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Habeas Corpus Criminal Nº 1.0000.21.

211432-6/000

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EMENTA: HABEAS CORPUS - USO DE DOCUMENTO FALSO - PRISÃO
PREVENTIVA - REVOGAÇÃO - POSSIBILIDADE - SUFICIÊNCIA E
ADEQUAÇÃO DE CAUTELARES MAIS BRANDAS - CONSTRANGIMENTO
ILEGAL CONFIGURADO. - A prisão preventiva possui natureza
excepcional e subsidiária, de modo que sua aplicação pressupõe a
presença dos requisitos do artigo 312 do CPP, devidamente
fundamentada nas circunstâncias do caso concreto e nas condições
pessoais do acusado. - Em face das circunstâncias fáticas, cuja
gravidade não justifica a imposição da prisão provisória, a aplicação das
medidas previstas no artigo 319 do CPP se mostra suficiente para os fins
acautelatórios, impondo-se a concessão da ordem para sanar o
constrangimento ilegal suscitado.
HABEAS CORPUS CRIMINAL Nº 1.0000.21.211432-6/000 - COMARCA DE UNAÍ - PACIENTE(S): ELIAS SATURNINO
SANTOS - AUTORID COATORA: JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE UNAÍ

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 2ª CÂMARA CRIMINAL do


Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da
ata dos julgamentos, em CONCEDER A ORDEM. EXPEDIR ALVARÁ
DE SOLTURA. COMUNICAR.

DES. GLAUCO FERNANDES


RELATOR

Fl. 1/5

Número Verificador: 1000021211432600020218797938


Habeas Corpus Criminal Nº 1.0000.21.211432-6/000

DES. GLAUCO FERNANDES (RELATOR)

VOTO

Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em


favor de ELIAS SATURNINO SANTOS, sob a alegação de que estaria
sofrendo constrangimento ilegal por parte do MM. Juiz de Direito da 2ª
Vara Criminal da Comarca de Unaí, ora apontado como Autoridade
Coatora.
Narra a impetrante, inicialmente, que o paciente se encontra
preso preventivamente em razão da suposta prática do crime previsto
no art. 304 do Código Penal.
Sustenta que estão ausentes os requisitos autorizadores da
prisão preventiva.
Assevera que o paciente é detentor de bons antecedentes,
possui residência e ocupação fixa, além de ser responsável por quatro
crianças.
Aduz que o fato de estar o investigado em execução de pena
não elide a desnecessidade da custódia cautelar no caso em apreço,
mormente porque a reprimenda já deveria ter sido extinta, dado seu
cumprimento integral.
Registra que “o paciente jamais se furtou das suas obrigações
judiciais, sendo perfeitamente cabível a aplicação de medidas
alternativas diversas da prisão, especialmente o monitoramento
eletrônico”.
Afirma que o decreto constritivo está em desacordo com o dever
insculpido no artigo 93, inciso IX da CRFB/88, baseando-se somente
na gravidade abstrata do delito imputado ao paciente.

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Número Verificador: 1000021211432600020218797938


Habeas Corpus Criminal Nº 1.0000.21.211432-6/000

Requer a concessão da ordem, liminarmente, para que a prisão


preventiva seja revogada, com eventual imposição de medidas
cautelares dela diversas.
A petição inicial veio instruída com os documentos de ord.
02/14.
Liminar por mim indeferida, ord. 15.
Informações prestadas pela Autoridade apontada como coatora,
ord. 16.
A Procuradoria-Geral de Justiça manifestou-se pela denegação
da ordem, ord. 17.
É o relatório.
O paciente foi autuado em flagrante, no dia 07/09/2021, pela
suposta prática do delito de uso de documento falso. Posteriormente, a
prisão em flagrante foi convertida em preventiva.
Requer a impetrante, em síntese, a revogação da prisão
preventiva, com imposição eventual de medidas cautelares mais
brandas.
Razão lhe assiste.
De acordo com o auto de prisão em flagrante (ord. 09), durante
operação de trânsito realizada pela Polícia Militar, o paciente teria
apresentado uma carteira nacional de habilitação falsificada. De acordo
com o condutor do flagrante, o abordado teria confessado os fatos,
declinando que adquirira o documento em Goiânia/GO pelo valor de
R$3.000,00.
Verifica-se, nesse sentido, que, apesar do comportamento
pregresso do investigado, reincidente, a gravidade dos fatos a ele
imputados não se revela justificadora da imposição da prisão
preventiva, mormente porque o delito não se reveste de violência ou
grave ameaça contra pessoa.

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Habeas Corpus Criminal Nº 1.0000.21.211432-6/000

Em assim sendo, tendo em vista a reduzida gravidade concreta


dos fatos, entendo que a prisão preventiva, medida excepcional e
subsidiária, não se mostra a única apta a acautelar a ordem pública,
porque suficiente e adequada para tal fim, ao menos por ora, a
imposição de cautelares mais brandas.
Ressalte-se, inclusive, que a prisão cautelar se mostra ainda
mais excepcional durante a pandemia de covid-19, período de
calamidade em saúde pública no qual este egrégio Tribunal de Justiça,
os Tribunais Superiores e o Conselho Nacional de Justiça têm
reiterado a necessidade de se adotar, sempre que possível, medidas
alternativas à privação de liberdade.
Destarte, a imposição de cautelares mais brandas, notadamente
aquelas que assegurem o contato entre o investigado e o juízo de
origem no curso de eventual ação penal, mostra-se, até que haja
eventual prova contrária, suficiente e adequada para os fins
acautelatórios ora perseguidos, em observância ao disposto no artigo
282, I e II do Código de Processo Penal.
Ante o exposto, concedo a ordem para substituir a prisão
preventiva pelas seguintes medidas cautelares:
1 – assinatura de termo de compromisso de
comparecimento aos atos do processo em que
eventualmente figurar como réu; e
2 – manutenção do endereço atualizado junto ao
juízo de origem.
Expeça-se o alvará de soltura em favor do paciente, colocando-o
em liberdade incontinenti, salvo se preso por outro motivo.
Comunique-se esta decisão ao juízo de origem.
É como voto.

DESA. BEATRIZ PINHEIRO CAIRES - De acordo com o(a) Relator(a).

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Habeas Corpus Criminal Nº 1.0000.21.211432-6/000

DES. NELSON MISSIAS DE MORAIS - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "CONCEDERAM A ORDEM. EXPEDIR


ALVARÁ DE SOLTURA. COMUNICAR."
Documento assinado eletronicamente, Medida Provisória nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001.
Signatário: Desembargador GLAUCO EDUARDO SOARES FERNANDES, Certificado:
2C5BC575DEF870FC7EAB3525C21AF167, Belo Horizonte, 07 de outubro de 2021 às 13:59:34.
Julgamento concluído em: 07 de outubro de 2021.
Verificação da autenticidade deste documento disponível em http://www.tjmg.jus.br - nº verificador:
1000021211432600020218797938

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Número Verificador: 1000021211432600020218797938

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