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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO TRABALHO DA 90ª VARA DO TRABALHO

DE TERESINA/PI

Processo nº 0050000-80.2019.5.22.0090

MORADA ETERNA LTDA., já qualificada nos autos da Reclamação


Trabalhista promovida por Fabiano também já devidamente qualificado, vem,
respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante
assinado), com fulcro no artigo 895 da CLT, INTERPOR RECURSO ORDINÁRIO o
que o faz com base nas razões que se acham em anexo.

Outrossim, informa o recorrente que integra a presente petição a comprovação


do recolhimento do depósito recursal, bem como o comprovante de recolhimentos das
custas, cumpridos assim os pressupostos para a interposição do recurso, requerendo
sejam as razões remetidas ao Tribunal Regional do Trabalho para processamento e
final julgamento.

Termos em que,

Espera deferimento.

Local/Data

Advogado/OAB
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho

Colenda Turma

Eméritos Julgadores

Inconformado com o teor da sentença que ora se recorre o recorrente vem


aduzir suas razões para a reforma do julgado na forma que segue:

I – PRELIMINAR DE MÉRITO

I.1) DO CERCEAMENTO DE DEFESA EM RAZÃO DO INDEFERIMENTO DA


OITIVA DE TESTEMUNHAS

Inicialmente, faz-se necessário observar que, na fase de instrução processual,


o magistrado indeferiu a oitiva de duas testemunhas trazidas pela empresa, as quais
seriam ouvidas com o objetivo de provar que a recorrente entregava o valor da
passagem em espécie diariamente à trabalhadora, assim, evidenciando o
cerceamento de defesa, consoante dispõe o art. 5º, inc LV, da CRFB/88.

Diante do exposto, requer a consequente anulação do processo e terno à Vara


de Origem para que seja realizada a oitiva das testemunhas com a consequente
prolação de nova sentença.

I.2) DA INÉPCIA DA INICIAL EM RELAÇÃO AOS FERIADOS

O magistrado deferiu o pagamento de horas extras pelos feriados, conforme


requerido pela trabalhadora na inicial, que pediu extraordinário em “todo e qualquer
feriado brasileiro”, tendo sido rejeitada a preliminar suscitada na defesa, razão pela
qual reitera a preliminar de inépcia da inicial, uma vez que os feriados foram indicados
de forma genérica no pedido, conforme dispõe os arts. 300, inc I, art. 330, §1º, inc II do
CPC e art. 840, §1º, da CLT.

Assim, requer a reforma da sentença a fim de que seja reconhecida a inépcia


da inicial, com a consequente extinção do feito sem resolução de mérito, conforme
estabelece o art. 485, inc I, do CPC.

II – MÉRITO

II.1) DO DESCABIMENTO DO DEFERIMENTO DE INTERVALO POR


PERÍODO INTEGRAL – NECESSIDADE DE APENAS PERIODO SUPRIMIDO
DE NATUREZA INDENIZATÓRIA

A recorrida desenvolvia jornada de 2ª a 6ª feira, das 10 às 16 horas, com


intervalo de 10 minutos para refeição, conforme confessado pelo preposto em
interrogatório, sendo, então, deferido pelo magistrado o pagamento de 15 minutos com
adicional de 50%, em razão do intervalo desrespeitado, e reflexos nas demais verbas
salariais.

Ocorre que tal deferimento não assiste razão, uma vez que é indevido o
pagamento integral do intervalo, consoante dispõe o art. 71, §4º, da CLT, a não
concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza
indenizatória, apenas do período suprimido com acréscimo de 50% sobre o valor da
remuneração hora normal de trabalho, não tendo que se falar em reflexos nas demais
parcelas.

Diante o exposto, requer a reforma da sentença para que seja considerado


apenas o intervalo suprimido, de natureza indenizatória, no caso em apreço.
II.2) DA INDENIZAÇÃO POR DANO EXTRAPATRIMONIAL – DOENÇA
DEGENERATIVA NÃO CONSIDERADA COMO DOENÇA DO TRABALHO

O juízo a quo deferiu indenização de R$6.000,00 a título de dano moral por


acidente de trabalho em razão de doença degenerativa da qual a trabalhadora foi
vítima, conforme laudos médicos juntados.

Não obstante, consoante previsto no art. 20, §1º, alínea a, da Lei nº 8.213/91,
não é considerada como doença de trabalho a doença degenerativa, não tendo que se
falar em responsabilidade por parte do empregador ao pagamento de indenização por
dano extrapatrimonial.

Dessa forma, requer a reforma da sentença a fim de que seja indeferida a


indenização de dano moral por acidente de trabalho em decorrência da doença
degenerativa.

II.3) DO DESCABIMENTO DA DEVOLUÇÃO A RECLAMANTE DOS


DESCONTOS EM DOBRO PELAS FALTAS JUSTIFICADAS – AUSÊNCIA
DE PREVISÃO LEGAL

O magistrado julgou procedente o pedido de devolução em dobro, como


requerido na exordial, de 5 dias de faltas justificadas por atestados médicos, pois a
preposta reconheceu que a empresa se negou a aceitar os atestados porque não
continham CID (Classificação Internacional de Doenças).

Insurge-se a recorrente quanto à devolução dos descontos em dobro, uma vez


que não existe previsão legal na CLT para tanto, e ainda consoante previsto art. 5º, inc
II, da CRFB/88, deve-se observar o princípio da legalidade.

Dessa forma, requer a reforma da sentença para que seja indeferida a


devolução em dobro pelas faltas justificadas, por falta de previsão legal.
II.4) DO NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARA DEFERIMENTO
DA CESTA BÁSICA MENSAL – ULTRATIVIDADE ADMISSÃO DA
RECLAMANTE EM PERÍODO POSTERIOR AO TÉRMINO DA CCT

Foi deferido o pagamento correspondente a 1 cesta básica mensal, porque sua


entrega era prevista na convenção coletiva que vigorou no ano anterior (janeiro de
2017 a janeiro de 2018) e, no entendimento do julgador, uma vez que não houve
estipulação de uma nova norma coletiva, a anterior foi, automaticamente, prorrogada
no tempo.

Tal entendimento não lhe assiste razão, uma vez que a norma coletiva não tem
ultratividade, na forma do art. 614, §3º, da CLT, motivo pelo qual é indevida para a
trabalhadora, tendo em vista que ela foi admitida após o término da convenção
coletiva anterior.

Diante do exposto, requer a reforma da sentença a fim de que seja indeferido o


pagamento a reclamante referente a título de cesta básica mensal.

II.5) DA NECESSÁRIA REDUÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS AO


LIMITE LEGAL

Foram deferidos honorários advocatícios em favor do advogado da autora na


razão de 20% da liquidação.

Razão não lhe assisti, uma vez que suplanta o limite legal estabelecido, que é
de 15%, conforme o art. 791-A, da CLT, motivo pelo qual deve ser reduzido.

Dessa forma, requer a reforma da sentença a fim e que seja o percentual


deferido, reduzido, observando os limites legais da CLT.
III – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante o exposto, requer que o presente recurso seja conhecido bem como
acolhimento da prejudicial, o acolhimento das preliminares e no mérito seu provimento
com a total reforma do julgado conforme fundamentado.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local/Data

Advogado/OAB

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