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INFORMAÇÕES
1. SÍNTESE DA INICIAL
Que foi deflagrado pelo Conselheiro Edson José Ferrari o processo administrativo
nº 202300047002207, tendo por finalidade viabilizar o controle externo do referido
processo de chamamento público, o qual foi inaugurado pelo Ofício n. 24/2023 – GCEF,
por meio do qual requisitou cópia do Edital de Chamamento Público em questão.
Aduziu que, após o trâmite regular do processo de controle externo, foi exarado o
Despacho n. 526/2023 -GCEF, que, acolhendo sugestão do Serviço de Fiscalização da
Saúde, unidade técnica do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, decidiu pela suspensão
cautelar do procedimento instaurado pelo Edital de Chamamento Público nº 01/2023-
SES/GO (e de outros procedimentos correlatos), bem como determinou a retificação dos
editais de chamamentos públicos, adequando-os à Lei estadual nº 21.740, de 20 de
dezembro de 2022, para que instrumentalizem a celebração de contrato de gestão, e não
de termo de colaboração/fomento.
Com esse arremate e, destacando o acerto da decisão desse d. juízo que indeferiu
o pleito liminar, deve ser extinto o processo sem resolução de mérito ou, eventualmente,
denegada a segurança pleiteada, cujos fundamentos para tais serão demonstrados abaixo,
para o fim de, assim, prevalecer a decisão adotada por este Conselheiro, suspendendo a
realização dos chamamentos públicos para a gestão dos hospitais estaduais, instaurados
com fundamento na Lei nº 13.019/2014.
2. DA PRELIMINAR
Referida Unidade Técnica especializada, por sua vez, se debruçou sobre o caso e
realizou um estudo aprofundado e minucioso da matéria, devido a sua extrema
importância para a sociedade e, ao elaborar a Instrução Técnica Conclusiva n.º 16/2023
– SERVFISC-SAÚDE, chegou à única conclusão possível, no sentido de que os ajustes
firmados com a iniciativa privada para gerenciamento, operacionalização e/ou execução
de ações e serviços de assistência à saúde em unidades públicas, tal qual o que pretende
firmar a SES/GO para gerenciamento do HUGO, configuram a participação
complementar no Sistema Único de Saúde, o que afasta a aplicabilidade da Lei nº
13.019/2014, nos termos do seu art. 3º, IV.
Deve ser frisado, portanto, que os ajustes firmados com a iniciativa privada para
a gestão, operacionalização e execução dos serviços de assistência à saúde em
unidades públicas configuram a participação complementar (e não preventiva) no
Sistema Único de Saúde, o que afasta a aplicabilidade da Lei 13.019/2014, nos termos
do seu art. 3, inciso IV.
Portanto, o Impetrante faz uso do writ para discutir, de forma inadequada, qual
Lei deve ser aplicada aos chamamentos públicos que foram objeto de controle externo
pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás.
É visível que o Impetrante não logrou êxito em comprovar de plano o seu direito
líquido e certo, não havendo prova pré-constituída, como exige o mandamus. Haveria sim
direito líquido e certo se houvesse Lei assegurando de forma inequívoca a pretensão do
Impetrante, qual seja, de fazer uso da Lei 13.019/2014 como fundamento de chamamentos
públicos para gerenciamento, operacionalização e execução das ações e serviços de saúde.
Tanto é assim que o Estado de Goiás abre tópico específico (III – Breve
Contextualização. Cenário Fático Subjacente À Legítima Escolha Pública De Adoção
Do Regime Da Lei Nº 13.019, De 31 De Julho De 2014) na exordial, na tentativa de
justificar a inovação quanto à adoção do regime da Lei n. 13.019/2014 – que traz o
instrumento do Termo de Colaboração –, nos chamamentos públicos mais recentes
envolvendo o gerenciamento, operacionalização e execução das ações e serviços de
saúde.
Já o art. 1º, inc. VII, da Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado de Goiás
(Lei n.16.168/2007), prevê, mais especificamente, a competência do Tribunal para
fiscalizar demais tipos de ajustes, verbis:
Insta ressaltar que a cautelar poderia ter sido concedida inaudita altera parte, com
fundamento no §1º, do art. 324, do Regimento Interno do TCE/GO1 mas, por prudência,
decidiu este Conselheiro Relator ouvir antes a parte ora Impetrante, reforçando, assim, o
devido processo legal. Ocorre que a tese argumentativa trazida pelo Impetrante não
convenceu nem a Unidade Técnica especializada do Tribunal de Contas, nem este
Conselheiro Relator, que decidiu por exarar a decisão cautelar aqui fustigada.
1
Art. 324. O Tribunal de Contas do Estado, sempre que houver risco de dano irreparável ou de difícil
reparação para o interesse público, de fundado receio de grave lesão ao erário ou a direito alheio ou risco
de ineficácia da decisão de mérito, poderá, de ofício ou mediante provocação, motivadamente, determinar
medidas cautelares, nos termos estabelecidos neste Regimento, determinando, entre outras providências, a
suspensão do ato ou do procedimento questionado, até que o Tribunal decida sobre o mérito da questão
suscitada.
§1° A medida cautelar de que trata o caput deste artigo poderá ser adotada sem a oitiva do fiscalizado ou
dos interessados, admitida inclusive a determinação de afastamento temporário do responsável, se houver
indícios suficientes de que possa retardar ou embaraçar a realização de auditoria, inspeção ou outro
procedimento de fiscalização do Tribunal, provocar novos danos ao Erário ou inviabilizar o ressarcimento.
2
PlETRO. Maria Sylvia Zanella Di. Coisa julgada - aplicabilidade a decisões do Tribunal de Contas da
União. Revista do TCU. Nº• 70, 1996.
"§ 1º A medida cautelar de que trata o caput deste artigo poderá ser
adotada sem a oitiva do fiscalizado ou dos interessados, admitida
inclusive a determinação de afastamento temporário do responsável,
se houver indícios suficientes de que possa retardar ou embaraçar
a realização de auditoria, inspeção ou outro procedimento de
fiscalização do Tribunal, provocar novos danos ao Erário ou
inviabilizar o ressarcimento.
Neste caso, o Tribunal de Contas deverá "assinar prazo para que o órgão ou
entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
ilegalidade "; primeira parte, nos expressos termos do inciso VIII do art. 26 da
Constituição Estadual. Se não atendido, poderá sustar a execução do ato impugnado,
comunicando a decisão à Assembleia Legislativa; segunda parte do mesmo inciso e
artigo.
Referida Unidade Técnica especializada, por sua vez, como já dito acima, realizou
um estudo aprofundado e minucioso da matéria, devido a sua extrema importância para a
coletividade, e, ao elaborar a Instrução Técnica Conclusiva n.º 16/2023 – SERVFISC-
SAÚDE (cópia em anexo), chegou à única conclusão possível, no sentido de que os
ajustes firmados com a iniciativa privada para gerenciamento, operacionalização e/ou
execução de ações e serviços de assistência à saúde em unidades públicas, tal qual o que
pretende firmar a SES/GO para gerenciamento do HUGO, configuram a participação
complementar no Sistema Único de Saúde, o que afasta a aplicabilidade da Lei nº
13.019/2014, nos termos do seu art. 3º, IV.
Com a devida prudência, zelo e sensibilidade que este Conselheiro Relator sempre
teve com a gestão pública, decidi por bem, não atendendo a proposta da Unidade Técnica
para conceder a cautelar sem a oitiva da parte contrária, dar a oportunidade de comunicar
o fato ao órgão jurisdicionado, com o fim de ouvi-lo a respeito.
Com base nesse entendimento de ordem técnica, firmado pelo setor competente
(Serviço de Fiscalização da Saúde), decidi, prudentemente, portanto, após a oitiva das
autoridades envolvidas, adotar a cautelar para o fim de suspender os atos considerados
ilegais e ilegítimos, até a análise do mérito.
“(...)
Conclui-se, portanto, dentro do SUS, ainda que o conjunto de
ações e serviços de saúde seja prestado por órgãos e instituições
públicas, toda a atuação da iniciativa privada em atividade
assistencial, qual seja, a promoção, proteção e recuperação da
saúde, é complementar.
Na ocasião, foi adotada medida cautelar pela Corte, para suspender a execução do
chamamento, que não teve continuidade após a concessão da medida.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações:
Deve ser frisado, portanto, que os ajustes firmados com a iniciativa privada para
a gestão, operacionalização e execução dos serviços de assistência à saúde em
unidades públicas configuram a participação complementar (e não preventiva) no
Sistema Único de Saúde, o que afasta a aplicabilidade da Lei 13.019/2014, nos termos
do seu art. 3, inciso IV.
Diante todo o exposto, não há que se falar em ato coator por parte do Conselheiro
Edson José Ferrari.