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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-157-08.2018.5.05.0121

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ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMSPM/acmg/lra

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMADO
(MUNICÍPIO DE CANDEIAS) – REGÊNCIA PELA
LEI Nº 13.467/2017 – INCOMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTROVÉRSIA
ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DA
CONTRATAÇÃO DE SERVIDORA PÚBLICA
ADMITIDA SEM CONCURSO PÚBLICO APÓS A
CONSTITUIÇÃO DE 1988. REGIME JURÍDICO
ÚNICO MUNICIPAL (LEI MUNICIPAL Nº
399/1995). TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA
RECONHECIDA. Constatada possível violação
do inciso I do art. 114 da CF/88 merece
provimento o agravo de instrumento para
determinar o processamento do recurso de
revista. Agravo de instrumento a que se dá
provimento.
II – RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO
RECLAMADO (MUNICÍPIO DE
CANDEIAS). REGÊNCIA PELA LEI Nº
13.467/2017 – INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
DO TRABALHO. CONTROVÉRSIA ACERCA DA
NATUREZA JURÍDICA DA CONTRATAÇÃO DE
SERVIDORA PÚBLICA ADMITIDA SEM
CONCURSO PÚBLICO APÓS A CONSTITUIÇÃO
DE 1988. REGIME JURÍDICO ÚNICO
MUNICIPAL (LEI MUNICIPAL Nº 399/1995).
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA
RECONHECIDA. O Supremo Tribunal Federal,
no julgamento da Medida Cautelar na ADI
3.395-6/DF, afastou qualquer interpretação do
artigo 114, I, da Constituição Federal que inclua
na competência da Justiça do Trabalho a

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apreciação de demandas instauradas entre a


Administração Pública e os servidores a ela
vinculados por relação de caráter
jurídico-administrativo, aí incluídos, além dos
casos em que se discute possível relação
estatutária, os conflitos sobre o exercício de
cargo comissionado ou acerca de contrato
temporário de excepcional interesse público
(artigo 37, IX, da Constituição Federal).
Consolidou-se, a partir de então, o
entendimento desta Corte Superior de que, em
se tratando de demanda sobre possível
existência, validade ou eficácia de vínculo de
natureza administrativa - no caso, a alegada
relação jurídico-administrativa entre a
reclamante e o ente público -, a controvérsia
deve ser dirimida pela Justiça Comum. Julgados
citados. Recurso de revista de que se
conhece e a que se dá provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista


n° TST-RR-157-08.2018.5.05.0121, em que é Recorrente MUNICÍPIO DE CANDEIAS e é
Recorrido ANDREIA DOS SANTOS KRUG.

O Município reclamado interpõe agravo de instrumento (fls.


116/125) contra a decisão de fls. 112/114, mediante a qual foi denegado seguimento ao
seu recurso de revista (fls. 88/111).
Contrarrazões ao recurso de revista às fls. 128/130.
O Ministério Público do Trabalho opinou pelo não provimento do
apelo (fls. 137/141).
É o relatório.

VOTO

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1 – CONHECIMENTO

Conheço do agravo de instrumento por estarem presentes os


pressupostos legais de admissibilidade, entre os quais a representação processual
(Súmula 436 do TST) e a tempestividade (ciência da decisão denegatória em 13/9/2021 e
interposição do agravo de instrumento em 5/10/2021), sendo inexigível o preparo.

2 – MÉRITO

INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTROVÉRSIA


ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DA CONTRATAÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO
ADMITIDO SEM CONCURSO PÚBLICO APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988. REGIME
JURÍDICO ÚNICO MUNICIPAL (LEI MUNICIPAL Nº 399/1995)

O juízo primeiro de admissibilidade proferiu o seguinte


despacho:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Jurisdição e


Competência.
Contrato Individual de Trabalho / Administração Pública / Conversão de
Regime Jurídico.
Alegação(ões):
Foram cumpridos os ditames inseridos pela Lei nº 13.015/2014 (§§3º, 4º
e 5º, art. 896 da CLT), no que se refere à uniformização de jurisprudência no
âmbito deste Tribunal Regional do Trabalho, conforme se infere da Súmula
TRT5 15:
SERVIDOR PÚBLICO. CONTROVÉRSIA A RESPEITO DA RELAÇÃO JURÍDICA
QUE EXISTIU ENTRE AS PARTES. CAUSA DE PEDIR FUNDAMENTADA EM
CONTRATO DE TRABALHO E NA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. COMPETÊNCIA
MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO. - A Justiça do Trabalho tem
competência material para processar e julgar os processos em que se discute
a natureza da relação jurídica mantida entre ente integrante da administração
pública direta e seus servidores nas situações em que a causa de pedir
constante da petição inicial é a existência de vínculo de natureza celetista e as
pretensões nela formuladas têm por lastro a legislação trabalhista, ainda que
o ente público, em sede de defesa, conteste a natureza alegada ao argumento
de que mantinha com o servidor relação jurídica de natureza estatutária ou
administrativa.

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Dos termos do Acórdão recorrido, verifica-se que o caso dos autos é


distinto da hipótese tratada na ADIn-MC nº 3395-6, na qual o Supremo
Tribunal Federal entendeu que esta Justiça Especializada é incompetente para
apreciar ações entre o ente público e servidor que lhe seja vinculado
mediante relação de natureza jurídico-estatutária.
Não se vislumbra, portanto, qualquer violação aos dispositivos
constitucionais invocados.
(...)
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao Recurso de Revista.

Nas razões em exame, o Município reclamado afirma, em


síntese, que ficou configurada a apontada ofensa ao inciso I do artigo 114 da
Constituição, pois a Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar ações
concernentes aos contratos de trabalho regidos pelo regime jurídico administrativo, nos
termos do que ficou definido pelo STF no julgamento da ADI 3395-6.
Ao exame.
Considerando que a controvérsia gira em torno da delimitação
da competência da Justiça do Trabalho e da consequente aferição da natureza do
vínculo mantido entre as partes, necessário reconhecer a existência de transcendência
política da questão (art. 896-A, § 1º, II, da CLT).
No caso concreto, a parte efetuou a transcrição do seguinte
trecho do acórdão de recurso ordinário:

“A Reclamante foi contratado pelo Município em 1 de fevereiro de 2013,


pelo regime celetista, após a promulgação da Constituição Federal de 1988,
que, ao seu advento, tornou obrigatório o concurso público para ingresso na
administração pública.
Cumpre ressaltar que sempre me posicionei no sentido de que a mera
edição de lei posterior, no sentido de que os empregos ocupados passam a
ser estatutários, não seria suficiente para que haja a conversão, uma vez que
a transmutação não se opera de forma automática. E, assim, e de acordo com
a Constituição Federal, há necessidade de aprovação em concurso público,
para ser validado o ingresso no regime estatutário, uma vez que o art.19 do
ADCT trata de estabilidade extraordinária, em momento algum autorizando
transmudação automática de regimes jurídicos.
A decisão proferida nos autos da ADIn n.º 1.150-2 - Rio Grande do Sul, o
Excelso Supremo Tribunal Federal, cujo Relator foi o Ministro Moreira Alves,
declarou a inconstitucionalidade do artigo 276, §2º, da Lei n.º 10.098/94 do
Estado do Rio Grande do Sul, a qual fazia a transposição automática do
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regime celetista para o estatutário sem a prévia realização e aprovação em


certame público, não se observando a exigência do artigo 37, inciso II da
Constituição Federal. Da análise dos autos não há efetivamente notícias de
submissão do obreiro a certame público, ao revés, declarou a reclamante em
sessão de audiência(ID 72aa0e5), "que não prestou concurso público."
Ademais, autora formulou pedidos embasados na CLT, fato que atrai a
competência desta Justiça Especializada para processar e julgar o feito, ainda
que o Município, alegasse a existência de relação jurídica estatutária.
Aplica-se, in casu, a teoria da asserção, que é adotada pelo
ordenamento jurídico vigente.
Nessa sentido, temos neste TRT5 a súmula 15, verbis: "A Justiça do
Trabalho tem competência material para processar e julgar os processos em
que se discute a natureza da relação jurídica mantida entre ente integrante da
administração pública direta e seus servidores nas situações em que a causa
de pedir constante da petição inicial é a existência de vínculo de natureza
celetista e as pretensões nela formuladas têm por lastro a legislação
trabalhista, ainda que o ente público, em sede de defesa, conteste a natureza
alegada ao argumento de que mantinha com o servidor relação jurídica de
natureza estatutária ou administrativa." Assim, considerando que as
pretensões formuladas na inicial têm base legal trabalhista, especialmente a
existência de de vinculação de natureza celetista, é competente esta Justiça do
Trabalho.
Rejeito.” (fls. 93/94).

De início, observa-se ser incontroverso que a reclamante foi


admitida pelo ente público, em 1/2/2013, pelo regime celetista e sem prévia submissão
a concurso público, bem como a existência de regime estatutário a reger a relação com
o Município, no caso, a Lei Municipal nº 399/1995.
Ocorre que, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
Medida Cautelar na ADI 3.395-6/DF, proferiu decisão declarando que a Justiça do
Trabalho não possui competência para processar e julgar causas que envolvam o Poder
Público e seus servidores vinculados por relação jurídico-administrativa. Isso se deve ao
fato de que essas ações não se enquadram na relação de trabalho mencionada no art.
114, I, da Constituição.
A ementa da referida decisão apresenta os seguintes termos:

INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Competência. Justiça do


Trabalho. Incompetência reconhecida. Causas entre o Poder Público e seus
servidores estatutários. Ações que não se reputam oriundas de relação de
trabalho. Conceito estrito desta relação. Feitos da competência da Justiça
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Comum. Interpretação do art. 114, inc. I, da CF, introduzido pela EC 45/2004.


Precedentes. Liminar deferida para excluir outra interpretação. O disposto no
art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas
entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação
jurídico-estatutária.

Com base nessa decisão, o Plenário do Supremo Tribunal Federal


deliberou que "compete à Justiça comum pronunciar-se sobre a existência, a validade e a
eficácia das relações entre servidores e o poder público fundadas em vínculo
jurídico-administrativo" (AgReg na Reclamação 9625/RN, Relator para o Acórdão Ministro
Dias Toffoli, Plenário, DJe 25/03/2011).
No mesmo sentido, esta Corte Superior tem registrado que
compete à Justiça Comum pronunciar-se sobre a legitimidade das relações
estabelecidas entre os servidores e o Estado, as quais têm sua base fundamentada no
vínculo jurídico-administrativo.
Tal pronunciamento deve ocorrer mesmo em casos em que se
discuta a eventualidade de vícios que possam ter ocorrido na origem dessa contratação,
a exemplo de contratações eivadas de nulidade, ou quando existente controvérsia
acerca da natureza jurídica da relação, se celetista ou estatutária, como na hipótese.
A título de ilustração, transcrevem-se os seguintes julgados:

"RECURSO DE EMBARGOS. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO


- CONTRATAÇÃO DE SERVIDORA APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
SEM ANTERIOR APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO - COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA COMUM PARA O PRÉVIO EXAME DE QUESTÕES RELATIVAS AOS
ELEMENTOS ESSENCIAIS AO ATO ADMINISTRATIVO - POSICIONAMENTO DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Por ocasião do julgamento do AgReg nº
7.217/MG o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal resolveu que
‘compete à Justiça comum pronunciar-se sobre a existência, a validade e a
eficácia das relações entre servidores e o poder público, fundadas em vínculo
jurídico-administrativo" e que ‘não descaracteriza a competência da Justiça
comum, em tais dissídios, o fato de se requerer verbas rescisórias, FGTS e
outros encargos de natureza símile, dada a prevalência da questão de fundo,
que diz respeito à própria natureza da relação jurídico-administrativa, posto
que desvirtuada ou submetida a vícios de origem, como fraude, simulação ou
ausência de concurso público’ . Assim, segundo o STF, cabe à Justiça
Comum o prévio exame acerca da existência, da validade e da eficácia do
vínculo jurídico-administrativo existente entre servidor e Administração
Pública, eis que, para o reconhecimento do liame trabalhista, deverá o

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julgador, anteriormente, averiguar a presença, ou não, de eventual vício


a macular a relação administrativa. Em outras palavras, descabe à
Justiça do Trabalho analisar o caráter de nulidade da contratação levada
a efeito por ente público com o escopo de enquadrá-la no regime da CLT,
posto que, antes de se tratar de questão trabalhista, a discussão está
inserida no campo do direito administrativo. Ou seja - diante do
posicionamento da Corte Suprema de que, in casu , compete à Justiça
Comum o prévio exame de questões relativas aos elementos essenciais
ao ato administrativo - , falece competência a esta Justiça Especializada
para processar e julgar lide na qual restou caracterizada a contratação
de servidor, após a Constituição Federal de 1988, sem a prévia submissão
do trabalhador a concurso público. Precedentes do TST. Recurso de
embargos conhecido e desprovido" (E-ED-RR-629-39.2011.5.22.0102,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Renato de
Lacerda Paiva, DEJT 08/04/2016 – g.n.)

"RECURSO DE REVISTA. MUNICÍPIO DE CANDEIAS . INCOMPETÊNCIA DA


JUSTIÇA DO TRABALHO. TRABALHADORA ADMITIDA APÓS A CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. CONTROVÉRSIA SOBRE
REGIME JURÍDICO. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. 1.
Depreende-se do acórdão regional que a reclamante foi admitida pelo
município reclamado, em 2005, sem aprovação em concurso público, e
intenta a condenação do ente na indenização dos depósitos para o FGTS de
todo o período laborado. 2. Diante desse cenário fático, o Tribunal
Regional adotou o entendimento de que " consistindo a causa remota de
pedir na afirmação da inobservância de obrigações trabalhistas decorrentes
de uma relação de emprego, e sendo as postulações da mesma natureza, é
inequivocamente desta Justiça a competência para apreciar o litígio ." 3. O
STF concluiu que a Justiça do Trabalho é incompetente para apreciar as causas
instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por
relação de natureza jurídico-estatutária, e, na análise da Reclamação nº
5381-4, em nova reflexão sobre o alcance da ADIn-MC nº 3395, firmou o
entendimento de que esta Justiça Especializada é incompetente para
examinar também a lide que versa sobre vínculo de natureza
jurídico-administrativa. 4. Na hipótese, ao fixar a competência da Justiça do
Trabalho para julgar esta demanda, o Tribunal Regional decidiu em
desconformidade com a jurisprudência deste Tribunal e do STF, pois, ainda
que diante de pretensão que envolva direitos trabalhistas, a decisão sobre a
existência, validade e eficácia da relação jurídico-administrativa alegada pelo
ente público é de competência da Justiça Comum. Recurso de revista de que
se conhece e a que se dá provimento" (RR-139-16.2020.5.05.0121, 3ª Turma,
Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT 01/12/2023).

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"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO ESTADO DO PIAUÍ REGIDO


PELA LEI 13.467/2017. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
ADMISSÃO DE TRABALHADOR APÓS O INÍCIO DA VIGÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988. AUSÊNCIA DE SUBMISSÃO A PRÉVIO CONCURSO PÚBLICO.
O Pleno do STF referendou liminar concedida pelo Ministro Nelson Jobim no
julgamento da Medida Cautelar na ADI 3.395-6/DF, no sentido de que, mesmo
após a EC 45/2004, a Justiça do Trabalho não tem competência para processar
e julgar causas instauradas entre o Poder Público e o servidor que a ele seja
vinculado por relação jurídico-administrativa. Todavia, somente serão
submetidas à apreciação da Justiça Comum aquelas relações estabelecidas
entre trabalhador e Administração Pública tipicamente
jurídico-administrativas, mantendo a competência desta Justiça Especializada
para processar e julgar controvérsia envolvendo pessoal contratado por Ente
Público sob o regime celetista. Assim, se os servidores do Ente Público são
regidos por estatuto próprio, a competência é da Justiça Comum; se
regidos pela CLT, então a competência é da Justiça do Trabalho.
Precedentes da SBDI-1 do TST. No caso dos autos, é possível extrair do
acórdão recorrido que a admissão da reclamante ocorreu sem prévia
submissão a concurso público, já na vigência da Constituição Federal de
1988, bem como que existe regime estatutário a reger as relações entre
servidores e a Parte recorrente. Nesse cenário, a decisão recorrida, ao
determinar a competência da Justiça do Trabalho quando constatada a
existência de regime estatutário para os servidores do Ente Público,
acabou afrontando o decidido pelo STF na ADI 3.395-6/DF. Ademais,
consoante o entendimento reiterado do STF, o qual motivou o
cancelamento da Orientação Jurisprudencial 205 do TST, esta
Especializada é incompetente para processar e julgar as ações sobre a
natureza do vínculo entre o reclamante e o Ente Público, jurídico
administrativo ou trabalhista, ainda que se discuta a existência de vício
na origem dessa contratação, como a ausência de concurso público ou o
não preenchimento dos requisitos legais para a contratação temporária.
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido "
(RR-144-35.2022.5.22.0108, 8ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda
Arantes, DEJT 12/06/2023 – g.n)

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º


13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA. Considerando a possibilidade de a decisão
recorrida contrariar a decisão proferida pelo STF na Medida Cautelar na ADI
3.395-6/DF, verifica-se a transcendência política da causa, nos termos do
artigo 896-A, § 1º, II, da CLT. 1. COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. CONTRATAÇÃO DE SERVIDOR SEM CONCURSO PÚBLICO.
PROVIMENTO. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Medida
Cautelar na ADI 3.395-6/DF, firmou posição de que, mesmo após a
vigência da Emenda Constitucional nº 45/2004, a Justiça do Trabalho não

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tem competência para processar e julgar causas que envolvam o Poder


Público e servidores vinculados a ele por relação jurídico-administrativa,
uma vez que essas ações não se reputam oriundas da relação de
trabalho referida no artigo 114, I, da Constituição Federal. A referida
competência, segundo o STF, abrange, inclusive, questões envolvendo
possível desvirtuamento da relação jurídico-administrativa entre o ente
público e o servidor a ele vinculado. Desse modo, seguindo as diretrizes
fixadas pelo excelso Supremo Tribunal Federal, cabe à Justiça Comum, e
não a esta Justiça Especializada, examinar, em primeiro plano, se há vício
apto a descaracterizar a natureza administrativa da contratação,
inclusive no tocante à existência, validade ou eficácia de eventual regime
estatutário próprio ou de efetiva contratação temporária com
fundamento no artigo 37, IX, da Constituição Federal. Precedentes. Na
hipótese , infere-se do acórdão recorrido que a discussão envolve a nulidade
da contratação de servidor pelo Estado reclamado, sem prévia aprovação em
concurso público, após Constituição Federal de 1988. Para a circunstância, o
Tribunal Regional entendeu que a competência material seria da Justiça do
Trabalho. A referida decisão, como visto, dessoa do entendimento emanado
do STF no julgamento da Medida Cautelar na ADI 3.395-6/DF. Recurso de
revista de que se conhece e a que se dá provimento"
(RR-1356-43.2021.5.22.0103, 8ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto
Caputo Bastos, DEJT 20/03/2023)

"RECURSO DE REVISTA DO ESTADO DO PIAUÍ. INTERPOSIÇÃO NA


VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. CONTRATAÇÃO DE TRABALHADOR PELO PODER PÚBLICO SEM
CONCURSO PÚBLICO APÓS A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE
1988. CONTRATO NULO. REMESSA DOS AUTOS À JUSTIÇA COMUM.
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. A atual jurisprudência desta
Corte Superior, em observância à interpretação dada pela Suprema Corte ao
item I do art. 114 da Constituição Federal, é no sentido de que compete à
Justiça Comum a análise das demandas relacionadas aos contratos de
trabalho pactuados com o Setor Público posterior à promulgação da
Constituição Federal vigente, sem aprovação em certame público. Também,
segundo esse entendimento jurisprudencial firmado, não cabe à Justiça do
Trabalho a análise antecipada do caráter da existência, validade ou eficácia do
eventual regime estatutário próprio de contratação temporária, ou, ainda, a
ocorrência de possível vício apto a descaracterizar a natureza administrativa
da contratação, pois estes vínculos ostentam natureza jurídico-administrativa,
ainda que se refiram a questões trabalhistas. A hipótese dos autos é de
admissão de servidor pelo Poder Público sem prévia aprovação em concurso
público , após a promulgação da Constituição Federal de 1988, circunstância
em que esta Justiça Especializada não detém competência para dirimir tal
conflito, razão pela qual se determina o encaminhamento do presente feito à

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Justiça Comum. Decisão recorrida contrária à jurisprudência reiterada desta


Corte Superior, estando, pois, configurada a transcendência política do tema
(artigo 896-A, § 1.º, II, da CLT) e caracterizada a violação do art. 114, I, da CF.
Precedentes da SBDI-1 e Turmas do TST. Recurso de Revista conhecido e
provido. AGRAVO DE INSTRUMENTO DO ESTADO DO PIAUÍ. INTERPOSIÇÃO NA
VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. Fica prejudicada a análise das matérias
veiculadas nas razões de Agravo de Instrumento do Setor Público, visto que
seu Recurso de Revista foi provido para declarar a incompetência material
desta Justiça Especializada para processar e julgar a demanda."
(RRAg-10-97.2020.5.22.0101, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da
Silva, DEJT 30/06/2023)

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI Nº


13.015/2014. INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
PREQUESTIONAMENTO. OBSERVÂNCIA DO ART. 941, §3°, DO CPC/2015.
Tratando-se de acórdão publicado na vigência do CPC/2015, deve-se aplicar o
disposto no art. 941, §3°, do novel diploma processual, segundo o qual o voto
vencido é considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais,
inclusive para prequestionamento . Assim, tendo em vista que, no voto
vencido, a questão relativa à competência desta Justiça do Trabalho foi
amplamente debatida, fixando-se expressamente a tese a ser guerreada,
considera-se satisfeito o requisito de prequestionamento . Além disso, ante a
possível violação ao art. 114, I, da Constituição Federal, deve ser provido o
agravo de instrumento. Agravo de instrumento conhecido e provido. II -
RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.015/2014. INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA
JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTROVÉRSIA QUANTO À NATUREZA DO VÍNCULO
FIRMADO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DESVIRTUAMENTO DO
CONTRATO TEMPORÁRIO (ART. 37, IX, DA CF). ADI 3.395/DF. CANCELAMENTO
DA OJ 205 DA SDI-1 DO TST. 1) Trata-se de hipótese em que o acórdão
regional reconheceu o desvirtuamento do contrato temporário (art. 37, IX, da
CF) e declarou ser nula a relação de trabalho firmada com o Estado do Piauí,
em razão da ausência de prévia aprovação em concurso público. 2) No
julgamento da Medida Cautelar na ADI nº 3.395-6/DF, o Supremo Tribunal
Federal afastou qualquer interpretação do artigo 114, I, da Constituição
Federal que inclua na competência da Justiça do Trabalho a apreciação de
demandas instauradas entre a Administração Pública e os servidores a ela
vinculados por relação de ordem estatutária ou de caráter
jurídico-administrativo. Além disso, no julgamento do RE 573202-9, a Suprema
Corte fixou que compete à Justiça Comum julgar lides cujo objeto é o
desvirtuamento da relação jurídico-administrativa pela qual o trabalhador se
vincula ao ente público . Em obediência ao entendimento firmado pelo STF, o
Pleno deste TST cancelou a Orientação Jurisprudencial nº 205 da SBDI-1, que
dispunha ser competente a Justiça do Trabalho para dirimir dissídios
individuais entre trabalhador e ente público quando houvesse controvérsia

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acerca do vínculo empregatício . 3) Conclui-se, portanto, que o TRT decidiu em


violação ao art. 114, I, da CF, consoante interpretação fixada pelo Supremo
Tribunal Federal. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido."
(TST-RR-2993-68.2017.5.22.0103, 2ª Turma, Rel.ª Min.ª Maria Helena Mallmann,
DEJT de 28/10/2022)

"[...] II - RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO. INCOMPETÊNCIA DA


JUSTIÇA DO TRABALHO - CONTRATAÇÃO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE
1988 - AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO - CONTROVÉRSIA A RESPEITO DA
NATUREZA DO VÍNCULO. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
Medida Cautelar na ADI nº 3.395-6/DF, afastou qualquer interpretação do
artigo 114, I, da Constituição Federal que incluísse na competência da Justiça
do Trabalho a apreciação de demandas instauradas entre a Administração
Pública e os servidores a ela vinculados por relação de ordem estatutária ou
de caráter jurídico-administrativo, aí incluídos os conflitos sobre o exercício de
cargo comissionado, o contrato temporário de excepcional interesse público,
bem como questionamentos quanto à própria validade do vínculo de
natureza jurídico-administrativa. Seguindo esse entendimento, esta c. Corte
Superior cancelou a Orientação Jurisprudencial nº 205 da SBDI-1, que
preconizava a competência material da Justiça do Trabalho para dirimir
dissídios individuais entre trabalhador e ente público quando houvesse
controvérsia acerca do vínculo empregatício. Recentemente, o Excelentíssimo
Ministro Alexandre de Moraes proferiu decisão monocrática nos autos da
Reclamação 39.068/PB, publicada no DJE em 18/2/2020, em que reafirmou o
entendimento firmado pelo e. Supremo Tribunal Federal no sentido de
que não cabe à Justiça do Trabalho examinar demandas em que haja
qualquer questionamento acerca da validade do vínculo
jurídico-administrativo entre o ente público e seus servidores . Assim, ao
declarar a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar o
presente feito e, por conseguinte, apreciar a validade do vínculo entre autor e
o ente público, a Corte Regional violou o artigo 114, I, da Constituição Federal.
Recurso de revista conhecido por violação do artigo 114, I, da CF e provido.
CONCLUSÃO: agravo de instrumento conhecido e provido e recurso de revista
conhecido e provido" (TST-RR-1011-28.2017.5.05.0641, 3ª Turma , Rel. Min.
Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT de 9/4/2021 – destaques acrescidos)

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMADO 1. PRELIMINAR


DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTROVÉRSIA ACERCA DA
NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO. PROVIMENTO. O Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da Medida Cautelar na ADI 3.395-6/DF, decidiu que é
da Justiça Comum a competência para julgar as lides envolvendo
desvirtuamento da relação jurídico-administrativa pela qual o trabalhador se
vincula ao ente público. Desta forma, não há dúvidas de que é da Justiça
Comum não só a competência para julgar as causas em que incontroversa a

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existência de regime estatutário próprio ou de contrato temporário celebrado


no atendimento de necessidade de excepcional interesse público (artigo 37,
IX, da Constituição Federal), mas também daquelas nas quais há dúvida se o
regime adotado foi de ordem administrativa ou celetista. Isso porque cabe a
ela, e não a esta Justiça Especializada, examinar, em primeiro plano, se
realmente houve vício apto a descaracterizar a natureza administrativa da
contratação, inclusive no tocante à existência, validade ou eficácia de eventual
regime estatutário próprio ou de efetiva contratação temporária com
fundamento no artigo 37, IX, da Constituição Federal . Na hipótese, a egrégia
Corte Regional consignou que o Município contratou a reclamante para
trabalhar na função de gari, no período de 1º/1/2004 a 30/12/2016,
sem concurso público, sendo detentora de contrato nulo, e que, em face
dessa relação que a vinculou com o Município e dos pedidos constantes da
inicial, seria a Justiça do Trabalho competente para julgar a lide na sua
integralidade. Vê-se, portanto, tratar-se de controvérsia quanto à eventual
existência de relação jurídico-administrativa, que deve ser dirimida pela
Justiça Comum, e não por esta Justiça Especializada. Desse modo, flagrante a
violação do artigo 114, I, da Constituição Federal. Recurso de revista de que se
conhece e a que se dá provimento. [...]" (TST-ARR-1510-03.2017.5.22.0103, 4ª
Turma , Rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT de 25/6/2021 –
destaques acrescidos)

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI Nº


13.467/2017. MUNICÍPIO DE CANDEIAS. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRATAÇÃO POSTERIOR À CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. CONTROVÉRSIA
QUANTO À NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO FIRMADO PELO ENTE
PÚBLICO. 1 - Há transcendência política quando se constata em exame
preliminar o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência do STF e do
TST, no sentido de que não cabe à Justiça do Trabalho decidir sobre eventual
desvirtuamento da contratação sob o regime jurídico-administrativo. 2 -
Aconselhável o processamento do recurso de revista, para melhor análise da
alegada violação do artigo 114, I, da Constituição da República. 3 - Agravo de
instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEI Nº
13.467/2017. MUNICÍPIO DE CANDEIAS. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRATAÇÃO POSTERIOR À CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 1988. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. CONTROVÉRSIA
QUANTO À NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO FIRMADO PELO ENTE
PÚBLICO. 1 - No caso dos autos, há controvérsia a respeito da natureza
jurídica da contratação da reclamante. 2 - É incontroverso nos autos que a
reclamante foi contratada pelo ente municipal, após a promulgação da
Constituição Federal de 1988, sem a prévia e indispensável aprovação
em concurso público. 3 - O TRT reconheceu a competência da Justiça do
Trabalho, sob o fundamento de que ‘A Justiça do Trabalho
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tem competência material para processar e julgar os processos em que se


discute a natureza da relação jurídica mantida entre ente integrante da
administração pública direta e seus servidores nas situações em que a causa
de pedir constante da petição inicial é a existência de vínculo de natureza
celetista e as pretensões nela formuladas têm por lastro a legislação
trabalhista, ainda que o ente público, em sede de defesa, conteste a natureza
alegada ao argumento de que mantinha com o servidor relação jurídica de
natureza estatutária ou administrativa’ . 4 - Contudo, no exame do mérito da
ADIn-MC nº 3395-6, o STF concluiu que a Justiça do Trabalho é incompetente
para apreciar as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe
seja vinculado por relação de natureza jurídico-estatutária, e, na análise da
Reclamação nº 5381-4, em nova reflexão sobre o alcance da ADIn-MC nº 3395,
firmou o entendimento de que esta Justiça Especializada é incompetente para
examinar também a lide que versa sobre vínculo de natureza
jurídico-administrativa, caso da contratação para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX, da CF/1988). 5 - O STF
também decidiu que é da Justiça Comum a competência para decidir se a
contratação sob o regime jurídico-administrativo foi regular ou não
(Reclamação nº 5381-4). Segundo o entendimento do STF: ‘ Compete à Justiça
Comum pronunciar-se sobre a existência, a validade e a eficácia das relações
entre servidores e o poder público fundadas em vínculo
jurídico-administrativo. É irrelevante a argumentação de que o contrato é
temporário ou precário, ainda que haja sido extrapolado seu prazo inicial,
bem assim se o liame decorre de ocupação de cargo comissionado ou função
gratificada’ (Rcl 7633 AgR/MG); ‘Apesar de ser da competência da Justiça do
Trabalho reconhecer a existência de vínculo empregatício regido pela
legislação trabalhista, não sendo lícito à Justiça Comum fazê-lo, é
da competência exclusiva desta o exame de questões relativas a vínculo
jurídico-administrativo. (..) Antes de se tratar de um problema de direito
trabalhista a questão deve ser resolvida no âmbito do direito administrativo,
pois para o reconhecimento da relação trabalhista terá o juiz que decidir se
teria havido vício na relação administrativa a descaracterizá-la ‘ (..) (Rcl 8110
AgR/PI). Há julgado do TST no mesmo sentido. 6 - Portanto, a conclusão do
TRT é contrária à jurisprudência do STF e do TST, de que, embora a pretensão
da inicial se refira a direitos trabalhistas, a Justiça do Trabalho não
tem competência para decidir sobre eventual desvirtuamento e/ou
irregularidade da contratação sob o regime jurídico administrativo . 7 -
Recurso de revista de que se conhece e a que dá provimento. Prejudicados os
demais temas." (TST-RR-683-72.2018.5.05.0121, 6ª Turma , Rel.ª Min.ª Katia
Magalhaes Arruda, DEJT de 18/3/2022)

"[...] RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.015/2014. CPC/2015. INSTRUÇÃO


NORMATIVA Nº 40 DO TST. LEI 13.467/2017. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. CONTRATAÇÃO DE SERVIDOR SEM PRÉVIO CONCURSO PÚBLICO.
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ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE REGIME JURÍDICO ESPECIAL ADMINISTRATIVO.


TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA DA CAUSA. Nos termos da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, compete à Justiça Comum pronunciar-se sobre a
existência, a validade e a eficácia das relações entre servidores e o poder
público fundadas em vínculo jurídico-administrativo, ainda que se discuta a
configuração de vícios na origem dessa contratação . Recurso de revista
conhecido e provido" (TST-RR-100423-16.2016.5.01.0531, 7ª Turma , Rel. Min.
Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT de 19/12/2019 – destaques acrescidos)

Assim, a controvérsia quanto a eventual existência de relação


jurídico-administrativa deve ser dirimida pela Justiça Comum Estadual, não por esta
Justiça Especializada.
Diante desse contexto, a decisão regional, ao reconhecer
a competência desta Justiça Especializada para processar e julgar a presente
reclamação trabalhista, aparentemente violou o inciso I do art. 114 da Constituição da
República, razão pela qual dou provimento ao presente agravo de instrumento para
determinar o processamento do recurso de revista.

II – RECURSO DE REVISTA

a) Conhecimento

Presentes os pressupostos extrínsecos do recurso, passa-se ao


exame dos pressupostos intrínsecos do recurso de revista.

INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTROVÉRSIA


ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DA CONTRATAÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO
ADMITIDO SEM CONCURSO PÚBLICO APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988. REGIME
JURÍDICO ÚNICO MUNICIPAL (LEI MUNICIPAL Nº 399/1995)

Conforme analisado por ocasião do julgamento do agravo de


instrumento, o recurso de revista tem trânsito garantido por violação do inciso I do art.
114 da Constituição da República.
Conheço do recurso de revista.

b) Mérito
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INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTROVÉRSIA


ACERCA DA NATUREZA JURÍDICA DA CONTRATAÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO
ADMITIDO SEM CONCURSO PÚBLICO APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988. REGIME
JURÍDICO ÚNICO MUNICIPAL (LEI MUNICIPAL Nº 399/1995)

Uma vez conhecido do recurso de revista por violação do inciso I


do art. 114 da Constituição da República, seu provimento é consectário lógico.
Dou provimento ao recurso de revista para declarar
a incompetência material desta Justiça Especializada para processar e julgar a lide,
determinando a remessa dos autos à Justiça Comum Estadual, nos termos do art. 64, §
3º, do Código de Processo Civil, ficando prejudicada a análise do tema recursal
remanescente (“Depósitos do FGTS”).

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade: I – conhecer do agravo de instrumento e, no
mérito, dar-lhe provimento para determinar o processamento do recurso de revista;
II) conhecer do recurso de revista por violação do inciso I do art. 114 da Constituição da
República e, no mérito, dar-lhe provimento para declarar a incompetência material
desta Justiça Especializada para processar e julgar a lide, determinando a remessa dos
autos à Justiça Comum Estadual, nos termos do art. 64, § 3º, do Código de Processo
Civil, ficando prejudicada a análise do tema recural remanescente (“Depósitos do
FGTS”).

Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


SERGIO PINTO MARTINS
Ministro Relator

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