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Agravo de Instrumento

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RORAIMA.

ANA PAULA, menor impúbere, neste ato representada por sua representante
legal, RITA, estado civil ..., profissão ..., inscrita no CPF nº ..., endereço eletrônico ...,
com endereço na Rua ..., inconformada com a decisão que denegou tutela antecipada,
nos autos da AÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM, proposta em face de PAULO,
estado civil ..., profissão ..., inscrito no CPF nº ..., endereço eletrônico ..., com endereço
na Rua ..., em trâmite perante a ... Vara Cível de Boa Vista, autos nº.: ..., vem
tempestivamente, por seu advogado, interpor

RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO com pedido de TUTELA


ANTECIPADA RECURSAL

Com fundamento no artigo 1.015, I, do Código de Processo Civil, pelo que


expõe e requer a esse Egrégio Tribunal o seguinte.

I. DOS FATOS – BREVE SÍNTESE DO PROCESSO

Trata-se de Ação de Alimentos proposta por Ana Paula, ora agravante, em face de
Paulo, ora agravado. O nome do agravado não consta na Certidão de Nascimento da
Agravante, porém, foi realizado em 2018, exame de DNA, de forma voluntária e
extrajudicial, o qual resultou na existência da paternidade de Paulo em relação a Ana
Paula.
Conforme consta na inicial, a agravante informou ao juízo que sua genitora se
encontrava desempregada e, quanto a seu pai, não exercia emprego formal, mas vivia de
“bicos” e serviços prestados de forma autônoma e informal, razão pela qual pediu a
fixação dos alimentos no valor de 30% do salário-mínimo, ocasião em que o juízo de 1º
grau indeferiu o pedido de tutela antecipada, rejeitando o pedido de fixação dos
alimentos provisórios.
Dentre os fundamentos da decisão do referido juízo, está o de inexistência de
verossimilhança da paternidade, vez que o nome de Paulo não consta na Certidão de
Nascimento, sendo o exame de DNA prova extrajudicial colhida sem o devido processo
legal; bem como a inexistência de possibilidade por parte do réu, que não tem condições
de arcar com os alimentos pelo fato de não exercer emprego formal.
Isto posto, temos que a referida decisão se mostra manifestamente equivocada,
necessitando de reforma, motivo pelo qual se interpõe o presente recurso de Agravo de
Instrumento.

II. DO CABIMENTO

De plano, cumpre destacar que o recurso interposto tem pleno cabimento e


merece ser conhecido.
A decisão recorrida tem natureza de interlocutória (art. 203, §2°, do CPC),
proferida em primeira instância e, pela sua natureza e previsão expressa no art. 1.015, l,
do mesmo Código, é atacável por meio da interposição do recurso de agravo de
instrumento.
Além disso, estão presentes todos os demais pressupostos recursos genéricos,
como a tempestividade (recurso interposto no prazo de 15 dias - art. 1.003 e §5º,
considerando que o advogado tomou ciência em ...), segue em anexo o comprovante de
que a agravante é beneficiária da gratuidade de justiça, como estabelecem os artigos
1.007 e 1.017, §1°, do CPC.
Dessa forma, o recurso merece ser conhecido

III. DAS RAZÕES DE REFORMA

O pedido de tutela antecipada foi indeferido a justificativa de que inexiste a


verossimilhança da paternidade, entretanto, a referida decisão merece reforma, visto que
a presunção sobre a paternidade biológica da agravante restou demonstrada com o
exame de DNA, realizado extrajudicialmente, de forma voluntária, a pedido da ex-
esposa, por Paulo, ora agravado, apontando que este seria o pai biológico da agravante.
Isto posto, não restam dúvidas de que existe a presunção da paternidade biológica por
parte do agravado, motivo pelo qual a decisão proferida merece ser reformada.
Ainda acerca dos fundamentos que ensejaram a decisão pelo indeferimento, consta
que o agravado não tem “possibilidade” de arcar com os custos da pensão alimentícia
pelo fato de não exercer emprego formal.
Neste sentido, cabe esclarecer que o agravado presta serviços de forma autônoma,
podendo ser detentor de qualquer tipo de renda, até mesmo de altos valores. Acerca
deste tema, conforme disposto no art. 1694, do CC, os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Igualmente, o art. 1.695 do mesmo código dispõe que, são devidos os alimentos quando
quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, a
própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, podem fornecê-los, sem desfalque do
necessário ao seu sustento. Dessa forma, é necessário que haja proporcionalidade entre a
necessidade do alimentado, com a possibilidade do alimentante.
No presente caso, restou demonstrada a necessidade da alimentada, que é menor
impúbere e vive com sua mãe, desempregada, hipossuficiente, bem como a
possibilidade do alimentante, que apesar de não exercer atividade formal, exerce
atividade autônoma remunerada, sendo perfeitamente capaz de serem fixados os
alimentos provisórios.
Infere-se, portanto, que a decisão merece ser reformada.

IV. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL

O caso exige a concessão de uma tutela de urgência no recurso para evitar danos
grave à parte.
O art. 1.019, I, do Código de Processo Civil autoriza o relator a conceder o efeito
suspensivo ou a tutela antecipada recursal. Por sua vez, o art. 995, parágrafo único,
afirma que o efeito poderá ser concedido quando houver perigo de dano e probabilidade
de provimento do recurso.
Como ficou demonstrado anteriormente, a Agravante, menor impúbere, tem
direito aos alimentos devidos pelo Agravado, sendo muito provável que o recurso seja
provido.
Por outro lado, caso não seja concedida a liminar, a Agravante sofrerá dano
grave, visto ser verba de caráter alimentar, bem como a situação de desemprego de sua
genitora, situação na qual não dispõe tempo hábil para aguardar o julgamento do mérito
recursal.
Portanto, presentes os requisitos que autorizam a concessão da tutela antecipada
recursal para o fim de deferir de imediato a tutela antecipada denegada na instância
inferior.

V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Em face do exposto, é a presente para requerer:

a) A concessão do efeito suspensivo ou antecipação da tutela recursal para


conceder desde logo a tutela antecipada que determine a fixação dos alimentos
provisórios nos termos do art.1.019, I, do CPC;
b) O conhecimento e provimento do recurso para o fim de reformar a
decisão recorrida para reformar a decisão agravada, concedendo a tutela antecipada
negada na instância inferior, confirmando-se a antecipação da tutela recursal ou efeito
suspensivo;
c) Em atenção ao art. 1.016, IV, do CPC, informa que estão constituídos nos
autos os seguintes advogados: ..., com endereços profissionais em ...;
d) Em cumprimento ao art. 1.017, § 5°, do CPC, sendo eletrônicos os autos
do processo, deixa de juntar as cópias obrigatórias do inciso I do art. 1.017 do CPC;
e) informa que providenciará a juntada de cópia da petição do agravo de
instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que
instruíram o recurso, podendo o Juízo a quo reformar a sua decisão em decorrência do
juízo de retratação, nos termos do art.1.018, §1°, do CPC;
f) A intimação do agravado para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, nos
termos do art. 1.019, II, do CPC;
g) A intimação do Ministério Público para que se manifeste no prazo de 15
(quinze) dias, conforme art. 1.019, III, do CPC.

Termos em que, pede deferimento.

Local e data ...


Advogado ...
OAB ...

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