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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-709-14.2022.5.22.0103

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64CC3CDCA410B.
ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMDMA/RG

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. NÃO
CONHECIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO.
DISSÍDIO DE ALÇADA. DISCUSSÃO
INFRACONSTITUCIONAL. Nos termos do art.
2º, § 4º, da Lei nº 5.584/70, não cabe recurso
para as ações de alçada, ou seja, aquelas cujo
valor da causa não ultrapassa dois salários
mínimos na data do ajuizamento da ação, salvo
se versar sobre matéria constitucional. Na
hipótese, a pretensão trazida pelo Sindicato na
inicial é de que a empresa forneça informações
de documentos privados produzidos e/ou
guardados pela empresa ré, ou seja, discussão
nitidamente infraconstitucional, não cabendo,
assim, a interposição de nenhum recurso
contra a sentença. Agravo de instrumento
não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de


Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-709-14.2022.5.22.0103, em que é
Agravante SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO E SERVIÇOS DE PICOS e
é Agravado JELTA VEICULOS E MAQUINAS LTDA.

Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo Sindicato


contra a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região que denegou
seguimento ao seu recurso de revista.
Contraminuta/contrarrazões foram apresentadas.
Dispensada a remessa dos autos ao MPT, nos termos
regimentais.

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É o relatório.

VOTO

1 - CONHECIMENTO

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal,


CONHEÇO do agravo de instrumento.

2 - MÉRITO

O Tribunal Regional do Trabalho denegou seguimento ao


recurso de revista do Sindicato aos seguintes fundamentos:

“...
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece
transcendência em relação aos reflexos gerais de natureza econômica,
política, social ou jurídica (art. 896-A da CLT), dispondo o § 6º do referido
artigo que "O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela
Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à análise dos
pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o critério
da transcendência das questões nele veiculadas".
Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será
admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência
uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do
Supremo Tribunal Federal e por violação direta da Constituição Federal.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Recurso / Processo de
Alçada
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Partes e Procuradores /
Assistência Judiciária Gratuita
Alegação(ões):
- violação do(s) inciso III do artigo 8º; incisos XXXIV e XXXV do artigo 5º
da Constituição Federal.
O recorrente impugna o não conhecimento da demanda ao
argumento que se trata de matéria constitucional, a qual se discute a
legitimidade do ente sindical na defesa dos seus representados, conforme
previsto no art. 8º, inciso III, da Constituição Federal, salientando que tal
matéria, por ser constitucional, deve ser conhecida.

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Afirma que a CF/88 confere ao Sindicato ampla atuação na defesa dos


trabalhadores hipossuficientes, cabendo a esta Justiça analisar apresente
ação que trata sobre as determinações previstas em instrumento coletivo e
a consequente implementação nas empresas, como os reajustes salariais.
Argumenta que a inexistência de norma específica obrigando as
empresas no fornecimento de informações ao sindicato, não lhe retira o
direito/missão de atuar na defesa da categoria representada, conforme
finalidade prevista no art. 8º, III da CF.
Opõe-se, ainda, quanto à negativa de deferimento da justiça gratuita
ao Sindicato, acreditando que tal interpretação viola ao direito/garantia
fundamental de petição assegurado constitucionalmente, nos termos do art.
5º, XXXIV, "a" e XXXV, da CF/88.
Ocorre que o recurso de revista, sob a égide da Lei 13.015/2014,
prestigiou o rigor formal, tem natureza extraordinária e visa assegurar a
validade, autoridade e uniformidade da interpretação da lei. Neste viés,
considera indispensável que a parte, nas razões recursais, indique o trecho
específico da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia objeto do apelo.
Indicar significa transcrever o trecho do pronunciamento prévio sobre
a temática que o recorrente almeja obter reexame pelo órgão . Essaad quem
exigência se caracteriza como pressuposto intrínseco de admissibilidade da
revista, sendo ônus atribuído à parte sua demonstração, não suscetível de
saneamento, se ausente.
Destarte, em que pesem as alegações da recorrente, percebe-se
que esta não indicou os trechos específicos da decisão recorrida que
consubstanciariam o prequestionamento das matérias, deixando,
assim, de observar o disposto no art. 896, §1º-A, I, da CLT, conforme
redação dada pela referida Lei n. 13.015 /2014.
Pelo exposto, não admito o recurso de revista.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista”

Em minuta de agravo, o Sindicato insurge-se contra o despacho


denegatório. Alega que a discussão dos autos é sobre matéria constitucional, uma vez
que a “presente demanda trata, de forma aprofundada, sobre a legitimidade conferida, pelo art. 8º,
inciso III, da Constituição Federal, aos Sindicatos, quando da defesa dos interesses de seus
representados, além da gratuidade de justiça ao ente sindical, com base no art. 5º, XXXIV, “a” e XXXV, da
CF/88”.
Ao exame.
Ao contrário do Tribunal Regional, entendo que o apelo da
parte cumpre o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da CLT, considerando que o acórdão
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regional é sucinto. Por essa razão, com amparo na Orientação Jurisprudencial n°


282 da SbDI-1 do TST, passo ao exame dos demais pressupostos extrínsecos e
intrínsecos do apelo recursal.
A seguir os fundamentos do acórdão regional:

“CONHECIMENTO
Recurso ordinário cabível e tempestivo (ID. c1634cd). Parte
regularmente representada (ID. 16aabc1). Parte dispensada do recolhimento
das custas (ID. 12d5dac - fls. 188/189).
Em que pese admitido pelo primeiro juízo de admissibilidade, deixa-se
de conhecer do recurso ordinário do sindicato, uma vez que a presente
demanda tramita pelo Procedimento Sumário (dissídio de alçada), tendo em
vista que o valor dado à causa não supera 2 salários mínimo (Súmula
71/TST), e as matérias objeto do recurso se limitam ao debate de âmbito
infraconstitucional ("Fornecimento de informações e dados dos contratos de
trabalho pela empresa ao sindicato" e "Benefício da justiça gratuita"), nos
termos do art. 2º, §§ 3º e 4º, da Lei 5584/70.
Na hipótese, não há discussão sobre a constitucionalidade, havendo
apenas questionamento acerca dos elementos fático-probatórios e
aplicação de dispositivos infraconstitucionais.
Esse é também o posicionamento do TST em caso análogo:
...
Logo, não se conhece do recurso ordinário”

O Tribunal Regional não conheceu do recurso ordinário do


Sindicato, consignando que o apelo “ tramita pelo Procedimento Sumário (dissídio de alçada),
tendo em vista que o valor dado à causa não supera 2 salários mínimo (Súmula 71/TST), e as matérias
objeto do recurso se limitam ao debate de âmbito infraconstitucional ("Fornecimento de informações e
dados dos contratos de trabalho pela empresa ao sindicato" e "Benefício da justiça gratuita"), nos
termos do art. 2º, §§ 3º e 4º, da Lei 5584/70 ”.
Pois bem, nos termos do art. 2º, § 4º, da Lei nº 5.584/70, não
cabe recurso para as ações de alçada, ou seja, aquelas cujo valor da causa não
ultrapassa dois salários mínimos na data do ajuizamento da ação, salvo se versar
sobre matéria constitucional.
Na hipótese, a pretensão trazida pelo Sindicato na inicial é de
que a empresa forneça informações de documentos privados produzidos e/ou
guardados pela empresa ré, ou seja, discussão nitidamente infraconstitucional.
Registre-se que, não obstante, o recorrente alegue que a
discussão dos autos envolva matéria constitucional (legitimidade de parte e Justiça
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Gratuita), extrai-se das razões do recurso ordinário que a legitimidade de parte sequer
foi trazida no apelo ordinário e quanto à Gratuidade de Justiça o Sindicato sequer
indica o dispositivo constitucional pertinente à discussão (artigo 5º, LXXIV, a CF).
Nesse contexto, ante os fundamentos expostos, NEGO
PROVIMENTO ao agravo de instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DELAÍDE MIRANDA ARANTES
Ministra Relatora

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