do réu deve prevalecer.

DA NECESSÁRIA DESCONSIDERAÇÃO DO DEPOIMENTO POLICIAL

Toda denúncia parte de uma presunção equivocada da autoria do Réu,


calcada exclusivamente sobre um depoimento prestado pelo policial militar.

Todavia, a doutrina e a jurisprudência possuem posicionamento firmado


de que o agente policial, sem qualquer acusação a sua probidade, mas possui conflito de
interesses inafastável, uma vez que participou ativamente das diligências que
culminaram em sua prisão.

Nesse sentido:

Por mais idôneo que seja o policial, por mais honesto e correto,
se participou da diligência, servindo de testemunha, no fundo
está procurando legitimar a sua própria conduta, o que
juridicamente não é admissível. A legitimidade de tais
depoimentos surge, pois, com a corroboração por testemunhas
estranhas aos quadros policiais (Apelação n.º 135.747, TACrim-
SP Rel. CHIARADIA NETTO)

Apelação. Tráfico de drogas. Contradição no depoimento

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policial. Absolvição. 1. Os elementos de informações
produzidos na fase de inquérito policial e não confirmados
perante a autoridade judicial (depoimento das testemunhas da
acusação), não podem ser utilizados para fundamentar uma
condenação, sendo a absolvição única solução a ser
implementada. 2. Apelação conhecida e improvida. (TJ-AM
02549835720128040001 AM 0254983-57.2012.8.04.0001,
Relator: Elci Simões de Oliveira, Data de Julgamento:
24/09/2017, Segunda Câmara Criminal, #83222183)

Assim, considerando a escassa prova gerada no inquérito, constata-se que


inexiste elementos suficientes a incriminar o réu.

AUSÊNCIA DO PERICULUM LIBERTATIS

Nos termos do art. 321 do CPP, "ausentes os requisitos que autorizam a


decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo,
se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 (...)".

Ou seja, a prisão preventiva será mantida SOMENTE quando


presentes os requisitos e não for cabível a sua substituição por outra medida
cautelar, conforme clara redação do Art. 282, §6 do CPP.

No entanto, não há nos autos do processo, qualquer elemento a


evidenciar a manutenção da prisão preventiva. Afinal, a gravidade abstrata do delito não
ostenta motivo legal suficiente ao enquadramento em uma das hipóteses que cabível se
revelaria à prisão cautelar. (CPP, arts. 282 e 312)

A prisão preventiva tem caráter cautelar diante da manutenção das


circunstâncias que a fundamentam, previstas no Art. 282 do CPP:

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão


ser aplicadas observando-se a:

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação


ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos,

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para evitar a prática de infrações penais;

II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias


do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
(...)

§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a


medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de
motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem.

§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não
cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.

Tais requisitos devem estar presentes não somente no ato da prisão, mas
durante todo o lapso temporal de sua manutenção.

Todavia, considerando que a prisão ocorreu a mais de ________ meses,


não permanece qualquer risco à investigação ou instrução criminal, desfazendo-se
qualquer periculum libertatis que pudesse fundamentar a continuidade da prisão,
conforme leciona o STJ:

"Sabe-se que o ordenamento jurídico vigente traz a liberdade


do indivíduo como regra. Desse modo, antes da confirmação da
condenação pelo Tribunal de Justiça, a prisão revela-se cabível
tão somente quando estiver concretamente comprovada a
existência do periculum libertatis, sendo impossível o
recolhimento de alguém ao cárcere caso se mostrem
inexistentes os pressupostos autorizadores da medida extrema,
previstos na legislação processual penal." (HC 430.460/SP,
Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA
TURMA, DJe 16/04/2018, #33222183)

Trata-se da aplicação do princípio da provisionalidade, conforme desta

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respeitável doutrina, de forma esclarecedora:

"Nas prisões cautelares, a provisionalidade é um princípio


básico, pois são elas, acima de tudo, situacionais, na medida em
que tutelam uma situação fática. Uma vez desaparecido o
suporte fático legitimador da medida e corporificado no fumus
commissi delicti e/ou no periculum libertatis, deve cessar a
prisão. O desaparecimento de qualquer uma das "fumaças"
impõe a imediata soltura do imputado, na medida em que é
exigida a presença concomitante de ambas (requisito e
fundamento) para manutenção da prisão." (LOPES JR, AURY.
Direito Processual Penal. 15ª ed. Editora Saraiva jur, 2018.
Versão Kindle, P. 12555)

Ou seja, os "indigitados fundamentos de cautelaridade devem ser


apreciados sob o signo temporal, devendo ser atuais independentemente de se tratar
de novo decreto de prisão ou de restabelecimento de prisão há muito revogada, seja
em virtude da ausência dos requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal,
seja em virtude da ausência de fundamentação idônea" (AgRg no REsp 1.195.873/MT,
Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA).

Afinal, a conversão em prisão preventiva seria cabível somente diante


dos requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como


garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo
estado de liberdade do imputado.

Art. 313. Nos termos doArt. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:

I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade


máxima superior a 4 (quatro) anos;

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II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto noInciso I do
Caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal;

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a


mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência;

Situações que não estão mais presentes no presente quadro., uma vez que
não há indícios de que o acusado em liberdade ponha em risco a instrução
criminal, a ordem pública ou risco à ordem econômica.

Portanto, considerando que ausentes os requisitos que pudessem motivar


a conversão em prisão preventiva, não subsistem motivos à manutenção da prisão
cautelar, conforme precedentes sobre o tema:

HABEAS CORPUS. DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.


AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. ILEGALIDADE
FLAGRANTE. ORDEM CONCEDIDA. PRISÃO
REVOGADA. RESSALVADA A POSSIBILIDADE DE QUE
NOVA CUSTÓDIA VENHA A SER DECRETADA, SE
APONTADAS RAZÕES CONCRETAS. 1. As instâncias
ordinárias, in casu, não indicaram fatos concretos aptos a
justificar a segregação cautelar do paciente, estando a decisão
fundamentada apenas em conjecturas e na gravidade abstrata do
tráfico de drogas, o que configura nítido constrangimento ilegal.
No caso, a quantidade de droga apreendida (4 mudas de
maconha e 885 g de maconha) não constitui elemento
concreto a evidenciar a periculosidade do paciente para o
fim de justificar a determinação da prisão cautelar. 2. Desde
11/5/2012, após o Plenário do Supremo Tribunal Federal
declarar, incidentalmente, a inconstitucionalidade de parte do
art. 44 da Lei n. 11.343/2006, a saber, da que proibia a
concessão de liberdade provisória nos casos de tráfico de

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drogas, a fundamentação calcada nesse dispositivo
simplesmente perdeu o respaldo. De acordo com o julgamento
da Suprema Corte, a regra prevista no referido art. 44 da Lei n.
11.343/2006 é incompatível com o princípio constitucional da
presunção de inocência e do devido processo legal, dentre outros
princípios. Assim, para se manter a prisão, imprescindível
seria a presença de algum dos requisitos do art. 312 do
Código de Processo Penal, o que não ocorreu no caso. 3.
Ordem concedida, confirmando-se a liminar, para garantir ao
paciente o direito de responder ao processo em liberdade, salvo
se por outro motivo estiver preso e ressalvada a possibilidade de
haver nova decretação de prisão ou a aplicação de uma das
medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo
Penal, caso se apresente motivo concreto para tanto. (STJ - HC:
401830 MG 2017/0127983-6, Relator: Ministro SEBASTIÃO
REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 18/09/2018, T6 - SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 07/11/2018, #03222183)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES.


PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM
PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM
CONCEDIDA. 1. Sabe-se que o ordenamento jurídico vigente
traz a liberdade do indivíduo como regra. Desse modo, antes da
confirmação da condenação pelo Tribunal de Justiça, a prisão
revela-se cabível tão somente quando estiver concretamente
comprovada a existência do periculum libertatis, sendo
impossível o recolhimento de alguém ao cárcere caso se
mostrem inexistentes os pressupostos autorizadores da medida
extrema, previstos na legislação processual penal. 2. Na espécie,
ao converter a prisão em flagrante em preventiva, deteve-se
o Juízo de piso a fazer ilações acerca da gravidade abstrata
do crime de tráfico, a mencionar a prova de materialidade e
os indícios de autoria, a supor a fuga do distrito da culpa e a
invocar a quantidade do entorpecente apreendido, o que, na
hipótese específica dos autos, não constitui motivação

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suficiente para a segregação antecipada, sobretudo porque
não há falar, no caso, em apreensão de elevada quantidade de
droga, já que encontradas com o paciente 20 porções de cocaína,
com peso líquido de 26,9g (vinte e seis gramas e nove
decigramas). 3. Habeas corpus concedido. (STJ - HC: 458857
SP 2018/0171330-9, Relator: Ministro ANTONIO SALDANHA
PALHEIRO, Data de Julgamento: 09/10/2018, T6 - SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 26/10/2018, #13222183)

EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES - LESÃO


CORPORAL E AMEAÇA - DECRETAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA - IMPOSSIBILIDADE -
EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO CAUTELAR. No
processo penal brasileiro a prisão cautelar, antes do trânsito em
julgado, deve ser entendida como medida excepcional, sendo
cabível exclusivamente quando comprovada a sua real
necessidade, pautando-se em fatos e circunstâncias do processo,
que preencham os requisitos previstos no artigo 312 do Código
de Processo Penal. Ausentes os requisitos do artigo 312 do
Código de Processo Penal, não há como se decretar a prisão
preventiva. (TJ-MG - Emb Infring e de Nulidade:
10433150282450002 MG, Relator: Maria Luíza de Marilac,
Data de Julgamento: 10/04/2018, Data de Publicação:
20/04/2018, #13222183)

HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA PRISÃO


PREVENTIVA. A prisão sem condenação é medida
excepcional, devendo ser imposta, ou mantida, apenas quando
houver prova da existência do crime, indício suficiente de
autoria e, ainda, forem atendidas as exigências dos artigos 312 e
313, ambos do Código de Processo Penal. Decisão que
carecedora de fundamentação, não sendo possível inferir
necessidade de garantia da ordem pública, da ordem econômica,
a conveniência da instrução criminal e tampouco a exigência da
prisão do paciente para garantir a aplicação da lei penal. (TJ-SP
20325049820188260000 SP 2032504-98.2018.8.26.0000,

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Relator: Kenarik Boujikian, Data de Julgamento: 09/04/2018, 2ª
Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 13/04/2018,
#63222183)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. LIBERDADE


PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. A gravidade do crime em
abstrato, por si só, não pode fundamentar prisão preventiva, sob
pena de séria violação aos mais basilares princípios
constitucionais. Caso em que nada no fato concreto ou nas
circunstâncias pessoais do paciente poderia justificar a alegação
de que sua soltura é um perigo concreto à ordem pública, assim
como nada indica que possam prejudicar a instrução criminal ou
eventual aplicação da lei penal. ORDEM CONCEDIDA.
UNÂNIME. (Habeas Corpus Nº 70077105138, Segunda Câmara
Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Mello
Guimarães, Julgado em 12/04/2018).

Por se tratar de requisitos indispensáveis para a condução da prisão em


flagrante para preventiva, não há motivos para a manutenção da prisão em flagrante.

Motivos pelos quais, requer o provimento do presente pedido de


liberdade provisória.

DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR

Para amparar a defesa, o réu pretende instruir seus argumentos com as


seguintes provas:

a) Depoimento pessoal do ________ , para esclarecimentos


sobre ________ ;

b) Ouvida de testemunhas, uma vez que ________ cujo rol


segue abaixo: ________

c) Obtenção dos documentos abaixo indicados, junto ao


________ ;

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d) Reprodução cinematográfica a ser apresentada em audiência;

e) Análise pericial da ________ .

Importante esclarecer sobre a indispensabilidade da prova


pericial/testemunhal, pois trata-se de meio mínimo necessário a comprovar o direito do
acusado, sob pena de grave cerceamento de defesa.

Trata-se da positivação ao efetivo exercício do contraditório e da ampla


defesa disposto no Art. 5º da Constituição Federal:

"Art. 5º (...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou


administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;(...)"

Para tanto, o réu pretende instruir o presente com as provas acima


indicadas, sob pena de nulidade do processo.

PEDIDOS

Isto posto, requer que seja ABSOLVIDO O DENUNCIADO, diante da


existência de circunstancias que excluam o crime ou isentem o réu da pena.

Sucessivamente, pede-se:

1. Seja arquivada a denúncia, por manifestamente inepta;

2. No caso de não aceitação do pleito anterior, requer a


produção de toda prova admitida em direito, em especial
testemunhal, conforme rol abaixo;

3. Ao final, seja reconhecida a inocência do acusado;

4. Assim não entendendo, seja aplicada tão somente a pena


de multa em seu patamar mínimo;

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5. No caso de não atendimento das anteriores, requer-se a
substituição da pena de reclusão pela de detenção, sem
aplicação de multa, com sua redução no percentual
máximo;

6. Subsidiariamente aos pedidos anteriores, pleiteia a


aplicação da pena de reclusão, com redução no
percentual máximo previsto em lei.

Termos em que, pede deferimento.

________ , ________ .

________

ROL DE TESTEMUNHAS

Nome completo: ________

Endereço: ________

Telefone: ________

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