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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-RR-55-30.2019.5.12.0032

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A665C7350B7FA9.
ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMSPM/lcs/acnv

AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA –


INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. GARANTIA DE
EMPREGO. GESTANTE. NULIDADE DO PEDIDO
DE DEMISSÃO. AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA
SINDICAL. RESSALVA DE ENTENDIMENTO DO
RELATOR. Esta Corte Superior possui firme
entendimento no sentido de que o pedido de
demissão de empregada gestante tem sua
validade condicionada à assistência do
Sindicato correspondente ou da autoridade do
Ministério do Trabalho, conforme estabelecido
pelo artigo 500 da CLT. Dessa forma, não
merece reparos a decisão monocrática por
meio da qual foi conhecido e provido o recurso
de revista interposto pela reclamante para
reconhecer-lhe o direito à indenização
substitutiva da garantia de emprego. Agravo a
que se nega provimento, com ressalva de
entendimento do Relator.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Recurso


de Revista n° TST-Ag-RR-55-30.2019.5.12.0032, em que é Agravante ADISER COMÉRCIO
DE ALIMENTOS LTDA. e é Agravada DANIELA MULER AFONSO.

A reclamada interpõe agravo (fls. 241/247) contra a decisão


monocrática de fls. 236/239, mediante a qual foi conhecido e provido o recurso de
revista interposto pela reclamante para reconhecer-lhe o direito à garantia de emprego
(fls. 180/206).
Não houve apresentação de contraminuta.
É o relatório.

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VOTO

1 – CONHECIMENTO

Conheço do agravo por estarem presentes os pressupostos


legais de admissibilidade, entre os quais a representação processual (fls. 55) e a
tempestividade (ciência da decisão agravada em 11/4/2023 e interposição do agravo em
24/4/2023).

2 – MÉRITO

INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. GARANTIA DE EMPREGO.


GESTANTE. NULIDADE DO PEDIDO DE DEMISSÃO. AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA
SINDICAL

Mediante decisão monocrática (fls. 236/239), foi dado


provimento ao recurso de revista interposto pela reclamante, sob a seguinte
fundamentação:

“Como se verifica, o Regional reputou válido pedido de demissão da


reclamante, entendendo que a exigibilidade de assistência sindical não se
aplica ao caso em tela, uma vez que o disposto no artigo 500 da CLT ‘(...) se
destina, de forma indubitável, ao empregado ESTÁVEL e, não, ao detentor de
garantia provisória no emprego (...)’.
Consignou, ainda, que o intuito da instituição da garantia de emprego
visa inibir a ação do empregador ante a empregada gestante, não se
destinando aos casos em que a iniciativa da dispensa parte da própria
empregada.
No entanto, prevalece neste Tribunal o entendimento de que a
validade do pedido de demissão da empregada gestante está
condicionada à assistência do respectivo Sindicato ou da autoridade do
Ministério do Trabalho, nos termos do artigo 500 da CLT. A título de
ilustração, transcrevo julgados nesse sentido:
(...)
Dessa forma, como o pedido de demissão da reclamante não foi
efetuado com a assistência do sindicato profissional ou de autoridade
competente, conclui-se, forçosamente, por sua invalidade.
Pelo exposto, com fulcro no artigo 896, ‘c’, da CLT, conheço do presente
recurso de revista por violação do artigo 500 da CLT.
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No mérito, como consequência do conhecimento do apelo por violação


do referido preceito legal, dou-lhe provimento para condenar a reclamada ao
pagamento de indenização substitutiva correspondente às parcelas salariais a
que faria jus a reclamante no período compreendido entre a rescisão
contratual e cinco meses após o parto, a ser apurada em liquidação de
sentença.
Inverte-se o ônus de sucumbência, inclusive em relação aos honorários
advocatícios sucumbenciais, no percentual arbitrado na sentença.
Arbitra-se à condenação, provisoriamente, o valor de R$ 12.000,00 (doze
mil reais), imputando ao reclamado o pagamento de custas no valor de R$
240,00 (duzentos e quarenta reais).” (destaques acrescidos).

A reclamada impugna essa decisão. Sustenta que o pedido de


demissão se deu por vontade da reclamante. Assevera que a assistência sindical
prevista no artigo 500 da CLT não se estende à empregada gestante. Argumenta que o
afastamento da validade do pedido de demissão da empregada afronta o decidido no
Tema 497 do Ementário de Repercussão Geral.
Sem razão.
Conforme consignado na decisão monocrática, esta Corte
Superior firmou entendimento no sentido de que o pedido de demissão de empregada
gestante tem sua validade condicionada à assistência do Sindicato correspondente ou
da autoridade do Ministério do Trabalho, conforme estabelecido pelo artigo 500 da CLT.
Assim sendo, o requisito estabelecido no artigo 500 da CLT é considerado uma norma
de cumprimento obrigatório. Nesse sentido, transcrevem-se os seguintes julgados:

"RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 13.467/2017. GESTANTE.


ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO.
APRENDIZAGEM. PEDIDO DE DEMISSÃO. AUSÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO DO
SINDICATO. O entendimento desta Corte é de que o requisito previsto no
artigo 500 da CLT constitui norma cogente, encerrando um dever e não uma
faculdade. Assim, nos termos do disposto nos artigos 500 da CLT e 10, II, b, do
ADCT, não há como dispensar a assistência sindical, devido pelo prisma da
garantia de emprego à gestante. Precedentes da SbDI-1 e de todas as Turmas
deste Tribunal. Recurso de embargos conhecido e provido."
(TST-E-RR-130274-70.2015.5.13.0024, SbDI-I, Rel. Min. Augusto Cesar Leite de
Carvalho, DEJT de 07/06/2019)

“EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA - INTERPOSIÇÃO SOB A


REGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 - ESTABILIDADE PROVISÓRIA DE GESTANTE -
PEDIDO DE DEMISSÃO - TERMO DE RESCISÃO NÃO HOMOLOGADO PELO
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SINDICATO - INVALIDADE 1. Esta Corte firmou o entendimento de que o


pedido de demissão da empregada gestante, portadora de estabilidade
provisória (artigo 10, II, ‘b’, do ADCT e Súmula nº 244 do TST), por se tratar de
direito irrenunciável, independente da duração do pacto laboral, somente tem
validade se acompanhado de assistência sindical, ou , inexistindo, se
formulado perante autoridade competente , nos termos do artigo 500 da CLT.
2. Estando o acórdão embargado em sintonia com a jurisprudência deste
tribunal, inviável o conhecimento dos Embargos. Embargos não conhecidos."
(TST-E-ED-RR-22-25.2016.5.09.0001, SbDI-I, Rel.ª Min.ª Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, DEJT de 26/10/2018)

"I - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE. (...)


ESTABILIDADE GESTANTE. PEDIDO DE DEMISSÃO. AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA
SINDICAL. INVALIDADE. ARTIGO 500 DA CLT. PROVIMENTO. Segundo as
disposições do artigo 10, II, ‘b’, do ADCT, é vedada a dispensa arbitrária ou
sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto. Na hipótese de pedido de demissão da empregada
gestante, esta Corte consolidou entendimento de que a validade do ato está
condicionada à assistência sindical, nos termos do artigo 500 da CLT.
Precedentes. No caso, a Corte Regional afastou a pretensão de
reconhecimento da estabilidade prevista no artigo 10, II, ‘b’, do ADCT, com
base no fato de que não houve dispensa arbitrária ou sem justa causa, mas
sim pedido de demissão pela reclamante, sem demonstração de vício de
consentimento, firmando entendimento de que não há necessidade de
assistência sindical em razão do período contratual ser inferior a um ano,
divergindo do entendimento jurisprudencial desta Corte. Recurso de revista
de que se conhece e a que se dá provimento. (...)”
(TST-RRAg-11117-66.2019.5.15.0070, 8ª Turma, Rel. Min. Guilherme Augusto
Caputo Bastos, DEJT de 19/12/2022 – destaques acrescidos).

Em relação à alegação de contrariedade à tese jurídica de


repercussão geral relativa ao Tema nº 497, deve-se observar que o Supremo Tribunal
Federal, ao julgar o processo paradigma (RE-629.053/SP), não analisou, de modo
específico, a questão ora debatida. Na ocasião, discutiu-se, apenas e tão somente, se, à
luz do artigo 10, II, “b”, do ADCT, “(...) o desconhecimento da gravidez da empregada pelo
empregador afasta, ou não, o direito ao pagamento da indenização decorrente da
estabilidade provisória” (vide “Descrição” do Tema, disponibilizada no site do STF). Não se
examinou, direta e objetivamente, se a empregada demissionária, quando padeça de
algum vício o pedido de demissão, tem, ou não, direito à garantia de emprego ou à
indenização substitutiva. Logo, não se divisa a contrariedade alegada pela reclamada.

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Dessa forma, com ressalva de entendimento deste Relator,


mostra-se correta a decisão monocrática por meio da qual foi conhecido e provido o
recurso de revista interposto pela reclamante para reconhecer-lhe o direito à
indenização substitutiva da garantia de emprego.
Diante do exposto, nego provimento ao presente apelo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


SERGIO PINTO MARTINS
Ministro Relator

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