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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR - 426-66.2020.5.19.0063

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 10054A3F4C1D486590.
Recorrente: EQUATORIAL ALAGOAS DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.
Advogado: Dr. Eduardo Lycurgo Leite
Advogado: Dr. Rafael Lycurgo Leite
Recorrido: DOMINGOS DE OLIVEIRA E OUTRO
Advogado: Dr. Aleph Cavalcante Santos
Advogado: Dr. Hugo Henrique de Almeida Lopes
GVPACV/mhg/sp
DECISÃO

Trata-se de recurso extraordinário interposto em face de


acórdão proferido por esta Corte Superior Trabalhista em que a parte insurge-se
quanto aos temas “NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL” e “PLR 2018 –
PAGAMENTO DOS REFLEXOS”.
A parte recorrente argui prefacial de repercussão geral,
alicerçada em ofensa aos arts. 5º, II, LIV e LV e 93, IX, da Constituição Federal. Aduz que
ficou configurada negativa na entrega da jurisdição e indica ofensa ao art. 93, IX, da CF.
Aponta que ficou configurada violação dos princípios da ampla defesa e do devido
processo legal, ao argumento de que com relação ao pagamento dos reflexos da PLR
2018, demonstrou analiticamente as violações legais e constitucionais, de modo que o
agravo interposto possuía condições para ser admitido e provido.
É o relatório.
Com relação à alegada nulidade do acórdão por negativa de
prestação jurisdicional, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência de
repercussão geral da questão constitucional em debate e fixou a seguinte tese jurídica:

“O art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão


sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o
exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam
corretos os fundamentos da decisão.” (TEMA 339)

Extrai-se, pois, que a fundamentação exigida pode ser sucinta,


sem a necessidade de exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas,
nem que sejam corretos os fundamentos da decisão.
Na hipótese vertente, a parte recorrente sustenta que restou
configurada negativa na entrega da jurisdição, na medida em que a colenda 8ª Turma
não se manifestou sobre as razões recursais trazidas pelo recorrente. Ao argumento de

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que o acórdão recorrido “não se manifestou sobre todos os temas levantados no Agravo, ou
quando o fez, realizou análise extremamente sucinta”.
Eis o teor da decisão recorrida:

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/17. NULIDADE POR


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL – PLR 2018. ÔNUS DA PROVA.
TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA NÃO RECONHECIDA.
(...)
MÉRITO NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL -
PLR 2018. ÔNUS DA PROVA.
Trata-se de agravo interposto contra decisão da Exma. Ministra Dora
Maria da Costa, que denegou seguimento ao agravo de instrumento, quanto
ao tema NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL, por
entender que a houve apreciação das questões essenciais ao deslinde da
controvérsia; quanto ao tema PLR 2018, por não vislumbrar contrariedade às
regras de distribuição do ônus da prova, tampouco à jurisprudência desta c.
Corte Superior, e, quanto aos HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, ante a conclusão
de que a decisão está em consonância com a decisão proferida no julgamento
da ADI nº 5766 pelo STF.
Eis a r. decisão agravada:
Trata-se de agravo de instrumento interposto por
EQUATORIAL ALAGOAS DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A. à
decisão que denegou seguimento ao seu recurso de revista em
relação aos temas "NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL", "PLR 2018" e "HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS".
Ora, o recurso de revista foi interposto na vigência da Lei nº
13.467/2017, a qual disciplinou expressamente os critérios
objetivos atinentes à transcendência, pressuposto específico de
admissibilidade estabelecido no artigo 896-A da CLT, no sentido
de que deve ser apreciado previamente "se a causa oferece
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza
econômica, política, social ou jurídica".
No tocante ao tema "NULIDADE POR NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL", a reclamada alega que, mesmo
instado mediante embargos declaratórios, o Regional não se
manifestou sobre: o fato de que os reclamantes não
demonstrarem a existência de cláusula coletiva que concedesse a
PLR 2018, ônus que lhes incumbia; nem sobre o teor dos arts. 7º,
XI e XXVI, e 8º, VI, da CF e da Lei nº 10.101/2000. No entanto, a
Corte de origem condenou a reclamada ao pagamento da
Participação nos Lucros e Resultados referente ao exercício 2018
tendo em vista que a reclamada, ao alegar em sua defesa que a
quitação das PLRs anteriores (incluindo aí a de 2018) teria sido
pactuada no ACT de 2019/2021, admitiu a existência do direito e o
não pagamento daquelas parcelas, as quais, no entanto, não
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poderiam ser quitadas pela referida norma coletiva, uma vez que
seu item 6.4 da cláusula 6ª ("Fica ajustado que, com a construção
dos Programas de Participação nos Lucros ou Resultados para os
anos de 2019 e 2020, as partes dão total quitação de todos os
programas de PLR dos anos anteriores") estabelece compensação
impossível de ser usufruída pelos reclamantes, na medida em que
foram dispensados em julho de 2019, "não se beneficiando dos
PLRs de 2019 e de 2018, revelando-se assim cláusula lesiva ao
direito indisponível dos autores, bem como enriquecimento sem
causa da recorrida".
Assim, não há falar em negativa na entrega da jurisdição,
mas em inconformismo da parte, pois houve apreciação das
questões essenciais ao deslinde da controvérsia, cumprindo
registrar que a decisão desfavorável à parte que recorre não
equivale à decisão não fundamentada nem à ausência de
prestação jurisdicional. Ademais, a questão envolvendo o teor dos
arts. 7º, XI e XXVI, e 8º, VI, da CF e da Lei nº 10.101/2000 ostenta
caráter estritamente jurídico, o que, por si só, inviabilizaria a
configuração da apregoada nulidade, tendo em vista que a
simples oposição de embargos de declaração induz o
prequestionamento ficto da matéria jurídica invocada,
autorizando o seu imediato enfrentamento nesta esfera recursal,
consoante a diretriz da Súmula nº 297, III, do TST e a expressa
dicção do artigo 794 da CLT. Patente, pois, que o aludido
entendimento não contraria a jurisprudência desta Corte, de
modo que não se identifica a existência de transcendência
política.
Por sua vez, a discussão jurídica trazida ao debate não é
inédita nem se constata ofensa à garantia social
constitucionalmente assegurada, pelo que não se constata
transcendência social ou jurídica em relação ao tópico.
Em relação ao tema "PLR 2018", o Tribunal de origem
condenou a reclamada ao pagamento da PLR referente ao
exercício 2018, ao fundamento de que a reclamada, ao alegar em
sua defesa que a quitação das PLRs anteriores (incluindo aí a de
2018) teria sido pactuada no ACT de 2019/2021, admitiu a
existência desse direito e o não pagamento daquelas parcelas, as
quais, no entanto, não poderiam ser quitadas pela referida norma
coletiva, uma vez que seu item 6.4 da cláusula 6ª ("Fica ajustado
que, com a construção dos Programas de Participação nos Lucros
ou Resultados para os anos de 2019 e 2020, as partes dão total
quitação de todos os programas de PLR dos anos anteriores")
estabelece compensação impossível de ser usufruída pelos
reclamantes, na medida em que foram dispensados em julho de
2019, "não se beneficiando dos PLRs de 2019 e de 2018,

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revelando-se assim cláusula lesiva ao direito indisponível dos
autores, bem como enriquecimento sem causa da recorrida".
Com efeito, a decisão recorrida acerca da comprovação do
direito dos reclamantes à PLR de 2018 e da impossibilidade de
sua quitação pelo ACT de 2019/2021 está lastreada nas premissas
fático-probatórias delineadas pelo Regional, e o entendimento
adotado não contraria as regras de distribuição do ônus da prova
nem a jurisprudência deste Tribunal Superior do Trabalho, de
modo que não se constata a existência de transcendência política.
Da mesma forma, não se constata transcendência social ou
jurídica, uma vez que a questão debatida não é nova nem gira em
torno de ofensa a direito social assegurado na Carta Magna.
No que tange ao tópico "HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS", o
Regional entendeu que, "tendo em vista a concessão dos
benefícios da justiça gratuita aos recorrentes, merece reforma a
sentença para excluir sua condenação no pagamento de
honorários sucumbenciais, em face da declaração da
inconstitucionalidade do artigo 791-A, § 4º, da CLT por esta Corte
Regional, uma vez que o dispositivo celetista que permite o
pagamento dos honorários advocatícios pelo beneficiário da
Justiça Gratuita viola claramente a garantia constitucional do
acesso à Justiça instituída pelo art. 5º, LXXIV, da Constituição
Federal".
Embora o art. 791-A, § 4 °, da CLT, introduzido pela Lei nº
13.467/2017, tenha previsto que o empregado beneficiário da
Justiça gratuita seja condenado ao pagamento de honorários de
sucumbência, se sucumbente no processo, o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da ADI nº 5766, declarou a
inconstitucionalidade do referido dispositivo, conforme Ata
publicada no DJe nº 217, divulgado em 4/11/2021, ao fundamento
de que a referida norma é inconstitucional por obstaculizar o
acesso à Justiça do Trabalho e à garantia da assistência judiciária
gratuita ao trabalhador hipossuficiente.
Dessa forma, diante do caráter vinculante da decisão
proferida pela Suprema Corte e estando o acórdão recorrido em
conformidade com o referido entendimento, a questão trazida
não ostenta transcendência política.
Por sua vez, a questão jurídica trazida ao debate foi
decidida pelo Supremo com efeito vinculante, razão pela qual a
matéria não ostenta transcendência social ou jurídica.
Finalmente, não se vislumbra a existência de
transcendência econômica, uma vez que tanto o valor atribuído à
causa na inicial (R$12.077,27, à fl. 13) como o montante
previamente arbitrado à condenação em sede ordinária
(R$12.000,00, à fl. 301) não possuem elevada expressão
econômica.

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Pelo exposto, denego seguimento ao agravo de
instrumento.

Nas razões de agravo, a reclamada sustenta que, ao contrário do que


decidido, demonstrou as alegadas violações aos arts. 5º, LV, 7º, XI e XXVI, 8º, I,
III e IV e 93, IX, da CR, 8º, 611-A, XV e 818, I, da CLT, 373 do CPC, 884 do Código
Civil e 1º e 2º, §1º, II, da Lei 10.101/2000, além de divergência jurisprudencial.
Renova os argumentos constantes nas razões de recurso de revista apenas
quanto à NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL e PLR
2018.
Não merece reforma a decisão agravada que não reconheceu a
transcendência da causa quanto à NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL por omissão em relação ao fato de que os reclamantes não se
desincumbiram do ônus de comprovar a existência de cláusula coletiva que
concedesse a PLR 2018, assim como quanto ao teor dos arts. 7º, XI e XXVI, e 8º,
VI, da CR e da Lei nº 10.101/2000.
O eg. TRT consignou que a reclamada, ao apresentar a sua defesa,
admitiu a existência do direito e o não pagamento das PLRs anteriores,
incluída a de 2018, não havendo falar, portanto, que os reclamantes não se
desincumbiram do ônus que lhes cabia de demonstrar a existência de
cláusula coletiva que concedesse a referida parcela referente ao ano de 2018.
A decisão concluiu que as PLRs anteriores “não poderiam ser quitadas pela
referida norma coletiva, uma vez que seu item 6.4 da cláusula 6ª (“Fica ajustado
que, com a construção dos Programas de Participação nos Lucros ou Resultados
para os anos de 2019 e 2020, as partes dão total quitação de todos os programas
de PLR dos anos anteriores”) estabelece compensação impossível de ser usufruída
pelos reclamantes, na medida em que foram dispensados em julho de 2019, “não
se beneficiando dos PLRs de 2019 e de 2018, revelando-se assim cláusula lesiva ao
direito indisponível dos autores, bem como enriquecimento sem causa da
recorrida”. Foi afastada a possibilidade de violação aos arts. 7º, XI e XXVI, e 8º,
VI, da CF e da Lei 10.101/2000, tendo em vista que os dispositivos tem caráter
estritamente jurídico, o que inviabilizaria a configuração da nulidade
pretendida.
Com efeito, verifica-se que restou consignado na r. decisão regional que
a reclamada, em sede de contestação, alegou ter quitado as PLRs anteriores,
dentre os quais está incluído o de 2018, na medida em que foi pactuada a
quitação no ACT de 2019/2021, de forma que o e. TRT entendeu, então, pela
existência de débito de PLR a ser quitado – no caso dos autos, a PLR de 2018.
Concluiu que o ACT de 2019/2021 não alcança a quitação pretendida, uma vez
que a cláusula normativa estabelece compensação impossível ao empregado.
Não há, portanto, falar em negativa de prestação jurisdicional e ofensa
aos dispositivos indicados, porque os elementos contidos na decisão recorrida
são suficientes para exaurir a discussão, restando demonstrada a existência e
não quitação da PLR do ano de 2018, não havendo como se reconhecer a
transcendência da causa, no tema.

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No que se refere ao tema PLR 2018, a decisão agravada não reconheceu
a transcendência da causa, uma vez que restou comprovada a ausência de
quitação quanto à PLR 2018 dos reclamantes e não demonstrada a violação à
regra de distribuição do ônus da prova, na medida em que a própria
reclamada, ao apresentar sua defesa, consignou que no ACT 2019/2021
constava a quitação das PLRs anteriores, aí incluída a PLR de 2018. Referida
quitação, contudo, foi considerada inválida, tendo em vista se tratar de
cláusula lesiva ao direito indisponível dos empregados, eis que não lhes foi
possível usufruir da compensação estabelecida diante da dispensa em julho
de 2019.
Não se vislumbrou a ofensa aos arts. 7º, XI e XXVI, da CR, pois a o direito
à PLR foi assegurado, assim como reconhecida a ACT pactuada para o período
de 2019/2021, tendo sido considerada lesiva apenas a cláusula que previa a
quitação das PLRs anteriores, uma vez que a compensação não era passível
de usufruto pelos reclamantes, que foram dispensados em julho de 2019.
O art. 8º, VI, da CR, trata da obrigatoriedade de participação do sindicato
nas negociações coletivas de trabalho, o que não se discute no presente caso.
Por fim, a invocação da Lei 10.101/2000, sem a delimitação do artigo
violado, não cumpre o requisito previsto no artigo 896, § 1º-A, II, da CLT
(Súmula 221 do TST).
Diante do exposto, porque não desconstituídos os fundamentos da
decisão recorrida, nego provimento ao agravo.

Verifica-se, pois que o acórdão recorrido adotou fundamentação


clara e satisfatória acerca das questões que lhe foram submetidas, consignando
expressamente que “os elementos contidos na decisão recorrida são suficientes para
exaurir a discussão, restando demonstrada a existência e não quitação da PLR do ano de
2018, não havendo como se reconhecer a transcendência da causa, no tema”.
Neste contexto, a decisão recorrida no tópico encontra-se em
perfeita harmonia com a tese fixada Tema 339 de Repercussão Geral a incidir o
disposto no art. 1030, I, “a”, do CPC.
Com relação ao tópico “PLR 2018”, verifica-se que o acórdão
recorrido foi expresso em concluir, com fulcro na prova constante dos autos, que “a
decisão agravada não reconheceu a transcendência da causa, uma vez que restou
comprovada a ausência de quitação quanto à PLR 2018 dos reclamantes e não demonstrada
a violação à regra de distribuição do ônus da prova, na medida em que a própria
reclamada, ao apresentar sua defesa, consignou que no ACT 2019/2021 constava a quitação
das PLRs anteriores, aí incluída a PLR de 2018. Referida quitação, contudo, foi considerada
inválida, tendo em vista se tratar de cláusula lesiva ao direito indisponível dos empregados,
eis que não lhes foi possível usufruir da compensação estabelecida diante da dispensa em

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julho de 2019”.
De tal modo, e ante a delimitação do acórdão, o acolhimento da
alegação da parte no sentido de que não poderia ser condenada ao pagamento dos
reflexos da PLR 218 ao argumento de que o benefício não existia, esbarra na diretriz
traçada na Súmula n° 279 do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual “Para simples
reexame de prova não cabe recurso extraordinário”.
Nesse sentido, citam-se os seguintes precedentes da Corte
Suprema:

EMENTA: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. DIREITO DO TRABALHO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E
RESULTADOS. DEMONSTRAÇÃO. FATOS E PROVAS. REEXAME.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. É inviável, em recurso extraordinário, a
análise de legislação infraconstitucional e o reexame dos fatos e das provas
dos autos (Súmula nº 279/STF). 2. Agravo interno desprovido, com imposição
de multa de 5% (cinco por cento) do valor atualizado da causa (artigo 1.021, §
4º, do CPC), caso seja unânime a votação. 3. Honorários advocatícios
majorados ao máximo legal em desfavor da parte recorrente, caso as
instâncias de origem os tenham fixado, nos termos do artigo 85, § 11, do
Código de Processo Civil, observados os limites dos §§ 2º e 3º e a eventual
concessão de justiça gratuita. (ARE 1289709 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO,
Relator(a): Min. LUIZ FUX (Presidente), Publicação: 12/03/2021)

Por outro lado, é pacífico o entendimento do Supremo Tribunal


Federal, consagrado na diretriz da Súmula 454/STF, no sentido de que a "Simples
interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a recurso extraordinário".
Nesse sentido, as seguintes decisões da Corte Suprema: ARE
1409796, Relator(a): Min. PRESIDENTE, Decisão proferida pelo(a): Min. ROSA WEBER,
Publicação: 08/11/2022 e ARE 1396724, Relator(a): Min. PRESIDENTE, Decisão proferida
pelo(a): Min. LUIZ FUX, Publicação: 01/09/2022.
Com relação à alegada violação ao disposto no art. 5º, II, da
Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal já pacificou entendimento de que, em
regra geral, a alegação de afronta ao princípio da legalidade, em sede extraordinária,
pode configurar tão somente ofensa reflexa ao Texto Constitucional, mormente quando
se fazem necessários o exame e a interpretação da legislação infraconstitucional
pertinente à hipótese, como disposto na sua Súmula 636, in verbis:

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Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio
constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a
interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.

Ressalte-se que a hipótese não trata de invalidade de norma


coletiva - questão constitucional para a qual a Suprema Corte já decidiu existir
repercussão geral e consubstanciada no Tema 1.046 -, mas, sim, de constatação de
descumprimento da própria norma por parte da recorrente.
Dentro desse contexto, nego seguimento ao recurso
extraordinário, e determino a baixa dos autos à origem depois do transcurso in albis do
prazo recursal.
Publique-se.
Brasília, 1 de agosto de 2023.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

ALOYSIO SILVA CORRÊA DA VEIGA


Ministro Vice-Presidente do TST

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