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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA

COMARCA DE SÃO VICENTE FÉRRER-MA.

URGENTE – RÉU PRESO HÁ 730 DIAS.

AUTOS DE Nº: 0800489-17.2021.8.10.0130.

OBJETO: PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR EXCESSO DE PRAZO


NA REALIZAÇÃO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DO JURI.

PRONUNCIADO: AILTON PINHEIRO.


ADVOGADO: CÍCERO CARLOS DE MEDEIROS (CONSTITUIDO).

AILTON PINHEIRO já qualificado no auto de prisão preventiva, vem, por seu advogado in fine
assinado, requerer a V. Exa, a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR EXCESSO DE
PRAZO NA REALIZAÇÃO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DO JURI, com fundamento no Art. 5º,
inciso LXV, da CR/88, encontrando-se preso e recolhido numa das celas da Unidade prisional de Viana-
MA, pelas razões de fato e de Direito que a seguir são expostas:
PRELIMINARMENTE:
{C}1- {C}Requer o Relaxamento da Prisão do paciente pelo incontestável Excesso de Prazo na
instrução criminal, no que tanje principalmente a designação de data para realização do Júri ao qual o
paciente será julgado, sendo primordial para a conclusão da instrução do referido processo;
DOS FATOS:
Consta no incluso Inquérito Policial, que na data de 17 de maio de 2021, o pronunciado se
deslocou até o Bar do "Bapo” à procura da vítima José Raimundo. Chegando ao local, o qual percebeu
que José Raimundo estava na estrada, tendo se escondido no mato, aguardando o momento certo para
agir. Instantes após saiu do mato empunhando um facão com o qual desferiu um golpe na vítima José
Raimundo, atingindo-o no braço; momento em que a vítima Miguel tentou intervir e foi atingido pelo
agressor com um golpe no tórax, levando-o a óbito. Em seguida as vítimas foram socorridas, contudo
Miguel faleceu em razão da gravidade da lesão do golpe sofrido.
Portanto, o fato se adequa à conduta típica do art. 121, §2°, inciso IV c/c art. 14, II; e ART. 121,
§2, inciso II, na forma do art. 70, todos do Código Penal (homicídio tentado e homicídio qualificado
consumado em concurso formal impróprio)
São os fatos da denúncia Excelência.
DO MÉRITO
O pronunciado AILTON foi preso preventivamente desde o dia 19/05/2021 (ID: 45994760), o qual
foi decretada pelo MM Juiz de Direito da Comarca de São Vicente Férrer-Ma, estando recolhido até a
presente data na UPR de Viana-MA.
Já sentenciado conforme sentença de pronuncia ID: (58286663), aguarda a marcação para
realização do Tribunal do Juri para que o mesmo possa ser julgado definitivamente. Mais até a presente
data não há nenhum pronunciamento referente a realização do presente júri, visto que a sentença de
pronuncia fora prolatada na data de 11 de janeiro de 2022, perfazendo mais de 730 dias sem que sem
que haja a marcação do Plenário do Júri.
A citação do pronunciado AILTON ocorreu regularmente conforme processo penal e o seu
defensor tomou ciência mediante intimação no PJE.
Exelência encontrando-se o pronunciado AILTON preso muito além do prazo legal, sem que o
mesmo tenha incorrido para isto. O pronunciado nunca se escondeu do distrito de culpa, durante toda a
instrução criminal este sempre colaborou a instrução até a sua pronuncia.
O ora pronunciado AILTON tem total ciência da decisão proferida nos autos em tela que o
pronunciou ao Egrégio Tribunal do Juri, mais não pode pagar de forma adiantada em forma de culpa de
um crime nunca fora julgado.
O processo constitui uma sucessão de atos a serem praticados, não apenas pelas partes, mas
também, pelo escrivão e pelo diregente procedimental, de forma que haveremos de computar os prazos
respectivos ( vide art. 799 e 800 do CPP), para se chegar ao prazo legal máximo para o encerramento
da instrução criminal, em se tratando de réu que se encontra preso, como é o caso em tela afim que o
mesmo seja julgado definitivamente dentro do prazo regulamentado pela lei.
DO EXCESSO DE PRAZO, E O CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
Se vê nos autos que até a presente data a Comarca responsável pelo julgamento do referido
processo está sendo omissa no que tange a marcação para realização do Tribunal do Júri, sendo que o
pronunciado AILTON continua preso a espera deste juízo, sem que o mesmo possa fazer nada para que
haja mais seriedade na referida instrução.
Se vê nos autos que até a presente data a Comarca responsável pelo julgamento do referido
processo está sendo omissa no que tange a marcação para realização do Tribunal do Júri, sendo que o
pronunciado AILTON continua preso a espera deste juízo, sem que o mesmo possa fazer nada para que
haja mais seriedade na referida instrução.
Concluindo desta forma a defesa que já se passaram 492 dias somente da sentença de pronuncia,
perfazendo um total de 730 dias preso até a presente data, a espera da conclusão e julgamento do referido
processo.
Excelência o acusado não deu causa a demora na demora na instrução até a sua sentença de
pronuncia, muito menos na demora para marcação do referido Tribunal do Juri, não podendo, este ser
penalizado por esta demora.
Também vale ressaltar que o pronunciado, possui residência fixa, e não faz parte de nenhuma
associação criminosa.
Diante de uma visão panorâmica desses três diplomas: Constituição da República, Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de Nova Iorque e Convenção Americana Sobre
Direitos Humanos, além de farta jurisprudência, a necessidade da estipulação de prazo máximo para
custódia cautelar é imperiosa, pelos seguintes fatores:
1º. COM FUNDAMENTO NO RECONHECIMENTO DA DIGNIDADE DO SER HUMANO
(CF/88, ART. 1º, III);
2º. COM BASE NA GARANTIA DA RESERVA LEGAL (CF/88, ART. 5º, II);
3º. EM OBEDIÊNCIA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF/88, ART. 5º, LIV);
4º. EM RESPEITO À DESCONSIDERAÇÃO PRÉVIA DE CULPABILIDADE (CF/88, ART. 5º,
LVII) E À PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS
E POLÍTICOS, ART. 13, 2; CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS, ART. 8º,
2); 5º. EM RAZÃO DO REFERIDO DIREITO A SER JULGADO EM PRAZO RAZOÁVEL (PACTO
INTERNACIONAL SOBRE CIVIS E POLÍTICOS, ARTS. 9º, 3, 2º PARTE, E 14, 3, C; CONVENÇÃO
AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS, ART. 7º, 5), MINIMIZANDO- SE AS MAZELAS DO
CÁRCERE;
6º. DIANTE DA NECESSIDADE DE SE IMPOR MAIOR CELERIDADE À RESPOSTA
PENAL.
Com relação a Lei nº 11.343/ 2006:
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência de instrução e
julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente,
se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
§ 1o ...;
§ 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada dentro dos
30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se determinada a realização de
avaliação para atestar dependência de drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias.
Necessário se faz destacar a extrema importância, que se vêm dispensando para com o prazo
de encerramento da persecução penal em tempo razoável, pois seguramente, dentre todos os
prazos, é o mais importante, principalmente nos casos de réu preso. Desrespeitar este prazo é
desrespeitar a dignidade humana, este o princípio dos princípios assegurados na Carta Política de
1.998.
A lei 11.719/08, que alterou o Código de Processo Penal, veio com o objetivo de tornar mais célere
a prestação jurisdicional, especialmente quando houver réu preso. Basta ver o fato de que se prevê
audiência una, na qual o réu é interrogado, a vítima é ouvida e todas as testemunhas depõem, abrindo-
se prazo, na própria audiência, para que as partes ofereçam alegações finais e o juiz julgue de imediato.
E caso não ocorra à restituição do estado de liberdade, caracterizar- se-á constrangimento ilegal,
passível de ser corrigido com a impetração da ordem de Habeas Corpus.
Cumpre realçar que antes do advento da lei supracitada, e atualmente, quiçá porque os operadores
do nosso direito ainda não se deram conta da nova ordem, utilizam-se do art. 648, II, do Código de
Processo Penal, para impetrar a ordem de Habeas Corpus.
Reiterando novamente que, de acordo com “Art. 648 do CPP:
A coação considerar-se-á ilegal: I - (in omissis)
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;” (Grifei)
Segue algumas decisões neste sentido:
Nosso tribunal já tem decidido:
HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO. CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS.
LIBERDADE PROVISÓRIA. REITERAÇÃO DE PEDIDO. EXCESSO DE PRAZO PARA
A CONCLUSÃO DE INQUÉRITO POLICIAL. I – À constatação de que o pleito de liberdade
provisória constitui reiteração de pretensão anteriormente formulada e dedicida, apresentado com as
mesmas razões e fundamentos, nada expondo de novo capaz de reorientar a deliberação adotada, mera
repetição de pedido, não se conhece da ação mandamental, nesse ponto, sob pena de ofensa à coisa
julgada formal que exorna a deliberação colegiada. II – È inconcebível que entando o paciente no
regime de custódia antecipada, decorrente de flagrante delito, pleo crime de tráfico ilícito de
substância entorpecente, tipificado pelo art. 33, da Lei nº 11.343/06, por mais de 140(cento e quarenta)
dias, ainda não iniciada a ação penal, aguardando, nessa situação, a conclusão do procedimento
policial em curso, extrapolando o limite
temporal de 124 (cento e vinte e quatro) dias, sem qualquer explicação plasível da autoridade
impetrada, a chamada ilegalidade merece estancada, pela concessão da ordem mandamental.
ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO
CONCEDIDA. ( TJ/GO – 2ª Câmara Criminal – Des. Luiz Cláudio Veiga Braga – HC 236248-
09.2010.8.09.0000 – Processo 211092362487- DJ 628 de 27/07/2010).
SOBRE O PRONUNCIADO AILTON.
Também se faz necessário ressaltar que o pronunciado tem trabalho definido de lavrador,
Residência fixa e não oferece perigo a comunidade. Na Delegacia o acusado assumiu o crime agindo
sobre efeito de álcool contra MIGUEL, mais não tinha a intenção de mata-lo.
O pronunciado AILTON é trabalhador e não tem nenhuma fama de criminoso na localidade onde
reside, pois conforme pôde se observar nos autos, a prisão do pronunciado fora baseada somente nos
relatos das pessoas que se encontravam próximo a cena do crime, mais que não presenciaram os fatos,
apenas ouviram falar de com teria ocorrido o crime.
A defesa requer a revogação da sua prisão preventiva, para que o pronunciado possa aguardar a
designação e realização do Egrégio Tribunal do Júri em liberdade.
DO DIREITO
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no
art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código.
O dispositivo reitera o comando do art. 282, § 6º, do CPP, de que “a prisão preventiva será
determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319)”. Reforça-
se, aqui, a natureza subsidiária da prisão preventiva em relação às medidas cautelares diversas da prisão
(art. 319, do CPP), sensivelmente menos onerosas para o investigado ou acusado.
Os critérios previstos no art. 282, a que se refere o art. 321, do CPP, são, em primeiro lugar, a
proporcionalidade, traduzida em adequação (aptidão para a produção dos efeitos desejados) e
necessidade (impossibilidade de obtenção de tais efeitos por outro meio). Nos termos do art. 282, I, do
CPP, as medidas cautelares devem ser aplicadas quando forem necessárias “para aplicação da lei penal,
para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática
de infrações penais”. Além disso, como dispõe o art. 282, II, do CPP, devem ser aplicadas tendo em
conta “a adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado”.
A regra, portanto, na falta de motivos para a imposição da prisão preventiva, será a decretação da
revogação da prisão, sem fiança.
Em face da situação danosa que o paciente se encontra, justifica-se a presente medida.
Comprometendo-se a comparecer em todos os atos processuais quando solicitado principalmente quando
for designada data para realização do Egrégio Tribunal do Juri.
Vejamos o que discorre o insigne JULIO FABRINI MIRABETE sobre o tema:
Como, em princípio, ninguém dever ser recolhido à prisão senão após a sentença condenatória
transitada em julgado, procura-se estabelecer institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento
regular do processo com a presença do acusado sem sacrifício
de sua liberdade, deixando a custódia provisória apenas para as hipóteses de absoluta necessidade.
No caso em tela, patente é a inexistência do periculum in libertatis, cabendo ressaltar que a medida
cautelar só deve prosperar diante da existência de absoluta necessidade de sua manutenção e caso
subsista os dois pressupostos basilares de todo provimento cautelar, ou seja, o fumus bonis júris e o
periculum in mora, devendo haver a presença simultânea dos dois requisitos, de modo que, ausente um,
é ela incabível.
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA
O Requerente não apresenta e não ocasionará nenhum risco para a ordem pública, cabendo
ressaltar que é no seio da família, núcleo social de suma importância para a redução da criminalidade,
que o pronunciado AILTON tem total ciência que o mesmo irá ao PLÉNARIO DO JURI responder pelo
seu crime, e que nunca de esconderá do distrito de culpa.
Vale ressaltar que não existe no processo nenhum laudo de atestando a conduta pessoal do acusado.
Igualmente, impor ao pronunciado AILTON o cumprimento antecipado de uma pena é o mesmo
que fechar os olhos aos princípios que norteiam o ordenamento jurídico, em especial, no que pertine ao
princípio da inocência e a dignidade da pessoa humana.
No caso em tela, vale ressaltar que não pode haver, quanto aos pressupostos para a decretação da
prisão preventiva, qualquer tipo de presunção baseadas apenas em relatos de pessoas que estavam no
local dos fatos, mais não viram como aconteceram os fatos e nem tão pouco foram responsabilizadas a
responder pelo delito.
Ademais, a prisão cautelar deve ocorrer somente nos casos em que é necessária, em que é a única
solução viável -ultima ratio - onde se justifica a manutenção do infrator fora do convívio social devido
à sua periculosidade e à probabilidade, aferida de modo objetivo e induvidoso, de voltar a delinquir, o
que certamente não é o caso presente.
Dessa forma, Excelência, a concessão de DA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA ao
pronunciado AILTON é medida que se ajusta perfeitamente ao caso em tela, não havendo, por
conseguinte, razões para a manutenção do mesmo aprisionado visto que o mesmo já se encontra
recolhido a mais de 2 anos aguardando seu julgamento definitivo.
Ademais, MM. Juiz, não se pode ignorar o espírito da lei, que na hipótese da prisão preventiva ou
cautelar visa a garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal ou, ainda, para assegurar
a aplicação da lei penal, que no presente caso, pelas razões anteriormente transcritas, encontram-se
plenamente garantidas.
Assim, notório que a concessão da revogação da prisão preventiva atenderá aos ditames do
ordenamento jurídico, beneficiará a sociedade como um todo e possibilitará ao Requerente o retorno de
sua vida pessoal e a exercer seu direito de defesa em liberdade, razão pela qual requer- se a V. Exa que
seja concedida a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA ao pronunciado AILTON, para que
aguarde a realização do Plenário do Juri em liberdade, não havendo razão para mantê-lo em custódia,
com a PRISÃO, PODENDO ESTAR OCORRENDO A MAIOR DAS INJUSTIÇAS: “A
SEGREGAÇÃO DA LIBERDADE DE UMA PESSOA”.
Assim sendo, conclui-se ser admissível a revogação da prisão preventiva do pronunciado AILTON,
haja vista que o mesmo desde já se compromete a comparecer quando for designada data para realização
do Egrégio Tribunal do Júri acompanhado de seu advogado.
DOS PEDIDOS.
Por todo o exposto, requer que seja revogada a prisão preventiva do pronunciado IDENALDO
para que o mesmo possa aguardar a designação do Tribunal do Juri em liberdade, por ausentes os
requisitos dos artigos 311 de 312 do Código de Processo Penal, com devida expedição de alvará de
soltura em favor do mesmo, como medida de INTEIRA JUSTIÇA.
Se V. Exa entender de outra forma, que seja aplicada as medidas cautelares ao pronunciado
AILTON.
Concedida a medida pleiteada, requer a imediata expedição de alvará de soltura em favor do
Pronunciado AILTON, conforme as disposições legais pertinentes.

Nesses Termos, Pede Deferimento.

Cajapio-Ma, 19 de maio de de 2023.

CÍCERO CARLOS DE MEDEIROS


OAB/MA: 6945

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