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AO JUÍZO DA 50ª VARA DO TRABALHO DE JOÃO PESSOA/PB.

Reclamação Trabalhista n. 1234

LOTERIA ALFA LTDA, ora Reclamada, sociedade empresária inscrita no CNPJ/MF sob n°
XXXX, com sede na rua xxxx, n° xxxx, bairro xxxx, CEP: xxxx, na cidade de xxxx, Estado
de xxxx, por seu advogado adiante assinado (procuração anexa) – com escritório profissional
na rua xxxx, n° xxxx, bairro xxxx, CEP: xxxx, na cidade de xxxx, Estado de xxxx, onde
recebe notificações, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento nos
artigos 847, da CLT, e art. 336, do NCPC, apresentar sua

CONTESTAÇÃO à reclamação trabalhista movida pelo Sr. HAMILTON, ora Reclamante, já


qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

1. PRELIMINAR DE MÉRITO

1.1 Da Inépcia do pedido de horas de sobreaviso

Destarte, importantíssimo observar que o Reclamante manifestou o interesse em receber


adicional de sobreaviso. Porém, não fundamentou seu pedido, evidenciando flagrante inépcia
parcial do pedido, em observância à previsão legal contida no artigo 330, parágrafo 1.º, inciso
I, do NCPC – que exige a imediata extinção deste, sem resolução do mérito, nos termos do
artigo 485, inciso I, do Código de Processo Civil.

2. PREJUDICIAL DE MÉRITO

2.1 Da Prescrição Parcial

A presente reclamação foi ajuizada em 30 de abril de 2022.

O Reclamante foi admitido em 13 de janeiro de 2018.

Assim, considerando o disposto no artigo 7.º, inciso XXIX, da Constituição Federal, temos
que as pretensões anteriores aos últimos 5 anos contados a partir de 30 de abril de 2022 (data
de ajuizamento da ação) estão fulminadas pela prescrição quinquenal, que se conta,
retroativamente, da data do ajuizamento da Reclamatória.

Assim, requer-se a extinção com julgamento de mérito, com base no art. 487, inciso II, do
CPC, das verbas trabalhistas pleiteadas que sejam anteriores a 30 de abril de 2017.

3. DO MÉRITO

3.1. Da periculosidade

O reclamante pleiteia o pagamento de adicional de periculosidade alegando que, uma vez por
semana, se dirigia até uma companhia de energia elétrica da cidade, para pegar, de uma vez
só, as apostas dos empregados desta empresa; permanecendo em área de risco (subestação de
energia) por apenas 10 minutos.

Ora, a Súmula 364, do TST, define que só tem direito à percepção do adicional de
periculosidade o trabalhador que se expõe às condições de risco de maneira permanente.
Entretanto, no caso em questão, a suposta condição de risco se limitava a apenas dez minutos,
uma vez por semana, afastando assim eventual direito ao adicional demandado, resultando na
improcedência do pedido.

3.2. DA EQUIPARAÇÃO À BANCÁRIO

O Sr. Hamilton informou que realizava atividade bancária referente a saques de até R$ 100,00
(cem reais) e o pagamento de contas de serviços públicos, bem como de boletos bancários de
até R$ 200,00 (duzentos reais). Por isso, requereu vantagens previstas na norma coletiva dos
bancários.

À luz do artigo 511, da CLT, temos que o autor não é bancário porque o seu empregador não
explora atividade bancária, mas sim de loteria, daí não fazer jus aos benefícios desta
categoria. Ora, as casas lotéricas não exercem as atividades privativas de uma instituição
financeira, mas apenas serviços básicos que, ocasionalmente, são oferecidos até mesmo em
pequenos comércios varejistas e nas “Lan houses” – nem por isso, confundimos os ramos em
voga com o pleno exercício de atividade bancária.
São atividades diferentes, constituições empresariais diferentes, regime de contratações
diferentes, salários e carga horária diferentes, e até sindicatos (que representam cada classe de
trabalhador) diferentes. É evidente que o pedido do Reclamante nasce de uma confusão
conceitual, contrariando a lógica do mercado, sem qualquer amparo no ordenamento jurídico
pátrio.

De rigor, portanto, a improcedência deste pedido do reclamante.

3.3. DA REINTEGRAÇÃO AO EMPREGO

O reclamante pretende, ainda, a sua reintegração ao emprego, alicerçado no argumento de que


duas semanas após receber o aviso prévio, candidatou-se a presidente do sindicato dos
empregados em lotéricas, entendendo, assim, pela estabilidade.

Também não tem razão nesse pleito: de fato, a Súmula 369, inciso V, do TST, define com
clareza que o registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o
período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que
inaplicável a regra do § 3º, do art. 543, da Consolidação das Leis do Trabalho.

Improcedente, portanto, o pedido de reintegração ao emprego.

3.4. DAS HORAS EXTRAS

O reclamante postula ainda o recebimento de horas extras, embora relate que trabalhava de 2ª
a 6ª feira, das 7h às 14h, com intervalo de uma hora para refeição.

Ocorre que a jornada cumprida não excede o módulo constitucional (8 horas diárias e 44
semanais), restando indevidas as horas extras pleiteadas, conforme o Art. 7º, inciso XIII, da
CRFB/88 e o Art. 58, da CLT.

Requer-se desde já a improcedência desse pedido.

3.5. DO BENEFÍCIO DE TICKET-ALIMENTAÇÃO


Postula o reclamante o recebimento de ticket-alimentação, afirmando que nunca recebeu o
benefício, que está previsto em acordo coletivo, o que pretendeu provar juntando documento
assinado pela sociedade empresária “BETA LTDA”.

O pleito é improcedente. O acordo coletivo juntado aos autos foi assinado por outra sociedade
empresária, não se prestando a obrigar a Reclamada, que não o assinou e, portanto, não está
obrigada a respeitá-lo, conforme o Art. 611, § 1º, da CLT.

Pedimos, portanto, a improcedência desse pedido.

3.6. DO VALE-TRANSPORTE

O Reclamante aduz que não lhe foi pago vale-transporte enquanto trabalhou na modalidade
"home office", o que requer agora pela via judicial.

Obviamente, no trabalho em domicílio, o empregado não utiliza transporte público. Isto posto,
não faz jus a esse direito [do vale-transporte], considerando-se a evidente ausência dos
requisitos previstos no Art. 1º da Lei nº 7.418/85 e no Art. 2º do Decreto nº 95.247/87.

Requer-se a improcedência desse pedido.

3.7. DA INTEGRAÇÃO DO VALE-CULTURA AO SALÁRIO

O Reclamante entende que o vale-cultura que recebia, no valor de R$ 30,00 (trinta reais),
deve ser incorporado ao seu salário.

É de notória sabença que a integração do vale cultura ao salário é vedada por expressa
disposição legal, conforme Art. 458, § 2º, inciso VIII, da CLT, sendo absolutamente
improcedente também esse pedido.

4. REQUERIMENTOS FINAIS

Pelo exposto, requer a reclamada que Vossa Excelência se digne a:

a. reconhecer a inépcia apontada em sede de preliminares, extinguindo o pedido


sem resolução de mérito;
b. reconhecer a prescrição quinquenal que atinge todas as pretensões anteriores a cinco anos,
contados retroativamente a partir do ajuizamento desta demanda;

c. no mérito, julgar improcedentes os pedidos, pelas razões expostas, deferindo a produção de


todas as provas em direito admitidas, especialmente documental, pericial e testemunhal.

Nestes termos, pede deferimento.

João Pessoa, xx de maio de 2022. PB

Advogado XXXX

OAB nº XXX

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