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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-10776-56.2014.5.01.0021

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A C Ó R D Ã O
(5ª Turma)
GMDAR/MFD/JC

RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI


13.015/2014. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTRATO
TEMPORÁRIO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. Trata-se de ação civil
pública, ajuizada pelo Ministério
Público do Trabalho, em que pleiteado o
afastamento de todos os contratados
temporários sob a alegação de prática de
irregularidade de natureza
administrativa por parte do ente
público, ao manter pessoal em seus
quadros sem amparo na Constituição
Federal. O Tribunal Regional concluiu
pela incompetência desta Justiça
Especializada para apreciar e julgar a
causa, sob o fundamento de que embora
parte do pleito apresentado pelo
parquet seja de cunho trabalhista, a
análise da desconstituição ou não da
contratação temporária deve ser
resolvida no âmbito do direito
administrativo. O Supremo Tribunal
Federal estabeleceu orientação no
sentido da incompetência da Justiça do
Trabalho para processar e julgar
controvérsias referentes à
regularidade das relações entre os
servidores e o Poder Público, em virtude
de constar a pretensão explícita ou
implícita de que se declare a invalidade
do vínculo administrativo, matéria que
se insere na seara do Direito
Administrativo, afeta à competência da
Justiça Comum. Nesse contexto, ainda
que a pretensão deduzida na lide se
refira a direitos trabalhistas, a
questão de fundo, prejudicial ao exame
dos pedidos deduzidos na inicial,
refere-se à regularidade do vínculo
jurídico-administrativo estabelecido
entre o trabalhador contratado e o Poder
Público, sendo incompetente a Justiça
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do Trabalho para processar e julgar o
feito, nos termos do entendimento
adotado pelo Supremo Tribunal Federal,
notadamente em sede de julgamento da ADI
3.395-6/DF e Rcl 9.625/RN. Precedentes.
Recurso de revista não conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso


de Revista n° TST-RR-10776-56.2014.5.01.0021, em que é Recorrente
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO e Recorrido MUNICÍPIO DE RIO DE JANEIRO.

O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por meio


do acórdão às fls. 198/205, negou provimento ao recurso ordinário do
Ministério Público do Trabalho para manter a sentença em que declarada
a incompetência da Justiça do Trabalho para processar presente ação civil
pública.
Inconformado, o Ministério Público do Trabalho
interpôs recurso de revista às fls. 209/217, com amparo no artigo 896,
alíneas “a” e “c”, da CLT, admitido pela decisão às fls. 221/222.
Contrarrazões apresentadas às fls. 224/228.
Sem parecer do Ministério Público do Trabalho.
Recurso de revista regido pela Lei 13.015/2014.
É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de


admissibilidade, passo ao exame dos pressupostos intrínsecos do recurso
de revista.

1.1. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.


CONTRATO TEMPORÁRIO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

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O Tribunal Regional negou provimento ao recurso
ordinário do Ministério Público do Trabalho sob os seguintes fundamentos:

(...) Cuida-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do


Trabalho em face do MUNICÍPIO DE RIO DE JANEIRO.
Narra o autor no libelo, verbis (ID. 93a1059 - Pág. 2/4):
"DO INQUÉRITO CIVIL N°2828/2013
1-O procedimento investigatório acima citado foi
instaurado para apurar a situação dos trabalhadores contratados
sem concurso público que prestam serviços no Hospital
Municipal Miguel Couto.
2-No dia 20/02/2014 foi realizada inspeção no mencionado
Hospital Municipal, de modo que o Ministério Público do
Trabalho constatou que: a) a unidade hospital conta com técnicos
de enfermagem estatutários (a maioria servidores municipais -
mas existem também servidores estatutários estaduais e
federais), bem com conta com outros técnicos de enfermagem
que são contratados por prazo certo pelo regime da Consolidação
das Leis do Trabalho; b) os técnicos de enfermagem contratados
por prazo certo pelo regime da CLT foram selecionados dentre
candidatos aprovados em concurso público que aguardam
nomeação para posse como estatutários, ou seja, "para os
aprovados em concurso público para cargos públicos (regime
estatutário municipal) foi dada a oportunidade de entrar, de
imediato, como temporário, sendo que, quem não aceitava,
ficava na sua colocação do concurso aguardando a nomeação
para a posse no cargo, assim como os que aceitavam a
contratação temporária também ficavam mantidos na respectiva
colocação do concurso para futura posse como estatutário."; c)
existem outros técnicos de enfermagem contratados por prazo
certo há mais tempo que não integram a lista de aprovados no
concurso público acima mencionado, sendo que tais temporários
foram selecionados por análise de currículo; d) quanto a este
segundo grupo de empregados municipais contratados por tempo
certo é importante registrar que tais trabalhadores já tiveram
encerrados os prazos de vigência dos respectivos contratos, mas
continuam a trabalhar no Hospital tendo em vista a necessidade
de mão de obra, isto é, são trabalhadores celetistas que, ao não
terem vínculo contratual vigente com o Município, recebem por
termo de ajuste e a remuneração mensal de tais trabalhadores é
rotineiramente paga com atraso, e, e) por fim, constatou-se que a
prática de pagar através de termo de ajuste se iniciou em outubro
de 2013, ou seja, quando terminaram os prazos de vigência dos

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contratos temporários dos trabalhadores que, indevidamente,
seguiram prestando serviços de fato para o Município.
3-No dia 21/03/2014, o Diretor do Hospital Municipal
Miguel Couto prestou depoimento e confirmou os dados
coletados na inspeção acima sintetizada, bem como afirmou que
tal situação "ocorre nos hospitais municipais em geral.
DA PRÁTICA ILÍCITA DO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO 4-Verifica-se que o Município do Rio de Janeiro tem
a prática de manter prestando serviços, em órgãos públicos
municipais, trabalhadores contratados temporários cujos
respectivos contratos já teriam alcançado anteriormente o seu
termo final.
5-Não há dúvida que, com respaldo em autorização fixada
em lei, nos moldes do art.37, IX, da Constituição da República, é
cabível a contratação temporária de pessoal para atender situação
de excepcional interesse público, o que pode incluir, em
princípio, contratar técnicos de enfermagem para um Hospital.
Em contrapartida, não é lícito manter tais trabalhadores à
disposição, de fato, da Administração Pública para além do
termo final do contrato temporário.
6-Note-se que, na hipótese, seja o contrato temporário do
art.37, IX, da Lei Maior pactuado com aplicação da CLT ou
firmado em regime administrativo, não é possível juridicamente
que o administrador público mantenha o temporário na execução
de serviços quando seu contrato já alcançou anteriormente o
termo final.
7-Um trabalhador temporário que segue na prestação dos
serviços subordinados contratados, pela Administração Pública,
para além do encerramento formal de seu vínculo contratual e,
assim, passa a receber remuneração mensal através de chamado
"termo de ajuste", não passa de um trabalhador que está inserido
nos quadros do Município sem nenhum título que valide tal
cenário.
(...)".
Assim, formulou os pleitos elencados nas alíneas "a" usque"d" de ID.
93a1059 - Pág. 11, verbis:
"a) a condenação do Município do Rio de Janeiro a
cumprir obrigação de fazer, consistente em afastar todos os
contratados temporários que seguem prestando serviços apesar
de ultrapassado o prazo de vigência dos respectivos contratos
formalizados, fixando multa diária de R$10.000,00 por cada
trabalhador em situação irregular; b) a condenação do Município
do Rio de Janeiro a cumprir obrigação de não fazer, consistente
em não manter, à sua disposição, trabalhadores contratados
como temporários após ultrapassados os prazos de vigência dos
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respectivos contratos, fixando multa diária de R$10.000,00 por
cada trabalhador em situação irregular; c) a condenação do
Município do Rio de Janeiro a cumprir obrigação de dar,
consistente em indenizar, com relação à não efetivação dos
depósitos do FGTS, os trabalhadores que ficaram trabalhando
após o término formal do respectivos contratos temporários, e, d)
a condenação do Município do Rio de Janeiro a cumprir
obrigação de dar, consistente em pagar R$500.000,00,
reversíveis ao Fundo de Amparo ao Trabalho, por dano moral
coletivo."
O Juízo de primeiro grau declarou a incompetência da Justiça do
Trabalho em razão da matéria, extiguindo o processo sem resolução do
mérito, litteris (ID. f30ae46):
"(...) O Ministério Público do Trabalho propõe ação civil
pública, nesta Especializada, contra o Município do Rio de
Janeiro, por este ter a prática rotineira de manter trabalhadores
contratados , em órgãos públicos municipais, cujos contratos
temporariamente já teriam se encerrado.
Contudo, a Justiça do trabalho não é competente para
julgar o presente feito, pois o Supremo Tribunal Federal, por
meio de decisão monocrática da lavra do Exmo. Min.
Nelson Jobim, concedeu medida liminar na ADIN nº
3395-6, suspendendo qualquer interpretação do art. 114, inciso I,
da CF/88, que incluisse na competência da Justiça do Trabalho a
apreciação de litígios entre o poder público e os seus servidores,
envolvendo típica relação de ordem estatutária ou de caráter
jurídico administrativo.
Com efeito, a jurisprudência da mais alta corte do país
converge no sentido de que a relação de trabalho temporário,
firmada entre o poder público e seus servidores, configura
genuinamente relação jurídico-administrativa, sendo
incompetente esta Justiça Social para dirimir conflitos daí
decorrentes, mesmo quanto à eventual arguição de nulidade na
contratação do trabalhador temporário.
(...) Ante o exposto, declaro, de ofício, a incompetência da
Justiça do Trabalho para processar a presente ação civil pública,
e extingo o feito sem resolução do mérito, na forma do artigo
267, IV , do CPC vigente."
Irresignado, recorre o MPT, fundamentando, em síntese, que "o
presente caso não trata de servidores estatutários concursados ou de
trabalhadores contratados temporariamente em regime administrativo, mas
sim, cuida-se de trabalhadores contratados temporariamente pela clt, sendo
que tais empregados a prazo certo prosseguem prestando serviços para o
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município mesmo após o fim do prazo do contrato de trabalho que foi
formalmente celebrado."; que "inequivocamente, a ação civil pública em tela
versa sobre direitos e interesses difusos e coletivos de natureza trabalhista e,
mais especificamente, celetista"; que, inclusive, "um dos pedidos consiste
em indenizar tais empregados quanto ao não recolhimento do FGTS, uma
vez que continuaram a trabalhar para o Município mesmo após passado o
prazo dos respectivos contratos de trabalho."; .que cuida o feito de "questões
DECORRENTES da relação de trabalho/emprego a serem discutidas na
presente demanda, o que, por conseguinte, atrai a competência da Justiça do
Trabalho, nos exatos termos do art. 114, I, da Constituição Federal de 88"
(ID. d40b798).
Razão não lhe assiste.
Após a concessão de liminar na ADIN 3395, deferida para suspender
qualquer interpretação do art. 114, inciso I, da Lei Maior que insira na
competência desta Especializada as causas de trabalhadores vinculados ao
Poder Público por "relação jurídico-estatutária", o Excelso Supremo
Tribunal Federal julgou procedentes diversas reclamações, declarando
competente a Justiça Comum para apreciar as causas baseadas em relação
jurídico-administrativa.
Nessa esteira, o C. TST cancelou a Orientação
Jurisprudencial nº 205, sinalizando claramente a mudança de
posicionamento daquela Corte Superior acerca da matéria, a qual
se expressa nos julgados que se seguem: "EMENTA: RECURSO
DE REVISTA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
CONTRATAÇÃO IRREGULAR. INCOMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO. A Justiça do Trabalho não tem
competência para o julgamento de agentes públicos por ato de
improbidade administrativa. Assim, mesmo que a situação
decorra da contratação de servidores sem prévia realização de
concurso público, em nítida afronta aos princípios
constitucionais que regem a Administração Pública, não
compete à Justiça do Trabalho o julgamento da matéria, que não
tem pertinência com a relação de trabalho. Precedentes.
Recurso de revista não conhecido'. Processo: RR -
779/2005-105-08-00.2 - Data de Julgamento: 18/03/2009,
Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª
Turma, Data de Divulgação: DEJT 17/04/2009.
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO.
CONTRATO DE TRABALHO IRREGULAR. AUSÊNCIA DE
CONCURSO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE PESSOAL
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DO ADMINISTRADOR PÚBLICO. INCOMPETÊNCIA
MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A delimitação da
matéria contida no acórdão regional informa que o prefeito,
exercendo ato de gestão, realizou a contratação do reclamante
em nome do município. Trata-se, portanto, de ato administrativo,
o qual, ainda que direcionado para a contratação sem concurso
público, tem os limites da responsabilidade traçados fora da
relação de trabalho havida entre o reclamante e o município.
Incompetência da Justiça do Trabalho para apreciar a
matéria. Agravo de instrumento a que se nega provimento'.
Processo: AIRR - 165/2006-343-01-40.7 Data de Julgamento:
17/12/2008, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª
Turma, Data de Divulgação: DEJT 06/02/2009.
EMENTA: RECURSO DE REVISTA -
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A
competência material da Justiça do Trabalho é definida pelo
pedido e pela causa de pedir. Dessa forma, se o Reclamante alega
existir vínculo de emprego, nos termos da CLT, esta Justiça
Especializada é competente para apreciar e julgar a lide.
DENUNCIAÇÃO DA LIDE - RESPONSABILIDADE
PESSOAL DO ADMINISTRADOR. Sendo certo que o vínculo
- ainda que irregular - formou-se entre o Reclamante e a
Administração - e, não, o administrador, agente público
exercente de mandato -, não há falar em citação necessária do
prefeito municipal que assinou o ato que se reputa nulo. Cabe ao
Município, em ação própria, buscar o ressarcimento do erário
junto à pessoa física que o administrava à época da contratação
irregular. Precedente.
NULIDADE DO CONTRATO DE TRABALHO -
EFEITOS - SERVIDOR PÚBLICO CONTRATADO SEM
CONCURSO APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988 -
DEPÓSITOS DO FGTS - ARTIGO 19-A DA LEI Nº 8.036/90 -
IRRETROATIVIDADE 1. Dado o quadro fático delineado pela
Corte de origem, o acórdão regional está em consonância com a
Súmula nº 363 desta Corte. 2. Os depósitos do FGTS são devidos
inclusive em relação ao período anterior à vigência da aludida
medida provisória, uma vez que o art. 19-A da Lei nº 8.036/90
não cria direito novo, mas apenas reconhece direito preexistente.
Precedentes da SBDI-1. Recurso de Revista não conhecido'.
Processo: RR - 625/2005-013-20-00.1 Data de
Julgamento: 12/11/2008, Relatora Ministra: Maria Cristina
Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, Data de Divulgação: DEJT
14/11/2008.
'INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PREFEITO. É da Justiça
Comum (art. 29, X, da CF/88), e não da Justiça do Trabalho (art.
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114 da CF/88), a competência para decidir sobre a
responsabilidade de prefeito ou ex-prefeito decorrente de
irregularidade na contratação de trabalhador pelo Município.
Agravo de instrumento a que se nega provimento' (NÚMERO
ÚNICO PROC: AIRR - 498/2007-100-03-40 - PUBLICAÇÃO:
DJ - 22/02/2008 - ACÓRDÃO 5ª Turma - Relator: Ministro
EMMANOEL PEREIRA).
No caso presente, suscita o Ministério Público do Trabalho a prática de
irregularidade de natureza administrativa por parte do ente público ao manter
pessoal em seus quadros sem amparo no Texto Constitucional.
Ora, ainda que tais trabalhadores tenham sido originalmente
contratados temporariamente sob a égide da CLT, resta incontroverso
nos autos que os liames empregatícios correlatos já se extinguiram.
Nesse esteira, embora parte do pleito apresentado pelo parquet seja de
cunho trabalhista, a análise da desconstituição ou não da contratação
temporária deve ser resolvida no âmbito do direito administrativo, o
que, de plano, afasta a competência desta Justiça Especial para apreciar
a causa, ainda que eventualmente reste demonstrado o desvirtuamento
da legislação aplicável.
Nesse sentido, peço vênia para transcrever a jurisprudência da
Suprema Corte:
"AGRAVO REGIMENTAL. RECLAMAÇÃO.
PROCESSO CIVIL E DO TRABALHO. DIREITO
ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE
AGENTES PELO PODER PÚBLICO. ALEGAÇÃO DE
NULIDADE DO VÍNCULO. PLEITO DE VERBAS
RESCISÓRIAS DECORRENTES DE SUPOSTA
CARACTERIZAÇÃO COMO RELAÇÃO DE EMPREGO.
PROCESSO EM CURSO NA JUSTIÇA DO TRABALHO.
OFENSA À AUTORIDADE DA DECISÃO PROFERIDA NA
ADIN Nº 3.395/DF. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM.
AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. RECLAMAÇÃO
JULGADA PROCEDENTE.
1. Compete à justiça comum o julgamento de demandas
ajuizadas em decorrência de vínculo jurídico-administrativo
firmado entre a Administração Pública e seus agentes, ainda que
formulado pedido de verbas de natureza trabalhista por
conta de suposta nulidade no vínculo funcional, excluída a
competência da justiça laboral.

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2. Reclamação ajuizada sob o fundamento de
descumprimento à autoridade da decisão proferida na ADIN nº
3.395/DF, porquanto em curso, na justiça do trabalho, demanda
em que ex-agente público postula verbas rescisórias decorrentes
de suposta nulidade no vínculo de contratação temporária a que
estava submetido.
3. In casu, resta caracterizada a ofensa à autoridade da ratio
decidendi firmada na ADIN nº 3.395/DF, de vez que em curso,
na justiça do trabalho, feito cujo julgamento cabe à justiça
comum. Precedentes: Rcl 7633 AgR, Relator(a): Min. DIAS
TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 23/06/2010; Rcl 7028
AgR, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno,
julgado em 16/09/2009; Rcl 5954, Relator(a): Min. DIAS
TOF-FOLI, Tribunal Pleno, julgado em 02/06/2010; Rcl 7109
AgR, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Tribunal Pleno,
julgado em 02/04/2009; e Rcl 5171, Relator(a): Min.
CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em
21/08/2008.
4. Agravo regimental provido para julgar procedente a
reclamação" (Rcl 10.587-AgR/MG, Redator para o acórdão Min.
Luiz Fux). "AGRAVO REGIMENTAL NA RECLAMAÇÃO.
PROCESSUAL CIVIL.
RECLAMAÇÃO JULGADA PROCEDENTE PARA
PRESERVAR A AUTORIDADE DA DECISÃO DO STF NA
ADI N. 3.395. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO PARA APURAR EVENTUAL NULIDADE DO
VÍNCULO JURÍDICO-ADMINISTRATIVO.
1. A reclamação foi adequadamente utilizada para
preservar a autoridade do STF e a eficácia do que decidido na
ADI no 3.395. Não se operou o desvirtuamento da espécie em
sucedâneo recursal.
2. A jurisprudência do STF é uniforme no reconhecimento
de que a competência para decidir litígios envolvendo servidores
públicos e o Estado é da Justiça comum, quando o suporte dessas
causas for discussão sobre a natureza, o objeto e a validade das
relações jurídicas que os unem ou uniram.
3. O caráter temporário e a nulidade por vício de origem
(legal ou constitucional) das relações entre os servidores e o
Estado não vulneram a regra geral de competência da Justiça
comum, a quem caberá decidir sobre alegações suscitadas pelas
partes nesse sentido.
Agravo regimental não provido" (Rcl 7.481-AgR/MG,
Rel. Min. Dias Toffoli).
"AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO.
OFENSA À DECISÃO PROFERIDA NA AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE 3.395/DF.
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CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA PARA O
EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA.
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA
EXAMINAR EVENTUAL NULIDADE DA
CONTRATAÇÃO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADU-AL.
1. A Justiça do Trabalho não detém competência para
processar e julgar causas que envolvam o Poder Público e
servidores a ele vinculados, mesmo que por contrato temporário
com prazo excedido, por se tratar de relação
jurídico-administrativa.
2. Ainda que possa ter ocorrido desvirtuamento da
contratação temporária para o exercício de função pública,
não cabe à Justiça do Trabalho analisar a nulidade desse
contrato.
3. Existência de precedentes desta Corte nesse sentido.
4. Agravo regimental ao qual se nega provimento" (Rcl
7.028-AgR/MG, Rel. Min. Ellen Gracie)." (destaquei).
Sendo assim, correta a decisão de primeiro grau, que declarou a
incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para processar e julgar a
causa e extinguiu o processo sem resolução do mérito, nos moldes do art.
485, IV, do NCPC.
Nego provimento. (...) (fls. 199/204).

O Ministério Público do Trabalho sustenta ser desta


Justiça Especializada a competência para apreciar a presente demanda,
uma vez que a contratação temporária foi celebrada pelo regime da CLT,
não havendo falar em relação jurídico-estatutária.
Afirma que por meio de Inquérito Civil foi apurado que
“o Município tem a prática de manter prestando serviços, em órgãos
públicos municipais, trabalhadores contratados temporários cujos
respectivos contratos, todos pelo regime da CLT, já teriam alcançada
anteriormente o seu termo final” (fl. 210).
Alega que a presente ação civil pública em tela versa
sobre direitos e interesses difusos e coletivos de natureza trabalhista
e, mais especificamente, celetista, razão pela qual tratar-se de litígio
decorrente das relações de trabalho/emprego.

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Assevera que “o MPT busca coibir que trabalhadores
temporários (celetistas ou não) permaneçam a serviço do Município após
o termo final dos respectivos contratos a prazo fundados no art.37, IX,
da Lei Maior” (fl. 213).
Aponta ofensa ao art. 114, I, da Constituição Federal
e transcreve arestos.
Ao exame.
A discussão travada nos autos cinge-se à competência
da Justiça do Trabalho para analisar ação em que se discute o
desvirtuamento dos contratos temporários realizados pelo Município.
A Corte de origem manteve a sentença em que declarada
a incompetência material da Justiça do Trabalho para apreciar o feito
consignando que “ainda que tais trabalhadores tenham sido originalmente
contratados temporariamente sob a égide da CLT, resta incontroverso nos
autos que os liames empregatícios correlatos já se extinguiram.” (fl.
203).
Concluiu a Corte a quo que “embora parte do pleito
apresentado pelo parquet seja de cunho trabalhista, a análise da
desconstituição ou não da contratação temporária deve ser resolvida no
âmbito do direito administrativo, o que, de plano, afasta a competência
desta Justiça Especial para apreciar a causa, ainda que eventualmente
reste demonstrado o desvirtuamento da legislação aplicável” (fl. 203).
Fixadas tais premissas, a discussão quanto à validade
das contratações temporárias desborda dos limites da competência da
Justiça do Trabalho, mormente em face da decisão do Supremo Tribunal
Federal exarada em sede de medida liminar concedida na Ação Direta de
Inconstitucionalidade 3.395-6/DF, que suspendeu toda e qualquer
interpretação dada ao inciso I do art. 114 da Constituição da República,
na redação dada pela Emenda Constitucional 45/2004, que inclua na
competência da Justiça do Trabalho a apreciação de causas que sejam
instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados
por típica relação de ordem estatutária ou de caráter
jurídico-administrativo.
Ademais, em decisão proferida pelo STF, por ocasião
do julgamento da Rcl 9.625/RN (DJ 24/3/2011), aquela Corte reiterou o
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entendimento anteriormente exposto, no sentido de que a Justiça Comum
deve pronunciar-se sobre a existência, a validade e a eficácia das
relações entre servidores e o Poder Público, fundadas em vínculo
jurídico-administrativo.
O Supremo Tribunal estabeleceu orientação no sentido
da incompetência da Justiça do Trabalho para processar e julgar
controvérsias referentes à regularidade das relações entre os servidores
e o Poder Público, em virtude de constar a pretensão explícita ou
implícita de que se declare a invalidade do vínculo administrativo,
matéria afeta à competência da Justiça Comum, porquanto inserida no
âmbito do Direito Administrativo, que tem por um de seus objetos
disciplinar as relações entre os servidores e a Administração Pública.
Nesse contexto, ainda que a pretensão deduzida na lide
se refira a direitos trabalhistas, a questão de fundo, prejudicial ao
exame dos pedidos deduzidos na inicial, refere-se à regularidade do
vínculo jurídico-administrativo estabelecido entre o trabalhador e o
Poder Público, sendo incompetente a Justiça do Trabalho para processar
e julgar o feito, nos termos dos entendimentos adotados pelo Supremo
Tribunal Federal.
Nesse sentido cito os julgados:

RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA


VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. MEDIDA CAUTELAR DO STF NA ADI 3.395-6/DF.
EXISTÊNCIA, VALIDADE OU EFICÁCIA DE REGIME JURÍDICO
ADMINISTRATIVO. O Pleno do STF, no julgamento da Medida Cautelar
na ADI 3.395-6/DF, dando interpretação conforme ao inciso I do art. 114 da
Constituição Federal, na redação que lhe foi conferida pela Emenda
Constitucional nº 45/2004, de fato, excluiu da competência desta
Especializada a apreciação de causas que sejam instauradas entre o Poder
Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem
estatutária ou de caráter jurídico-administrativo. Ainda segundo a Suprema
Corte, a análise primária acerca da relação estabelecida entre o servidor e o
ente público cabe à Justiça Comum, não cabendo a esta Justiça do Trabalho o
prévio exame acerca da existência, validade ou eficácia de eventual regime
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estatutário próprio, de contratação temporária, ou, ainda, a ocorrência de
possível vício apto a descaracterizar a natureza administrativa da
contratação. Assim, descabe à Justiça do Trabalho, a pretexto de definir a
natureza da relação mantida entre as partes, e ainda que a inicial veicule
pedidos de natureza eminentemente celetista, constatar possível nulidade na
contratação efetuada por ente público, inclusive quando ausente o requisito
constitucional de prévia aprovação em concurso público, ou entabular juízo
prévio acerca do atendimento ou não das exigências necessárias às
contratações por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público regidas pelo art. 37, IX, da Carta de 1988,
cabendo à Justiça Comum averiguar a presença, ou não, de eventual vício a
macular a relação administrativa. Precedentes do TST e do STF. Verifica-se
que o TRT, ao analisar a questão e, ainda, entender pela competência desta
Justiça Especializada, mesmo diante da discussão acerca da existência,
validade ou eficácia de regime administrativo, incorreu em ofensa ao art.
114, I, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e provido.
(TST-RR - 746-17.2017.5.22.0103, Relator Ministro
Breno Medeiros, 09/05/2018, 5ª Turma, DEJT
18/05/2018)

INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRATO


DE TRABALHO CELEBRADO COM O ENTE PÚBLICO APÓS A
PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.
AUSÊNCIA DE PREVIA APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO.
ENTENDIMENTO ADOTADO PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. CANCELAMENTO DA ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL Nº 205 DA SBDI-1 DO TST. Esta Corte Superior
decidiu cancelar a Orientação Jurisprudencial nº 205 da SbDI-1 do TST, a
qual trazia o entendimento de que as controvérsias acerca do vínculo
empregatício entre o trabalhador e o ente público seriam dirimidas pela
Justiça do Trabalho, em razão das decisões reiteradas do Supremo Tribunal
Federal, que se pronunciou que a Justiça do Trabalho é incompetente para
processar e julgar as ações que envolvam relações de cunho
jurídico-administrativo, incluída aí a contratação temporária, na forma do
artigo 37, inciso IX, da Constituição Federal. Segundo a jurisprudência da
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Suprema Corte, não cabe à Justiça do Trabalho apreciar a modalidade de
contratação (jurídico administrativo ou trabalhista) celebrada entre o ente
público e o servidor contratado, sem prévia aprovação em concurso público,
após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Portanto, é da
competência exclusiva da Justiça Comum apreciar questões relativas à
natureza do vínculo e, somente se decidir pela não ocorrência de contratação
de caráter jurídico-administrativo, mas de contratação disciplinada pela
legislação trabalhista, determinará a remessa dos autos a esta Justiça
especializada para apreciação e julgamento da lide. Recurso de revista
conhecido e provido (TST-RR-676-34.2016.5.22.0103,
Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, 2ª
Turma, DEJT 18/05/2018).

RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014.


INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRATO
TEMPORÁRIO. DESVIRTUAMENTO. Caso em que o Tribunal Regional
concluiu que a contratação do Reclamante, realizada sob o título de
temporária pelo Município, foi ilegal, uma vez que houve desvirtuamento
dessa modalidade de contratação. O Supremo Tribunal Federal estabeleceu
orientação no sentido da incompetência da Justiça do Trabalho para
processar e julgar controvérsias referentes à regularidade das relações entre
os servidores e o Poder Público, em virtude de constar a pretensão explícita
ou implícita de que se declare a invalidade do vínculo administrativo,
matéria que se insere na seara do Direito Administrativo, afeta à competência
da Justiça Comum. Nesse contexto, ainda que a pretensão deduzida na lide se
refira a direitos trabalhistas, a questão de fundo, prejudicial ao exame dos
pedidos deduzidos na inicial, refere-se à regularidade do vínculo
jurídico-administrativo estabelecido entre o trabalhador contratado e o Poder
Público, sendo incompetente a Justiça do Trabalho para processar e julgar o
feito, nos termos do entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal,
notadamente em sede de julgamento da ADI 3.395-6/DF e Rcl 9.625/RN.
Precedente da SBDI-1. Recurso de revista conhecido e provido. (TST-RR
- 16377-65.2014.5.16.0008, Relator Ministro Douglas
Alencar Rodrigues, 5ª Turma, DEJT 11/05/2018).

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RECURSO DE REVISTA. COMPETÊNCIA MATERIAL. JUSTIÇA
DO TRABALHO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTRATAÇÃO DE
TRABALHADOR POR ENTE PÚBLICO. VÍNCULO
ADMINISTRATIVO. CONTROVÉRSIA. NÃO CONHECIMENTO. O
Supremo Tribunal Federal decidiu, mediante reiterados julgados, que a
Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar causas que
envolvam o Poder Público e servidores vinculados a ele por relação
jurídico-administrativa, uma vez que essas ações não se reputam oriundas da
relação de trabalho referida no artigo 114, I, da Constituição Federal. Em
face de tal posicionamento, este egrégio Tribunal cancelou a Orientação
Jurisprudencial nº 205 da SBDI-1, nos termos da Resolução nº 156/2009,
publicada no DEJT de 29/04/2009, e passou a adotar o mesmo entendimento
exarado pelo STF. A propósito, o entendimento deste Tribunal Superior tem
sido de que é da Justiça Comum a competência para julgar as lides que
envolvam possível desvirtuamento da relação jurídico-administrativa pela
qual o trabalhador se vincula ao Ente Público, inclusive no que tange à
eventual nulidade da contratação por ausência de concurso público. Em
suma, a competência dessa Justiça Especializada se mantém apenas nas
hipóteses em que efetivamente comprovado o vínculo trabalhista mediante
regime celetista. Na hipótese, a Corte Regional consignou que a questão
controvertida refere-se à contratação irregular de trabalhador para cargos na
Administração Pública, sem prévio concurso público, de forma que a
competência para conhecer e julgar a matéria é da Justiça Comum Estadual.
Constata-se que no caso não ficou consignado no v. acórdão a existência de
prova inequívoca de contratação mediante o regime celetista. Trata-se,
portanto, de controvérsia quanto à eventual existência de relação
jurídico-administrativa, que deve ser dirimida pela Justiça Comum, e não por
esta Justiça Especializada. Precedentes. Incidência da Súmula nº 333 e do
artigo 896, § 7º, da CLT. Recurso de revista de que não se conhece.
(TST-RR - 594-36.2012.5.09.0028, Relator Ministro
Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT
16/03/2018)

Desse modo, estando o acórdão recorrido em consonância


com a jurisprudência desta Corte, inviável o conhecimento do recurso de
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revista, não se vislumbrando a violação do dispositivo da Constituição
Federal indicada, tampouco dissenso de teses (Súmula 333/TST).
NÃO CONHEÇO.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quinta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do recurso de
revista.
Brasília, 29 de agosto de 2018.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES
Ministro Relator

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