Você está na página 1de 11

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10ª

VARA CÍVEL DO FÓRUM CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO-


SP

PROCESSO Nº...

CONSTANTINO..., menor impúbere, nascido em...,


nacionalidade..., estado civil..., aprendiz, portador da Cédula de
Identidade RG nº..., cadastrado no Ministério da Fazenda CPF nº...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado no endereço..., neste
ato representado por sua genitora NOME..., nacionalidade..., estado
civil..., profissão..., portadora da Cédula de Identidade RG nº...,
cadastrada no Ministério da Fazenda CPF nº..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliada no endereço..., e ROBERTO DA SILVA,
brasileiro, solteiro, profissão..., portador da Cédula de Identidade RG
nº 1234, cadastrado no Ministério da Fazenda CPF nº 7890, endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua Maio, n° 50, bairro..., na
cidade de São Paulo-SP, por intermédio de seu advogado constituído
(procuração em anexo), OAB..., endereço eletrônico..., com escritório
profissional no endereço..., onde recebe intimações, vêm,
respeitosamente, com fundamento nos artigos 994, I e 1.009 e ss.,
todos do Código de Processo Civil, interpor o presente

RECURSO DE APELAÇÃO

em face da sentença proferida nos autos da ação de


cobrança que lhe move RICARDO..., nacionalidade..., estado civil...,
profissão..., portador da Cédula de Identidade RG nº..., cadastrado no
Ministério da Fazenda CPF nº..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado no endereço..., pelas razões que seguem anexas.
Requer a intimação do apelado para, em querendo,
oferecer contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, conforme
previsão dos artigos 1.003, § 5° e 1.010, § 1°, ambos do Código de
Processo Civil.
Requer também que, após o prazo para o oferecimento
das contrarrazões, sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo, para admissão, processamento e
julgamento, na forma do artigo 1.010, § 3°, do Código de Processo
Civil.
Por fim, requer a juntada do comprovante do
recolhimento do preparo recursal, inclusive porte de remessa e de
retorno, na forma do artigo 1.007 do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

Processo n°...
Apelantes: CONSTANTINO..., representado por sua genitora
NOME..., e ROBERTO DA SILVA
Apelado: RICARDO...

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, COLENDA CÂMARA,


ÍNCLITOS JULGADORES

I – DO CABIMENTO
O presente recurso de apelação, previsto no artigo 994,
I, do Código de Processo Civil, é o recurso cabível, eis que a decisão
recorrida tem natureza de sentença, por se tratar de pronunciamento
do juiz de primeiro grau que colocou fim à fase cognitiva do
procedimento comum, conforme previsão do artigo 203, § 1°, do
Código de Processo Civil, extinguindo o processo com resolução de
mérito ao acolher integralmente a pretensão deduzida pelo autor, ora
apelado, nos termos dos artigos 487, inciso I, e 490, ambos do Código
de Processo Civil.
Dessa forma, justifica-se a interposição do presente
recurso, pois, na forma do artigo 1.009 do Código de Processo Civil, da
sentença cabe apelação.

II – DA TEMPESTIVIDADE
O presente recurso de apelação é tempestivo, eis que
interposto dentro do prazo legal de 15 (quinze) dias, contados da
intimação do advogado, tal qual prevê o artigo 1.003, “caput” e § 5°,
do Código de Processo Civil, computados somente em dias úteis,
excluindo a data do início e incluindo a data do vencimento, nos termos
do artigo 219 e 224 do Código de Processo Civil, respectivamente.
III – DA SÍNTESE DA DEMANDA
O apelado ingressou com ação de cobrança em face dos
apelantes pretendendo a condenação destes, solidariamente, ao
pagamento do valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), referente ao
inadimplemento de duas parcelas de contrato de empréstimo, no qual
Constantino, menor impúbere, figurou como devedor e Roberto como
fiador.
Inconciliadas as partes, os réus, ora apelantes,
apresentaram suas contestações, deduzindo todas as alegações de fato
e de direito possíveis no caso em tela.
Diante da ausência de requerimento pelas partes de
produção de outras provas, o juiz de 1ª instância proferiu julgamento
antecipado, decretando a procedência integral dos pedidos do apelado,
sob os seguintes fundamentos:
a) os apelados são solidariamente obrigados pelo débito,
ante a ausência de disposição contratual em contrário;
b) Constantino é responsável pelo débito, já que não se
qualifica como incapaz por exercer profissão lucrativa que o permite
estabelecer-se com economia própria;
c) ainda que Constantino fosse considerado menor,
Roberto ainda seria responsável pelo débito, na qualidade de fiador,
uma vez que, nos termos do Código Civil, as obrigações nulas são
suscetíveis de fiança se a nulidade resultar apenas da incapacidade
pessoal do devedor;
d) Roberto não está desobrigado da fiança, uma vez que
não houve, no caso, novação;
e) as disposições constantes do contrato celebrado são
válidas, inclusive no que tange à multa pactuada, haja vista que o
Código Civil limita a multa a 2% apenas na hipótese de omissão do
contrato.
No entanto, em que pese os fundamentos do juízo ad
quo, tal sentença não merece prosperar, devendo ser declarada nula
ou, subsidiariamente, reformada, conforme se passará a expor.

IV – DA PRELIMINAR

Inicialmente, r. requer seja declarada nula a sentença


proferida pelo juízo ad quo, tendo em vista a ausência de intimação do
Ministério Público para acompanhar a tramitação do feito em primeira
instância.
Como é cediço, o artigo 178, inciso II, do Código Civil
determina que o Ministério Público deve ser intimado para intervir
como fiscal da ordem jurídica nos processos que envolvem interesse
de incapaz.
No caso, o réu, ora apelante, Constantino é considerado
absolutamente incapaz para exercer pessoalmente os atos da vida civil,
consoante artigo 3° do Código Civil, haja vista possuir apenas quinze
anos de idade.
Nesse ponto, ao contrário do que apontou a decisão
recorrida, não se aplica a hipótese de cessação de incapacidade
prevista no artigo 5°, parágrafo único, inciso V, do Código Civil, a qual
exige que o menor tenha pelo menos dezesseis anos completos, o que,
como visto, não é o caso.
Assim, tendo o processo tramitado em primeiro grau
sem a intimação de membro do Ministério Público para o devido
acompanhamento, de rigor a declaração de sua nulidade, com a
invalidação de todos os atos praticados, nos termos do artigo 279,
“caput” e § 1°, do Código de Processo Civil.
Diante disso, requer seja provido o presente recurso
para que seja reconhecida a nulidade da sentença proferida pelo juiz
de primeira instância, determinando-se o retorno dos autos à origem
para que o vício seja sanado e, assim, seja dado regular
prosseguimento ao feito.
Requer, ainda, a intimação do Ministério Público para
manifestar-se acerca da nulidade ora alegada, conforme previsão do
artigo 279, § 2°, do Código de Processo Civil.

V – DAS RAZÕES DA REFORMA

Na remota hipótese de não acolhimento do pedido de


nulidade da sentença, se faz necessária sua reforma na íntegra, pelas
razões que passa a expor.

(a) DA NULIDADE DO MÚTUO CELEBRADO POR AGENTE


INCAPAZ

Não prospera a pretensão autoral que visa


responsabilizar os ora apelantes ao pagamento do valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais), tendo em vista que tal obrigação decorre
de contrato de empréstimo manifestamente nulo.
Conforme determina o artigo 166, inciso I, do Código
Civil, é nulo o negócio jurídico quando celebrado por pessoa
absolutamente incapaz.
Na hipótese, Constantino, que figura no instrumento
particular firmado como devedor, é considerado absolutamente
incapaz para exercer pessoalmente os atos da vida civil, na forma do
artigo 3° do Código Civil, tendo em vista possuir apenas quinze anos
de idade.
Além disso, ao contrário do que apontou o juízo ad quo
na decisão recorrida, não se aplica a hipótese de cessação de
incapacidade prevista no artigo 5°, § 1°, inciso V, do Código Civil, pois,
apesar de Constantino de fato exercer profissão lucrativa, certo é que
não possui dezesseis anos completos.
Dessa forma, falta ao negócio jurídico firmado com o
apelado requisito de validade, qual seja, a capacidade dos agentes,
conforme previsão do artigo 104, inciso I, do Código Civil.
Além disso, tratando-se de contrato de empréstimo,
aplica-se o artigo 588 do Código Civil, o qual estabelece que o mútuo
feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda
estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
No caso, a genitora de Constantino não autorizou e nem
sequer tinha conhecimento do aludido empréstimo. Logo, não há
qualquer obrigação passível de ser exigida em face de Constantino,
menor que figurou no instrumento como mutuário, e de Roberto, que
figurou naquele na qualidade de fiador.
Nesse ponto, inclusive, nem há como se falar que o
artigo 588 do Código Civil não se aplicaria aos apelantes em razão de
o menor Constantino trabalhar como aprendiz na empresa de
propriedade de seu avô. Isso porque o artigo 589 do Código Civil
estabelece que só cessa a disposição do artigo 588 se o menor tiver
bens ganhos com o seu trabalho, o que não é o caso, pois apesar de
Constantino perceber renda, esta não lhe é suficiente para a aquisição
de imóveis ou bens de elevado valor, bastantes para cobrir a suposta
dívida apontada.
Outrossim, além do artigo 588 do Código Civil, a
inexistência de obrigação em relação ao fiador Roberto em razão da
nulidade do negócio jurídico celebrado também se depreende da leitura
dos artigos 824, parágrafo único, e 837, ambos do Código Civil.
O juiz de primeira instância, ao fixar a responsabilidade
do fiador pelo débito na sentença proferida, utilizou, para fundamentar
sua argumentação, do artigo 824, “caput”, do Código Civil, o qual
dispõe que as obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto
se a nulidade resultar apenas da incapacidade pessoal do devedor,
como o é no caso em questão.
Ocorre que o juízo ad quo não se atentou para o fato de
que o parágrafo único deste mesmo artigo estabelece que a exceção
estabelecida no “caput” não abrange o caso de mútuo feito a menor.
Na mesma toada, o artigo 837 do Código Civil prevê que
o fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais, e as
extintivas da obrigação que competem ao devedor principal, se não
provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso de
mútuo feito a pessoa menor.
Dessa forma, em se tratando de nulidade decorrente de
contrato de empréstimo firmado por menor, resta desobrigado o fiador
do pagamento da dívida apontada pelo apelado.
A par do expendido, r. requer seja provido o presente
recurso para o fim de reforma integral da sentença guerreada, com a
decretação de improcedência da pretensão autoral, em razão da
nulidade do mútuo celebrado por parte incapaz.

(b) DA NÃO OBRIGAÇÃO DO PAGAMENTO DECORRENTE


DE CONTRATO QUE ENVOLVA RECONHECIMENTO,
NOVAÇÃO OU FIANÇA DE DÍVIDA DE JOGO

Contudo, caso se entenda pela maioridade do apelante


Constantino, o que se admite apenas para argumentar, ainda merece
prosperar o pedido de reforma na íntegra da sentença proferida em
juízo de primeiro grau, para o fim de ser decretada a improcedência
dos pedidos do ora apelado.
Isso porque, nos termos do que dispõe o artigo 814 do
Código Civil, as dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a
pagamento, sendo tal disposição estendida, por força do § 1° do
mesmo artigo, a qualquer contrato que encubra ou envolva
reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo.
Tendo em vista que o empréstimo realizado pelo apelado
a Constantino se deu para o pagamento de uma dívida de jogo deste,
restam desobrigados os apelantes do pagamento das parcelas
exigidas, ante a manifesta nulidade do mútuo em voga.
Diante disso, r. requer seja provido o presente recurso
para o fim de reforma integral da sentença guerreada, com a
decretação de improcedência da pretensão autoral, em razão da
nulidade do contrato que envolve o reconhecimento, novação ou fiança
de dívida de jogo.

(c) DA AUSÊNCIA DE SOLIDARIEDADE

Caso se entenda pela validade da obrigação, de rigor a


reforma parcial da sentença proferida em primeira instância, para o fim
de se reconhecer a ausência de solidariedade entre os apelantes.
Nos termos do que dispõe o artigo 265 do Código Civil,
a solidariedade não se presume, mas resulta da lei ou da vontade das
partes. Assim, ao contrário do que afirmou o juízo ad quo na decisão
recorrida, não há como se admitir a solidariedade do devedor e do
fiador pela mera ausência de disposição contratual em contrário.
Uma das características da fiança é justamente a sua
subsidiariedade, no caso em que não seja identificado no contrato a
solidariedade com o devedor. O fiador, portanto, possui papel
subsidiário, somente tendo o dever de arcar com o adimplemento do
contrato se o devedor principal, afiançado, não cumprir com a
prestação.
Frente a isso, em se entendendo pela validade do
negócio jurídico firmado, r. requer, de forma subsidiária, seja provido
o presente recurso para o fim de reforma parcial da sentença proferida
no juízo de primeiro grau, com o reconhecimento da relação de
subsidiariedade, e não solidariedade, entre os apelantes.

VI – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, r. requer:

1) o recebimento e conhecimento do presente recurso


de apelação, eis que preenchidos os pressupostos de admissibilidade;

2) o recebimento do presente recurso de apelação no


seu duplo efeito, ou seja, suspensivo e devolutivo, conforme os artigos
1.012 e 1.013 do Código de Processo Civil, respectivamente;

3) seja dado total provimento ao presente recurso de


apelação, para que:

a) seja acolhida a preliminar de nulidade do processo,


determinando-se a invalidade dos atos praticados em primeira
instância, inclusive a sentença, e o retorno dos autos à origem para
intimação do MP e regular prosseguimento do feito;

b) caso não acolhida a preliminar, no mérito, seja totalmente


reformada a r. sentença de primeira instância, com a decretação de
improcedência integral da pretensão do apelado, em razão da nulidade
do contrato de mútuo firmado;

c) subsidiariamente, ainda no mérito, seja parcialmente


reformada a r. sentença proferida no juízo de primeiro grau, para o
reconhecimento da relação de subsidiariedade, e não solidariedade,
entre os apelantes;

4) a inversão do ônus de sucumbência, condenando o


apelado nas custas processuais e honorários advocatícios;
5) a intimação do apelado para, em querendo,
apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, na forma dos
artigos 1.003, § 5° e 1.010, § 1°, ambos do Código de Processo Civil;

6) a intimação do Ministério Público para manifestar-se


acerca da preliminar de nulidade alegada, na forma do artigo 279, §
2°, do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...
OAB...

Você também pode gostar