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Centro Universitário do Distrito Federal – UDF

ANDRÉ RICARDO PEREIRA DE ALENCAR

Brasília
2019

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SUMÁRIO

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1) INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

Alguns trabalhadores em situações especiais só poderão ser despedidos

se praticarem falta grave, devidamente apurada nos autos de ação de inquérito

judicial. Tais trabalhadores são:

• dirigentes sindicais;

• representantes dos trabalhadores no Conselho Curador do FGTS;

• dirigentes de Cooperativa de Empregados;

• representantes dos trabalhadores no Conselho Nacional de Previdência


Social;

• representantes dos trabalhadores nas Comissões de Conciliação Prévia.

Vale ressaltar que, não há ação de inquérito judicial para apuração de falta
grave para empregado acidentado, empregada gestante, empregado membro eleito de
CIPA, ou qualquer outro empregado destinatário da garantia provisória no emprego,
por isso o empregador não necessita de tal apuração para extinguir o contrato.

É o que vemos, por exemplo, no julgado do TRT da 10ª região:

INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE. ESTABILIDADE


ACIDENÁRIA. Nos termos da lei, o empregador pode dispensar o
empregado beneficiário da garantida de emprego por acidente de
trabalho sem a figura do inquérito judicial, na hipótese de justa causa.
Desta forma, acompanhando o voto vista, impõe-se o reconhecimento
da ausência de interesse da demandante da presente demanda,
extinguindo- se o processo de ofício, nos termos do disposto no art.
267, VI, do CPC. O presente voto, ou parte dele, é fruto de minuta
aprovada pela Exma. Juíza Relatora originária e, em razão da
Resolução Administrativa n. 06/2008-{1087), publicada no DJU de
14.03.2008, p. 955, referendada pelo atual Relator (TRT 10-ª R,
ROPS 00405-2007-821-10-00-4, 2ª T., Rei. Des. José Leone Cordeiro
Leite, DO 18-?-2008).

Como também no julgado do TST de um agravo de instrumento:

INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE -


INTERESSE DE AGIR- EMPREGADA GESTANTE. 1. Consoante o
disposto no art. 853 da CLT, reputado violado pelo Agravante, para a
instauração do inquérito para apuração de falta grave contra
empregado garantido com estabilidade, o empregador apresentará
reclamação por escrito à Vara do Trabalho ou Juízo de Direito, dentro
de 30 dias, contados da data da suspensão do empregado. 2. No
caso, o Regional manteve a sentença que extinguiu o feito sem a
resolução de mérito, salientando que figura-se desnecessário o
ajuizamento de inquérito judicial para a apuração de falta grave de
empregada gestante, ou seja, portadora de garantia provisória de
emprego. 3. O entendimento adotado pelo Regional não viola o art.
853 da CLT invocado no recurso de revista reiterado no agravo de

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instrumento, o qual trata do procedimento a ser observado no
inquérito a que se refere o art. 494 da CLT, que, por sua vez dispõe
apenas sobre a estabilidade decenal. Mesmo se considerarmos que é
necessário o ajuizamento de inquérito para a apuração de falta grave
cometida por outros empregados estáveis, não há como estender
essa exigência para a empregada gestante que apenas detém
garantia provisória de emprego. Tampouco resta violado o art. 49, I,
do CPC, uma vez que o Colegiado de origem interpretou de forma
razoável a norma contida nesse dispositivo, incidindo o óbice da
Súmula 221, II, do TST. 4. No que tange à violação do art. 52, XXXV,
da CF, o apelo não merece prosperar, na medida em que a ofensa ao
referido dispositivo é, em regra, reflexa, não atendendo, portanto, a
exigência contida no art. 896, c, da CLT. Agravo de instrumento
desprovido (TST-AIRR ·1577/2005-001-15-40, 7ª T., Rei. Min. Ives
Gandra Martins Filho, DJ13-6-2008).

O inquérito judicial para apuração de falta grave é uma ação proposta pelo
empregador contra o empregado estável para rescindir o contrato de trabalho (art. 853
da CLT). Nela não se admite reclamação verbal, devendo a ação ser apresentada por
escrito (art. 853 da CLT).
O número de testemunhas que podem ser ouvidas é de até seis para cada
uma das partes (art. 821 da CLT). As custas deverão ser pagas pelo vencido após o
trânsito em julgado ou dentro do prazo de oito dias para interpor recurso (serão
calculadas à razão de 2% sobre o valor do pedido).
O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas
funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito em que se
verifique a procedência da acusação. Suspenso o empregado, esta situação perdurará
até a decisão final do processo.
Se o empregado cometeu outras faltas e o empregador só tomou
conhecimento após a instauração do inquérito, terá que haver propositura de novo
inquérito, pois não é possível o aditamento da petição. Caso tenha suspendido o
empregado, prazo para propor o inquérito é de 30 dias (esse prazo é decadencial -
Súmula nº 403 do STF) a contar da data da suspensão do obreiro. Caso contrário,
obreiro pode requerer a reintegração no emprego lembrando que não é requisito legal
suspender o empregado: o empregador poderá fazê-lo ou não.
Haverá conexão se, proposta a destempo ou se o obreiro ajuizar antes
uma reclamação, o que deverá ser julgado pela mesma Vara.
Caso o trabalhador não seja suspenso nos 30 dias, o inquérito deverá ser apurado o
quanto antes, senão configurará perdão tácito da empresa, presumindo-se que a falta
praticada não foi de grande importância.
Na audiência, deverão estar presentes o empregador e o empregado.
Caso o empregador não compareça, o inquérito é arquivado. Porém se o empregado
não for à audiência, será considerado revel e confesso quanto à matéria de fato.
Presente o empregado, é feita a primeira tentativa de conciliação.

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O empregado poderá apresentar sua defesa tanto por oralmente (em 20
minutos) como por escrito. Após a contestação, cada uma das partes pode ouvir até
seis testemunhas. Terminada a instrução, as partes terão 10 minutos para apresentam
suas razões finais. O juiz renova a proposta de conciliação e, não havendo acordo, é
proferida a sentença.
Se na sentença a pretensão da empresa for acolhida, haverá uma decisão
constitutiva, extinguindo-se o contrato de trabalho a partir da data da propositura do
inquérito, entendendo-se que o restante do período trabalhado pelo empregado
corresponde a um novo contrato de trabalho. Assim, se o empregado fosse suspenso
no dia 1/1 e a ação fosse proposta em 28/l, seria devidos os salários dos 28 dias.
Caso a falta grave não seja provada e o obreiro não tenha sido suspenso,
terá normal prosseguimento em seu contrato de trabalho. Havendo a suspensão, o
empregado deverá ser reintegrado no serviço, sendo devidos os salários do período
de suspensão juntamente com o cômputo do tempo de serviço e vantagens da
categoria profissional.

Se o empregador impedir a reintegração, será passível de multa (poderá


ser aplicada de ofício, pois se trata de preceito de ordem pública) de 3/5 a 3 valores-
de-referência por dia, até que seja cumprida a decisão sem prejuízo do pagamento
dos salários devidos ao obreiro. Não pagos os salários, esses poderão ser objeto de
execução nos próprios autos.

Quando o magistrado perceber a incompatibilidade da reintegração ou


quando o empregador for pessoa física, a conversão da reintegração em pagamento
de indenização poderá ser determinada. Nesse caso, será executada no mesmo
processo, não necessitando de nova ação.

Os valores devidos serão da primeira decisão que determinou a conversão


(Súmula 28 do TST). Não havendo força maior, o empregado que não era optante do
FGTS terá direito a indenização em dobro, mais o 13º salário e as férias do período.

2) ACÃO DE CONSIGNACÃO EM PAGAMENTO

A ação de consignação em pagamento é proposta pelo devedor


(consignante) quando, por exemplo, o credor (consignatário) não quer receber, e para
extinguir a obrigação, o devedor entra com esta ação com o intuito de entregar
determinada quantia ou coisa. Tal ação exonera o devedor da mora no pagamento de
determinadas verbas e dos juros respectivos.

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A natureza da ação de consignação em pagamento pode ter natureza
constitutiva (quando analisar a extinção da obrigação com o pagamento), declaratória
(quando declarar se a recusa é justa ou injusta por parte do credor em receber ou
quando declarar se a prestação ou objeto consignado é devido ou não ou se o
depósito observou as regras previstas em lei). Quando determinar o pagamento das
diferenças devidas terá natureza condenatória.

São pressupostos da consignação em pagamento: a dívida deve ser


líquida e certa, a mora do devedor e o risco do pagamento se tornar ineficaz. Será
possível o empregado ajuizar ação de consignação em pagamento contra o
empregador, caso tenha recebido valores superiores aos devidos ou quantias em
nome do empregador, justamente para não ser acusado de falta grave de
improbidade. As hipóteses mais frequentes de consignação em pagamento são:
quando há dúvida sobre quem pode receber as verbas devidas ao empregado
falecido; o empregado é dispensado sem justa causa e não quer receber as verbas
rescisórias ou dar quitação; o trabalhador deixa de comparecer ao local de trabalho
para receber seus salários; o obreiro tornou-se incapaz, foi declarado ausente ou
mudou-se para local incerto ou não sabido; pende litígio entre o empregado e seu
credor por alimentos.

Há também a possibilidade de consignação em pagamento de coisas.


Porém não é possível na via extrajudicial, pois diz respeito à quantia certa. Tratando-
se de obrigação em dinheiro, o devedor poderá optar pelo depósito em conta com
correção monetária de banco oficial, dando ciência ao credor por carta com aviso de
recepção, que deverá ser assinada, no prazo de dez dias, para manifestar a recusa.
Essa ciência é obrigação do devedor e não do banco. Se, passado os dez dias, não
houver manifestação de recusa, o valor ficará à disposição do credor e o devedor
estará livre da obrigação. Ocorrendo a manifestação por escrito no banco da recusa, o
devedor terá um mês para propor a ação de consignação, caso contrário ficará sem
efeito o depósito. O devedor, porém, poderá levantar esse depósito.

A via extrajudicial não precisa de advogado. Porém, quando houver dúvida


sobre quem é o legítimo credor, não é possível essa via mais célere. A consignação
extrajudicial não é obrigatória, não configura uma primeira etapa da consignação em
pagamento, ficando facultado ao devedor ingressar ou não.

Importante salientar, juiz de primeiro grau é competente para analisar a


postulação. A competência para a ação de consignação em pagamento é o último
local da prestação de serviços do empregado e não. Nas demais hipóteses, a
competência é regulada nos parágrafos do art. 651 da CLT.

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Na petição inicial, autor irá requer o depósito da quantia ou da coisa
devida, que deverá ser efetivado em cinco dias após o deferimento, ressalvada a
hipótese em que o depósito já tenha sido feito. A citação, que é automática e feita pela
secretaria da Vara, será para que o réu levante o depósito ou oferecer defesa.

Existindo dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o


autor fará requerimento do depósito e citação dos possíveis titulares do crédito para
provarem seu direito. O valor da causa será o valor da dívida, ou o valor de mercado
da coisa. Caso haja prestações vincendas, se inferior a um ano, será a soma das
prestações. Se superior a um ano ou prestação por prazo indeterminado, o valor
corresponderá a uma prestação anual.

Antes de apresentada a contestação, será feita proposta de conciliação. A


contestação deverá ser apresentada oralmente, em vinte minutos, ou por escrito,
sempre em audiência, não sendo possível em Cartório. A ausência do autor à
audiência importará o arquivamento da ação e o depósito ao devedor será liberado.
Contestada, a ação prosseguirá pelo rito ordinário ou sumaríssimo, a depender do
valor.

Se ausente o réu, será revel e haverá confissão. Se presente, poderá


alegar que a recusa foi justa, que não houve recusa ou mora para o recebimento, que
o depósito foi fora do prazo ou não foi integral (deverá indicar o montante devido, sob
pena de preclusão). Quanto ao pagamento não integral, o credor poderá levantar a
quantia e ter o restante devido como título executivo.

Caso compareçam vários pretendentes, o juiz declarará efetuado o


depósito e extinta a obrigação, estabelecendo concurso de credores. Comparecendo
um o depósito será julgado subsistente se o credor concordar. Não comparecendo
nenhum pretendente, o depósito será convertido em arrecadação de bens de ausentes
(art. 548 do CPC).

Quando a ação é contestada, torna-se uma reclamação comum, podendo


ser feito o pedido de reconvenção, que para ser admitido deverá, em peça autônoma,
ser conexa (mesmo objeto e causa de pedir) com a consignação em pagamento ou
com o fundamento da defesa.

Quando o credor (empregado) receber e der quitação, o juiz extinguirá o


processo, com resolução de mérito. A não ser que goze de isenção ou esta for
deferida de ofício pelo juiz, o empregado pagará as custas.

Para que não haja dúvida a respeito do que está sendo pago, o juiz
estabelecerá na sentença as verbas que estão sendo quitadas. A motivação da

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sentença não faz coisa julgada em relação aos motivos que indicaram a existência de
justa causa do empregado e o não recebimento das verbas rescisórias. Caberá
recurso ordinário, no prazo de oito dias da prolação da sentença.

A Competência para ação de consignação em pagamento é territorial, o


que em regra não é absoluta, logo pode ser modificada. É importante ressaltar que,
por força da EC n. 45/2004, a competência da Justiça do Trabalho foi ampliada para
processar e julgar as ações oriundas não apenas da relação de emprego, mas de
relação de trabalho. Assim, abarca também ações sobre conflitos intersindicais acerca
de contribuição sindical. Nesse sentido:

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. CONTRIBUIÇÃO


SINDICAL. DÚVIDA SOBRE QUEM DEVERÁ RECEBER.
COMPARECIMENTO DE MAIS DE UM PRETENDENTE.
PROCEDIMENTO DE DUAS FASES. DECISÃO NA PRIMEIRA FASE
PROFERIDA POR JUIZ E TRIBUNAL DO DISTRITO FEDERAL
ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA EMENDA CONSTITUCIONAL
N. 45/2004. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL 1. Compete à
Justiça do Trabalho, de acordo com o art. 114, III, da CF/88, com a
redação dada pela EC n. 45/2004, processar e julgar ação de
consignação em pagamento de contribuição sindical que tenha, de
um lado, uma sociedade empregadora e, de outro, entidades
sindicais. Aplicação, por analogia, do entendimento desta Corte de
que a nova competência, inaugurada pela EC n. 45/2004, abrange as
demandas visando à cobrança da contribuição sindical. 2. No que se
refere às questões de direito intertemporal, decidiu-se que a nova
regra de competência alcança os processos em curso ainda não
sentenciados ria data da entrada em vigor da EC45/04. Nesse
sentido: CC 55749/SP, lª·S., Min. Castro Meira, DJ de 03.04.2006;
CC 57915/MS, 1ª S., Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 27.03.2006;
AgRg nos EDd no CC 50610/BA, 2ª S., Min. Castro Filho, DJ de
03.04.2006; AgRgno CC 52517/SP, 2.i S., Min. Barros Monteiro, DJ
de 19.12.2005. 3. Tratando-se de consignatória fundada em dúvida,
sobre quem deva legitimamente receber e que tem mais de um
pretendente para o recebimento da quantia depositada, seu
procedimento é cindido em duas fases subsequentes: na primeira, o
juiz analisa a adequação, suficiência e pertinência do depósito e, se
for o caso, extingue a obrigação do autor, e na segunda, decide o
destino a ser dado à quantia depositada. (Art. 898 do CPC). No caso,
tendo o juízo de direito do Distrito Federal proferido decisão na
primeira fase, que foi objeto de recurso de apelação já julgado pelo
respectivo Tribunal de Justiça, antes da vigência da EC n. 45/2004,
firma-se a competência desse Juízo para o prosseguimento da
demanda, na sua segunda fase, com o que fica preservada a unidade
do sistema recursal na causa. 4. Conflito conhecido, declarando-se a
competência do Juízo de Direito da 6ª Vara Cível de Brasília- DF, o
suscitado (STJ-CC 86542/DF (2007/0121902-0), li-Seção do STJ,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 15-10-2007)

3) MANDADO DE SEGURANÇA

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É o remédio constitucional para a proteção de direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, em decorrência de lesão ou ameaça de
lesão a direito, por ato de autoridade praticado com abuso de poder. É uma tutela de
natureza urgente. Antecipa na liminar o mérito da pretensão. A lei aplicável ao
mandado de segurança é a Lei nº 12.016/09. É preciso fazer adaptações para o
processo do trabalho, pois a referida lei foi feita para o processo civil.

Direito líquido e certo é o que não suscita dúvida. Considera-se líquida a


obrigação certa, quanto à sua existência e determinada, quanto ao seu objeto. Dá-se
o abuso de poder quando a autoridade excede os limites previstos das suas
atribuições ou da lei e prática determinado ato.

Autoridade coatora no processo do trabalho será o juiz do trabalho ou o


juiz de Direito, o Delegado Regional do Trabalho, Ministério Público do Trabalho ou
outro funcionário da Justiça do Trabalho que tenha violado direito líquido e certo de
outrem. A União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias e fundações
públicas que exploram atividade econômica não são autoridades coatoras, mas
empregadores públicos. Nesse caso cabe a ação trabalhista comum.

A competência originária do mandado de segurança é do TRT. Nos


tribunais que não houver Grupo de Turmas ou Seção Especializada, a competência
será do Pleno. Tais órgãos são competentes para examinar atos do Presidente do
Tribunal. Ao TST não compete apreciar, originariamente, mandado de segurança
impetrado contra a decisão do TRT (OJ Nº 4 do Tribunal Pleno do TST).

Em primeiro caberá contra ato da fiscalização do trabalho ao impor multa


administrativa contra o empregador. Os mandados de segurança preventivos também
serão propostos na Justiça do Trabalho.

A Súmula 267 do STF estabelece que "não cabe mandado de segurança


contra ato judicial passível de recurso ou correição". O TST tem o mesmo
entendimento. Porém, no caso de tutela antecipatória (ou liminar) concedida antes da
sentença, caberá mandado de segurança, em razão da inexistência de recurso
próprio. Não caberá também para impugnar despacho que acolheu ou indeferiu liminar
outro mandado de segurança.

O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por organização


sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída (desde que tenha 01
ano de funcionamento em defesa de direitos líquidos e certos de seus associados),
por Partido Político (desde que tenha representação no Congresso Nacional), por
Entidade de Classe em favor dos associados (independe se associados autorizam ou

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não), ainda que pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva
categoria.

O Mandado de Segurança poderá ser impetrado por pessoas físicas ou


jurídicas, desde que atendido os requisitos do art. 319 CPC. O valor da causa deve
corresponder à pretensão econômica da parte.

O juiz relator, ao despachar a inicial em até 24hs após a distribuição,


ordenará que seja notificada a autoridade coatora do conteúdo da petição,
entregando-lhe a segunda via apresentada pelo impetrante, com as cópias dos
documentos. Esta, não será citada e nem apresentará defesa, pois não é parte no
processo, mas apenas terá que prestar as informações.

A medida liminar poderá ser pedida na inicial, desde que o fundamento for
relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida. Será decretada a
perempção da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público
quando, concedida a medida, o impetrante deixar de promover, por mais de três dias
úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem ou criar obstáculo ao normal
andamento do processo.

O Presidente do Tribunal, a requerimento da pessoa jurídica de direito


público interessada pode suspender a execução de liminar e de sentença por meio de
despacho (caberá agravo regimental) a fim de evitar grave lesão à ordem, à segurança
e à economia públicas.

Importante ressaltar que o deferimento ou indeferimento de liminar em


mandado de segurança não comporta novo mandado de segurança, bem como da
decisão que concede ou nega liminar não cabe agravo regimental, pois é decisão
interlocutória e dela, no processo do trabalho, não cabe recurso. Não cabe também
agravo de instrumento, pois este, no processo do trabalho, tem a finalidade apenas de
destrancar recursos os quais o juiz negou seguimento.

Do despacho que indeferir a inicial caberá recurso ordinário (ainda que nos
regimentos internos dos Tribunais diga que do indeferimento caberá o agravo
regimental para o pleno). O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado se
o processo for extinto sem julgamento de mérito.

Caso o documento necessário à prova se ache em repartição pública ou


em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo, o juiz ordenará, preliminarmente,
por ofício, a exibição desse documento (original ou cópia autêntica) e marcará, no
prazo de 10 dias, o cumprimento da ordem.

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O prazo para ajuizamento do mandado de segurança é de 120 dias,
contados da ciência do ato ilegal praticado pela autoridade coatora. Esse prazo é
decadencial, não se interrompe e nem suspende, desde que iniciado. Segundo STF,
quando mandado de segurança é protocolado a tempo em órgão incompetente, não
ocorre a decadência.

No mandado de segurança preventivo, não há prazo para a sua


impetração, pois o ato coator ainda não foi realizado. Eventual pedido de
reconsideração não irá interromper o prazo para a impetração da segurança, mesmo
na via administrativa.

Para litisconsórcio são aplicadas as regras dos art. 113 a 118 do CPC. No
do litisconsorte ativo só será possível antes da distribuição do mandado de segurança,
caso contrário a parte poderá escolher o juiz para processar e julgar o feito. No
litisconsorte passivo deve ser regularmente intimado, sob pena de extinção.

No caso de litisconsorte simples, onde aquele a quem afeta a concessão


da segurança, podendo ser reclamada ou o reclamante, deve ser convocado,
independente de requerimento, para integrar a relação jurídica. Não cabe condenação
em honorários de advogado na ação de mandado de segurança (art. 25 da Lei nº
12.016/09, Súmula 105 do STJ e Súmula 512 do STF). No processo do trabalho, os
honorários só seriam devidos nos casos das Súmulas 219 e 329 do TST.

Findo o prazo de dez dias para a autoridade coatora apresentar suas


informações, será ouvido o Ministério Público em oito dias. O ato de ouvir o Ministério
Público é indispensável, sob pena de nulidade, pois aqui, o Ministério Público não irá
representar a autoridade pública, mas será o fiscal da lei.

Os autos, após o parecer do MP, serão conclusos ao juiz ou relator, para a


decisão, em cinco dias, independente se as informações da autoridade coatora
tenham sido prestadas.

Os processos de mandado de segurança e seus recursos têm prioridade


de julgamento, salvo o habeas corpus, e será julgado pelo Tribunal Pleno (8 juízes) ou
pela Seção de Dissídios Individuais (10 juízes). Vale lembrar que O STF entende que
falecendo o impetrante o processo deve ser extinto sem resolução do mérito. Já
desistência do impetrante é possível.

A sentença que conceder o pedido do mandado de segurança deverá ser


transmitida, em seu inteiro teor, à autoridade coatora por telegrama, radiograma ou
telefonema. Tal decisão poderá ser executada provisoriamente, salvo nos casos em

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que for vedada a concessão de liminar e estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau
de jurisdição (nas sentenças de primeiro grau).

No mandado de segurança coletivo a sentença fará coisa julgada


limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante, pois
aqui o autor é o sindicato, não os empregados. O mandado de segurança coletivo não
induz litispendência para as ações individuais, e os efeitos da coisa julgada não
beneficiarão o impetrante individual (caso este não requerer a desistência no prazo de
30 dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva). Quanto
a liminar, esta só poderá ser concedida após a audiência (72hs) do representante
judicial da pessoa jurídica de direito público.

Para sentença que julga mandado de segurança será cabível o recurso


ordinário, no prazo de oito dias. Para as contrarrazões, será o mesmo prazo. Também
não há condenação em valor, por isso não haverá depósito recursal. Entretanto, no
caso de o mandado de segurança ser decidido em instância única pelos tribunais
superiores, o STF terá competência para julgar o recurso ordinário, o prazo será de
15dias.

4) AÇÃO CAUTELAR
4.1. Conceito e Natureza jurídica:

Ação cautelar é o procedimento que visa, prevenir, conservar e


defender contra a gravidade de um fato, isto é, é a garantia de um direito ao
autor o qual ingressou com uma ação, ainda conceituando, Renato Saraiva
tenta aclarar mais ainda o temo: “Entretanto, o processo cautelar se distingue
nitidamente dos processos de conhecimento e execução, uma vez que apenas
objetiva permitir futura realização do direito substancial, garantido a efetividade
de outro processo”, e ainda “O principal objetivo do processo cautelar, portanto,
é a obtenção de uma medida urgência (medida liminar) que possa tutelar a
situação jurídica do conflito, garantindo-se a efetividade do processo principal,
evitando-se os prejuízos em função da demora em obter a solução final da lide,
ou ainda em função de atos praticados pela parte adversa”.

Em outras palavras é a finalidade garantir a efetividade do processo


de conhecimento ou de execução, sem que haja a satisfação da ação, ou seja,
o julgamento final do pedido objeto da ação. Assim, não restam dúvidas que o

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processo cautelar não tutela diretamente o direito, mas defende, e garante, o
devido processo principal.

4.2. Classificação.

A doutrina de forma majoritária dividiu a classificação em dois ramos


e desta forma, há de concordarmos com a doutrina predominante em classificar
as ações cautelares em duas espécies

Nominadas, Típicas ou Específicas – são aquelas que estão previstas no


Capítulo II do Livro III no Código de Processo Civil, essas medidas cautelares
possuem procedimentos específicos de busca e apreensão, sequestro e
arresto, etc.;

Inominadas, Atípicas ou Inespecíficas – são as demais ações que podem


ser ajuizadas com base nos arts. 796 a 812 do Código de Processo Civil, em
regra, são aquelas que visam o poder geral da cautela, trataremos acerca
deste item mais profundamente, pois se trata do objeto de nosso estudo. Ainda
existem classificações para as medidas cautelares, que podem ser: medidas
preparatórias e incidentais.

4.3. Ações cautelares e o processo do trabalho.

O direito do trabalho não faz referência às ações cautelares, apenas


as medidas liminares conforme art. 659, IX e X, via de regra, visa proteger a
tutela do empregado quando este é transferido indevidamente ou para
reintegrar dirigente sindical dispensado, afastado ou suspenso de suas funções
pelo empregador. Mas a doutrina e a jurisprudência salientam que o uso de
ações cautelares é totalmente cabível, pois existe omissão sobre a matéria no
ordenamento jurídico, assim, buscando a aplicação subsidiária ao Código de
Processo Civil, passaram a admitir a prática de ações cautelares inominadas
no bojo do processo do trabalho. Assim, os defensores desta tese têm se
pautado na segurança jurídica do processo, evitando danos irreparáveis as
partes, uma vez que, a medida cautelar tomada por ação judicial, tem como
único escopo proteger um ou mais direitos do jurisdicionado, evitando que sofra
ameaças de violação. Portanto, para ser possível demandar uma ação cautelar
deverão sempre ser preenchidas as condições da ação, ou seja, a legitimidade

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das partes, possibilidade jurídica do pedido e o interesse de agir, mas existe
ainda o relevante aspecto processual que são os requisitos necessários para a
ação cautelar, como o “fumus boni juris” e o “periculum in mora”.

4.4. Requisitos:

4.4.1. “Fumus boni juris”.

 A palavra fumus boni juris é derivada do latim é tem por tradução a


fumaça do bom direito, nós nos confortamos com o entendimento de aparência
do bom direito.

Para a concessão da medida cautelar é necessário que seja notória


essa aparência do bom direito, neste requisito processual não há em que se
falar no mérito da ação, havendo sempre que se aludir à presença da tutela do
jurisdicionado e o risco iminente que sofre pela ação ou omissão da parte
contrária, nesta medida judicial sempre se buscará a proteção da tutela uma
vez que a ameaçada e o risco da demora estão presentes no mesmo caso
concreto.

Assim, buscarmos auxílio nos ensinamentos do Ilustre Doutrinador


Marcus Vinicius Rios Gonçalves (Novo Curso de Direito Processual Civil) vol. 3,
pag. 270, o entendimento acerca da matéria, pois menciona que: “O exame do
fumus boni juris não exige uma avaliação aprofundada dos fatos, nem da
relação jurídica discutida. A concessão da tutela cautelar não pode constituir
um prognóstico do que irá ocorrer no processo principal. É possível que o juiz
conceda, ainda que esteja pouco convencido de que o requerente possa sair
vitorioso no processo principal, quando verificar que o não-deferimento
inviabilizará a efetivação do direito, caso, apesar de tudo, ele venha a ser
reconhecido”.

4.4.2. “Periculum in mora”.

Outro requisito processual para as ações cautelares é o periculum in


mora, originário do latim, tem por tradução o perigo da demora ou como define
a doutrina perigo do dano, neste bojo nos ensina o Ilustre Doutrinador
Humberto Theodoro Júnior (Curso de Direito Processual Civil) 41ª ed. Pag.
550, “O perigo do dano refere-se, portanto, ao interesse processual em obter

14
uma justa composição de litígios, seja em favor de uma ou de outra parte, o
que não poderá ser alcançado caso se concretize o dano temido” contudo, há
de comprovar o autor da demanda cautelar que poderá ser sancionado com
danos irreparáveis ou de difícil reparação caso haja demora na solução da lide,
por isto se faz necessário a decisão liminar em medida cautela.

4.5. Conclusão.

Pedimos vênia para aqui defendemos a tese que sempre deverá


haver meio processual cabível para corrigir erros cometidos por julgadores, ato
processual esse que poderá ser efetuado através de recursos quando
possibilitados ou através de ações cautelares, ou seja, meio preparatório que
visa à garantia de evitar danos irreparáveis ou de difícil reparação ao
jurisdicionado.

Neste sentido, seria uma forma de segurança jurídica a mais no


processo trabalhista, ainda com a permissiva vênia deixamos de concordar
com aqueles que são adeptos a celeridade processual e também se norteiam
pelo princípio da irrecorribilidade imediata de decisões interlocutórias, pois tais
princípios deixam lacunas das decisões prolatadas de cunho interlocutório ou
de cunho resolutivo.

A celeridade processual é um dos princípios norteadores da


processualística trabalhista, porém ressalvamos mais uma vez que, a
celeridade processual para o julgamento de uma lide pode se resultar efeitos
sucessivos ou acelerar os efeitos desastrosos por decisões errôneas e
imprecisas, assim, acreditamos que nem sempre se é viável uma justiça célere,
pois o lapso temporal pode se tornar um grande aliado da justiça, comprovando
os verdadeiros fatos, em tudo, há que se haver um bom senso jurídico quanto à
duração do julgamento de uma lide, casos complexos necessitam de tempo
para um julgamento mais plausível e justo.

De outro lado, para se contra argumentar o princípio da


irrecobilidade imediata de decisões interlocutórias no processo do trabalho, há
que se socorrer do instrumento de ações cautelares, como já vimos em outros
estudos, à liquidação de sentença que apura o quantum poderá conter vícios
ou erros e para a sua revisão o único meio cabível é a impugnação da

15
sentença de liquidação, acaso se o juiz prolator da decisão mantiver a
sentença de liquidação esta poderá ser possível de revisão por órgão
hierarquicamente superior, somente na fase executória e com o devido
depósito recursal, expondo o Recorrente à eira do risco pela demora e as
margens da grave lesão financeira sofrida.

Por derradeiro, nos incumbi ainda ressaltar quanto os efeitos


suspensivos dos recursos na seara laboral, pois, via de regra os recursos no
processo do trabalho são recebidos somente em efeitos devolutivos, não sendo
cabível os efeitos suspensivos, portanto, entendemos que a ação cautelar é o
meio jurídico possível de suspender os efeitos de recursos no processo do
trabalho, quando completados os requisitos necessários, evitando assim
minimizar os danos.

5) AÇÃO RESCISÓRIA
5.1. Conceito e Natureza jurídica:
A ação rescisória é uma ação autônoma que visa desconstituir ou
anular a coisa julgada por motivo da existência de vícios. A ação rescisória não
se trata de recurso, ela é uma ação especial, podendo ser proposta a partir do
segundo grau. Essa ação tem natureza declaratória e constitutiva.
A ação rescisória tem como objeto a correção de sentença ou
acórdão que ofenda a ordem jurídica, porém não visa corrigir injustiças.

5.2. Competência:
A ação rescisória é uma ação de competência originária de tribunal,
ou seja, tem início nos tribunais. O Tribunal de segundo grau tem competência
para julgar a ação quando o trânsito se dar nele. Ocorrendo o trânsito no STJ a
competência será do próprio órgão, do mesmo modo ocorre no STF.

5.3. Legitimidade:
É parte legitima para propor a ação aquele que foi parte no
processo ou seu sucessor. Havendo interesse jurídico o terceiro interessado
também poderá propor a ação como sucessor.
O Ministério Público poderá ajuizar ação rescisória nos casos em
que não tiver sido ouvido em processo no qual era obrigatória a sua

16
intervenção e em casos em que as partes tentem fraudar a lei. Os sindicatos
podem figurar como réu na ação rescisória.

5.4. Hipóteses:
As hipóteses de ajuizamento de ação rescisória estão previstas no
art. 966 do Código de Processo Civil e trata-se de um rol taxativo.
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode
ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação,
concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo
absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em
detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou
colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada
em processo criminal ou venha a ser demonstrada na
própria ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado,
prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde
fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar
pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos
autos.
5.5. Processamento:
Objetivando a preservação da segurança jurídica da coisa julgada o
ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou
acórdão rescindendo, salvo havendo concessão de tutela provisória.

5.6. Petição Inicial:


A inicial da ação rescisória deve respeitar os requisitos do art. 319
do Código de processo civil, podendo ser indeferida. É necessário que a
petição contenha a autoridade a quem é dirigida, qualificação das partes, causa
de pedir, pedido e valor da causa.

17
É indispensável que seja indicado expressamente o dispositivo legal
violado, por tratar-se de causa de pedir da ação, assim não se aplica o
princípio iura novit curia, conforme dispõe a súmula 408 do TST:
Doc. LEGJUR  103.3262.5029.5100
1 - Súmula 408/TST - 22/08/2005. Ação rescisória. Petição
inicial. Causa de pedir. Ausência de capitulação ou
capitulação errônea no art. 485 do CPC.  Princípio iura
novit curia.  CPC/1973, art. 295.  CLT, art. 836. CPC/2015,
art. 966.  CPC/1973, art. 485, V.
«Não padece de inépcia a petição inicial de ação rescisória
apenas porque omite a subsunção do fundamento de
rescindibilidade no art. 966 do  CPC/2015  (CPC/1973, art.
485  -  CPC  de 1973) ou o capitula erroneamente em um de
seus incisos. Contanto que não se afaste dos fatos e
fundamentos invocados como causa de pedir, ao Tribunal é
lícito emprestar-lhes a adequada qualificação jurídica (iura
novit curia). No entanto, fundando-se a ação rescisória no art.
966, V, do CPC/2015  (CPC/1973, art. 485, V - CPC  de 1973),
é indispensável expressa indicação, na petição inicial da ação
rescisória, da norma jurídica manifestamente violada
(dispositivo legal violado sob o CPC  de 1973), por se tratar de
causa de pedir da rescisória, não se aplicando, no caso, o
princípio iura novit curia. (ex-Ojs 32 e 33 da SBDI-2 - inseridas
em 20/09/2000).»

A decisão rescindenda e a certidão do seu trânsito em julgado são


documentos indispensáveis, caso a certidão não seja juntada a inicial abre-se
prazo de 10 dias para que o faça, sob pena de indeferimento. O ordenamento
jurídico não comporta ação rescisória preventiva, desse modo, havendo
trânsito em julgado posterior ao ajuizamento da ação não haverá reabilitação
da ação proposta.
Na peça inicial é possível a cumulação dos pedidos de rescisão e
de novo julgamento da causa, porém é inviável a tutela jurisdicional de um
deles.

5.7. Prazo
O prazo para proposição de ação rescisória é de dois anos contados
do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, este prazo é
decadencial, conforme dispõe a súmula 100 do TST:

18
Doc. LEGJUR 103.3262.5026.4300
1 - Súmula 100/TST - 11/06/1980. Ação rescisória.
Decadência. Prazo decadencial. Trânsito em julgado. Coisa
julgada. CPC/1973, art. 467  e  CPC/1973, art. 495.  CLT, art.
831,  CLT, art. 836 e CLT, art. 775.
«I - O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia
imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última
decisão proferida na causa, seja de mérito ou não. (ex-Súmula
100/TST - Res. 109/2001, DJ 18/04/2001).
5.8. Procedimento:
Para desestimular o ajuizamento de ações rescisórias protelatórias
foi instituído a obrigatoriedade de depósito de 20% do valor da causa, exceto
quando na hipossuficiência do autor. A exigência tem como fundamento a
existência da coisa julgada. O depósito tem natureza de multa caso o pedido
seja declarado inadmissível, ou for rejeitado. A exigência se aplica tanto ao
empregador quanto ao empregado, porém o empregado ficará isento do
depósito se gozar da justiça gratuita.
Na ação rescisória, após a citação o réu terá entre 15 a 30 dias para
apresentar a contestação, a revelia não produz confissão na ação rescisória,
visto que a matéria é de direito e abrange questão de ordem pública. No
decorrer da ação ainda haverá a tentativa de conciliação entre as partes,
porém a não proposição desta não gera nulidade, apenas mera irregularidade.
A ação rescisória deve ser ajuizada por advogado e contra decisão de ação
rescisória proferida por TRT cabe recurso ordinário.

6) ACÃO CIVIL:

6.1. Origem e Evolução:

A organização da sociedade moderna trouxe à tona a visão de que haviam


tantos direitos coletivos congruentes quantas as incongruências de direitos individuais.
O convívio social mostrou que o Direito precisava evoluir e ampliar o seu escopo de
atuação, incluindo aí a defesa de interesses que se aplicavam não só a um indivíduo,
mas que defendesse uma coletividade de indivíduos, de interesses semelhantes.

A ação civil pública veio na esteira dessa evolução do Direito, na


necessidade de percepção da defesa de interesses comuns e na facilitação do acesso

19
coletivo ao Poder Judiciário. Buscou-se, com ela, ampliar o alcance do processo
judicial, levando-o ao alcance maior da coletividade.

Conforme bem colocado professor Bezerra Leite, em citação ao jurista


Édis Milaré, a ação civil pública é um processo de “massa” e que confere aos seus
representantes ideológicos (Ministério Público, associações e etc.) mecanismos
efetivos para o “exercício da socialização do processo”.

6.2. Conceito:

Não há ainda um consenso acerca do conceito de ação civil pública.


Seguindo ainda os passos do professor Bezerra Leite, que traz a conceituação de Édis
Milaré, que afirma que a ação civil pública é “o direito expresso em lei de fazer atuar
na esfera civil, em defesa do interesse público, a função jurisdicional”i.

Já na visão de Hely Lopes Meirelles, a ação civil pública é “[...] instrumento


processual adequado para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, sociedade. Não se presta a
amparar direitos individuais, nem se destina à reparação de prejuízos causados por
particulares pela conduta, comissiva ou omissiva, do réu. ”ii

Tal conceito, porém, é mais restritivo e em dissonância com a Constituição


Federal, que ampliou os objetos de aplicabilidade da ação civil pública, no
reconhecimento da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho como
princípios fundamentais que orientam valores do ordenamento jurídico.

Bezerra Leite também constrói um conceito próprio, mais próximo da linha


constitucional e afirma que a ação civil pública é o “meio constitucionalmente
assegurado ao Ministério Público, ao Estado ou outros entes coletivos autorizados por
lei, para promover a defesa judicial dos interesses ou direitos metaindividuais. ” iii Tal
conceito, segundo ele, pode ser ampliado para a Justiça do Trabalho, acrescentando
no seu objeto de defesa, “os interesses metaindividuais decorrentes das relações
jurídicas do trabalho ou do emprego que forem da competência da Justiça
Especializada”.

6.3. Previsão Legal:

A ação civil pública foi prevista inicialmente na Lei Complementar nº 40, de


14 de dezembro de 1981 e compunha o rol de funções do Ministério Público, assim

20
descrito em seu artigo 3º: “São funções do Ministério Público: (...) III – Promover a
ação civil pública, nos termos da lei”. Portanto, incialmente era uma ação exclusiva do
Ministério Público.

Em 24 de julho de 1985, foi promulgada a Lei nº 7.347, conhecida como a


Lei da Ação Civil Pública (LACP), que previa como objeto da ação apenas a reparação
de danos causados ao meio ambiente, consumidor, bens e valores artísticos,
estéticos, históricos, turísticos e paisagísticos.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a ação civil pública


ganhou status de garantia fundamental e teve seu escopo de atuação ampliado,
alcançando, além dos temas previstos na LACP, a “proteção ao patrimônio público e
social” e “os interesses difusos e coletivos”, conforme previsão elencada pelo art. 129,
III, CF/88.Com a chegada do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.7078/1990)
houve uma “atualização” da LACP, trazendo em seu art. 110 a proteção da ação civil
pública a “qualquer outro interesse difuso ou coletivo”, colocando assim a lei em
sintonia com a CF/88. ”

Como exemplo de direito difuso temos a greve em serviço público


essencial, questões referentes ao meio ambiente do trabalho, a contratação de
servidores públicos sem concurso; de direito coletivo, a eliminação dos riscos no meio
ambiente do trabalho de interesse exclusivo dos trabalhadores da empresa e
descumprimento generalizado de cláusula contratual; de interesses individuais
homogêneos, o pedido de pagamento de adicional de insalubridade e pagamento de
horas extras.

6.4. Cabimento na Justiça do Trabalho:

Mesmo sem ressalvas feita pelo texto constitucional ou pelas legislações


infra à utilização da ação civil pública na Justiça do Trabalho, a sua aplicabilidade só
foi de fato verificada com a publicação da Lei Orgânica do Ministério Público (Lei
Complementar nº 75/1993), que trouxe-a especificamente em seu art. 83, III:
“Compete o Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes atribuições junto
aos órgãos da Justiça do Trabalho: (...) III- promover a ação civil pública no âmbito da
Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os
direitos sociais constitucionalmente garantido.”
Seguindo a literalidade da Lei Orgânica do Ministério Público (LOMP), a
Justiça do Trabalho é competente para atuar, utilizando a ação civil pública, “na defesa
de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente

21
garantido. ” A lei está em clara sintonia com os ditames do art. 129 da Constituição
Federal que confere à ação civil pública a possibilidade de defesa de “outros
interesses difusos e coletivos”, tornado assim extensiva a interpretação da Carta
Constitucional.A Constituição assim, tutelou a coletivização de interesses na busca
pela efetivação dos direitos sociais e do trabalho digno, passando a considerar, no
escopo de aplicação da ação civil pública, qualquer interesse coletivo lato sensu.
Entende-se que a ação civil pública, no âmbito do processo do trabalho, é a ação que
busca proteger princípios elencados pela Constituição Federal e que regulam os
interesses ou direitos da coletividade.

De fato, a ACP é plenamente aplicável à Justiça do Trabalho por força do


art. 769 de CLT e, será processada pelo rito da CLT, pois a Lei 7.347/85 não disciplina
rito especial, exceto se a Ação Civil Pública for cautelar, caso em que será observado
o rito do CPC, conforme IN 27/05 do TST.

6.5. Legitimidade:

Por conseguinte, entende-se que a ação civil pública no âmbito do


processo do Trabalho é a ação de proteção de princípios previstos na Constituição
Federal. A legitimidade conferida ao Ministério Público será na defesa a ameaça ou
lesão a interesses ou direitos difusos, coletivos e/ou individuais homogêneos. A
Constituição Federal, em seu art. 8º, inciso III c/c o art. 129, inciso III e §1º, confere
ainda aos sindicatos, como modalidade de associação civil, a legitimidade para propor
ação civil pública na defesa dos interesses coletivos e individuais homogêneos dos
trabalhadores. Porém, essa legitimidade não se estende à defesa de interesses
difusos. Tais interesses somente podem ser defendidos por entidade sindical, de
forma mediata e oblíqua (art. 8º, III da CF), já que para a defesa direta, requer-se
previsão estatutária legitimadora.

Assim, não é uma exclusividade do Ministério Público a proposição da


ação civil pública, já que o art. 5º da Lei 7.347/85 amplia o rol de legitimados: Art. 5º.
Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - O Ministério
Público; II - A Defensoria Pública; III - A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios; IV - A autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia
mista; V - A associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos
1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a
proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência
ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

22
6.6. Objeto:

A Constituição Federal, no seu art. 129, inciso III, traz como objeto da ação
civil pública a promoção de qualquer interesse difuso e coletivo. O art. 3º da Lei
7.347/85 traz que a ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Já o art. 83 do CDC alarga esse
dispositivo e preceitua que são admissíveis “todas as espécies de ações capazes de
propiciar sua adequada e efetiva tutela dos interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos, permitindo, desse modo, a possibilidade de provimento de natureza
cautelar, condenatório, declaratório, mandamental e executivo lato sensu do objeto da
ação civil pública decorrem os seguintes pedidos: a) obrigações de fazer ou não fazer;
b) obrigação de suportar; c) cominação/multa/astreintes; d) condenação por danos
genéricos; e) tutelas de urgência; f) de execução.”

A ação civil pública, no âmbito trabalhista, tem atuação para prevenir a


ocorrência de novas condutas lesivas aos direitos dos trabalhadores e tem como
objeto o cumprimento de uma obrigação de fazer, de não fazer ou suportar. Podendo,
ainda, ser requerida condenação em dinheiro nos casos de impossibilidade do
cumprimento da obrigação, bem como para reparação de prejuízos genéricos já
causados, como o dano moral coletivo.

7.Prescrição:

Conforme assentado pelo professor Raimundo Simão de Melo, em relação aos


interesses e direitos difusos e coletivos, não se pode falar em prescrição ou
decadência para a propositura de ação civil pública. No entanto, em relação às ações
coletivas de reparação dos danos individualmente sofridos pelos trabalhadores
(interesses e direitos individuais homogêneos), aplica-se a prescrição comum prevista
no artigo 7º, inciso XXIX na CF/88. Tal posicionamento foi aplicado no julgamento do
ARR 353-89.2015.5.12.0055, no qual o Ministro do TST Breno Medeiros, ao proferir
seu voto, entendeu pela aplicabilidade de prescrição para a ação civil pública proposta
pelo Ministério Público do Trabalho, seguindo o entendimento pacificado do STJ sobre
a adoção do prazo prescricional de cinco anos para a ação civil pública e do própria
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

Litispendência:

23
Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, é possível a ocorrência de
litispendência entre ações civis públicas ainda que os legitimados ativos sejam
diferentes, implicando na extinção da que foi proposta posteriormente, porque em
ambas os autores atuam como substitutos processuais, e, consequentemente, os
titulares materiais dos interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos serão
atingidos pela coisa julgada que se formar em primeiro lugar.

Sentença e Coisa julgada:

A sentença da ação civil pública poderá ter natureza condenatória, constitutiva


ou declaratória, sendo uma obrigação de fazer ou não fazer ou na imposição de
indenização pecuniário, ou, ainda, a cumulação dos dois.

Quanto aos efeitos da sentença, dependem do tipo de interesse tutelado, e


podem ser "erga omnes", para interesses difusos e individuais homogêneos e "inter
partes", para interesses coletivos.

Quanto à extensão territorial da coisa julgada, o art. 102 do CDC dispõe que:
“Os legitimados a agir na forma deste código poderão propor ação visando compelir o
Poder Público competente a proibir, em todo o território nacional, a produção,
divulgação distribuição ou venda, ou a determinar a alteração na composição,
estrutura, fórmula ou acondicionamento de produto, cujo uso ou consumo regular se
revele nocivo ou perigoso à saúde pública e à incolumidade pessoal. ” Portanto, a
coisa julgada poderá ser executada em todo o território nacional.

O Superior Tribunal de Justiça já tem adotado posicionamento semelhante


mais recente de que “a eficácia das decisões proferidas em ações civis públicas não
deve ficar limitada ao território da competência do órgão jurisdicional que prolatou a
decisão”. STJ. Corte Especial. EREsp 1134957/SP. Rel, Min. Laurita Vaz, julgado em
24/10/2016.

A massificação dos conflitos acarretou a necessidade de um instrumento


processual capaz de solucioná-los, efetivando direitos já garantidos na teoria ao
mesmo tempo em que desafogaria o judiciário, possibilitando, ainda, decisões
uniformes.

Nesse contexto, destaca-se a ação civil pública como efetivadora de direitos,


destacando-se na seara trabalhista tendo em vista que a maioria dos trabalhadores
não buscam seus direitos perante o judiciário por receio de serem excluídos do
mercado de trabalho em razão da existência de reclamação trabalhista, ou, durante a
relação empregatícia, pois qualquer indício nesse sentido poderia implicar em
demissão sumária pelo empregador. Por ser uma “ação sem rosto”, a ACP acaba por

24
beneficiar o trabalhador sem expô-lo, haja vista que o legitimado para propositura
desta ação é o Ministério Público do Trabalho, sindicato ou associação de classe.

A lei 7347/85 – lei da ação civil pública - surgiu para tutelar os direitos
coletivos lato sensu, buscando uma maior efetividade do processo. Em 1988 foi-lhe
dado o status de direito constitucional, e diversos regramentos infraconstitucionais
passaram a ter tratamento específico para este tipo de direito. Dentre estes, destacou-
se o Código de Defesa do Consumidor que estabeleceu os conceitos de direitos
difusos, individuais homogêneos e coletivos strictu sensu.

Na Justiça Laboral, diversos são os tipos de direitos transindividuais violados


capazes de ensejar a propositura desta ação. No presente trabalho, destacou-se o
direito ao meio ambiente do trabalho sadio enquanto direito fundamental e como a
ACP é capaz de efetivá-lo, à luz dos princípios ambientais da prevenção e precaução,
uma vez que na grande maioria dos casos a reparação pecuniária resta infrutífera em
razão da irreversibilidade do dano causado.

A importância da proteção dada a este direito reside, ainda, no fato de que


consiste, em última instância, na defesa da humanização do trabalho, que é uma das
formas de efetivação do princípio da dignidade da pessoa humana.

I. Ação de Cumprimento:

1. Natureza jurídica:
A ação de cumprimento é uma ação de conhecimento cuja sentença possui
caráter condenatório, visando concretizar os direitos abstratos concedidos por meio de
sentença normativa, acordo coletivo ou convenção coletiva.

2. Legitimidade:
Em relação à legitimidade para a propositura da ação de cumprimento é
Legitimidade ad causam (concorrente), isto é, tanto o sindicato quanto os empregados
beneficiários podem ajuizar a demanda.

3. Competência:

Para fins de ajuizamento da ação de cumprimento, deve-se verificar o local em


que são prestados os serviços, ajuizando-se a demanda neste juízo.

4. Procedimento:

25
A ação de cumprimento seguirá o procedimento dos dissídios individuais,
podendo a parte autora valer-se dos ritos ordinário, sumário e sumaríssimo, a
depender do valor da causa.

5. Prescrição:

As regras de prescrição da ação de cumprimento seguem, em parte,


posicionamento consolidado pelo TST por meio da Súmula nº 350: “O prazo de
prescrição com relação à ação de cumprimento de decisão
normativa flui apenas da data de seu trânsito em julgado”.

26
27
i
BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso de Direito Processual do Trabalho. cit. p. 1761
ii
MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, Habeas Data. 31 E. São Paulo: Malheiros.
2008, p. 152
iii
BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso de Direito Processual do Trabalho. p. 1762

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