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25/03/2023, 16:32 Evento 14 - RELVOTO1

Poder Judiciário
CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL
Turma Nacional de Uniformização
SCES, TRECHO 3, Setor de Clubes Esportivos Sul - Polo 8 - Lote 9 - Bairro: Asa Sul - CEP:
70200-003 - Fone: (61) 3022-7000 - www.cjf.jus.br - Email: turma.uniformi@cjf.jus.br

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI


(TURMA) Nº 5130862-67.2021.4.02.5101/RJ
RELATOR: JUIZ FEDERAL FRANCISCO GLAUBER PESSOA ALVES
REQUERENTE: UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO
REQUERIDO: HENRIETE DE ALMEIDA AZEVEDO

RELATÓRIO

Vistos...

Cuida-se de Incidente de Uniformização Nacional


interposto pela UNIÃO contra acórdão exarado pela 8ª TRSJRJ na Ação
Especial Cível movida por HENRIETE DE ALMEIDA AZEVEDO

Aduz:  a)  a 8ª TRSJRJ  entendeu devido o pagamento em


dobro da Gratificação de Desempenho de Atividades Médicas da
Carreira da Previdência – (GDM-PST) aos médicos com jornada de
trabalho de 40 (quarenta) horas, devendo o valor da rubrica ser
correspondente ao dobro do valor pago aos médicos com jornada
semanal de 20 (vinte) horas de trabalho; b) não é devido o pagamento
em dobro da Gratificação de Desempenho de Atividades Médicas da
Carreira da Previdência – (GDM-PST) aos médicos com jornada de
trabalho de 40 (quarenta) horas, ao argumento de que tal procedimento
viola o princípio da reserva legal previsto no art. 37, inc. X, da
Constituição Federal e que a produtividade na jornada de 40 horas não é,
necessariamente o dobro daquela obtida na jornada de 20 horas; c)
dissenso jurisprudencial em face de precedente da 2ª TRSJDF, processo
n. 0091505-04.2014.4.01.3400.

Em contrarrazões (CONTRAZ58), a parte adversa defende


que a decisão da turma de origem está em sintonia com jurisprudência
remansosa do STJ. 

Inadmitido o incidente de uniformização na origem


(DESPADEC60), o demandante interpôs agravo. Remetido o feito a esta
Turma Nacional, houve o conhecimento do agravo e a admissão do
incidente de uniformização (DESPADEC1), vindo-me os autos
distribuídos.

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Era o que cumpria historiar.

VOTO

Consoante art. 14 da Lei n. 10.259/2001, “Caberá pedido


de uniformização de interpretação de lei federal quando houver
divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidas
por Turmas Recursais na interpretação da lei”.

Nos termos do art. 12, § 1º, do Regimento Interno desta


Turma Nacional de Uniformização (Resolução nº 586, de 30 de
setembro de 2019), cumpre ao autor do Pedido de Uniformização
demonstrar, quanto à questão de direito material, a existência de
divergência na interpretação da lei federal entre a decisão recorrida e
decisão proferida por Turma Recursal ou Regional vinculadas a outro
Tribunal Regional Federal ou súmula ou entendimento dominante do
Superior Tribunal de Justiça ou da Turma Nacional de Uniformização.

Diz o acórdão combatido (RELVOTO51):

“Trata-se de recurso interposto pela União em face da sentença


proferida no evento 20, verbis:

"Trata-se de demanda em que a parte autora, na qualidade de


servidora vinculada ao Ministério da Saúde, no cargo de médico,
requer que a parte ré proceda à correção do valor que recebe, a título
da gratificação de desempenho GDM-PST, com as implicações
monetárias daí decorrentes.

Aduz que recebe a gratificação de desempenho específica para a


carreira, qual seja, a GDM-PST, mas entende que o valor da mesma
não se apresenta adequado.

Contestação (evento 7). Arguida a prescrição. Junta documentos do


Instituto Nacional de Cardiologia (evento 13, ofic3, ofic4),
sinalizando que a alteração da sua jornada de trabalho já havia sido
implementada.

Réplica (evento 18), reiterando os termos da exordial.

Este é o sucinto relatório, na forma autorizada pelo art. 38 da Lei nº


9.099/95, subsidiariamente aplicada.

Na eventualidade de ser julgado procedente o pedido autoral, deve-se


reconhecer, in casu, a prescrição da pretensão autoral quanto aos
pagamentosrealizados no período que antecedeu o quinquênio
pretérito ao ajuizamento da ação.

Trata-se de ação objetivando a incorporação da Gratificação de


Desempenho de Atividades Médicas (GDM-PST) na 2ª jornada de
trabalho, no mesmo valor pago hoje na 1ª jornada de trabalho, e
pagamento dos respectivos atrasados, respeitando prescrição
quinquenal.

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A questão se relaciona ao cálculo da gratificação de desempenho de


atividades médicas para os servidores que cumpriam jornada de 40
(quarenta) horas semanais que, para a autora, ao optar pelo
REGIME DE DUPLA JORNADA, em uma mesma matrícula, nos
termos da Lei nº 9.436/1997, deveria perceber o equivalente ao dobro
do valor do ponto pago aos servidores médicos que trabalham apenas
20 horas semanais, portanto, o valor equivalente a DUAS
JORNADAS.

Conforme relatado, a parte autora autora optou peleo regime de


dupla jornada, contudo o pagamento não está observando o que a
norma preconiza.

A Lei nºA Lei nº 9.436/1997, posteriormente revogada pela Lei


12.702/2012, estabeleceu a jornada de trabalho do servidor ocupante
do cargo de médico em quatro horas diárias (20 horas semanais),
podendo o servidor optar pelo regime de quarenta horas. De acordo
com o §2º do art.1º, a “opção pelo regime de quarenta horas
semanais de trabalho corresponde a um cargo efetivo com duas
jornadas de vinte horas semanais de trabalho”.

Na presente hipótese, a demandante deveria perceber o equivalente


ao dobro do valor do ponto pago aos servidores médicos que
trabalham apenas 20 horas semanais, portanto, o valor equivalente a
DUAS JORNADAS,nos termos da Lei nº 9.436/1997, situação que
não está sendo cumprida pela parte ré.

Os artigos 41 a 44 da Lei nº 12.702/2012 estabeleceram tabelas de


remuneração diversas, inclusive quanto à Gratificação de esempenho
de Atividade Médica – GDM, uma para os profissionais que sob o
regime de 20 horas semanais e outra para os que optassem pela
jornada de 40 horas. 

De acordo com anexo XLV da Lei nº 12.702/12, o vencimento básico


dos servidores que optaram pelo regime de 40 horas semanais
equivale ao dobro do que é percebido pelos servidores médicos com
jornada de 20 horas.  No que pertine à GDM, entretanto, à jornada
de 40 horas foi atribuído valor superior, mas não o dobro do valor
atribuído à jornada de 20 horas, sendo este o motivo da irresignação
autoral.

Neste aspecto, resta evidenciado que inexiste motivação plausível


para que os critérios utilizados para o vencimento básico não
alcancem o escalonamento da gratificação de desempenho.

O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento segundo o


qual "os servidores públicos da área de saúde que optaram pelo
regime de trabalho de 40 (quarenta) horas semanais, nos termos da
Lei n. 9.436/97, possuem direito aos benefícios em relação ao
vencimento de duas jornadas de 20 (vinte) horas semanais" (STJ,
REsp 1.568.559/PB, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira
Turma, DJe 06/04/2018). Nesse contexto aplicável, também, o
entendimento abaixo transcrito, in verbis:

RECURSO CÍVEL Nº 5045579-13.2020.4.02.5101/RJ

RELATORA: JUÍZA FEDERAL DANIELLA ROCHA SANTOS


FERREIRA DE SOUZA MOTTA- 8ª Turma Recursal-RJ

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SERVIDOR. CARGA DE 40 HORAS SEMANAIS. REVISÃO DA


GDM. O VALOR DO PONTO DA GRATIFICAÇÃO DEVE
CORRESPONDER AO DOBRO DO QUE É PAGO AOS MÉDICOS
QUE EXERCEM A JORNADA DE TRABALHO DE 20 (VINTE)
HORAS SEMANAIS. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DO STJ.
LEI 12.702/2012 TRAZ O VENCIMENTO BÁSICO DO MÉDICO DE
40 HORAS SEMANAIS DE FORMA DOBRADA EM RELAÇÃO AO
DE 20 HORAS SEMANAIS. NO ENTANTO EM RELAÇÃO AO

VALOR DO PONTO DA GDM O DO MÉDICO DE 40 HORAS


SEMANAIS FOI FIXADO EM VALOR BEM INFERIOR AO DOBRO
DO VALOR DO PONTO DA GDM DO MÉDICO DE 20 HORAS
SEMANAIS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.
PRECEDENTE ESPECÍFICO DO STJ SOBRE A GDM,
REITERANDO O ENTENDIMENTO JÁ CONSOLIDADO.

RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

ACÓRDÃO

A 8ª Turma Recursal do Rio de Janeiro decidiu, por unanimidade,


CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo a
sentença. Condeno a parte recorrente vencida, em honorários de 10%
sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55 da Lei 9099/95.
Publique-se. Intime-se. Transitado em julgado, dê-se baixa, com
retorno dos autos à origem, nos termos do voto do(a)

Relator(a).

Rio de Janeiro, 13 de abril de 2021.

PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. MÉDICO.


FUNASA. CORREÇÃO MONETÁRIA. ACÓRDÃO EM
CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA
CORTE.INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 83 DA SÚMULA DO
STJ.

I - O acórdão ora recorrido encontra-se em consonância com o


entendimento desta Corte Superior, o qual é firme no sentido de que
os servidores públicos da área de saúde que optaram pelo regime de
trabalho de 40 horas semanais, nos termos da Lei n. 9.436/97,
possuem direito aos benefícios em relação ao vencimento de duas
jornadas de 20 horas semanais, inclusive gratificações.

Nesse sentido: REsp n. 1.568.559/PB, Rel. Ministra Regina Helena


Costa, Primeira Turma, julgado em 20/3/2018, DJe 6/4/2018; REsp
n.1.694.654/RJ, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma,
julgado em 21/11/2017, DJe 19/12/2017; AgRg no AREsp n.
735.173/PB, Rel.Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
julgado em 1/10/2015, DJe 7/10/2015; AgRg no AREsp n.
593.441/PB, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, julgado em 11/11/2014, DJe 18/11/2014. Grifei

II - Quanto à correção monetária, é imperioso destacar que a


Primeira Seção desta Corte Superior, no julgamento dos REsps
n.1.495.146/MG, 1.492.221/PR e 1.495.144/RS (Tema n. 905), DJe de
20/3/2018, consolidou o entendimento no sentido de que o art. 1º-F
da Lei n. 9.494/97 (com redação dada pela Lei n. 11.960/2009), para

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fins de correção monetária, não é aplicável nas condenações


judiciais impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua
natureza.

III - Assim, com relação às condenações judiciais referentes a


servidores e empregados públicos, a partir de julho de 2009, o índice
que deve ser utilizado para fins de atualização monetária do débito é
o IPCA-E, uma vez que a condenação ocorreu em maio de 2006.
Nesse sentido: REsp n. 1.495.144/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques,Primeira Seção, julgado em 22/2/2018, DJe 20/3/2018.

IV - Na hipótese, o Tribunal a quo, à fl. 194, estabeleceu que a


correção monetária deverá seguir as orientações do Manual de
Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal
vigente à época do trânsito em julgado do título executivo, que,
conforme informado pela própria recorrente, adota o IPCA-E como
índice de correção monetária.

V - Confira-se (fl. 266): "Assim, a decisão recorrida ao determinar a


aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal, que adota o
IPCA-E, como índice de correção monetária, afastando a TR ao
fundamento da existência de declaração de inconstitucionalidade,
contraria não somente o art.1º F, da Lei 9494/97 com a redação dada
pela Lei 11.960/2009, mas como também o art. 27 da Lei nº 9.868/99
e ainda o art. 102, § 2º, da Constituição Federal." VI - Desse modo,
não merece reparos o acórdão ora recorrido.

Aplica-se, à espécie, o enunciado da Súmula n. 83/STJ: "Não se


conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação
do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida."
Ressalte-se que o teor do referido enunciado aplica-se, inclusive, aos
recursos especiais interpostos com fundamento na alínea a do
permissivo constitucional. O sobrestamento dosprocessos, nos casos
em que não há determinação para tanto, é faculdade do Relator.

VII - Agravo interno improvido.

(STJ, AgInt no REsp 1721271/PE, Rel. Ministro FRANCISCO


FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/08/2020, DJe
14/08/2020)

ADMINISTRATIVO. MÉDICO. LEI Nº 12.702/2012. GDM. DUPLA


JORNADA DE 20 HORAS SEMANAIS. POSSIBILIDADE. Correta a
sentença proferida em consonância com o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça no sentido de que "os servidores públicos da área
de saúde que optaram pelo regime de trabalho de 40 (quarenta)
horas semanais, nos termos da Lei n. 9.436/97, possuem direito aos
benefícios em relação ao vencimento de duas jornadas de 20 (vinte)
horas semanais" (STJ, REsp 1.568.559/PB, Rel. Ministra Regina 
Helena Costa, Primeira Turma, DJe6/4/2018). Apelação desprovida."
(TRF da 2ª Região - 6ª Turma Especializada -
APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5101455-
84.2019.4.02.5101 - Relator: Desembargador Federal GUILHERME
COUTO DE CASTRO - Decisão de 27/07/2020).

Ante o exposto, na forma da fundamentação supra, JULGO


PROCEDENTES OS PEDIDOS, nos termos do art. 487, I, do CPC,
para declarar o direito da parte autora receber a GDM-PST na 2ª

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jornada de trabalho, no mesmo valor pago hoje na 1ª jornada de


trabalho, condenando a ré a implementar na folha de pagamento da
parte autora a referida gratificação nestes termos, bem como pagar à
demandante os valores atrasados devidos, respeitada a prescrição
quinquenal e descontada eventual parcela já recebida a esse título,
desde que devidamente comprovado pela parte ré.

Nas condenações impostas à Fazenda Nacional, não se tratando de


ações previdenciárias ou tributárias, os valores serão corrigidos
conforme Tabela do Conselho da Justiça Federal (IPCA-E do IBGE,
salvo modificação posterior da tabela) e acrescidos de juros de mora,
calculados de acordo com os índices aplicáveis à Caderneta de
Poupança, a partir de 30/06/2009, data da entrada em vigor da Lei nº
11.960/2009, que deu nova redação ao artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97,
independentemente da data do ajuizamento da ação.

No que tange à forma de cálculo dos juros e da correção monetária,


são observadas as teses já fixadas pelo Supremo Tribunal Federal
(Tema 810) e pelo Superior Tribunal de Justiça (Tema 905), com a
aplicação dos parâmetros da Lei nº 11.960/2009.

O pagamento deverá se dar na forma do art. 17 da Lei nº 10.259/01 e


do Enunciado 52 das Turmas Recursais da Justiça Federal do Rio de
Janeiro, obedecido ao teto dos Juizados Federais na data da
distribuição do feito, consoante o Enunciado 15 do FONAJEF.
Gratuidade de justiça indeferida, por não requerida na exordial.

Custas ex lege.

Sem condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da


Lei nº 9.099/95, subsidiariamente aplicado.

Sentença assinada digitalmente.

Após, transitada em julgado, dê-se baixa e arquive-se.

P.I."

A União, em recurso, afirmou que a Lei no 12.702/2012, que


fundamenta a pretensão de reenquadramento, já contava com mais de
cinco anos de vigência quando do ajuizamento da ação, constatando-
se de plano a prescrição do fundo de direito. Alegou que a demanda
ter por objetivo a majoração da GDM-PST a título de isonomia com
Médicos que cumprem distinta jornada semanal de trabalho, sem
previsão legal que a autorize. Afirmou que não merece acolhimento o
pedido de incorporação da GDM-PST, pois inexistente direito
adquirido a regime jurídico, sendo legítima eventual extinção de tal
parcela, desde que observada a garantia da irredutibilidade de
vencimentos. Requereu a reforma da sentença com a improcedência
do pedido.

È o breve relatório

VOTO

  Não há que se falar em prescrição do fundo de direito, eis que a


ofensa supostamente praticada pela parte ré se renova mensalmente,
sendo, portanto, o caso de aplicação da Súmula nº 85 do STJ por ser

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este o modelo clássico de relação de trato sucessivo.

Nesses termos, em caso de eventual procedência do pedido e,


havendo valores devidos, estarão prescritas as parcelas anteriores ao
quinquênio que precedeu ao ajuizamento da demanda, nos termos do
Decreto nº 20.910/32.

Pois bem, quanto ao tema sabe-se que a jornada de 20 horas


semanais foi mantida pela Lei nº 12.702/2012, que instituiu a
Gratificação de Desempenho de Atividade Médica – GDM, em
substituição a gratificações anteriores, prevendo, a faculdade de
opção pela jornada de 40 horas. Contudo, não foi reiterado o
dispositivo quanto à correspondência do regime de 40 horas

com duas jornadas de vinte horas, com tabela única de remuneração.

Os artigos 41 a 44 da Lei nº 12.702/2012 estabeleceram tabelas de


remuneração diversas, inclusive quanto à GDM, uma para os
profissionais que laboram sob o regime de 20 horas semanais e outra
para os que optam pela jornada de 40 horas. 

De acordo com anexo XLV da Lei nº 12.702/12, o vencimento básico


dos servidores que optam pelo regime de 40 horas semanais equivale
ao dobro do que é percebido pelos servidores médicos com jornada
de 20 horas. 

Quanto à GDM, entretanto, à jornada de 40 horas foi atribuído valor


superior, mas não o dobro do valor atribuído à jornada de 20 horas.
Nesse ponto, reside a problemática dos autos.

Dentro desse contexto, não há justificativa razoável para que o


escalonamento dos valores da gratificação de desempenho não
obedeça ao mesmo critério previsto em lei para o vencimento básico.

Pelos documentos acostados, mostrou-se incontroverso que a parte


autora ocupava o cargo de médico com jornada de trabalho de 40
horas semanais, consoante autorização conferida pela referida lei
(evento 1).

Nesse sentido flui a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO


CIVIL. MÉDICO. JORNADA DE 40 HORAS. DUPLA JORNADA.
GRATIFICAÇÕES GDASST E GDPST. INCIDÊNCIA SOBRE
VENCIMENTOS RELATIVOS ÀS DUAS JORNADAS. ORIENTAÇÃO
CONSOLIDADA NESTA CORTE. RECURSO ESPECIAL DO
SERVIDOR PROVIDO. (Superior Tribunal de Justiça. Recurso
especial nº. 1886156 – SE. Relatado pelo Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho. Julgado em 19.08.2020. Publicado em 25.08.2020).

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL DE 1973. APLICABILIDADE. PRESCRIÇÃO
BIENAL. ART. 206, § 2º, DO CÓDIGO CIVIL. VERBAS
REMUNERATÓRIAS DE NATUREZA ALIMENTAR.
INAPLICABILIDADE. SERVIDOR PÚBLICO. ÁREA DA SAÚDE.
JORNADA DE QUARENTA HORAS. LEI N. 9.436/97.
GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE DA
SEGURIDADE SOCIAL E DO TRABALHO. GRATIFICAÇÃO DE

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DESEMPENHO DA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E


DO TRABALHO. INCIDÊNCIA SOBRE VENCIMENTOS DE DUAS
JORNADAS DE 20 (VINTE) HORAS SEMANAIS. I - Consoante o
decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em
09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da
publicação do provimento jurisdicional impugnado. In casu, aplica-se
o Código de Processo Civil de 1973. II - O conceito jurídico de
prestação alimentar constante do art. 206, § 2º, do Código Civil,
relativa à seara privada, é distinto da ideia de verbas remuneratórias
de natureza alimentar, concernente às relações de direito público, que
atraem a aplicação da prescrição quinquenal, a teor do art. 1º do
Decreto n. 20.910/32. Precedentes. III - Os servidores públicos da
área de saúde que optaram pelo regime de trabalho de 40 (quarenta)
horas semanais, nos termos da Lei n. 9.436/97, possuem direito aos
benefícios em relação ao vencimento de duas jornadas de 20 (vinte)
horas semanais. Precedentes. IV - Recurso especial improvido.
(Superior Tribunal de Justiça. Recurso especial nº. 1.568.559/PB.
Relatado pela Ministra Regina Helena Costa. Julgado à unanimidade
em 20.03.2018. Publicado em 06.04.2018).

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.


OFENSA AO ART. 535 DO CPC/1973 DEFICIÊNCIA NA
FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. SERVIDOR PÚBLICO
CIVIL. MÉDICO. REGIME DE QUARENTA HORAS SEMANAIS.
ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. REVISÃO DE ATOS
ADMINISTRATIVOS ANTERIORES À LEI 9.784/1999.
DECADÊNCIA CONFIGURADA. REEXAME. SÚMULA 7/STJ.
BASE DE CÁLCULO. VALOR DOS DOIS VENCIMENTOS BÁSICOS
RELATIVOS À DUPLA JORNADA DE VINTE HORAS SEMANAIS.
1. A parte recorrente sustenta que o art. 535 do CPC/1973 foi
violado, mas deixa de apontar, de forma clara e precisa, o vício em
que teria incorrido o acórdão impugnado. Assevera apenas ter oposto
Embargos de Declaração no Tribunal a quo, sem indicar as matérias
sobre as quais deveria pronunciar-se a instância ordinária, nem
demonstrar a relevância delas para o julgamento do feito. Incidência
da Súmula 284/STF. 2. Hipótese que o Tribunal de origem concluiu
pela ocorrência da decadência, sob o fundamento de que, "no caso
em tela, o autor cumpria jornada dupla no regime de quarenta horas
semanais desde maio de 1988. Em junho de 2005 a administração
reviu o ato de deferimento da majoração da carga horária, sob o
fundamento de ilegalidade, em face do disposto no artigo 1º,
parágrafo 3º, da Lei n° 9.436/97, vigente à época dos fatos. Contudo,
já havia decorrido o prazo decadencial de 5 anos previsto no artigo
54 da Lei n° 9.784/99, cujo termo a quo retroage à data da entrada
em vigor da referida norma, ou seja, à data de sua publicação
(1°.2.1999), fígurando-se intempestivo o procedimento da
administração" (fl. 286, e-STJ). 3. Constituído esse quadro, o exame
da suscitada não ocorrência da decadência implicaria, no aspecto,
violação da Súmula 7/STJ, que dispõe: "a pretensão de simples
reexame de prova não enseja recurso especial". 4. Ademais, tem-se
que o aresto recorrido está em sintonia com a jurisprudência do STJ,
segundo a qual "os servidores da área de saúde que optaram pelo
regime de trabalho de 40 horas semanais, nos termos da Lei
9.436/1997, possuem direito à incidência do adicional por tempo de
serviço em relação aos vencimentos dos dois turnos de 20 horas, nos
moldes do art. 1º, § 3º, do referido diploma legal" (STJ, AgRg no
AREsp 593.441/PB, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, DJe de 18/11/2014). 5. Recurso Especial

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parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. (Recurso


especial nº. 1.694.654/RJ. Relatado pelo Ministro Herman Benjamin.
Julgado à unanimidade em 21.11.2017. Publicado em 19.12.2017).

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. MÉDICO. JORNADA
DE TRABALHO DE 40 (QUARENTA) HORAS. ADICIONAL POR
TEMPO DE SERVIÇO. PADRÃO BASE CORRESPONDENTE À
DUPLA JORNADA DE 20 (VINTE) HORAS. 1. O adicional por
tempo de serviço dos médicos sujeitos a jornada semanal de trabalho
de 40 (quarenta) horas deve incidir sobre o vencimento básico do
cargo efetivo, considerado o padrão-base correspondente à dupla
jornada de 20 (vinte) horas, por força do art. 1º, § 3º, da Lei
9.436/1997 c/c art. 4º, §§ 1º e 3º, da Lei 8.216/1991. Precedente:
AgRg no AREsp 687.172/PB, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda
Turma, DJe 29/05/2015. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no
Agravo em Recurso Especial nº 735.173/PB. Relatado pelo Ministro
Benedito Gonçalves. Julgado à unanimidade em 01.10.2015.
Publicado em 07.10.2015).

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR
PÚBLICO FEDERAL. MÉDICOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAÍBA. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO
PROPORCIONAL ÀS DUAS JORNADAS DE 20 HORAS. LEI
9.436/1997. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO FIRMADO
EM SINTONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. SÚMULA
83/STJ. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. É firme o entendimento no âmbito do STJ no sentido de que os
servidores da área de saúde que optaram pelo regime de trabalho de
40 horas semanais, nos termos da Lei 9.436/1997, possuem direito à
incidência do adicional por tempo de serviço em relação aos
vencimentos dos dois turnos de 20 horas, nos moldes do art. 1º, § 3º,
do referido diploma legal. 2. Precedentes: REsp 1322490/BA, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 18/06/2013,
DJe 26/06/2013; AgRg no REsp 1053586/RJ, Rel. Ministro Marco
Aurélio Bellizze, Quinta Turma, julgado em 04/12/2012, DJe
07/12/2012; AgRg no REsp 1302578/BA, Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, julgado em 07/08/2012, DJe 14/08/2012;
REsp 1266408/PE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma,
julgado em 05/06/2012, DJe 14/06/2012; REsp 1220196/RS, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 01/09/2011,
DJe 09/09/2011. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no Agravo
em Recurso Especial nº. 593.441/PB. Relatado pelo Ministro Mauro
Campbell Marques. Julgado à unanimidade em 11.11.2

De igual forma já decidiu essa Turma Recursal:

ADMINISTRATIVO. SERVIDORES MÉDICOS. REGIME DE


TRABALHO. DUPLA JORNADA DE 20 HORAS. PAGAMENTO DE
GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO (GDM) EM DOBRO.
POSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO DO STJ. SENTENÇA
PROCEDENTE. RECURSO DA UNIÃO DESPROVIDO. SENTENÇA
MANTIDA. (RECURSO CÍVEL Nº 5004508-31.2020.4.02.5101, 8ª
Turma Recursal do Rio de Janeiro, Juíza Federal CYNTHIA LEITE
MARQUES, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM
14/04/2021)

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SERVIDOR. CARGA DE 40 HORAS SEMANAIS. REVISÃO DA


GDM. O VALOR DO PONTO DA GRATIFICAÇÃO DEVE
CORRESPONDER AO DOBRO DO QUE É PAGO AOS MÉDICOS
QUE EXERCEM A JORNADA DE TRABALHO DE 20 (VINTE)
HORAS SEMANAIS. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DO STJ.
LEI 12.702/2012 TRAZ O VENCIMENTO BÁSICO DO MÉDICO DE
40 HORAS SEMANAIS DE FORMA DOBRADA EM RELAÇÃO AO
DE 20 HORAS SEMANAIS. NO ENTANTO EM RELAÇÃO AO
VALOR DO PONTO DA GDM O DO MÉDICO DE 40 HORAS
SEMANAIS FOI FIXADO EM VALOR BEM INFERIOR AO DOBRO
DO VALOR DO PONTO DA GDM DO MÉDICO DE 20 HORAS
SEMANAIS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.
PRECEDENTE ESPECÍFICO DO STJ SOBRE A GDM,
REITERANDO O ENTENDIMENTO JÁ CONSOLIDADO.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (RECURSO CÍVEL Nº
5045579-13.2020.4.02.5101, 8ª Turma Recursal do Rio de Janeiro,
Juíza Federal DANIELLA ROCHA SANTOS FERREIRA DE SOUZA
MOTTA, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM
20/04/2021)

Pelo exposto, VOTO POR CONHECER DO RECURSO E NEGAR


PROVIMENTO AO MESMO. Condeno o recorrente em honorários
que ora arbitro em 10% sobre o valor da condenação. Intimem-se as
partes e, após o trânsito em julgado, devolvam-se os autos ao juízo de
origem.”

Por sua vez, eis o teor do paradigma transcrito nas razões


recursais:

"ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. MINISTÉRIO DA


SAÚDE. MÉDICOS. DUPLA JORNADA. GDM-PT.  PRETENSÃO
DE RECEBIMENTO EM DOBRO. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA
REFORMADA. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE.

1. Recurso da União contra sentença que acolheu o pedido inicial,


para “determinar que a parte ré conceda ao (à) autor(a) a GDM-PST
calculado sobre os vencimentos básicos correspondentes à dupla
jornada de 20 (vinte) horas, e não a apenas a uma delas, com
implantação em folha na presente data (obrigação de fazer) e
consequente pagamento das diferenças remuneratórias vencidas,
desde a sua instituição (obrigação de pagar)”. As parcelas
retroativas serão corrigidas nos termos do MCJF.

2. Esclareça-se que os autores Djalma Dias de Freitas, José Romildo


Carneiro, Léa de Freitas Pereira e Leonidas Di Piero Novais são
médicos aposentados do Ministério da Saúde, vinculados à jornada
de trabalho de 40 (quarenta) horas semanais. Alegam, todavia, que
inicialmente vinham recebendo a Gratificação de Desempenho GDM-
PST nos mesmos valores de pontos daqueles vinculados à jornada de
trabalho de 20 (vinte) horas semanais (Tabela IX, Itens “c” e “d”
anexa à Lei n. 12.702/2012). Meses depois foi estipulado um pequeno
acréscimo para os servidores vinculados à jornada de 40 (quarenta)
horas semanais (Lei n. 12.778/2012). Mas, segundo os autores esse
aumento não ocorreu de forma proporcional à jornada de trabalho.
Entendem, assim, que tem direito ao pagamento em duplicidade da
GDP-PST (parcela genérica), para que corresponda efetivamente ao
valor de duas jornadas de vinte horas semanais.

https://eproctnu.cjf.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento&doc=771661166826208127728963588046&evento=77166116682… 10/13
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3. Razões recursais: (a) incidência da prescrição quinquenal; (b)


desnecessidade da discussão quanto à natureza genérica da GDM-
PST, já que a parte não questiona a quantidade de pontos, mas o
valor recebido pelo inativo submetido a jornada de 40 horas,
comparado ao inativo que optou pela jornada de 20 horas; (c) existe
uma diferenciação entre o valor dos pontos atribuídos aos médicos
optantes pelas jornadas de 40 ou 20 horas semanais, ainda que não
corresponda exatamente ao dobro do montante do outro; (d) os
valores são estabelecidos em lei, não sendo possível “defender que o
regime jurídico-administrativo seja balizado meramente por preceitos
matematicamente proporcionais”; (e) afirma, ainda, que a pretensão
viola a SV 37 do STF; e, (f) sucessivamente, requer seja a correção
monetária e os juros de mora fixados nos termos da Lei n. 11.960/09,
tendo em vista a possibilidade
de modulação de efeitos no RE 870947.

4. Com contrarrazões.

5. Decisão. A Lei n° 12.702/12, em seu art. 39, IX, instituiu a GDM-


PST, que veio a substituir a GDPST, mantendo os mesmos critérios de
aferição por ela anteriormente estabelecidos. Ainda, o valor do ponto
para o cálculo da GDM-PST foi fixado de forma distinta para os
médicos que trabalham 20 horas ou 40 horas semanal. Não na forma
ora pretendida, ou seja, no valor equivalente ao dobro do valor do
ponto pago aos servidores médicos que trabalham apenas 20 horas
semanais e que se encontram no mesmo nível, mas há uma
diferenciação.

6. Com efeito, a própria Lei n.º 12.702/12, em seu art. 39, inciso IX,
ao instituir a Gratificação de Desempenho de Atividades Médicas da
Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho GDM-PST,
estabeleceu, no parágrafo 2º do mesmo artigo, que a mencionada
gratificação seria atribuída em função do desempenho individual do
servidor e do alcance de metas de desempenho institucional,
observando-se, consoante previsto no parágrafo 3º daquele artigo de
lei, o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta)
pontos por servidor, correspondendo cada ponto, em seus respectivos
níveis, classes, padrões e jornada de trabalho, ao valor estabelecido
no Anexo XLV.

7. Inocorrência da alegada quebra da isonomia, sob o fundamento de


que o valor da GDM-PST deveria ser diretamente proporcional à
carga horária trabalhada, primeiro porque o fator considerado para
o cálculo dessa gratificação, como já demonstrado, é a avaliação de
desempenho institucional e individual dos servidores, e não a
quantidade de horas trabalhadas, segundo porque quebra da
isonomia existiria se os médicos com dupla jornada de 20 (vinte) 
horas semanais recebessem a gratificação em valor maior do que
aqueles que cumprem apenas uma jornada de 40 (quarenta) horas
semanais, e terceiro porque, pela dobra da carga horária, a
compensação devida é o pagamento da remuneração em dobro,
conforme já previsto na lei.

8. A GDM-PST é gratificação pro labore faciendo e o legislador fez a


opção de calculá-la desconsiderando a jornada de trabalho, tendo
sido estabelecido um valor fixo a partir do cargo. Como o legislador
diferenciou o valor-ponto da gratificação de acordo com a categoria

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funcional, não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função


legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob
fundamento de isonomia (Súmula Vinculante n. 37 do STF).

9. A diferença fixada pelo legislador entre o valor do ponto Pago aos


médicos que cumprem carga horária de 20 (vinte) horas semanais e
àqueles que se submetem a jornada de 40 (quarenta) horas mostra-se
dentro dos padrões da razoabilidade e proporcionalidade, uma vez
que, por um lado, vale repetir, o pagamento da GDM-PST não se faz
com base no número de horas trabalhadas, e, por outro, que sequer
haveria obrigatoriedade de tal distinção entre cargas horárias,
figurando ela apenas como um incentivo aos que queiram dedicar
mais tempo à instituição, sem que, com isso, lhe seja retirado o
caráter de valor mais ou menos fixo pago mensalmente ao servidor,
desde que mantidos os padrões de qualidade do atendimento. Tanto
inexiste essa obrigatoriedade que a Lei n.º 12.702/2012 fixou
inicialmente um valor idêntico para a GDM-PST, conforme se
verifica das tabelas constantes do Anexo XLV do referido diploma
legal.

10. Recurso da União provido. Sentença reformada para julgar


improcedente o pedido inicial.

11. Não há, no âmbito do JEF, previsão legal para arbitramento de


verba honorária quando há provimento do recurso (art. 55, caput, da
Lei n. 9.099/95).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do DF, por unanimidade, DAR


PROVIMENTO ao recurso da União.”

O caso é de não admissão do pedido de uniformização


proposto.

Explico.

No incidente de uniformização apresentado à Turma


Nacional de Uniformização, a demonstração analítica dos acórdãos das
turmas recursais em conflito deverá ser acompanhada da indicação do
endereço eletrônico (endereço URL) do acórdão paradigma, quando
meramente transcrito no corpo do recurso ou juntado aos autos por cópia
extraída da Internet.  O entendimento da TNU é de que a providência se
impõe para garantia da autenticidade do acórdão paradigma indicado
pelo recorrente, quando constatada a divergência entre turmas recursais
de diferentes regiões. 

Na espécie, o recorrente não trouxe a cópia e nem o


endereço eletrônico do paradigma indicado, não se prestando a simples
transcrição nas razões recursais para a formação de divergência
jurisprudencial válida, o que atrai a incidência da Questão de Ordem nº
3 da TNU (A cópia do acórdão paradigma somente é obrigatória

https://eproctnu.cjf.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento&doc=771661166826208127728963588046&evento=77166116682… 12/13
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quando se tratar de divergência entre turmas recursais de diferentes


regiões, sendo exigida, no caso de julgado obtido por meio da internet,
a indicação da fonte que permita a aferição de sua autenticidade.)

Nesse sentido:

“PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. ALEGAÇÃO DE


DIVERGÊNCIA ENTRE DECISÕES DE TURMAS RECURSAIS DE
DIFERENTES REGIÕES. AUSÊNCIA DE INSTRUÇÃO DO FEITO
COM INDICAÇÃO DA FONTE DO REPOSITÓRIO DE
JURISPRUDÊNCIA (ENDEREÇO ELETRÔNICO  NA INTERNET -
ENDEREÇO URL). QUESTÃO DE ORDEM N.º 03 /TNU. NEGADO
SEGUIMENTO. 1. O Regimento Interno da TNU, em seu art. 15, II,
prescreve que o Pedido de Uniformização será inadmitido quando
não preenchidos os requisitos de admissibilidade recursal,
notadamente se não juntada cópia do acórdão paradigma, salvo
quando preferido pelo STJ, na sistemática de recursos repetitivos ou
pela própria TNU, na sistemática dos representativos de
controvérsias. 2. A mera transcrição de julgado sem comprovação de
autenticidade ou  endereço eletrônico  válido para consulta, não é
documento idôneo à demonstração da divergência - Questão de
Ordem 03/TNU. 3. Negado seguimento. (TNU, processo nº 5000537-
68.2015.4.04.7005, Rel. Juíza Gesele Chaves Sampaio Alcântara,
DJe de 11/11/2017)."

Nesse contexto, não se mostram satisfeitos os pressupostos


para a admissão do recurso, pelo que inadmito o incidente de
uniformização nacional, nos termos do art. 8º, inc. XII, do Regimento
Interno desta TNU.

Dispositivo.

Ante o exposto, voto por NÃO ADMITIR do presente


pedido de uniformização. Sem custas ou honorários advocatícios
(Questão de Ordem n. 02 desta TNU).

Documento eletrônico assinado por FRANCISCO GLAUBER PESSOA ALVES, Juiz


Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. A
conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
https://eproctnu.cjf.jus.br/eproc/externo_controlador.php?
acao=consulta_autenticidade_documentos, mediante o preenchimento do código verificador
900000207895v10 e do código CRC 2f7d5872.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): FRANCISCO GLAUBER PESSOA ALVES
Data e Hora: 22/8/2022, às 12:19:11

5130862-67.2021.4.02.5101 900000207895 .V10

https://eproctnu.cjf.jus.br/eproc/controlador.php?acao=acessar_documento&doc=771661166826208127728963588046&evento=77166116682… 13/13

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