Você está na página 1de 27

Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMSPM/lcs

I – AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO


EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA
RECLAMADA – TURNO ININTERRUPTO DE
REVEZAMENTO. ELASTECIMENTO POR
NORMA COLETIVA. TEMA 1046 DA TABELA DE
REPERCUSSÃO GERAL DO STF - ARTIGO 7º,
XXVI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA -
MINUTOS RESIDUAIS. TEMPO À DISPOSIÇÃO.
TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO
GERAL DO STF. ARTIGO 7º, XXVI, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA
RECONHECIDA. Constatada violação do inciso
XXVI do artigo 7º da Constituição da República,
impõe-se o provimento do agravo a fim de
prover o agravo de instrumento e determinar o
processamento do recurso de revista. Agravo
provido.

II – RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA


RECLAMADA – TURNO ININTERRUPTO DE
REVEZAMENTO. ELASTECIMENTO POR
NORMA COLETIVA. TEMA 1046 DA TABELA DE
REPERCUSSÃO GERAL DO STF. ART. 7º, XXVI,
DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA.
O Supremo Tribunal Federal, ao deliberar
sobre o Recurso Extraordinário com Agravo nº
1.121.633, de relatoria do Ministro Gilmar
Mendes (Tema 1.046 da Tabela de Repercussão
Geral), estabeleceu tese jurídica nos seguintes
termos: "São constitucionais os acordos e as
convenções coletivos que, ao considerarem a

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.2

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

adequação setorial negociada, pactuam


limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação
especificada de vantagens compensatórias, desde
que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis". Assim, é válida a norma coletiva
que estabelece limitações ou supressões de
direitos trabalhistas, desde que esses direitos
não sejam absolutamente indisponíveis, o que
não é o caso dos autos, pois a própria
Constituição prevê, em seu artigo 7º, XIV, a
possibilidade de negociação coletiva sobre
jornada de trabalho em turnos ininterruptos de
revezamento. Ademais, o limite máximo de 2
horas no acréscimo da jornada, estabelecido
no caput do artigo 59 da CLT e utilizado na
construção jurisprudencial da Súmula 423 do
TST, não é um direito de indisponibilidade
absoluta, pois não tem previsão constitucional.
Dessa forma, pode ser objeto de negociação
coletiva entre as partes. Precedentes. Recurso
de revista conhecido e provido.
MINUTOS RESIDUAIS. TEMPO À DISPOSIÇÃO.
TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO
GERAL DO STF. ART. 7º, XXVI, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA.
O Supremo Tribunal Federal, ao deliberar
sobre o Recurso Extraordinário com Agravo nº
1.121.633, de relatoria do Ministro Gilmar
Mendes (Tema 1.046 da Tabela de Repercussão
Geral), estabeleceu tese jurídica nos seguintes
termos: "São constitucionais os acordos e as
convenções coletivos que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação
Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.3

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

especificada de vantagens compensatórias, desde


que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis". Assim, é válida a norma coletiva
que estabelece limitações ou supressões de
direitos trabalhistas, desde que esses direitos
não sejam absolutamente indisponíveis, o que
não é o caso dos autos, pois foi estabelecido na
nova redação do § 2º do artigo 4º da CLT que
“por não se considerar tempo à disposição do
empregador, não será computado como período
extraordinário o que exceder a jornada normal,
ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos
previsto no § 1o do art. 58 desta Consolidação,
quando o empregado, por escolha própria,
buscar proteção pessoal, em caso de insegurança
nas vias públicas ou más condições climáticas,
bem como adentrar ou permanecer nas
dependências da empresa para exercer atividades
particulares, entre outras”. Precedentes. Válida,
portanto, norma coletiva que dispõe sobre os
minutos residuais. Recurso de revista
conhecido e provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista


n° TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028, em que é Recorrente FCA - FIAT CRHYSLER
AUTOMÓVEIS BRASIL LTDA. e é Recorrido FERNANDO SOARES PINTO.

A reclamada interpõe agravo (fls. 990/1.022), contra a decisão


monocrática de fls. 984/988, mediante a qual foi negado seguimento ao seu agravo de
instrumento.
Contraminuta apresentada às fls. 1.025/1.028.
Os autos vieram a mim redistribuídos por sucessão.
É o relatório.

VOTO

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.4

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

I – AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA

1 – CONHECIMENTO

Conheço do agravo por estarem presentes os pressupostos


legais de admissibilidade, entre os quais a representação processual (fls. 969/970) e a
tempestividade (ciência da decisão agravada em 4/10/2022 e interposição do agravo em
15/10/2022).

2 – MÉRITO

2.1 - TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO.


ELASTECIMENTO POR NORMA COLETIVA. TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO
GERAL DO STF

Por meio de decisão monocrática, foi negado seguimento ao


agravo de instrumento da reclamada sob a seguinte fundamentação:

"O Tribunal Regional denegou seguimento ao recurso de revista com


base nos seguintes fundamentos:
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
O recurso é próprio, tempestivo (acórdão publicado em
27/08/2018; recurso interposto em 06/09/2018), devidamente
preparado (depósito recursal - ID. 1f8f2c7; custas - ID. 6ad141c),
sendo regular a representação processual.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Recurso /
Transcendência.
A arguição de possível inconstitucionalidade do art. 896-A,
da CLT, não é afeta ao recurso de revista, que, em seus estreitos
limites, destina-se às hipóteses previstas no art. 896 da CLT.
De toda sorte, esclareço que, nos termos do art. 896-A da
CLT, não compete aos Tribunais Regionais, mas exclusivamente
ao C. TST, examinar se a causa oferece transcendência em relação
aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou
jurídica.

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.5

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Duração do Trabalho / Turno Ininterrupto de Revezamento


/ Previsão de 8 Horas - Norma Coletiva.
Duração do Trabalho / Compensação de Horário / Acordo
Tácito / Expresso.
Duração do Trabalho / Horas Extras / Contagem de Minutos
Residuais.
Sentença Normativa/Convenção e Acordo Coletivos de
Trabalho / Acordo e Convenção Coletivos de Trabalho / Multa
Convencional.
Examinados os fundamentos do acórdão, constato que o
recurso, em seus temas e desdobramentos, não demonstra
divergência jurisprudencial válida e específica, nem contrariedade
com Súmula de jurisprudência uniforme do C. TST ou Súmula
Vinculante do E. STF, tampouco violação literal e direta de
qualquer dispositivo de lei federal e/ou da Constituição da
República, como exigem as alíneas ‘a’ e ‘c’ do art. 896 da CLT.
Nada a deferir acerca da aplicação da Lei 13.467/2017 aos
autos em exame, na medida em que o novel diploma não pode
ser utilizado como parâmetro para reger contrato de trabalho já
terminado, situação jurídica já consolidada à luz da legislação
pretérita, sem ofensa ao princípio da irretroatividade (art. 5º,
XXXVI, da CR/1988).
Nos temas minutos residuais e turno ininterruptos de
revezamento e seus consectários, a Turma Julgadora decidiu em
sintonia com a Súmula 366 do TST e com a OJ 360 da SBDI-I da
SBDI-I do TST e a Súmula 423 do TST, de forma a sobrepujar os
arestos válidos que adotam tese diversa e afastar as violações
apontadas.
Não ensejam recurso de revista decisões superadas por
iterativa, notória e atual jurisprudência do C. Tribunal Superior do
Trabalho (§ 7º do art. 896 da CLT e Súmula 333 do TST).
O entendimento de que é inválida a norma coletiva que
majorou a jornada normal dos turnos ininterruptos de
revezamento de seis para oito horas, no caso de prestação de
horas extras excedentes à oitava, adotado no acórdão recorrido e
consagrado no item I da novel Súmula 38 deste E. Regional, está
de acordo com a iterativa jurisprudência do C. TST, a exemplo dos
seguintes julgados, dentre vários: AgR-E-ARR -
355-73.2010.5.04.0761 , Relator Ministro: Hugo Carlos
Scheuermann, SBDI-I, Data de Publicação: DEJT 24/04/2015;
AgR-E-ED-RR - 138200-33.2011.5.17.0121 , Relator Ministro:
Guilherme Augusto Caputo Bastos, SBDI-I, Data de Publicação:
DEJT 20/02/2015; E-ED-RR - 1154-20.2011.5.08.0002 , Relator
Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SBDI-I, Data de

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.6

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Publicação: DEJT 24/10/2014, o que atrai a aplicação do § 7º do


art. 896 da CLT e da Súmula 333 do C. TST.
Inexiste dissenso com a Súmula 444 do C. TST, uma vez que
a hipótese dos autos não trata de jornada em escala 12x36h.
No tema multa convencional, ao contrário do que alega a
recorrente, não há ofensa ao art. 7º XXVI da CR, mas sim a
aplicação do instrumento coletivo de trabalho no caso concreto
conforme se verifica na decisão da Turma de que:
Verifica-se, pois, infração às CCTs quanto às cláusulas
relativas à remuneração de horas extras, segundo os adicionais
normativos fixados (ID. 1b72070 - Pág. 10).
Nos temas trazidos, o acórdão recorrido está lastreado em
provas. Incabível, portanto, o recurso de revista para reexame de
fatos e provas, nos termos da Súmula 126 do C. TST.
Não há ofensa ao art. 818 da CLT. A d. Turma adentrou no
cerne da prova, valorando-a contrária aos interesses da
recorrente.
É também imprópria a alegada afronta ao princípio da
legalidade (inciso II do art. 5º da CR) quando a sua verificação
implica rever a interpretação dada pela decisão recorrida às
normas infraconstitucionais (Súmula 636 do STF).
Os arestos provenientes de Turma do C. TST e do E. STF,
órgãos não mencionados na alínea ‘a’ do art. 896 da CLT, não se
prestam ao confronto de teses.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Considerando que o acórdão do Tribunal Regional foi publicado na
vigência da Lei nº 13.467/2017, o recurso de revista submete-se ao crivo da
transcendência, que deve ser analisada de ofício e previamente,
independentemente de alegação pela parte.
O art. 896-A da CLT, inserido pela Lei nº 13.467/2017, com vigência a
partir de 11/11/2017, estabelece em seu § 1º, como indicadores de
transcendência: I - econômica, o elevado valor da causa; II - política, o
desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal; III - social, a
postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente
assegurado; IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da
interpretação da legislação trabalhista.
Com relação à transcendência econômica, destaque-se que o valor
arbitrado à condenação deve se revelar desproporcional ao pedido deferido
na instância ordinária, e é destinado à proteção da atividade produtiva, não
devendo ser aplicada isoladamente em favor do trabalhador.
Já quanto à transcendência social, observe-se que é pressuposto de
admissibilidade recursal a invocação expressa de violação a dispositivo da

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.7

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Constituição Federal que contenha direito social assegurado, especialmente


aqueles elencados no Capítulo II do Título II da Carta de 1988 (Dos Direitos
Sociais). Por outro lado, a transcendência social não se aplica aos recursos
interpostos por empresa-reclamada.
Além disso, com o advento da Lei 13.015/2014, o § 1º-A do artigo 896 da
CLT passou a atribuir ao recorrente, sob pena de não conhecimento do
recurso, o ônus de: I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia
o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; II - indicar,
de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula
ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite
com a decisão regional; III - expor as razões do pedido de reforma,
impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive
mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição
Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.
Assim, fundamentalmente, não se conhece de recurso de revista que
não transcreve o trecho que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia; que apresente a transcrição dos trechos do acórdão regional no
início do recurso de revista, de forma preliminar e totalmente dissociada das
razões de reforma; que transcreve o inteiro teor do acórdão regional ou do
capítulo impugnado, sem destaque do trecho que efetivamente consubstancia
o prequestionamento da controvérsia; que apresente a transcrição apenas da
ementa ou do dispositivo da decisão recorrida; e que contenha transcrição de
trecho insuficiente, ou seja, de trecho da decisão que não contempla a
delimitação precisa dos fundamentos adotados pelo TRT.
De igual forma, o § 8º do artigo 896 da CLT impôs ao recorrente, na
hipótese de o recurso de revista fundar-se em dissenso de julgados, ‘...o ônus
de produzir prova da divergência jurisprudencial, mediante certidão, cópia ou
citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia
eletrônica, em que houver sido publicada a decisão divergente, ou ainda pela
reprodução de julgado disponível na internet, com indicação da respectiva fonte,
mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou
assemelhem os casos confrontados’, grifamos.
A alteração legislativa nesses aspectos constitui pressuposto de
adequação formal de admissibilidade do recurso de revista e se orienta no
sentido de propiciar, em todos os casos, a identificação precisa da
contrariedade à Lei ou à Jurisprudência, afastando-se os recursos de revista
que impugnam de forma genérica a decisão regional e conduzem sua
admissibilidade para um exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de
verificação e adequação formal do apelo.
No presente caso, diante da análise de ofício dos pressupostos de
adequação formal de admissibilidade, do exame prévio dos indicadores de
transcendência, além do cotejo do despacho denegatório com as razões de
agravo de instrumento, verifica-se que a parte não atendeu a todos requisitos

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.8

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

acima descritos, devendo ser mantida a denegação de seguimento de seu


recurso de revista.
Assim, com base no inciso LXXVIII do artigo 5º da Constituição Federal,
que preconiza o princípio da duração razoável do processo, não prospera o
presente agravo de instrumento.
Diante do exposto, com base nos artigos 489, § 1º, 932, III e IV, do CPC,
896-A, §§ 1º e 2º, da CLT, e 247, § 2º, do RITST, NEGO SEGUIMENTO ao agravo
“. (fls. 984/988)

A reclamada impugna a decisão mencionada. Nas razões em


exame defende que os turnos de revezamento foram alvo de instrumento coletivo
firmado com o sindicato e, portanto, são válidos, não sendo devida a condenação ao
pagamento de horas extras a partir da 6ª hora diária e 36ª semanal. Renova suas
alegações de violação dos artigos 7º, XIII, XIV e XXVI, 170, II, III, VI e VII, ambos da
Constituição da República, 966 e 1.142, ambos do CCB, 59, §2º, da CLT e de
contrariedade à tese jurídica de observância obrigatória firmada no julgamento do
Tema 1046 da Tabela de Repercussão Geral do STF.
De plano, verifico que a causa oferece transcendência jurídica
hábil a viabilizar sua apreciação (inciso IV do § 1º do artigo 896 da CLT).
Na fração de interesse, o Regional consignou:

"Extrai-se dos controles de jornada apresentados com a defesa que o


autor, até 05/08/2012 e de junho/2015 ao fim do contrato (setembro/2015),
trabalhou em 02 (dois) até 05 (cinco) turnos, cumprindo jornadas ora de 06h
às 15h48min, 20h às 06h, 01h às 06h, 06h às 14h15min e 06h às 14h16min,
ora de 20h às 06h, 01h às 06h, 06h às 14h15min e 06h às 14h16min, ora de
06h às 15h48min, 06h às 14h15min, 15h48min às 23h48min e 15h47min às
23h48min e ora de 06h às 15h48min e 15h48min a 01h09min (ID. b35220d -
Pág. 02/03 e pág. 88 a 95). No período remanescente, de 06/08/2012 a
31/05/2015, trabalhou em 02 (dois) turnos, de 20h às 06h e 01h às 06h, nos
períodos em que não esteve afastado por licença médica (ID. b35220d - Pág. 4
a 86).
Nessa senda, procede a alegação inicial do autor (ID. f33169a - Pág. 1,
item 2), ratificada em seu recurso (ID. f693df9 - Pág. 3, item 3.1), de que, de
23/06/2015 até 14.09.2015, data da dispensa, ficou caracterizada a ocorrência
de labor em turnos ininterruptos de revezamento, nos termos da OJ. 360 da
SDI-1 do TST, ainda que não houvesse trabalho efetivo durante a integralidade
do período noturno. Isso porque se consolidou o entendimento de que a
caracterização do trabalho em turnos ininterruptos de revezamento (art. 7º,
XIV, da CF) prescinde da alternância nas 24h do dia, bastando que, em dois
Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.9

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

turnos, haja alternância de trabalho diurno e noturno. Não há azo para cogitar
de inconstitucionalidade, pois o entendimento adotado na OJ. 360 da SDI-1 do
TST se coaduna com os princípios da dignidade da pessoa e da proteção à
saúde do trabalhador (inciso III do art. 1º e inciso XXII do art. 7º, ambos da
C.R./88).
Dirimida restou a questão, com o julgamento, pelo Pleno deste e. TRT,
em 17 de agosto de 2017, do IUJ nº 0010566-09.2017.5.03.0000, que culminou
com a edição da Súmula nº 64, in verbis:
‘FIAT - TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO - TURNO
PARCIALMENTE NOTURNO. Caracteriza turno ininterrupto de
revezamento a prestação de serviços em dois turnos, das 6h às
15h48min e das 15h48min à 1h09min, embora o último seja
parcialmente cumprido em horário noturno’.
Como se sabe, o art. 7º, inciso XIV, da Constituição da República de 1988
estabelece jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva.
Por sua vez, dispõe a Súmula 423 do Colendo TST que:
‘Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito
horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados
submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não têm
direito a pagamento das 7ª e 8ª horas como extras’.(grifou-se).
Deflui do referido verbete, portanto, que a pactuação válida
encontra limite na 8ª hora diária; ou seja, além disso, caracteriza-se o
sobrelabor.
Essa interpretação se alinha ao art. 7° da CR/88, incisos XIII e XIV, os
quais preveem a duração normal do trabalho não superior a oito horas e a
jornada de seis horas para o turno ininterrupto de revezamento.
O reclamante, entretanto, como demonstrado pelos cartões de
ponto, no período indicado na inicial e no recurso, de 23/06/2015 a
14/09/2015 trabalhou com habitualidade além da 8ª hora diária, o que
viola o entendimento contido na Súmula 423/TST, uma vez que não se
respeitava o limite de elastecimento da jornada em até oito horas,
previsto no artigo 7º, inciso XIII, da CR/88.
Nesse sentido, d.m.v.do entendimento de origem, as cláusulas
ajustadas nas negociações trazidas aos autos não podem prevalecer,
porquanto a limitação da jornada prevista pelo legislador visa à preservação
da saúde do obreiro que exerce suas atividades em condições de maior
desgaste do que o suportado pelos trabalhadores em turnos fixos.
Uma vez certo que o trabalho em turnos alternados gera desgaste físico
e mental maior ao trabalhador, a comprovação de danos à saúde é, ao
contrário do que a reclamada pretende fazer crer em sua peça defensiva (ID.
1dff75e - Pág. 16 e seguintes), desnecessária. Ora, a alternância de horários
afeta o relógio biológico do ser humano, comprometendo sua higidez. Como

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.10

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

se não bastasse, os turnos alternados implicam dificuldades no convívio social


e familiar, restringindo até mesmo atividades regulares.
E ainda que se alegue que os minutos a mais trabalhados pelo obreiro
durante a semana eram compensados com folgas aos sábados, tal pactuação
não pode prevalecer, por se tratar de norma de saúde e segurança do
trabalhador, além da expressa vedação prevista na Súmula 38 deste e.
Regional abaixo transcrita.
Assim, a negociação coletiva, que possibilita a extrapolação da
jornada de 6 horas, em se tratando de turno ininterrupto de
revezamento, é de natureza excepcional, e, portanto, o limite de 8 horas
ali pactuado deve ser estritamente seguido, sob pena de desvirtuar a
finalidade primeva do legislador que, ao tratar de forma específica da
jornada em turno ininterrupto de revezamento, visou minimizar os
desgastes sofridos pelo empregado na alternância de turnos de trabalho.
Não se permite flexibilizar mais do que isso.
A reclamada apresentou as normas coletivas de ID. d117dad, que,
conforme sustenta, autorizam a adoção de turnos ininterruptos de
revezamento com jornadas de 44 horas semanais.
Entretanto, entende este Relator que o acordo de compensação de
jornada não pode ser adotado concomitantemente ao elastecimento da
jornada de 6 para 8 horas diárias, em turnos ininterruptos de
revezamento, hipótese em que deve prevalecer a jornada de 6 horas
prevista no art. 7º, XIV, da CR/88.
Nesse sentido a Súmula nº 38 deste Egrégio Regional, in verbis:
‘TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. NEGOCIAÇÃO
COLETIVA. JORNADA SUPERIOR A OITO HORAS. INVALIDADE.
HORAS EXTRAS A PARTIR DA SEXTA DIÁRIA.
I - É inválida a negociação coletiva que estabelece jornada
superior a oito horas em turnos ininterruptos de revezamento,
ainda que o excesso de trabalho objetive a compensação da
ausência de trabalho em qualquer outro dia, inclusive aos
sábados, sendo devido o pagamento das horas laboradas acima
da sexta diária, acrescidas do respectivo adicional, com adoção do
divisor 180.
II - É cabível a dedução dos valores correspondentes às
horas extras já quitadas, relativas ao labor ocorrido após a oitava
hora. (RA 106/2015, disponibilização: DEJT/TRT3/Cad.Jud.
21/05/2015, 22/05/2015 e 25/05/2015)’.
Logo, no presente caso, não se pode admitir como válida a
negociação de compensação semanal de horas extras, posto que em
caracterização de elastecimento da jornada para além de oito horas
diárias, ou seja, em frontal contrariedade à intenção do legislador
constituinte de minimizar o desgaste físico e psíquico decorrente da
alternância de turnos.

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.11

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Assim, constatada a extrapolação da jornada para além de oito horas


diárias, com prestação habitual de horas extras, fica afastada a aplicação dos
instrumentos normativos e, por conseguinte, devido, como extraordinário, o
tempo de labor efetivamente prestado a partir da 6ª hora diária, no período
contratual a partir de 23/06/2015 (observados os limites estabelecidos na
inicial - ID. f33169a - Pág. 1, item 2), com os reflexos legais e divisor 180,
entendimento que não caracteriza violação a quaisquer dos princípios e
dispositivos constitucionais e legais invocados na defesa e em contrarrazões,
mormente tendo em vista a inaplicabilidade ao caso das alterações na
legislação trabalhistas advindas da Lei 13.467/2017.
Esclareça-se que é devido não só o adicional de hora extra, mas a hora
acrescida do adicional, uma vez que o obreiro era remunerado somente em
relação à duração normal de seu trabalho, que deveria ser de seis horas
diárias. Logo, as horas que excediam à jornada especial devem ser
remuneradas como extras, acrescidas do adicional, adotando-se,
consequentemente, o divisor 180.
Nesse sentido, a Orientação Jurisprudencial nº 275 da SBDI-1 do
Colendo TST, conforme a qual ‘inexistindo instrumento coletivo fixando jornada
diversa, o empregado horista submetido a turno ininterrupto de revezamento faz
jus ao pagamento das horas extraordinárias laboradas além da 6ª, bem como ao
respectivo adicional’.
Na mesma linha de entendimento, a Súmula nº 2 deste Egrégio
Tribunal:
‘Independentemente da forma de contratação do salário, as
horas trabalhadas, além da 6ª (sexta) diária, no turno ininterrupto
de revezamento, devem ser pagas tomando-se o valor do
salário-hora, apurado pelo divisor 180 (cento e oitenta) e
acrescidas do adicional de horas extras’.
Pelo exposto, dou provimento ao recurso, para condenar a reclamada
ao pagamento de horas extras, assim consideradas as excedentes à 6ª diária,
acrescidas dos adicionais convencionais e, à sua falta, do adicional mínimo
constitucional de 50%, conforme se apurar em liquidação, observando-se os
demonstrativos de pagamento e de frequência colacionados, a frequência do
reclamante, a redução ficta da hora noturna, os termos da Súmula 264 e da OJ
97 da SDI -1, ambas do TST, a evolução salarial do autor e o divisor 180, pelo
período contratual de 23/06/2015 até 14/09/2015, com reflexos em repousos
semanais remunerados, 13º salários, férias + 1/3, aviso prévio e FGTS + 40%.
Devem ser deduzidas as horas extras pagas a idêntico título, desde que
comprovadas na fase de conhecimento, observando-se os termos da OJ 415
da SDI-I do TST, independentemente do percentual.
Indevidos os reflexos em hora extras já pagas, porque implicariam bis in
idem.
Na apuração dos reflexos, deverá ser observada a Súmula 347 do TST. ".
(fls. 657/661– destaques acrescidos)

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.12

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Inicialmente, cumpre ressaltar que o Supremo Tribunal Federal,


ao deliberar sobre o Recurso Extraordinário com Agravo nº 1.121.633, de relatoria do
Ministro Gilmar Mendes (Tema 1.046 da Tabela de Repercussão Geral), estabeleceu tese
jurídica nos seguintes termos: "São constitucionais os acordos e as convenções coletivos
que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos
de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens
compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis".
Assim, é válida a norma coletiva que estabelece limitações ou
supressões de direitos trabalhistas, desde que esses direitos não sejam absolutamente
indisponíveis, o que não é o caso dos autos, pois a própria Constituição prevê, em seu
artigo 7º, XIV, a possibilidade de negociação coletiva sobre jornada de trabalho em
turnos ininterruptos de revezamento.
Nesse sentido, transcrevo julgados envolvendo as mesmas
matéria e reclamada:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO


NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.015/2014. TURNO ININTERRUPTO DE
REVEZAMENTO. ELASTECIMENTO DA JORNADA. NEGOCIAÇÃO COLETIVA.
LIMITAÇÃO OU AFASTAMENTO DE DIREITOS TRABALHISTAS. VALIDADE.
RESPEITO AOS DIREITOS ABSOLUTAMENTE INDISPONÍVEIS. APLICAÇÃO DA
TESE JURÍDICA VINCULANTE FIXADA NO TEMA 1.046 PELO STF. REPERCUSSÃO
GERAL. Visando adequar o decisum a tese vinculante fixada no tema 1.046 da
tabela de repercussão geral do STF, dá-se provimento ao Agravo de
Instrumento, determinando-se o regular trânsito do Recurso de Revista.
Agravo de Instrumento conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA. TURNO
ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. ELASTECIMENTO DA JORNADA.
NEGOCIAÇÃO COLETIVA. LIMITAÇÃO OU AFASTAMENTO DE DIREITOS
TRABALHISTAS. VALIDADE. RESPEITO AOS DIREITOS ABSOLUTAMENTE
INDISPONÍVEIS. APLICAÇÃO DA TESE JURÍDICA VINCULANTE FIXADA NO TEMA
1.046 PELO STF. REPERCUSSÃO GERAL. Hipótese na qual a Norma Coletiva,
com fundamento no artigo 7.º XXVI da CF, estabeleceu o elastecimento da
jornada de trabalho, em turnos ininterruptos de revezamento, para 8h48
diárias. Considerando que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1.121.633-GO, com repercussão
geral reconhecida (Tema 1.046) fixou a tese segundo a qual ‘ são
constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.13

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis ‘


(trânsito em julgado 9/5/2023) imperioso se torna o provimento do Recurso
de Revista para adequar o acórdão regional a tese jurídica de efeito vinculante
e eficácia erga omnes. Recurso de Revista conhecido e provido"
(TST-RR-10641-15.2016.5.03.0087, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Jose Dezena da
Silva, DEJT de 15/9/2023).

"AGRAVO DO RECLAMANTE. RECURSO DE REVISTA COM AGRAVO.


MATÉRIA OBJETO DO RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. DECISÃO
MONOCRÁTICA DE PROVIMENTO. FCA - FIAT CRHYSLER. TURNOS
ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. NORMA COLETIVA. ELASTECIMENTO DA
JORNADA PARA ALÉM DE OITO HORAS. VALIDADE. 1. O Supremo Tribunal
Federal, ao exame do Tema 1046 de repercussão geral, decidiu que ‘ são
constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens
compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis ‘.
2. À luz dessa tese jurídica fixada pelo Supremo Tribunal Federal,
prevaleceu no âmbito desta Primeira Turma entendimento no sentido de
validar a norma coletiva mediante a qual elastecida a jornada em turnos
ininterruptos de revezamento para além de oito horas. Agravo conhecido
e não provido" (TST-Ag-RRAg-10207-38.2018.5.03.0028, 1ª Turma, Rel. Min.
Hugo Carlos Scheuermann, DEJT de 4/9/2023 – destaques acrescidos).

Assim, deve ser reconhecida a validade da norma coletiva que


instituiu o labor em dois turnos de revezamento, com alternância entre os horários de
06:00 às 15:48 (8h48min) e de 15:48 às 01:09 (8h21m).
Ademais, o limite máximo de 2 horas no acréscimo da jornada,
estabelecido no caput do artigo 59 da CLT e utilizado na construção jurisprudencial da
Súmula 423 do TST, não é um direito de indisponibilidade absoluta, pois não tem
previsão constitucional. Dessa forma, pode ser objeto de negociação entre as partes
coletivas, indicando que o mencionado verbete sumular está ultrapassado no que se
refere à limitação máxima do prolongamento do turno ininterrupto de revezamento a 8
horas diárias.
Nesse sentido, os seguintes julgados envolvendo turnos
ininterruptos de revezamento com jornada superior a 8h:

"RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA. JORNADA DE TRABALHO


4X4. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. TEMA 1.046 DA TABELA DE
REPERCUSSÃO GERAL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PROVIMENTO. 1. O
Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.14

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

excelso Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Tema 1.046 da


Repercussão Geral, fixou a seguinte tese: ‘São constitucionais os acordos e as
convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada,
pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente
da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados
os direitos absolutamente indisponíveis’. 2. Havendo previsão constitucional –
art. 7°, VI, XIII e XIV – admitindo a redução de salários e de jornada mediante
negociação coletiva, os demais direitos daí decorrentes, que tenham a mesma
natureza, também permitem flexibilização. 3. As cláusulas do ACT que
estipulam jornada de trabalho de 12 horas, em escalas de 4x4, em turnos
ininterruptos de revezamento, ainda que extrapole a jornada diária e semanal
sem a correspondente compensação, atende aos parâmetros do precedente
vinculante do STF, fixados no ARE 1.121.633. Recurso ordinário conhecido e
provido " (TST-ROT-230-14.2021.5.17.0000, SbDI-2, Rel. Min. Amaury
Rodrigues Pinto Junior, DEJT de 16/6/2023)

"AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA COM AGRAVO - AUSÊNCIA DE


DEMONSTRAÇÃO DO DESACERTO DO DESPACHO AGRAVADO -
DESPROVIMENTO - MULTA. 1. O recurso de revista obreiro, que versava sobre
validade da norma coletiva que estipula jornada de trabalho de 11 horas, em
escalas de 4x4, em turnos ininterruptos de revezamento, foi julgado
intranscendente, por não atender a nenhum dos parâmetros do § 1º do art.
896-A da CLT, pois o TRT decidiu em consonância com entendimento
vinculante do STF, proferido no ARE 1121633 (Tema 1.046 de repercussão
geral) e o valor da causa de R$ 40.000,00 não alcança o patamar mínimo de
transcendência econômica reconhecido por esta Turma. (...) Agravo
desprovido, com multa" (TST-Ag-ARR-206-20.2016.5.17.0013, 4ª Turma, Rel.
Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, DEJT 26/05/2023)

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE SOB A ÉGIDE


DA LEI Nº 13.467/2017 - TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO DE 12
HORAS - ELASTECIMENTO POR NORMA COLETIVA - VALIDADE - TEMA 1046 DE
REPERCUSSÃO GERAL - TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA 1. De acordo
com a tese firmada pelo E. STF no Tema 1046 de repercussão geral, ‘ são
constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens
compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis’. 2.
Na esteira do decidido pelo E. STF em repercussão geral, bem como do artigo
7º, XIV, da Constituição da República - que autoriza, mediante negociação
coletiva, o elastecimento da jornada de seis horas para o trabalho realizado
em turnos ininterruptos de revezamento -, é válida a norma coletiva que fixa
turnos ininterruptos de revezamento de 12 horas , em horários alternados ,
durante 14 dias consecutivos de trabalho , seguidos de 14 dias de folga.

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.15

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Ressalte-se a ausência de registro de descumprimento dos limites fixados nos


instrumentos normativos. Recurso de Revista não conhecido"
(TST-RR-17658-54.2017.5.16.0007, 4ª Turma, Rel.ª Min.ª Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, DEJT de 10/2/2023)

"[...] III - RECURSO DE REVISTA. TURNOS ININTERRUPTOS DE


REVEZAMENTO. COMPENSAÇÃO DE JORNADA. PREVISÃO EM NORMA
COLETIVA. 1. A causa versa sobre a validade de norma coletiva que previu
jornada de trabalho superior a 8 horas diárias em turnos ininterruptos de
revezamento. 2 . É entendimento desta c. Corte Superior que o elastecimento
da jornada de trabalhador em turno ininterrupto de revezamento, por norma
coletiva, não pode ultrapassar o limite de oito horas diárias (Súmula nº 423 do
c. TST). 3 . Contudo, não há como ser aplicado esse entendimento quando o
Tribunal Regional evidencia a existência de norma coletiva prevendo o
trabalho, em turnos de revezamento, de 8h48min diários, tendo como
compensação a folga no sábado. 4. Isso porque o caso em análise não diz
respeito diretamente à restrição ou à redução de direito indisponível, aquele
que resulta em afronta a patamar civilizatório mínimo a ser assegurado ao
trabalhador, mas apenas à ‘compensação das horas extras deferidas com a
gratificação de função percebida’. 5. Também merece destaque o fato de que a
matéria não se encontra elencada no art. 611-B da CLT, introduzido pela Lei
13.467/2017, que menciona os direitos que constituem objeto ilícito de
negociação coletiva. 6. Impõe-se, assim, o dever de prestigiar a autonomia da
vontade coletiva, sob pena de se vulnerar o art. 7º, XXVI, da CLT e desrespeitar
a tese jurídica fixada pela Suprema Corte, nos autos do ARE 1121633 (Tema
1046 da Tabela de Repercussão Geral), de caráter vinculante: ‘São
constitucionais os acordos e convenções coletiva que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens
compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis’. 7.
Reforma-se, assim, a decisão regional para afastar da condenação o
pagamento como horas extraordinárias daquelas trabalhadas até o limite de
8h48min por dia, nos termos da norma coletiva. Recurso de revista conhecido
por violação do art. 7º, XXVI, da Constituição Federal e provido"
(TST-RR-11879-58.2016.5.03.0026, 8ª Turma, Rel. Min. Alexandre de Souza
Agra Belmonte, DEJT de 23/9/2022)

No que concerne ao trabalho regular aos sábados, à luz do


entendimento delineado pelo STF ao estabelecer a tese no Tema 1.046, conclui-se que o
labor aos sábados, por si só, não é motivo suficiente para anular as disposições que
estabeleceram a jornada diária e a carga semanal para os empregados sujeitos aos
turnos de revezamento.
Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.16

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Nesse sentido, trago recente julgado envolvendo a mesma


reclamada:

“AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA - DESPROVIMENTO - APLICAÇÃO DE


MULTA. 1. A decisão agravada deu parcial provimento ao recurso de revista da
Reclamada, no tocante à validade da norma coletiva que elastece a jornada
em turnos ininterruptos de revezamento para 8h48min diários, com a devida
compensação das 4 horas trabalhadas a mais durante a semana nos sábados,
que não seriam trabalhados, mantendo-se a condenação ao pagamento das
horas que ultrapassarem a máxima semanal, sempre que se constatar labor
aos sábados, em desacordo com a própria norma coletiva que prevê a
compensação, tudo conforme se apurar em liquidação de sentença. 2.
Inconformada, a Reclamada sustenta que não foram estabelecidos
parâmetros para a condenação das horas extras. 3. Contudo, não tendo a
Agravante demovido as razões da decisão monocrática, esta merece ser
mantida, com aplicação de multa, por ser o agravo manifestamente
improcedente (CPC, art. 1.021, § 4º). Agravo desprovido, com aplicação de
multa." (TST-Ag-RRAg-10730-67.2017.5.03.0163, 4ª Turma, Rel. Min. Ives
Gandra da Silva Martins Filho, DEJT de 10/3/2023)

Destaco, no entanto, que ao constatar que o limite semanal de


44 horas foi ultrapassado, seja devido ao trabalho aos sábados ou à jornada excedente
de 8 horas e 48 minutos de segunda a sexta-feira, é incontroverso que as horas extras
devem ser remuneradas com o adicional correspondente.
Por fim, cumpre ressaltar que, mesmo considerando que o
período contratual em questão precede as alterações trazidas pela reforma trabalhista,
a jurisprudência estabelecida pelo STF no âmbito do Tema 1.046 se aplica a essa fase
anterior:

“[...] RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO SINDICATO AUTOR


ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DAS LEIS Nº 13.015/2014 E N° 13.467/2017.
INTERVALO INTRAJORNADA. REDUÇÃO DA DURAÇÃO DO INTERVALO PARA 30
MINUTOS CONFORME NORMA COLETIVA QUE VIGEU ATÉ 18/06/2004.
VALIDADE. DIREITO TRABALHISTA NÃO ASSEGURADO
CONSTITUCIONALMENTE. APLICAÇÃO TESE VINCULANTE FIXADA PELO STF NO
TEMA 1.046 DA REPERCUSSÃO GERAL 1. A validade da negociação coletiva
tornou-se ainda mais inconteste diante da tese firmada pelo Supremo
Tribunal Federal, no julgamento do Tema 1.046: ‘são constitucionais os acordos
e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada,
pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente
Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.17

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados


os direitos absolutamente indisponíveis ‘. 2. O entendimento do E. STF pauta-se
na importância que a Constituição da República de 1988 conferiu às
convenções e aos acordos coletivos como instrumentos aptos a viabilizar a
autocomposição dos conflitos trabalhistas, a autonomia privada da vontade
coletiva e a liberdade sindical. É o que se depreende dos artigos 7º, VI, XIII, XIV
e XXVI, e 8º, III e VI, da Carta Magna. 3. Mesmo no período contratual em
que não se aplica a Lei n.º 13.467/2017 (reforma trabalhista) é de se
reconhecer a incidência da decisão da Suprema Corte no Tema 1046, pois
o direito ao intervalo intrajornada não está garantido ou definido na
Constituição Federal. 4. Frise-se que a hipótese dos autos não é de
supressão do direito ao intervalo intrajornada, mas de redução da sua
duração de uma hora para trinta minutos, o que representa uma limitação
razoável, tanto assim que foi justamente o parâmetro adotado pelo legislador
por ocasião da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, que introduziu o art.
611-A, III, na CLT. 5. Não se trata aqui de atribuir efeitos retroativos à nova
legislação, mas sim de atribuir plena efetividade à decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal por ocasião do julgamento do Tema 1046, cuja
observância é obrigatória no âmbito desta Corte, alcançando situações
pretéritas, ante a ausência de modulação temporal dos efeitos da decisão. 6.
Em tal contexto, o Tribunal Regional, ao reputar válidas as normas
coletivas que reduziram a duração do intervalo intrajornada para trinta
minutos, limitando a condenação até 18/04/2004, momento em que
perdeu a vigência a cláusula coletiva que autorizava a redução, proferiu
decisão que se harmoniza com o entendimento firmado pela Suprema
Corte, o que inviabiliza o conhecimento do recurso de revista sob a
perspectiva de qualquer das hipóteses de cabimento. Recurso de revista
de que não se conhece" (TST-ARR-24700-91.2007.5.01.0341, 1ª Turma, Rel.
Min. Amaury Rodrigues Pinto Junior, DEJT de 17/2/2023 – destaques
acrescidos)

"[...] III) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA - VALIDADE DA CLÁUSULA


COLETIVA QUE AUTORIZA A REDUÇÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA PARA
30 MINUTOS - TEMA 1.046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF -
VIOLAÇÃO DO ART. 7º, XIV, DA CF - TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA
- PROVIMENTO. 1. Em 02/06/22, o Supremo Tribunal Federal pacificou a
questão da autonomia negocial coletiva, fixando tese jurídica para o Tema 1 .
046 de sua tabela de repercussão geral, nos seguintes termos: ‘São
constitucionais os acordos e as convenções coletivas que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos
trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens
compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis’ .
Nesse sentido, consagrou a tese da prevalência do negociado sobre o
legislado e da flexibilização das normas legais trabalhistas. Ademais, ao não

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.18

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

exigir a especificação das vantagens compensatórias e adjetivar de


‘absolutamente’ indisponíveis os direitos infensos à negociação coletiva,
também sacramentou a teoria do conglobamento e a ampla autonomia
negocial coletiva, sob tutela sindical, na esfera laboral. 2. Com efeito, se os
incisos VI, XIII e XIV do art.7º da CF admitem a redução de salário e jornada
mediante negociação coletiva, que são as duas matérias básicas do contrato
de trabalho, todos os demais direitos que tenham a mesma natureza salarial
ou temporal são passíveis de flexibilização. 3. Na esteira da Carta Magna, a
reforma trabalhista de 2017 (Lei 13.467) veio a parametrizar a negociação
coletiva, elencando quais os direitos que seriam (CLT, art. 611-A - rol
exemplificativo de 15 direitos) ou não (CLT, art. 611-B - rol taxativo de 30
direitos) negociáveis coletivamente. Ainda que, no presente caso, parte do
período contratual seja anterior à reforma trabalhista, o entendimento
do STF fixado no julgamento do Tema 1.046 aplica-se a esse período
anterior, enquanto que a norma legal acima citada aplicar-se-ia a
períodos posteriores. 4. No caso dos autos, o objeto da cláusula da norma
coletiva refere-se à redução do intervalo intrajornada para 30 minutos, o que
atende aos parâmetros do precedente vinculante do STF, fixados no ARE
1121633, de relatoria do Min. Gilmar Mendes, além dos constitucionais e
legais suprarreferidos, pois se está legitimamente flexibilizando norma legal
atinente a jornada de trabalho. 5. Nesses termos, reconhecida a
transcendência política da causa por contrariedade ao entendimento
vinculante do STF no Tema 1.046 da Tabela de Repercussão Geral e a violação
do art. 7º, XIV, da CF, impõe-se o provimento do recurso de revista para,
reconhecendo a validade da cláusula coletiva, para redução do intervalo
intrajornada para 30 minutos . Recurso de revista conhecido e provido "
(TST-RR-1000137-96.2022.5.02.0491, 4ª Turma, Rel. Min. Ives Gandra da Silva
Martins Filho, DEJT de 25/8/2023 – destaques acrescidos).

Destaca-se que as teses de repercussão geral estabelecidas pelo


Supremo Tribunal Federal devem ser aplicadas obrigatoriamente a todos os processos
que versem sobre idêntica questão de direito.
Dessa forma, constatada possível violação do inciso XXVI do
artigo 7º da Constituição da República, dou provimento ao presente agravo a fim de
prover o agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de
revista interposto pela reclamada, neste particular.

2.2 – MINUTOS RESIDUAIS. TEMPO À DISPOSIÇÃO. TEMA 1046


DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.19

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Quanto ao tópico, a reclamada afirma que o reclamante não


estava à disposição do empregador durante o tempo anterior e posterior ao efetivo
trabalho, pois estava realizando atividades de sua própria conveniência e opcionais,
conforme pactuado em norma coletiva, não sendo, portanto, devidas horas extras
decorrentes de minutos residuais. Renova suas alegações de violação dos artigos 1º, IV,
5º, II, XIII, XXII, 7º, XXVI, e 170, todos da Constituição da República, 4º, da CLT, e de
contrariedade à tese jurídica de observância obrigatória firmada no julgamento do
Tema 1046 da Tabela de Repercussão Geral do STF e à Súmula 366 do TST.
De plano, verifico que a causa oferece transcendência jurídica
hábil a viabilizar sua apreciação (inciso IV do § 1º do artigo 896 da CLT).
Na fração de interesse, o Regional consignou:

"Restou incontroversa a existência dos minutos residuais anteriores e


posteriores à jornada de trabalho do autor, que, conforme a prova
testemunhal produzida, somam, em média, 29 minutos antes do registro do
início da jornada e 18 minutos após o registro do término da jornada.
Com efeito, as seguintes declarações da única testemunha ouvida
nestes autos (ID. 52fae55 - Pág. 2):
‘(...) depoente chegava com cerca de 30 minutos de
antecedência no veículo da empresa; que o depoente entrava
pela portaria 4; que da portaria 4 até o vestiário demorava cerca
de 5/7 minutos; que demorava cerca de 5/7 minutos no vestiário
para trocar o uniforme; que demorava cerca de 15 minutos do
vestiário até o local onde registrava o ponto; que o depoente
registrava o ponto no mesmo local que o reclamante quando
trabalhava na 8104, mas ressalta 8108 é perto do local de
trabalho do reclamante, tendo local próprio para se registrar a
jornada; que ao término da jornada, após o registro do ponto se
dirigia ao vestiário, gastando cerca de 12 minutos caminhando,
servindo tanto para a área 8104 como para 8108, sendo ínfima a
diferença; que no vestiário demorava mais 5/7 minutos para
trocar de roupa, as vezes um pouco mais quando estava muito
cheio; que o depoente já chegou a se encontrar com o reclamante
na portaria; que o relógio de ponto fica na área de produção,
sendo que para ter acesso a este ambiente o empregado deve
estar uniformizado e portando EPI's; que só pode registrar o início
da jornada com antecedência máxima de 5 minutos’.
Cabe, então, examinar se esse período deve ser considerado ou não
como tempo à disposição do empregador.

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.20

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Cumpre ressaltar que os atos preparatórios do trabalhador, para o


início e a finalização da jornada, sem dúvida atendem muito mais à
conveniência da empresa do que do empregado. A troca de roupa, por
exemplo, considera-se exigência do empregador, que não permite que os
empregados trabalhem sem o uso do uniforme. Nesse sentido, a previsão
contida na cláusula 40ª do ACT 2015/2016, inclusive de ‘seu uso exclusivo no
trabalho’ (ID. 8b413a9 - Pág. 15). O mesmo se diga quanto à
colocação/retirada e higienização de EPIs. No presente caso, ainda havia
demanda de tempo considerável no deslocamento portaria/vestiário/relógio
de ponto e vice-versa.
Nesse contexto, inócua eventual possibilidade de utilização de outro
meio de transporte que não o oferecido pela empregadora Aliás, trata-se fato
alegado na defesa, ID. 1dff75e - Pág. 35 e que, ao contrário do entendimento
firmado pelo d. Juízo de origem, não foi comprovado nos autos. Da mesma
forma, inócua a possibilidade de retirada do uniforme em casa, até porque o
deslocamento portaria/vestiário/relógio de ponto e vice-versa decorria
também da necessidade de colocação/retirada e higienização dos EPIs.
Certo é que, a partir do momento em que o empregado ingressa no
estabelecimento da empresa, encontra-se à disposição do empregador (CLT,
art. 4º), passando desde já a se submeter ao poder hierárquico e ao
regulamento da empresa. Aplicam-se, ao caso, as disposições do art. 58, § 1º,
da CLT, bem como a orientação TJP nº 15 deste Regional, ‘in verbis’:
‘TESE JURÍDICA PREVALECENTE N. 15
HORAS EXTRAORDINÁRIAS. TEMPO À DISPOSIÇÃO.
MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE
TRABALHO. DESLOCAMENTO ATÉ O VESTIÁRIO. TROCA DE
UNIFORME. CAFÉ. Os minutos que antecedem e sucedem a
jornada de trabalho, despendidos com o deslocamento até o
vestiário, a troca de uniforme e o café, configuram tempo à
disposição do empregador e ensejam o pagamento de horas
extraordinárias, observados os limites impostos pelo § 1º do art.
58 da CLT e pela Súmula n. 366 do TST. (RA 162/2017,
disponibilização: DEJT/TRT3/Cad. Jud. 19, 20 e 21/07/2017)’.
E, no tocante às cláusulas coletivas invocadas pela reclamada em
sua defesa (ID. 1dff75e - Pág. 34), esclareço que não há como prevalecer o
pactuado. É que, independentemente, de ter sido realizado, ou não, com
a intervenção do sindicato representante da categoria, tem-se por
inválida qualquer cláusula que elasteça os minutos residuais, deixando
de considerá-los como horas extras, porque se trata de norma de ordem
pública, de conteúdo imperativo, destinada à proteção do trabalhador
(art. 58, §1º da CLT), infensa à negociação individual ou coletiva.
Assim, o recurso deve ser provido para, com lastro na média da prova
oral produzida nos autos, observados os limites do pedido e por ser razoável,
condenar-se a reclamada ao pagamento de 47 minutos extras diários, durante

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.21

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

todo o período contratual (29 minutos antes do registro de início da jornada e


outros 18 minutos após o registro de término da jornada), a título de tempo
demandado com a realização de atos preparatórios e finais ao trabalho e no
cumprimento do percurso entre a portaria e o local de registro da frequência
(e vice-versa), com os mesmos reflexos e critérios de cálculo estabelecidos
para as demais horas extras deferidas.
Registre-se que a condenação no aspecto não caracteriza ofensa a
quaisquer dos princípios e dispositivos constitucionais e legais invocados na
defesa e em contrarrazões, mormente tendo em vista a inaplicabilidade ao
caso das alterações na legislação trabalhistas advindas da Lei 13.467/2017.
Provejo, nesses termos. ". (fls. 661/663 – destaques acrescidos)

Como destacado, o Regional, ao analisar a prova oral, condenou


a reclamada ao pagamento de horas extras decorrentes de minutos residuais. Destacou
que as Cláusulas Coletivas que flexibilizam o limite para os minutos residuais são
inválidas, pois são normas de ordem pública.
Pois bem.
Incontroversa a existência de norma coletiva que dispõe que “A
empresa se permitir a entrada ou saída de seus empregados em suas dependências, com a
finalidade de proporcionar aos mesmos a utilização do tempo para fins particulares, tais
como: transações bancárias próprias, serviço de lanche ou café, ou qualquer outra atividade
de conveniência dos empregados, desde que não exista a marcação do ponto antes ou após
5 (cinco) minutos do início ou fim da jornada efetiva de trabalho, estará isenta de considerar
esse tempo como período à disposição da empresa” (fls. 351, 384).
Então, ao confrontar a Cláusula do Acordo Coletivo supra com os
depoimentos colhidos bem como os fundamentos consignados para determinar o
tempo à disposição, observa-se que foram considerados minutos que contradizem o
estabelecido no mencionado dispositivo coletivo.
Como consignado no tópico anterior, o Supremo Tribunal
Federal, ao deliberar sobre o Recurso Extraordinário com Agravo nº 1.121.633, de
relatoria do Ministro Gilmar Mendes (Tema 1.046 da Tabela de Repercussão Geral),
estabeleceu tese jurídica nos seguintes termos: "São constitucionais os acordos e as
convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação
especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente
indisponíveis".
Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.22

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Assim, é válida a norma coletiva que estabelece limitações ou


supressões de direitos trabalhistas, desde que esses direitos não sejam absolutamente
indisponíveis, o que não é o caso dos autos, pois foi estabelecido na nova redação do §
2º do artigo 4º da CLT que “por não se considerar tempo à disposição do empregador, não
será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que
ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1o do art. 58 desta Consolidação, quando
o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas
vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas
dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras”.
Nesse sentido, são julgados:

"[...] RECURSO DE REVISTA. REGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. TURNOS


ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. JORNADA SUPERIOR A 8 HORAS DIÁRIAS.
TEMA 1.046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF. SÚMULA N.º 423 DO
TST. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. VALIDADE . Embora a Súmula n.º 423 do
TST sinalize o limite de 8 horas diárias para o trabalho em turnos ininterruptos
de revezamento, impõe-se, no caso, mitigar a orientação do verbete para
seguir o que decidido pela Corte Suprema ao julgar o Tema 1.046 da Tabela
de Repercussão Geral, uma vez que a matéria foi objeto de negociação
coletiva. Prevalência do negociado sobre o legislado. TEMPO À DISPOSIÇÃO.
MINUTOS RESIDUAIS. SÚMULA N.º 449 DO TST. REGULAÇÃO POR NORMA
COLETIVA. TEMA 1.046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF.
VALIDADE . Por não se tratar de direito com feição de indisponibilidade
absoluta, a negociação coletiva entabulada sobre os minutos que
antecedem e sucedem a jornada de trabalho deve prevalecer,
suplantando a orientação da Súmula n.º 449 do TST, tudo em respeito à
tese fixada no Tema 1.046 da Tabela de Repercussão Geral do STF.
Recurso de Revista parcialmente conhecido e provido"
(TST-RR-10946-79.2016.5.03.0028, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Jose Dezena da
Silva, DEJT de 13/11/2023 – destaques acrescidos).

"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA


DA LEI Nº 13.467/2017. MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA
DE TRABALHO. VALIDADE DA NORMA COLETIVA. OBSERVÂNCIA DO TEMA
1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
TRASCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA NA DECISÃO AGRAVADA. Verifica-se
que o recurso de revista versa sobre a validade de norma coletiva, matéria
afetada pela tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal no Tema nº 1.046 da
Tabela de Repercussão Geral, cuja aplicação aos casos concretos ainda não foi
suficientemente enfrentada por esta Corte, razão pela qual reconheço a
transcendência jurídica da controvérsia. O e. TRT, após registrar a existência
Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.23

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

de minutos residuais não remunerados pela reclamada, firmou conclusão de


que ‘ a existência de cláusulas normativas que suprimem variações superiores a 5
minutos da jornada de trabalho do autor são inválidas, a teor do entendimento
contido na Súmula 449/TST’. Conforme constou na decisão agravada, o e. STF,
no recente julgamento do Tema 1046 da Repercussão Geral, fixou a seguinte
tese jurídica: ‘São constitucionais os acordos e as convenções coletivas que, ao
considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou
afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação
especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis’ . De acordo com a referida tese, é válida norma
coletiva que limita ou restringe direito trabalhista, desde que não assegurados
constitucionalmente, ou seja, as cláusulas normativas não podem ferir um
patamar civilizatório mínimo. Desse modo, não se tratando de direito
indisponível, há de ser privilegiada a autonomia das partes, conforme
previsto no art. 7º, XXVI, da Constituição Federal. Nesse contexto, correta a
decisão agravada que, reconhecendo a validade da norma coletiva,
restabeleceu a sentença que indeferiu o pleito dos minutos residuais como
tempo à disposição. Agravo não provido"
(TST-Ag-RR-11973-46.2016.5.03.0142, 5ª Turma, Rel. Min. Breno Medeiros,
DEJT de 11/9/2023 – destaques acrescidos).

"[...] II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA.


INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N° 13.467/2017. 1. HORAS
EXTRAORDINÁRIAS. MINUTOS RESIDUAIS. SUPRESSÃO POR NORMA
COLETIVA. VALIDADE. TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA.
Considerando a existência de decisão em caráter vinculante proferida pelo
excelso Supremo Tribunal Federal no Tema 1046, a teor do artigo 927 do CPC,
deve ser reconhecida a transcendência da causa. 2. HORAS
EXTRAORDINÁRIAS. MINUTOS RESIDUAIS. SUPRESSÃO POR NORMA
COLETIVA. VALIDADE. TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PROVIMENTO. Cinge-se a controvérsia em
saber se a norma coletiva que excluiu o cômputo dos minutos anteriores e
posteriores à jornada contratual, autorizando que não fossem considerados
como tempo à disposição do empregador, deve ser considerada válida, à luz
da decisão proferida no julgamento do Tema 1046 da Tabela de Repercussão
Geral do Supremo Tribunal Federal. Decerto que, no tocante à amplitude das
negociações coletivas de trabalho, esta Justiça Especializada, em respeito ao
artigo 7º, XXVI, da Constituição Federal, tem o dever constitucional de
incentivar e garantir o cumprimento das decisões tomadas a partir da
autocomposição coletiva, desde que formalizadas nos limites constitucionais.
A negociação coletiva consiste em valioso instrumento democrático inserido
em nosso ordenamento jurídico, por meio do qual os atores sociais são
autorizados a regulamentar as relações de trabalho, atendendo às

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.24

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

particularidades e especificidades de cada caso. Desse modo, as normas


autônomas oriundas de negociação coletiva devem prevalecer, em princípio,
sobre o padrão heterônomo justrabalhista, já que a transação realizada em
autocomposição privada é resultado de uma ampla discussão havida em um
ambiente paritário, com presunção de comutatividade. Esse, inclusive, foi o
entendimento firmado pelo excelso Supremo Tribunal Federal, por ocasião do
julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo 1.121.633, em regime
de repercussão geral (Tema 1046). Importa observar que não se
desconhece o entendimento desta colenda Corte Superior consagrado
nas Súmulas nºs 366 e 429 que pacificaram, como à disposição do
empregador, o tempo de deslocamento do trabalhador entre a portaria
da empresa e o local de trabalho, bem como aquele excedente de cinco
minutos no início e término da jornada (limitado a dez diários) destinado
à troca de uniforme, lanche, higiene pessoal ou qualquer outra atividade.
Não obstante, os minutos residuais - minutos que antecedem e sucedem
a jornada de trabalho - não são mais considerados tempo à disposição do
empregador, nos termos do artigo 4º, § 2º, da CLT (alteração trazida pela
Lei nº 13.467/2017). Nessa esteira, considerando não ser direito
assegurado constitucionalmente e, portanto, não ser caso de direito
indisponível, há de ser privilegiada a autonomia das partes, conforme
previsto no art. 7º, XXVI, da Constituição Federal. No caso tem-se que o
egrégio Colegiado Regional, ao concluir pela invalidade da norma coletiva que
excluiu o cômputo pela empresa dos minutos anteriores e posteriores à
jornada contratual, autorizando que não fossem considerados como tempo à
disposição do empregador, além de afrontar os dispositivos constantes do
artigo 7º, XXVI, da Constituição Federal, contrariou o entendimento constante
na tese vinculante firmada no julgamento do Tema 1046. Recurso de revista
de que se conhece e a que se dá provimento"
(TST-RRAg-10133-30.2018.5.03.0142, 8ª Turma, Rel. Min. Guilherme Augusto
Caputo Bastos, DEJT de 27/11/2023 – destaques acrescidos).

Reitera-se que, mesmo considerando que o período contratual


em questão precede as alterações trazidas pela reforma trabalhista, a jurisprudência
estabelecida pelo STF no âmbito do Tema 1.046 se aplica a essa fase anterior.
Dessa forma, constatada possível violação do inciso XXVI do
artigo 7º da Constituição da República, dou provimento ao presente agravo a fim de
prover o agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de
revista interposto pela reclamada, neste particular.

II – RECURSO DE REVISTA

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.25

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

1 – CONHECIMENTO

1.1 - TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO.


ELASTECIMENTO POR NORMA COLETIVA. TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO
GERAL DO STF

Constatada a transcendência jurídica da causa, como


consignado no item I.2.1 (inciso IV do artigo 896-A da CLT).
Satisfeitos, ainda, os pressupostos extrínsecos de
admissibilidade, conheço do recurso de revista por violação do inciso XXVI do artigo 7º
da Constituição da República, com fulcro na alínea “c” do artigo 896 da CLT, nos termos
da fundamentação supra.

1.2 – MINUTOS RESIDUAIS. TEMPO À DISPOSIÇÃO. TEMA 1046


DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF

Constatada a transcendência jurídica da causa, como


consignado no item I.2.2 (inciso IV do artigo 896-A da CLT).
Conheço do recurso de revista por violação do inciso XXVI do
artigo 7º da Constituição da República, com fulcro na alínea “c” do artigo 896 da CLT, nos
termos da fundamentação supra.

2 – MÉRITO

2.1 - TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO.


ELASTECIMENTO POR NORMA COLETIVA. TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO
GERAL DO STF

Consequência lógica do conhecimento do recurso de revista,


neste particular, por violação do inciso XXVI do artigo 7º da Constituição da República,
seu provimento é medida que se impõe para, reformando o acórdão regional,
reconhecer a validade do instrumento coletivo e afastar da condenação da reclamada o

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.26

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

pagamento de horas extraordinárias a partir da 6ª hora diária e 36ª semanal e a


incidência do divisor 180.

2.2 – MINUTOS RESIDUAIS. TEMPO À DISPOSIÇÃO. TEMA 1046


DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF

Consequência lógica do conhecimento do recurso de revista,


neste particular, por violação do inciso XXVI do artigo 7º da Constituição da República,
seu provimento é medida que se impõe para, reformando o acórdão regional,
reconhecer a validade da norma coletiva e afastar da condenação o pagamento das
horas extraordinárias decorrentes dos minutos residuais.
Excluída a condenação ao pagamento das multas convencionais.
Inverte-se o ônus da sucumbência.
Custas pelo reclamante, das quais fica isento por ser beneficiário
da justiça gratuita.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade: I) dar provimento ao agravo e ao agravo de instrumento
para mandar processar o recurso de revista; II) por unanimidade, quanto ao tópico
“TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. ELASTECIMENTO POR NORMA COLETIVA. TEMA
1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF”, conhecer do recurso de revista por
violação do inciso XXVI do artigo 7º da Constituição da República e, no mérito, dar-lhe
provimento para reconhecer a validade da norma coletiva e afastar da condenação da
reclamada o pagamento de horas extraordinárias a partir da 6ª hora diária e 36ª
semanal e a incidência do divisor 180; III) por maioria, quanto ao tópico “MINUTOS
RESIDUAIS. TEMPO À DISPOSIÇÃO. TEMA 1046 DA TABELA DE REPERCUSSÃO GERAL DO STF”,
conhecer do recurso de revista por violação do inciso XXVI do artigo 7º da Constituição
da República e, no mérito, dar-lhe provimento para reconhecer a validade da norma
coletiva e afastar da condenação o pagamento das horas extraordinárias decorrentes
dos minutos residuais. Excluída a condenação ao pagamento das multas convencionais.

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.27

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A6672AD6579BB1.
PROCESSO Nº TST-RR-10525-89.2016.5.03.0028

Inverte-se o ônus da sucumbência. Custas pelo reclamante, das quais fica isento por ser
beneficiário da justiça gratuita.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


SERGIO PINTO MARTINS
Ministro Relator

Firmado por assinatura digital em 05/04/2024 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Você também pode gostar