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Instituições integrantes do Nucase Universidade Federal de Minas Gerais (líder) | Universidade Federal do Espírito Santo |
Universidade Federal do Rio de Janeiro | Universidade Estadual de Campinas
Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia | Fundação Nacional de Saúde do Ministério
da Saúde | Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades
Parceiros do Nucase
· Cedae/RJ - Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro
· Cesan/ES - Companhia Espírito Santense de Saneamento
· Comlurb/RJ - Companhia Municipal de Limpeza Urbana
· Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais
· DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
· DLU/Campinas - Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Campinas
· Fundação Rio-Águas
· Incaper/ES - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
· IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
· PCJ - Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
· SAAE/Itabira - Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Itabira – MG
· SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
· SANASA/Campinas - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.
· SLU/PBH - Serviço de Limpeza Urbana da prefeitura de Belo Horizonte
· Sudecap/PBH - Superintendência de Desenvolvimento da Capital da Prefeitura de Belo Horizonte
· UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto
· UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
· UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce
Transversal
CDD – 628.081
Créditos
Consultoria pedagógica Cátedra da Unesco de Educação a Distância – FaE/UFMG
Juliane Corrêa | Sara Shirley Belo Lança
É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.
Apresentação da ReCESA
Introdução ..................................................................................10
Qualidade da água ......................................................................13
Saneamento e saúde pública ..............................................14
Bacia hidrográfica ..............................................................16
Impurezas contidas na água ..............................................19
Parâmetros de qualidade de água ......................................21
Noções de tratamento de água .................................................. 27
Técnicas de tratamento de água........................................ 28
Técnicas de tratamento que utilizam filtração rápida ........ 30
Técnicas que utilizam a filtração lenta .............................. 36
Tecnologias de tratamento menos usuais .......................... 37
Etapas de tratamento comuns a todas
as técnicas de tratamento ................................................. 38
Portaria MS nº 518/2004 ................................................... 39
Noções de tratamento de esgoto ................................................41
Tratamento preliminar ...................................................... 43
Tratamento primário ......................................................... 43
Tratamento secundário ..................................................... 44
Lodo gerado durante o tratamento de água e de esgoto ............ 54
Legislação ......................................................................... 56
Importância do tratamento e da correta disposição
final do lodo ..................................................................... 59
Características do lodo gerado na ETA .............................. 60
Características do lodo gerado na ETE .............................. 63
Água presente no lodo ...................................................... 68
Etapas de tratamento de lodo ........................................... 69
Disposição final do lodo de ETAs ...................................... 84
Disposição final de lodos de ETEs ..................................... 86
Para saber mais ......................................................................... 90
Introdução
a) Por que você acha que está ocorrendo mau cheiro e doenças na
população que vive à beira do rio?
- Discutir e refor-
mular os conhe-
cimentos prévios
dos profissionais
sobre qualidade
da água.
Cada vez mais, ouve-se falar sobre água, saneamento e meio ambien-
te. Questões sobre preservação e poluição das fontes de água e sobre
- Reformular e
escassez vêm sendo largamente discutidas. ampliar conceitos
sobre o sanea-
Não há dúvida de que a água, com qualidade e em quantidade mento e como ele
adequadas, e que a destinação correta do esgoto gerado refletem contribui para a
positivamente na saúde das pessoas e do meio ambiente. Infeliz- saúde pública.
mente, o fornecimento da água no mundo e as condições sanitárias
são muito desiguais. Muitas pessoas não têm acesso à água com - Apresentar o
qualidade e em quantidade adequadas e muito menos um destino conceito de bacia
adequado do esgoto gerado, o que provoca doenças e mortes. hidrográfica e
discutir como
sua ocupação
Durante esta oficina, vamos discutir um pouco mais a qualidade da
pode interferir
água, o esgoto gerado, os resíduos originados no tratamento, tanto
na qualidade da
da água quanto do esgoto, e a importância do seu trabalho durante
água.
todo esse processo. Leia quais são os objetivos da atividade que
iniciaremos.
- Ampliar e
reformular
A partir deste momento, vamos discutir saneamento e saúde pública; os conceitos
as impurezas presentes na água; como essas impurezas são classi- sobre impurezas
ficadas e quantificadas; e o que é uma água potável. Para entender contidas na água
melhor tudo isso, nosso primeiro assunto será “saneamento e saúde e como são
pública”. classificadas as
águas doces.
O que é saneamento para você? Você acha que saneamento tem - Discutir e
alguma relação com saúde pública? Comente a respeito. reformular os
parâmetros de
qualidade de água
e de esgoto.
Saúde pública é a ciência e a arte de prevenir doenças, prolongar a vida e promover a saúde
e a eficiência física e mental, através de esforços organizados da comunidade, no sentido
de realizar o saneamento do meio e o controle de doenças infecto-contagiosas; promover a
educação do indivíduo baseada em princípios de higiene pessoal; organizar serviços médicos
e de enfermagem para diagnóstico precoce e tratamento preventivo de doenças; desenvolver
a maquinaria social, de modo a assegurar, a cada indivíduo da comunidade, um padrão de
vida adequado à manutenção da saúde.
Que doenças relacionadas com a água você conhece? Você conhece alguém
que já teve alguma dessas doenças? Relacione-as no quadro a seguir e
depois confira suas respostas com os colegas e com o instrutor.
De acordo com dados da OMS, aproximadamente 2,2 milhões de pessoas morrem de diarréia
todos os anos, sendo a maioria delas crianças menores de cinco anos.
Um estudo estimou o impacto de várias ações para diminuir a mortalidade por diarréia. Veja
na próxima tabela.
(%) de diminuição da
Ações para diminuir a mortalidade por diarréia
mortalidade por diarréia
Pode-se observar que a água é essencial à qualidade de vida. Contudo, fatores como educação
e esgotamento sanitário também são muito importantes. Vamos ver o que é bacia hidro-
gráfica e como sua ocupação pode influenciar a qualidade da água!
Bacia hidrográfica
Bacia hidrográfica é uma área natural cujos limites são definidos pelos pontos mais altos
do relevo (divisores de águas ou espigões dos montes ou montanhas) e dentro da qual a
água das chuvas é drenada superficialmente por um curso de água principal até sua saída
da bacia, no local mais baixo do relevo.
Você acha que a poluição atmosférica, do solo, das águas superficiais e das águas
subterrâneas de uma bacia podem afetar outras áreas? Comente.
O artigo 20 da Constituição Federal, que trata dos bens da União, em seu inciso III, diz
que são bens da União os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
seu domínio, ou que banhem mais de um estado, sirvam de limites com outros países,
ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais.
E o artigo 26, inciso I, diz que se incluem entre os bens dos estados as águas super-
ficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso,
na forma da lei, as decorrentes de obras da União.
Por meio da outorga, os órgãos responsáveis executam a gestão quantitativa e qualitativa do uso
da água, emitindo autorização tanto para captações quanto para lançamentos ou quaisquer inter-
venções nos mananciais superficiais e subterrâneos, como rios, ribeirões, córregos e poços.
A próxima tabela apresenta situações nas quais é necessário pedir outorga e situações em
que não há essa necessidade.
Derivação ou captação de parcela da água existente em Uso de recursos hídricos para a satisfação
um corpo d’água para consumo final, inclusive abaste- das necessidades de pequenos núcleos
cimento público, ou insumo de processo produtivo. populacionais, distribuídos no meio rural.
Extração de água de aqüífero subterrâneo para con- Derivações, captações e lançamentos con-
sumo final ou insumo de processo produtivo. siderados insignificantes, tanto do ponto
de vista de vazão como de carga poluente.
Lançamento em corpo de água de esgotos e demais Acumulações de volumes de água consi-
resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com deradas insignificantes
o fim de sua diluição, transporte ou disposição final.
Uso de recursos hídricos com fim de aproveitamento
dos potenciais hidrelétricos.
Além dos instrumentos legais, há procedimentos técnicos que visam proteger os mananciais,
de forma a evitar que a água seja contaminada. O manancial desprotegido tem a qualidade da
água comprometida, de tal forma que seu tratamento começa a ficar muito caro e também
aumenta o risco sanitário relacionado ao uso da água.
Agora que já discutimos o que é uma bacia hidrográfica e você viu a importância de se plane-
jar sua ocupação de forma a não prejudicar a qualidade da água, o instrutor vai continuar
a exposição, falando de modo um pouco mais detalhado sobre as impurezas que podem
estar contidas na água. Estas impurezas podem ficar concentradas nos lodos das estações
de tratamento de água (ETAs) e das estações de tratamento de esgotos (ETEs) e causam
muitos problemas ambientais.
Você sabe a classe do principal manancial da sua cidade e quais as principais impurezas
encontradas nele?
Classificação
Significado
Parâmetro (físico, químico Possível origem
sanitário
ou biológico)
DBO
Coliformes
Cor
pH
Endrin
Turbidez
Mercúrio
Nitrato
Fósforo
Vamos conferir!
Vamos falar um pouco mais detalhadamente sobre alguns parâmetros que servem para
monitorar: a) a qualidade do corpo de água; b) o tratamento de água; c) o tratamento de
esgoto; e d) a qualidade do efluente que será descartado.
Entre os métodos utilizados para medir a cor, pode-se citar a comparação visual e colori-
métrica. A cor é expressa em unidade de cor (uH).
Entre os parâmetros químicos, podem-se citar pH e diversas substâncias que devem ser
monitorados antes e depois do tratamento de esgoto e de água, de forma a assegurar a
qualidade do efluente que será lançado no corpo de água e também a qualidade da água
que será distribuída à população. Começaremos falando sobre o pH, que é um parâmetro
muito medido, tanto durante o tratamento da água quanto do esgoto.
O pH varia de 0 a 14
Em seu local de trabalho, você costuma medir alguma substância química? Quais são as
mais comuns?
Fonte http://www.splabor.com.br/
presente nos esgotos é um dos principais
problemas de poluição dos corpos d’água.
Os microrganismos que dela se alimentam,
utilizam oxigênio dissolvido (OD) para degra-
dá-la. Isso reduz a concentração de OD na
água e pode, por exemplo, levar à mortan-
dade de peixes.
Há também substâncias químicas que são utilizadas durante o tratamento de água e que
devem ser quantificadas para verificar se ficou a quantidade mínima ou máxima permitida
ou necessária na água.
Você sabe quais são essas substâncias e qual o valor máximo permitido delas na água
distribuída à população? Qual a sua importância sanitária?
Você deve estar se perguntando: “Tem tanto tipo de água, umas mais poluídas, outras
menos. Será que todas elas podem ficar potáveis? Será que existem formas de tratamento
diferentes daquela usada na ETA onde eu trabalho? O tratamento na ETA e da minha cidade
é adequado? Se a água bruta é diferente, o tratamento também deve ser diferente?” Vamos
começar a discutir esses assuntos a partir de agora.
- Discutir e refor-
mular os conhe-
cimentos prévios
dos profissionais
em treinamento
sobre tipologias
Existem diferentes tipos de água, existem também diferentes maneiras
de tratamento de
de tratá-la. Contudo, é importante lembrar que a qualidade da água,
água.
após o tratamento, deve sempre atender ao padrão de potabilidade
vigente no Brasil, independentemente da técnica utilizada. A escolha - Reformular e
da tecnologia adequada para tratar a água pode proporcionar econo- ampliar conceitos
mia na construção e manutenção da estação de tratamento de água, sobre técnicas
além de gerar menor volume de resíduos durante o tratamento. de tratamento de
água por filtração
Nas próximas páginas, discutiremos diferentes maneiras de tratar rápida e por
a água. Para começar, leia quais são os objetivos desta atividade filtração lenta.
que iniciaremos.
- Discutir e ampliar
os conceitos sobre
etapas de trata-
Vamos responder a algumas questões relacionadas ao tratamento
mento comuns a
da água e à operação das ETAs.
todas as tipologias
de tratamento.
Como a operação inadequada da ETA pode aumentar o volume de
resíduo gerado durante o tratamento da água? - Ampliar os
conceitos de
tecnologias menos
usuais de trata-
mento de água.
- Discutir como
Qual a importância de se operar a ETA adequadamente? Como o uma água pode
operador pode contribuir para essa operação ser adequada? ser considerada
adequada para
consumo huma-
no, o conceito
e a finalidade
do padrão de
potabilidade.
O tratamento da água tem como objetivo melhorar a qualidade da água bruta, retirando
impurezas que possam causar danos à saúde humana. Um estudo prévio da água a ser
tratada é essencial, pois, em função das suas características físicas, químicas e bioló-
gicas, pode-se definir a tecnologia mais adequada para seu tratamento, proporcionado
economia na implantação e operação da estação, maior eficácia no tratamento e menor
geração de resíduos.
Qualquer água, do ponto vista técnico, pode ser tratada. No entanto, o risco sanitário e o
custo do tratamento de águas muito contaminadas podem ser tão elevados que tornam o
tratamento inviável. Daí a importância de se protegerem os mananciais.
De maneira geral, podem-se dividir as técnicas de tratamento nos três grupos seguintes: 1)
os que filtram a água rapidamente em um meio granular (areia ou areia e antracito); 2) os
que filtram a água lentamente em um meio granular (em geral, areia) e 3) os que tratam as
águas por tecnologias de tratamento mais sofisticadas e menos comuns.
Complete os balões em branco com os tipos de tratamento de água que você conhece e
depois confira suas respostas com o que será apresentado pelo instrutor.
Tratamento
Tratamento
de água
de água
Tratamento
Tratamento no no qual
qual
a aágua é filtrada
água é filtrada
lentamente
lentamente
Tratamentos
Tratamento
menos comuns
menos comuns
A escolha do conjunto de técnicas mais adequadas para tratar a água está diretamente
relacionada a) à qualidade da água bruta; b) aos custos de implantação e de operação do
sistema de tratamento; c) aos impactos ambientais que podem ser causados; d) à capacidade
da população local de operar e de manter a ETA. Uma água com qualidade adequada para
consumo contribui para a saúde da população.
Na tabela a seguir, tem-se uma orientação geral do limite de aplicação recomendados para
diversas tecnologias de tratamento em função da qualidade da água bruta.
Os valores da tabela servem apenas como referência. Na prática, para escolha da tecnolo-
gia de tratamento, devem-se realizar estudos de tratabilidade em escala de bancada e em
escala piloto.
A água é filtrada rapidamente, utilizando-se filtros que funcionam com uma taxa de filtração
elevada, como, por exemplo, 300 m3/m2 × dia. Isso equivale a dizer que, em um dia, são
filtrados 300.000 litros de água em cada metro quadrado de área de filtro.
Entre as técnicas de tratamento que utilizam a filtração rápida, pode-se citar: a) tratamento
convencional, b) tratamento com flotação, c) filtração direta ascendente e descendente, d)
filtração direta descendente com floculação e e) dupla filtração.
Vamos pensar juntos? Você sabe o que é tratamento convencional? Quantas e quais são
as etapas em que ele se divide?
Deve-se fazer a coagulação com muito cuidado, pois dela dependem todas as outras etapas
do tratamento.
Decantador: após a formação dos flocos nos floculadores, a água é conduzida para os
decantadores. A decantação é uma operação em que se promove a sedimentação dos flocos
formados, retirando-se assim parte das impurezas contidas na água. Nessa etapa, a água
passa por um tanque com uma velocidade baixa, de maneira que os flocos se depositem no
fundo. A água decantada, já clarificada (mais limpa), é coletada por meio de calhas coletoras
e conduzida para os filtros.
O filtro rápido descendente é constituído por um tanque com uma laje de fundo falso. Abai-
xo dessa laje, existem tubulações para recolher a água filtrada. Já em cima da laje, há uma
camada suporte, composta de pedregulhos. Por cima da camada suporte, fica o leito (meio)
filtrante, que é onde as impurezas ficarão retidas durante a filtração.
Duração da carreira de filtração: é o tempo que a água fica filtrando, até que o filtro tenha
de ser lavado. Para filtros rápidos, esse valor é da ordem de 24 a 48 horas. Carreiras de
filtração curtas implicam maior consumo de água para lavagem dos filtros, geram mais
resíduos e podem ser um indicativo de que há algum problema em uma das etapas de
tratamento da água.
Esse sistema de tratamento é utilizado quando a água a ser tratada forma flocos com baixa
velocidade de sedimentação. A seqüência de tratamento é a mesma do tratamento conven-
cional, só que a decantação é substituída pela flotação.
A remoção do lodo formado durante a flotação pode ser realizada por meio de raspadores
ou por inundação, na qual se aumenta o nível da água, no interior da câmara de flotação,
através do fechamento da canalização de saída da mesma até ocorrer o extravasamento da
água superficial, juntamente com o lodo.
Filtração direta
O sistema de tratamento por filtração direta é recomendado para tratar água com menos
impurezas. A água a ser tratada passa pelas seguintes etapas: coagulação, filtração, desin-
fecção, fluoretação e correção de pH, esta última quando necessária. A filtração pode ser
ascendente ou descendente.
A lavagem dos filtros, tanto descendentes quanto ascendentes, é sempre feita pela introdução
de água (ou ar e água) de baixo para cima. É o que se denomina retrolavagem.
A taxa de filtração dos filtros descendentes é da ordem de 300 m3/m2 × dia, enquanto a dos
filtros ascendentes é normalmente inferior a 150 m3/m2 × dia.
te com floculação
Dupla filtração
Até aqui se falou sobre vários tipos de tratamento que utilizam filtração rápida. A seguir,
serão abordados tipos de tratamento de água que utilizam a filtração lenta. Você acha que o
uso de coagulantes na filtração lenta é necessário? Qual a diferença entre as características
do lodo gerado na filtração rápida e as do lodo gerado na filtração lenta?
Entre os tipos de tratamento em que se utiliza a filtração lenta, pode-se citar a filtração
lenta propriamente dita e a filtração em múltiplas etapas.
Filtração lenta
Nesse sistema de tratamento, a água bruta chega à ETA e vai diretamente para o filtro lento.
Após a filtração da água, faz-se a desinfecção, a correção de pH, quando necessária, e a
fluoretação.
A duração da carreira de filtração nos filtros lentos é longa, podendo chegar a três meses
ou mais.
Nesse sistema de tratamento, a água bruta passa por uma pré-filtração dinâmica. Em seguida,
passa por outra filtração em pedregulho e areia grossa. Depois, passa pela filtração lenta.
Filtração em membranas
Existem diversos meios e produtos para se fazer a desinfecção, podendo-se citar o uso do
cloro gasoso, hipoclorito de cálcio, hipoclorito de sódio, dióxido de cloro, ozônio e radiação
ultravioleta.
O cloro e seus compostos são os desinfetantes mais utilizados no Brasil, devido, principal-
mente, ao seu poder de desinfecção e ao fato de seu custo ser relativamente acessível. A
dose de cloro a ser aplicada durante o tratamento da água deve ser suficiente para garantir
cloro residual livre em qualquer ponto da rede de distribuição de água.
Dente com
fluorose
Como saber se a água é potável, se ela não vai causar danos à saúde de quem a consome?
Será que existe alguma legislação que defina as características da água que será distribuída?
Será uma ETA pode causar problemas ambientais? Esse é o próximo assunto.
Portaria MS nº 518/2004
Você já ouviu falar da Portaria MS nº 518/2004? Em seu local de trabalho há uma cópia
dessa Portaria? Que parâmetros citados na Portaria MS nº 518/2004 você analisa em seu
local de trabalho?
N06/726620051
Fonte: http://www.flickr.com/photos/9722894@
ser utilizadas planilhas, registrando-se os
valores dos parâmetros monitorados na
estação de tratamento de água e na rede
de distribuição.
Vimos diferentes tecnologias de tratamento para se tratar a água. Você pôde observar que,
dependendo da técnica utilizada para tratar a água, esta passa por diferentes etapas. No
entanto, independentemente de qual seja a tecnologia utilizada para tratar a água, ao final
do tratamento ela deverá atender ao padrão de potabilidade. Vale lembrar que todas as
tecnologias de tratamento de água geram resíduos – umas mais, e outras menos. Deve-se
tratá-los e dar-lhes um destino correto.
Você deve estar pensando: essa água que foi tratada será utilizada pelas pessoas. Qual será
o destino final? O esgoto gerado será coletado e tratado? Como? Vamos discutir agora esses
assuntos.
- Discutir e refor-
mular os conhe-
cimentos prévios
dos profissionais
em treinamento
sobre técnicas
Apesar de o tratamento do esgoto doméstico ser responsabilidade das
de tratamento de
prefeituras e do governo de cada estado, a realidade encontrada na
esgoto.
maioria das cidades brasileiras é a falta de tratamento ou um tratamen-
to deficiente. É comum encontrar esgotos sendo lançados em corpos - Reformular e
de água, o que traz prejuízos à fauna, à flora e ao ser humano. ampliar conceitos
sobre os níveis
Nas próximas páginas, discutiremos as diferentes maneiras de tratar de tratamento de
o esgoto doméstico. Para começar, leia quais são os objetivos desta esgoto.
atividade que iniciaremos.
- Discutir e ampliar
A próxima tabela apresenta dados das cinco regiões do Brasil de conceitos sobre
distritos que têm coleta de esgoto sanitário com tratamento e sem etapas de trata-
mentos preliminar
tratamento e os tipos de corpos receptores.
e primário.
É responsabilidade da empresa industrial tratar seus esgotos. Esse tratamento poderá ser
físico, químico ou biológico, de acordo com as características do esgoto. Muitas vezes,
o esgoto industrial é lançado na rede coletora de esgoto doméstico. Isso pode acontecer
quando a empresa responsável pela coleta de esgoto doméstico permite e quando esse
esgoto não interferir nas características do esgoto doméstico de forma a prejudicar o
tratamento. Algumas indústrias costumam corrigir o pH do esgoto gerado, antes de lançá-
lo na rede pública.
Normalmente, o processo utilizado para tratar o esgoto doméstico é o biológico. Esse trata-
mento visa a reduzir os impactos no meio ambiente ocasionados pelo lançamento do esgoto
in natura nos corpos de água.
O esgoto pode ser tratado nos seguintes níveis: preliminar, primário, secundário e terciário.
No Brasil, em quase todas as estações de tratamento de esgotos – ETEs –, o esgoto é tratado
até o nível secundário. Pouquíssimas estações fazem o tratamento terciário.
Tratamento primário
O tratamento preliminar pode remover cerca de 60% a 70% de sólidos sedimentáveis e 25% a
35% de matéria orgânica (DBO). Isso contribui para que a carga orgânica afluente às unidades
subseqüentes seja menor.
Tratamento secundário
No tratamento secundário, ocorre a metabo-
lização da matéria orgânica. Esta pode estar
dissolvida ou em suspensão e sua degrada-
Aeróbios – em presença de oxigênio.
ção pode ser realizada tanto por processos
Anaeróbios – em ausência de oxigênio.
aeróbios quanto anaeróbios.
intermediario/lodos_ativados/foto5.htm
Fonte: http://200.144.74.11/sabesp_ensina/
diversos organismos, sendo que as bactérias
desempenham um papel fundamental.
Vamos conferir!
Quando se utiliza o processo de lodos ativados para remoção de nutrientes (nitrogênio e fósforo), há
uma zona anóxica e uma zona anaeróbia no reator. A zona anóxica poderá ficar tanto a montante
quanto a jusante do reator. Neste caso, os nitratos que são formados durante o tratamento são
utilizados pelos organismos (organismos facultativos) que sobrevivem tanto em condições aeróbias
quanto em condições anóxicas. Dessa maneira, o nitrato é reduzido a nitrogênio gasoso, escapando
para a atmosfera. Já para remoção de fósforo, inserem-se zonas anaeróbias a montante do reator
biológico, sujeitando a biomassa a condições ora anaeróbias, ora aeróbias. Certos organismos
acabam absorvendo o fósforo em quantidades superiores às necessárias para o seu metabolismo.
Quando o efluente do reator é conduzido para o decantador secundário, a biomassa que absorveu
quantidades elevadas de fósforo sedimenta, sendo então retirado o fósforo.
Vantagens Desvantagens
Lagoa facultativa – É mais rasa, com profundidade em torno de 1,5 m. Necessita de grandes
áreas em planta, facilitando a insolação e realização da fotossíntese pelas algas.
Nela, o esgoto é tratado aerobicamente na parte superior, onde há oxigênio disponível suficiente,
o que permite que as bactérias aeróbias metabolizem a DBO solúvel e a DBO finamente parti-
culada. No fundo da lagoa, a matéria orgânica sedimentada é estabilizada anaerobicamente.
Lagoas de alta taxa – Essas lagoas são bem rasas, com profundidade em torno de 80 cm,
possibilitando insolação completa e elevada atividade fotossintética. Isso faz com que o
esgoto seja todo tratado por processo aeróbio e que também ocorra a remoção de nutrientes
e a mortandade de organismos patogênicos.
Lagoa de maturação
Vantagens Desvantagens
Reatores aeróbios com biofilme – Nesse sistema, a biomassa cresce aderida a uma camada
suporte. Como exemplos desses sistemas, podem-se citar os filtros de baixa carga, filtros
de alta carga, biofiltro aerado submerso e o biodisco.
Com o tempo, a biomassa aderida ao meio suporte cresce e solta-se, sendo removida no
decantador secundário.
É chamado de baixa carga porque a quantidade de matéria orgânica aplicada por unidade
de volume do filtro é baixa, o que faz com que haja falta de alimentos para as bactérias,
fazendo com que elas metabolizem seu material celular. Assim o lodo gerado já sai estabi-
lizado e ocorre uma maior eficiência do sistema na remoção de DBO.
Filtro de alta carga – O sistema é semelhante ao filtro de baixa carga, porém a quantidade
de carga aplicada por unidade de volume é maior, não ocorrendo a estabilização do lodo.
Biodisco – É constituído por vários discos que, ao girar, entram em contato com o esgoto
que será tratado, formando uma película (biomassa aderida aos discos).
Fonte: http://www.searsa.es/images/
BIODiscos.jpg
Uma outra maneira de se tratar o esgoto é fazer sua disposição no solo, onde ocorrem meca-
nismos físicos, químicos e biológicos. Contudo, antes de se fazer a disposição, o esgoto deve
passar por tratamento primário ou secundário, dependendo de como ele será disposto.
A aplicação no solo pode ser realizada por infiltração lenta, infiltração rápida, infiltração
superficial, escoamento superficial e terras úmidas construídas. As condições climáticas e
o tipo de solo têm grande influência na absorção do efluente; além disso, a disposição deve
ser intermitente, de forma a não saturar o solo e reduzir os impactos ambientais.
Infiltração lenta - Na infiltração lenta, o esgoto pode ser aplicado ao solo por meio de
aspersores. Parte do esgoto evapora, parte percola, e a maior parte é absorvida por plantas,
que dessa maneira adquirem os nutrientes necessários para seu desenvolvimento.
Infiltração rápida - Nesse sistema, o solo comporta-se como um filtro, no qual a água
residuária é clarificada pela filtração no solo, recarregando o lençol freático.
Escoamento superficial
Necessitam de
Tipos de tratamento tratamento primário
Sim Não
Lodo ativado convencional
Lagoa aerada
Reator UASB
Biodisco
Filtro anaeróbio
Vamos comentar!
Agora que já vimos diferentes maneiras de se tratar a água e o esgoto, você deve estar se
perguntando para onde vão todas as impurezas tiradas da água e do esgoto. Será que terão
um destino correto? Esse será o nosso próximo assunto.
- Reformular e
Vamos começar discutindo em conjunto as seguintes questões:
ampliar conceitos
sobre técnicas de
Para você, o que é resíduo sólido?
tratamento dos
resíduos de ETAs
e ETEs.
- Discutir as eta-
pas de tratamento
de resíduos de
ETAs e ETEs .
Você conhece alguma lei, resolução ou norma que indica o que deve
ser feito com os resíduos gerados durante os tratamentos de água
e de esgoto?
Descarga do lodo do
decantador de uma ETA
Quando se fala de legislação, vale lembrar que a Constituição é a lei fundamental do país.
As leis não podem contrariar a Constituição e têm força obrigatória, ou seja, todos têm de
fazer o que elas determinam.
Às vezes, a lei necessita de ser detalhada. Em casos assim, diz-se que a lei tem de ser regu-
lamentada por meio de decretos e regulamentos expedidos pelo chefe do Poder Executivo
(presidente da República, governador ou prefeito) ou por instruções normativas, resoluções,
portarias, etc., que são editadas por outras autoridades administrativas. Esses atos de regu-
lamentação não podem contrariar a lei que pretendem regulamentar, nem ir além do que
ela diz. Por isso têm tanta força obrigatória quanto a própria lei.
Vale lembrar que essa Resolução não menciona o destino dos resíduos gerados em ETAs.
Muitas vezes, resoluções determinam que determinada norma da ABNT (Associação Brasi-
leira de Normas Técnicas) seja adotada como referência. Assim, apesar de não terem força
obrigatória por si mesmas, essa normas técnicas devem ser seguidas.
A NBR 10004 ABNT “Resíduos sólidos – Classificação” define resíduos sólidos como resíduos
nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, domés-
Aterro sanitário
fotos/3/Aterro.JPG
http://www.am-raiapinhal.com/
De acordo com a ABNT NBR 8419/1984,
aterro sanitário é uma técnica de dispo-
sição de resíduos sólidos urbanos no solo
sem causar danos à saúde pública e à
sua segurança, minimizando os impactos
ambientais. Aterro sanitário
Muitas vezes, o operário que está lançando os resíduos, sem tratar, no corpo de água, não
sabe que ele também pode ser responsabilizado por esse ato.
Você sabia? O art.5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal diz que qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente
e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Fonte: http://cienciasfisicas.blogs.sapo.pt/arquivo/
Planeta%20Terra%20II.jpg
Ao invés de o próprio cidadão entrar com uma ação popular, pode denunciar o fato ao
Ministério Público, que irá analisá-lo e tomar as medidas cabíveis.
Vamos elaborar uma lista dos impactos que podem ocorrer com o
lançamento dos resíduos gerados durante os tratamentos da água e
do esgoto nos corpos de água sem o tratamento adequado?
Dar destino inadequado aos resíduos gerados na ETA e na ETE provoca impactos ambientais,
como a contaminação do solo e dos corpos d’ água. Esses impactos, por sua vez, trazem
conseqüências à fauna, à flora e ao próprio homem.
Tratar a água, até pouco tempo atrás, era simplesmente remover suas impurezas. Não existia muita
preocupação com os resíduos gerados nem com a saúde das pessoas envolvidas no trabalho.
Contudo, uma visão gerencial mais ampla é fundamental para que os tratamentos de água e de
esgoto sejam realizados de forma eficaz e que não prejudique o meio ambiente
A maioria das ETAs que vêm funcionando no país não foram projetadas para terem os seus resíduos
recolhidos e tratados adequadamente. Um exemplo é a forma da limpeza dos decantadores.
A proteção dos mananciais é fundamental para melhorar a qualidade da água que será
tratada e também para diminuição do lodo gerado durante o tratamento.
Será que o lodo da ETE tem a mesma característica do lodo de ETA? Será que o tratamento
deve ser o mesmo? É sobre isso que vamos falar agora.
Você acha que os impactos ocasionados pelo lançamento do esgoto de ETA são iguais
aos da ETE?
Normalmente, quando uma cidade trata o seu esgoto, é dado um destino adequado ao
lodo gerado durante o tratamento. Um dos motivos é que, dependendo do tipo de técnica
utilizada para tratar o esgoto, a concentração do lodo (biomassa mais matéria orgânica
remanescente) é mais elevada do que a concentração do próprio esgoto bruto. Assim, seu
lançamento no corpo de água ocasiona impactos tão expressivos quanto o lançamento do
próprio esgoto sem tratamento.
Legenda:
1 – Entrada de lodo 4 – Filtro-prensa
2 – Digestores 5 – Esteira
3 - Floculador 6 – Tortas
Reator anaeróbio
Lagoas de estabilização
Biodisco
Compare a sua resposta com os dados da próxima tabela, a qual apresenta a freqüência
de remoção de lodo de acordo com o tipo de tratamento utilizado e da quantidade de lodo
gerado no tratamento.
Vale lembrar que, no tratamento de água, dependendo de como a água está presente no
floco, sua remoção será mais difícil.
Fonte: Prosab
O adensamento e o desaguamen-
to/desidratação do lodo de ETE têm
o mesmo objetivo do lodo de ETA:
concentrar os sólidos e diminuir
Retirada do lodo da lagoa de estabilização sua umidade, respectivamente.
1 - Água
intersticial ( ) Esta água está adsorvida ao floco, envolven-
do por completo sua superfície. Está unida a
partículas por forças adsorvidas ou adesi-
vas, não podendo mover-se livremente.
Espessamento
Entrada do lodo
Ele pode ser realizado por gravidade ou por flotação,
utilizando-se sedimentadores ou flotadores, respectiva-
mente. O adensamento por gravidade pode se realizado
continuamente ou em batelada.
Quando se faz o abrandamento com cal da água a ser tratada, o lodo gerado na ETA, normal-
mente, é mais fácil de ser espessado. Já quando se usam sais de Ferro ou de Alumínio como
coagulantes, geralmente, é mais difícil o espessamento por gravidade.
Já nas ETEs, o lodo, após ser adensado, segue para a etapa de digestão, e o sobrenadante
deve ser retornado ao início do tratamento.
Taxa de aplicação de sólidos (TSA) – é a massa seca em quilos de sólidos totais aplica-
dos por dia, por unidade de área útil em planta (kg de SST/m2 × dia).
As microbolhas injetadas para levar o lodo à superfície do flotador são produzidas pela
despressurização rápida de parte da vazão que entra no flotador (vazão de recirculação). A
redução repentina de pressão na corrente líquida saturada de ar (vazão de recirculação), vinda
de uma câmara de saturação, que, por sua vez, é alimentada por um compressor, permite
que se dissolva uma grande quantidade de ar na água. A pressão na câmara de saturação
chega a cerca de quatro vezes a pressão atmosférica.
Esquema de flotação
O adensamento por flotação é recomendado para o lodo de ETE, tanto o gerado durante o trata-
mento por lodo ativado, quanto o gerado em processos em que há remoção biológica de Fósforo,
na qual o lodo precisa ficar em condições aeróbias para não liberar Fósforo na massa líquida.
Vamos comentar!
Teor de sólidos
Sistema de tratamento de esgotos Processos
totais (%)
Tratamento primário (convencional) Gravidade 4–8
Lodos ativados convencional
∙ Lodo primário Gravidade 4–8
Gravidade 2–3
∙ Lodo secundário Flotação 2–5
Centrífuga 3–7
Gravidade 3–7
∙ Lodo misto
Centrífuga 4–8
Gravidade 2–3
Lodos ativados – aeração prolongada Flotação 3–6
Centrífuga 3–6
Filtro biológico de alta carga
∙ Lodo primário Gravidade 4–8
∙ Lodo secundário Gravidade 1–3
∙ Lodo misto Gravidade 3–7
Biofiltro aerado submerso
∙ Lodo primário Gravidade 4–8
Gravidade 2–3
∙ Lodo secundário Flotação 2–5
Centrífuga 3–7
Gravidade 3–7
∙ Lodo misto
Centrífuga 4–8
Fonte: von Sperling (2005)
A estabilização do lodo pode ser realizada por digestão anaeróbia, digestão aeróbia, trata-
mento térmico, ou estabilização química.
Você acha que esses gases contribuem para o efeito estufa e para o aquecimento global?
Ele é realizado dentro do digestor anaeróbio (reator fechado), que pode ser alimentado continua-
mente ou em batelada. O gás produzido durante a estabilização, normalmente, é queimado.
Você acha que o gás gerado durante a digestão anaeróbia poderia ser aproveitado?
Como? Para quê?
Digestão aeróbia com oxigênio puro – Neste processo, em vez de se utilizar o ar como
agente oxidante, utiliza-se oxigênio puro. Normalmente, utiliza-se a digestão com oxigênio
puro em ETEs de grandes porte, que já utilizam o oxigênio puro no reator biológico.
Digestão aeróbica termofílica – Este tipo de digestão tem como objetivo estabilizar e
desinfetar o lodo. Tem como vantagem a redução do tempo de detenção do lodo no digestor,
podendo estabilizar cerca de 70% da matéria orgânica presente no lodo em até três dias.
Contudo, é um processo mais caro e mais complexo de se operar.
Nas páginas anteriores, discutimos as etapas de tratamento do lodo gerado na ETA e na ETE.
Ainda há dúvida? Se não, vamos iniciar um outro assunto: os métodos mecânicos e naturais
de desaguamento do lodo. Você conhece alguns desses métodos?
Precipitação
Grau de insolação
Umidade
Vento
Lagoa de secagem de lodo (usada em ETEs) – Esta lagoa, no caso de lodo de ETE, é
utilizada para a) adensamento; b) digestão complementar; c) desaguamento; e até para d)
disposição final, ficando o lodo armazenado por até cinco anos.
Observe, na próxima tabela, alguns resultados obtidos com o uso da manta geotêxtil sobre
o leito. Nela, apresentam-se alguns parâmetros analisados do lodo de uma ETA e do líquido
drenado quando se utilizou a manta geotêxtil.
O desaguamento do lodo poderá ser realizado por processo mecânico ou natural. Entre os
métodos de desaguamentos mecânicos, podem ser citados: a) filtro prensa, b) centrífuga,
c) filtro a vácuo com tambor rotativo, d) prensa desaguadora. Esses métodos podem ser
utilizados tanto para desaguar o lodo de ETA quanto de ETE.
Observa-se, no esquema, um
parafuso, o qual gira no interior
do tambor, com uma velocidade
menor que a do tambor, condu-
Esquema de centrífuga zindo a descarga de sólido para
fora do equipamento.
Processos mecânicos em geral conseguem desaguar por volta de 30% do lodo de ETA.
Método mecânico
Vantagens Desvantagens
de desaguamento
Prensa desaguadora
Centrífuga
Filtro a vácuo
com tambor rotativo
Filtro prensa
Já a próxima tabela apresenta a faixa de valores do teor de sólidos totais, do lodo de ETE desa-
guado por processos mecânicos e naturais, utilizando diferentes sistemas de tratamento.
Custo
Técnica Aplicações Limitações
relativo
Prensa desa- Capaz de obter um lodo relativamen- Sua eficiência é muito sensível às ca- Baixo
guadora te seco, com 40-50% de sólidos se- racterísticas da suspensão.
cos. Lodo de sulfato 15 a 20%. As correias podem deteriorar-se ra-
pidamente na presença de material
abrasivo.
Decantação Capaz de obter um lodo desidratado Não tão efetiva na desidratação como Médio
centrífuga com 15-35% de sólidos. Lodo de sul- a filtração.
fato 16-18%. Lodos de cal desidratam- O tambor está sujeito à abrasão.
se mais facilmente. Taxa de captura de
sólidos entre 90-98%. Adequada para
áreas com limitação de espaço.
Filtro prensa Usado para desidratar sedimentos Necessita de aplicação de cinza e cal. Alto
finos. Capaz de obter torta com 40- Elevação do pH a 11,5.
50% de sólidos em lodos de cal, com Troca do meio filtrante demorada.
uma taxa de captura de até 98%. Elevado custo operacional e de energia.
Filtro rotativo Mais indicado para desidratar sedi- É o método menos eficaz de filtração. Mais baixo
a vácuo mentos finos granulares, podendo Elevado consumo de energia.
obter torta de até 35-40% de sólidos e
uma taxa de captura entre 88 a 95%.
Higienização
No Brasil, os processos mais utilizados para desinfecção do lodo de ETE são: desinfecção
com adição de cal e compostagem.
Desinfecção com adição de cal – Quando se utiliza a cal para se fazer a desinfecção do
lodo, deve-se procurar elevar o pH para que se obtenham os resultados desejáveis. O valor do
pH deve ser maior que 12, e o período de contato da cal com o lodo deve ser de, pelo menos,
72 horas. Além disso, a temperatura deve ser superior a 52°C e, depois, o lodo deve ser seco
em temperatura ambiente, de forma a atingir uma concentração de sólidos de 50%.
Já vimos formas de desaguar o lodo e sabemos que alguns tipos de lodo devem ser higie-
nizados. Você deve estar se perguntando: “Qual será o destino final do lodo?” É sobre isso
que vamos falar agora.
A disposição final dos resíduos gerados na ETA vem sendo realizada das seguintes maneiras:
disposição em aterro sanitário, disposição no solo, lançamento em rede de esgoto, uso em
materiais de construção e até na recuperação do coagulante presente no lodo.
Espalhar os resíduos em solo natural ou na agricultura é uma opção que vem sendo apre-
sentada como destino final de resíduos. Alguns autores apresentam vantagens, como o
aumento da porosidade do solo, permitindo assim maior retenção de umidade e aumento
de sua coesividade. Contudo, essa opção vem sendo descartada em países que costumam
fazer isso, devido à possibilidade de contaminação do solo e até do lençol freático por
metais pesados.
Outro inconveniente da aplicação do lodo no solo é que o lodo contendo Alumínio adsorve
o Fósforo, diminuindo a produtividade do solo.
O lodo de ETA também já vem sendo estudado para utilização na fabricação de telhas.
O método de recuperação por via ácida vem sendo utilizado no Canadá, nos Estados Unidos
e no Japão. Nesse processo, adiciona-se ácido sulfúrico ao lodo desidratado, transformando
os hidróxidos de Alumínio, por exemplo, em espécies químicas solúveis de Alumínio. O pH
final é em torno de 2, obtendo-se uma recuperação de coagulante entre 50% e 70%.
Entre as opções de disposição final para lodos de ETE, podem-se citar: a) descarga oceânica;
b) incineração; c) aterro sanitário; d) disposição superficial no solo; e) recuperação de área
degradada; e f) reciclagem agrícola.
Seu trabalho bem realizado pode contribuir para minimizar os resíduos gerados tanto na
ETA quanto na ETE. É muito importante que você se organize para realizá-lo da melhor
maneira possível. Não deixe de pedir ajuda quando precisar. Troque experiências com seus
colegas, peça para realizar cursos, estude, procure professores de escolas e universidades
e recorra aos órgãos que são seus parceiros nesse trabalho tão importante de tratar a água
e o esgoto para a população.
Situação do dia-a-dia
a) Por que você acha que está ocorrendo mau cheiro e doenças na
população que vive à beira do rio?
d) O que você, como cidadão, pode fazer para que isso seja modi-
ficado? E no seu trabalho?
Abastecimento de Água para Consumo Humano. Léo Heller e Valter Lúcio de Pádua (Orga-
nizadores). Belo Horizonte: UFMG, 2006, 859 p.
Hidráulica Aplicada às Estações de Tratamento de Água. Marcos Rocha Vianna. 3 ed. Belo
Horizonte: Imprimatur, 1997.
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgoto. von Sperling, Marcos. Belo
Horizonte: DESA, UFMG, 2005. 452 p.
Lodo de esgotos: tratamento e disposição final. Andreoli, von Sperling, Fernandes. Belo Hori-
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