Você está na página 1de 12

Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
ACÓRDÃO
8.ª Turma
GMDMA/CB/at

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA, INTERPOSTO PELO
RECLAMANTE. TRANSCENDÊNCIA
ECONÔMICA RECONHECIDA.
RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE
EMPREGO. ADITAMENTO À INICIAL.
MODIFICAÇÃO DO PEDIDO. APRESENTAÇÃO
APÓS A AUDIÊNCIA INAUGURAL E A
APRESENTAÇÃO DA CONTESTAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. O Tribunal Regional, ao
concluir que a alteração do pedido por meio de
aditamento à petição inicial mostrou-se
incabível por ter ocorrido após a audiência
inaugural e a apresentação das defesas,
decidiu em conformidade à jurisprudência
desta Corte. Com efeito, em atenção aos
princípios da celeridade, economia processual,
simplicidade e instrumentalidade das formas,
entende-se possível o aditamento da inicial até
a realização da audiência inaugural,
independentemente do momento da
notificação, desde que assegurado o direito ao
contraditório. Todavia, com a realização da
audiência e a apresentação da defesa, ocorre a
estabilização da lide trabalhista, sendo vedada
a alteração objetiva da demanda, nos termos
do art. 329, II, do CPC, e dos arts. 847 e 848 da
CLT. Agravo não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n.° TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201, em

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.2

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

que é Agravante JAIME ALVES LIRA e são Agravadas CAIXA ECONÔMICA FEDERAL,
CBR ENGENHARIA S/S LTDA e BANCO BTG PACTUAL S.A.

Trata-se de agravo interposto à decisão que denegou


seguimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, na forma dos arts. 932, III,
c/c 1.011, I, do CPC de 2015 e 118, X, do RITST.
Inconformado, o agravante alega que seu recurso reunia
condições de admissibilidade. Pugna pela reconsideração da decisão agravada.
Foram apresentadas contrarrazões.
É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

Preenchidos os requisitos de admissibilidade recursal,


CONHEÇO do agravo.

2 – MÉRITO

2.1 – RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO.


ADITAMENTO À INICIAL. MODIFICAÇÃO DO PEDIDO. APRESENTAÇÃO APÓS A
AUDIÊNCIA INAUGURAL E A PROTOCOLIZAÇÃO DAS DEFESAS. NECESSIDADE DE
CONSENTIMENTO EXPRESSO DAS RECLAMADAS

Admito a transcendência da causa, na forma do art. 896-A, § 1.º,


I, da CLT, haja vista o elevado valor da causa – R$ 212.999,14 (duzentos e doze mil reais
e quatorze centavos), que supera em muito 40 (quarenta) salários mínimos,
estabelecido como referência pela Sétima Turma deste Tribunal para admitir a
transcendência econômica na hipótese de recurso de pessoa natural, e que reputo
razoável para a análise do caso em questão.

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.3

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

Trata-se de agravo interposto à decisão proferida pelo Exmo.


Ministro Alexandre Agra Belmonte, que negou seguimento ao agravo de instrumento
interposto pelo reclamante, aos seguintes fundamentos:

“Considerando que o acórdão do Tribunal Regional foi publicado na


vigência da Lei nº 13.467/2017, o(s) recurso(s) de revista submete(m)-se ao
crivo da transcendência, que deve ser analisada de ofício e previamente,
independentemente de alegação pela parte.
O art. 896-A da CLT, inserido pela Lei nº 13.467/2017, com vigência a
partir de 11/11/2017, estabelece em seu § 1º, como indicadores de
transcendência: I - econômica, o elevado valor da causa; II - política, o
desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal; III - social, a
postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente
assegurado; IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da
interpretação da legislação trabalhista.
Com relação à transcendência econômica, destaque-se que o valor
arbitrado à condenação deve se revelar desproporcional ao(s) pedido(s)
deferido(s) na instância ordinária, e é destinado à proteção da atividade
produtiva, não devendo ser aplicada isoladamente em favor do trabalhador.
Já quanto à transcendência social, observe-se que é pressuposto de
admissibilidade recursal a invocação expressa de violação a dispositivo da
Constituição Federal que contenha direito social assegurado, especialmente
aqueles elencados no Capítulo II do Título II da Carta de 1988 (Dos Direitos
Sociais). Por outro lado, a transcendência social não se aplica aos recursos
interpostos por empresa-reclamada.
Além disso, com o advento da Lei 13.015/2014, o § 1º-A do artigo 896 da
CLT passou a atribuir ao recorrente, sob pena de não conhecimento do
recurso, o ônus de: I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia
o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; II - indicar,
de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula
ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite
com a decisão regional; III - expor as razões do pedido de reforma,
impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive
mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição
Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.
Assim, fundamentalmente, não se conhece de recurso de revista que
não transcreve o trecho que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia; que apresente a transcrição dos trechos do acórdão regional no
início do recurso de revista, de forma preliminar e totalmente dissociada das
razões de reforma; que transcreve o inteiro teor do acórdão regional ou do
capítulo impugnado, sem destaque do trecho que efetivamente consubstancia
o prequestionamento da controvérsia; que apresente a transcrição apenas da
Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.4

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

ementa ou do dispositivo da decisão recorrida; e que contenha transcrição de


trecho insuficiente, ou seja, de trecho da decisão que não contempla a
delimitação precisa dos fundamentos adotados pelo TRT.
De igual forma, o § 8º do artigo 896 da CLT impôs ao recorrente, na
hipótese de o recurso de revista fundar-se em dissenso de julgados, “...o ônus
de produzir prova da divergência jurisprudencial, mediante certidão, cópia ou
citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em
mídia eletrônica, em que houver sido publicada a decisão divergente, ou ainda
pela reprodução de julgado disponível na internet, com indicação da
respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados”, grifamos.
A alteração legislativa nesses aspectos constitui pressuposto de
adequação formal de admissibilidade do recurso de revista e se orienta no
sentido de propiciar, em todos os casos, a identificação precisa da
contrariedade à Lei ou à Jurisprudência, afastando-se os recursos de revista
que impugnam de forma genérica a decisão regional e conduzem sua
admissibilidade para um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de
verificação e adequação formal do apelo.
No presente caso, diante da análise de ofício dos pressupostos de
adequação formal de admissibilidade, do exame prévio dos indicadores de
transcendência, além do cotejo do despacho denegatório com as razões de
agravo de instrumento, verifica-se que a(s) parte(s) não atendeu(ram) a todos
requisitos acima descritos, devendo ser mantida a denegação de seguimento
de seu(s) recurso(s) de revista.
Assim, com base no inciso LXXVIII do artigo 5º da Constituição Federal,
que preconiza o princípio da duração razoável do processo, não prospera(m)
o(s) presente(s) agravo(s) de instrumento.
Diante do exposto, com base nos artigos 489, § 1º, 932, III e IV, do CPC,
896-A, §§ 1º e 2º, da CLT, e 247, § 2º, do RITST, NEGO SEGUIMENTO ao(s)
agravo(s) de instrumento.”

Nas razões do agravo, o agravante pugna pela reconsideração da


decisão agravada. Sustenta que seu recurso cumpriu com todos os requisitos de
admissibilidade. Quanto ao mérito, reitera os termos do recurso de revista e pretende a
reforma da decisão monocrática que negou seguimento ao seu agravo de instrumento,
renovando o debate em torno da possibilidade de emenda da petição inicial para o
reconhecimento de vínculo empregatício.
Todavia, a matéria impugnada no recurso de revista e reiterada
nas razões do agravo não possui transcendência econômica, política, jurídica ou social.
Sobre o tema, o TRT consignou:

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.5

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

“Insurge-se o recorrente contra o indeferimento do vínculo de emprego


com a CBR ENGENHARIA S/S LTDA.. Alega que apresentou emenda à inicial
alterando o pedido de reconhecimento de vínculo empregatício em face a
CEF.
Assim decidiu o Juízo a quo:

"Destaco que não há qualquer pedido de reconhecimento


de vínculo do autor com a 1º reclamada (CBR Engenharia), sendo
que a análise limitar-se-á aos limites da postulação
(reconhecimento de vínculo com a 2º reclamada, Caixa
Econômica Federal), na forma do art. 141 do CPC.
Com efeito, nesse caso específico, a defesa alegou que a
prestação de serviços em benefício da 2º reclamada (CEF) ocorria por
meio da 1º reclamada (CBR), o que foi confirmado em depoimento
pessoal do autor ("trabalhava pela CBR em benefício da Caixa
Econômica Federal").
Destaco que não há qualquer reconhecimento por parte da 1º
reclamada (CBR Engenharia) que o autor era seu empregado sendo
referido que ele era prestador de serviços.
Ademais, o reclamante confessou que quem pagava o seu
salário era a 1º reclamada (CBR), nesses termos: "que quem pagava o
salário do autor era a CBR".
Assim, conforme confissão real, restou afastado o requisito
onerosidade em face da pretensa empregadora (Caixa Econômica
Federal), o que é suficiente para desconfigurar a alegada relação de
emprego, uma vez que os requisitos do art. 3º da CLT são
cumulativos, e não disjuntivos.
Julgo improcedente o pedido de reconhecimento de vínculo
com a Caixa Econômica Federal.
Em razão da improcedência do pedido principal, improcedem
todos os demais pedidos, pois dele seriam decorrência.”

A sentença não merece reparos.


O cerne da presente questão gravita em torno de qual empresa teria
contratado o reclamante.
O conjunto probatório demonstra que o reclamante foi contratado pela
empresa CBR ENGENHARIA S/S LTDA. e não pela CEF.
Da mesma forma, não há nenhum indício nos autos de que havia
subordinação jurídica direta entre o reclamante e a CEF.
Tanto é assim, que o demandante, após ter ciência do teor das
defesas apresentadas pelas reclamadas, optou por apresentar emenda à
inicial no id af8ebd8 para requerer o reconhecimento do vínculo
empregatício com a CBR ENGENHARIA S/S LTDA..

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.6

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

Contudo, o reclamante apresentou emenda à inicial após a


audiência inaugural sem que houvesse autorização das reclamadas para
tanto.
Sendo assim, a referida peça processual deverá ser ignorada por se
tratar de inovação a lide.
Afinal, no processo trabalhista, a modificação do pedido e da causa de
pedir após a apresentação das defesas depende do consentimento das
reclamadas.
Vale salientar, ainda, que não há que se falar em consentimento tácito
das reclamadas após a apresentação espontânea da emenda à inicial. Na
esfera trabalhista, é necessário que o polo passivo concorde expressamente
com a alteração do pedido, sob pena de violação do devido processo legal.
No mais, para que reste configurada a relação empregatícia, essencial a
presença dos seguintes elementos: a) trabalho prestado por pessoa física; b)
pessoalidade, ou seja, a prestação de serviços há de ser intuitu personae no
tocante ao trabalhador; c) não eventualidade, posto que o trabalho
esporádico não corresponde à relação de emprego; d) onerosidade, haja vista
o trabalho executado pelo empregado dever ser remunerado; e e)
subordinação jurídica, posto que o empregado deve se submeter ao poder de
direção de suas atividades pelo empregador.
Pois bem.
Pela análise dos autos, verifica-se que o reclamante foi contratado por
empresa diversa da CEF.
Além disso, saliento, novamente, que não há nenhuma prova de fraude
a respeito da prestação de serviços do reclamante como terceirizado que
possa justificar o reconhecimento do vínculo empregatício direto com CEF.
No caso em tela, o reclamante deveria ter solicitado o reconhecimento
do vínculo com sua real empregadora na petição inicial, ou seja, a empresa
"CBR ENGENHARIA S/S LTDA.".
Contudo, sendo incabível a alteração do pedido pela emenda à
inicial id af8ebd8, o reconhecimento do vínculo empregatício com CEF
deverá ser julgado improcedente.
Por fim, convém lembrar que o Juízo sentenciante está restrito ao
requerimento da parte autora que foi apresentado na petição inicial da ação
trabalhista.
Sendo assim, nego provimento ao reconhecimento do vínculo
empregatício." (grifos nossos)

Opostos embargos de declaração pelo reclamante, o Tribunal


Regional do Trabalho se manifestou nos seguintes termos:

“DA OMISSÃO

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.7

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

O reclamante alega que o acórdão seria omisso pois, segundo o


embargante, o Juízo a quo teria lhe dado permissão para apresentação de
emenda à inicial após a audiência inaugural.
Sem nenhuma razão.
Em nenhum momento foi deferido prazo para o reclamante
emendasse a petição inicial na audiência de fls. 680-681.
De resto, o acórdão é claro ao negar provimento ao recurso em
razão da inexistência de indícios a respeito do vínculo empregatício com
a 1º reclamada e pela ocorrência de inovação à lide pois não havia
permissão das reclamadas para modificação do pedido e da causa de
pedir no caso em tela.
Logo, tendo este relator adotado tese explícita sobre o tema decidido e,
considerando-se que não está o Juiz obrigado a refutar todos os argumentos
sustentados pelas partes, desde que fundamente o julgado (artigos 371 e 489,
II, do CPC, 832 da CLT e 93, IX da CRFB), tem-se por pré-questionados os
dispositivos legais invocados pelo Embargante, na forma da súmula 297, I, do
€. TST.
Vale ressaltar, também, que os embargos de declaração não são o meio
processual adequado para alteração de decisão judicial por suposto erro in
judicando, devendo a parte interpor recurso para instância superior.
Deve ser salientado, ainda, que o Enunciado nº 297, do C. TST não criou
hipótese nova de cabimento de embargos declaratórios, que só são cabíveis
(mesmo para fins de prequestionamento) nas hipóteses expressamente
previstas no artigo 1.022 do CPC.
Pelo exposto, nego provimento aos embargos declaratórios.
DA CONTRADIÇÃO
O reclamante alega que o acórdão seria contraditório pois não
teria ocorrido nenhum prejuízo para as reclamadas no caso em tela.
Sem nenhuma razão.
No caso, não houve prejuízo pois o pedido foi julgado improcedente
na 1º instância. Contudo, se houvesse julgamento em favor do
embargante haveria necessariamente ferimento ao devido processo
legal in casu.
De resto, o acórdão é claro ao negar provimento ao recurso em razão
da inexistência de indícios a respeito do vínculo empregatício com a 1º
reclamada e pela ocorrência de inovação à lide pois não havia permissão das
reclamadas para modificação do pedido e da causa de pedir no caso em tela.
Logo, tendo este relator adotado tese explícita sobre o tema decidido e,
considerando-se que não está o Juiz obrigado a refutar todos os argumentos
sustentados pelas partes, desde que fundamente o julgado (artigos 371 e 489,
II, do CPC, 832 da CLT e 93, IX da CRFB), tem-se por prequestionados os
dispositivos legais invocados pelo Embargante, na forma da súmula 297, I, do
€. TST.

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.8

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

Vale ressaltar, também, que os embargos de declaração não são o meio


processual adequado para alteração de decisão judicial por suposto erro in
judicando, devendo a parte interpor recurso para instância superior.
Deve ser salientado, ainda, que o Enunciado nº 297, do C. TST não criou
hipótese nova de cabimento de embargos declaratórios, que só são cabíveis
(mesmo para fins de prequestionamento) nas hipóteses expressamente
previstas no artigo 1.022 do CPC.
Pelo exposto, nego provimento aos embargos declaratórios.
DO PEDIDO PARA DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA
O reclamante alegou que a sentença deveria ser declarada nula caso
fosse mantida neste julgamento a inovação à lide reconhecida no acórdão de
fls. 8/6-882.
Sem nenhuma razão.
A sentença julgou o pedido conforme este foi apresentado na
petição inicial.
Não há que se falar, portanto, em nulidade.
Nego provimento.
CONCLUSÃO
Pelo Exposto, conheço dos Embargos de Declaração e, no mérito,
nego-lhes provimento, nos termos da fundamentação supra.” (grifos nossos)

O Tribunal Regional, ao concluir que a alteração do pedido


através de aditamento à petição inicial mostrou-se incabível por ter ocorrido após a
audiência inaugural e apresentação das defesas, decidiu em conformidade à
jurisprudência desta Corte.
Com efeito, em atenção aos princípios da celeridade, economia
processual, simplicidade e instrumentalidade das formas, entende-se possível o
aditamento da inicial até a realização da audiência inaugural, independentemente do
momento da notificação, desde que assegurado o direito ao contraditório. Todavia, com
a realização da audiência e a apresentação da defesa, ocorre a estabilização da lide
trabalhista. Nesse sentido:

(...) NULIDADE. PRAZO PARA ADITAMENTO DA INICIAL. NÃO


CONFIGURAÇÃO. No que tange ao aditamento da inicial, o artigo 329, I, do
CPC, estabelece que o autor poderá: "I - até a citação, aditar ou alterar o
pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; II -
até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir,
com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias,
facultado o requerimento de prova suplementar.". Na regra processual

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.9

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

comum, portanto, o aditamento da petição inicial, com alteração do pedido ou


da causa de pedir, sem anuência da parte adversa, é admitido até a citação,
momento a partir do qual corre o prazo para apresentação da defesa,
garantida no artigo 5º, LV, da Constituição Federal. Não obstante, no processo
do trabalho, por força dos princípios da economia processual, celeridade,
instrumentalidade das formas e simplicidade, o momento para o exercício do
direito de defesa é a data da audiência inaugural, independentemente da data
da citação (artigo 847 da CLT). Assim, o aditamento da petição inicial após a
citação não implica, necessariamente, prejuízo ao exercício do contraditório e
da ampla defesa. Firmou-se nesta Corte o entendimento no sentido de
que o aditamento da petição inicial é possível, mesmo após a citação da
ré e sem a sua anuência, desde que seja notificada e tenha oportunidade
de se manifestar no prazo do artigo 841, caput, da CLT, o que aconteceu
no caso. Importa ressaltar que o acréscimo feito à petição inicial, desde que
assegurado o prazo mínimo de cinco dias para a manifestação do reclamado
antes da audiência designada, contribui para a redução do número de ações,
na medida em que se evita a formulação da pretensão em outra,
posteriormente ajuizada. Frise-se, por fim, que as normas que regem a
declaração de nulidade no processo do trabalho vinculam o desfazimento do
ato à ocorrência de prejuízo à parte, o que, sequer, foi alegado,
expressamente, nas razões do apelo. Agravo interno conhecido e não provido.
(...) (Ag-RRAg-1000158-22.2017.5.02.0047, Rel. Min. Cláudio Mascarenhas
Brandão, 7.ª Turma, DEJT 23/6/2023)

AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.015/2014. ADITAMENTO
DA INICIAL APÓS A CITAÇÃO. POSSIBILIDADE. É entendimento desta Corte
Superior, com respaldo nos princípios da economia processual, celeridade,
instrumentalidade das formas e simplicidade, o de que, no Processo do
Trabalho, o aditamento da Reclamação Trabalhista pode ocorrer depois
de efetivada a citação, e sem a anuência da parte contrária, desde que
antes da audiência inaugural e, ainda, respeitado o prazo mínimo a que
alude o art. 841, caput, da CLT. Precedentes. Uma vez constatado, com base
nas premissas fático-jurídicas contidas no acórdão regional, que foram
respeitados os parâmetros acima delineados, não há falar-se na modificação
do acórdão regional, que entendeu válido o aditamento à Inicial, efetivado
pela autora. Incólumes os dispositivos legais e constitucionais tidos por
violados. Assim, estando a decisão agravada em harmonia com a
jurisprudência do TST, a alteração do decisum encontra óbice na Súmula n.º
333 do TST e art. 896, § 7.º, da CLT. (...) (Ag-AIRR-2796-82.2012.5.02.0059, Rel.
Min. Luiz José Dezena da Silva, 1.ª Turma, DEJT 19/12/2022)

(...) AJUIZAMENTO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA ANTES DE EXPIRADO


O PRAZO PRESCRICIONAL EXTINTIVO DE DOIS ANOS. ADITAMENTO À PETIÇÃO

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.10

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

INICIAL EM MOMENTO POSTERIOR. ACRÉSCIMO RELACIONADO AO PEDIDO


DE HORAS EXTRAS. PEDIDO PRESENTE NA RECLAMAÇÃO DESDE A DATA DE
AJUIZAMENTO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. O primeiro contato do Juiz do
Trabalho com os autos ocorre na audiência de tentativa de conciliação. Assim,
o aditamento à petição inicial é válido quando feito até a audiência de
tentativa de conciliação e julgamento, porém antes da apresentação da
contestação da reclamada (art. 294 do CPC/1973, atual art. 329 do
CPC/2015, aplicado subsidiariamente ao Processo do Trabalho). In casu,
restou incontroverso que a autora foi dispensada em 17/07/2009 e
apresentou a reclamação trabalhista dentro do prazo bienal (27/07/2010), o
qual foi interrompido pelo ajuizamento da ação, nos termos do art. 219 do
CPC/1973 (art. 240 do CPC/2015). O aditamento realizado no dia 28/09/2011
foi referente ao pedido de horas extras. Portanto, a decisão regional, que não
levou em conta a interrupção do prazo prescricional e declarou a prescrição
total do direito referente às horas extras em face do aditamento ter sido
formulado dois anos após a despedida da reclamante, não deve prevalecer.
Recurso de revista conhecido e provido. (RR-886-80.2010.5.01.0006, Rel. Min.
Maria Helena Mallmann, 2.ª Turma, DEJT 8/6/2018)

RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO NOVO CPC.


CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. ADITAMENTO À PETIÇÃO INICIAL
APÓS A NOTIFICAÇÃO E A APRESENTAÇÃO DA CONTESTAÇÃO, MAS ANTES DA
AUDIÊNCIA INAUGURAL. No processo do trabalho, regido pelos princípios da
celeridade, economia processual, simplicidade e instrumentalidade das
formas, o momento para o exercício do direito de defesa é a data da
audiência inaugural, de acordo com o previsto no art. 847 da CLT,
independentemente da data da citação. Dessa forma, admite-se o
aditamento da inicial até a apresentação da defesa em audiência, visto
que é neste momento que se dá a estabilização da lide trabalhista, desde
que seja garantido o direito do contraditório ao Reclamado. No caso
concreto, não houve prejuízo ao pleno exercício do contraditório e da ampla
defesa da Reclamada, visto que o Tribunal Regional informou que o pedido de
aditamento da petição inicial ocorreu após a apresentação da contestação,
mas consignou expressamente que a audiência inaugural ainda não havia
ocorrido e que, naquela oportunidade, foi deferido prazo à Reclamada para
apresentação de contestação complementar, devidamente observado, e
somente após esse prazo e a apresentação da contestação complementar é
que o Juiz procedeu à estabilização da lide. Precedentes. Recurso de Revista
não conhecido. (RR-1652-59.2014.5.06.0005, Rel. Min. Maria de Assis Calsing,
4.ª Turma, DEJT 30/6/2017)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014.


CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. ADITAMENTO À PETIÇÃO INICIAL
APÓS A APRESENTAÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Nega-se provimento a agravo de

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.11

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

instrumento quando suas razões, mediante as quais se pretende demonstrar


que o Recurso de Revista atende aos pressupostos de admissibilidade
inscritos no art. 896 da CLT, não conseguem infirmar os fundamentos do
despacho agravado. Agravo de instrumento a que se nega provimento." (AIRR-
1000289-83.2014.5.02.0602, Rel. Min. João Batista Brito Pereira, 5.ª Turma,
DEJT 6/5/2016)

RECURSO DE REVISTA. EMENDA À PETIÇÃO INICIAL APÓS A


CONTESTAÇÃO. MODIFICAÇÃO DO PEDIDO E DA CAUSA DE PEDIR.
IMPOSSIBILIDADE. A modificação do pedido ou da causa de pedir após a
apresentação da contestação e instauração do contraditório, máxime quando
a reclamada manifesta expressamente sua discordância, nega vigência ao
princípio da estabilização da demanda, previsto no art. 264 do CPC, o qual
preconiza que, feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa
de pedir, sem o consentimento do réu. Recurso de revista conhecido e
provido, nesse particular" (RR-528640-17.2007.5.09.0007, 1ª Turma, Relator
Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 18/08/2015)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. EMENDA À INICIAL


APÓS APRESENTAÇÃO DA CONTESTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do
art. 264, parágrafo único, do CPC, a alteração do pedido ou da causa de
pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do
processo. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (AIRR-
37-52.2010.5.09.0567, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 6.ª Turma, DEJT
17/10/2014)

Com efeito, após a apresentação da defesa em audiência, ocorre


a estabilização da lide trabalhista, sendo vedada a alteração objetiva da demanda, nos
termos do art. 329, II, do CPC, e dos arts. 847 e 848 da CLT.
Além disso, segundo bem consignou o Tribunal Regional, não
consta da ata da audiência inaugural nenhuma possibilidade de emenda ou aditamento
da inicial, não havendo como se verificar o argumento do autor, ainda que a pretexto de
prevalência da realidade dos fatos.
O prazo concedido ao reclamante à ocasião foi específico para
manifestação sobre os documentos apresentados nas defesas, não abrangendo, por
óbvio, qualquer possibilidade de alteração do pedido.
Ilesos, portanto, os dispositivos legais apontados.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo.

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.12

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DDD5D98EDFB.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-102209-81.2017.5.01.0201

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo e, no mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DELAÍDE MIRANDA ARANTES
Ministra Relatora

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Você também pode gostar