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329-67

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ______ VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE ______ ____/___

Processo nº ______

NOME, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, à presença

de Vossa Excelência, por intermédio de seu Advogado, requerer a

REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, com fundamento no art. 316 do

Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I. DOS FATOS

O réu teve a sua prisão preventiva decretada por este Juízo no dia ______

(há x meses), por supostamente ter praticado o crime de ______. A decisão que decretou a prisão

preventiva está fundamentada na gravidade do delito em comento.

No entanto, a simples alegação de gravidade do crime não é suficiente

para autorizar a prisão preventiva. É necessária a fundamentação específica dos requisitos

elencados no art. 312 do Código de Processo Penal, o que não ocorreu no presente caso.

Nesse sentido, não existem motivos que justifiquem a manutenção da

prisão preventiva do requerente, conforme será exposto adiante.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A) DA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 312 DO CPP


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O artigo 312, caput, do Código de Processo Penal dispõe que:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da
lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.

No caso em análise, não há a presença de nenhum dos requisitos que

ensejam a decretação da prisão preventiva, eis que apenas a gravidade abstrata do crime não

serve como fundamento para a segregação do requerente.

Primeiramente, observa-se que o requerente é primário e tem bons

antecedentes, conforme comprova o documento da fl. __. Logo, não há risco à ordem pública

caso seja posto em liberdade. Igualmente, o crime investigado não coloca em risco a ordem

econômica.

Também não há indícios nos autos de que a liberdade do requerente

coloque em risco a aplicação da lei penal, uma vez que possui residência fixa na Rua ______,

Bairro ______, na cidade de ______, conforme comprovante de residência anexo. Do mesmo

modo, segue declaração do empregador do requerente, demonstrando que este possui trabalho

fixo na empresa ______.

Ademais, também é importante observar que não há risco à instrução

criminal, haja vista que não existem informações nos autos sobre o réu ter tentado destruir provas

ou coagir testemunhas.

[falar mais sobre o fato e, se for o caso, sobre a falta de indícios suficientes

de autoria ou materialidade]

Por derradeiro, se existia algum fundamento para a decretação da prisão

preventiva, ele não mais subsiste, considerando o tempo de prisão cautelar até o momento e a

completa ausência de suporte fático atual sobre os fundamentos previstos no art. 312 do Código

de Processo Penal.

Observa-se, ainda, que o art. 312, § 2º, do Código de Processo Penal,

incluído pela Lei nº 13.964, de 2019, afirma que “a decisão que decretar a prisão preventiva deve

ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou

contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.”


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Logo, exige-se uma avaliação da existência atual de algum fato que

justifique a aplicação da medida adotada, não bastando que, em algum momento, tenha existido

esse motivo.

Em suma, basear a decisão que decretou a preventiva apenas na

gravidade abstrata do crime, consiste em inobservância do disposto no art. 312 do Código de

Processo Penal. Nesse sentido, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:


PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.
INADEQUAÇÃO. TRÁFICO DE DROGAS, ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO E
COLABORAÇÃO COM ORGANIZAÇÃO DESTINADA À PRÁTICA DO TRÁFICO. PRISÃO
PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
CARACTERIZADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA, DE
OFÍCIO. [...] 2. A prisão preventiva, nos termos do art. 312 do CPP, poderá ser decretada
para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que presentes prova da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. 3. No caso, não foram apontados
dados concretos que justifiquem a segregação provisória. O magistrado singular
utilizou apenas fundamentos genéricos relacionados à gravidade abstrata do crime
de tráfico de drogas e baseou-se em elementos inerentes ao próprio tipo penal,
deixando de observar o disposto no art. 312 do CPP. Nem mesmo a quantidade dos
entorpecentes apreendida - 1 grama de crack, 12 gramas de cocaína e 25 gramas de
maconha - pode ser considerada relevante a ponto de autorizar, por si só, a custódia
cautelar do paciente, sobretudo quando considerada sua primariedade e seus bons
antecedentes.4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para revogar
a prisão preventiva imposta ao paciente mediante a aplicação de medidas cautelares
previstas no art. 319 do CPP, a critério do Juízo de primeiro grau. (HC 523.057/SP, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 27/08/2019, DJe 02/09/2019)

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRISÃO EM


FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO ABSTRATA.
DESPROPORCIONALIDADE. MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. POSSIBILIDADE.
RATIFICADA A LIMINAR. 1. A validade da segregação cautelar está condicionada à
observância, em decisão devidamente fundamentada, aos requisitos insertos no art.
312 do Código de Processo Penal, revelando-se indispensável a demonstração de em
que consiste o periculum libertatis. 2. Na espécie, ao converter a prisão em flagrante
em preventiva, deteve-se o Juízo de piso a fazer ilações acerca da gravidade abstrata
do crime de tráfico, a mencionar a prova de materialidade e os indícios de autoria e a
invocar o fato de se tratar de delito equiparado a hediondo, o que não constitui
motivação suficiente para a segregação antecipada. 3. Ademais, consoante se extrai
dos autos, o réu é primário e possui condições pessoais favoráveis, devendo-se destacar,
ainda, que a quantidade de droga apreendida - 74g de maconha e 11,2g de cocaína -
justifica, tão somente, a imposição de medidas cautelares alternativas, revelando-se a
prisão, in casu, medida desproporcional. 4. Assim, as particularidades do caso demonstram
a suficiência, a adequação e a proporcionalidade da imposição das medidas menos severas
previstas no art. 319 do Código de Processo Penal. 5. Ordem concedida, ratificada a
liminar, para substituir a prisão preventiva por medidas cautelares diversas da prisão a
serem fixadas pelo Juiz singular. (HC 507.046/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA
PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 20/08/2019, DJe 30/08/2019)

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DO RECURSO PRÓPRIO. NÃO CONHECIMENTO.


TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA QUANTO AO PERICULUM LIBERTATIS. CONDIÇÕES PESSOAIS
FAVORÁVEIS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA DE
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OFÍCIO. [...] 2. A privação antecipada da liberdade do cidadão acusado de crime reveste-se


de caráter excepcional em nosso ordenamento jurídico, e a medida deve estar embasada
em decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da CF), que demonstre a existência da prova
da materialidade do crime e a presença de indícios suficientes da autoria, bem como a
ocorrência de um ou mais pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal. Exige-
se, ainda, na linha perfilhada pela jurisprudência dominante deste Superior Tribunal de
Justiça e do Supremo Tribunal Federal, que a decisão esteja pautada em motivação
concreta, sendo vedadas considerações abstratas sobre a gravidade do crime. 3. Na
espécie, as instâncias ordinárias não apontaram elementos concretos relativos à
conduta perpetrada pelo paciente que demonstrem a imprescindibilidade da medida
restritiva da liberdade, nos termos do art. 312 do CPP. Além disso, a gravidade
abstrata do delito, por si só, não justifica a decretação da prisão preventiva.
Precedentes. 4. Condições subjetivas favoráveis ao paciente, conquanto não sejam
garantidoras de eventual direito à soltura, merecem ser devidamente valoradas, quando
não for demonstrada a real indispensabilidade da medida constritiva, maxime diante das
peculiaridades do caso concreto, em que o acusado é primário, não possui antecedentes
criminais e a quantidade de drogas apreendidas não se mostra determinante para o
afastamento do paciente do convívio social. Precedentes. 5. Writ não conhecido. Ordem de
habeas corpus concedida de ofício para, ratificando a liminar deferida, revogar a prisão
preventiva do paciente, sob a imposição das medidas cautelares previstas no artigo 319 do
Código de Processo Penal, a serem estabelecidas pelo Juízo local. (HC 526.278/SP, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 20/08/2019,
DJe 02/09/2019)

Nestes termos, considerando que, no momento atual, estão ausentes os

requisitos elencados no art. 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva deve ser

revogada, conforme prevê o art. 316 do mesmo diploma legal.

B) DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO

Dispõe o art. 282, §6º, do Código de Processo Penal que “A prisão

preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida

cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida

cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto,

de forma individualizada.”

Portanto, caso o Juízo entenda não ser possível, por ora, a revogação da

prisão preventiva, requer-se, desde já, sua substituição por medidas cautelares diversas da

prisão.

Assim prevê o art. 319 do CPP:


Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para
informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para
evitar o risco de novas infrações;
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III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou
necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou
acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do
Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à
ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.

No presente caso, seria suficiente e adequada a medida cautelar

consistente em (...), prevista no art. 319, inciso (...), do CPP, considerando que (...). [sugira uma

medida cautelar diversa da prisão com base no caso concreto e no fato imputado ao réu]

Importante observar que a prisão não deve ser a primeira opção, mas sim

a ultima ratio a ser aplicada. Nesse sentido:

[...] 4. Assim, as particularidades do caso demonstram a suficiência, adequação e


proporcionalidade da imposição das medidas menos severas previstas no art. 319 do
Código de Processo Penal. 5. Ordem concedida, em menor extensão, confirmando a
liminar, para substituir a custódia preventiva do paciente por medidas cautelares diversas
da prisão, as quais deverão ser fixadas pelo Juízo de primeiro grau. (STJ, Sexta Turma, HC
354.831/SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 25/06/2019)

Cumpre salientar que as medidas cautelares deverão ser aplicadas de

forma adequada à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do acusado,

conforme art. 282, II, do Código de Processo Penal.

III. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA,

expedindo-se o respectivo alvará de soltura, para que seja o requerente posto imediatamente em

liberdade.

Subsidiariamente, requer-se a aplicação de medida cautelar diversa da

prisão, conforme acima requerido.

Nesses termos, pede deferimento.


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Local e data

ADVOGADO

OAB

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