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Plano de Aula: AÇÃO DE INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

PRÁTICA SIMULADA II - CCJ0046


Título
AÇÃO DE INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

Número de Aulas por Semana

Número de Semana de Aula


5

Tema
AÇÃO DE INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

Objetivos

O aluno deverá ser capaz de identificar e elaborar, diante do caso concreto apresentado, a
peça processual adequada, ou seja, uma petição inicial de rito especial denominada Inquérito
para Apuração de Falta Grave, com base na estrutura e peculiaridades pertinentes a esse tipo
de ação.

Estrutura do Conteúdo

1. Procedimentos Especiais (continuação)

2. Do Inquérito para Apuração de Falta Grave: art. 853 a 855 CLT

2.1 Conceito: o inquérito para apuração de falta grave é uma ação constitutiva-negativa,
promovida pelo empregador, para a resolução do contrato de trabalho de empregado estável,
em função da prática de uma falta grave pelo obreiro. O Artigo 494 da CLT, garante que o
empregado estável acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas funções, mas a sua
despedida somente se tornará efetiva após o inquérito em que se verifique a procedência da
acusação.

Importante destacar que desde a criação do FGTS, em 1966, os trabalhadores deveriam optar
pelo regime do FGTS ou pela manutenção da estabilidade decenal, com a constituição de 1988
o regime do FGTS passou a ser obrigatório para todos os trabalhadores urbanos e rurais,
acabando com a estabilidade decenal. Entretanto, o artigo 19 do ADCT, a manteve para os
servidores admitidos há pelo menos cinco anos continuados, antes da promulgação da CRFB e
a legislação esparsa manteve os casos de estabilidade provisória, que ainda desafiam a
impetração do inquérito para apuração de falta grave, e são eles:

a) Dirigente Sindical ? artigo 8º, VIII, da CRFB e artigo 543, § 3º, da CLT c/c Súmulas 379
do TST e 197 do STF;

b) Empregados Membros do CNPS ? artigo 3º, § 7º, da Lei nº 8.213 de 1991;

c) Empregados eleitos diretores de sociedades cooperativas ? artigo 55 da Lei nº5.764 de


1971.
Destaque-se, também, que a ação se destina à apuração de falta grave, que são os atos
praticados pelo empregado e constituem justa causa para rescisão do contrato de
trabalho, conforme previsto no artigo 482 da CLT:

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de


trabalho pelo empregador:

a) ato de improbidade;

b) incontinência de conduta ou mau procedimento;

c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem


permissão do empregador, e quando constituir ato de
concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for
prejudicial ao serviço;

d) condenação criminal do empregado, passada em julgado,


caso não tenha havido suspensão da execução da pena;

e) desídia no desempenho das respectivas funções;

f) embriaguez habitual ou em serviço;

g) violação de segredo da empresa;

h) ato de indisciplina ou de insubordinação;

i) abandono de emprego;

j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra


qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições,
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas


praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo
em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

l) prática constante de jogos de azar.

Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa


de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito
administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional.

2.2. Procedimento: O procedimento do inquérito para apuração de falta grave está previsto nos
artigos 853 a 855 da CLT:

Art. 853 - Para a instauração do inquérito para apuração de falta


grave contra empregado garantido com estabilidade, o empregador
apresentará reclamação por escrito à Junta ou Juízo de Direito,
dentro de 30 (trinta) dias, contados da data da suspensão do
empregado.

Art. 854 - O processo do inquérito perante a Junta ou Juízo


obedecerá às normas estabelecidas no presente Capítulo,
observadas as disposições desta Seção.

Art. 855 - Se tiver havido prévio reconhecimento da estabilidade do


empregado, o julgamento do inquérito pela Junta ou Juízo não
prejudicará a execução para pagamento dos salários devidos ao
empregado, até a data da instauração do mesmo inquérito.

Percebe-se que o inquérito para apuração de falta grave deve ser proposto, obrigatoriamente,
por escrito à Vara do Trabalho, ou a Juiz de Direito investido na Jurisdição trabalhista.

2.2 Prazo para ajuizamento: ao contrário das ações trabalhistas propostas pelo rito comum, o
inquérito para apuração de falta grave é sujeito a prazo decadencial, sendo este de 30 dias,
contados da suspensão do empregado estável, conforme disposto nas Súmulas 62 do TST e
403 do STF:

Súmula nº 62 do TST

ABANDONO DE EMPREGO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e


21.11.2003

O prazo de decadência do direito do empregador de ajuizar


inquérito em face do empregado que incorre em abandono de
emprego é contado a partir do momento em que o empregado
pretendeu seu retorno ao serviço.

SÚMULA 403 do STF

É DE DECADÊNCIA O PRAZO DE TRINTA DIAS PARA


INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO JUDICIAL, A CONTAR DA
SUSPENSÃO, POR FALTA GRAVE, DE EMPREGADO ESTÁVEL.

É perceptível que, em ambos os casos, o prazo decadencial tem como termo a quo a
suspensão do empregado estável. Contudo, se não ocorrer a suspens ão do empregado, a
doutrina diverge acerca do tema chegando ao entendimento de que poderia o empregador
promover o inquérito pra apuração de falta grave no prazo de 5 (cinco) anos, contados da
ciência da falta praticada pelo empregado, conforme o disposto no artigo 7º, XXIX da CRFB.

2.3 Competência: Vara do Trabalho ou Juiz de Direito investido na Jurisdição


trabalhista.

2.4 Peculiaridades: autor (empregador) = REQUERENTE

réu (empregado) = REQUERIDO

2.5 Roteiro para elaboração da Ação de Inquérito para Apuração de Falta Grave:

1) ENDEREÇAMENTO

2) QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE

3) NOME DA PEÇA EM DESTAQUE

4) QUALIFICAÇÃO DO REQUERIDO

5) FATOS

6) FUNDAMENTOS

6) PEDIDOS

7) ENCERRAMENTO
3. Indicação de material didático (Plano de Ensino da disciplina)

Aplicação Prática Teórica

VALERSON PORRADA, brasileiro, solteiro, bancário, portador da CTPS 123456, série 123,
residente na Rua do cemitério, nº 13, Cuiabá, Mato Grosso, prestou serviços desde de
10.01.2000 para o Banco Afortunado S.A., com sede localizada na Rua do Dinheiro Fácil , nº
171, Centro, Cuiabá-MT. Em 05.10.2014 foi eleito dirigente sindical de sua categoria
profissional, sem contudo se afastar de suas funções no Banco Afortunado S.A. Ocorre que,
em 24.06.2015, durante o período de greve dos bancários, Valerson, inconform ado com seu
superior hierárquico, que não aderiu a greve deflagrada, acabou agredindo-o com socos e
pontapés, além do fato de que invadiu a agência bancária, depredando o patrimônio da
empresa. O fato foi presenciado por vários colegas de trabalho e regist rada a ocorrência na
Delegacia de Polícia do bairro, com instauração de inquérito policial.

Diante do ocorrido, na qualidade de advogado contratado pelo Banco Afortunado, elabore a


medida judicial cabível necessária para a dispensa por justa causa de Valerson

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