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GRERJ Nº 92632900645-72
Processo nº 0806705-40.2023.8.19.0205
FUNDAÇÃO SAÚDE ITAÚ S.A, representada por seu advogado que esta
subscreve, nos autos da ação em epígrafe que lhe move STHEFANI DOS ANJOS
SANTOS, não se conformando, data vênia, com a r. sentença que julgou procedente
a pretensão autoral, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro nos artigos 1.009 e seguintes, do
Código de Processo Civil, consoante as anexas razões de fato e de direito, que são
integrantes deste para todos os fins.
Termos em que,
pede deferimento.
Eduardo Chalfin
OAB/RJ Nº 53.588
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RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Ínclitos Julgadores.
SÍNTESE DA PRETENSÃO
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Condeno a ré nas despesas processuais e nos honorários advocatícios que
arbitro em 10% do valor da condenação. (...).”
DA TEMPESTIVIDADE
7. A ANS estabelece as regras do que pode ser oferecido por cada plano de
saúde e em cada padrão de atendimento, ou seja, os formatos contratuais, os
prazos de carência, os procedimentos abarcados por cada plano, o rol de
procedimentos autorizados, entre outras.
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https://www.tjrj.jus.br/documents/5736540/6175653/suspensao-prazos-1a-e-2a-instancia_2023_SEESC.pdf
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emitido pelo profissional auditor da Operadora foi em negando o procedimento e os
materiais, de acordo com a RN 424/172 e parecer técnico conclusivo da Drª. Cecilia
Leal Dias (CRM: 59043 - Auditora Médica) e Drª. Renata Camillo Gutierrez Duran
(CRO: 72338 - Auditora Médica), nos seguintes termos:
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Disponível em:
https://www.ans.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&task=TextoLei&format=raw&id=MzQzOQ==
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10. Assim, a negativa do procedimento se deu conforme parecer conclusivo
realizado pelas doutoras Cecilia Leal Dias e Renata Camillo Gutierrez Duran,
auditoras, uma vez que, o procedimento solicitado não tem cobertura pelo rol, pois
não apresenta história de trauma ou tumor mamário.
11. Dessa forma, tendo em vista a divergência, deu-se ensejo à Junta Médica,
cuja análise do desempatador foi favorável ao parecer da Operadora. O parecer
conclusivo foi exarado pelo Dr. Lecy Marcondes Cabral (CRM:44379 - RQE: 21217),
médico desempatador conforme segue:
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12. Dessa forma, o procedimento e os materiais foram negados, de acordo com o
artigo 20, da RN 424/17:
16. Reitera-se que a Junta Médica foi formada de acordo com os ritos regimentais
previsto na CONSU 8, na RB 428/17 (Revogada pela RN nº 465, de 2021 5) vigente
nos Mecanismos de Arbitramento da DIPRO/ANS/2012, nos Entendimentos da
DIFIS/ANS/2016 e na RN 424/17.
3
https://www.gov.br/ans/pt-br/arquivos/acesso-a-informacao/transparencia-institucional/pareceres-
tecnicos-da-
ans/2020/parecer_tecnico_no_19_2021_mama_e_sistema_linfatico_mastectomia__mastoplastia.pdf
4
https://www.ans.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&task=TextoLei&format=raw&id=NDAzM
w==
5
Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-normativa-rn-n-465-de-24-de-fevereiro-de-2021-306209339
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Conselho de Saúde Suplementar – CONSU - Agência Nacional de Saúde
Suplementar – ANS (alterada pela CONSU n° 15, de 29 de março de 1999)6:
19. Dessa forma, conforme restou comprovado nos autos, a Junta Médica,
realizada por médico profissional devidamente qualificado, não se trata de uma
postura de má-fé por parte da operadora para tentar adiar ou postergar a liberação
de procedimentos a ela requeridos.
21. Sem prejuízo do informado supra, cumpre ainda destacar que, tendo em vista
que a apelada requereu a autorização para a realização do procedimento cirúrgico
de redução da mama e outros procedimentos que se façam necessário para
reparação/correção de gigantomastia é imprescindível reiterar certos conceitos, a
começar por COBERTURA, definida no Manual do Beneficiário, nos seguintes
termos:
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Disponível em: https://www.ans.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&task=TextoLei&format=raw&id=MzA3, acessado em 00/00/2023.
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Disponível em: https://www.ans.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&task=TextoLei&format=raw&id=MzQzOQ==, acessado em:
00/00/2023.
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22. Portanto, nos termos do contrato haverá cobertura para os casos de cirurgia
plástica reparadora quando efetuada para restauração de órgãos e funções
conforme o Rol da ANS, exceto as de natureza estética.
23. Ademais, não se pode deixar de lado o fato de tal exclusão estar
devidamente retratada no Manual do Beneficiário - Cláusula 10. DESPESAS E
TRATAMENTO NÃO COBERTOS, vejamos:
25. Ademais, é importante destacar que a própria lei 9.656/98, em seu artigo
35F, esclarece que a assistência mencionada em seu artigo 1º, deve observar os
termos do contrato firmado entre as partes.
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Art. 35-F. A assistência a que alude o art. 1o desta Lei compreende todas as ações
necessárias à prevenção da doença e à recuperação, manutenção e reabilitação da
saúde, observados os termos desta Lei e do contrato firmado entre as partes.
26. Vale salientar que o artigo 16, da citada Lei admite que as operadoras de
planos de saúde estabeleçam quais eventos estão cobertos ou excluídos nas
condições gerais.
Art. 16. Dos contratos, regulamentos ou condições gerais dos produtos de que
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei devem constar dispositivos que
indiquem com clareza:
(..)
VI - os eventos cobertos e excluídos;
27. Registra-se ainda que o art. 10, § 4º da legislação em comento, bem como o
artigo 4º, inciso III, da Lei 9.961/2000, conferem autoridade à ANS para
estabelecer rol que vincula todo o setor, vejamos:
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30. Ademais, acerca do tema, é importante destacar a decisão proferida pela
Quarta Turma do STJ, no Agravo em Recurso Especial nº 1.719.3738, onde o
Relator Ministro Luis Felipe Salomão, é incisivo ao esclarecer que é incompatível
com o contraditório que, em todos os casos, havendo indicação do médico
assistente, não prevalece a negativa de cobertura. Ademais, destaca que mesmo o
correto regular exercício profissional da Medicina, dentro das normas da profissão
possibilita ao profissional uma certa margem de subjetividade, que, por vezes,
envolve convicções pessoais ou melhor conveniência, vejamos:
31. Assim, nos termos da brilhante decisão supra, a prescrição médica não pode
se sobrepor à lei e regras da ANS.
32. Diante do exposto, restou comprovado por meio da junta médica que a
negativa empregada é válida, isso, de acordo com a RN 424/17, amparada pela
legislação vigente, pelo que é de rigor o reconhecimento da ausência de cobertura
do procedimento pleiteado, bem como, ensejando na reforma da r. sentença.
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Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/dj/documento/mediado/?tipo_documento=documento&componente=MON&sequencial=112882007&tipo_documento
=documento&num_registro=202001544929&data=20200818&tipo=0&formato=PDF, acessado em: 00/03/2023.
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seguradora o pagamento diretamente e integralmente ao prestador;
➢ e outra, caracterizada pelo sistema de livre escolha, onde o segurado
comparece a qualquer médico/hospital/laboratório/etc., arca com os seus
honorários e despesas, sendo, posteriormente, reembolsado, dentro dos limites
do contrato.
REEMBOLSO
Os beneficiários poderão utilizar profissionais ou estabelecimentos de
saúde que não façam parte da rede credenciada, cabendo-lhes efetuar o
pagamento diretamente aos profissionais ou estabelecimentos de saúde,
para posterior reembolso perante a Fundação Saúde Itaú.
Os serviços serão reembolsados pela Fundação diretamente aos
Beneficiários Titulares, mediante apresentação de documentos à
Fundação, conforme rol de documentos listado neste Manual e informado
por meio de sua Central de Atendimento.
36. Destaca-se que o reembolso, dentro dos limites previstos no contrato, está
em consonância com a Lei 9.656/98, que assim dispõe em seu artigo 12, inciso VI:
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NÃO CABIMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS 41.
39. Sem prejuízo do informado supra, é importante destacar que o caso em tela,
da simples análise dos fatos, fica clara a ausência do dano moral alegado pela
apelada, pois em nenhum momento lhe foi infligido qualquer ato capaz de gerar dor,
sofrimento, humilhação ou vergonha; nem atentou contra sua dignidade a ponto de
ensejar dano moral indenizável, pois a operadora cumpriu seu mister autorizando a
realização do procedimento apenas dentro do prazo de vigência do contrato.
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43. No caso em tela, não se configura o dano moral em nenhum dos dois planos:
objetivo ou subjetivo. Não houve qualquer conduta comissiva da apelante capaz de
gerar dano a direitos fundamentais do recorrido e, também, não se vislumbra dano
algum à reputação ou à honra da parte recorrida, sendo, portanto, indevida e
incabível qualquer reparação pecuniária.
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REsp 1269246 / RS, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, Julgado em 20/05/14.
(Grifamos)
46. Assim, somente o dano que afeta a dignidade humana é capaz de ensejar
reparação pecuniária. Entendida a dignidade, no sentido kantiano, como aquilo que
nos faz humanos, racionais. E será atentatório à dignidade qualquer dano tendente
a reduzir a pessoa a um mero objeto, como o sofrimento, a dor ou a humilhação que
afetem a própria condição humana.
47. Vale ainda destacar que a honra pode ser entendida como subjetiva quando
inerente à pessoa física, porque, ao contrário da pessoa jurídica, pode sofrer
constrangimentos e humilhações, como são as violações da sua boa fama
desfrutada nas relações sociais.
50. Cabe destacar que o instituto do dano moral não pode servir de abrigo para
acobertar verdadeiro enriquecimento sem causa, ou seja, concedida pretensão
indenizatória que extrapole os limites do razoável, situação sabidamente coibida
pela lei civil.
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“Aos estudiosos da responsabilidade civil apresenta-se, portanto, o desafio
de garantir o ressarcimento amplo, de modo compatível com a locação de
riscos estabelecida na sociedade atual, sem que se pretenda transferir para
a reparação civil os deveres da justiça social desdenhados por insuficientes
políticas públicas e deficitária seguridade social.”(Grifamos)
55. Assim, requer seja dado provimento ao presente recurso, vez que a apelante
não autorizou os procedimentos de natureza estética, com fulcro na legislação e no
contrato, portanto, incabível a condenação no valor de R$7 .000,00 a título de
danos morais.
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PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO
DO CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE
59. Nesse diapasão, o princípio é tão relevante que a sua violação obriga a revisão
das cláusulas contratuais, a fim de proporcionar o restabelecimento do equilíbrio
ou a própria rescisão do contrato por inviabilidade econômica para uma das partes.
Como se vê, a teoria do equilíbrio econômico-financeiro não é mera argumentação
econômica, mas a verdadeira base de um contrato, com fundamento na equidade,
razoabilidade e igualdade.
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ser mantida durante toda a vigência do contrato, sob pena de gerar desequilíbrio
para uma das partes.
61. Logo, caso o usuário seja obrigado a arcar com despesas não previstas ou a
administradora forçada a oferecer serviços além do contratado, estaremos diante
de uma situação de quebra do equilíbrio, o que leva a onerosidade excessiva de
umas das partes e a impossibilidade de se manter o objeto contratado.
62. Noutro viés, quando proferidas decisões judiciais que asseguram aos
beneficiários serviços que não foram contratados ou, muitas vezes, sequer são
aprovados pela ANS, demonstram a atuação do Judiciário não apenas como centro
de regulação e de controle da legalidade e constitucionalidade das leis, mas como
arena decisória (reativa e proativa), com relevante capacidade de alterar o conteúdo
das políticas públicas.
63. É necessário ter em mente que as operadoras de planos de saúde não estão
agindo em desconformidade com a legislação existente ou com as normas
regulatórias do setor quando negam a determinado usuário algum procedimento a
que não faz direito. Na verdade, o que se tem, em um primeiro momento, é o
cumprimento de cláusulas contratuais previamente estabelecidas, aprovadas pela
ANS e aceitas pelo usuário. Já em um segundo momento, está se protegendo a rede
de usuários e a manutenção do sistema pelo equilíbrio econômico-financeiro
traçado previamente.
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66. Assim, não restam dúvidas de que está presente o requisito de
verossimilhança nas razões do presente recurso a fim de justificar a concessão do
efeito suspensivo.
67. Salienta-se que tal decisão pode trazer dano irreparável ou de difícil
reparação à Apelante que é uma fundação sem fins lucrativos, que visa apenas a
administração do plano de saúde, na modalidade de auto-gestão, para todos os
funcionários e ex-funcionários (artigo 31 lei 9.656/98) do conglomerado Itaú.
69. Diante do exposto, espera e confia a apelante que, seja concedido o efeito
suspensivo, uma vez que a não suspensão acarretará prejuízos aos beneficiários do
plano de saúde gerido pela Apelante, sem que estes tenham contribuído para tanto,
bem como seja dado provimento ao presente recurso para julgar totalmente
improcedentes os pleitos autorais.
REQUERIMENTOS
71. Por derradeiro, requer que todas as publicações veiculadas no Diário Oficial,
intimações e qualquer ato de comunicação no presente processo, sejam feitas
EXCLUSIVAMENTE em nome de EDUARDO CHALFIN, OAB/RJ Nº 53.588, sob
pena de nulidade dos atos que vierem a ser praticados, nos termos do que dispõe o
artigo 272, § 2º, do Código de Processo Civil, pena de nulidade do ato de
comunicação.
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Termos em que,
pede deferimento.
EDUARDO CHALFIN
OAB/RJ Nº 53.588
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