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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉ GIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA ALAGOAS.


RÉ U PRESO
Processo originá rio: 0700291-36.2022.8.02.0040
Pacientes:
Autoridade Coatora: Magistrado da Comarca de Atalaia-AL
FERREIA DA SILVA, brasileiro, casado, advogado, inscrito na , com endereço profissional
situado à , onde receberá notificaçõ es, vem, com respeito e acatamento à presença de Vossa
Excelência, com fulcro nos artigos 647 e 648 do Có digo de Processo Penal e artigo 5º,
inciso LXVIII da Constituiçã o Federal , e combinaçõ es legais aplicá veis a espécie, impetrar a
presente ordem de ...
HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR
em favor de , brasileiro, casado, inscrito no CPF sob o nº , motorista/comerciante e
residente e domiciliado na , atualmente recolhido e segregado no sistema prisional deste
Estado (Presídio Cyridiã o Durval), contra decisã o do Douto Magistrado da Comarca de
Atalaia-AL, o que de logo é indigitada Autoridade Coatora, sendo fato de total ilegalidade e
evidente abuso de poder e autoridade que é atacado de pronto, devendo ser julgado pelo
"remédio iure" que ora se interpõ e.
EGRÉ GIA CORTE CRIMINAL:
"Cada um de nó s, tem as suas predileçõ es, também em questõ es de compaixã o. Os homens
sã o diferentes entre eles até na maneira de sentir a caridade. Também este é um aspecto da
nossa insuficiência. Existem aqueles que concebem o pobre com a figura do faminto, outros
do vagabundo, outros do enfermo; para mim, o mais pobre de todos os pobres é o
encarcerado". (Francesco Carnelutti, in "As misérias do processo penal" fls. 21)

I. RESUMO DOS FATOS


Em 18 de Agosto do corrente ano, o ora paciente, , foi surpreendidos em sua residência por
uma guarniçã o da Polícia Militar (Doc. 01, anexo), que se encontrava de posse do respectivo
Mandado de Prisã o Preventivas, oriundos da lavra do MM. -AL, acusado pela prá tica do
injusto delito previsto no art. 121, § 2º do Có digo Penal, crime ocorrido no dia 11 de julho
de 2021, há mais um ano e dois meses, sendo que o paciente a época do fato delituoso
residia na mesma casa.
A época do fato delituoso ocorrido, seus autores materiais foram presos em flagrante
delito, e em seguida decretados suas prisõ es preventivas (doc. 02, anexo), e posteriormente
as mesmas foram revogadas (doc. 03, anexo) pelo pró prio Magistrado, documentos anexos
tamém aos autos do processo nº 0700571-41.2021.8.02.0040, que tramita na Comarca de
Atalaia-AL.
Em decorrência da decretaçã o da prisã o preventiva do paciente, fora protocolado em 19 de
agosto do corrente ano, Pedido de Revogaçã o da Prisã o Preventiva, pugnando pela
revogaçã o da prisã o preventiva, o qual obteve indeferimento (doc. 04, anexo);
Ressalte-se oportunamente que até a presente data, 26 dias apó s o cumprimento do
mandado prisã o, estando o Paciente segregado, ainda nã o foi oferecida denuncia em
desfavor do mesmo (doc. 05, anexo). O que corrobora ainda mais com tese de protelaçã o do
prazo. Clara é a legislaçã o processual, a qual determina que o Delegado de Polícia tem o
prazo de 10 (dez) dias para entregar o Inquérito Policial - Art. 10 do CPP , e o Parquet tem 5
(cinco) dias para oferecer a denú ncia - Art. 46 do CPP , ou seja, engloba o prazo total de 15
(quinze) dias. No entanto, a soma desses prazos já extrapolou os ditames legais.
Em nenhum momento, conforme emerge dos autos, o paciente esboçou reaçõ es ao
decretamento de sua prisã o. Ocorre que até a presente data, o mesmo (paciente) encontra-
se encarcerado no sistema prisional do Estado, tendo, por conseguinte, seus direitos
suprimidos, uma vez que nã o existem sequer motivos que justifiquem a manutençã o da
segregaçã o cautelar do paciente. Embora a prisã o ter sido decretada com o fundamento em
garantir a ordem pú blica, mesmo 1 (um) ano e 2 (dois) meses apó s o fato ocorrido (crime),
porém o Paciente em nada colaborou para obstruçã o na fase inquisitorial, e nem na
instruçã o processual.
A Autoridade coatora nã o fundamentou a custó dia cautelar do paciente - Garantir a ordem
pú blica, tã o somente, conforme documento anexo (doc. 06). Salientamos que a decisã o
combatida nã o apresentou efetivamente fundamentaçã o suficiente que demonstre a
necessidade de prisã o preventiva do paciente. Tã o somente fez alusõ es genéricas, ou seja,
nã o apontou objetivamente a razã o concreta da decisã o, a causa s as causas exatas do
malgrado decreto segregacional.

II- DO DIREITO
Em linhas de exposiçã o fá tica, os fundamentos do pretenso requerimento do presente writ
repousam no constrangimento ilegal, já efetivado à s sua liberdade de locomoçã o, devido ao
excesso de prazo até o presente momento apresentado - entrega do inquérito policial e
oferecimento da denú ncia , motivos acima exposto.
Também nã o merece acolhimento o fundamento de garantir a ordem pú blica, no decreto
rebatido, tendo em vista, sobre tudo, a ausência de contemporaneidade dos fatos. Sendo a
razã o de que o fato delituoso ocorreu (foi concretizado em 11 de julho de 2021), ou seja,
nã o há fatos recentes relacionados à efetivaçã o da execuçã o do delito apurado. Da mesma
forma, nã o existe situaçã o de risco para possível tramitaçã o processual, vez que os
acusados presos em flagrante estã o todos em liberdade por decisã o do pró prio , apontado
neste pedido como Autoridade coatora.
Assim tem decididos nossos tribunais:
Supremo Tribunal Federal
13/09/2016 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 136.296 SÃ O PAULO
RELATORA : MIN. ROSA WEBER
PACTE.(S) :
IMPTE.(S) : E OUTRO (A/S)
COATOR (A/S)(ES) : RELATOR DO HC Nº 365.302 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EMENTA
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. SÚMULA 691/STF. AFASTAMENTO. ROUBO QUALIFICADO. PRISÃO
PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. MOTIVAÇÃO GENÉRICA E ABSTRATA. MEDIDAS CAUTELARES
DIVERSAS DA PRISÃO. CONCESSÃO DA ORDEM. EXTENSÃO DO BENEFÍCIO AO CORRÉU.
1. Em casos excepcionais, viável a superação do óbice da Súmula 691 desta Suprema Corte. Precedentes.
2. O decreto de prisão cautelar há de se apoiar nas circunstâncias fáticas do caso concreto, evidenciando que a
soltura ou a manutenção em liberdade do agente implicará risco à ordem pública, à ordem econômica, à instrução
criminal ou à aplicação da lei penal ( CPP, art. 312).
3. A motivação genérica e abstrata, sem elementos concretos ou base empírica idônea a amparar o decreto
prisional, esbarra na jurisprudência consolidada deste Supremo Tribunal Federal, que não lhe reconhece validade.
Precedentes. (grifo nosso)
4. Substituição da prisão preventiva por medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, a
serem fixadas pelo juízo de primeiro grau.
5. Identidade de situações entre o paciente e o corréu enseja, na hipótese, a aplicação do art. 580 do Código de
Processo Penal - "No concurso de agentes ( Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos
réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará outros".
Supremo Tribunal Federal
Ementa e Acórdão
Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 12
HC 136296 / SP
6. Ordem de habeas corpus concedida para revogar a prisão preventiva do paciente, sem prejuízo da imposição,
pelo magistrado de primeiro grau, se assim o entender, das medidas cautelares ao feitio legal, estendendo os
efeitos desta decisão ao corréu.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma,
na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em conceder a ordem
de habeas corpus, com extensão ao corréu, nos termos do voto da Relatora. Não participou, justificadamente,
deste julgamento o Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Marco Aurélio.
Brasília, 13 de setembro de 2016.
Ministra Rosa Weber
Relatora
PETIÇÃO - ROUBO MAJORADO - PRISÃO PREVENTIVA - RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA - FATO NOVO - NÃO
INDICAÇÃO - FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA - AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE - ORDEM CONCEDIDA -
1- A prisão preventiva é compatível com a presunção de não culpabilidade do acusado desde que não assuma
natureza de antecipação da pena e não decorra, automaticamente, do caráter abstrato do crime ou do ato
processual praticado (art. 313, § 2º, CPP). Além disso, a decisão judicial deve apoiar-se em motivos e fundamentos
concretos, relativos a fatos novos ou contemporâneos, dos quais se possa extrair o perigo que a liberdade plena do
investigado ou réu representa para os meios ou os fins do processo penal (arts. 312 e 315 do CPP). 2- A decretação
superveniente da custódia preventiva deve evidenciar a contemporaneidade dos fatos indicativos da necessidade
dessa medida cautelar. Precedentes.
3- O réu respondeu ao processo em liberdade e o Magistrado de primeira instância, ao prolatar sentença
condenatória, Decretou a prisão cautelar do agente sem apontar acontecimento novo e
contemporâneo a justificar a medida extrema. 4- Ordem concedida, a fim de, confirmada a liminar deferida,
assegurar ao paciente o direito de responder à ação penal em liberdade, até o trânsito em julgado, salvo se por
outro motivo não estiver preso e ressalvada a possibilidade de nova decretação da custódia cautelar caso
efetivamente demonstrada a superveniência de fatos novos que indiquem a sua necessidade, sem prejuízo de
fixação de medida alternativa, nos termos do art. 319 do CPP. (STJ - PET 13.413/SP - (2020/) - Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz - DJe 21.09.2020 ).
HABEAS CORPUS - PENAL - PROCESSO PENAL - FURTO QUALIFICADO PELA DESTREZA - PRISÃO PREVENTIVA -
QUESTIONADA A PRESENÇA DE SEUS REQUISITOS AUTORIZADORES - FALTA DE CONTEMPORANEIDADE DO ÉDITO
PRISIONAL COM OS FATOS DELITIVOS QUE O ALICERÇAM - PACIENTE QUE PERMANECE EM LIBERDADE HÁ CERCA
DE SEIS ANOS, SEM TER VOLTADO, EM TESE, A DELINQUIR - CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS QUE NÃO EXTRAPOLAM EM
GRAVIDADE ÀQUELAS INERENTES AO TIPO PENAL - DESNECESSIDADE DA PRISÃO - FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA E DE CONTEMPORANEIDADE - CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO - ORDEM CONHECIDA E
PARCIALMENTE CONCEDIDA, COM SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS .I - A
prisão preventiva imposta depois de passados cerca de seis anos desde o fato delitivo, sem que a imputada tenha
voltado, em tese, a delinquir durante esse lapso temporal, carece de fundamentação idônea e concreta para
justificar a necessidade da medida nesta fase processual.II - A falta de contemporaneidade do Decreto prisional
elide as teses de necessidade da prisão para garantia da ordem pública e de insuficiência de outras medidas
cautelares se a ré permaneceu em liberdade sem voltar a delinquir.III - Configurado o constrangimento ilegal
consistente em Decreto de prisão extemporâneo e carente de fundamentação, impõe-se o relaxamento da prisão,
bastando a fixação de medidas cautelares menos gravosas para assegurar a aplicação da lei penal e garantir a
ordem pública.IV - Ordem parcialmente concedida. (TJAL - HC 0801587-95.2020.8.02.0000 - Rel. Des. Sebastião
Costa Filho - DJe 29.04.2020 - p. 61)
PENAL - PROCESSO PENAL - HABEAS CORPUS - HOMICÍDIO QUALIFICADO - PACIENTE QUE CUMPRIA MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO - DECRETO SUPERVENIENTE DE PRISÃO PREVENTIVA - GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA - MOTIVAÇÃO - CLAMOR SOCIAL E GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO - NÃO DEMONSTRAÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS ANTERIORMENTE IMPOSTAS OU DE FATOS NOVOS - AUSÊNCIA DE
CONTEMPORANEIDADE - FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA - CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO - ORDEM
CONCEDIDA - UNÂNIME - 1- Na espécie tratada, o paciente cumpria medidas cautelares diversas da prisão,
estabelecidas no Habeas Corpus nº 0807405- 62.2019.8.02.0000. Posteriormente, o magistrado singular, sem
apresentar fatos novos ou demonstrar o descumprimento das medidas impostas, reDecretou a prisão preventiva -
Após a conclusão do inquérito policial - Amparando-se apenas na gravidade abstrata do crime praticado e na
comoção gerada na sociedade. 2- A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do
Superior Tribunal de Justiça já proclamou que as invocações relativas à gravidade do delito, ao clamor público e à
garantia da credibilidade da Justiça não são motivos idôneos da prisão preventiva, a não ser que estejam apoiados
em fatos concretos .3 - Nos termos do art. 312 , § 2º, do Código de Processo Penal: "a decisão que decretar a
prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada", o que não se demonstrou. 4- Revogação da
prisão preventiva, facultando-se ao magistrado singular determinar o cumprimento de medidas cautelares menos
gravosas ou manter as anteriormente impostas por esta Câmara Criminal. 5- Habeas Corpus conhecido. Ordem
concedida. Unânime. (TJAL - HC 0801738-27.2021.8.02.0000 - Rel. Des. Washington Luiz D. Freitas - DJe 10.05.2021
- p. 220)
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei ;

...

A) DA ADMISSIBILIDADE DO PRESENTE REMÉDIO CONSTITUCIONAL:


É cabível o presente HABEAS CORPUS, pelo constrangimento ilegal a que resta submetido,
nos termos do artigo 5.º, inciso LXVIII da Constituiçã o da Republica
Federativa do Brasil, combinado com o artigo 648, do Có digo de Processo Penal.
Neste sentido, (CONSTANTINO, Lú cio Santoro de. Recursos criminais, sucedâ neos recursais
criminais e açõ es impugnativas autô nomas criminais. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2004, pá gina 274), leciona:
"A justa causa é o motivo legal. Se estivermos frente a uma atipicidade material, ou seja, a
conduta nã o é crime, ou atipicidade formal, significa dizer que nã o foi observada
determinada regra processual, temos ausência de justa causa. Nestes casos, frente ao
constrangimento ilegal ou ao risco de constrangimento ilegal, é cabível o HABEAS
CORPUS."

B) DO EXECESSO DE PRAZO COMETIDO PELA AUTORIDADE COATORA


Pois bem, tendo sido os pacientes presos em data de 18/agosto/2022 e já decorridos mais
de 29 (vinte e nove) dias, da custó dia, estando o paciente recolhido e segregado no Presídio
de estadual, tendo o inquérito policial juntamente com a denú ncia ainda intempestiva,
melhor sorte nã o terá o paciente, senã o mediante a concessã o da presente ordem.
Por oportuno, lembremos que existem pessoas, cuja liberdade lhe foi subtraída e com o fito
de alicerçar o quanto requerido neste Remédio Jurídico, é de bom alvitre esclarecer que
contra o Paciente nã o constam antecedentes, o mesmo exerce profissã o legal, haja vista ser
motorista e comerciante informal, exercendo suas atividades no seu domicílio.
Há que se lembrar que toda espécie de custó dia provisó ria é a exceçã o. O direito do réu de
responder o processo em liberdade é a regra.
No presente processo, o paciente nã o representa perigo algum à sociedade, nem a ordem
pú blica e nem mesmo pode prejudicar a instruçã o criminal ou dificultar a aplicaçã o da lei
penal, tanto prova, que foi detido em sua pró pria residência, local onde reside com sua
esposa e 5 (cinco) filhos menores impú beres.

C) DA COAÇÃO ILEGAL
O paciente encontra-se privado de sua liberdade por mais de 29 (vinte e nove) dias, à
espera de uma posiçã o referente ao inquérito policial e oferecimento de denuncia pelo
Parquet, uma vez que os referidos prazos já ultrapassaram os limites previstos para sua
conclusã o.
Dessa forma, a restriçã o de liberdade apontada é flagrantemente ilegal e absurda, em face
de perdurar por tã o longo tempo.
Inclusive, note-se, desvirtuando por completo a finalidade da prisã o preventiva, que é uma
medida excepcional e temporá ria.
A prisã o preventiva, embora nã o tenha prazo preestabelecido, nã o pode alongar-se
infinitamente. No caso in examine , data vênia, a demora é inadmissível, pois que a custó dia
prolonga-se, extrapolando qualquer juízo de razoabilidade.
Importante frisar que para a mantença da prisã o preventiva é necessá rio que, além de
serem obedecidos os prazos legais, haja justa causa ( CPP, art. 648, I), fundamentada e
robusta e suas provas, o que no presente caso nã o ocorre, pois.
De fato, há de se considerar que o paciente possui residência fixa, é primá rio e tem bons
antecedentes, consoante provas anexas (docs. 07, 08 e 09).
Para o douto , o sentido de justa causa "significa o que convém ou o que de direito e causa,
motivo, razã o, origem, é necessá rio que se alega ou se avoca, para mostrar a justa causa,
seja realmente amparado na lei ou no direito ou, nã o contravindo a este, se funde na razã o
e na eqü idade" ( Do Habeas Corpus , Edipro, 1991, p. 78).
De admirá vel completude o escó lio de Espínola Filho:
A falta de justa causa abrange a falta de criminalidade, a falta de prova, a nã o identidade da
pessoa, a conservaçã o indevida em prisã o ao invés de ser transferida para outra "(Apud ,
ob. cit., p. 79)
RHC - PROCESSO PENAL - PRISÃO PREVENTIVA - Prazo - A Jurisprudência da 6a Turma, STJ, firmou- se no sentido de
considerar o juízo de razoabilidade para constatar constrangimento ilegal no prazo de constrição ao exercício do
direito de liberdade" ( STJ - Rec.em habeas corpus n.º 4479-9 - RS - 6a Turma - Rel. Min. Vicente Cernicchiaro )
( grifos nossos) .

Também:
- HABEAS CORPUS - TRÁFICO DE DROGAS E POSSE DE ARMA DE FOGO - CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE
EM PREVENTIVA - ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL - FALTA DE JUSTA CAUSA PARA A PERSECUÇÃO
PENAL - PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL - LIMINAR DEFERIDA - 1- A alegação de falta de justa causa
para a persecução penal que demanda aprofundamento do exame probatório o qual se mostra incompatível nos
limites estreitos de cognição do habeas corpus. Paciente que foi detido em flagrante delito. Aspectos que tocam a
aparente visibilidade e imediatidade da suposta prática delituosa. Cenário sustentador da justa causa para
prosseguimento das investigações. Demais questões que devem ser apreciadas no momento oportuno pelo juízo
natural da causa. 2- Pleitos desclassificatórios inoportunos. Quadro até o presente momento formado que não
descarta a viabilidade dos termos da acusação. Elementos indiciários de possível destinação comercial da droga.
Arma de fogo que apresentava o número de série avariado. 3- Decisão impositiva da prisão preventiva que não se
valeu de fundamentação genérica. Indicação, pela autoridade judiciária, dos aspectos que, no seu entender,
justificavam a imposição da medida extrema. 4- Fumus comissi delicti que é dado pelos elementos colhidos
quando da lavratura do auto de prisão em flagrante e que apontam para a visibilidade e imediatidade das práticas
delituosas. 5- Periculum libertatis. Não configurado. Quantidade de drogas não exagerada. Paciente primário e
menor de 21 anos. Atos infracionais que não caracterizam antecedentes criminais. Perspectiva de tratamento
punitivo mais brando ao final da persecução que fragiliza a possibilidade de manutenção da medida extrema à luz
do princípio da proporcionalidade. 6- Suficiência das medidas cautelares para o resguardo das finalidades do
processo. 7- Ordem concedida para tornar definitiva a liminar. (TJSP - HC 2135136- 03.2021.8.26.0000 - Barretos -
16a CDCrim. - Rel. Marcos Alexandre Coelho Zilli - DJe 10.08.2021 )

Por fim, cumpre lembrar a insuperá vel liçã o do insigne mestre Pontes de Miranda:
"O fato de estar preso o réu, por mais tempo do que a lei determina, é, insofismavelmente, violência ou coação
por ilegalidade, ou abuso de poder. Se assim é, se o paciente, estribando-se na passagem constitucional, impetra o
habeas corpus... e se pelos documentos prova a opressão, ou desleixo que em prisão ilegal importou, não sabemos
como e fundado em que possa a instância superior negar- se a libertá-l o". (História e Prática do Habeas Corpus,
Saraiva, 1979, 2º Volume, p. 144).
D) DA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA DO PACIENTE Doutos Julgadores, no caso em tela percebe-se que o
motivo primordial no qual o Douto Magistrado Coator embasou a decretação do paciente, fora a de que a sua
soltura representaria um perigo eminente à sociedade.

Ora, esse fato nã o deve prosperar, pois o Paciente estava em liberdade há mais de 1 (um)
ano e 2 (dois) meses apó s a ocorrência do fato delituoso, e durante esse período nã o se teve
noticia de nem uma situaçã o natureza jurídica, seja ela de qualquer espécie, dentro da
sociedade na qual reside ou mesmo fora dela, em que o Paciente tivesse se envolvido.
Cumpre mencionarmos que a prisã o preventiva, trata- se de uma medida cautelar de
constriçã o à liberdade do indiciado ou réu, por razõ es de necessidade, respeitados os
requisitos estabelecidos em lei. No caso em tela, tal instituto processual foi totalmente
desvencilhado do seu objetivo, uma vez que nã o atendeu seus pré-requisitos.
É de ressaltar que a prisã o preventiva tem a finalidade de assegurar o bom andamento da
instruçã o criminal, nã o podendo esta se prolongar indefinidamente, por culpa do ou por
atos procrastinató rios do ó rgã o acusató rio. Se assim acontecer, configura constrangimento
ilegal .
Diante dos argumentos em que a autoridade coatora fundamentou sua decisã o,
percebemos claramente o afrontamento ao direito constitucional da liberdade, uma vez
que tal instituto penalista prevê que a garantia da ordem pú blica é a hipó tese de
interpretaçã o mais ampla e insegura na avaliaçã o da necessidade da prisã o preventiva.
A garantia da ordem pú blica deve ser visualizada pelo trinô mio gravidade da infraçã o +
periculosidade do agente. Mas, como regra, o ideal é respeitar a ocorrência conjunta dos
três fatores (gravidade do crime + repercussã o social + periculosidade do agente).
Nessa esteira, onde a autoridade coatora foi infeliz na falta de fundamentaçã o da
decretaçã o da prisã o preventiva, nã o há que se falar em gravidade do crime, uma vez que
conforme demonstrado ao longo do presente remédio constitucional, nã o resta
comprovado que o ora paciente sequer é autor do crime em tela.
Ilibados e sensatos julgadores, acreditamos que se partimos do princípio no qual o Douto
Magistrado Coator, fundamentou a prisã o preventiva do paciente, nã o iríamos a lugar
algum e de certa maneira estaríamos afrontando o princípio da isonomia, ao passo que o
paciente preenche todos os requisitos da revogaçã o da prisã o preventiva.
Fator que desautoriza a decretaçã o da preventiva é o argumento de que o agente estará
melhor sob a custó dia do Estado do que solto nas inclusive de parentes da vítima. Cabe ao
indiciado ou réu procurar a melhor maneira de se proteger, se for o caso, mas nã o se pode
utilizar a custó dia cautelar para esse mister. Sequer isso irá acontecer, pois, como dito
anteriormente, o Paciente mora na mesma localidade aonde ocorreu o crime, até mesmo
muito pró ximo ao local exato, moradia essa antes, no momento, e depois da ocorrência do
crime, até o momento de sua prisã o. E nada lhe aconteceu.
Neste sentido, verifica-se que o Eminente Magistrado Coator nã o fundamentou a
decretaçã o da prisã o preventiva em consonâ ncia aos ditames legais emanados pelo direito
brasileiro, merecendo assim, o presente remédio constitucional ser acatado em sua íntegra.
- DA AUSÊ NCIA DOS REQUISITOS DA PRISÃ O PREVENTIVA E DA AUSÊ NCIA DE
FUNDAMENTAÇÃ O
No caso sub oculi , nã o se vislumbra os requisitos fá ticos (hipó teses caracterizadoras do
periculum in mora capaz de embasar a custó dia do acusado - art. 312, in fine, do CPP),
conforme se demonstrará a seguir.
O Paciente nã o oferece risco à garantia da ordem pú blica ou da ordem econô mica, à
conveniência da instruçã o criminal ou à segurança da aplicaçã o da lei penal, pois, como
dito, é primá rio e possui bons antecedentes, além de ter residência fixa e profissã o definida.
Ademais, a prisã o preventiva, como exceçã o à regra da liberdade, somente pode ser
decretada mediante demonstraçã o cabal de sua real necessidade, na qual nã o se insere
presunçõ es e consideraçõ es abstratas a respeito do crime ou do indiciado.
Neste sentido, a jurisprudência, apontada por Mirabete:
"A prisã o preventiva é medida de exceçã o, cabendo apenas em situaçõ es especiais, quando
o agente nã o é primá rio, possui antecedentes criminais, e nã o tem domicílio ou profissã o
definida, nã o devendo, pois, ser decretada apenas sob os argumentos do Art. 312 do CPP,
mesmo que existam indícios suficientes de autoria e materialidade, eis que o interesse da
sociedade nã o fica prejudicado pelo simples fato do indiciado responder ao processo em
liberdade" (TACRSP/RJDTACRIM30/355). (MIRABETE, Jú lio Fabrini. Processo Penal. 8a.
ed. Sã o Paulo: Atlas, 1998).
Na visã o Eugênio Pacelli de Oliveira apud a prisã o preventiva para garantia da ordem
pú blica deve ser observada da seguinte forma:
"... a prisão para garantia da ordem pública não se destina a proteger o processo penal, enquanto instrumento de
aplicação da lei penal. Dirige-se ao contrário, à proteção da própria comunidade, coletivamente considerada, no
pressuposto de que ela seria duramente atingida pelo não- aprisionamento de autores de crimes que causassem
intranqüilidade social. A expressão garantia da ordem pública, todavia, é de dificílima definição. Pode prestar-se a
justificar um perigoso controle da vida social, no ponto em que se arrima na noção de ordem, e pública, sem
qualquer referência ao que seja efetivamente a desordem" (In. Prisão e soltura sob a ótica constitucional. P. 194.)

De lês a lês, com o advento da Lei 12.403/11 tornou- se possível a aplicaçã o de outras
medidas cautelares que nã o o encarceramento da ré.
O certo é que, na espécie, nã o existe fato concreto que aponte risco à garantia da ordem
pú blica ou da ordem econô mica, à conveniência da instruçã o criminal ou à segurança da
aplicaçã o da lei penal.
Relativamente à garantia da ordem pú blica, tem-se a informar que o Paciente nã o responde
a nenhum outro processo, conforme certidã o em anexo, nã o constituindo sua liberaçã o
qualquer tipo de ameaça à sociedade ou ao meio em que se encontre.
Desse modo, por nã o constituir a prá tica delitiva rotina na vida do Paciente, nã o tendo
antecedente que faça presumir o cometimento de novo delito, nã o há ofensa à ordem
pú blica.
Observa-se, ademais, ausência do requisito de conveniência da instruçã o, dado que a
paciente jamais perturbou o desenvolvimento desta ou, de qualquer forma, representou
ameaça à normal colheita de provas ou à aplicaçã o lei penal, tanto que isso nã o foi
ventilado pela Autoridade policial quando da representaçã o da Prisã o preventiva (doc. 10).
Nã o, há , por fim, risco à ordem econô mica, pelo que nã o existe o requisito do periculum in
mora, de modo que uma prisã o preventiva jamais poderia ser decretada nessas
circunstâ ncias.
Merece citaçã o, para demonstrar o mencionado, a ementa do HC , publicado no DJ de
27.04.2007,
p. 107, que destaca entendimento firme do Supremo Tribunal Federal :
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E DA
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. FUNDAMENTOS VINCULADOS A
PRESUNÇÕES E CONSIDERAÇÕES SUBJETIVAS. INIDONEIDADE. A prisão preventiva, como exceção à regra da
liberdade, somente pode ser decretada mediante demonstração cabal de sua real necessidade. PRESUNÇÕES E
CONSIDERAÇÕES ABSTRATAS A RESPEITO DO PACIENTE E DA GRAVIDADE DO CRIME QUE LHE É IMPUTADO NÃO
CONSTITUEM BASES EMPÍRICAS JUSTIFICADORAS DA SEGREGAÇÃO CAUTELAR PARA GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA E DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL, NEM POR CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. Ordem concedida.
(destaque nosso)
No mesmo sentido é a ementa do HC 90.443/BA, publicado no DJ de 04.05.2007, p. 91, ainda da lavra do Supremo
Tribunal Federal:
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. ART. 14 DA LEI
10.826/2003. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA PARA A GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. PACIENTE INVESTIGADO
POR CRIME DE HOMICÍDIO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. HIPÓTESE DE FLEXIBILIZAÇÃO DA
SÚMULA 691 DO STF. DEMORA NO JULGAMENTO DE HC IMPETRADO JUNTO A TRIBUNAL ESTADUAL. PACIENTE
PRIMÁRIO, QUE POSSUI RESIDÊNCIA FIXA. CRIME CUJA PENA CORPORAL É DE 2 A 4 ANOS. INEXISTÊNCIA DE
VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. POSSIBILIDADE DE IMPOSIÇÃO DE PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. INVESTIGAÇÃO
PELA PRÁTICA DO DELITO DE HOMICÍDIO NÃO OBSTA O DIREITO DE RESPONDER AO PROCESSO EM LIBERDADE. I -
A constatação de evidente constrangimento ilegal permite o conhecimento de habeas corpus contra decisão
liminar em writ anteriormente impetrado, mediante a flexibilização do teor da Súmula 691 do Supremo Tribunal
Federal. Precedentes. II - Paciente acusado da prática de porte ilegal de arma de fogo, cuja sanção corporal não
excede a 4 anos, ensejando a imposição de pena restritiva de direitos, ante a ausência de violência ou grave
ameaça. III - Ademais, a demora no julgamento de writ impetrado junto ao Tribunal de Justiça da Bahia, e o fato de
ser o paciente primário e possuir residência fixa, permitem responda ele ao processo em liberdade. IV - A
circunstância de o paciente estar sendo investigado pela prática do delito de homicídio, por si só, não se mostra
suficiente para a decretação de prisão preventiva sob o fundamentio de garantia da ordem pública. V - Ordem
concedida. (destaque nosso)

Pelo exposto, resta mais uma vez comprovada a inocorrência das hipó teses que autorizam
a prisã o preventiva, sendo o seu decreto uma verdadeira coaçã o ao direito de ir e vir do
paciente.

E) DA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES


ALTERNATIVAS À PRISÃO
A Lei 12.403/11 trouxe a possibilidade de aplicaçã o de outras medidas cautelares
alternativas à prisã o do réu. Nesse sentido, assim preceituam os arts. 317 e 319 do Có digo
de Processo Penal.
Verifica-se nobres Julgadores, que o legislador consagrou o Princípio da Inocência
estabelecido em nossa Carta Magna, sendo o encarceramento do acusado uma medida de
extrema necessidade, somente admissível em casos estritamente necessá rios.
Neste sentido assim preceitua o art. 282, § 6º prevê que a aplicaçã o de prisã o preventiva
somente se faz necessá ria quando nã o cabível, em face da aplicaçã o dos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, quais das medidas cautelares acima elencadas, in
verbis:
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:

...
§ 6o A prisã o preventiva será determinada quando nã o for cabível a sua substituiçã o por
outra medida cautelar (art. 319)...
Desse modo a prisã o preventiva somente deverá ser utilizada como ú ltimo recurso, ou seja,
subsidiariamente, quando incabível quaisquer das medidas cautelares acima referidas. No
caso em aná lise, nã o se mostra razoá vel a manutençã o da paciente no cá rcere, já que
inexistem os fundamentos para a sua prisã o preventiva, medida excepcional que deve ser
afastada no vertente caso.
Como visto no dispositivo em tela, sempre que os requisitos da prisã o preventiva nã o
estiverem presentes, deverá o magistrado conceder a liberdade provisó ria ao preso em
flagrante delito, nos termos do pará grafo ú nico acima mencionado.
Dessa forma tem decido nossos Tribunais Pá trios:
- HABEAS CORPUS - TRÁFICO DE DROGAS - ACUSADO PRIMÁRIO - AUSÊNCIA DOS FUNDAMENTOS
AUTORIZADORES DA PRISÃO PREVENTIVA - POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS CAUTELARES
DIVERSAS - ORDEM
CONCEDIDA. (STF - HC 176018 - São Paulo - 1a T. - Rel. Min. Alexandre de Moraes - DJe 12.12.2019 )
- PENAL E PROCESSO PENAL - HABEAS CORPUS - HOMICÍDIO - DECRETO PRISIONAL PREVENTIVO DECRETADO -
ACUSADO PRIMÁRIO - REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA - NÃO DEMONSTRADOS NO CASO CONCRETO -
SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO PROVISÓRIA POR MEDIDAS CAUTELARES - ORDEM CONHECIDA E PARCIALMENTE
CONCEDIDA - 1- A prisão preventiva, enquanto medida extrema de natureza cautelar com total privação da
liberdade, não pode ser utilizada como instrumento de punição antecipada do réu, nem permite complementação
de sua fundamentação pelas instâncias superiores ( HC 93.498/MS, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJe
de 18/10/2012).2 - Prisão preventiva substituída pelas medidas cautelares previstas no artigo 319 , do Código de
Processo Penal: incisos I (comparecimento em juízo a cada 02 (dois) meses para informar e justificar atividades), IV
(proibição de ausentar-se da Comarca em que reside sem autorização judicial) e V (recolhimento domiciliar no
período compreendido entre 21 horas e 06 horas do dia seguinte).3 - Ordem conhecida e parcialmente concedida.
(TJAL - HC 0800274- 59.2020.8.02.9002 - Rel. Des. Washington Luiz D. Freitas - DJe 12.04.2021 - p. 27)

F) DO PEDIDO DE LIMINAR
O "habeas corpus" é "remedium juris" destinado a garantir de modo rá pido e imediato, a
liberdade de locomoçã o. É a verdadeira garantia constitucional a amparar o direito a
liberdade ambulató ria do cidadã o.
Portanto, é princípio basilar em pedido de "habeas corpus" fazer estancar o
constrangimento ilegal, ou a ameaça de um ilegal constrangimento, concretizado ou a se
concretizar, imposto ou a ser imposto a qualquer cidadã o.
A liminar da Ordem se guia pelo pressuposto das medidas cautelares, que sã o o "periculum
in mora" e "fummus boni iure". É por essas medidas que a eficá cia se caracteriza,
jugulando-se o arbítrio, o abuso de poder e de autoridade, cessando o constrangimento
ilegal e a coaçã o, até que o Sodalício reunido, decida o mérito.
A lei processual penal codificada, em seu artigo 660, § 2 o . contempla a concessã o da
liminar, haja vista que textualmente impõ e: "Se os documentos que instruem a petiçã o
evidenciam a ilegalidade da coaçã o, o ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o
constrangimento ."
Diante da flagrante ilegalidade da manutençã o da prisã o, haja vista o profundo e
indisfarçá vel desrespeito ao disciplinamento normativo, aguarda o impetrante haja por
bem Vossas Excelências, num gesto de estrita justiça, conceder LIMINAR DA ORDEM.
Ademais, considerando-se as agruras e transtornos que a injusta e ilegal medida, tomada
pela Douta Autoridade coatora, tem provocado ao paciente, impossibilitando-o de gerir
seus negó cios e laborar para o sustento de sua família, a LIMINAR DA ORDEM é medida que
nã o pode ser denegada por Vossa Excelência.
Com as nossas homenagens a este Egrégio Tribunal de Justiça, encontrando-se o Paciente
guarida em nossa legislaçã o processual penal, doutrina, bem como na Jurisprudência de
nossos Tribunais, pelos motivos alhures articulados, apontando como autoridade coatora o
Exmo.
Sr. Dr. -AL, aguarda- se a concessã o da LIMINAR, e, afinal, o julgamento favorá vel do
presente pedido, com a definitiva concessã o do writ.

III. DO PEDIDO
Isto posto, comprovado o constrangimento ilegal da liberdade de ir e vir do paciente, face
ao excesso de prazo para conclusã o do Inquérito Policial, oferecimento da denú ncia, bem
como a ausência de justa causa, fundamentaçã o do decreto e o flagrante desrespeito aos
princípios constitucionais do devido processo legal e da presunçã o de inocência, requer a V.
Exa. a concessã o da ordem de habeas corpus , expedindo-se o competente alvará de soltura
em favor do paciente, .
Por fim, Caso entenda V.Excia., que ao menos lhes sejam aplicadas medidas cautelares
alternativas à prisã o a fim de que o paciente, em liberdade, possa cuidar da sua família,
esposa a qual esta grá vida de 8 (oito) meses de gestaçã o, e 5 (cinco) filhos, inclusive um
"especial", conforme documentaçõ es anexas (doc. 11, anexo), e para também melhor se
defender e se ver processar, assumindo a obrigatoriedade de comparecer a todos os atos e
termos do processo, fazendo-se, dessa forma, a mais lídima justiça.
Nesses Termos,
Pede e Espera Deferimento.
Maceió -AL, 15 de setembro de 2022.

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