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ROMILDO CUSTODIO AZEVEDO NETO

A) SEGUINDO A ORDEM DO PROCEDIMENTO, RESOLVI PEDIR A REVOGAÇÃO


BASEADA NOS ARTIGOS 282, 316 E 319 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL,
SEGUINDO OS DIREITO ELENCADOS NO ARTIGO 5 DA CONSTITUIÇÃO NO SEU
INCISO LXV.

B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE AQUIRAZ – CEARÁ

Autuação por dependência


Autos sob nº: XXXX

PEDRO HENRIQUE DA SILVA CASTRO, já devidamente qualificado nos autos em


epígrafe, atualmente recolhido no Setor de Carceragem Temporária da Delegacia de Polícia
Civil de Aquiraz, por intermédio de seu advogado com instrumento particular de procuração
anexo, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar

PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

Com fundamento no artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal, e no artigo 316 do
Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I. DOS FATOS:

O Requerente foi preso em flagrante por ter praticado a tentativa do crime descrito no artigo
155 Código Penal. Após ser realizada Audiência de Custódia, este Juízo decretou a prisão
preventiva do Requerente, embasando a sua decisão para o fim de resguardar a ordem
pública, a conveniência da instrução criminal, e assegurar a aplicação lei penal, nos termos
do art. 312 do Código de Processo Penal.

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da
lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de
perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.

Todavia, no presente momento processual não é mais cabível a manutenção da prisão


cautelar contra o Requerente, em razão que se passa a expor.

2. DOS DIREITOS:

Pelo sistema implantado pela Lei nº 12.403/2011, às prisões cautelares são a última ratio,
ou seja, deve ser o ultimato final de todas as medidas cautelares disponíveis em nosso
ordenamento jurídico, por isso o Requerente pugna o Princípio da Presunção de Inocência,
até que se esgotem todos os recursos da ampla defesa e contraditório, onde a prisão
cautelar é uma exceção.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se
a:
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e,
nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; II -
adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado. § 6º A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a
sua substituição por outra medida cautelar

Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares
previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
Código.

Observa-se que, no caso em tela, não há presente nenhum dos fundamentos que ensejam
prisão preventiva, uma vez que:

a) o Requerente é primário e portador de bons antecedentes, conforme comprova o DVC de


fls. nº, logo não há risco à ordem pública se em liberdade o Postulante;

b) não há que se falar pela condição pessoal do Requerente, bem como do tipo penal em
questão que haja risco à ordem econômica;

c) não há indícios de que o Postulante em liberdade ponha em risco a instrução criminal nos
autos;

d) tem o Requerente residência fixa na Rua, nº, bairro, cidade, Estado, CEP, e trabalha na
função de especificar, conforme fazem prova as cópias reprográficas do comprovante de
endereço e da carteira de trabalho e previdência social, portanto não há risco à aplicação da
lei penal já que o Requerente mantém vínculos.

Portanto, verifica-se que estão ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva


previstos no art. 312 do CPP, razão pela qual requer seja revogada nos termos do art. 316
do CPP.

Nesta linha de raciocínio, o Código de Processo Penal estabelece medidas que assegurem
o desenvolvimento regular do processo com a presença do acusado sem sacrifício de sua
liberdade, deixando a prisão cautelar apenas para as hipóteses de absoluta necessidade.
Passa-se a analisar a ausência do requisito ensejador da prisão cautelar, previsto no artigo
312 do Código de Processo Penal.

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da
lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de
perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.

O Requerente não apresenta nenhum risco para a ordem pública, pelo qual entende-se pela
expressão da necessidade de se manter em ordem a sociedade, que, como regra, é
abalada pela prática de um delito. Verifica-se que o Requerente foi preso em flagrante e já
se passaram X dias de prisão, restabelecendo a ordem pública, não existindo nenhum fato
que demonstra que a sociedade encontra-se abalada pelo crime, razão pela qual não se
pode cometer a injustiça de presumir uma periculosidade inexistente. Impor ao Requerente
o cumprimento antecipado de uma pena é fechar os olhos aos princípios que norteiam o
ordenamento jurídico, em especial, no que se refere a presunção de inocência e a
dignidade da pessoa humana. Deve-se levar em consideração que outros acusados de
participação no crime estão em liberdade, não podendo o Requerente, que teve uma menor
participação no crime, responder o processo custodiado.

No que tange a conveniência da instrução criminal, o Requerente não pretende, e de


nenhuma forma perturbará ou dificulta a busca da verdade real, no desenvolvimento da
marcha processual, não podendo, também, presumir tal fato, pois inexiste nos autos
quaisquer elementos que indiquem um entendimento em sentido contrário, como mesmo
afirmado por este Juízo em sua decisão. Ademais, o Requerente tem consciência de que a
instrução criminal é o meio hábil de exercer o direito constitucional do contraditório e da
ampla defesa, e de provar sua inocência, razão pela qual não se pode presumir que a
mesma se voltará contra o único meio que possibilitará o exercício de sua defesa.

Por fim, quanto à aplicação da lei penal, que visa garantir a finalidade útil do processo, qual
seja, garantir ao Estado o seu exercício do direito de punir, aplicando a sanção devida a
quem é considerado o autor de uma infração penal, também não se encontra presente.
Dessa forma, é perfeitamente cabível que sejam impostas medidas cautelares diversas da
prisão, previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal:

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para
informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para
evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou
necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou
acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do
Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à
ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica. Portanto, a liberdade poderá ser concedida ao Requerente,
decretando, subsidiariamente, as medidas cautelares diversas da prisão, conforme
preconiza os artigos 319 e 320 ambos do Código de Processo Penal, isto porque, as suas
circunstâncias e condições pessoais dão ensejo a aplicação de tais medidas.

3. DOS PEDIDOS:
Diante de todo o exposto, pede-se, a Vossa Excelência, nos termos do artigo 316 do Código
de Processo Penal, a revogação da prisão preventiva do requerente, com a expedição do
competente alvará de soltura, e a aplicação de medidas cautelares previstas no artigo 319
do Código de Processo Penal.

Nestes termos, pede e espera deferimento.


_______________, ___ de _________ de 20XX.

ADVOGADO
OAB/___, Nº _________.

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