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Órgão Julgador : 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná

Relatora : DESEMBARGADORA CRISTIANE TEREZA WILLY FERRARI


Origem : 3ª Vara Criminal de Guarapuava
Recurso : 0111632-10.2023.8.16.0000 HC
Classe Processual : Habeas Corpus Criminal
Assunto Principal : Roubo Majorado
Impetrante(s) : ALLAN CHRISTIAN RIBEIRO DE JESUS
Impetrado(s) :

HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE


PESSOAS. ART. 157, §2º, INCISO II DO CÓDIGO PENAL. PRISÃO EM
FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. ALEGADA
AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES PARA O DECRETO
PREVENTIVO. NÃO ACOLHIMENTO. INDÍCIOS DE AUTORIA E
PROVA DA MATERIALIDADE PRESENTES. GRAVIDADE
CONCRETA DA CONDUTA EM TESE PRATICADA MEDIANTE
GRAVE AMEAÇA À VÍTIMA, COM SIMULAÇÃO DE EMPREGO DE
ARMA, EM CONCURSO DE DOIS AGENTES. PRISÃO PREVENTIVA
QUE NÃO IMPLICA VIOLAÇÃO À PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA,
MAS VISA RESGUARDAR A ORDEM PÚBLICA. INSUFICIÊNCIA DE
APLICAÇÃO DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. CONDIÇÕES
PESSOAIS FAVORÁVEIS QUE, POR SI SÓS, NÃO AUTORIZAM A
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DA IMPRESCINDIBILIDADE DO PACIENTE PARA
OS CUIDADOS DAS FILHAS MENORES. PRECEDENTES. ORDEM
CONHECIDA E DENEGADA.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus Crime nº 0111632-


10.2023.8.16.0000, do Juízo da 3ª Vara Criminal da Comarca de Guarapuava, em que é impetrante
RAFAEL VIEIRA MOREIRA DA SILVA e tem como paciente ALLAN CHRISTIAN RIBEIRO DE
JESUS.

I. RELATÓRIO

Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado pelo advogado


RAFAEL VIEIRA MOREIRA DA SILVA em favor do paciente ALLAN CHRISTIAN RIBEIRO DE
JESUS, denunciado nos autos da ação penal nº 0019145-25.2023.8.16.0031, pela prática, em tese, do
crime previsto no artigo 157, §2º, inciso II do Código Penal, contra ato do Juízo da 3ª Vara Criminal da

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Comarca de Guarapuava que converteu a prisão em flagrante em preventiva e negou o pedido de sua
revogação (mov. 18.1 – autos nº 0019145-25.2023.8.16.0031 e mov. 15.1 – autos nº 0020073-
73.2023.8.16.0031).

O impetrante alegou, em síntese, que o juízo decretou a prisão preventiva com base
na garantia da ordem pública, todavia, não fundamentou adequadamente a gravidade concreta do delito; o
delito perpetrado não pode, por si só, fundamentar uma prisão cautelar, sob pena de violar o princípio da
presunção de inocência; o paciente é primário, de bons antecedentes, possui trabalho lícito e residência
fixa, além de ser o único provedor de duas filhas menores.

Requereu, assim, o deferimento da medida liminar com a expedição de alvará de


soltura, subsidiariamente, a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão. Ao final, a concessão da
ordem (mov. 1.1 – autos de segundo grau).

A medida liminar foi indeferida (mov. 11.1 – autos de segundo grau).

A Procuradoria Geral de Justiça manifestou-se pelo conhecimento e denegação da


ordem (mov. 17.1 - autos TJ).

Vieram os autos conclusos.

É o relatório.

II. VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO

Presentes os pressupostos de admissibilidade, o presente habeas corpus deve ser


conhecido.

Todavia, não é o caso de concessão da ordem.

Extrai-se dos autos que o paciente foi preso em flagrante no dia 15 de novembro
de 2023, por suposta prática do crime de roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas, previsto no
artigo 157, §2º, II do Código Penal, tendo sua prisão convertida em preventiva e indeferido o pedido de
sua revogação.

É assente que “o decreto de prisão cautelar há de se apoiar nas circunstâncias


fáticas do caso concreto, evidenciando que a soltura, ou a manutenção em liberdade, do agente
implicará risco à ordem pública, à ordem econômica, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal
(CPP, art. 312)” (HC 129554, Relatora ROSA WEBER, Primeira Turma, j. 29/09/2015).

Afigura-se imprescindível, assim, que os requisitos autorizadores elencados no


artigo 312 do Código de Processo Penal sejam demonstrados com base em elementos concretos.

No caso está presente o fumus comissi delicti, pois se verificam a prova da


materialidade e indícios suficientes de autoria delitiva demonstrados por meio do boletim de ocorrência
(mov. 1.19); auto de prisão em flagrante (mov. 1.4); declarações dos policiais militares (movs. 1.6 e 1.8);
auto de apreensão (mov 1.11); declaração da vítima (mov. 1.10); interrogatório dos acusados (movs. 1.14
e 1.17 – autos de origem).

Verifica-se dos autos que a situação de flagrância que resultou na prisão do


paciente se deu, em resumo, em virtude de acionamento da Polícia Militar pela vítima, eis que teve seu
celular subtraído por dois indivíduos na Cidade dos Lagos, os quais teriam dado voz de assalto e a
ameaçado, fazendo menção de estarem armados (com a mão por debaixo da jaqueta). Consta que durante

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a confecção do boletim de ocorrência, os policiais receberam informação, via Copom, de que dois
indivíduos saíram de uma área de mata, os quais foram abordados e identificados como sendo os autores
do assalto, de modo que o celular da ofendida foi localizado na posse do corréu Ricardo.

Na decisão que decretou a prisão preventiva do paciente, a Magistrada


fundamentou o periculum libertatis nos seguintes termos:

“[...] 3. Analisando os autos, a prova da materialidade e os indícios de autoria


emergem do auto de prisão em flagrante (evento 1.4), auto de exibição e
apreensão (evento 1.11), boletim de ocorrência (evento. 1.19), além dos
depoimentos das testemunhas.

Em interrogatório perante a Autoridade Policial, o custodiado Ricardo


permaneceu em silêncio (evento 1.14). Já o custodiado Allan relatou que conheceu
Ricardo nesta data em que foi preso, e negou a subtração do bem (evento 1.17).

A vítima quando ouvida perante a Autoridade Policial relatou o que conta em


Boletim de Ocorrência e ainda relatou que viu os indivíduos que foram
abordados pela polícia militar, e afirmou que foram ambos quem lhe assaltaram.
A vítima também reconheceu o aparelho celular que estava de posse de Ricardo.
Logo, resta verossímil a perfectibilização da ação criminosa no caso concreto de
forma organizada e bem estruturada. De outro lado, no que tange aos
fundamentos da decretação da prisão preventiva, de acordo com a primeira parte
do artigo 312 do Código de Processo Penal, analisando as circunstâncias em que
se deu a prática delitiva, denota-se que a prisão cautelar do indiciado é necessária
para a garantia da ordem pública, de modo que a prisão tem por finalidade evitar
a reiteração criminosa. Tangente às hipóteses de cabimento da prisão preventiva,
e fazendo reporte ao artigo 313 e incisos do Código de Processo Penal, tem-se que
a reclusão do agente no caso posto encontra cabimento no inciso I do art. 313, do
Código de Processo Penal. Apesar de ambos os custodiados serem tecnicamente
primários, veja-se que a pena máxima para o delito em comento é superior a 04
(quatro) anos, conforme artigo 157, §2º, inciso II do Código Penal. Ademais, resta
evidenciada que a aplicação de qualquer uma das medidas cautelares
estabelecidas no artigo 319, do Código de Processo Penal se revela insuficiente,
pois nenhuma delas é suficiente para assegurar a ordem pública, a paz social e
evitar a reiteração criminosa. Ante o exposto, CONVERTO a PRISÃO EM
FLAGRANTE de ALLAN CHRISTIAN RIBEIRO DE JESUS e RICARDO
GONÇALVES OLIVEIRA em PRISÃO PREVENTIVA, nos termos dos arts. 312 e
313, inciso I, ambos do Código de Processo Penal.” (destaques no original).

E a decisão que manteve a prisão preventiva alicerçou-se nos seguintes


fundamentos:

“[...] 2. Assim, entendo que referente ao pleito de revogação de prisão preventiva


do requerente, reporto-me à r. decisão proferida em 16/11/2023, no evento 18.1
dos autos principais, cujos fundamentos adoto como razão de decidir, haja vista a
ausência de alteração fática apta a modificá-los.

Ressalto que a prisão em flagrante do requerente decorreu logo após o cometido


do crime de roubo majorado de um aparelho celular. Assim, para a manutenção de
sua prisão preventiva, deve-se considerar as provas juntadas na ação principal,
como a declaração da vítima, o boletim de ocorrência e o celular apreendido em
posse de Ricardo, o qual estava junto do requerente quando da prática criminosa.

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Notório que tratam-se de fatos graves, uma vez que a vítima narrou perante a
Autoridade Policial que o requerente e a pessoa de Ricardo lhe abordaram em
via pública a roubaram seu aparelho celular, vez que forçaram a subtração do
bem, e ainda, ameaçaram a vítima caso ela reagisse.

Além do mais, não houve alteração da situação fática desde a decisão que
decretou a prisão preventiva, capaz de justificar sua modificação, permanecendo
válidos também os argumentos deduzidos naquele decisum.

Importante ressaltar que as condições subjetivas favoráveis como trabalho lícito,


e primariedade, por si sós, não obstam a segregação cautelar, quando presentes
os requisitos legais para a decretação da prisão preventiva, como no caso nos
autos. Outrossim, diante da natureza do caso e consoante a fundamentação acima,
revelam-se inadequadas e insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão,
porquanto nenhuma delas é suficiente para acautelar, in casu, a ordem pública e a
instrução processual. 3. Posto isso, considerando tais circunstâncias, INDEFIRO
o pedido formulado pela defesa, mantendo a prisão preventiva de Allan Christian
Ribeiro de Jesus.” (destacou-se)

Com efeito, os motivos ensejadores da prisão preventiva foram demonstrados de


forma suficiente pelo Juízo.

Isso porque, a decisão fez referências que transbordam a mera gravidade em


abstrato do delito, demonstrando a necessidade de acautelar a ordem pública, tendo em vista o modus
operandi empregado pelo paciente e seu comparsa, eis que ameaçaram a vítima para que não reagisse, de
modo a obrigá-la a entregar-lhes o aparelho celular, o que revela a periculosidade do agente.

A propósito, a manifestação da douta Procuradoria Geral de Justiça:

“É de se ver que a segregação cautelar do paciente se faz necessária, haja vista a


sua periculosidade, diante do modus operandi, pois o paciente, em tese, perpetrou
o roubo em concurso de agentes, mediante grave ameaça, dizendo “perdeu,
perdeu” e “fica quieta se não eu te sapeco”, bem como por ser portador de
anotações criminais3 . [...] Considerando que a prisão preventiva foi decretada
como garantia da ordem pública, descabidas as medidas alternativas diversas da
prisão previstas no artigo 319 do código de Processo Penal, pois insuficientes na
situação concretamente examinada, haja vista a gravidade concreta da conduta
perpetrada.”

Neste sentido, esta Corte:

HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE AGENTES.


PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA PARA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
PRETENSÃO DE REVOGAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. AVENTADA
INEXISTÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA E APTA A JUSTIFICAR O
DECRETO PRISIONAL. REJEIÇÃO. DECISÃO ATACADA QUE APONTOU A
PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS AUTORIZADORES DO
ENCARCERAMENTO PREVENTIVO. GRAVIDADE CONCRETA DA
CONDUTA EM TESE PRATICADA MEDIANTE GRAVE AMEAÇA À
VÍTIMA, EM CONCURSO DE TRÊS AGENTES. PREVENÇÃO
EXCEPCIONAL SUFICIENTEMENTE JUSTIFICADA. PRECEDENTES.
INAPLICABILIDADE DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. CONDIÇÕES
PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO CONFIGURADO. DECISÃO MANTIDA. ORDEM CONHECIDA E
DENEGADA.I – A prisão preventiva, embora seja considerada exceção, pode ser
decretada quando demonstrada a sua real indispensabilidade para o efeito de

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acautelar a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal
(artigo 312 do Código de Processo Penal).II – O fumus comissi delicti
(comprovação da existência do crime e indícios de autoria) e o periculum
libertatis (perigo concreto causado pela permanência do agente em liberdade)
estão devidamente evidenciados na decisão que decretou a constrição cautelar do
paciente. III – No particular, a imprescindibilidade da prisão preventiva está
amparada pela gravidade concreta do delito, em tese, praticado, de roubo
majorado pelo concurso de agentes, bem como da possibilidade de reiteração
delitiva. Isso porque, mencionado delito foi praticado, supostamente, mediante
grave ameaça à vítima, exercida com emprego de simulacro de arma de fogo.
Importante ressaltar que, embora tenha sido apreendido o simulacro,
supostamente, com o paciente e o investigado Jhon Erick da Cruz Moraes, o
ofendido J. C. da S., durante seu depoimento colhido em sede inquisitorial,
informou ter acreditado se tratar de um armamento verdadeiro, o que, a princípio,
reforça a configuração da elementar supracitada. IV – É indevida a aplicação de
medidas cautelares diversas da prisão quando esta encontra-se justificada na
gravidade concreta do delito e na periculosidade social do acusado, indicando que
as providências menos gravosas seriam insuficientes para acautelar a ordem
pública V – Conforme entendimento jurisprudencial consolidado, as condições
subjetivas favoráveis do paciente não têm o condão de, por si sós, afastar a
segregação cautelar, mormente quando preenchidos os requisitos elencados nos
artigos 312 e 313 do Código do Processo Penal. (TJPR - 4ª Câmara Criminal -
0026536-27.2023.8.16.0000 - Guarapuava - Rel.: DESEMBARGADOR CELSO
JAIR MAINARDI - J. 15.05.2023).

Ademais, como amplamente consabido, a prisão preventiva não representa


antecipação da culpabilidade do agente, mas se fundamenta, como no caso em exame, na necessidade de
garantia da ordem pública, razão pela qual não viola o princípio constitucional da presunção de inocência
(CF, art. 5.º, LVII). Confira-se:

HABEAS CORPUS” – artigo 33, “caput”, da Lei nº 11.343/2006 – ALEGADO


CONSTRANGIMENTO ILEGAL – AUSÊNCIA DE REQUISITOS
AUTORIZADORES DA SEGREGAÇÃO CAUTELAR – PRISÃO PREVENTIVA -
FUNDAMENTO NA HIPÓTESE CONTIDA NO ARTIGO 312 DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL – GRAVIDADE CONCRETA DA CONDUTA -
QUANTIDADE EXPRESSIVA DE DROGA (MAIS DE CINCO TONELADAS DE
“MACONHA”) ALIADA ÀS CIRCUNSTÂNCIAS DA PRISÃO QUE AUTORIZAM
A SEGREGAÇÃO CAUTELAR – DECRETO DA PRISÃO CAUTELAR
DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA –
IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS
DA PRISÃO - OFENSA AO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA –
SEGREGAÇÃO QUE NÃO INDUZ CULPA, MAS NECESSIDADE DE
ORDEM PÚBLICA - CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS – IRRELEVÂNCIA
- INOCORRÊNCIA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DA CARTA
MAGNA - AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL –
DESPROPORCIONALIDADE DA CUSTÓDIA - IMPOSSIBILIDADE DE
AFERIÇÃO PELA VIA ELEITA - NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA – ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESTA,
DENEGADA. (TJPR - 4ª Câmara Criminal - 0081798-59.2023.8.16.0000 - Irati
- Rel.: DESEMBARGADOR CARVILIO DA SILVEIRA FILHO - J. 27.11.2023).

Logo, é notória a insuficiência de aplicação de outras medidas cautelares diversas


da prisão, o que evidencia o risco gerado pela colocação do paciente em liberdade, até porque existe
notícia de ameaça à vitima.

Ademais, cumpre ressaltar que mesmo as alegadas condições pessoais favoráveis


do paciente (primariedade, residência fixa e trabalho lícito) não possuem o condão de, por si sós, conduzi-

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lo à liberdade se os fundamentos da prisão preventiva são válidos e demonstram a necessidade de sua
manutenção.

Neste sentido, o STJ:

“A presença de circunstâncias pessoais favoráveis, tais como ocupação lícita e


residência fixa, não tem o condão de garantir a revogação da prisão se há nos
autos elementos hábeis a justificar a imposição da segregação cautelar, como na
hipótese. Pela mesma razão, não há que se falar em possibilidade de aplicação de
medidas cautelares diversas da prisão.” (AgRg no HC 579.351/RJ, Rel. Ministro
FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2020, DJe 08/09/2020).

Quanto à alegação de que o paciente é o único provedor de suas filhas menores,


não trouxe aos autos qualquer comprovação neste sentido. Ademais, tanto em seu interrogatório na fase
policial quanto durante a audiência de custódia, o paciente declarou que suas filhas estão sob os cuidados
da genitora, não havendo dependentes sob sua responsabilidade. Assim, ante a ausência de comprovação
de que é imprescindível ao sustento das menores, não há como acolher o pedido.

Desta Corte:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES – ART. 33, CAPUT, DA


LEI N.º 11.343/2006. PRISÃO PREVENTIVA – GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA – INDÍCIOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVA
DEMONSTRADOS – APREENSÃO DE CONSIDERÁVEL QUANTIDADE E
VARIEDADE DE ENTORPECENTES ALTAMENTE LESIVOS – PACIENTE COM
ANTECEDENTES INFRACIONAIS – DECISÃO DEVIDAMENTE
FUNDAMENTADA EM ELEMENTOS CONCRETOS. PLEITO PELA
LIBERDADADE ANTE A ALEGADA CONDIÇÃO DO PACIENTE DE
PROVEDOR DO SUSTENTO DA FILHA MENOR – IMPOSSIBILIDADE –
AUSÊNCIA DE PROVA CABAL DE QUE A GENITORA NÃO POSSUI
CONDIÇÕES DE PROVER O SUSTENTO DA INFANTE. REQUERIMENTO
DA APLICAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR DIVERSA – IMPOSSIBILIDADE –
AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES PREVISTOS EM LEI.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. ORDEM CONHECIDA
E DENEGADA. (TJPR - 3ª Câmara Criminal - 0016238-44.2021.8.16.0000 -
Londrina - Rel.: JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU
ANTONIO CARLOS CHOMA - J. 20.04.2021).

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E POSSE ILEGAL DE ARMA DE


FOGO DE USO RESTRITO (ART. 33, CAPUT, DA LEI 11.343/06 E ART. 16, §1º,
INC. IV, DA LEI 10.826/03). [...]. PLEITO DE CONCESSÃO DE LIBERDADE
/PRISÃO DOMICILIAR POR SER O PACIENTE GENITOR DE FILHOS
MENORES. INVIABILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA
NECESSIDADE DO GENITOR AOS CUIDADOS DA PROLE.
INSUFICIÊNCIA DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES. ORDEM CONHECIDA
E DENEGADA. (TJPR - 3ª Câmara Criminal - 0081781-23.2023.8.16.0000 -
Marmeleiro - Rel.: DESEMBARGADOR MARIO NINI AZZOLINI - J. 25.09.2023).

Assim, não se constata ilegalidade na prisão preventiva, visto que as circunstâncias


do caso demonstram a presença do perigo gerado pelo estado de liberdade do paciente e a necessidade de
garantia da ordem pública, não sendo cabível a sua substituição por medida cautelar diversa.

Conclusão

O voto, portanto, é para conhecer e denegar a ordem, nos termos da


fundamentação.

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III. DISPOSITIVO

Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 3ª Câmara Criminal do


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar DENEGADO O
HABEAS CORPUS o recurso de ALLAN CHRISTIAN RIBEIRO DE JESUS.

O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador José Américo Penteado De


Carvalho, sem voto, e dele participaram Desembargadora Cristiane Tereza Willy Ferrari (relator),
Desembargador Substituto Antonio Carlos Choma e Desembargador João Domingos Kuster Puppi.

Curitiba, 26 de janeiro de 2024.

DESª. CRISTIANE TEREZA WILLY FERRARI


Relatora

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