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10.

º PERÍODO

PRÁTICA PROCESSUAL
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Professor Pierry Souza Abrantes


APELAÇÃO

> Fundamento: artigos 593 do CPP e 82 da Lei 9.099/95 (JECRIM).

> Conceito: com base no artigo 593 do CPP, podemos dizer que é o recurso cabível
contra as seguintes decisões: a) definitivas de absolvição ou condenação, proferidas
por juiz singular (de primeira instância); b) do Tribunal do Júri[1], nas hipóteses
previstas no artigo 593, III, do CPP; c) definitivas, quando não for o caso de “rese”
(portanto, residual) [2]; d) com força de definitivas ou interlocutórias mistas, salvo na
hipótese de “rese”.

[1] Decisões em plenário, por Conselho de Sentença (jurados).

[2] Para não confundir as hipóteses de “rese” com as de apelação, entenda: o recurso
em sentido estrito é cabível somente naquelas situações elencadas no artigo 581 do
CPP (exceção: há um “rese” no CTB). Caso o problema não se encaixe em nenhum
dos incisos, a peça cabível será a apelação, que funciona de forma residual.
Prazo: para a interposição, 05 (cinco) dias; para as razões, 08 (oito) – salvo
nos processos de contravenção, em que o prazo será de 03 (três) dias. As
razões podem ser oferecidas diretamente ao Tribunal (artigo 600, § 4º, CPP).
Se o processo for de competência do JECRIM, o prazo será de 10 (dez) dias
(artigo 82, § 1º, da Lei 9.099/95).

Como identificá-lo: o problema certamente dirá que o acusado foi intimado


da sentença condenatória.

Dica: se a condenação for resultante de julgamento do Tribunal do Júri,


caberá apelação quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a
sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de
segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos
autos. Atenção ao pedido: na hipótese “a”, deverá ser pedida a anulação de
todos os atos desde o vício; sendo “b” ou “c”, deverá ser pedida a retificação
ao Tribunal; por fim, se “d” fundamentar a apelação, deverá ser requerida a
realização de um novo júri.
Importante: ao contrário da sentença de pronúncia, em que a peça
cabível é o “rese” (artigo 581, IV, CPP), contra a sentença de
impronúncia ou de absolvição sumária a peça adequada é a apelação
(artigo 416 do CPP).
Problema modelo

João foi acusado de ter subtraído, no dia 5 de janeiro de 2003, vinte mil
dólares de seu pai, Fábio, com cinqüenta e oito anos de idade. Houve
proposta de suspensão condicional do processo, não aceita pelo acusado.
Ouvidas duas testemunhas de acusação, disseram que, realmente, houve a
subtração, por elas presenciada. O pai, vítima, confirmou o fato e a
propriedade dos dólares. Por outro lado, o acusado e duas testemunhas de
defesa afirmaram que os dólares não pertenciam ao pai do acusado, mas à
sua mãe, que, antes de falecer, os dera para o filho. Não foi juntada prova
documental a respeito da propriedade do dinheiro. O juiz, no dia 4 de janeiro
de 2005, condenou João pelo crime de furto simples às penas de 1 (um) ano
de reclusão e 10 dias-multa, no valor mínimo, substituindo a pena de reclusão
pela restritiva de direitos consistente em prestação de serviços à comunidade.
QUESTÃO: Como advogado de João, verifique o que pode ser feito em sua
defesa e, de forma fundamentada, postule o que for de seu interesse por meio
de peça adequada.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE ____.

Processo número: ____.

JOÃO, já qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe, por seu advogado,
nos autos da ação penal que lhe move o Ministério Público, não se conformando, “data
vênia”, com a respeitável sentença condenatória, vem respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no artigo 593, I, do
Código de Processo Penal.

Destarte, requer seja recebida e processada a presente apelação, e, posteriormente,


encaminhada ao Egrégio Tribunal de Justiça.

Termos em que, pede deferimento.

Comarca, data.

Advogado
OAB/____ n. ____.
Razões de Apelação

Apelante: João
Apelado: Ministério Público.
Processo n.:____.

Egrégio Tribunal de Justiça,


Colenda Câmara,
Douta Procuradoria de Justiça,

Em que pese o ilibado saber jurídico do Meritíssimo Juiz de Direito da ____


Vara Criminal da Comarca ____, a respeitável sentença penal condenatória
não merece prosperar pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
I- DOS FATOS

Segundo a denúncia, no dia 05 de janeiro de 2003, o apelante teria subtraído


a quantia de vinte mil dólares pertencentes ao Sr. Fábio, seu genitor, que
possuía 58 (cinquenta e oito) anos na data dos fatos.

Por essa razão, o Ministério Público ofereceu denúncia em seu desfavor (fls.
____/____), com fulcro no artigo 155 do Código Penal.

Encerrada a instrução, o Meritíssimo Juiz da ____ Vara Criminal da Comarca


____ condenou o apelante à pena de 01 (um) ano de reclusão e 10 (dez)
dias-multa pela prática do crime de furto.
II – DO DIREITO

Entretanto, a respeitável peça acusatória não merece prosperar, pois não está
em harmonia com os ditames legais.

Isso porque, de acordo com o artigo 181, II, do Código Penal, é isento de pena
quem comete o crime de furto em prejuízo de “ascendente ou descendente, seja
o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural”.

No caso em debate, temos, indubitavelmente, a ocorrência da causa de isenção


de pena do artigo 181, II, do Código Penal, pois réu e vítima são,
respectivamente, filho e pai.

Ademais, vale ressaltar que a suposta vítima possuía 58 (cinquenta e oito) anos
na data dos fatos. Logo, está excluída a incidência do artigo 183, III, do Código
Penal.
III – DO PEDIDO

“Ex positis”, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para que se
determine a absolvição do apelante, com fundamento no artigo 386, VI, do
Código de Processo Penal, como medida de Justiça.

Termos em que,

Pede deferimento.

Comarca, data.

Advogado,

OAB/____ n. ____.
PROBLEMA

Xisto e Peter combinaram entre si a prática de furto qualificado, consistente


na subtração, mediante arrombamento, do toca-fitas de veículo estacionado
na via pública. Ao iniciarem o furto, aparece o dono do veículo. Xisto sai
correndo, enquanto Peter enfrenta a vítima e, usando de uma arma de fogo
que portava, o que não era do conhecimento de Xisto, vem a matar a vítima.
A sentença condenatória do MM. Juiz de Direito da 5.ª Vara Criminal da
Capital aplicou a pena de 20 anos a cada um dos acusados. Os advogados
foram intimados da decisão há dois dias.

QUESTÃO: Na qualidade de defensor de Xisto, apresentar a peça jurídica


competente.

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