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329-67

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE _______/__

PROCESSO Nº

NOME, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, ajuizado pelo


Ministério Público, vem, perante Vossa Excelência, por meio de seu Advogado
regularmente constituído, apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO, nos
termos dos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, bem como pelas
razões de fato e direito que passa a expor:

I - RESUMO DA DENÚNCIA

O Ministério Público denunciou NOME, pela suposta prática dos crimes


previstos nos arts. xxx e xxx, na forma do art. 69, todos do Código Penal.
Segundo a acusação, NOME teria constituído uma empresa cujo desiderato
era receber vantagens indevidas decorrentes de suposta corrupção passiva
praticada pelo funcionário público XXXXX, também réu.

Em seguida, a denúncia foi recebida (fl. xx), com posterior citação do


acusado (fl. xx).

Conforme será apresentado nas páginas seguintes, há dois gravíssimos


equívocos na acusação.

A um, a denúncia é inepta, porque não individualiza as condutas


atribuídas a NOME, deixando de mencionar os verbos exatos dos tipos penais
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imputados, as datas e outras circunstâncias relevantes sobre o fato. Da mesma


forma, há uma imputação da prática de crimes pela mera condição
societária, sem uma descrição de atos concretos que teriam sido
praticados individualmente por NOME.

A dois, não há justa causa, porque estão ausentes os elementos


mínimos de autoria e materialidade das infrações penais.

II – PRELIMINARMENTE

A) INÉPCIA DA DENÚNCIA

A denúncia não descreve o mínimo necessário para possibilitar o


exercício do direito de defesa. No plano constitucional, é imprescindível que a
exordial acusatória descreva todos os elementos de todos os tipos penais
imputados.

Assim, o MP deveria narrar, de forma completa, os seguintes tipos


penais, que fazem parte da denúncia:

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,


direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Art. 288 do Código Penal (redação antiga) - Associarem-


se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o
fim de cometer crimes:

Pena - reclusão, de um a três anos.

Portanto, poderia ser uma denúncia simples, desde que apresentasse,


de forma individualizada, cada situação em que cada réu praticou o crime do
art. 317 do Código Penal, inclusive identificando, em cada situação, qual foi o
verbo praticado (solicitar, receber ou aceitar). Da mesma forma, bastaria
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demonstrar como se deu a associação referente ao crime do art. 288 do


Código Penal.

Entretanto, nada disso foi feito pelo Ministério Público.

A página XX da denúncia demonstra como o Ministério Público viola o


contraditório e a ampla defesa ao narrar, de forma genérica, qual teria sido a
conduta do acusado. Em determinado trecho, o MP afirma:

[colocar trechos da denúncia]

Com essa descrição falha, surgem algumas perguntas imprescindíveis


para que a defesa consiga desempenhar o seu mister:

[inserir perguntas que demonstrem a omissão da acusação]

- Qual é a conduta imputada ao acusado?

- Em cada caso, de forma individualizada, qual é o verbo (solicitar,


receber ou aceitar) imputado ao réu? [verbos meramente exemplificativos]

- Qual teria sido a vantagem indevida?

- O acusado NOME foi denunciado apenas em razão da participação


societária ou o MP atribui a ele alguma conduta concreta?

[fundamentar com base na denúncia]

Mais um motivo para a consideração da inépcia da denúncia consiste na


atribuição da responsabilidade penal em virtude da mera condição
societária, sem especificar o que o réu teria feito.

De forma precisa, o STJ decidiu recentemente que não é aceitável esse


tipo de denúncia genérica:

[...]

Entretanto, mesmo nos crimes societários, a denúncia


deve estabelecer um liame mínimo que demonstre a
plausibilidade da acusação, o que não se extrai
relativamente ao paciente, mormente porque ele sequer
figurava como administrador da empresa no contrato
social, já que, conforme cláusula 8ª a administração era
exercida exclusivamente pelo corréu.
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3. "Este Superior de Justiça tem reiteradamente decidido


ser inepta a denúncia que, mesmo em crimes societários
e de autoria coletiva, atribui responsabilidade penal à
pessoa física, levando em consideração apenas a
qualidade dela dentro da empresa, deixando de
demonstrar o vínculo desta com a conduta delituosa, por
configurar, além de ofensa à ampla defesa, ao
contraditório e ao devido processo legal, responsabilidade
penal objetiva, repudiada pelo ordenamento jurídico
pátrio" Precedente: RHC 43.405/MG, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe
22/9/2014).

4. "Como é cediço, a mera atribuição de uma qualidade


não é forma adequada para se conferir determinada
prática delitiva a quem quer que seja. Caso contrário,
abre-se margem para formulação de denúncia genérica e,
por via de consequência, para reprovável
responsabilidade penal objetiva." Precedente: AgRg no
RHC 76.581/PE, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 1/8/2017) 5. Recurso
provido para determinar o trancamento da ação penal
relativamente ao paciente, sem prejuízo que o Ministério
Público apresente nova inicial acusatória em atendimento
aos requisitos do art. 41 do CPP, descrevendo
minimamente conduta do acusado sem pautar-se
exclusivamente na circunstância de figurar no contrato
social como sócio da empresa.

(RHC 105.167/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,


QUINTA TURMA, julgado em 21/03/2019, DJe
02/04/2019)

Em todas as folhas da denúncia, o MP apenas diz que….. Da forma


como o MP narrou os fatos, parece-nos que a conclusão seria denunciar a
pessoa jurídica, o que seria impossível, por não se tratar de crime ambiental.
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Conclui-se, assim, que há nítida violação ao art. 41 do Código de


Processo Penal, que prevê:

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato


criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.

A acusação não expôs minimamente qual seria a conduta criminosa


atribuída ao réu NOME, tampouco quais seriam suas respectivas
circunstâncias. Nesse ponto, como mencionado anteriormente, o art. 41 do
CPP é claro ao exigir a exposição de “todas as suas circunstâncias”.

O art. 395, I, do CPP, prevê a rejeição da exordial acusatória quando ela


é inepta, nos seguintes termos: “Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada
quando: I - for manifestamente inepta”.

O reconhecimento da inépcia da denúncia é imprescindível para


preservar o contraditório e a ampla defesa. É logicamente impossível discordar
do que não ficou claro na denúncia, como verbos da execução, quando os
valores teriam sido repassados a algum funcionário público e se a acusação
decorre da mera participação societária (o que não é permitido) ou se teve
algum ato concreto (qual seria?) por parte do acusado NOME.

Destarte, a defesa requer a rejeição da denúncia, em virtude da inépcia


da peça inicial.

B) FALTA DE JUSTA CAUSA

Analisando os autos, também merece destaque que a denúncia deve ser


rejeitada em razão da ausência de justa causa para a ação penal, conforme os
fundamentos jurídicos a seguir expostos.

Como é sabido, a justa causa é uma condição da ação processual penal


– alguns doutrinadores a inserem como uma condição específica –, nos termos
do art. 395, III, do Código de Processo Penal. Segundo esse dispositivo legal, a
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denúncia deverá ser rejeitada em caso de ausência de justa causa para o


exercício da ação penal.

De acordo com as lições de Aury Lopes Jr. (Direito Processual Penal e


sua Conformidade Constitucional, vol. 1, 6. ed., Ed. Lumen Juris: Rio de
Janeiro, 2010, p. 349), “o conceito de justa causa acaba por constituir numa
condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar”.

Apesar dessa exigência legal, o presente processo não apresenta uma


base fática que dê legitimidade e fundamente a acusação e, inclusive, a
intervenção do Direito Penal, que deve ser acionado como “ultima ratio”.

Não há elementos probatórios ou indiciários sobre qualquer conduta


criminosa por parte do acusado NOME, como passaremos a expor.

O MP parte de constatações sobre (…) para chegar a conclusões


descabidas acerca da autoria de crimes de corrupção passiva e quadrilha.

Todo o conjunto probatório apresentado pela investigação e discutido


amplamente pelo MP na denúncia se limita a apontar [fundamentar com base
na denúncia], não havendo elementos mínimos que apontem a prática dos
crimes imputados.

[Fundamentar mais com base na denúncia]

É sabido que o Código de Processo Penal, ao tratar do recebimento e da


rejeição da denúncia, faz uma abordagem anterior à citação e à apresentação
da resposta à acusação. Assim, pelo CPP, a sequência procedimental
impossibilitaria a rejeição da denúncia após a resposta à acusação.

Contudo, esta é a primeira manifestação defensiva no processo. Dessa


forma, deve-se admitir o questionamento acerca da rejeição da denúncia após
a resposta à acusação, quando também será avaliada a absolvição sumária.

Nesse prisma, o STJ já se manifestou inúmeras vezes pela admissão da


retratação do recebimento da denúncia, analisando, após a resposta à
acusação, as matérias descritas no art. 395 do Código de Processo Penal. Em
outras palavras, admite-se a rejeição da denúncia após a resposta, ainda que a
exordial acusatória tenha sido recebida anteriormente (sem o exercício do
contraditório pela defesa).
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O STJ já decidiu que “é possível ao Juiz reconsiderar a decisão de


recebimento da denúncia, para rejeitá-la, quando acolhe matéria suscitada na
resposta preliminar defensiva relativamente às hipóteses previstas nos incisos
do art. 395 do Código de Processo Penal” (STJ, Quinta Turma, AgRg no REsp
1.291.039/ES 2011/0263983-6, Relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 24/09/2013).

No mesmo sentido, “o recebimento da denúncia não impede que, após o


oferecimento da resposta do acusado (arts. 396 e 396-A do Código de
Processo Penal), o Juízo reconsidere a decisão prolatada e, se for o caso,
impeça o prosseguimento da ação penal” (STJ, Quinta Turma, HC 294.518/TO,
Relator Ministro Felix Fischer, julgado em 02/06/2015).

Destarte, nesta fase preliminar de avaliação da denúncia, requer-se a


rejeição da peça exordial, haja vista a ausência de justa causa apta a permitir o
prosseguimento do processo.

III - DO MÉRITO

Acerca do mérito, a defesa refere que não concorda com as imputações


impostas ao réu NOME na exordial acusatória, ressaltando que provará a sua
inocência durante a instrução do processo, caso não se decida pela rejeição da
denúncia.

Desta feita, reserva-se o direito de, no momento oportuno, apreciar o


“meritum causae”.

Nesta fase de cognição sumária, protesta-se pela absolvição sumária do


acusado, bem como pela futura improcedência dos pedidos ministeriais, com a
consequente absolvição do réu NOME.

IV - DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer:


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a) preliminarmente, a rejeição da denúncia, por inépcia da peça inicial,


em razão da falta de individualização da conduta do réu NOME, com
fundamento nos arts. 41 e 395, I, do Código de Processo Penal;

b) também preliminarmente, a rejeição da denúncia, por falta de justa


causa, com fundamento no art. 395, III, do Código de Processo Penal;

c) no mérito, a absolvição sumária do acusado NOME, nos termos do


art. 397 do Código de Processo Penal;

d) a produção de todas as provas admissíveis juridicamente, incluindo a


intimação e a oitiva das testemunhas ao final arroladas, que são
imprescindíveis para provar os argumentos defensivos;

e) sejam ao final julgados improcedentes os pedidos do Ministério


Público, com a consequente absolvição do réu NOME.

Nestes termos, pede deferimento.

[Local e data]

Advogado
OAB

ROL DE TESTEMUNHAS:

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