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Esgotamento sanitário

Controle Básico de ETEs

Guia do profissional em treinamento

Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA


Promoção Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA

Realização Núcleo Centro-Oeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental – NURECO

Instituições Integrantes do NuReCO Universidade de Brasília (líder) | Universidade Federal de Mato Grosso do Sul |
Universidade Federal de Goiás

Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos/CT-Hidro do Ministério da Ciência e Tecnologia | Fundação Nacional de


Saúde do Ministério da Saúde | Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades

Apoio Organizacional Programa de Modernização do Setor de Saneamento - PMSS

Comitê Gestor da ReCESA Comitê Consultivo da ReCESA


- Ministério das Cidades -Associação Brasileira de Captação e Manejo de Águas de Chuvas – ABCMAC
- Ministério da Ciência e Tecnologia -Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES
- Ministério do Meio Ambiente -Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH
- Ministério da Educação -Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública – ABLP
- Ministério da Integração Nacional -Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais – AESBE
- Ministério da Saúde -Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento – ASSEMAE
- Banco Nacional de Desenvolvimento -Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica - Concefet
Econômico e Social (BNDES)
-Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia – CONFEA
- Caixa Econômica Federal (CAIXA) - Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional – FASE
- Federação Nacional dos Urbanitários – FNU
- Fórum Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas – Fncbhs
- Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas
Brasileiras – Forproex
- Fórum Nacional de Lixo e Cidadania
- Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental – FNSA
- Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
- Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS
- Programa Nacional de Conservação de Energia – PROCEL
- Rede Nacional de Capacitação em Recursos Hídricos – Cap-Net Brasil

Parceiros do NuReCO
- CAESB - Companhia de Saneamento Ambiental do distrito Federal
- EEC- UFG - Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás.
- SEMADES - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
- NOVACAP - Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil
- SANESUL - Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul S.A.
- SANEAGO - Saneamento de Goiás S.A.
- SANECAP - Companhia de Saneamento da Capital
- ÁGUAS DE GUARIROBA
Curso de Análise Água para Operadores de ETE’s: nível 2 / Nakaza-
to, Carlos Daidi; Rodrigues, Karina Bassan.
Brasília: ReCESA 2009.
181p.; il

Nota: Realização do NuReCO: Núcleo Regional Centro-Oeste de


Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental e
coordenação de José Goes Vasconcelos Neto, Carlos Nobuyoshi Ide
e Eduardo Queija de Siqueira

1. Esgotamento Sanitário; 2. Controle de ETE’s; 3. Saneamento 4.


Capacitação profissional

Conselho Editorial Temático

Professora Ricardo Bernardes – UnB


Professor Paula Loureiro Paulo – UFMS
Professor Ricardo Prado Abreu Reis – UFG

Elaboração deste guia

Engenheiro MSc.. Carlos Daidi Nakazato


Engenheira Dr.. Karina Bassan Rodrigues

Professor Responsável
Professor Marco Antônio Almeida de Souza

Projeto Gráfico – NUCASE / ReCESA

Diagramação – NuReCO / ReCESA


APRESENTAÇÃO DA RECESA
É impossível haver desenvolvimento saudável
sem uma população saudável; (...) Atenção es-
pecial deve ser dedicada (...)a políticas abran-
gentes e sustentáveis de abastecimento de água,
que garantam água potável segura e um sanea-
mento que impeça tanto a contaminação micro-
biana como química

Agenda 21, Capítulo 6


A constituição dos núcleos regionais foi a primeira
A Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológi- etapa de um processo continuado de estruturação da
ca em Saneamento Ambiental – ReCESA – tem o pro- ReCESA, que deve ser gradativamente ampliada para
pósito de reunir, articular e integrar um conjunto de adesão de outras instituições e entidades, inclusive
instituições e entidades com o objetivo de promover o aquelas de atuação nacional. É objetivo geral da rede
desenvolvimento institucional do setor mediante solu- desenvolver todas as temáticas relacionadas à gestão e
ções de capacitação, intercâmbio técnico e extensão operação dos serviços de saneamento por meio de
tecnológica. ações destinadas a:

A ReCESA rede estruturou-se em Núcleos Regionais em • Mobilizar e articular entidades gestoras, presta-
cada uma das regiões brasileiras, constituídos confor- dores de serviços, instituições de ensino, pes-
me as orientações e diretrizes da Chamada Pública quisadores, técnicos e organizações específicas
MCT/FINEP/CT-HIDRO – CAPACITAÇÃO – 01/2005. do setor;
Essa iniciativa foi financiada com recursos da Financia- • Promover a capacitação dos agentes envolvidos
dora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e nas atividades de saneamento;
Tecnologia (CT-HIDRO), da Secretaria Nacional de Sa- • Apoiar o desenvolvimento e facilitar a difusão e
neamento Ambiental do Ministério das Cidades e da o intercâmbio de políticas, boas práticas e técni-
Fundação Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. cas apropriadas;
Cada Núcleo Regional foi estruturado a partir da par- • Apoiar a produção, a disseminação e o inter-
ceria com operadoras de serviços de saneamento e câmbio de conhecimento, integrando pessoas e
outras entidades do setor que trabalhando em conjun- instituições através de comunidades virtuais;
to buscam desenvolver atividades na área da capacita- • Apoiar a implantação de políticas públicas supe-
ção, mantendo um enfoque multidisciplinar e integra- radoras dos problemas de saneamento.
do no conjunto das temáticas que integram o campo
do saneamento, a saber: abastecimento de água, esgo- A retomada dos investimentos no setor e o estabeleci-
tamento sanitário, gestão integrada dos resíduos sóli- mento de regras claras para o saneamento são com-
dos e manejo integrado das águas pluviais urbanas. promissos assumidos pelo governo federal para atingir
a universalização do acesso e a melhoria da qualidade
Para que a atuação dos núcleos regionais esteja em da prestação dos serviços. Para isso, será fundamental
sintonia com os princípios da rede, estes devem ter o investimento em capacitação dos gestores, regulado-
abrangência temática e capilaridade regional, atuando res, prestadores de serviços e dos próprios usuários.
em todas as frentes das ações de saneamento, consi- Dá-se um enfoque especial das atividades será nos
derando-se as políticas e técnicas de manejo, trata- prestadores de serviços pela carência de iniciativas de
mento e disposição específicas para cada tema e apro- capacitação para esse segmento de trabalhadores, a
priadas para cada região. Dessa forma, os Núcleos despeito da grande importância que os mesmos têm
Regionais buscam promover a formação e a capacita- no universo do saneamento.
ção dos profissionais que atuam no setor, assim como
as políticas públicas que disciplinam a intervenção de Texto baseado na
todos os agentes envolvidos nos diferentes componen- “Concepção Geral da Rede Nacional de Capacitação e
tes do saneamento. Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental “
Documento do GT – Capacitação
O NURECO OS GUIAS

O NuReCO – Núcleo Regional Centro-Oeste de A coletânea de materiais didáticos produzidos e


Capacitação e Extensão Tecnológica em Sane- apresentados pelo NuReCO é composta por 32
amento Ambiental – tem por objetivo o desen- guias que serão utilizados em oficinas de capaci-
volvimento de atividades de capacitação de pro- tação em saneamento. São dez guias relaciona-
fissionais da área de saneamento nas unidades dos à área de abastecimento de água, cinco tra-
da federação que compõe a região centro-oeste tando de temas em sistemas de esgotamento
brasileira. sanitário, oito materiais didáticos na área de
manejo de águas pluviais, sete versando sobre o
As metas que o NuReCO busca atingir são: tema de manejo de resíduos sólidos e dois sobre
1. Diagnosticar o público-alvo, oferta e demanda de temas que perpassam diversas dimensões do
atividades de capacitação e de extensão tecnoló- saneamento, denominados temas transversais.
gica em saneamento na região Centro-Oeste.
2. Realizar atividades de capacitação e de extensão Dentre as diversas metas estabelecidas pelo
tecnológica em saneamento
NuReCO, o desenvolvimento de matérias didáti-
3. Construir uma proposta/plano de capacitação e
certificação de operadores. cos no formato de Guias para Profissionais em
4. Desenvolvimento e produção de material didático. Treinamento merece destaque. Tais materiais
5. Desenvolvimento preliminar de instrumento para didáticos objetivam ser o apoio as oficinas de
avaliação das atividades de capacitação. capacitação em saneamento para trabalhadores
6. Elaborar ferramentas institucionais para divulga- que com níveis de escolaridade desde o primeiro
ção das atividades de capacitação do núcleo. grau incompleto até o nível superior. Cabe aqui
ressaltar o papel do Núcleo Sudeste de Capacita-
O NuReCO é coordenado pela Universidade de ção de Extensão Tecnológica em Saneamento –
Brasília – UnB – tendo como instituições co- NUCASE – no desenvolvimento de uma identida-
executoras a Universidade Federal de Mato Gros- de visual e abordagens pedagógicas que são
so do Sul e a Universidade Federal de Goiás. adotadas nos guias utilizados pelo NuReCO.
Atendendo os quesitos de abrangência temática Como resultado, busca-se estabelecer um diálo-
e de capilaridade regional, as universidades que go e troca de conhecimentos entre profissionais
integram o NuReCO têm como parceiros presta- em treinamento e instrutores. Para isso, cuidados
dores de serviços de saneamento e entidades especiais foram tomados com a forma de abor-
específicas do setor. dagem de conteúdos, tipos de linguagem e re-
cursos de interatividade.

Coordenação Institucional do NuReCO Coordenação Institucional do NuReCO


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................
................................................................................................
................................................................ 4
Material Recebido ........................................................................................... 4
Atividades Gerais do Operador ....................................................................... 5
CAPÍTULO 1 – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL, PADRÕES OPERACIONAIS, E DE
LANÇAMENTO ................................................................
...............................................................................................
............................................................... 8
1.1 - A Lei de Crimes Ambientais Relacionada ao Tratamento de Efluentes .. 8
1.2 - Princípios Legais Aplicados ao Tratamento de Esgotos – CONAMA
357/2005 ....................................................................................................... 10
Condições e Padrões de cada Classe........................................................ 12
Condições e Padrões de Lançamento........................................................ 14
1.3 - Princípios Legais ao Uso Agrícola de Lodo de Esgotos – CONAMA
375/2006 ....................................................................................................... 16
1.4 - O PRODES e o Tratamento de Esgotos................................................ 19
1.5 - Sistemas de Gestão Ambiental ............................................................. 19
CAPÍTULO 2 – NÍVEIS DE TRATAMENTO ....................................................
.................................................... 21
2.1 - Tratamento Primário.............................................................................. 21
2.2 - Tratamento Secundário......................................................................... 23
2.3 - Tratamento Terciário ............................................................................. 23
2.4 - Tratamento Avançado ........................................................................... 24
CAPÍTULO 3 - CONCEPÇÃO
CONCEPÇÃO DE ETEs................................
ETEs .........................................................
......................................................... 25
3.1 - Introdução ............................................................................................. 25
3.2 – Tipos de Processos ............................................................................... 28
3.3 - Configurações Básicas de Processos de Tratamento ........................... 30
3.4 – Princípios Básicos para Determinação do Sistema a Ser Implantado ... 35
CAPÍTULO 4 – TRATAMENTO PRELIMINAR ................................................
................................................ 37
4.1 - Etapas (unidades e controle de odor).................................................... 37
4.2 - Tipos de Equipamentos......................................................................... 41
Gradeamento manual................................................................................. 41
Gradeamento mecanizado ......................................................................... 42
Desarenadores........................................................................................... 48
4.3 - Operação e Manutenção Básica ........................................................... 50
Controle de Odor........................................................................................ 50
Equalização................................................................................................ 50
Gradeamento Manual................................................................................. 51
Sistema Mecanizado de remoção de sólidos grosseiros............................ 52
Sistema de Remoção de Areia (desarenação) ........................................... 53
4.4 - Destino dos Resíduos ........................................................................... 54
4.5 - Limpeza................................................................................................. 54
4.6 - Levantamento e Registros de Ocorrências ........................................... 54
CAPÍTULO 5 - TRATAMENTO PRIMÁRIO ....................................................
.................................................... 57
5.1 – Etapas do Processo .............................................................................. 57
Decantador Primário (DP) .......................................................................... 58
Adensador .................................................................................................. 59
5.2 – Operação e Conservação do Sistema ................................................... 60
Manobras de recirculação noturna ............................................................. 61
CAPÍTULO 6 – LODOS ATIVADOS................................
ATIVADOS ................................................................
................................................................ 63
6.1 - Descrição do Processo de Lodos Ativados Convencionalmente........... 63
Microbiologia de lodos ativados – Quem são “eles”? .................................. 67

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 1


Guia do Profissional em Treinamento - ReCESA
Bactérias .................................................................................................... 67
6.2 – Variações do Processo.......................................................................... 70
Lodos Ativados de Aeração Prolongada .................................................... 70
Valos de oxidação ...................................................................................... 71
Lodos ativados com remoção de nutrientes ............................................... 72
Aplicação de produtos químicos no reator.................................................. 75
Influência de parâmetros ambientais.......................................................... 76
6.3 – Parâmetros de Controle ........................................................................ 79
Oxigênio dissolvido .................................................................................... 79
Idade do lodo.............................................................................................. 80
Relação Alimento/Microrganismo............................................................... 81
Recirculação de lodo ativado ..................................................................... 81
Recirculação de esgoto no reator (nitrificação/denitrificação) .................... 82
6.4 - Aeração................................................................................................. 82
Vantagens e desvantagens dos sistemas de aeração ............................... 84
6.5 – Decantação Secundária ........................................................................ 86
Vantagens e desvantagens do processo de lodos ativados ....................... 94
6.6 – Destino do Lodo .................................................................................... 94
6.7 – Levantamento e Registros de Ocorrências............................................ 95
Problemas e procedimentos....................................................................... 99
CAPÍTULO 7 – REATORES ANAERÓBIOS ANAERÓBIOS DE FLUXOS ASCEDENTE (RAFA /
UASB)................................
UASB)................................................................
................................................................................................
.........................................................................
......................................... 101
7.1 - Descrição do Processo........................................................................ 101
7.2 - Funcionamento do Reator ................................................................... 103
7.3 - Parâmetros de Controle Operacional .................................................. 104
7.4 - Descarte de Lodos .............................................................................. 104
7.5 - Destino dos Lodos............................................................................... 105
7.6 - Coleta e Tratamento de Gases............................................................ 105
Coleta e disposição .................................................................................. 106
Tratamento Químico................................................................................. 106
Tratamento Biológico ............................................................................... 106
Vantagens e Desvantagens ..................................................................... 107
Problemas e Procedimentos .................................................................... 108
CAPÍTULO 8 - LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO ..............................................
.............................................. 110
8.1 - Descrição do Processo........................................................................ 110
Lagoas de Estabilização anaeróbia.......................................................... 110
Lagoas de Estabilização aeróbias............................................................ 112
Lagoas Facultativas ................................................................................. 113
Lagoas de Maturação............................................................................... 115
8.2 - Operação e Manutenção de Lagoas ................................................... 116
8.3 - Vantagens e Desvantagens ................................................................ 119
8.4 - Problemas e Procedimentos ............................................................... 120
CAPÍTULO 9 - DIGESTÃO DO LODO .........................................................
......................................................... 122
9.1 - Aeróbia................................................................................................ 122
9.2 - Anaeróbia............................................................................................ 123
CAPÍTULO
CAPÍTULO 10 - DESIDRATAÇAO DO LODO ..............................................
.............................................. 128
10.1 – Secagem Natural............................................................................... 129
Leitos de Secagem................................................................................... 129
10.2 - Lagoa de Lodo .................................................................................. 138
10.3 – Secagem Mecanizada ....................................................................... 139
Prensas Desaguadoras ............................................................................ 141

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 2


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Filtro Prensa ............................................................................................. 144
Decanter centrifugo ou Centrifuga............................................................ 147
10.4 - Qualidade Microbiológica .................................................................. 149
Vírus ......................................................................................................... 149
Bactérias .................................................................................................. 149
Protozoários ............................................................................................. 150
Helmintos ................................................................................................. 150
CAPÍTULO 11 - PÓS TRATAMENTO ..........................................................
.......................................................... 152
11.1 - Radiação Ultravioleta ........................................................................ 153
Vantagens e Desvantagens ..................................................................... 154
Limpeza da unidade ................................................................................. 155
Levantamento de registros e ocorrência .................................................. 155
CAPÍTULO 12 - LEVANTAMENTO E REGISTROS DE OCORRÊNCIAS ..... 156
12.1 - Registro e Descrição das Condições/Atividades Inseguras .............. 159
CAPÍTULO 13 - AMOSTRAGEM ................................................................
.................................................................
................................. 162
13.1 - Identificação da Amostra ................................................................... 162
13.2 - Coleta para Análises Físico-Químicas............................................... 164
Coletas Manuais....................................................................................... 164
Coletas Automáticas ................................................................................ 166
13.3 - Coleta para Análises Microbiológicas................................................ 168
CAPÍTULO 14 – MANUTENÇÃO OPERACIONAL ........................................
........................................ 171
14.1 - Ferramentas/Equipamentos .............................................................. 173
CAPÍTULO 15 - SAÚDE E SEGURANÇA EM ETEs................................
ETEs .....................................
..................................... 175
15.1 - Doenças de Veiculação Hídrica......................................................... 177
EPIs.......................................................................................................... 179
15.2 - Normas Regulamentadoras............................................................... 180

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 3


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INTRODUÇÃO

O controle operacional de uma Estação de Tratamento de


Atividades que
extrapolam aos Esgotos – ETE envolve atividades que extrapolam aos padrões
padrões
rotineiros de procedimentos isolados para cada etapa ou
rotineiros de
procedimentos unidade do tratamento. Este controle deve ser o resultado de
isolados para
uma visão ampla de todo o sistema de esgotamento sanitário,
cada etapa ou
unidade do em que o processo de tratamento de esgotos é um dos
tratamento,
passos a ser dado neste universo.
quando se
combina o
espírito de
A operação e manutenção podem ser consideradas como a
equipe, com as
ações parte motriz do controle operacional. Onde um bom
individuais dos
desempenho do processo de tratamento é concretizado
operadores
conhecerem a quando se combina o espírito de equipe, com as ações
matéria prima
individuais dos operadores ou responsáveis pelo processo de
da produção,
assim como o tratamento. Iniciando nas observações do operador ou do
tipo de
auxiliar ao longo de suas tarefas, passando pelas análises
transporte e o
fornecedor. técnicas até as ações/decisões do gestor da área.

Alem destes fatores internos, devem-se considerar as


observações das condições dos sistemas a montante (sistema
coletor) e a jusante (disposição dos efluentes) da área da
estação de tratamento os quais permitem uma visão correta e
completa dos problemas ou adequações a serem efetivadas
no processo.

Material Recebido

Os esgotos sanitários, ou águas residuárias, são formados por


despejos líquidos provenientes dos usos da água de origem
doméstica ou industrial, acrescentado de uma parcela de água
de infiltração e de águas pluviais provenientes das áreas

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 4


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descobertas dos lotes (considerando-se um sistema coletor
tipo “separador parcial”).
Para se controlar um processo, deve-se conhecer a matéria
prima da produção, assim como o tipo de transporte e o
fornecedor. Portanto é de interesse da operação saber as
variações da qualidade e da quantidade de seus afluentes de
modo a planejar uma melhor relação entre os procedimentos
operacionais e a estrutura de cada unidade do processo.

As decisões e responsabilidade dos materiais a serem


recebidos pela ETE são de toda a equipe operacional, pois,
para que a alta administração possa permitir a entrada de um
material especifico, deve ser dada a operação as devidas
condições de tratamento do produto, de modo que a unidade
mantenha a eficiência do processo e a qualidade de seus
efluentes. Em contrapartida, a equipe de operação deve
respaldar as ações, dando ciência quanto ao comportamento
da estação com os recebimentos.

A visão sistêmica de todo sistema de esgotamento sanitário


relativo à área de abrangência de uma ETE permite ao
operador provocar ações ou reações de outras áreas da
companhia, de modo a reduzir os custos operacionais e
mitigar os impactos ambientais.

Atividades Gerais do Operador

As atividades do operador variam conforme a sistemática


operacional adotada pela companhia detentora dos direitos e
deveres sobre o sistema de esgotamento sanitário, ou pelo
sistema de gestão implantado ou pelas determinações do
gestor da área.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 5


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A ficha profissiográfica do operador deve conter a manutenção
das instalações civis, dos equipamentos e do paisagismo da
estação, assegurando a salubridade do ambiente de trabalho,
assim como a saúde (inclusive a ergonomia) e segurança dos
colaboradores na área de trabalho. Sendo que a aplicação
destas responsabilidades pode ser repassada, caso a
companhia adote outra sistemática de manutenção civil
básica, como auxiliares de serviços gerais ou contratos de
prestação de serviço. Entretanto cabe ao operador o controle,
registro e fiscalização dos serviços necessários para o bom
desempenho da ETE:

a) Ao operador compete proceder às


observações/registros rotineiros e aos testes
laboratoriais básicos, com auxilio de equipamentos ou
laboratórios, bem como aplicar os resultados no
processo de controle operacional, de modo a ajustar a
eficiência do processo e o atendimento da legislação
aplicável.

b) Por ser o elemento da operação com maior


conhecimento das condições do processo e do sistema,
cabe a ele notificar/registrar ao superior imediato os
problemas em cada unidade de tratamento, entre eles a
entrada de materiais estranhos, a necessidade da
intervenção da equipe de manutenção, além dos
resultados alcançados pelo tratamento e a necessidade
de programação de produtos químicos de processo.

c) Quando dos serviços realizados pela equipe de


manutenção, o operador deve ser o vinculo entre esta e
o sistema de tratamento. Portanto cabe a ele programar
e executar as manobras operacionais necessárias para
a realização dos serviços de manutenção, autorizar o

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 6


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início e receber os serviços já executados e liberados
pela manutenção, permitir a entrada da equipe na área
e liberar/registrar a saída de qualquer equipamento.

d) Também é de sua responsabilidade registrar e solicitar


a falta de materiais, equipamentos (inclusive EPIs) e
ferramentas necessários ao bom desempenho das
suas tarefas, assim como é seu dever estar bem
informado acerca da instalação de novos
equipamentos, metodologias ou de ajustes aos
processos adotados no tratamento.

O Objetivo Portanto é necessário que na matriz de capacitação para


primeiro: o áreas operacionais, tenha como objetivo primeiro o
atendimento
aos atendimento aos operadores e aos responsáveis pelo
operadores processo de tratamento, quanto as suas necessidades
pelo processo
de tratamento. relativas ao sistema operacional.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 7


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CAPÍTULO 1 – LEGISLAÇÃO
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL, PADRÕES
OPERACIONAIS, E DE LANÇAMENTO

Os trabalhadores que atuam em áreas ligadas ao meio


ambiente, devem ser apresentados aos aspectos legais que
norteiam suas atividades. Além dos aspectos legais, devemos
ter em mente que a operação de ETEs não é regida apenas
pelas leis e resoluções, mas também por outros dispositivos
internos ou externos de cada companhia como parâmetros de
projetos, acordos firmados, ou programas em que a unidade
esteja inserida, como é o caso do PRODES –Programa de
despoluição de bacias.

Os principais aspectos legais são referentes à classificação e


enquadramento de corpos receptores, condições e
parâmetros de lançamento, uso de lodo de esgoto para
disposição na agricultura entre outras leis.

1.1 - A Lei de Crimes Ambientais Relacionada


Relacionada ao
Tratamento de Efluentes
Efluentes

A Lei de Crimes ambientais, ou Lei 9605/98, determina as


infrações, penalidades, agravantes e atenuantes em um crime
ambiental. Como colaboradores das empresas de
saneamento, que efetivamente tratam e lançam efluentes nos
corpos receptores, temos que conhecer os dispositivos legais
envolvidos na nossa atividade.

A Lei de crimes ambientais define que independente da


hierarquia somos todos responsabilizados no caso de crimes
ambientais (art. 2º).

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 8


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Por isso, melhor mesmo é conhecer um pouco da nossa
legislação ambiental. Quando houver algum crime ambiental,
mesmo que seja resultante de um acidente (que é um
acidente ambiental), a lei de crimes ambientais diz que a pena
é definida observando fatores como reincidência, a situação
econômica do infrator, a gravidade do fato e se este resultou
em conseqüências para a saúde e para o meio ambiente,
além dos agravantes e atenuantes. Para nosso conhecimento,
segue o que a Lei considera atenuante e agravante.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I. Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;


II. Arrependimento do infrator, manifestado pela
espontânea reparação do dano, ou limitação
significativa da degradação ambiental causada;
III. Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
degradação ambiental;
IV. Colaboração com os agentes encarregados da
vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não


constituem ou qualificam o crime:

I. Reincidência nos crimes de natureza ambiental;


II. Ter o agente cometido a infração:
a) Afetando ou expondo a perigo, de
maneira grave, a saúde pública ou o
meio ambiente;
b) Em domingos ou feriados;
c) À noite.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 9


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Temos ainda, vinculado ao nosso trabalho, a penalidade em
que podemos incorrer quando desenvolvemos nossa
atividade:

“Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento


de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática
existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas
jurisdicionais brasileiras:
“§ 2º Se o crime:

III. causar poluição hídrica que torne necessária a


interrupção do abastecimento público de água de
uma comunidade;

“§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo


anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a
autoridade competente, medidas de precaução em caso de
risco de dano ambiental grave ou irreversível.

1.2 - Princípios Legais Aplicados ao Tratamento


Tratamento de
Esgotos – CONAMA 357/2005

A Resolução CONAMA 357/05 é uma Resolução do Conselho


Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) que dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para
o seu enquadramento, e estabelece as condições e padrões
de lançamento de efluentes.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 10


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Para entendermos melhor o que esta Resolução estatui,
vamos esclarecer alguns termos que iremos utilizar daqui para
frente:

• Corpo receptor (ou hídrico) é toda água superficial


utilizada para o lançamento de efluentes.
• Enquadramento de corpos hídricos é uma meta definida
para ser alcançada ou mantida, em termos de
qualidade da água (classe), em um segmento de corpo
de água, conforme os usos principais pretendidos.
• Classe de qualidade: conjunto de condições e padrões
de qualidade de água necessários ao atendimento dos
usos preponderantes, atuais ou futuros;
• Classificação: qualificação das águas doces, salobras e
salinas em função dos usos preponderantes (sistema
de classes de qualidade) atuais e futuros

Os corpos hídricos podem ser classificados em água doce,


salina ou salobra, conforme a concentração de sal que
apresentam. Para nosso objetivo, estaremos focados na
classe de águas doces, que são subdivididas em classes,
conforme a qualidade da água que apresentam:

• Classe especial: é a classe que apresenta a melhor


qualidade. Estes corpos d’água podem ser utilizados
para abastecimento humano, sendo exigida apenas a
desinfecção. São utilizados também para preservar o
equilíbrio natural de comunidades aquáticas, assim
como dos ambientes aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral.
• Classe 1: nestes rios a água utilizada para
abastecimento necessita de tratamento simplificado,
podendo ser utilizados para a proteção das
comunidades aquáticas, esportes como natação, esqui

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 11


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aquático e mergulho (contato primário), irrigação de
hortaliças que são consumidas cruas e frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas
cruas e sem remoção de película. E também para a
proteção de comunidades aquáticas em terras
indígenas.
• Classe 2: a água de um corpo classe 2 que for utilizada
para consumo humano deverá ter tratamento
convencional, também utilizada para proteção da
comunidade aquática, a recreação de contato primário
pode ser liberada, e a água pode ser empregada na
irrigação de plantas frutíferas, parques, campos de
esporte e lazer, em que haja contato direto; à
aqüicultura e pesca.
• Classe 3: neste tipo de corpo hídrico, a água pode ser
utilizada para abastecimento humana desde que passe
por tratamento convencional ou avançado; apenas
culturas arbóreas ou forrageiras podem ser irrigadas
com água proveniente de corpo hídrico classe 3; a
pesca amadora é permitida, assim como atividades de
recreação de contato secundário (em que o contato
com a água é esporádico ou acidental e a possibilidade
de ingerir água é pequena, como na pesca e na
navegação; e dessedentação de animais.
• Classe 4: são rios ou trechos de rios que podem ser
utilizados para navegação e harmonia paisagística.

Condições e Padrões de cada Classe

Para classificar um rio ou um trecho de um rio, devemos


conhecer os parâmetros utilizados para esta classificação. A
Tabela 1.1 define as características de cada classe de corpo
hídrico.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 12


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Tabela 1.1
1.1 - Condições e padrões de cada classe
Parâmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Efeito tóxico
Não verificado Não verificado Não verificado -
Crônico
Materiais Virtualmente Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Flutuantes ausentes ausentes ausentes ausentes
Óleos e Graxas Virtualmente Virtualmente Virtualmente Iridescências
(mL/L) ausentes ausentes ausentes toleradas
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Gosto/Odor Não objetável
ausentes ausentes ausentes
Apenas os que Apenas os que
podem ser podem ser
removidos por removidos por
Corantes Virtualmente
coagulação, coagulação, -
antrópicos ausentes
sedimentação e sedimentação e
filtração filtração
convencionais convencionais
Resíduos
Virtualmente
sólidos - - -
ausentes
objetáveis
DBO5 (mg/L Até 3,0 Até 5,0 Até 10
O2)
Superior a
OD (mg/L) Superior a 6,0 Superior a 5,0 Superior a 4,0
2,0
Turbidez (UNT) Até 40 Até 100 Até 100 -
Cor verdadeira Natural do
Até 75 Até 75
(mgPt/L) corpo
pH 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0
Clorofila a -
Até 30 - -
(µg/L)
Densidade de 50.000 para
50.000
cianobactérias - dessedentação -
(cél/mL) de animais
Lêntico: 0,03
Fósforo total
- Intermediários: - -
(mg/L)
0,05
Substâncias Virutalmente
- - -
sedimentáveis ausentes

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 13


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Condições e Padrões de Lançamento

A CONAMA 357/05 explicita também as condições e os


padrões de lançamento de efluentes para os corpos
receptores. Em vários artigos esta resolução estabelece de
que forma nosso efluente deve ser lançado. Por exemplo, o
artigo 28 diz que os efluentes não poderão conferir ao corpo
d’água características em desacordo com sua classe e no art.
30 fica proibida a diluição do efluente antes do lançamento
para controlar as concentrações de lançamento, com águas
de melhor qualidade, tais como as águas de abastecimento,
do mar e de sistemas abertos de refrigeração sem
recirculação.

Especificamente para as águas de classe especial, o artigo 32


veda o lançamento de efluentes ou disposição de resíduos
domésticos, agropecuários, de aqüicultura, industriais e de
quaisquer outras fontes poluentes, mesmo que tratados. Isto
porque, conforme o art. 13, nas águas de classe especial
deverá ser mantida as condições naturais do corpo d’água.

Outra observação é quanto à disposição de efluentes no solo,


mesmo tratados, em que fica claro que este tratamento não
poderá causar poluição ou contaminação das águas (art 29).

O artigo 34, um dos mais importantes na nossa área,


estabelece as condições de lançamento de efluentes,
apresentadas a seguir:

I - pH entre 5 a 9;
II - temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de
temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3ºC na
zona de mistura;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 14


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III - materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora
em cone Imhoff. Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja
velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais
sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;
IV - regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5
vezes a vazão média do período de atividade diária do agente
poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade
competente;
V - óleos e graxas:
1 - óleos minerais: até 20mg/L;
2- óleos vegetais e gorduras animais: até 50mg/L; e
VI - ausência de materiais flutuantes.

Assim, temos que a alteração da classe de um rio por um


lançamento é considerada poluição, segundo o que define a
nossa Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6938/81), em
seu artigo 3º:

“III – Poluição: degradação da qualidade ambiental resultante


de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da


população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos.”

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 15


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1.3 - Princípios Legais ao Uso Agrícola
Agrícola de Lodo
Lodo de
Esgotos – CONAMA 375/2006

A Resolução CONAMA 375/06 define critérios e


procedimentos para o uso agrícola do lodo de esgotos,
substituindo total ou parcialmente os adubos químicos. Como
sabemos, o lodo gerado em nossas ETEs é muito rico em
nitrogênio e fósforo, chamados macronutrientes. Como é um
subproduto do tratamento de esgotos, dependendo da
concepção da ETE a produção pode ser muito elevada, e a
unidade passa a ter um problema do que fazer com este
material.

O uso agrícola é uma saída bastante interessante, por se


tratar de um material com elevado valor de nitrogênio e
fósforo, com preço muito inferior aos adubos químicos
usualmente empregados, além de ser uma saída
ambientalmente correta para a destinação dos nossos lodos.
Isto porque o seu uso evitaria o uso de adubos químicos e sua
produção (grande impacto ambiental) e o lodo teria um destino
mais adequado.

No entanto, esta resolução faz diversas considerações e


exigências, tanto para o produtor agrícola como para o
produtor do lodo. O lodo deverá respeitar limites máximos de
concentração de substâncias inorgânicas e apresentar
padrões definidos para parâmetros patogênicos, como mostra
a tabela 1.2.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 16


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Tabela 1.2 - Classe de lodo conforme patogênicos
Tipo de lodo de esgoto ou
Concentração de patógenos
produto derivado
Coliformes termotolerantes <103 NMP / g de
ST
A Ovos viáveis de helmintos < 0,25 ovo / g de ST
Salmonella ausência em 10 g de ST
Vírus < 0,25 UFP ou UFF / g de ST
Coliformes termotolerantes <106 NMP / g de
B ST
Ovos viáveis de helmintos < 10 ovos / g de ST

A resolução proíbe, no entanto, o uso do lodo de esgotos de


qualquer classe em pastagens e em culturas em que a parte
comestível fique em contato com o solo, liberando a área
somente após 24 ou 48 meses, dependendo do que se for
plantar.

O lodo classe A pode ser utilizado em qualquer cultura, exceto


as já citadas, enquanto que o lodo classe B pode ser
empregado apenas para cultivo de café, de silvicultura, de
culturas para produção de fibras e óleo, com aplicação
mecanizada em sulcos ou covas, seguida de incorporação,
conforme restrições da Resolução.

O processo de aplicação do lodo em agricultura exige que o


produtor faça um projeto agronômico, assinado por um
engenheiro agrônomo responsável, respeitando as taxas de
aplicações descritas na resolução e demais restrições, tais
como não fazer a aplicação em condições de chuvas, evitar
aplicação manual de lodo classe A, evitar cultivo ou trabalho
manual na área de aplicação por 30 dias (se colheita manual),
aplicar pelo menos 6 meses antes da colheita, etc. A
resolução exige ainda o monitoramento do solo pela unidade
de gerenciamento de lodo do gerador.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 17


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a) b)

c) d)
Figura 1 - a) Preparo
Preparo do solo; b) Aplicação; c) Inicio de vegetação; Início de
povoamento.

Buscando o enquadramento dos nossos lodos, além das


análises de acompanhamento podem ser adotadas técnicas
que permitam melhorar a qualidade do lodo e utilizá-lo para
aplicação na agricultura, como a calagem ou a secagem
térmica. Porém, em muitas ETEs estes processos são
inviáveis e o enquadramento torna-se difícil.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 18


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1.4 - O PRODES e o Tratamento
Tratamento de Esgotos

O PRODES – Programa de despoluição de bacias


hidrográficas- foi lançado pela Agência Nacional de Águas
(ANA) para incentivar a implantação de estações de
tratamento de esgotos e reduzir a poluição hídrica..Por isso,
em muitas ETE´s, um dos padrões a serem respeitados, além
dos legais, são os padrões de eficiência deste programa. Veja
que falamos em níveis de eficiência, não em padrões de
lançamento. Isto porque este programa estipula metas de
abatimento de cargas conforme a configuração de cada
estação pois uma ETE que tem tratamento apenas secundário
não conseguirá ter a mesma eficiência de uma ETE com
tratamento terciário.

1.5 - Sistemas de Gestão Ambiental

Sistemas de gestão ambiental, ou simplesmente SGA, são


sistemas de organização das ações da empresa e seu
direcionamento para as questões ambientais de modo a
buscar o equilíbrio do processo produtivo com as diretrizes
relativas ao meio ambiente. Este sistema abrange todos os
funcionários atribuindo-lhes as responsabilidades pela
manutenção do SGA. Todos os envolvidos passam a se
comprometer a executar suas atividades conforme as
diretrizes pré-estabelecidas (procedimentos).

A eficiência de um SGA depende de todos os trabalhadores


da unidade. Aqueles que executam as atividades são as
peças chave, uma vez que são os responsáveis diretos por
fazer o sistema “rodar”. Por isso, deve ficar claro que, quando
um novo procedimento é implantado, ele deve ser seguido
como está descrito, pois é a melhor forma de ser executado.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 19


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Por mais que cada um tenha seu “jeitinho” de fazer
determinada atividade, no procedimento descreve-se a
maneira correta, do ponto de vista do SGA. Mas como foi
explicado antes sobre a melhoria contínua, nada impede que,
se você tiver uma maneira melhor para fazer aquela atividade,
ela possa ser implantada. Basta que você faça as sugestões.
Você e cada envolvido, pois vocês são os responsáveis por
melhorar o sistema. O engenheiro, o técnico e demais
envolvidos podem ser o apoio do SGA, realizando o
planejamento das atividades, definindo os princípios a serem
seguidos pela empresa e a forma como será implantado. Mas
a etapa de execução, do dia a dia, sem dúvida é a operação
que realiza. E é ela quem alimenta o SGA com as principais
ações de melhorias.

A implantação de um SGA é trabalhosa, e necessita o


O prcedimento
envolvimento de todos. Todos os procedimentos existentes
da área pode
ser de têm que ser revisados, e se não houver procedimentos
operação no
escritos, estes devem ser elaborados em conjunto com os
ínicio, muito
trabalho a ser operadores, ouvindo o modo como cada um executa
realizado,
determinada atividade para definir, entre todas, a melhor
após a
implantação, maneira. As atividades realizadas devem ser registradas, pois
muitos
é necessário termos a comprovação de cada uma, ou seja,
benefícios.
com um SGA, temos muitos registros a fazer. Existem hoje
alguns órgãos certificadores de sistemas de gestão ambiental,
que avaliam os sistemas implantados conforme alguns
requisitos específicos, descritos em uma norma como é o caso
da ISO 14.001.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 20


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CAPÍTULO 2 – NÍVEIS DE TRATAMENTO

Nem todas as estações de tratamento de esgotos (ETE)


contemplam todas as fases de tratamento existentes. A
definição do nível de tratamento é uma decisão tomada no
momento em que se verifica a necessidade de implantação da
ETE, e vários critérios são considerados. Os níveis de
tratamento podem ser classificados em quatro, em ordem
crescente de eficiência. São eles:

• Tratamento Primário
• Tratamento Secundário
• Tratamento Terciário
• Tratamento Avançado

Cada uma destas etapas objetiva a remoção de materiais


específicos do esgoto. Geralmente as ETEs apresentam esta
mesma seqüência em suas configurações, uma vez que a
segunda etapa geralmente não consegue remover o que a
etapa anterior remove. Porém em algumas situações
específicas que veremos nesta apostila, poderemos encontrar
a supressão de uma das etapas.

2.1 - Tratamento Primário

No tratamento O tratamento em envolve a etapa de tratamento preliminar e


preliminar em seguida a etapa de tratamento primário propriamente dito.
temos a
remoção de
materiais No tratamento preliminar temos a remoção de materiais
grosseiros e
areia. grosseiros e areia. A principal importância desta fase é a
proteção dos equipamentos a jusante, evitando a abrasão, o
desgaste de bombas, o entupimento de tubulações e a
separação dos materiais inertes, de tamanhos significativos, e

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 21


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alguma fração de matéria orgânica. Estes materiais são
geralmente tampinhas de garrafas PET, sacolas plásticas,
restos de embalagens, camisinhas, trapos, cotonetes, pedras,
areia (obviamente!) e uma infinidade de outros materiais.

Esta fase do tratamento envolve apenas mecanismos físicos,


não sendo necessário o uso de produtos químicos (exceto em
ETEs em que há remoção de odor, como veremos adiante)
nem há microrganismos em quantidade suficiente para
considerarmos que há remoção por processos biológicos.

Os equipamentos que fazem a remoção de sólidos grosseiros


são as grades e as peneiras. Já a remoção de areia ocorre em
uma unidade chamada desarenador. Estas unidades serão
apresentadas com mais detalhes adiante.

No tratamento No tratamento primário ocorre a remoção de materiais


primário a sedimentáveis mais leves e que não foram removidos no
remoção de
materiais desarenador, e de uma fração de sólidos suspensos. Nesta
sedimentáveis etapa predominam também processos físicos. Os
mais leves.
equipamentos mais utilizados em esgotos sanitários são os
decantadores – aqui chamados de decantadores primários
para diferenciá-los de decantadores situados em outras
etapas.

Em algumas ETE que operam em nível primário, pode haver a


dosagem de produtos químicos para auxiliar na remoção de
sólidos, matéria orgânica e fósforo.

De modo geral, o tratamento preliminar e primário precede o


tratamento biológico. Em alguns casos, como em lagoas, o
tratamento primário pode ser suprimido.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 22


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2.2 - Tratamento Secundário
Secundário

No tratamento em nível secundário predominam mecanismos


biológicos de remoção. Temos nesta etapa a ação de
microrganismos que removem a matéria orgânica carbonácea
- e eventualmente alguma fração de nutrientes.

As unidades responsáveis pelo tratamento secundário são as


O tratamento
secundário mais diferentes. Podem ser simples lagoas ou a associação
utiliza destas, até reatores de lodos ativados, filtros aeróbios ou
microorganism
os para reatores anaeróbios. Geralmente, processos secundários
remover a exclusivamente anaeróbios não alcançam a eficiência
matéria prima.
necessária para atender aos requisitos legais e necessitam de
tratamento adicional, ou pós tratamento. As principais
configurações veremos mais tarde.

2.3 - Tratamento Terciário


Terciário

Existe hoje quem classifique tratamento avançado e


O tratamento
terciário é a tratamento terciário em uma mesma categoria. No nosso caso
fase
faremos uma distinção entre terciário e avançado. O
responsável
por reduzir as tratamento terciário é a fase responsável por reduzir as cargas
cargas de
de carbono, nutrientes e /ou sólidos a serem lançadas,
carbono,
nutrientes e quando temos corpos receptores mais sensíveis, ou com
/ou sólidos a
limites mais restritivos para lançamento.
serem
lançadas.
Nos casos de ETE para tratamento de esgotos sanitários, a
maioria dos processos são voltados para remoção de sólidos
suspensos e nutrientes remanescentes, ou seja, aquela
parcela que o tratamento secundário não conseguiu remover.
Portanto, nos concentraremos nestes processos, que
envolvem unidades de floculação-flotação e reatores de lodos

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 23


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ativados modificados para remover maiores quantidades de
nutrientes.

2.4 - Tratamento Avançado


Avançado

O tratamento avançado envolve unidades que removem


materiais que não são carbonáceos biodegradáveis ou
nutrientes. Removem, geralmente, organismos patogênicos e
metais pesados, compostos recalcitrantes (que não
conseguem ser removidos pelos processos descritos
anteriormente), hormônios, etc. São processos de
desinfecção, nas suas diversas configurações, processos de
filtros de membranas e processos oxidativos, entre outros.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 24


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CAPÍTULO 3 - CONCEPÇÃO DE ETEs

3.1 - Introdução

Os sistemas sanitários são concebidos com a finalidade de


Os sistemas
sanitários são afastar, tratar e dispor os esgotos produzidos por uma
concebidos
população, de modo a minimizar os impactos e as alterações
com a
finalidade de do meio ambiente.
afastar, tratar e
dispor os
esgotos. As ETEs têm como objetivo primeiro o tratamento dos esgotos
brutos e a disposição dos lodos de esgotos adequadamente.
Entretanto, não se pode perder o foco dos potenciais impactos
de tal atividade:

a) Odor;
b) Ruído;
c) Contaminação do solo;
d) Contaminação e degradação do corpo receptor.

Portanto a concepção de uma unidade de tratamento de


esgotos é baseada em algumas premissas básicas, como:

a. Quantidade
Quantidade de esgoto afluente,
afluente as cargas hidráulicas
afluentes a estação desenham sensíveis variações de
vazões em períodos específicos (hora do dia, dia da
semana e período do ano), demandando da operação
do sistema de tratamento ações não previstas no
contexto do projeto básico ou mesmo em manuais de
operação.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 25


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Hidrograma de ETE

Q média

12 24 h
Q padrão Q equalizada

Figura 2 – Hidrograma de ETE

A vazão (Q) de esgotos afluente a uma unidade de tratamento


é expressa pelo volume de esgotos transportado em um
período de tempo, mensurado pela unidade “L/s”, sendo
composta pela vazão de retorno (normalmente 80% do
consumo de água), acrescida da vazão de infiltração (0,05 a
1,0 L/s por km de extensão de rede) e águas pluviais
(captadas nas áreas impermeabilizadas do lote). A vazão
afluente de uma estação é afetada por diversos fatores, tais
como:

I. Área atendida;
II. Concepção do sistema coletor (elevatórias, redes e
seus componentes);
III. Qualidade dos materiais aplicados nas redes coletoras;
IV. Qualidade da execução do sistema coletor;
V. Nível do lençol freático;
VI. Tempo de operação do sistema coletor;
VII. Gestão da manutenção e conservação do sistema
coletor;
VIII. Sistema de drenagem urbana ineficaz;
IX. Usos e costumes da população atendida.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 26


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b. Características do esgoto coletado,
coletado são divididas em
físicas, químicas e biológicas, cujo conteúdo é
caracterizado pelas atividades desenvolvidas na área
de abrangência do sistema coletor, isto é, os despejos
domésticos (águas de banho, urina, fezes, papel, restos
de comida, sabão e detergentes) e/ou industrial
(efluentes de atividades industriais). Em qualquer dos
casos, os seus efluentes devem seguir os padrões pré-
estabelecidos por normas da concessionária local ou
por decreto do órgão ambiental;

As variações das características do esgoto sanitário é


resultado dos seus diversos tipos de usos, mas de modo geral
ela é constituída por aproximadamente 99,9% de liquido e
0,1% de sólidos.

A parte liquida dos esgotos é utilizado basicamente como um


meio de transporte para diversas substancias cujos valores
determinam o grau de poluição dos esgotos (ex: DBO, DQO,
Nutriente e Organismos Vivos).

ESGOTOS

99,9% - ÁGUA 0,1% - SÓLIDOS

70% - ORGÂNICOS 30% - INORGÂNICOS

AREIA SAIS MINERAIS

PROTEÍNAS CARBOHIDRATOS GORDURAS


(40% a 60%) (25% a 50%) (10%)

Figura 3 - Composição Física dos Esgotos

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 27


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Tabela 3.1 - Valores Típicos para Efluentes de ETEs
Parâmetros Não Tratado Tratado
DBO 100 – 250 5 – 15
DQO 200 – 700 15 – 75
Fósforo Total 6 – 10 0,2 – 0,6
Nitrogênio 20 - 30 2–5
Sólidos em Suspensão 100 - 400 10 - 25
Fonte - www.snatural.com.br/Efluentes.htm,, em 28/04/2009

c. Área para implantação da unidade de tratamento,


tratamento este
detalhe é significativo quando se tem altas cargas
hidráulicas e/ou orgânicas a serem tratadas em um
espaço urbano restrito;

d. Capacidade de depuração e a utilização posterior do


corpo receptor é outro fator restritivo quando se projeta
uma unidade de tratamento, visto que o corpo receptor
que recebe os efluentes de uma ETE deve ser capaz
de depurar a quantidade de matéria orgânica a ser
lançada;

e. Recurso financeiro é um limitante às tecnologias a


serem empregadas e ao nível de tratamento a ser
adotado no sistema.

3.2 – Tipos de Processos


Processos

Na definição do tipo de sistema de tratamento devem-se


considerar alguns processos fundamentais para atender às
necessidades do corpo receptor, quando se avalia o afluente
da ETE:

a. Processo Biológico;
Biológico é caracterizado pela ação de
microorganismos que transformam substâncias

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 28


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complexas em compostos mais simples como sais
minerais e gás carbônico. Os principais processos
biológicos são: aeróbios (lodos ativados, filtros
biológicos, valos de oxidação e lagoas de estabilização,
digestão aeróbia) e anaeróbios (digestão anaeróbia,
fossas sépticas, UASB ou RAFA, lagoa anaeróbia,
filtros anaeróbios);

b. Processo Físico;
Físico remoção de materiais sólidos contido
nos esgotos, por meio de fenômenos físicos com ou
sem auxilio de equipamentos mecânicos. Ex:
gradeamento de sólidos grosseiros, decantação de
sólidos sedimentáveis, flotação, adensamento e
desidratação do lodo;

c. Processo Químico;
Químico utilização de produtos químicos de
modo a induzir os sólidos em suspensão à coagulação
e floculação para uma posterior remoção, adequação
de pH, controle de odor e lavagem de gases. Ex:
floculação, precipitação química; correção do pH,
decantação de sulfetos;

d. Combinações de Processos,
Processos é a configuração mais
utilizada de modo a atender às necessidades do
sistema e do corpo receptor, cuja proposta é mesclar
os três tipos de processos de modo a minimizar os
impactos operacionais e ambientais.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 29


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3.3 - Configurações Básicas de Processos de
Tratamento

No Brasil os sistemas de tratamentos de esgotos apresentam


uma configuração básica para cada etapa de processo de
tratamento, a qual pode ser ou não mecanizada:

Objetivo I. Tratamento Preliminar,


Preliminar tem como objetivo principal a
principal do proteção do sistema e a adequação do afluente ao
tratamento
preliminar é a processo de tratamento, por meio da remoção dos
proteção do sólidos grosseiros e de materiais inertes. Este módulo do
sistema e a
adequação do sistema utiliza basicamente processos físicos, como um
afluente ao sistema de gradeamento e de remoção material
processo de
tratamento, por sedimentáveis.
meio da
remoção dos
sólidos Nesta etapa do sistema de tratamento, pode-se implantar uma
grosseiros e de unidade denominada de equalização de vazões, o qual se
materiais
inertes. propõe a controlar a vazão ao longo do processo.

SÓLIDOS GROSSEIROS

Figura 4 - Tratamento Primário

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 30


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O tratamento II. Tratamento Primário, pode-se considerar que nesta
primário é
etapa do sistema, inicia-se o tratamento propriamente
caracterizado
como um dito. Mesmo que o esgoto já tenha um aspecto visual
divisor entre o
melhor, este ainda mantém suas características
tratamento da
matéria sólida poluidoras praticamente inalteradas. Esta etapa do
e do líquido.
processo é caracterizada como um divisor entre o
tratamento da matéria sólida e do líquido.

Este processo também é físico (sedimentação/flotação) e


ocorre em câmaras denominadas decantadores primários. As
quais reduzem a parte da matéria orgânica ainda presente nos
esgotos por meio da remoção dos sólidos em suspensão e
flutuantes, mas em alguns casos específicos, a operação do
processo exige a adição de produtos químicos para auxiliarem
na coagulação/flotação dos sólidos em suspensão,
melhorando a sedimentação de sólidos pela formação de
flocos maiores.

O lodo descartado dos decantadores, lodo primário, deve


sofrer algum tipo de tratamento antes da sua disposição final.
Estes tratamentos podem ser: digestão biológica (aeróbia ou
anaeróbia), desidratação mecânica, disposição em leitos de
secagem, ou mesmo uma mistura destes processos. Em
todos os casos devemos lembrar que a meta é a busca pela
redução do volume de lodo a ser disposto no meio ambiente,
minimizando os impactos ambientais.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 31


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O líquido sobrenadante ainda possui sólidos em suspensão,
os quais não são passiveis de serem removidos por processos
exclusivamente físico-químicos, podendo ser lançado para o
corpo receptor ou mesmo sofrer outros tipos de tratamentos
atendendo a legislação aplicável.

Figura 5 - Tratamento Primário


O tratamento
biológico tem
como objetivo III. Tratamento Biológico, a característica dos tratamentos
a remoção da
biológicos é a remoção da matéria orgânica
matéria prima
orgânica remanescente do tratamento preliminar e primário pela
remanescente
ação de microorganismos aeróbios ou anaeróbios. Após
do tratamento
preliminar e esta etapa de tratamento, os esgotos apresentam
primário pela
características que permitem que sejam lançados no
ação de
microorganism meio ambiente.
os aeróbios ou
anaeróbios.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 32


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Considerando, as leis ambientais, a necessidade de
reaproveitamento manaciais para fins de abastecimento e
também para a proteção das águas dos corpos receptores
mais ou menos fechados (?) do fenômeno da eutrofização,
deve-se projetar a estação para atender ao nível terciário de
tratamento.

Figura 6 - Tratamento Biológico

• Lodos Ativados; é um sistema biológico em nível


secundário com fundamentos de um processo
combinado (atividades físicas, químicas e biológicas
(você quis dizer que ocorrem os 3 processos?), cuja
proposta é remover a matéria orgânica por meio do
desenvolvimento de uma cultura microbiológica na
forma de flocos (lodos ativados) os quais crescem
em um tanque aerado, onde o esgoto primário e a
colônia de bactérias são misturados
homogeneamente, agitados e aerados
mecanicamente, formando uma biomassa a ser
sedimentada no decantador secundário, ocorrendo
a separação entre o lodo biológico e o

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 33


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sobrenadante, a ser descartado para o efluente
final.

• Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente - RAFA


(“Upflow Anaerobic
Anaerobic Sludge Blanket” - UASB); este é
um dos tipos de processos anaeróbios de
tratamento de esgotos, em que a matéria orgânica é
digerida por microorganismos anaeróbios, isto é, os
que vivem na ausência de oxigênio.

O esgoto afluente entra no reator pelo fundo e ao longo de toda sua


extensão, sob uma manta de lodo biológico que se forma na
operação da unidade. Seu fluxo é ascendente e neste percurso
ocorrem as reações de estabilização da carga orgânica. Neste
processo ocorre a liberação de gases, os quais são coletados por
dispositivos específicos, para tratamento posterior. Em unidades que
operam com reatores tipo UASB, a unidade de decantação pode ou
não ser suprimida, sendo realizada no próprio reator.

• Lagoa de Estabilização; por ser o sistema que mais


se assemelha ao processo natural de depuração da
matéria orgânica, é o mais simples dos processos
biológicos.Em contrapartida demanda uma grande
área de implantação. Basicamente, são lagoas de
formas e profundidades variadas onde o esgoto flui
continuamente, entrando por um lado da lagoa e
saindo pelo lado oposto, sendo tratado por
processos naturais de decomposição bacteriana. As
unidades que operam com lagoas podem ter a
decantação primária suprimida, sendo o material
decantado e digerido na própria lagoa.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 34


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3.4 – Princípios Básicos para Determinação do Sistema
a Ser Implantado

O principio que norteia a determinação do sistema a ser utilizado em


Afetado por
fatores um processo de tratamento é afetado por fatores característicos de
característicos sua área de abrangência e da região a ser implantado o
de sua área de
abrangência e empreendimento, assim como a capacidade de manutenção dos
da região a ser insumos que garantem a operacionalidade do sistema.
implantado o
empreendimen
to, assim como
a capacidade
de 1) Disponibilidade de mão de obra técnica para operar e manter o
manutenção
dos insumos sistema;
que garantem 2) Custo e disponibilidade de área a ser implantado o
a
operacionalida empreendimento;
de do sistema. 3) Tipo de efluentes a serem tratados: domésticos ou industriais;
4) Vazões a serem atendidas;
5) Potencial de insolação da região;
6) Classificação do corpo receptor;
7) Capacidade de aporte do corpo receptor;
8) Capacitação técnica da mão de obra.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 35


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Tabela 3.2
3.2 - Estimativa da eficiência esperada nos diversos
níveis de tratamento incorporados numa ETE
Sólidos em Nutrientes
Tipo de Matéria orgânica (% Bactérias (%
suspensão (% (% remoção
Tratamento remoção de DBO) remoção)
remoção SS) nutrientes)
Preliminar 5 – 10 5 –20 Não remove 10 – 20
Primário 25 –50 40 –70 Não remove 25 –75
Secundário 80 –95 65 –95 Pode remover 70 – 99
Terciário 40 - 99 80 – 99 Até 99 Até 99,999
Fonte: CETESB, 1991, apud Medeiros, C F, 2009

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 36


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CAPÍTULO 4 – TRATAMENTO PRELIMINAR

Os esgotos direcionados para a entrada de uma estação de


tratamento passam por uma seqüência de unidades
operacionais as quais seguem a concepção e as tecnologias
adequadas para a efetivação do tratamento, de modo a
atender as necessidades do corpo receptor e a legislação
aplicável.

O tratamento preliminar é a primeira das etapas componentes


O tratamento
preliminar tem de uma ETE e tem como objetivo primeiro proteger as
como objetivo unidades de tratamento dos materiais indesejáveis e
primeiro
proteger aas prejudiciais para o restante do processo, removendo os
unidades de detritos grosseiros dos esgotos, fruto do uso indevido do
tratamento dos
materiais sistema coletor. Estes detritos são capazes de provocar
indesejáveis e obstruções ou qualquer tipo de dano aos equipamentos.
prejudiciais
para o restante
do processo. Outro propósito, cujas ações estão inseridas nesta parte do
processo, é capacitar o sistema operacional da unidade de
tratamento a controlar as vazões afluentes (sistema de
equalização), amortecendo os impactos operacionais
causados pelos picos de cargas hidráulicas ou orgânicas não
previstas.

4.1 - Etapas (unidades e controle de odor)

Considera-se quatro processos distintos nesta etapa, cada um


com objetivo específico:

a) Controle de odor,
odor no recebimento do esgoto bruto na
ETE, deve-se prever a liberação de gases indesejáveis
e, portanto ações devem ser tomadas de modo a
prevenir ou mesmo minimizar o escape desses gases,

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 37


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os quais são uma fonte de desconforto a população
vizinha.

Neste caso pode-se optar por cobrir, coletar e tratar os gases


gerados no canal de entrada ou aplicar produtos químicos de
modo a provocar a precipitação de sulfetos;

Por meio do b) Equalização


Equalização de vazão,
vazão este processo, ainda muito
controle pouco aplicado nas unidades de tratamento do Brasil,
vazões
afluentes ao desempenha um importante papel em todo o processo
processo são operacional de uma ETE, uma vez que por meio do
atendidas
outras controle das vazões afluentes ao processo são
necessidades atendidas outras necessidades de todo o sistema
de todo o
sistema sanitário.
sanitário.
O objetivo é operar a ETE com as vazões equalizadas ao
longo de todo o processo e, desta forma, evitar ou minimizar
as necessidades de ajustes nas aplicações de produtos
químicos ou nos padrões do “time” dos controles dos
equipamentos. Estas ações reduzem o consumo de energia
elétrica e aumentam a capacidade de tratamento de esgoto,
assim como evitam as variações danosas de vazão (baixa
vazão - sedimentação excessiva; alta vazão – perda de sólidos
para o efluente final) no interior das câmaras de decantação.

Outro ponto a ser considerado na implantação do sistema de


equalização em um processo de tratamento de esgotos é o
atendimento a necessidade do plano de contingência, para
evitar ou mitigar os impactos causados ao corpo receptor,
pelas cargas hidráulicas ou orgânicas excessivas não
previstas.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 38


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Tipos de Sistemas de Equalização:

TAEq
Gradeament DP

Seqüência
do Processo

Cx de Areia
I. Tanques paralelos a rede coletora

Gradeament DP

Seqüência
do Processo

TAEq Cx de Areia
II. Rede coletora para armazenamento

Gradeament DP

Seqüência
do Processo

TAEq Cx de Areia

III. Armazenamento em tanque na linha do processo

TAEq Gradeament DP

Seqüência
do Processo

Cx de Areia
Bombas
IV. Armazenamento em tanques paralelos a linha do
processo
*TAEq = Tanque de Armazenamento para Equalização
Figura 7 - Tipos de Sistemas de Equalização

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 39


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Gradeamento, equipamentos mecânicos que tem a função de
O
gradeamento reter e remover sólidos grosseiros contidos nos esgotos
tem a função sanitários, por meio de operações físicas de gradeamento ou
de reter e
remover peneiramento e condicionamento dos detritos para uma
sólidos posterior disposição final.
grosseiros
contidos nos
esgotos Este sistema é composto basicamente por um processo
sanitários.
manual fixo ou móvel, a ser acionado na ocorrência de
eventos extraordinários, como chuvas torrenciais
(Gradeamento Manual) e/ou por um sistema mecânico
automatizado para retenção dos sólidos mais finos
(Gradeamento ou Peneira Estática ou Mecanizada).

Desarenador, caixa de areia; após o gradeamento o esgoto


Minimiza a
segue para outra etapa do processo de tratamento a qual tem
deposição de
sólidos nos a função específica de remover os materiais inertes, por
canais,
sedimentação, com um mínimo de remoção da matéria
câmaras e
tubulações, orgânica.
protegendo
desta maneira
os Este procedimento visa minimizar a deposição de sólidos nos
equipamentos
canais, câmaras e tubulações, protegendo desta maneira os
contra a
abrasão e/ou equipamentos contra a abrasão e/ou obstrução, como
obstrução.
bombas, válvulas e outros.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 40


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4.2 - Tipos de Equipamentos
Equipamentos

Gradeamento manual

A operação de remoção é realizada em unidades de grade de


barras chatas metálicas dispostas paralelamente, verticais ou
inclinadas, de modo a permitir o fluxo normal dos esgotos,
através dos espaçamentos entre as barras, adequadamente
projetadas para reter o material que se pretende remover, com
o mínimo de perda de carga.

Os sistemas de gradeamento manual podem ser classificados


em três categorias distintas, diferenciadas pelo espaçamento
entre as barras:

a. Grade Grosseira – 40 mm a 100 mm;


b. Grade Média – 20 mm a 40 mm;
c. Grade Fina – 10 mm a 20 mm.

Para uma operação de limpeza manual a inclinação deste tipo


de sistema de gradeamento está entre 45º a 60º.

Movimento
Vertical
Angular

Sentido
do Fluxo

Figura 8 - Grade Manual

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 41


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Gradeamento mecanizado

Sistema de unidades de grade de barras curvas ou retas, ou


um sistema tipo “step screens”, as quais têm espaçamento
entre as barras de 3 mm a 10 mm e cuja limpeza é promovida
pelo movimento de um rastelo mecanizado ou o movimento do
próprio sistema “step screens”. A remoção mecanizada pode
ser controlada automaticamente por temporizador, ou por
meio de diferencial de níveis ou de pressão (perda de carga)
entre montante e jusante. Quando a diferença exceder um
valor máximo recomendado para a operação de limpeza, os
rastelos são acionados promovendo a remoção dos sólidos
retidos nas grades.

Figura 9 - “Step Screens”

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 42


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Figura 10 - Grade Circular Mecanizada

Outros sistemas com a mesma função também são


empregados na remoção de materiais grosseiros do esgoto
bruto são equipamentos tipo peneira:

a. Estáticas ou gravitacionais,
gravitacionais o afluente transborda
continuamente através de um vertedor para uma
superfície de tela curva inclinada. O líquido atravessa
os vãos da tela retornando para o processo e os sólidos
são retidos, pela força da gravidade são conduzidos
para baixo sobre superfície da malha da peneira para
um sistema de remoção que pode ser uma esteira, um

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 43


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sistema de rosca sem fim, até uma caixa separadora,
para receberem o destino adequado.

Figura 11 - Peneira Estática

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 44


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b. Rotativa de alimentação externa,
externa o afluente flui
continuamente sobre a superfície externa do tambor
rotativo de tela, onde o líquido penetra para o interior do
tambor pelos vãos da tela e os sólidos retidos na
superfície seguem sobre a superfície do tambor até
atingirem um raspador direcionando os sólidos para
uma caçamba e posteriormente para um destino
adequado.

Figura 12 - Peneira Alimentação Externa

c. Rotativa de alimentação interna,


interna o afluente
normalmente bombeado, flui continuamente pelo
interior do tambor rotativo horizontal de tela, com uma
pequena inclinação, onde o líquido flui entre os vãos
desaguando para um canal de seqüência do processo
e o sólido segue até o final do tambor, sendo
descarregado em caçambas de recolhimento de
detritos e posteriormente segue para um destino
apropriado.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 45


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Sua limpeza é realizada por meio de bicos de jato de alta
pressão posicionados ao longo de todo o corpo do tambor
onde se encontra a malha da peneira e cuja programação de
jateamento é determinada pelas características do esgoto
tratado.

Jatos d’água

Tela da peneira

Figura 13
13 - Sistema de Lavagem Automática

Entrada de
lodo
digerido
Lodo
desidratado

Líquido
drenado

Figura 14 - Peneira Rotativa de Alimentação Interna (ETE


Capuava)

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 46


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d. Rotativa de canal,
canal localizadas nos canais de entrada do
afluente da estação em uma posição inclinada ao eixo
da mesma. Também são consideradas peneiras de
alimentação interna semi-submersa e giratória.

O fluxo também é continuo e o liquido atravessa a malha da


peneira rotativa em que o sólido é retido, sendo este removido
por meio de uma rosca tipo parafuso ascendente até o ponto
de descarga sobre uma caçamba de armazenamento de
detritos.

Este tipo de peneira possui um sistema de escovas de nylon


localizadas nas paletas da rosca tipo parafuso, de modo a
promover continuamente a limpeza da malha da peneira.

Figura 15 - Peneira Rotativa de Canal

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 47


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Desarenadores

Os desarenadores têm operação contínua e ininterrupta,


promovendo a decantação da areia e de matéria orgânica.
Três são os fatores básicos que influenciam na eficiência
deste processo: sistema utilizado (caixa de areia com
remoção de detritos automática ou por esgotamento e
desarenadores com remoção automática), periodicidade de
remoção dos detritos e tempo de detenção hidráulica - TDH.

Esta unidade de tratamento pode ter forma retangular,


quadrada ou circular, onde cada modelo deve atender a sua
condição de remoção de detritos. Na remoção dos sólidos
pelos sistemas transportadores de areia, deve ser realizada a
lavagem do material, de maneira a se devolver o máximo de
matéria orgânica ao processo.

O principio de funcionamento desta unidade é a redução da


Provoca
sedimentação velocidade do liquido de processo, de maneira a provocar a
do material sedimentação do material grosseiro que não foi retido pelo
grosso que
não foi retido sistema de gradeamento. Este fenômeno ocorre pela
pelo sistema expansão da largura do canal do processo ou a passagem da
de
gradeamento. vazão por câmaras de modo a reduzir a velocidade e
consequentemente aumentar o tempo de detenção hidráulica
provocando a deposição dos sedimentos.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 48


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Figura 16 - Caixa de Areia em carga e fora de carga
carga

Figura 17
17 - Desarenador Mecanizado (Fonte: SANIDRO -
http://www.sanidro.com.br – 28/04/2009)

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 49


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4.3 - Operação e Manutenção Básica
Básica

Controle de Odor

É tarefa do operador o controle, registro ou manutenção da


metodologia de controle do odor, seja na dosagem de
produtos químicos ou na exaustão e tratamento dos gases
contidos nas áreas cobertas onde ocorre maior liberação.

No caso de aplicação de produtos químicos, o operador deve


verificar constantemente a aparência dos esgotos (normal –
logo na aplicação e escurecida – ao longo do restante do
processo) durante a aplicação dos produtos químicos, de
modo a verificar se a mistura está homogênea e as reações
balanceadas.

Deve-se considerar que a programação desta atividade,


inclusive a reposição dos produtos químicos é de
responsabilidade do engenheiro, gerente ou supervisor de
processo, mediante comunicação da operação.

Equalização

Basicamente a operação desta etapa do processo de


tratamento compreende o controle da vazão do afluente e
uma programação do retorno do volume estocado para o
processo.

O controle da vazão afluente é executado por meio de válvula


ou comporta, localizadas normalmente no canal de entrada ou
no ponto de divisão entre o fluxo do processo e o acesso para
os tanques de armazenamento do volume excedente. A
limitação da vazão de processo é estabelecida pela

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 50


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capacidade de tratamento das unidades operacionais do
sistema.

Cabe ao operador a manutenção do processo de retorno do


esgoto armazenado pelo sistema de equalização que se dá
por meio de bombas que recalcam o material armazenado
para algum ponto afluente ao tratamento primário. Esta
programação é elaborada pelo responsável pelo processo
(gerente, supervisor ou engenheiro) da unidade e tem que ser
posta em prática pela equipe da operação, a qual é o
elemento da operação com maior sensibilidade para avaliar o
quantitativo de esgoto e o período de retorno para o processo.

Gradeamento Manual

A operação desta unidade é restrita a movimentação da grade


para dentro e fora do canal , quando esta não for fixa, de
modo a atender às necessidades de retenção do material
inadequado ao processo de tratamento. Exemplo desta
situação são os casos de sobrecarga hidráulica causada por
águas pluviais clandestinas no sistema coletor, que transporta
todo tipo de material para a unidade de tratamento de
esgotos.

A remoção do material retido na grade é executada com


auxilio de um rastelo comum ou confeccionado com apenas
dois dentes, de modo a minimizar o peso do material retido na
grade. Este ferramental não deve ter o cabo de madeira, mas,
deve ser substituído por um cabo de tubo de PVC ou de
alumínio, com o tamanho necessário para atender as
dimensões do gradeamento.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 51


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Em algumas estações, conforme o gerenciamento e as
atribuições do operador, este deve proceder com
movimentações periódicas das comportas e talhas de modo a
mantê-las aptas a operação quando solicitadas. Também, os
operadores devem observar sempre as condições estruturais
do concreto e das peças metálicas, de modo a evitar possíveis
colapsos por fadiga, assim como quando devidamente
capacitados devem proceder com o engraxamento de
rolamentos e haste de comportas.

Sistema Mecanizado de remoção de sólidos grosseiros

Quando se faz referencia a este tipo de unidade operacional,


deve-se entender que está em foco a atividade e não
propriamente um tipo de equipamento, ou mesmo o nível de
sua mecanização.

Neste caso, considerando alguma automação desta unidade,


devem-se observar os padrões de programação constante no
Manual Operacional ou quando for o caso de haver um
Sistema de Gestão, a Instrução de Trabalho. Em todos os
casos o fluxo do processo é continuo, variando apenas na
forma de retenção do material grosseiro: a) Gradeamento e b)
Peneira.

As ações sobre o equipamento são as que o sistema gerencial


ou as atribuições do operador permitir, mas basicamente
estes trabalhadores devem estar capacitados a programar as
ações de acionamento dos equipamentos, suas paradas e o
seu funcionamento em modo manual, para o caso de perda da
função automática.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 52


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O operador deve também estar capacitado para apontar as
O operador
deve também possíveis causas das paradas não previstas, assim como
estar prever, por meio de falhas de operação ou ruídos estranhos
capacitado
para apontar nos motores, roletes e rolamentos, isto é, em todas as partes
as possíveis móveis da unidade, possíveis paradas dos equipamentos.
causas das
paradas não
previstas. O material gradeado eventualmente deve receber aplicação
de cal para minimizar os odores e a proliferação de vetores.

Sistema de Remoção de Areia (desarenação)

Independente do tipo e complexidade desta unidade de


O operador
deve remoção de areia, o operador deve seguir, em principio, os
acompanhar a padrões de procedimentos adotados no sistema de gestão
programação e
efetivação da para esta atividade, mas também deve estar sensível para agir
remoção de conforme a situação venha requerer.
material
sedimentado,
deve estar O operador deve acompanhar a programação e efetivação da
atento às
variações das remoção de material sedimentado, seja no modo automático
condições de ou por programação de caminhão fossa para esgotamento por
chegada do
esgoto para sucção ou manualmente, assim como monitorar a lavagem da
adaptar a areia, quando de sua retirada, para verificar se não está sendo
operação da
unidade. removida uma quantidade excessiva de matéria orgânica.

Outro acompanhamento do processo operacional desta

Cabe ao unidade é a descarga do material removido para o container, o


operador que deve ser bem distribuído em seu interior, de modo a não
programar as
retiradas das causar sobrecargas diferenciadas no veículo que irá
caçambas, transportá-lo. Cabe ao operador da área, a movimentação
assim como
movimentá-las (para a retirada e para o posicionamento sob o ponto de
e posicioná-las descarga dos resíduos) do referido container e acompanhar o
para as
manobras do nível de detritos neste para evitar derramamentos. O operador
caminhão que deve estar atento às variações das condições de chegada do
as
transportam. 53
Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs
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esgoto para adaptar a operação da unidade (picos de vazão,
chegada de carga excessiva de sólidos, etc)

4.4 - Destino dos Resíduos

Todo material gradeado e desarenado deve seguir para um


aterro sanitário ou receber um tratamento preliminar
adequado, de modo a torná-lo inerte e desta forma poder
dispô-lo em qualquer outro tipo de aterro. Cabe ao operador
programar as retiradas das caçambas, assim como
movimentá-las e posicioná-las para as manobras do caminhão
que as transportam.

4.5 - Limpeza

Esta atividade deve ser exercida pelo operador para todos os


equipamentos e ferramentais, assim como para as áreas de
movimentação de resíduos.

Para as ferramentas, os equipamentos mecânicos e áreas


próximas a estes, o operador deve proceder com uma limpeza
utilizando jatos de água de serviço ou mesmo injeção de ar
comprimido para a limpeza dos canais a montante do
gradeamento, necessária quando houver deposição de
materiais.

4.6 - Levantamento e Registros de Ocorrências

Em cada etapa do processo, devem ser mantidos uma forma


de registro das ocorrências do período de operação,
preenchido pelo operador responsável.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 54


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Neste banco de registros (livro de registro de ocorrência ou
O operador
deve manter formulários de registro) cada operador deve manter
atualizadas as atualizadas as ocorrências de necessidades de manutenção,
ocorrências de
necessidades paradas de equipamentos para limpeza, quantidade de
de resíduo produzido (m³ ou ton ou caçambas, desde que se
manutenção,
paradas de tenham as referencias para controle de volume produzido),
equipamentos vazão de retorno, vazão “by pass”, quantidade de produtos
para limpeza,
quantidade de químicos aplicados, programações da operação utilizada em
resíduo cada uma das unidades de tratamento e nos pontos
produzido.
automatizados, chegada de material estranho, vazão afluente
à ETE, picos de vazão, ocorrências de chuvas, etc.

Tabela 4.1 – Problemas e Procedimentos


ITEM PROBLEMA PROCEDIMENTOS
• baixar o gradeamento manual
para conter o material grosseiro
arrastado pelo pico de vazão.
• avaliar se o sistema tem
condições de absorver o
volume excedente. Caso não,
01 Sobrecarga Hidráulica programar um “by pass” de
parte ou a totalidade do
processo.
• se o sistema tiver estruturas
para responder a um Plano de
Contingência, deve-se agir
conforme este procedimento.
• desviar o material contaminante
para uma estrutura a parte do
processo, de modo a processá-
02 Entrada visível de óleo
lo, caso a unidade de
tratamento disponha desta
estrutura.
• instalar uma bóia na ponta do
coletor de modo que pela
Coletor automático coletando o
flutuação o mesmo não atinja o
03 material de fundo de canal, em
fundo do canal.
horários de baixa vazão
• aumentar a freqüência do
limpeza do canal.
• desligar o sistema e
posteriormente inverter a
04 Gradeamento travado
rotação do equipamento,
manualmente.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 55


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• avaliar os danos causados pelo
problema.
• desligar e reiniciar o sistema,
verificar se as configurações
não foram perdidas.
05 Problemas no CLP
• caso tenham sido, re-configurar
o sistema seguindo as
instruções de trabalho.
• a manutenção deve ser
acionada, visto que a tubulação
deve ser desobstruída com
Entupimento da tubulação de
06 auxilio de ar comprimido ou
remoção de areia
hidrojateamento, ou mesmo
tenha que se desmontar e
remontar a linha.
• Isolar a câmara a receber a
manutenção, deixando a vazão
Manutenção nas câmaras do
07 por apenas por uma das
desarenador
câmaras. Deve-se aproveitar os
horários de baixa vazão.
• promover a suspensão do
referido material, com o auxilio
de ar comprimido ou
hidrojateamento, de modo que
este material seja retido no
gradeamento ou no
Cascalho decantado no canal
08 desarenador.
de entrada
• caso o volume depositado seja
excessivo ou o canal muito
extenso, deve-se promover a
remoção do material com
auxilio de equipamentos
mecânicos.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 56


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CAPÍTULO 5 - TRATAMENTO PRIMÁRIO

A segunda etapa do sistema de tratamento de esgotos opera


Remover por também por meio de processos de ação física, com ou sem
sedimentação
e/ou flotação auxilio de produtos químicos, tendo a finalidade de remover
os materiais por sedimentação e/ou flotação os materiais orgânicos
orgânicos
particulados. particulados, isto é, sólidos em suspensão, não grosseiros.

Nas unidades do tratamento primário ocorre a separação da


fase sólida (lodo primário ou bruto) e da fase líquida (efluente
primário). A primeira segue para sistemas de
adensadores/digestão ou adensadores/desidratação e a
segunda fase segue para outras seqüências etapas de
tratamento ou para o corpo receptor, conforme o nível de
tratamento a ser aplicado no processo.

Este tratamento é utilizado quando na concepção do sistema


se considera explicitamente as subdivisões das diversas
etapas do processo de tratamento, isto é, preliminar, primário,
secundário e terciário. Nos sistemas em que se utilizam
processos anaeróbios ou lagoas, teremos o tratamento
preliminar e o primário é mesclado nas demais etapas do
processo.

5.1 – Etapas
Etapas do Processo

É importante observar-se a modulação interna de um sistema


de tratamento de esgotos, de modo a evitar uma interpretação
não correta da etapa primária do processo, uma vez que o
objetivo desta fase é basicamente remover e destinar
adequadamente os sólidos sedimentáveis cujas dimensões
não permitiram que os processos anteriores o fizessem.
Portanto, consideram-se unidades do tratamento primário:

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 57


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Decantador Primário (DP)

Unidades de sedimentação, isto é, câmaras cilíndricas (base


tronco cônico) ou retangulares, projetadas com dimensões
que possibilitem uma redução de velocidade no do líquido, de
modo que os sólidos em suspensão grosseiros sedimentem
gradualmente no fundo, formando o lodo primário bruto, os
quais são raspados/encaminhados para um ponto de descarte
no fundo do DP. Os materiais flutuantes como graxas e óleos
são removidos na superfície por meio de raspadores de
superfície e o líquido sobrenadante (clarificado) segue a
seqüência do processo de tratamento.

Figura 18 – Decantador
Decantador primário
www.miliarium.com/.../primario/menu 3.4.gif

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 58


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Figura 19
19 - Decantador – (Fonte:
www.engineeringfundamentals.comLodosAtivados
www.engineeringfundamentals.comLodosAtivados,
osAtivados, em
28/04/2009)

Adensador

É uma unidade que atua sobre os sólidos removidos (por


decantação ou flotação) dos DPs de modo a adensá-los
(reduzir o volume). Necessariamente não está presente em
todos os tipos de sistemas que trabalham com a etapa
primária do tratamento.

A ação desta unidade sobre o lodo primário pode ser natural


(gravidade) ou mecanizada (equipamento). Em ambos os
casos o objetivo é a redução do volume do lodo
(espessamento), por meio da separação da água e do solido,
condicionando o lodo em uma melhor consistência para
posteriormente ser encaminhado a outras etapas de
tratamento dos sólidos. Tais como:

a) Digestão;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 59


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b) Sistema Desaguador Mecanizado;
c) Leitos de Secagem.

5.2 – Operação
Operação e Conservação do Sistema

Normalmente as ações do operador para esta etapa do


processo, encontram-se incluída nas atividades do tratamento
preliminar, sendo que as exigências de maior atenção nesta
unidade ocorrem principalmente nas programações dos
tempos de atuação de abertura / fechamento de válvulas e
acionamento de bombas de transferências, portanto cabe a
operação:

a) Manutenção da programação de descarte de fundo dos


DPs;
b) Manobras nas válvulas do barrilete dos efluentes dos
adensadores (por gravidade ou mecânicos) de modo a
direcionar corretamente o lodo primário e o
sobrenadante;
c) Limpeza dos DPs, utilizar um escovão na atividade de
remoção de lodo aderido nas paredes e remoção da
vegetação, incluindo nas pontes rolantes, vertedores e
calhas;
d) Lubrificação primária (componentes não móveis e de
fácil acesso) das hastes e guias das
comportas/registros;
e) Observar sistematicamente os sistemas eletros-
mecânico, principalmente o estado geral dos quadros
elétricos e ruídos diferenciados das
bombas/rolamentos.
f) Verificação periódica do estado geral das pistas de
rolamento das câmaras de decantação;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 60


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g) Promover a coleta de amostras afluente e efluente à
etapa do processo;

Manobras de recirculação noturna

Nesta etapa do sistema se faz necessário uma operação


diferenciada e cuidadosamente avaliada, a qual tem como
objetivo a manutenção da relação biomassa e alimento (A/M)
no interior dos reatores biológicos (sistema de lodos ativados),
denominada de “recirculação do lodo primário”.

Devido a variação da vazão de processo ao longo do dia (em


sistemas que não dispõe do processo de equalização de
vazão), ocorre um baixa concentração de matéria orgânica no
afluente aos reatores e, portanto aumentando a competição
por alimento em seu interior, reduzindo desta forma a
eficiência do processo devido ao stress e até a mortandade de
bactérias.

Esta situação exige uma ação operacional de recirculação do


lodo bruto, retornando-o para o afluente aos reatores no
período do dia (normalmente de 22h às 8h) em que ocorre a
redução da concentração da matéria orgânica. Esta
recirculação equivale a não existência o tratamento primário,
onde o esgoto bruto após o tratamento preliminar seria
encaminhado diretamente para os reatores.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 61


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Tabela
Tabela 5.1 - Problemas e Procedimentos
ITEM PROBLEMA PROCEDIMENTOS
Verificar a vazão afluente e/ou a
distribuição de vazões para os DPs
Verificar se as condições (abertura
de válvula de fundo e a
programação da freqüência de
abertura) do descarte de lodo
estão adequadas
01 Perda de sólidos nos DPs
Verificar condições de
funcionamento e estado geral do
raspador de fundo
Verificar as condições de dosagem
de produtos químicos
Verificar limpeza das bóias do
poço de lodo bruto
Avaliar a possibilidade de entrada
de óleos e graxas
Verificar o funcionamento do
Excesso de materiais
02 mecanismo do descarte de
flutuantes nos DPs
material flutuante
Verificar as condições do raspador
de superfície
Verificar a possibilidade de
sobrecarga da unidade (hidráulica
e/ou orgânica)
Verificar as condições de descarte
do lodo
Perda de sólidos no
03 Verificar estado geral do
clarificado do adensador
equipamento de raspagem
Verificar o funcionamento das
bombas de lodo
Verificar limpeza das bóias do
poço de lodo adensado

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 62


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CAPÍTULO 6 – LODOS ATIVADOS

6.1 - Descrição do Processo de Lodos Ativados


Convencionalmente
Convencionalmente

Em linhas gerais, podemos dizer que no sistema de lodos


ativados, a maior eficiência alcançada ocorre por
conseguirmos manter mais microrganismos no reator para
degradar a matéria orgânica. Esta maior concentração de
biomassa decorre do modo de operação do sistema.

Considerando um sistema convencional, o esgoto entra no


tanque de aeração, e o ar é injetado por meios aeradores
(aeradores superficiais, difusores submersos, etc). A presença
de oxigênio e matéria orgânica leva à proliferação dos
microrganismos que irão consumi-la. O esgoto que sai do
reator é encaminhado para um decantador secundário junto
com a biomassa dispersa no meio líquido. Neste decantador,
a biomassa sedimenta (lodo secundário) e o liquido clarificado
segue no processo de tratamento.

A reprodução dos microrganismos resulta em um aumento de


biomassa. No entanto, esse aumento não pode ocorrer
indefinidamente, sob risco de comprometermos a eficiência do
processo. Logo, uma parte deste lodo deve ser descartada,
podendo ocorrer de duas formas diferentes:

1º - Descarte pelo fundo do decantador

Uma parte do lodo sedimentado no decantador é descartada e


outra parte retorna ao reator. Este “lodo de retorno”
permaneceu certo tempo no decantador, sem alimentação, e
por isso os microrganismos estão “famintos” e com baixa

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 63


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oxigenação. Ao chegarem ao reator irão degradar
rapidamente a matéria orgânica disponível. Esse é o chamado
“lodo ativado”.

2º - Descarte pelo reator

O descarte do lodo ocorre pela remoção de uma massa


conhecida do meio líquido do reator, estimada por uma
relação entre o volume do reator e a vazão afluente a este
(Tempo de Detenção Celular - θc). Assim, descarta-se o
esgoto tratado juntamente com a biomassa. Esta mistura
segue para uma unidade onde o lodo biológico será adensado
e/ou digerido e o material clarificado retorna para o
tratamento.

Estes descartes devem ser controlados para evitar que sejam


liberados mais microrganismos que o necessário, ou que haja
acúmulo de lodo nos reatores. Logo concluímos que o
descarte de lodo é um fator controlador do processo, ou seja,
é um parâmetro operacional muito importante, conhecido
como idade do lodo. Isso quer dizer que este descarte
controla o tempo em que um microrganismo fica dentro do
reator em atividade. A idade do lodo é também importante,
pois o resultado do seu controle se reflete nas espécies de
microrganismos que estarão presentes no meio líquido.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 64


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Entrada
do reator
Efluente do
Lodo
reator
excedente

Lodo de retorno

a) Descarte pelo decantador

Lodo excedente
(idade do lodo)

Entrada
do reator
Efluente do
reator

Lodo de retorno

b) Descarte pelo reator


Figura 20 - Descartes de lodo excedente do reator
reator

O tanque de aeração pode operar como um reator de mistura


completa, ou seja, um tanque em que o meio líquido é quase
homogêneo, ou como um reator em pistão, em que a
concentração de matéria orgânica é elevada na entrada do
reator e vai diminuindo (sendo degradada) conforme se
aproxima da saída. A figura a seguir ilustra um exemplo de
cada um dos tipos de reatores.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 65


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a)

b)
Figura 21 - Tipos de fluxos de reatores. a) mistura completa;
b) fluxo pistonado

Devemos observar que, em lagoas, a idade do lodo é igual ao


tempo de detenção hidráulico. Com mais microrganismos no
sistema, precisamos de menos tempo para remover a matéria
orgânica, portanto um reator com menor área e maior
eficiência.

A configuração básica de uma ETE de lodos ativados


compreende o gradeamento, o peneiramento, a desarenação,
a decantação primária (dispensada geralmente em valos de
oxidação), o(s) reator(es) de lodos ativados e o(s)

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 66


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decantador(es) secundário(s). Conforme a sensibilidade do
corpo receptor ou os requisitos legais ou outros requisitos, o
sistema de lodos ativados pode requerer um tratamento
terciário.

Microbiologia de lodos ativados – Quem são “eles”?

Dentro de um reator de lodos ativados se desenvolvem


diversos microrganismos, cada um com suas características.
Esse conjunto de seres microscópicos que atuam na remoção
de matéria orgânica desenvolve um pequeno ecossistema. A
função da operação das ETEs é a de manter as condições
ideais desse ecossistema para que a biomassa possa
trabalhar adequadamente.

Um lodo de boa qualidade apresenta características


associadas à atividade microbiana e à boa sedimentabilidade
nos decantadores. Essas características dependem muito do
tipo de microrganismo que predomina no reator e por isso, a
análise da biomassa pode nos dar informações valiosas a
respeito do tratamento. Assim, quando verificamos a
predominância de um lodo “ruim”, temos que alterar as
condições ambientais do reator para reverter essa situação,
tais como a idade do lodo, aeração, alimentação da biomassa,
etc. A seguir são descritos os principais microrganismos
encontrados em reatores de lodos ativados:

Bactérias

São organismos unicelulares que podem ser encontradas


livres ou como colônias, já que muitas têm a tendência de se
aglutinar em grandes flocos. Vamos listar algumas
consideradas mais importantes:

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 67


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Bactérias nitrificantes (Nitrossomonas e Nitrobacter): estão
presentes quando há aeração suficiente para, além de
remover a matéria orgânica carbonácea, remover também
nitrogênio. Elas são responsáveis por transformar o nitrogênio
presente em formas complexas como amônia em nitrito e
nitrato, processo chamado de nitrificação. São bactérias
sensíveis e de crescimento lento.

Bactérias denitrificantes: estão presentes em condições


anóxicas e atuam na conversão do nitrato em nitrogênio
gasoso, retirando o nitrogênio do esgoto. São mais resistentes
que as nitrificantes à variações ambientais.

Acinetobacter: maior responsável pela remoção do fósforo.


Este organismo absorve o fósforo livre quando submetido a
situações de stress em que se alternam condições aeróbias e
anaeróbias.

Zoogleas: são bactérias que formam colônias gelatinosas e


alguns autores consideram-nas formadoras de flocos, muito
desejáveis para que tenhamos uma boa sedimentação.

Filamentosas: são bactérias que auxiliam na formação dos


flocos, mas que, quando passam a predominar no reator,
provocam a má sedimentabilidade do lodo. Se desenvolvem
em condições adversas para os demais microrganismos,
podendo indicar aeração insuficiente ou presença de materiais
tóxicos. As mais freqüentes são a Microthrix e Nocardia.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 68


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Alguns microrganismos encontrados nos reatores de lodos
ativados podem ser assim visualizados:

a) b)
c)

d) e) f)

Figura 22 - a) Floco de Acinetobacter; b) Colônia de


Opercularia (200x); c) Vorticella (1000x); Aspidisca (1000x); e)
Rotífero (20x); f) Nematóide (200x)

Protozoários:
Protozoários: são organismos cuja presença indica, de modo
geral, um bom funcionamento dos reatores. Os protozoários
se alimentam de bactérias livres e outros alimentos sólidos, o
que ajuda a controlar a presença daqueles organismos,
mantendo o equilíbrio no reator. Apesar de muitas espécies
serem aeróbias estritas, algumas espécies podem ficar até 12
horas sem aeração. Porém, devido à sua velocidade de
reprodução ser inferior às bactérias, a recuperação da
população é mais lenta quando submetidos a um meio tóxico.

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Rotíferos:
Rotíferos presentes em condições de alta eficiência ou em
sistemas com aeração prolongada, geralmente com idades de
lodo superiores a 10 dias. São maiores que os protozoários e
capazes de ingerir flocos de partículas e outros micróbios. São
aeróbios estritos e com reprodução mais lenta que os
protozoários e por isso mais sensíveis à substâncias tóxicas
que os protozoários.

Fungos: aparecem em menor número nos lodos ativados. Sua


presença pode indicar a presença de efluentes industriais.

Conhecendo os responsáveis pelo “trabalho” no reator,


podemos dizer que, um lodo bem constituído apresenta flocos
estruturados, com boa sedimentabilidade, de coloração
marrom-claro, abundância de protozoários ciliados, poucos
protozoários flagelados e amebas, e algumas bactérias
filamentosas.

6.2 – Variações do Processo


Processo

Lodos Ativados de Aeração Prolongada

Com o maior tempo de detenção celular (maior idade do lodo)


e a menor disponibilidade de matéria orgânica, a biomassa
acaba por utilizar seu próprio material celular para sobreviver,
o que resulta em uma estabilização do lodo, que não ocorre
em reatores convencionais. Porém, apesar na economia com
digestão de lodo, tem-se a necessidade de uma maior
aeração para se alcançar esta estabilização.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 70


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Valos de oxidação

O valo de oxidação, dependendo de sua configuração, tem


profundidade bastante reduzida, para permitir que haja a
penetração da luz solar. Em unidades que não possuem
decantação secundária, pode ser necessário algum tipo de
pós tratamento para remoção de algas e sólidos do efluente
final e limpeza dos reatores para remover o lodo sedimentado
Porém, unidades mais profundas não relatam problema com
algas.

A operação deste reator é mais simples que um sistema


convencional, uma vez que os equipamentos periféricos
destes sistemas são equipamentos também simplificados.
Abaixo segue um exemplo deste sistema.

Figura 23 - Valos de Oxidação

A existência de possíveis zonas anóxicas pode promover a


desnitrificação, além a remoção da matéria orgânica
carbonácea. Este processo, quando desejável, ocorre entre
um aerador e outro, devendo este posicionamento ser
cuidadosamente analisado.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 71


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O operador deve estar atento para a velocidade de rotação,
para evitar deficiência na oxigenação e deposição de sólidos,
quando abaixo do necessário ou , quando acima, elevar o
consumo de energia e velocidades elevadas no meio líquido.

Lodos ativados com remoção de nutrientes

Outra variação do processo é a adequação do reator para


remover nutrientes (nitrogênio e fósforo). Lembramos que
temos que remover nitrogênio e fósforo sempre que o corpo
receptor for sensível a este tipo de material, ou seja, sempre
que houver a possibilidade de eutrofização do corpo hídrico.

Zona
Anóxica

Zona
Aeróbia

Zona
Anaeróbia

A B C
As três partes de um reator biológico: A)
A) zona anaeróbia; B)
zona anóxica; C) zona aeróbia
Figura 24 - Exemplo de conjunto de reatores com remoção de
nutrientes.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 72


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Para que haja a remoção de nitrogênio, deve-se ter presente
sempre uma fase anóxica e uma fase aeróbia. Para que se
tenha também a remoção de nutrientes existem vários
processos conhecidos, mas vamos focar no processo
chamado PHOREDOX. O esquema a seguir ilustra um
exemplo de reator com remoção de nutrientes.

A recirculação entre a zona aeróbia e a anóxica permitem


certo grau de remoção de nitrogênio e a alternância de fases
anaeróbia e aeróbia permitem a remoção do fósforo.

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Figura 25 - Gráfico da remoção de Fósforo e Nitrogênio

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 74


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Em qualquer destas configurações, o tempo de detenção
hidráulico de cada fase é essencial para a eficiência de
remoção e pode, em muitos casos, ser controlado pela
recirculação do líquido no reator.

Aplicação de produtos químicos no reator

Em muitos casos utiliza-se a dosagem de produtos químicos


no reator ou na saída para os decantadores para melhorar a
remoção de fósforo ou para melhorar a sedimentação de
lodos. Exemplo disso pode ser observado na figura a seguir.

Calha de aplicação
de produtos
químicos

Figura 26 - Dosagem de produto químico na saída do reator


da ETE Gama – DF

Em unidades que aplicam produtos químicos, o operador deve


estar atendo às variações de vazão, para manter sempre uma
relação adequada de produto que evite o excesso de
dosagem ou a dosagem reduzida. No primeiro caso, podemos
ter problemas de alteração do pH do esgoto ou problemas de
corrosão das partes metálicas, enquanto que a falta de
produto químico não produz os efeitos desejados pois a

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 75


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pequena parcela dosada acaba por reagir com outros
produtos contidos no esgoto, não removendo o fósforo ou não
aglutinando os flocos, apenas desperdiçando produto.

Influência de parâmetros ambientais

Conhecendo os tipos de reatores que existem, podemos falar


de modo geral sobre os fatores que interferem no processo.

I. Temperatura

A temperatura altera significativamente a velocidade em que


ocorre a degradação da matéria orgânica, pois os
microrganismos têm uma faixa ideal de temperatura para
desenvolverem suas atividades. A maioria deles, chamados
mesofílicos, trabalha bem em temperaturas em torno de 4 a 30
graus Celsius (Von Sperling, 1997).

As temperaturas mais elevadas proporcionam uma melhor


denitrificação e aparecimento de algumas bactérias
filamentosas que tornam o floco mais consistente. Por outro
lado, temperaturas mais elevadas resultam em menor
solubilidade de oxigênio no meio líquido e maior gasto
energético para manter a concentração adequada de oxigênio
dissolvido (OD). Sabe-se que se a temperatura diminui em 10
graus Celsius, a atividade microbiana se reduz à metade.

Quando o lodo está adaptado a trabalhar em uma


determinada temperatura, as variações bruscas se refletem na
diversidade de microrganismos existentes. Porém, quanto
maior a idade do lodo, menos este sofre com variações.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 76


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II. Concentração do esgoto afluente ao reator

Do mesmo modo como ocorre com a temperatura, variações


na carga orgânica podem afetar o desempenho do reator,
mesmo que temporariamente, pois os microrganismos têm
que se adaptar ao novo ambiente. Se houver um choque de
carga, ou seja, se repentinamente entrar muita matéria
orgânica, o reator irá apresentar problemas de eficiência.
Analogamente, quando há escassez de alimentos, os
microrganismos tendem a utilizar as próprias reservas para
sobreviver. Esta situação pode acontecer quando temos
idades de lodo muito altas (dizemos que o lodo fica “velho”),
durante a madrugada, ou conforme a sazonalidade do local.
Nestes casos, operacionalmente deve-se fazer ajustes na
quantidade de microrganismos no reator, ou seja, variar a
idade do lodo, para a quantidade de matéria orgânica
disponível (regular o A/M).

No caso de variações diárias da carga orgânica (por exemplo,


quando a concentração é muito elevada nos horários de pico
e muito baixas durante a madrugada) deve-se buscar
alternativas dentro do próprio processo, como uma
equalização de vazão, a variação do retorno de lodo,
recirculação do lodo sedimentado do DP para o reator, ou o
uso de outras fontes de carbono durante aqueles horários,
para buscar o equilíbrio do reator.

III. Cargas tóxicas

A chegada de cargas tóxicas tende a alterar drasticamente a


biomassa do reator. Está associada a descargas industriais,
geralmente, e devem ser relatadas assim que identificadas.
Pouca ou nenhuma planta possui um sistema que proteja os

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 77


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reatores deste tipo de substância, devendo sempre ser
tomada alguma medida corretiva para amenizar os resultados
deste tipo de problema.

Como apenas os microrganismos mais resistentes tendem a


sobreviver, deve-se providenciar que de alguma forma, a
quantidade de biomassa ativa se recupere. Isso pode ser feito
por uma liberação do lodo contaminado, e em sua maioria
“morto”, reduzindo muito a idade do lodo, ou pela retenção
dos sólidos para que estes fiquem mais tempo no reator e
possam voltar a se reproduzir, aumentando a idade do lodo. A
opção por uma ou outra alternativa dependerá da dimensão
(qualitativa ou quantitativa) da contaminação. Independente
da alternativa adotada pode-se providenciar a inoculação do
reator, realimentando-o com um “bom” lodo de outra ETE ou
de outro reator que não tenha sido afetado, auxiliando na
recomposição da biomassa.

IV. Picos hidráulicos

Os picos hidráulicos podem ocorrem normalmente durante o


dia - por causa do maior consumo de água em determinados
horários - ou por causa de chuvas, sendo estes últimos picos
maiores e mais concentrados. Assim como a carga orgânica,
o ideal é que a carga hidráulica varie o menos possível, para
que a biomassa “sofra” menos com estas variações, evitando
o arraste dos microrganismos do reator e a perda de sólidos
que estes picos provocam nos decantadores.

Portanto, o ideal é que as unidades operem abaixo seu limite


máximo de vazão de processo, e preferencialmente
controlada por um limite, de segurança, desviando o excesso
de vazão para outros tanques (equalização) ou para o corpo
receptor (by-pass). O operador deve manter-se atento para a

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 78


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ocorrência destes picos e para as conseqüências deste no
processo, informando/registrando sempre que houver
problemas e suas conseqüências, principalmente quanto à
duração, quantidade, chegada de areia ou terra, perda de
sólidos, etc.

V. Óleos
Óleos e Graxas

O problema da entrada de carga elevada de óleos e graxas


sobre o processo de lodos ativados se dá pela formação de
uma fina camada que recobre os flocos, dificultando a
absorção de alimento e oxigênio dos microrganismos que
formam aquele floco, podendo diminuir sua densidade. Os
microrganismos podem “morrer”, e o floco ficar mais leve,
deixando de sedimentar nos decantadores, sendo arrastados
para o efluente final ou outra unidade posterior à decantação.
Esta perda excessiva do lodo associada à perda das
atividades microbiana resulta em uma diminuição da
eficiência, comprometendo o processo. Por isso, toda entrada
de óleos e graxas que seja visualmente detectada deve ser
registrada e acompanhada para que sejam tomadas as
providências cabíveis.

6.3 – Parâmetros de Controle


Controle

Oxigênio dissolvido

A quantidade de oxigênio disponível é responsável em grande


parte, pela eficiência da remoção de matéria orgânica e pela
possibilidade de nitrificação no reator. Deve-se buscar manter
o OD em torno de 1 a 2 mg/L no reator, para evitar zonas
anaeróbias e anóxicas (quando estas não forem desejadas). A
demanda de oxigênio aumenta quando temos um esgoto com

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 79


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maior concentração de matéria orgânica e quando temos
também um aumento de vazão ou temperatura.

A medida de OD deve ser realizada em intervalos definidos


(caso não seja medição contínua) e corrigida sempre que
necessário e possível. Por isso o operador deve estar atento a
variações dos parâmetros ambientais da estação, como a
vazão, o horário (determinados horários possuem
concentração de matéria orgânica menor ou maior), ou o
período do dia (mais quentes ou mais frios).

A quantidade de oxigênio fornecido depende também da


quantidade de microrganismos contidos no reator, pois quanto
maior a quantidade, maior a necessidade de oxigenação.

Idade do lodo

Como comentado anteriormente, a idade do lodo é um


parâmetro essencial no controle do processo. Como o lodo é o
responsável pela remoção da matéria orgânica e nutrientes
(quando for o caso), devemos dar-lhe tempo para que consiga
assimilar a matéria orgânica disponível. Este tempo depende
da biomassa, da quantidade de alimento disponível e a forma
de disponibilidade destes alimentos (a presença de matéria
orgânica na forma solúvel facilita o transporte para o interior
das células, e a degradação da matéria orgânica acontece
mais rapidamente).

Quando se trabalha, por algum motivo com um lodo novo, ou


seja, uma idade de lodo menor tem-se um gasto maior de
energia para crescimento e produção de novas células. A
biomassa não degrada toda a matéria orgânica e é mais difícil
formar flocos consistentes, resultando em baixa
sedimentabilidade no decantador, alem de perdas de sólidos

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 80


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nestas unidades. A aparência do lodo novo é caracterizada
pela formação de uma espuma esbranquiçada no reator, com
um lodo de coloração marrom claro. Um lodo mais velho é
também mais escuro necessita de maior aeração para manter
o elevado número de microrganismos no reator.

Relação Alimento/Microrganismo

A relação alimento/microrganismo (A/M) é, na verdade, um


indicador do equilíbrio entre quanto há de alimento disponível
e quantos são os microrganismos existentes. Os alimentos
são quantificados como DBO (mg/L) e os microrganismos
como sólidos suspensos voláteis (mg/L). Em sistemas de
lodos ativados convencional, esta relação está em torno de
0,3 a 0,8, e para sistemas de aeração prolongada, entre 0,08
a 0,15. Para manter esta relação aproximadamente constante,
evitando variações ambientais que prejudiquem o lodo,
algumas estações lançam mão de alternativas que forneçam
mais alimento em horários de baixa concentração de esgotos,
como fornecer outras formas de matéria orgânica carbonácea,
alterar a recirculação de lodo ativado, entre outras opções.
Por isso, a responsabilidade do operador em manter o sistema
estável é essencial, devendo fazer as manobras nos horários
determinados para preservar o lodo

Recirculação de lodo ativado

A recirculação de lodo ativado é essencial para manter a


biomassa no interior do reator em níveis adequados. Como a
biomassa deixa o reator juntamente com a fase líquida, parte
deste lodo deve ser reposto em sua forma ativada, ou seja,
ávida por alimento mantendo a concentração de sólidos
dentro da faixa ideal. A recirculação deve variar com a vazão

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 81


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afluente ao reator, quando o sistema permitir este tipo de
operação, para que os reatores trabalhem de forma mais
equilibrada. Esta função do operador, de regular a
recirculação conforme a vazão deve ser efetuada com muito
critério, conforme as determinações do responsável pelo
processo, para evitar redução de sólidos no sistema ou um
acúmulo excessivo, agravando os problemas da variação da
concentração e lodo.

Recirculação de esgoto no reator (nitrificação/denitrificação)

Quando há a alternativa de se alterar a recirculação interna do


liquido no interior do reator (da zona aeróbia para a zona
anóxica), a manobra deve seguir rigorosamente as
orientações técnicas para o processo, de modo que se tenha
um nível de nitrificação adequado. Quanto maior a
recirculação da zona aeróbia para a zona anóxica, maior a
denitrificação. No entanto, deve-se preservar a capacidade da
zona anóxica, devendo-se operar conforme limitações
descritas no manual de operação ou no procedimento
operacional.

6.4 - Aeração

Nos processos de lodos ativados a aeração pode ser


realizada por diferentes maneiras. Os aeradores podem ser
superficiais ou submersos (difusores). A seguir apresentamos
alguns modelos de aeradores.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 82


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a) b)

c) d)

e) f)
Figura 27 - Exemplos
Exemplos de aeradores: a),
a), b) Aeradores superficiais; c) Difusores;
d) Reator aerado por ar difuso; e) e f) Vista dos difusores e malha de aeração

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 83


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Vantagens e desvantagens dos sistemas de aeração

Tabela 6.1
6.1 – Vantagens e desvantagen dos sistemas de aeração
aeração
Aeradores superficiais
Vantagens Desvantagens
Menor flexibilidade quanto ao controle
Não há partes submersas
de oxigênio dissolvido
Não apresenta risco de entupimentos
Formação de aerossóis
e necessidade de limpeza
Necessidade de instalação e
Não necessita de rede de distribuição
manutenção de muitas unidades para
de ar
determinada demanda
Fácil instalação Geração de ruído
Fácil manutenção
Aeradores submersos
Vantagens Desvantagens
Alto custo de implantação e
Maior eficiência
manutenção
Maior flexibilidade Operação complexa
Maior capacidade de geração de ar Manutenção complexa
Necessidade de parada das unidades
Geração de ruído restrita à sala de
para manutenção (em sistemas não
sopradores
modulares)
Fonte: Adaptado de Jordão e Pessoa, 2005
2005

A aeração, por ser fundamental em processos de lodo


biológico, merece atenção especial. Alterações no
fornecimento de ar podem trazer problemas para a operação
do reator, que pode demorar dias para se recuperar. Além
disso, o comprometimento da aeração pode levar à
sedimentação de sólidos no reator, diminuindo seu volume útil
e podendo provocar a formação de zonas anaeróbias no
fundo.

Quando se tem aeradores superficiais (ou mecânicos) há


poucas manobras a serem realizadas (pouca flexibilidade
operacional), e a preocupação fundamental do operador deve
ser a verificação das condições operacionais dos
equipamentos. Nestes sistemas o operador deve observar se
toda a superfície está sob influência do aerador para evitar a
ocorrência de volume morto e curtos circuitos, os quais

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 84


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diminuem a eficiência do tratamento, pois reduzem o volume
útil do reator.

Figura
Figura 28
28 - Exemplo de volume morto no reator

Em sistemas de ar difuso, deve ser observada a formação de


zonas de formação de grandes bolsas de ar na superficie, as
quais indicam problemas nos difusores ou rompimento da
malha de distribuição de ar, Deve-se verificar também a
ocorrência de regiões de grande turbulência, causada por
aeração excessiva. Neste último caso, a aeração deve ser
corrigida para evitar a destruição dos flocos e gastos
desnecessários de energia com o fornecimento de ar.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 85


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6.5
6.5 – Decantação Secundária

Os decantadores secundários são os responsáveis por reter


os sólidos gerados no reator e impedir que eles saiam com o
liquido clarificado no efluente final. Geralmente possuem
formado circular, com fundo cônico, conforme ilustra a figura a
seguir, mas podem ser também retangulares.

Figura 29 - Vista lateral de um decantador

Figura 30 - Vista da Planta de um decantador

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 86


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Ponte raspadora do lodo de
fundo

Figura 31 - Vista de um decantador secundário circular em


carga

Esta unidade opera como o decantador primário, para permitir


que o lodo se sedimente. Possuem raspadores de fundo que
encaminham o lodo sedimentado para a saída do tanque para
retornarem ao reator. Estes raspadores têm velocidade
adequada para respeitar as condições de sedimentação do
lodo. Por isso, qualquer anormalidade no funcionamento dos
raspadores deve ser corrigida (se possível) e comunicada,
para que sejam providenciadas as medidas necessárias para
normalizar a situação.

Estas unidades devem ser operadas dentro de uma


determinada faixa de vazão, estabelecida em projeto,
conforme consta nos manuais de cada ETE. Ao operador,
cabe realizar as constatações de campo, descrevendo
eventuais perdas de sólidos. ETEs com problemas de

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 87


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sobrecarga hidráulica costumam apresentam perdas de
sólidos nos horários de maior vazão.

ETEs com problemas na qualidade do lodo também


apresentam perdas provocadas pela má formação dos flocos
ou entrada e compostos que comprometam as atividades da
biomassa. Este tipo de problema é observado mesmo quando
não se tem vazões elevadas, e resulta numa redução da
eficiência das ETE.

O controle de abertura das válvulas de descarte de fundo do


decantador também é essencial para manter a boa qualidade
do efluente. O descarte pode ser contínuo ou intermitente,
dependendo da estação, mas de qualquer forma, o descarte
deve evitar o acúmulo de lodo no decantador, e a elevação da
manta de lodo além do necessário, alcançando uma região de
maior turbulência e ocasionando perdas. Além disso, a maior
permanência do lodo no decantador pode gerar gases e
desprender odor. Um descarte muito aberto, por outro lado,
acaba conduzindo um lodo de baixa concentração, muito
“ralo” para o reator e gerando um maior consumo energético
com o bombeamento excessivo.

Figura 32 - a) Decantador sobrecarregado de lodo; b) Detalhe da perda de


sólidos

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 88


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Os decantadores necessitam também que seus vertedores
estejam nivelados e sejam mantidos limpos para que o
escoamento seja de forma livre e uniforme em toda a borda,
evitando caminhos preferenciais. Isso também evita a
proliferação de algas nos vertedores, prejudicando a estética
das unidades.

Em unidades em que há nitrificação nos reatores, existe a


possibilidade de desnitrificação nos decantadores. Este fato
pode ser observado pela formação de grandes bolhas que se
desprendem do fundo do tanque e que arrastam muitos
sólidos para o efluente final.

Formação de bolhas de
nitrogênio

Figura 33
33 - desprendimento
desprendimento de bolhas de nitrogênio formadas
pela nitrificação nos decantadores secundários

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 89


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Observando visualmente o lodo sedimentado em um cilindro graduado de 100 ml podemos ter algumas
indicações do que está ocorrendo no processo:
Tabela 6.2
6.2 - Indicações do que está ocorrendo no processo
Caso Observações Causa Provável Checagem Necessária Providencias
Verificar se a tubulação de
retirada de lodo não esta Desobstruir se necessário;
obstruída;
O lodo sedimenta bem,
O arraste de sólidos no efluente Se a camada estiver alta (>50cm)
mas o efluente do Medir a camada de lodo no
do decantador secundário aumentar a vazão de retorno do
decantador está decantador secundário;
poderá estar ligado ao mau lodo;
ocorrendo pequenas
funcionamento do equipamento; Esta operação exige o
perdas de sólidos
Checar o mecanismo raspador de esvaziamento do decantador para
01 – lodo; verificar as condições dos
após 30 raspadores;
min Verificar o tempo de detenção no
decantador secundário para as
diversas vazões;
Verificar a possibilidade de
O arraste de solido pode estar
absorção de vazões de choque em
ocorrendo devido a sobrecarga
outra unidade que antecedem ao
de vazão Cheque também a carga
tratamento biológico (equalização)
hidráulica no vertedor

Bulking: O lodo sedimenta


02 – vagarosamente e
após 30 apresenta-se sem
Presença de organismos Observar amostra do tnaque de
min compactação, parecendo
filamentosos no tanque de aeração ao microscópio vendo se
algodão. O liquido
aeração ocorre a presença de
entrelaçamento de
microorganismos como se fosse
Esgotamento Sanitário – Controle Básico de90ETEs
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feixe de cabelo
sobrenadante contudo é Verificar e corrigir o volume de OD
Baixo teor de OD no tanque de Medir OD em vários pontos do
claro. No decantador ou a distribuição do mesmo no
aeração tanque de aeração
secundário verificam-se tanque de aeração
nuvens de lodo se Aplicar a conduta determinada pelo
formando e tomando responsável pelo tratamento, de
aspecto de nata de pH no tanque de aeração < 6,5 Efetuar medidas de pH no tanque modo a elevar o pH para 7, ex:
espuma na superfície. aplicação de cal virgem no afluente
ao tanque de aeração.
Avaliar o balanceamento do DBO
Deficiência de nutrientes no 1. 100 DBO/0,5 ferro; Adicionar nitrogênio (uréia); fósforo
afluente antes do tanque de 2. 100 DBO/1,0 fósforo; (ácido fosfórico ou fosfato de
aeração 3. 100 DBO/5,0 nitrogênio tirsódico) e ferro (cloreto férrico)
total.
1. Diminuição do SSVTA;
Corrigir conforme a necessidade:
2. Diminuição idade de lodo
1. Diminuir descarte de lodo;
Desbalanceamento das θc;
2. Aumentar retorno de lodo;
condições normais de operação 3. Queda de OD;
3. Aumentar ou ajustar
4. Aumento do IVL;
distribuição de OD.
5. Aumento do A/M.
03 – Denitrificação: O lodo todo Denitrificação no decantador Verifique o teor de nitrato no Aumente o descarte de lodo se
após 30 sedimenta bem, mas após secundário efluente final ocorrer alto teor de nitrato.
min duas horas levanta todo
para a superficie do Cheque os parâmetros normais
cilindro. No decantador de operação (OD, IVL, SSTA,
Retornar aos padrões do processo
secundário bolas de lodo SSVTA, SSVTR, % de retorno,
se levantam para a A/M)
superfície.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de91ETEs


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Medir a camada de lodo do Ajustar o descarte ou retorno do
decantador secundários lodo do decantador secundário

Se o OD estiver nulo, verifique se


Septicidade no decantador
Medir o OD no lodo de retorno não há obstrução no sistema de
secundário
remoção do lodo

04 – Aumentar o descate de lodo +10%


Verifique se ocorreu queda na
após 30 ao dia até voltar às condições
relação A/M
min normais
Cinzas superficiais: O lodo
Observe se o lodo não está muito
sedimenta muito bem,
Elevado teor de SSTA no tanque escuro
mas aparece
de aeração – Lodo Velho Verifique se a idade do lodo não
posteriormente uma fina Ajustar conforme determinação do
está muito alta
camada de material responsável pelo processo.
Verifique a relação de sólidos
flutuante como se fosse
fixos / sólidos voláteis no tanque
cinza de cigarro sobre a
de aeração
superfície do cilindro.
Flocos dispersos entre a Se o teor de óleos e gorduras for >
superfície e o fluxo. Analise a presença e o teor de 15% em peso em relação ao SSTA,
Elevado teor de gordura no
óleos e gorduras no tanque de pare o sistema de aeração e
tanque de aeração
aeração remova a camada de gordura
flutuante.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de92ETEs


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Reduza o teor de OD no tanque de
aeração.
Verifique no teste de lodo
Início do processo de sedimentado em trinta minutos se
Denitrificação não está ocorrendo
desprendimento de bolhas de ar.

Aumente o descarte de lodo

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de93ETEs


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Vantagens e desvantagens do processo de lodos ativados

A seguir relatamos as principais vantagens e desvantagens


do processo de lodos ativados, comparados com sistemas
de lagoas ou reatores anaeróbios:

Tabela 6.3 – Vantagens e desvantagens


desvantagens do processo de lodos ativados
Vantagens Desvantagens
Maior eficiência de remoção de
Maior consumo energético
matéria orgânica
Possibilidade de remover nutrientes Elevada geração de lodo
Menor área de instalação Maior complexidade operacional
Necessidade de mão de obra
Maior flexibilidade
especializada para a manutenção
Maior custo operacional e de
manutenção
Maior necessidade de controle
laboratorial

6.6 – Destino do Lodo

O lodo gerado no processo deve ser tratado adequadamente


para se evitar transtornos como a geração de maus odores.

Quando o descarte de lodo acontece pelo decantador, o


lodo pode ser enviado para digestão. O processo de
digestão de lodos secundários (como é também conhecido o
descarte do sistema de lodos ativados) pode ser aeróbio ou
anaeróbio. Atualmente, a tendência é adotar a digestão
anaeróbia por apresentar melhores condições operacionais
e de eficiência. Este processo será discutido em um próximo
capítulo.

Nos casos em que o descarte é realizado pelo reator, tem-se


um lodo muito diluído, que deve se adensado e

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 94


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posteriormente digerido, para que o volume do digestor seja
menor.

Em qualquer dos casos, após a digestão, o lodo deve ser


desidratado ou passar por algum processo que reduza seu
volume para a destinação final. A etapa de desidratação
será discutida nos próximos capítulos.

Em algumas ETE adota-se o sistema de adensamento de


lodo por flotação. Neste sistema, uma parte do meio líquido
é transferida para um tanque em que é injetado ar com
pressão elevada. Neste tanque, o ar se dissolve no líquido e
tem-se algo parecido com o refrigerante dentro de uma
garrafa. No momento em que esta mistura é enviada de
volta para o adensador, o contato com um meio de menor
pressão simula o que ocorre quando abrimos a garrafa de
refrigerante, e as microbolhas se separam do líquido e
arrastam os flocos de sólidos para a superfície do
adensador. Um raspador recolhe o lodo adensado, que é
enviado para a digestão.

Neste processo, o operador deve ficar muito atendo à


qualidade do liquido clarificado, que deve ter um aspecto
translúcido e com poucos sólidos. Clarificados contendo
muitos sólidos, ou seja, grandes perdas de sólidos, indicam
problemas operacionais que devem ser sanados.

6.7 – Levantamento e Registros de Ocorrências

Durante a operação de um sistema de lodos ativados,


diversos registros devem ser realizados para que se tenha
as informações sobre o desempenho da unidade. Segue
uma lista dos principais registros realizados, lembrando que

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 95


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cada unidade determina a freqüência com que deve ser
realizado e outros itens que considere relevante.

Vazão de cada reator – leitura realizada on-line, registradas


automaticamente em ETE automatizadas, ou leitura e
registro manual, pelo operador, no local do mostrador. Em
algumas ETE a leitura é realizada em réguas colocadas no
canal, e os valores são convertidos utilizando-se tabelas ou
planilhas eletrônicas. O operador deve estar atento para
garantir que a vazão esteja sendo direcionada igualmente
para todos os reatores

Idade do lodo - leitura e controle realizados pelo operador,


em ETE cujo controle seja manual, ou por meio de
supervisório,em ETE automatizada. A regulagem deve ser
realizada com critério pelo operador para que não ocorram
os problemas já descritos.

Teor de oxigênio dissolvido e controle–


controle em ETE
automatizada, o registro pode ser feito pelo próprio sistema.
ETE com sistema de medição on-line, sem automação, o
operador deve realizar a leitura e registrar em formulário
adequado, na freqüência determinada. ETE sem medidor
on-line, o operador deve efetuar a medição conforme
instruções do manual ou procedimento.

Vazão de recirculação de lodo ativado:


ativado deve ser registrado o
horário em que a vazão de lodo ativado foi alterada. Em ETE
em que o controle de vazão é realizado por bombas, deve-
se anotar o horário em que cada bomba entrou e saiu de
operação, assim como anotar as condições de cada bomba
(manutenção, ligada, desligada), em caso de haver
revezamento de bombas. Em ETE automatizadas, este
registro pode ser feito automaticamente pelo supervisório,

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 96


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ou , caso a automação não contemple o registro, devem ser
realizadas as leituras necessárias.

Vazão de recirculação interna ao reator:


reator a vazão de
recirculação deve ser registrada assim como a vazão de
recirculação de lodo. Se o controle for realizado Por
bombas, o procedimento deve ser o mesmo.

Vazão de descarte de lodo de fundo:


fundo o descarte do lodo de
fundo deve ser realizado conforme recomendação. Porém o
operador deve registras alterações no processo, tais como
perdas, lodo muito denso ou muito ralo, etc.

Parâmetros de entrada e saída:


saída para ETE em que há
equipamentos de medição on-line, as leituras devem ser
realizadas conforme recomendação, e o registro deve ser
feito, caso não haja sistema de aquisição dos dados.

Aeradores: deve ser verificado o seu funcionamento,


aparecimento de ruídos, fumaça ou cheiro de queimado. Em
caso de observação de anormalidades, deve ser feita a
comunicação imediata ao responsável pela unidade, para
preservar o tratamento.

Difusores: o operador deve verificar rompimentos na malha,


ou diferenças na densidade de aeração - que pode indicar
obstrução dos difusores. Em quaisquer destes casos, o
responsável pela unidade deve ser comunicado.

Sopradores: em ETE que operam com sistemas de aeração


por difusores, os sopradores são equipamentos muito
importantes por serem os responsáveis pela geração do ar
para a biomassa. Para estes equipamentos, o operador
deve observar a temperatura do óleo de refrigeração, se a

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 97


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pressão na rede está normal, se a vazão gerada está
adequada, e outros parâmetros que o manual ou o
procedimento da área recomendar. Problemas nestes
equipamentos pedem comunicação urgente com o
responsável pois trata-se de equipamentos de custo muito
elevado.

Verificação das condições de aeração:


aeração em sistemas de
aeração superficial, verificar o funcionamento dos
aeradores, bem como o seu posicionamento, evitando zonas
mortas. Para sistemas de ar difuso, verificar a formação de
grandes bolsas de ar, que indicam problemas nos difusores
ou na malha de ar, ou a aeração excessiva, causando
grande turbulência

Anormalidades do processo – picos de vazão fora do


esperado, desenvolvimento de filamentosas, alteração da
coloração do lodo, by-pass de alguma unidade, perdas
excessivas nos decantadores: quaisquer destas condições
ou outras fora da normalidade da estação devem ser
registradas e comunicadas para providências.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 98


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Problemas e procedimentos

A seguir, listamos algumas verificações que o operador deve


proceder caso haja problemas operacionais com o sistema
de lodos ativados.

Tabela 6.4 – Problemas e procedimentos


ITEM PROBLEMA PROCEDIMENTO
Verificar/ajustar a distribuição de vazão para
os decantadores, caso haja mais de uma
unidade.
Verificar abertura da válvula de descarte de
fundo. Caso esteja muito limitada, pode ter
havido aumento da altura da manta de lodo,
logo,deve-se aumentar o descarte para
restabelecer a manta.
Verificar/ajustar se a idade do lodo está
conforme a recomendação.
Perda de sólidos nos
Verificar se o teor de OD no reator está
01 decantadores
adequado. Se estiver abaixo do ideal, e se for
secundários
possível, aumentar a aeração do reator.
Verificar se as bombas de recirculação de
lodo estão operando.
Verificar e realizar a limpeza das sondas do
poço de lodo de retorno, caso haja.
Verificar denitrificação no reator pelo
aparecimento de grandes bolhas de ar que se
desprendem do fundo da unidade
Verificar/ajustar as vazões de processo
Verificar o Índice Volumétrico do Lodo - IVL
Verificar o estado da zona de reaeração, caso
Denitrificação no haja, no reator (malha, domus, teor de OD).
02
decantador Verificar posicionamento dos aeradores, no
caso de valos de oxidação.
Verificar pressão na linha de distribuição de
Aparecimento de ar, em caso de ar difuso.
03 grandes bolhas de ar Verificar condição da malha ou domus.
no reator Verificar a condição de operação de
aeradores superficiais;
Aparecimento de Verificar a condição de operação dos
04
zonas mortas aeradores superficiais.
Verificar o posicionamento dos aeradores
superficiais.
Verificar/ajustar posicionamento de

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 99


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misturadores submersos, quando for o caso.
Comunicar a manutenção para verificar se há
obstrução na linha de ar
Verificar o funcionamento dos raspadores por
superfície.
Perdas de sólidos
Verificar o funcionamento do balão de
05 nos adensadores por
saturação
flotação
Verificar o funcionamento das bombas de
recirculação
Aparecimento de Verificar teor de oxigênio dissolvido no reator.
organismos Verificar ocorrência de chegada anterior de
5
filamentosos no cargas tóxicas, óleos e graxas ou outras
reator substâncias.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 100


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CAPÍTULO 7 – REATORES ANAERÓBIOS DE FLUXOS
ASCEDENTE (RAFA / UASB)

7.1 - Descrição do Processo

O processo anaeróbio é caracterizado pela ação de uma


biomassa específica em um ambiente com ausência de
oxigênio podendo ser considerada como um ecossistema
onde diversos grupos de microrganismos trabalham
convertendo a matéria orgânica complexa em metano, gás
carbônico, água, gás sulfídrico e amônia, além de novas
células bacterianas.

O sistema pode ser concebido com diferentes formas:


circulares, retangulares ou mesmo inserido em outras
estruturas de pós-tratamento. Os circulares são os mais
econômicos quando se considera estruturas isoladas, para
atender a pequenas comunidades Os retangulares podem
ser ajustados a populações maiores, uma vez que permite
uma modulação seqüenciada, de modo a atender a
demanda solicitada.

Quando ao material utilizado para a construção deste tipo de


sistema, tem sido utilizado os mais diferentes tipos, desde
que o referido material não comprometa a qualidade do
conteúdo do reator. Podem ser instalados enterrados, semi
O objetivo
físico dessa enterrados ou assentados no solo.
estrutura é
principalmente
manter e reter O objetivo físico dessa estrutura é principalmente manter e
uma biomassa reter uma biomassa ativa (lodo) no seu interior, visto que a
ativa (lodo) no
seu interior. condição de perda de eficiência ou da perda desta biomassa
pelo efluente, em maior ou menor quantidade, está

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 101


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intimamente relacionada com a configuração adequada da
estrutura do reator.

O processo de mistura entre a matéria orgânica contida no


afluente do sistema de tratamento e a biomassa ativa (lodo),
que efetivam a degradação deste material, é promovido pela
agitação causada na geração e movimentação dos gases
liberados pelas reações anaeróbias., e o fato do esgoto
atravessar a manta

A figura apresenta os três pontos básicos de descarte dos


produtos do processo ocorrido no reator, onde:

a) O lodo excedente é descartado para ser tratado ou


disposto adequadamente;
b) O gás é coletado, armazenado e tratado ou
queimado;
c) O sobrenadante segue como efluente do RAFA, para
um pós-tratamento ou para um corpo receptor.

A figura Queimadore
apresenta os s
três pontos Saída do clarificado
básicos de
descarte dos Coletor de gás
produtos do
processo
ocorrido no
reator
Gás
Sedimentaçã
o de sólido

Entrada
Descarte de
de Lodo esgotos

Figura 34 - Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 102


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7.2 - Funcionamento do Reator

O reator de fluxo ascendente consiste de uma manta de lodo


(anaeróbio), onde ocorre a degradação da matéria orgânica,
um separador de fases que promove a separação dos gases
gerados e a sedimentação do material particulado,
minimizando as perdas por arraste.

O afluente do reator entra pelo fundo da câmara e é


distribuído no sentido longitudinal do reator, quando a
matéria orgânica é misturada ao leito de lodo ocorrendo a
quebra e digestão dos sólidos orgânicos por meio de um
processo anaeróbio que resulta na produção de biogás e
aumento da biomassa. Este gás tem uma trajetória
ascendente provocando, no leito de lodo, uma melhor
mistura do afluente com a massa de lodo, acelerando o
processo de degradação.

Em seguida a parte do fluxo não biodegradado ou cuja


partícula sólida não sedimentou, segue para a zona de
separação onde, nesta trajetória, o fluxo ascendente
encontra estruturas específicas (placas defletoras) da
câmara do reator, as quais promovem uma redução na
velocidade de ascensão possibilitando a sedimentação das
partículas e flocos de lodoque foram arrastadas pelas
condições hidráulicas. Estes flocos de lodo retornam para a
zona de digestão.

Na parte interna do separador de fases fica a câmara de


coleta do biogás que se forma na zona de digestão. No nível
da superfície liquida do reator, encontra-se um sistema de
acumulação dos gases, os quais são removidos do reator
por exaustão, para serem tratados ou queimados.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 103


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7.3 - Parâmetros de Controle Operacional

Semelhantemente a concepção do sistema, os parâmetros


A forma da
estrutura do de controle também seguem a mesma linha de conduta,
reator, o TDH (Não entendi essa frase anterior) onde por meio das
ea
programação avaliações do tempo de detenção hidráulica (TDH) no
de descarte do reator, das concentrações da demanda química de oxigênio
lodo
excedente, – DQO e dos sólidos suspensos - SS, determinam-se as
garantem a ações da operação quanto aos descartes de parte
eficiência do
processo, no excedente do lodo.
que diz
respeito às
possibilidades A forma da estrutura do reator, o TDH e a programação de
de ações da descarte do lodo excedente, garantem a eficiência do
operação.
processo, no que diz respeito às possibilidades de ações da
operação.

Tabela 7.1 - Tempos de detenção hidráulica em RAFA


Temperatura do Esgoto TDH (h)
(o C) Média diária Mínimo (durante 4 a 6 h)
16 – 19 > 10 – 14 7–9
20 – 26 >6–9 4–6
> 26 >6 4
Fonte: Lettinga & Hulshoff Pol (1991)

7.4 - Descarte de Lodos

A condição ideal de controle operacional para um reator


anaeróbio de fluxo ascendente é quando se pode avaliar a
qualidade e crescimento do material no interior da câmara
por camadas. Desta forma pode-se estabelecer a
metodologia de descarte do lodo, tanto no tempo quanto na
freqüência do descarte, e em alguns tipos de projetos de
reatores no nível do descarte.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 104


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O descarte de lodo do reator, dentro de uma programação
tem a finalidade de remover o lodo em excesso de modo a
não comprometer a atividade bacteriana e
conseqüentemente a qualidade da estabilização da matéria
orgânica ou mesmo a perda de sólidos para o efluente.

Atualmente novas formatações de processos


complementares aos RAFAs têm minimizado a freqüência
da atividade de remoção do lodo dos reatores, uma vez que
quando este está em uma mesma estrutura com outros tipos
de lagoas, o lodo é arrastado para estas, não necessitando
de remoção periódica, mas sim programada.

7.5 - Destino dos Lodos

Todo material removido do reator deve ser condicionado de


modo a minimizar os impactos no meio ambiente,podendo
ser desidratado por meio natural (leitos de secagem) ou
mecanicamente (prensa, centrifuga, etc). A digestão pode
ser suprimida pelo fato do lodo ser digerido no próprio
reator, minimizando os custos de implantação da ETE e
minimizando o volume de lodo gerado.

7.6 - Coleta
Coleta e Tratamento de Gases

As unidades de tratamento de esgotos geram odores em


função dos processos adotados e/ou das condições
operacionais empregadas. Conseqüentemente justifica a
gestão da produção de gases, seja por meio de medidas de
prevenção da sua produção, ou em ações de coleta e
tratamento dos mesmos.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 105


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No caso das unidades que empregam o sistema de RAFA,
as câmaras possuem na parte superior do reator uma
estrutura projetada para coleta e direcionamento dos gases,
os quais são extraídos por meio de exaustor ou com saída
livre, de modo que estes possam ser devidamente liberados,
tratados ou queimados. Podem ser manipulado por meio de:

Coleta e disposição

A formatação de menor custo é sem dúvida a coleta e


disposição na atmosfera, ou mesmo a queima. Esta
disposição deve ser direcionada para um local aberto de
modo a não trazer desconforto para a vizinhança.

Quanto a queima, pode-se aproveitar a energia gerada e, a


depender do volume de gás produzido, promover um
aproveitamento em alguma etapa do processo, como a
secagem do lodo ou aquecimento dos digestores.

Tratamento Químico

O tratamento químico ou lavagem dos gases utiliza-se


produtos oxidantes de modo a reagir com os gases.

Tratamento Biológico

No tratamento biológico dos gases coletados, pode-se fazer


uso dos filtros biológicos que podem ser abertos ou
fechados na sua parte superior. O gás sobe pelo meio
suporte, sendo este, envolvido por bactérias que consomem
o gás sulfídrico (H2S).

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 106


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O meio suporte deve permanecer sempre úmido,
favorecendo assim, o crescimento das bactérias. O tempo
de contato das bactérias com o gás deve ser verificado, de
acordo com a concentração de gases, ou seja, quanto maior
o volume de gases maior o tempo despendido.

O carvão ativado e a limalha de ferro são alguns tipos de


suporte para este tipo de filtro. A cobertura deste tipo de
filtro, normalmente é executada com cavaco de madeira, a
qual deve permanecer dentro de uma umidade ótima. Pode-
se misturar o carvão ativado com outros tipos de
enchimentos, como limalha de ferro.

Vantagens e Desvantagens

Tabela 7.2 – Vantagens e desvantagens


ITEM VANTAGENS DESVANTAGENS
O fluxo do sistema é
movimentado pela força da Em alguns tipos de RAFA, é
01 gravidade não exigido energia necessário disponibilizar caminhões
elétrica em nenhuma de suas fossa para remoção do lodo
etapas
Caso o projeto não seja projetado
Baixa produção de lodo, cerca
ou executado adequadamente,
02 de 5 a 10 vezes inferior a que
possibilidade de liberação de odor
ocorre nos processos aeróbios
forte
Necessidade de um bom
dimensionamento das cargas
hidráulicas, pois em alguns casos
Não é necessária uma grande não suporta as variações diárias,
03
área para a implantação provocando: 1) perda de sólidos
pelo efluente, 2) instabilidade na
eficiência do sistema, por falta de
digestão adequada dos sólidos.
Custo de implantação e
Baixa eficiência na remoção de
04 manutenção relativamente
patógenos e nutrientes
baixos
Possibilidade de preservação
da biomassa (colônia de
bactérias anaeróbias ) , sem
05
alimentação do reator, por
vários meses, ou seja, a
colônia de bactérias entra em

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 107


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um estágio de endogenia,
sendo reativada a partir de
novas contribuições.
Não necessita de mão de obra
06 especializada na operação ou
na manutenção
Melhor utilizado quando em
combinação com outros
processos de tratamento, visto
que esta unidade pode remover
07
em torno de 70 % da matéria
orgânica sem dispêndio de
energia externa ou adição de
substâncias químicas

Problemas e Procedimentos

Quando da elaboração do projeto, pouco se conhece a


cerca dos problemas operacionais que poderão ocorrer na
ETE, desta forma somente após a operação entrar em um
regime normal de funcionamento é que poderemos
diagnosticar, registrar e estabelecer os procedimentos que
atendam às necessidades do sistema.

Tabela 7.3 – Problemas e Prcedimentos


ITEM PROBLEMA PROCEDIMENTOS
Verificar cumprimento de
freqüência de descartes;
Verificar condições da estrutura do
separador de fase.
Verificar ocorrência de
sobrecargas hidráulicas acima da
capacidade da unidade
Perda de sólidos no efluente
01 (provocando arraste dos sólidos);
do reator
Verificar a possibilidade de
obstrução de redes de alimentação
Avaliar o histórico das análises dos
sólidos afluentes, verificando a
necessidade de uma
reprogramação dos descartes
Avaliar a eficiência do desarenador
Dificuldades no descarte do Verificar a possibilidade de
02
lodo obstrução na linha de descarga
Verificar problemas de travamento

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 108


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de válvula ou queda de gaveta do
registro
Avaliar a eficiência do
desarenador, considerando que a
tubulação possa estar
comprometida com excesso de
areia
Promover a raspagem superficial
da camada de lodo, removendo se
Concentração excessiva de possível com o auxilio de
03
lodo flotado na superfície caminhão fossa
Evitar direcionar o lodo flotado
para as calhas do efluente
Verificar obstrução da rede de
coleta de gás.
Verificar funcionamento do sistema
de quebra de escuma na câmara
de coleta de gás;
Interrupção da queima do
04 Verificar condições de operação da
biogás
câmara de coleta de gás, possíveis
danos na estrutura
Verificar o funcionamento do
sistema de exaustão da linha de
gás

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 109


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CAPÍTULO 8 - LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO

8.1 - Descrição do Processo

As lagoas de estabilização são sistemas de tratamento


biológico, anaeróbios ou aeróbios, que tentam aperfeiçoar o
processo de depuração natural, por meio do aumento da
eficiência e do desempenho do processo, da redução do
tempo de processamento e da necessidade de recursos
para a instalação e operação/manutenção, sem perder o
atendimento da demanda solicitada.

Como todo processo biológico, as lagoas utilizam da própria


cultura de microorganismos contidos nos esgotos para
digerir os poluentes orgânicos. Em contra partida, também
são afetados pelos mesmos fatores que inibem ou destroem
o crescimento da biomassa, como: temperatura,
disponibilidade de nutrientes, pH, oxigênio, contaminantes,
etc.

Este tipo de unidade de tratamento emprega tecnologias de


sistemas simplificados com pouca ou nenhuma
mecanização. Basicamente as lagoas são classificadas de
acordo com a forma de estabilização da matéria orgânica:

Lagoas de Estabilização anaeróbia

Lagoas projetadas com áreas reduzidas e mais profundas


(até 4,5 m), de modo a processar a digestão da matéria
orgânica anaerobiamente, formando gases. A produção de
lodo é baixa, onde estima-se sua remoção a cada 20 anos
(dependendo dos usos e costumes da população atendida).

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 110


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São unidades dimensionadas para receber cargas orgânicas
elevadas, que impedem a existência de oxigênio dissolvido.

Tem um baixo custo de implantação, operação e


manutenção, seu processo sofre com as variações da
temperatura e da insolação, tem uma eficiência de remoção
estimada em 60% de DBO e de 90 a 99% de coliformes.
Porem pode produzir maus odores e atrair vetores.

Necessita de um sistema de tratamento preliminar prévio,


Necessita de
um sistema de mas dispensa o tratamento primário. Porém, geralmente é
tratamento necessário uma unidade subseqüente para atender aos
preliminar
prévio, mas requisitos legais de lançamento.
dispensa o
tratamento
primário. Segundo Costa, A. N., et al, (1999) , a acumulação de lodo
Porém, em lagoas anaeróbias não ocorre de forma homogênea no
geralmente é
necessário tempo e no espaço. A taxa de acumulação de lodos é
uma unidade influenciada por fatores tais como:
subseqüente
para atender
aos requisitos a) Características do esgoto;
legais de
lançamento b) Período de tempo em operação;
c) Eficiência do pré-tratamento;
d) Posicionamento dos dispositivos de entrada e saída;
e) Características geométricas da lagoa;
f) Taxas de cargas orgânicas;
g) Cargas hidráulicas, etc.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 111


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Corpo Receptor

Caixa de Areia

Laguna Anaeróbia
Gradeamento

Figura 35
35 - Concepção de uma ETE com Lagoa Anaeróbia

Tabela 8.1 – Principais Critérios para Lagoa de Projeto


Projeto
Parâmetros Lagoa Anaeróbia
Carga orgânica volumétrica (kgDBO/m³.d) 0,10 a 0,35
Profundidade (m) 4,0 a 5,0
Taxa de aplicação superficial (kgDBO/m³.d) 1000 a 3000
Taxa de Detenção Hidráulica (dias) 3a6
Fonte - Adaptação de von Sperling (2002)

Lagoas de Estabilização aeróbias

Normalmente exigem grandes áreas superficiais de modo a


Lagoas de
estabilização promover a degradação dos esgotos aerobiamente, mas
aeróbias também podem trabalhar com um sistema mecanizado de
exigem
grandes áreas aeração, onde o oxigênio é fornecido por equipamentos
superficiais de mecânicos (aeradores superficiais) ou por ar pressurizado
modo a
promover a através de um difusor submerso. Dessa forma, pode-se
degradação aumentar a profundidade da lagoa e ter uma eficiência
dos esgotos
aerobiamente. maior.

Este sistema já não é tão resistente a elevadas cargas


orgânicas como a lagoa anaeróbia. Por esta razão os
efluentes com estas características devem ser controlados
de modo a não prejudicar o processo.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 112


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É um sistema que por demandar grandes áreas, pode ter o
seu custo inicial elevado e sua manutenção sofrer com os
valores de custeio, uma vez que pode possuir alguns
equipamentos mecanizados e consequentemente um
consumo de energia que a lagoa anaeróbia não apresenta.

A operação do sistema deixa de ser simples e passa a


necessitar de atendimento a padrões de procedimentos no
desenvolvimento das atividades de controle e
monitoramento do processo. O qual tem baixa produção de
odores e uma eficiência de 70% a 90% na remoção de DBO.

Corpo Receptor
Gradeamento
Cx de Areia

Aeradores
Superficiais
(se necessário)
Lagoa Aeróbia

Figura 36
36 - Concepção de ETE de Lagoa Aerada

Lagoas Facultativas

Se caracterizam por seu processo ocorrer em três zonas


formadas nesta lagoa: zona anaeróbia, zona aeróbia e zona
facultativa.

I. Zona anaeróbia: a matéria orgânica em suspensão


(DBO particulada) sedimentada forma o lodo de
fundo, sendo degradada anaerobiamente;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 113


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II. Zona aeróbia: Nesta região, o oxigênio é fornecido
pela troca atmosférica e pela fotossíntese das algas,
para a estabilização da matéria orgânica.
III. Zona facultativa::a concentração de oxigênio é
variável, e pode-se considerar que nesta zona ocorre
a ausência e/ou presença de oxigênio. Nela a
estabilização de matéria orgânica ocorre por meio de
bactérias facultativas, que podem sobreviver tanto na
ausência quanto na presença de oxigênio.
IV. As lagoas facultativas podem vir após as lagoas
anaeróbias, complementando a biodegradação de
matéria orgânica, ou anteceder lagoas de maturação.
Necessitam de sistema de tratamento preliminar e
dispensam a unidade de tratamento primário. Podem,
ainda, vir após reatores anaeróbios, com a mesma
finalidade para que seguem lagoas anaeróbias,
conferindo um polimento ao efluente final.
V. O TDH para regiões tropicais pode variar entre 15 e
30 dias. Seu custo de instalação e operação é
relativamente baixo, ficando entre a lagoa anaeróbia
e a aeróbia. A área necessária também fica entre
estas duas concepções.

Aeróbia
Corpo Receptor
Facultativa

Caixa de Areia Anaeróbia

Gradeamento Lagoa Facultativa

Figura
Figura 37
37 - Concepção de ETE de Lagoa Facultativa

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 114


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Tabela 8.2 – Parâmetros para Lagoa Facultativa
Parâmetros Lagoa Facultativa
Profundidade (m) 1,5 a 3,0
Taxa de aplicação superficial (kgDBO/ha.d) 150 a 300
Tempo de Detenção Hidráulica (dias) 15 a 45
Fonte
Fonte - Adaptação de von Sperling (2002)

É comum o emprego da seqüência de lagoas anaeróbias


sucedidas por facultativas. Esta concepção é conhecida por
sistema australiano. As vantagens incluem a maior
capacidade do sistema de absorver cargas de choque, por
causa da lagoa anaeróbia, o acúmulo de lodo ocorre na
lagoa anaeróbia que é mais profunda; e há uma economia
de área para implantação, quando se compara á instalação
de 1 lagoa falcultativa de mesma eficiência. Estes sistemas
alcançam eficiência de remoção superior a 80% de DBO,
dependendo das condições operacionais.

Lagoas de Maturação

Caracteriza-se por receber um efluente com baixa carga


orgânica e o oxigênio dissolvido se faz presente em toda a
massa líquida. A radiação é o principal fator atuante na
remoção dos patogênicos, sendo responsável pelo pós-
tratamento dos esgotos. Seu principal objetivo é promover,
além da remoção organismos patogênicos, a remoção de
nutrientes do efluente. Para promover a remoção de
patogênicos, utiliza-se um TDH em torno de 7 dias, em cada
lagoa, sendo recomendado a implantação de 3 lagoas em
série.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 115


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Gradeamento Lagoa Facultativa
Cx Areia
Corpo Receptor

Lagoa de
Maturação
RAFA

Figura 38
38 - Lagoa de Maturação (pós-
(pós-tratamento)

Tabela 8.3 – Parâmetros para Lagoa de Maturação


Parâmetros Lagoa de Maturação
Profundidade (m) 0,8 a 1,5
Taxa de aplicação superficial
113 a 225
(kgDBO/há.d)
Tempo de Detenção Hidráulica (dias) 3 a 40
Fonte - Adaptado de von Sperling (2002)

8.2 - Operação e Manutenção de Lagoas

Segundo PESSOA & JORDÃO (2005), estes sistemas de


A manutenção tratamento são preteridos devido à simplicidade e custo
resume-se em
reduzido dos serviços relativos à manutenção e operação do
conservar as
características processo. Onde a manutenção resume-se em conservar as
pré-
características pré-estabalecidas em projeto e
estabalecidas
em projeto e indispensáveis ao bom funcionamento do processo.
indispensáveis
ao bom
funcionamento Nas lagoas anaeróbias, a operação se restringe a limpeza
do processo.
do gradeamento, verificação das condições e limpeza dos
taludes, assim como promover eventuais desobstruções e
limpezas nas tubulações de entrada e saída.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 116


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Neste tipo de sistema de tratamento é desnecessária,
apesar do impacto visual, uma limpeza constante da
superfície do espelho da lagoa, visto que os materiais que
ficam em suspensão auxiliam na manutenção do ambiente
anaeróbio.

Já as lagoas aeróbias/facultativas, devido a pouca ou


nenhuma necessidade de equipamentos eletros-mecânico, a
operação/manutenção resume-se em:

a. Diariamente, promover a conservação das estruturas


construtivas os taludes, limpeza do gradeamento e
remoção de material flutuante;
b. Periodicamente, limpar a caixa de areia, o dispositivo
de entrada / saída, a interligação entre lagoas,
recuperação de cercas, sinalização e proteção contra
águas pluviais;
c. Lubrificação dos equipamentos e manutenção
preventiva nos motores;
d. Avaliar o estado geral do sistema de ancoragem dos
Cabe a
operação a aeradores de superfície (flutuante) ou rotores, quando
coleta de existirem.
amostras do
sistema de
tratamento nos Cabe a operação a coleta de amostras do sistema de
pontos pré-
estabelecidas tratamento nos pontos pré-estabelecidas pelo manual
pelo manual operacional ou pelas tabelas constantes do procedimento
operacional ou
operacional ou no atender as instruções do responsável pelo
pelas tabelas
constantes do processo, mas tal atividade deve atender no mínimo ao que
procedimento
operacional. se segue:

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 117


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Tabela 8.4 – Parâmetros de Avaliação de Desempenho
Amostragem Ponto de
Parâmetro Observações Local
Frequencia Coleta
Odor Diária Ambiente Descritivo Lagoa
pH Diária A-L-E 10h Lagoa
Sólidos
Diária A-E 10h Lagoa
Sedimentáveis
Vazão Diária A-E 10h Lagoa
24h (a cada
Vazão Mensal A Lagoa
hora)
OD Diária L 12h Lagoa
24h (a cada
Vazão Mensal L Lagoa
hora)
SST Semanal A-E 10h Laboratório
Alcalinidade
Semanal A-E 10h Laboratório
Total
N Amoniacal Mensal A-E 10h Laboratório
Nitratos Mensal E 10h Laboratório
Fosfatos Mensal A-E 10h Laboratório
DBO Semanal A-E 10h Laboratório
DQO Semanal A-E 10h Laboratório
CF Semanal A-E 10h Laboratório
*A=afluente L=interior da lagoa E=efluente
Tabela adaptada:
adaptada: PESSOA & JORDÃO (2005)

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 118


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8.3 - Vantagens e Desvantagens

O tratamento de esgotos quando realizados em lagoas ou


em sistemas compostos por estas (ex: sistema australiano –
lagoa anaeróbia + lagoa facultativa) ou mesmo quando as
lagoas são utilizadas como um pós-tratamento deve ser
observado detalhes que podem melhorar ou comprometer o
resultado final, principalmente no que diz respeito a custos e
meio ambiente, tais como:

Tabela 8.5 – Vantagens e Desvantagens


Sistema:
Vantagens Desvantagens
Desvantagens
Lagoa
• Não necessita de grande área
para implantação;
• Produção de maus
• Baixa produção de lodo;
odores;
• Existem tipos de modulação de
• Atrativo para insetos;
sistemas que não necessitam de
Anaeróbia • Sensível a grandes
remoção freqüente de lodo;
variações de vazões;
• Implantação, Operação e
• Pode ter necessidade de
Manutenção simples
remoção continua do lodo;
• Praticamente nenhum consumo
de energia.
• Necessita de grandes
• Pouca possibilidade de produção
áreas para implantação;
de maus odores;
Aeróbia • Pode ter necessidade de
• Pouca profundidade;
consumo de energia,
• Implantação, Operação e
quando se utiliza
Manutenção simples
equipamentos para aerar;
• Necessidade de grande
área para implantação;
• Remoção razoável de DBO • Um bom atrativo para
• Idem Patógenos vetores;
Facultativa • Implantação, Operação e • Desempenho varia com o
Manutenção simples clima;
• Pouco ou nenhum consumo de • Pode ter necessidade de
energia consumo de energia,
quando se utiliza
equipamentos para aerar;
• Muito eficiente na remoção de
patógenos;
• Necessidade de grande
Maturação • Boa eficiência na remoção de
área para implantação;
nutrientes;
• Baixa possibilidade de produção

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 119


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de maus odores;
• Implantação, Operação e
Manutenção simples

8.4 - Problemas e Procedimentos

Mesmo sendo um sistema simplificado, as lagoas também


tem problemas no seu dia a dia e eventualmente, mas sob a
atenção da equipe de operação as conseqüências são
quase imperceptíveis.

Tabela 8.6 – Problemas e Procedimentos


ITEM PROBLEMA PROCEDIMENTOS
Verificar sobrecarga orgânica na
lagoa. Geralmente é antecedido
Aparecimento de camada de
por uma proliferação exagerada de
01 algas mortas em lagoas
microrganismos, providenciar a
facultativas
remoção destas algas mortas para
evitar anaerobiose
Lagoas facultativas sem Verificar possibilidade de baixa
02
presença visível de algas carga afluente à lagoa
Verificar posicionamento da
chicana de saída. Esta chicana
Perda excessiva de algas no
deve estar posicionada até abaixo
03 efluente de lagoas
no nível de maior ocorrência de
facultativas
algas (40 a 60 cm de
profundidade)
Sobrecarga orgânica deverá ser
colocada outra unidade em
operação, se possível, ou ligar
Efluente de lagoa facultativa aeradores mecânicos, se estes
04
cinza claro estiverem disponíveis.
Verificar a distribuição da entrada
do esgoto na lagoa para evitar
curto-circuitos
Aparecimento de placas de
05 lodo suspensas na superfície Dissolver ou remover estas placas.
das lagoas
Resultante de sobrecarga
orgânica, providenciar a colocação
Geração de mau odor em
06 de mais uma unidade em carga se
lagoas facultativas
houver disponibilidade, ou ligar
aeradores (se houver)
07 Aparecimento de manchas Remoção das manchas, que são

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 120


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verdes na superfície de algas geradas pelo aparecimento
lagoas anaeróbias de áreas mais oxigenadas
Se existir sistema de recirculação
de esgoto da lagoa facultativa,
acioná-lo na razão determinada.
Geração de maus odores na
08 Adicionar cal na superfície da
lagoa anaeróbia
lagoa, sem remover a camada
grossa formada, que auxilia na
retenção dos gases
Aparecimento de vegetação Remoção para evitar proliferação
09
na parte interna dos taludes de insetos
Vazamento de esgoto pelos Aplicação de argila e
10
diques e taludes compactação.
11 Vazamento em comportas Acionar a manutenção
Verificar problemas de obstrução
das calhas ou tubulações de
Desnivelamento da superfície interligação entre as lagoas.
12
líquida entre as lagoas Limpeza de calhas e
desobstruções de tubulações com
auxilio de hidrojato (se houver)

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 121


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CAPÍTULO 9 - DIGESTÃO DO LODO

Na seqüência do tratamento dos sólidos (estabilização do


A estabilização
dos lodos se lodo – primário ou bruto, biológico e químico) é previsto um
caracteriza sistema de digestão, o qual antecede a desidratação ou
pela
transformação disposição dos lodos.
da matéria
orgânica,
remanescente Esta etapa do processo de tratamento pode ser executada
dos outros por meio de dois tipos de digestão, aeróbia ou anaeróbia.
processos de
separação de Onde a estabilização dos lodos se caracteriza pela
sólidos do transformação da matéria orgânica, remanescente dos
sistema, em
líquidos, outros processos de separação de sólidos do sistema, em
produtos líquidos, produtos gasosos e sólidos suspensos e
gasosos e
sólidos dissolvidos. o resultado é uma redução significativa do
suspensos e volume dos lodos por meio dos fenômenos de liquefação,
dissolvidos.
gaseificação e adensamento.

9.1 - Aeróbia

O processo de digestão aeróbia é a estabilização da matéria


A estabilização
da matéria orgânica (sólidos voláteis) na presença de oxigênio livre. É
orgânica um sistema que tem um menor custo de implantação, mas,
(sólidos
voláteis) na por necessitar de equipamentos de aeração (aeradores de
presença de superfície ou ar difuso), o custo operacional, aliado ao de
oxigênio livre.
manutenção é superior ao sistema de digestão anaeróbia.

Este processo pode ser relacionado ao processo de lodos


ativados, uma vez que, enquanto este último se dá na fase
de crescimento logarítmico dos organismos, em presença de
ampla quantidade de alimento, a digestão aeróbia ocorre em
continuação àquela fase, após terem-se esgotado as
reservas de alimento, gerando uma autodestruição das

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 122


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células dos organismos (fase de respiração endógena),
conforme PESSOA & JORDÃO (2005).

Cabe ao operador o controle do processo aeróbio por meio


de ações necessárias para manter em plena atividade o
processo de aeração, por meio de:

Ajuste na a) Ajuste na vazão afluente (consequentemente o tempo


vazão afluente de detenção do lodo no digestor) e distribuição da
(consequente
mente o tempo mesma, entre as câmaras;
de detenção b) Nível de oxigênio nas câmaras, por meio de ações
do lodo no
digestor) e preventivas (revezamento de equipamentos de modo
distribuição da a evitar descontinuidade na operação do sistema) e
mesma, entre
as câmaras. corretivas (ações da equipe de manutenção).

9.2 - Anaeróbia

A utilização de O objetivo deste processo é o condicionamento dos lodos


organismos produzidos em uma ETE, preparando-o para dar seqüência
anaeróbios e
facultativos na ao processo de desidratação ou a sua disposição adequada
atividade de no meio ambiente. O princípio deste processo é a utilização
decomposição
da matéria de organismos anaeróbios e facultativos na atividade de
orgânica, na decomposição da matéria orgânica, na ausência de
ausência de
oxigênio. oxigênio.

As câmaras dos digestores anaeróbios podem ser


projetadas para trabalharem de forma estratificada na
distribuição de suas etapas do processo: digestão,
adensamento, flotação, sobrenadante e formação de gases.
Todas estas etapas podem ocorrer em apenas uma única
câmara, mas também podem ser separadas em um digestor
primário, onde ocorrem digestão, liquefação e gaseificação,
e o digestor secundário, caracterizado principalmente pelo

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 123


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adensamento do lodo e possibilidade de remoção do
sobrenadante, que pode ser projetado sem cobertura.

Dois Estágios e alta carga

Digestor Primário Digestor Secundário

Figura 39
39 - Sistema de Digestão Anaeróbia de Lodo

Figura 40 - Digestor Anaeróbio de Lodo de único estágio


(Fonte: Chernicharo, 1997)

No digestor primário deve ser projetado um sistema de


agitação ou recirculação do lodo de modo a manter a massa
no interior do digestor homogeneizada. Dos sistemas mais
conhecidos pode-se classificar o sistema de recirculação
com bombeamento externo, como o de melhor custo e
benefício operacional e de manutenção, visto que todos os

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 124


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equipamentos eletro mecânicos encontram-se do lado
externo a câmara do digestor.

Os produtos resultantes do processo de digestão seguem


para outras etapas do sistema de tratamento: 1) líquido
sobrenadante,
sobrenadante que retorna ao sistema de tratamento; 2) lodo
digerido,
digerido destinado a secagem; e 3) gás, que pode ser
aproveitado como combustível.

Cabe ao operador medir e registrar a vaga nos digestores,


atuar nas manobras dos registros de linha e no acionamento
de bombas para encaminhar o lodo (bruto, biológico e
químico) como complemento das câmaras dos digestores.
As manobras de recirculação interna ou passagem de lodo
entre digestores devem ser executadas conforme determina
o manual de operação ou os procedimentos operacionais.

O tempo de detenção do material depositado nos digestores


é um fator determinante da eficiência do processo. Portanto
é de responsabilidade do operador efetivar a programação
de transferências de lodo, dentro de um sincronismo com
outras unidades do tratamento, como: 1) afluente:
adensadores/flotadores e sistema de bombeamento de lodo
químico; 2) interno: entre digestores; 3) efluente: sistema de
desidratação e vagas em leitos de secagem ou lagoas de
lodo.

Já a qualidade do lodo (presença de contaminantes, ex:


óleos, gorduras, graxas, produtos químicos, etc.) estabelece
o nível de atividade microbiológicas no processo. Desta
maneira o operador deve estar atento às alterações sofridas
na formação dos lodos que serão direcionados para os
digestores, de modo a preparar o sistema ou mesmo os

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 125


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procedimentos do plano de contingência, para receber a
carga indesejável.

Tabela 9.1 – Comparação Entre Digestão Aeróbia e


Anaeróbia
PARÂMETRO AERÓBIA ANAERÓBIA
Digestão Convencional de
único estágio.
Baixa taxa; ≥1,2kg SSV/m³.d;
45 dias não homogeneizado,
(*)
Tempo de Detenção 12 -15 dias 30 dias homogeneizado
Digestão de dois estágios
Alta taxa; <1,2 ≤ 4,8 kg
SSV/m³.d; 15 a 18 dias tempo
mínimo
35% a 50%, além
50%, para digestores
Eficiência esperada para de 15 dias, pouca
aquecidos e com tempo 20
o processo melhoria somos
dias, 60%
obtidas.
Volume V 2a4V
Agitação mecânica
e para transferência
de oxigênio
(superficial ou ar
Potencia (consumo de difuso, suprir os Agitação / recirculação
energia) organismos de mecânica
oxigênio e manter a
biomassa em
suspensão,
homogeneização)
Praticamente sem Na fermentação ácida
Estruturas (em concreto ou
Sistema de difícil aço) podem ser fechadas,
Odor
confinamento de abertas ou com tampa fixa ou
gases movei, possibilitando o controle
e/ou aproveitamento de gases
Sobrenadante (DBO) <100 mg/L 500 -1000 mg/L
Muito menor custo,
a depender do nível
Custo de implantação de tecnologia dos (2 x C)
equipamentos
empregados (C)
Maior custo devido
Custo de operação ao consumo de (1/3 x C)
energia (C)
Produção de gás Não produz 20 – 30 L/hab
Remoção de SSV 40% 50%
Desidratação (leito de 100 m²/1000 hab 80 m²/1000 hab

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 126


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secagem) Filtrabilidade ruim Filtrabilidade boa
Verificação da vaga de lodo,
recirculação/mistura do lodo,
Controle da
transferência de câmaras
operação dos
Atividades Operacionais (quando houver), descargas do
aeradores e o nível
sobrenadante e transferência
de oxigênio
do lodo para digestão ou outro
sistema de secagem
Boa capacitação,
especificamente se
Mão de obra operacional Capacitada
existir aeração por
difusores de ar
Dificuldade na
Qualidade do lodo
secagem, devido à Secagem com maior facilidade
produzido
pior filtrabilidade
(*) 40 dias para inativação de microrganismos
Tabela adaptada de PESSOA & JORDÃO (2005)

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 127


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CAPÍTULO 10
10 - DESIDRATAÇAO DO LODO

O lodo de esgoto tem sido motivo de crescente preocupação


mundial, com relação a sua disposição, quanto a
contaminação do solo e a qualidade das águas disponíveis.
Apesar desta preocupação, devemos ter também
consciência de que este produto orgânico é rico em matéria
orgânica e nutriente, podendo ser utilizado de maneira
benéfica.

Portanto, este material deve ser monitorado e sua produção


controlada, de modo a garantir a qualidade do lodo
produzido e ao atendimento a legislação aplicável. Caso
“Lodo de
Esgoto”, este este material não seja devidamente tratado ou tenha uma
resíduo é inadequada disposição final pode significar aumento nos
gerado em
algumas custos do tratamento de água, com efeitos negativos na
etapas do saúde da população, preservação ambiental e no potencial
processo de
tratamento. de desenvolvimento econômico-social.

Conhecido como “Lodo de Esgoto”, este resíduo é gerado


em algumas etapas do processo de tratamento, a depender
do tipo de sistema empregado no empreendimento.
Podendo ser estratificado em: 1) lodo primário (bruto),
sólidos sedimentáveis, 2) lodo biológico, bactérias – lodos
excedentes e 3) lodo químico, sólidos removidos por meio
de adição de produtos químicos.

No processo de estabilização do lodo de esgotos é gerado


um material com alto teor de umidade, o qual tem a
necessidade de ser submetido a um processo de
desidratação, natural ou mecanizada, de modo a adequar-lo
ao sistema de transporte, armazenamento e disposição final
(lodo de esgotos).

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 128


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A eficiência de um sistema de desidratação é dada pela
quantidade de água removida da massa de lodo a partir de
sua entrada nesta etapa do processo. Sendo que o grau de
umidade desejado é determinado em função de fatores
ligados ao:

a) Tipo de aplicação;
b) Características dos lodos produzidos nas suas
diferentes fases de tratamento e manuseio;
c) Tipo de processo de redução de umidade do lodo;
d) Classificação necessária para disposição do lodo;
e) Disposição final do lodo.

Uma pequena remoção de umidade do lodo produz uma alta


redução do volume inicial, portanto é importante uma
operação adequada do processo de desidratação, de modo
a atingir o objetivo que se pretende dentro das condições
disponíveis.

10.1 – Secagem Natural

Leitos de Secagem

A depender das condições climáticas da região, da


densidade demográfica do local e da disponibilidade de área
física, a aplicação deste sistema cumpre os objetivos do
projeto, sem, contudo impactar o meio ambiente.

São unidades modulares, normalmente em forma de


tanques retangulares, construídos com paredes de
alvenarias ou concreto, podendo ser descoberto (mais
comum) ou coberto (geralmente com telhas transparentes).

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 129


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O dispositivo é composto por uma área delimitada por
paredes em forma de tanque, uma superfície de suporte,
uma camada drenante (meio filtrante) e uma malha de
drenagem para escoamento do líquido drenado. De modo a
preservar o solo em que o referido leito está assentado, este
deve receber uma camada impermeabilizada sobre uma
camada base resistente (podendo ser de concreto).

A desidratação neste tipo de sistema é baseado em no


O sistema é
baseado em processo natural de perda de umidade, o qual pode ser
no processo afetado por fatores climáticos, condições operacionais
natural de
perda de (remonte de camadas de lodo), características físico-
umidade químicas e digestão do lodo. O processo de perda de
umidade se desenvolve devido aos seguintes fenômenos:

a. Liberação dos gases dissolvidos ao serem


transferidos do digestor (pressão elevada) e
submetidos à pressão atmosférica nos leitos de
secagem;
b. Liquefação, devido à diferença do peso específico
aparente do lodo digerido e da água, estabelecendo a
flotação do lodo e rápida drenagem da água;
c. Capacidade da estrutura do leito de secagem de
permitir e facilitar o deságüe do liquido acumulado no
lodo de esgoto;
d. Evaporação natural da água, em contato com a
atmosfera;
e. Evaporação devido ao poder calórico do lodo.

Todo material disposto nestas câmaras devem permanecer


armazenadas de modo a atender a uma programação da
unidade de tratamento, a qual promoverá a combinação

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 130


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entre a procura de leitos para disposição de mais materiais e
a condição do lodo para a remoção.

Composição do Leito de Secagem

1. A camada suporte tem a finalidade de assegurar a


proteção do meio filtrante, através da resistência
mecânica de seus componentes, pode ser montada
utilizando materiais que possibilitem manter uma
abertura entre os elementos que compõem a
estrutura da camada, de modo a permitir e facilitar o
escoamento do liquido a ser drenado, assim como a
retenção dos sólidos a serem separados:
a) Constituída de tijolos cerâmicos recozidos ou
de concreto, com afastamento (juntas) de 2 a 3
cm, preenchido com areia grossa lavada isenta
de matéria orgânica. Os tijolos devem ser
harmoniosamente arrumados de modo a
facilitar a remoção do lodo e a reposição de
tijolos defeituosos.

Junta de Areia 2
a 3 cm

Figura 41 - Disposição dos tijolos nos leitos de secagem

b) Constituída por elementos vazados de


concreto, cuja estrutura tenha uma resistência
de suporte para a operação/movimentação de
pequenos equipamentos mecânicos de

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 131


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limpeza, preenchido com areia grossa lavada
isenta de matéria orgânica. As áreas vazadas
dos elementos da camada de suporte devem
ter dimensões que evitem ou minimizem a
comatação da superfície drenante.

Preenchimento com
areia grossa

Preenchimento com
areia grossa

Figura 42 – Preenchimento com areia grossa

2. O meio filtrante é constituído por camadas de pedras


de granulometrias diferentes e arrumado, de modo
que a camada inferior tenha granulometria maior do
que a da camada superior, formando um filtro para o
liquido drenado.

Camada de Suporte (tijolo ou estrutura de concreto)

Sistema de Drenagem
(>150mm)
Figura 43 - Adaptada de Costa, A. N., et al, (1999) - Detalhe
da Soleira Drenante

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 132


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3. O sistema de drenagem é constituído de canalizações
dispostas abaixo do meio filtrante (no fundo dos
tanques), de modo a coletar o líquido percolado
proveniente do lodo, em fase de secagem, e
percolado através das camadas superiores (areia e
brita). As canalizações para o escoamento do líquido
drenante podem ser constituídas de tubos drenos,
preferencialmente de plástico (PVC) ou sistema
similar com diâmetro mínimo de 100mm, e
afastamento máximo entre si de 3m.

As canalizações devem ser projetadas atendendo as


seguintes necessidades: boa ventilação para o meio
filtrante; escoamento rápido para o líquido drenado e fácil
acesso para manutenção. Em alguns casos o sistema de
drenagem é canalizado no centro do tanque, mas o principal
fator para determinação da posição dos tubos de drenagem
é a declividade da base da caixa do leito de secagem,
direcionado os líquido para o sistema de drenagem.

Figura 44
44 - Adaptada de Costa, A. N., et al, (1999) -
Esquema de um leito de secagem

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 133


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Efluente

Todo líquido coletado no sistema de drenagem dos leitos de


secagem deve ser direcionado, por meio de um sistema de
recalque ou não, de modo que retorne ao processo de
tratamento.

Operação

As camadas de lodo depositada nos leitos de secagens não


devem, em condições normais de operação, ultrapassar a
200 mm de espessura. De modo que o lodo em condições
normais (ideais) de secagem pode ser removido após um
período que varia de 12 a 20 dias ou quando a umidade
atingir valores de no mínimo 30 a 40%, caracterizadas com o
aparecimento de rachaduras na superfície da camada de
lodo.
A operação e conservação dos leitos de secagem atende a
procedimentos básicos conforme as seguintes fases:

a. Carregamento dos leitos de secagem deve ser feito


com o lodo digerido na sua fase final, caso utilize
outro tipo de lodo, a unidade terá problemas com odor
mais forte;
b. Deve-se observar a distribuição do lodo digerido
pelos leitos e ao longo dos mesmos, conforme
seqüencial de operação e limpeza;
c. Registrar o volume,
volume data e numeração do leito que
recebeu a descarga,
d. Remoção do lodo seco:
seco o lodo é considerado seco
quando possui boas qualidades para remoção (com
pá) e transporte. O teor de sólidos neste caso é de
mais ou menos 60% (ideal);

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 134


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e. Registrar a mão de obra,
obra equipamento, tempo e
volume da carga total do lodo seco (para
levantamento de custos);
f. Limpeza da camada suporte:
suporte após a remoção do lodo
seco é necessária realizar a limpeza da camada
suporte de tijolo por meio de varrição para retirar os
restos de lodo, bem como remover as vegetações, se
for o caso, desenvolvidas nas juntas;
g. Controle
Controle e operação do sistema de bombeamento do
líquido drenado para o processo de tratamento com
correção de pH.

Dentre os serviços de pós-limpeza dos leitos é necessário


recompor e nivelar, com tijolos, elementos vazados ou areia,
as falhas provocadas nas operações de remoção de lodo e
limpeza da camada suporte.

Recomenda-se, caso as condições operacionais da unidade


de tratamento assim o permitirem, manter o leito sem
utilização, depois de efetuada a limpeza, pelo menos 3 dias
ensolarados, de modo a restaurar a capacidade de
drenagem do leito filtrante.

Imhoff (1966) considera que, a partir das características


finais do lodo seco, pode ser avaliado o nível de
estabilização do lodo submetido à desidratação, conforme
apresentado abaixo:

a) Lodo seco com fendilhamento escasso e fino indica


lodo bem digerido e com baixo teor de água;
b) Fendas numerosas, de largura mediana, indicam lodo
digerido com elevado teor de água;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 135


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c) Fendas em pequena quantidade e de grande largura
indicam lodo mal digerido, pegajoso, requerendo
longos períodos de tempo para secagem.

Além das características físicas do lodo, as condições


climáticas também influenciam o comportamento deste tipo
de processo. A secagem natural do lodo pode promover, em
determinadas situações, uma remoção considerável de
organismos patogênicos devido a exposição prolongada do
material ao sol, que eleva a temperatura do lodo (Van
Haandel e Lettinga, 1994).

Após atingir teores de sólidos em torno de 30%, o lodo deve


ser retirado do leito de secagem tão rápido quanto possível,
para não dificultar sua remoção posterior. Além disso, a
permanência prolongada do lodo nos leitos promove o
crescimento de vegetação que, além de mostrar indícios de
mau planejamento de operação da ETE, atrapalha de forma
considerável sua retirada (Pereira Lima, M.R, et al, 1999).

Tabela 10.1 – Principais Soluções Operacionais para a


Manutenção dos Leitos de Secagem
Problema Possível causa Checar e
Solução
detectado do problema monitorar

Ciclo de
desidratação
Altura excessiva A altura de lodo a Quando o lodo
elevado
de lodo aplicado ser aplicado de estiver seco,
forma satisfatória removê-lo e
é de limpar bem o
aproximadamente leito de
20cm secagem. Aplicar
uma pequena
altura de lodo e
medir o quanto
diminuiu por um
Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs periodo de 3136
Guia do Profissional em Treinamento - ReCESA dias. Na próxima
aplicação lançar
o dobro da
a
dia após a 1
aplicação.
Remover o lodo
após a secagem.
Observar a
Aplicação do lodo Limpar bem a
condição de
com limpeza superfície do leito
limpeza
inadequada do e recolocar de
(manutenção) do
leito de secagem 1,2 – 2,5cm de
leito de secagem
areia limpa, se
necessário
Efetuar uma
limpeza contra-
corrente
lentamente do
leito de secagem
conectando uma
fonte de água
Sistema de limpa à tubulação Sistema de
drenagem de drenagem de drenagem
obstruído ou fundo. Checar a obstruído ou
tubulação areia do leito e tubulação
quebrada substituir o meio quebrada
filtrante quando
for necessário.
Drenar totalmente
o leito para que
não ocorra
congelamento nas
estações frias.
A dose típica é
de 2,3 – 13,6 Kg
polímero
catiônico/ton
Verificar o efeito
Leito sub- sólidos seco.
da aplicação de
dimensionado Resulta num
polímeros
aumento
significativo da
taxa de
desidratação
Condições Proteger o leito
Temperatura,
climáticas da contra as
precipitação
região intempéries
Abrir totalmente
as válvulas no
Tubulação de início da aplicação Tubulação de
Acúmulo de
alimentação do do lodo para alimentação do
sólidos ou areia
leito de secagem limpeza da leito de secagem
na tubulação
bloqueada tubulação. Aplicar bloqueada
jatos de água, se
necessário

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 137


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Problemas de
separação de Redução da taxa
Lodo muito fino Lodo muito fino
fase no digestor (velocidade) de
sendo purgado sendo purgado
com remoção de retirada do lodo
do digestor do digestor
água e não do do digestor
lodo
Quebrar (romper) Quebrar (romper)
a crosta de lodo e a crosta de lodo
usar larvicida tal e usar larvicida
Aparecimento de como borato de Aparecimento de tal como borato
mosca na cálcio ou matar mosca na camada de cálcio ou
camada de lodo as moscas de lodo matar as moscas
adultas com adultas com
inseticida inseticida
adequado adequado
Estabelecer
Processo de
Odor quando o Inadequada correta operação
operação e
lodo é aplicado digestão do lodo do processo de
digestão
digestão
Verificar a
Aplicar cal sobre
Processo de possibilidade de
Odor acentuado a superfície do
secagem do lodo remover o lodo já
lodo
seco
Falta remover o Verificar a
Remoção da
Aparecimento de lodo do leito, possibilidade de
vegetação e
Vetores crescimento de remover o lodo já
aplicação de cal
vegetação seco
Remover o lodo
Surgimento de do leito quando
Excesso de Umidade
torrões e pó do conseguir
secagem conseguida
lodo desidratado umidade de 40 a
60%
Fonte - Adaptado - Pereira Lima, M.R, et al, (1999), apud,
WEF(1996)

10.2 - Lagoa de Lodo

Semelhantemente aos Leitos de Secagem, este sistema é


O lodo a ser
desidratado, refém das condições dos mesmos fatores limitantes: 1)
deve ser condições climáticas, 2) densidade demográfica e 3) área
depositado em
lagoas disponível. Entretanto, para este sistema devem-se também
naturais, considerar outros fatores naturais, como o nível do lençol
escavadas ou
assentadas freático e as características do solo.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 138


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O lodo a ser desidratado, deve ser depositado em lagoas
naturais, escavadas ou assentadas, desde que tenha uma
profundidade que varie de 0,7 a 1,5 metros, seu processo de
desidratação, ocorre, por meio de infiltração e evaporação
do liquido (principalmente).

Sua operação consiste em programar, efetivar e registrar as


descargas de lodo para enchimento das lagoas
seqüencialmente, avaliar periodicamente o estado geral dos
taludes, quando for o caso.

Devem-se programar uma limpeza das plantas e outros


tipos de resíduos depositados as margens da lagoa, assim
como a remoção do sobrenadante e da camada de lodo de
fundo quando sua umidade permitir.

Quando no projeto constar a instalação de poços


piezométricos, cabe ao operador promover a coleta
periódica de amostras do lençol freático, para análise e
avaliação das condições de contaminação da lagoa.

10.3 – Secagem
Secagem Mecanizada

As unidades de tratamento de esgotos geradoras de lodo


podem ter fatores que impeçam a utilização da secagem
natural, como insuficiência de área, condições climáticas
desfavoráveis, ou mesmo excessivas quantidades de lodo
produzido, casos típicos das estações de médio e grande
porte.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 139


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Para minimizar os impactos causados por estes fatores
adversos são utilizados equipamentos de secagem
mecanizada que podem produzir lodo de esgoto com 13 a
30% de teor de sólidos.

Atualmente têm surgido diversos tipos de equipamentos,


cuja proposta é a remoção de água do lodo, de forma
eficiente e com alta produtividade, porem, as opções mais
conhecidas são:

a) Prensa Desaguadora (“Belt Press”);


b) Filtro Prensa;
c) Centrífugas.

Alguns fatores se destacam na escolha de um tipo de


sistema para a desidratação mecânica, tais como:

a) Problemas no atendimento aos procedimentos de


operação e manutenção;
b) Custo do equipamento;
c) Custo operacional e de manutenção;
d) Necessidade e facilidade de obtenção de agente
floculante;
e) Consumo de energia;
f) Capacitação da mão-de-obra para operação e
manutenção;
g) Eficiência do sistema de desidratação (teor de
umidade). 95 - 99

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 140


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Tabela 10.2 – Características de Equipamentos
Desaguadores
Prensa de
Tipo de
Esteira “Belt Filtro Prensa Centrifuga
Equipamento
Press”
Umidade do
70 - 82 55 - 70 75 - 85
lodo*(%)
Taxa de
recuperação de 90 - 98 95 - 99 95 - 99
SS (%)
Obtenção de um Obtenção de lodo Fácil controle
lodo com baixa operacional e
tratado com umidade reduzida área
umidade de
relativamente instalação.
Vantagens baixa, Obtenção de
fácil um lodo com
monitoramento e baixa umidade.
baixo consumo
elétrico e
químico..
Alta atividade no Alto custo de Alto custo de
controle das Instalação e instalação/
telas, problemas controle manutenção,
com aerosois e operacional alto ruído
Desvantagens
odor (formação complexo operacional e
de uma área alto consumo
insalubre) de
eletricidade.
* A prática tem demonstrado valores superiores a estes, a
depender do lodo afluente.
Tabela - Adaptado de Oliveira, D et al
(http://www.kurita.com.br/adm/Etapas_do_Tratamento_de_E
http://www.kurita.com.br/adm/Etapas_do_Tratamento_de_E
fluentes.pdf,
fluentes.pdf, em 28/04/2009)

Prensas Desaguadoras

O lodo perde
Também chamadas de “filtro prensa de esteira” é um
água quando
comprimido sistema formado por duas telas (superior e inferior), as quais
entre as duas
recebem o lodo de esgoto após sua mistura com um
telas, que
passam entre condicionante químico (polieletrólito), o qual funciona para
diversos rolos
atingir uma floculação ideal.
de diâmetro e
pressões
diferentes

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 141


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É uma prensa de operação contínua formada por duas telas
(superior e inferior) onde o lodo perde água quando
comprimido entre as duas telas, que passam entre diversos
rolos de diâmetro e pressões diferentes. A desidratação
ocorre em várias fases ao longo do percurso das telas da
prensa, desde o início da mesa plana, com perda de água
por percolação, ao longo do percurso por compressão dos
roletes sobre as telas, perda da água intersticial, até
liberação do lodo (torta) sobre um sistema de transporte,
pelo dispositivo de raspagem.

Após a descarga da torta, a tela é lavada por meio de jatos


d’água a alta pressão, normalmente utiliza-se de água de
serviço (efluente). O filtrado, ou líquido drenado, juntamente
com a água de lavagem de telas, devem ser processados de
modo a ter o seu pH corrigido (elevados para próximo a 10)
e os lodos remanescentes da prensagem resgatados, assim
como promover a remoção do teor de fósforo presente nos
efluentes. Os líquidos seguem para o inicio do processo de
tratamento de esgotos e os lodos retornam a entrada do
sistema de desidratação.

Operacionalmente este tipo de equipamento tem


apresentado melhorias em seu projeto, quando procura
isolar o sistema operacional do ambiente externo e desta
forma minimizando os altos níveis de ruídos, a emissão de
aerosois e os odores desagradáveis. Entretanto ainda
mantém um número considerável de partes móveis de
desgastes acentuados (rolamentos, rolos e telas),
provocando um trabalho de média freqüência da
manutenção, deve-se observar que são ações, da
manutenção, relativamente de curto período de tempo o que

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 142


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não ocasiona grandes transtornos para a operação do
sistema.

Quanto a eficiência do processo, se o lodo afluente ao


sistema de desidratação não for de excelente qualidade e
dentro de um padrão ótimo, o processo não apresenta os
rendimentos prometidos na literatura (15% a 30% ou mais).

Figura 45 - Prensa desaguadora


desaguadora (Fonte:
www.environquip.com.br/pren_desa.htm,
www.environquip.com.br/pren_desa.htm, em 28/04/2009)

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 143


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Filtro Prensa

Basicamente este tipo de equipamento é formado por uma


seqüência de placas verticais, cujas bordas são paralelas e
o seu interior possui uma grande cavidade, estes elementos
envoltos por um elemento filtrante (permeáveis ao liquido).

Este conjunto de elementos é cheio de lodo, injetado por


O conjunto de
elementos é uma bomba, continuamente de modo a preencher os vazios
cheio de lodo,
entre as placas. Com a bomba injetando lodo para o interior
injetado por
uma bomba, do conjunto, o líquido começa a atravessar os poros dos
continuamente
elementos filtrantes (permitem somente a passagem de
de modo a
preencher os liquido) seguindo por condutos para serem estabilizados e
vazios entre as
devolvidos ao processo. Entretanto os sólidos
placas.
remanescentes retidos nos vãos das placas vão ficando
confinados nesta área, o que provoca uma compactação dos
sólidos contidos nos vãos das placas.

Quando a pressão imposta pela bomba chega ao seu limite,


isto e, o liquido drenado tendendo a zero, a bomba que
alimenta o sistema é desligada e o conjunto do filtro recebe
jato de ar pressurizado de modo a promover a remoção do
restante de água no sistema e o termino da secagem da
torta.

Neste ponto a torta já esta pronta para ser liberada da


prensa. Portanto abre-se o filtro com a separação das placas
e a torta é desprendida das paredes das placas, sendo
descarregada sobre uma caçamba de detritos, a qual será
removida para um destino adequado.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 144


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É um sistema diferente dos demais, pois é operado por
bateladas, divididas em tres etapas: 1) enchimento; 2)
compressão com a pressão do bombeamento (remoção do
liquido) e 3) remoção de sólidos. O ciclo de uma batelada
varia de 3 a 5 horas, o que restringe a sua utilização para
estações de médio e grande porte. Na pratica tem
demonstrado uma eficiência superior aos outros
equipamentos (35% a 60%).

Como os demais equipamentos com um bom grau de


tecnologias inovadoras, este equipamento também tem um
custo elevado de aquisição e os mesmos problemas das
telas, das partes móveis e da mão de obra qualificada.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 145


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A operação deste equipamento necessita de uma boa
capacitação dos operadores, visto que é um equipamento
que está em constantes movimentos controlados. A
operação dos efluentes sólidos e líquidos é semelhante aos
outros equipamentos desaguadores.

1º passo – início do 2º passo – começa o


enchimento deságüe

3º passo – término 4º passo – início da


do deságüe descarga do lodo

5º passo – término 6º passo – término


da descarga do lodo da descarga do lodo
e do líquido drenado
Figura 46 - Filtro Prensa (www.grabe.com.br/imagens/esq
(www.grabe.com.br/imagens/esq-
www.grabe.com.br/imagens/esq-
filtro-
filtro-prensa.gif,
prensa.gif, em 28/04/2009)

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 146


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Decanter centrifugo ou
ou Centrifuga

Equipamento utilizado na separação de materiais de pesos


Equipamento
utilizado na específicos diferentes, mais especificamente líquidos
separação de misturados com sólidos em suspensão, onde o objetivo
materiais de
pesos deste procedimento é promover a remoção do liquido de
específicos uma massa (desidratação).
diferentes.

Este procedimento se dá por meio de centrifugação, quando


o lodo que entra pela parte central do equipamento
atravessa um tambor tronco cônico horizontal que gira em
alta velocidade sendo submetido a uma força centrifuga que
faz com que os sólidos (lodo) sejam compactados quando
lançados nas paredes do tambor.

O lodo separado é removido do interior da centrifuga, por


meio de uma outra rosca que gira em uma velocidade
diferente da do tambor, desta forma transporta os sólidos
para a zona de descarga.

São equipamentos de alto custo de aquisição, elevado


consumo de energia, devendo ser montado sobre uma
estrutura consistente e perfeitamente nivelada. Devido ao
seu alto grau de complexidade, tem um alto custo de
manutenção, necessitando também de uma capacitação
especial de seus operadores e da equipe de manutenção.

Entretanto é um equipamento compacto e de alto


desempenho, tendo a vantagem de ser fechado evitando a
emissão de aerossóis e o desprendimento de odores
desagradáveis, o que reduz os níveis de contaminação do
ambiente.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 147


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Sólido Líquido

Figura 47 - Decanter Centrifugo


(www.fastindustria.com.br/prod_decanters_dc.htm e
www.barigellidecanter.com/barigellidecanter/,
www.barigellidecanter.com/barigellidecanter/, em
28/04/2009)

Seu desempenho é afetado basicamente pelos ajustes do


equipamento incluindo manutenções preventivas,
características do lodo afluente, vazão de entrada,
dosagem/qualidade dos polímeros e capacitação dos
operadores. Portanto o resultado do processo é
condicionado a qualidade da mão de obra empregada na
estação. Sendo que a eficiência média esperada encontra-
se listada na Tabela a seguir:

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 148


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Tabela 10.3
10.3 – Desempenho Típico de Centrifugas
Captura de Dosagem de
Tipo de Lodo Conc. da Torta
Sólidos Polieletrólitos
Lodo bruto primário 28 - 34% 95% 2 - 3 g/kg
Lodo anaeróbio 35 - 40% 95% 2 - 3 g/kg
Lodo ativado 14 - 18% 95% 6 - 10 g/kg
Lodo misto * bruto 28 - 32% 95% 6 - 10 g/kg
Lodo misto
26 - 30% 95% 4 - 6 g/kg
**anaeróbio
Lodo aerobio 18 - 22% 95% 6 - 10 g/kg
*lodo primário + ativados excedente ** aeração prolongada
ou ativado excedente
Fonte - GONÇALVES E LUDUVICE, 2000

10.4 - Qualidade
Qualidade Microbiológica
Microbiológica

No lodo de esgotos são encontrados diversos


microrganismos causadores de doenças, tais como vírus,
bactérias, protozoários e helmintos.

Vírus

São seres constituídos de uma única célula, visíveis


somente ao microscópio. Eles invadem as nossas células e
fazem com que elas trabalhem exclusivamente para
produzirem outros vírus.

As nossas células realizam várias transformações químicas


(metabolismo) que são responsáveis pelo funcionamento do
nosso organismo. Os vírus alteram essas transformações
nos causando doenças que podem nos levar à morte.

Bactérias

Também são seres unicelulares, porém ela podem viver


sozinhas ou em grupos. Estes seres estão em todos os

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 149


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lugares e nós estamos sempre em contato com eles, seja no
ar, na água, na terra, etc. As bactérias que causam doenças
são chamadas bactérias patogênicas e se manifestam
quando o nosso organismo está enfraquecido, com falta de
resistência.

Protozoários

Também são animais constituídos de uma única célula. A


maioria deles vive na água, alguns no solo ou em terra
úmida. Nós podemos adquirir esses seres através da água
poluída ou através de picada de inseto que esteja infectado
com eles.

Helmintos

São os vermes. Eles vivem no solo ou na água e causam


vários tipos de doenças. Nós adquirimos estes seres na
forma de ovos que se tornam larvas já dentro de nosso
organismo. A penetração ocorre através da pele ou da
mucosa.

Conforme EPA (1992), os ovos de helmintos encontrados


com maior freqüência no lodo de esgoto são: Ascaris
lumbricoides, Ascaris suum, Toxocara sp. Trichuris trichiura,
Taenia solium, Taenia saginata, Necator americanus e
Hymenoleois nana. O tempo de sobrevivência destes ovos
no ambiente depende da umidade, luz do sol e outros
fatores ambientais.

A quantidade e o tipo de microrganismos patogênicos


presentes nos esgotos domésticos, tais como os acima
citados, estão relacionados com o tipo de urbanização, a

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 150


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densidade populacional, os hábitos sanitários, as condições
ambientais, a estação do ano e o perfil de saúde da
comunidade que gera o esgoto.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 151


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CAPÍTULO 11 - PÓS TRATAMENTO

Em determinadas situações, o tratamento secundário não é


suficiente para garantir as condições ideais de lançamento
do efluente e torna-se necessário alguma outra unidade que
garanta o atendimento aos requisitos legais e preserve o
meio ambiente.

O processo de pós tratamento envolve unidades de remoção


de nutrientes, de patogênicos ou outros compostos não
removidos pelo tratamento biológico convencional. No
atendimento a estas necessidades são utilizados variações
no processo de tratamento biológico, ou físico-químico.

No entanto, este capítulo será focado na operação de


unidades de desinfecção de esgoto, uma vez que as
unidade de pós tratamento podem ser descritas pelos
processos descritos nesta apostila, com pequenas
modificações.

A finalidade desta unidade é a remoção de microrganismos


que possam afetar a saúde pública, protegendo os
mananciais de eventuais contaminações pelo lançamento
dos efluentes de ETEs.

A identificação dos microrganismos que são prejudiciais à


saúde humana é difícil e por essa razão utilizam-se alguns
indicadores do nível de contaminação do esgoto. Estes
microrganismos são conhecidos por coliformes
termotolerantes (fecal), e estão presentes no trato intestinal
humano e de outros animais. É importante o levantamento
deste parâmetro, pois é um indicativo da possibilidade da
existência de microrganismos patogênicos, responsáveis
pela transmissão de doenças de veiculação hídrica.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 152


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11.1 - Radiação Ultravioleta

O mecanismo de ação deste tipo de unidade de desinfecção


reside na alteração do DNA dos microrganismos provocada
pela radiação, impedindo a sua duplicação. O princípio de
funcionamento consiste na exposição do esgoto a ser
tratado, de uma lâmina de espessura adequada, às
emissões de radiação ultravioleta. Para que o sistema tenha
a eficiência prevista, o líquido deve possuir turbidez baixa e
reduzida concentração de sólidos (menor que 10 mg/L), para
que a radiação possa atingir todos os microrganismos.

A radiação é fornecida por meio de lâmpadas semelhantes


às fluorescentes, mas que emitem luz no comprimento de
onda de 253,7nm (favorável à desinfecção). Estas lâmpadas
podem ser montadas acima da lâmina ou imersas do meio
liquido, protegida por camisas de quartzo.

Figura 48
48 - Sistema de Desinfecção por UV

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 153


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Vantagens e Desvantagens

Ante outros mecanismos de desinfecção, como a cloração


(Cloro, desinfetante por oxidação celular dos
microorganismos, aplicado na forma de gás, soluções de
hipoclorito, na forma de dióxido de cloro, etc.. Seu uso é
questionado porque reagem com a matéria orgânica
decomposta na água para formar Trihalometanos -THMs,
produtos cancerígenos controlados) e a ozonização (Ozônio,
forte oxidante aplicado na forma de gás é produzido "in situ"
por descarga elétrica no ar seco ou oxigênio puro; é um
produto corrosivo), observa-se algumas vantagens e
desvantagens:

Tabela 11.1 – Vantagens e desvantagens


Desinfecção por UV
Vantagens Desvantagens
Necessidade de esgoto com baixa
Facilidade de operação; concentração de sólidos suspensos e
baixa turbidez;
Necessidade de limpeza das
Instalação apresenta menor risco de
lâmpadas pelo acúmulo de limo e
operação;
matéria graxa;
Possibilidade de fotorreativação,
Eliminação de uso de produtos quando os microrganismos
químicos conseguem “regenerar” seu DNA e
voltar à atividade
Pela proximidade com o líquido a ser
Eliminação de formação de desinfectado, pode ter os pontos de
compostos organoclorados contados das lâmpadas oxidados e
deteriorados.
Não deixa residual no esgoto,
minimizando o impacto no corpo
receptor.
Fonte - Adaptado de Jordão e Pessoa, 2005

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 154


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Limpeza da unidade

A necessidade de limpeza recorrente visa garantir a


eficiência da unidade, sendo essencial manter os conjuntos
de lâmpadas limpos. A freqüência estabelecida deve ser
seguida e, caso o operador detecte que esta não está
adequada, deve comunicar para que a freqüência possa ser
adaptada.

Levantamento de registros e ocorrência

• A vazão, por ser um dos critérios essenciais na


garantia da eficiência da unidade, deve ser registrado
e os ajustes realizados rapidamente;
• O funcionamento das lâmpadas deve ser registrado e
em caso de falhas, a troca deve ser providenciada o
mais rapidamente possível;
• A condição de funcionamento de unidades anteriores
à de desinfecção devem ser comunicadas ao
operador desta unidade para que este providencie as
alterações necessárias para garantir a eficiência da
unidade, principalmente quanto à vazão e à
concentração de sólidos suspensos;
• Problemas no isolamento das lâmpadas devem ser
relatados e sanados, pois a exposição à este tipo de
radiação pode causar câncer de pele e lesões nos
olhos.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 155


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CAPÍTULO 12 - LEVANTAMENTO E REGISTROS DE
OCORRÊNCIAS

A gestão da unidade de tratamento pode ser dividida pelas


etapas de tratamento, onde se delega responsabilidades de
operação a cada uma delas. Nestes casos ou de acordo
com a subdivisão projetada pela gerencia local, o operador
responsável pela área, deve atender aos procedimentos
operacionais estabelecidos no manual ou pelo sistema de
gestão da unidade e manter rotineiramente os registros de
ocorrências das situações.

Os registros podem ser elaborados em meio digital,


incorporado a um sistema de controle de documentos, em
formulários ou em um livro da área, onde serão transcritos
as ocorrências do turno:

Cabe ao técnico da unidade ou na ausência deste, ao


operador responsável o registro das anormalidades
ocorridas na área;

a. Autorizar o acesso de visitantes ou a liberação de


entrada de pessoas que não estejam em horário
normal de expediente;
b. Registrar, avaliar a necessidade e prover a
substituição de qualquer elemento da equipe;
c. Avaliar as ocorrências de necessidades
emergenciais e quando necessário solicitar ou
programar a presença da equipe de manutenção;
d. Programação do Controlador Lógico Programável
– CLP / PLCs dos equipamentos, especificamente
qualquer alteração na programação prevista
(“default”), inclusive o tempo de permanência
neste estado;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 156


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e. Registrar o volume (m³) de resíduos removidos da
área e sua destinação, caso não sejam as
especificadas nos manuais de operação ou
procedimentos;
f. Limpezas e lubrificações básicas realizadas fora
da programação dos procedimentos;
g. Problemas ocorridos ao longo do período de
operação, que possam alterar as condições das
amostras coletadas (aproveitamento ou descarte),
ex: chuva excessiva, contaminação da amostra,
falta de energia por um período que afetou o
coletor de amostras, etc.;
h. Falhas nos equipamentos que tiveram ou não a
necessidade de intervenção da equipe de
manutenção. Inclusive registrar os procedimentos
adotados para solução do problema (peças
trocadas, manobras realizadas, responsável pela
manutenção, relatório da ocorrência);
i. As retiradas ou substituições dos equipamentos
devem ser também registras (peça, número de
tombamento ou série, responsável pela retirada);
j. Rejeitar ou não conformidades ambientais e de
acidentes com equipamentos / colaboradores;
k. Consumo de produtos químicos de processo, de
modo a promover o controle do consumo destes
produtos;
l. Registrar o consumo de água potável e de energia
elétrica, uma vez que são itens importantes na
composição do custo global da ETE;
m. Registrar vazões: afluente à estação, em cada
unidade, de lodo – em todas as suas fases-,
recirculação, vazão efluente (quando houver), etc;
n. Registrar os equipamentos que estão em
operação no momento e caso haja,os períodos de

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 157


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revezamento entre eles (misturadores, bombas,
agitadores, raspadores de decantadores, correias
transportadoras, esteiras, medidores de nível de
poços, etc);
o. Registrar qual (is) equipamentos estão parados
para manutenção, para informação do próximo
turno;
p. Registrar níveis de oxigênio dissolvido em
reatores aeróbios;
q. Registrar idade do lodo em caso de lodos
ativados;
r. Registrar descarte de lodo (estimativa de volume –
m³) de RAFAs;
s. Realizar as leituras necessárias, conforme
freqüência estabelecida em manual de operação
ou procedimento da área: leituras de vazões e
horímetros de bombas, de níveis de tanques, etc;
t. Realizar e registrar a purga de compressores
conforme estabelecido em procedimento ou no
manual de operação;
u. Registrar limpezas de unidades, poços, sondas,
sensores, caixas de distribuição, caixas
separadoras de água e óleo, etc
v. Registrar a operacionalidade dos sistemas em
modo manual, garantindo a continuidade de
funcionamento em caso de queda de energia;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 158


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12.1 - Registro e Descrição das Condições/Atividades
Condições/Atividades
Inseguras

Os registros de ocorrências de uma unidade de tratamento


são utilizados nos levantamentos de necessidades da área,
esclarecimentos de situações de baixa eficiência do
processo e apresentação de não conformidades a atual
situação ambiental. Alem de subsidiar justificativas de
necessidades orçamentárias, serviços ou obras específicas.

O recebimento e entrega do plantão devem ocorrer de


maneira a evitar que a área fique sem a supervisão do
operador. Por isso, algumas posturas devem ser assumidas
para evitar que ocorram problemas em horário crítico (troca
de plantão):

Recebimento de plantão

• Receber o plantão na unidade de trabalho já


uniformizado e de posse de seus respectivos EPIs;
• Receber as instruções e recomendações do operador
que está sendo rendido;
• Fazer a leitura do livro de ocorrências e/ou formulário
disponível na área;
• Fazer a verificação na sua unidade “check list”,
quando existir;
• Verificar se há providências a serem tomadas, se
afirmativo, comunicar ao técnico (se houver); se tudo
estiver normal, seguir rotina.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 159


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Entrega do plantão

• Avaliar o estado geral do setor, deixando-o limpo;


• Preencher livro de ocorrências operacionais e/ou
formulário da área em questão:
• Data e turno (dia ou noite) do plantão;
• Os problemas ocorridos e/ou pendências;
• A manutenção que foi realizada durante o plantão;
• Condições operacionais das unidades;
• Manobras e revezamento realizados;
• Observações úteis aos operadores no turno seguinte;
• Aguardar o próximo plantonista na área uniformizado.

Quanto ao meio ambiente, o operador deve estar atento as


não confomidades ambientais das suas atividades de rotina
e de emergências, para que todas estejam sendo realizadas
de modo a mitigar os impactos no solo, no ar e na água,
bem como a redução no consumo de recursos naturais.

Desta forma, é adequado registrar no livro de ocorrências,


eventos que resultem ou que possam resultar em impactos
ambientais, os motivos de sua ocorrência e sugerir
modificações para que estes sejam evitados ou mitigados.
Dentre os eventos, pode-se citar:

• Derramamentos de produtos químicos, no transporte,


na descarga, na operação de dosagem ou outra
situação atípica;
• Transbordamentos de esgotos ou lodo nas unidades;
• Vazamentos de água potável, de serviço, de esgoto
ou de lodo;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 160


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• Consumo elevado de energia para desenvolver
determinada atividade em horário de ponta;
• Elevado consumo de água potável, que poderia se
substituído por água de serviço (água de reuso ou
recirculação);
• Calibração de equipamentos não confiável, de modo
a alterar leituras, vazões, valores de parâmetros, etc,
que possam causar falhas de controle de processo;
• Derramamento de resíduos durante operações de
limpeza e transporte;
• Armazenamento de lodo de esgotos;
• Utilização de lagoas sem proteção impermeabilizante;
• Ocorrência de pontos em que a água servida não é
encaminhada para tratamento;
• Ococcência de pontos em que a água servida seja
direcionada para a rede de águas pluviais;
• “by pass” do esgoto bruto;
• Disposição correta de resíduos da operação, das
limpezas e manutenções realizadas, para que não
fiquem em contato com o solo ou sejam arrastados
pela chuva (estopas, papel, embalagens de produtos
químicos, EPIs utilizados, etc.);

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 161


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CAPÍTULO 13 - AMOSTRAGEM

Antes de começarmos a descrever o processo de


amostragem devemos esclarecer alguns termos.

Amostras simples: são amostras únicas, coletadas em um


ponto específico em um período de tempo muito pequeno,
da ordem de segundos a minutos;

Amostras compostas: combinação de múltiplas alíquotas


individuais em intervalos de tempo pré-definidos, resultando
no final do período de coleta em uma única amostra.

Compostagem: metodologia de formação de uma amostra


colhida a partir de amostras preliminares, realizadas em
horários diferentes, constituindo uma única amostra
representativa de um período.

13.1 - Identificação da
da Amostra

A identificação da amostra é essencial para evitar confusões


no laboratório e na análise de resultados, assim como
possibilitar a rastreabilidade da amostra. Alguns itens devem
obrigatoriamente constar na etiqueta que identifica o frasco,
como listamos a seguir:

• Ponto de coleta
• Data e hora da coleta
• Operador que realizou a coleta
• Volume coletado.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 162


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Alguns outros itens são também importantes e devem ser
registrados de alguma forma. São eles:

• Problemas durante a amostragem;


• Características do material diferente do normal;
• Variações operacionais no momento da amostragem
(desligamento de equipamento, manobras diferentes
realizadas em horário próximo ao da amostragem,
etc)
• Ocorrência de chuvas no momento da coleta;
• Vazões fora da normalidade no momento da coleta;

Todas estas informações são essenciais para que a análise


dos resultados possa ser feita com base em critérios reais.
Uma avaliação errada que parte de uma coleta “mascarada”
pode levar a condutas indesejáveis nas tomadas de
decisões gerenciais, o que resultaria em prejuízos para a
eficiência do sistema.

Alguns frascos destinados à coleta podem conter


substâncias ácidas que servem para preservar as amostras.
Nestes casos, o laboratório que fornece o material deve
fazer a identificação com um aviso, para a segurança dos
operadores, e evitar que o operador jogue fora o líquido
achando que o frasco está sujo.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 163


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13.2 - Coleta para
para Análises Físico
Físico-
ico-Químicas

É recomendado que cada ponto tenha seu coletor, para


evitar contaminações. Alguns passos devem ser seguidos
para garantir uma coleta com qualidade e confiabilidade, e
variam conforme as condições de coleta.

Coletas Manuais

Amostras líquidas em canais

• Enxaguar duas vezes o coletor com a água residuária


a ser amostrada para evitar contaminação da amostra
com resíduos da coleta anterior;
• Coletar a amostra na parte central do canal e no
sentido oposto ao fluxo, mergulhando o coletor no
mínimo 10 cm abaixo da superfície, para manter a
representatividade da amostra (evitar coletar a
amostra muito próximo ao fundo do canal para evitar
que sedimentos sejam incorporados na amostra);
• Medir na proveta o volume necessário e transferi-lo
para o frasco devidamente identificado;
• Fechar o frasco e refrigerar a amostra a 4±1ºC até o
momento da entrega no laboratório.

Amostras líquidas ou de lodos coletadas em saídas de


tubulações de fluxo controlado

• Abrir o registro da tubulação e deixar escoar por


aproximadamente 1 minuto;
• Enxaguar duas vezes o coletor com o material a ser
amostrado;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 164


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• Medir na proveta o volume necessário e transferi-lo
para o frasco devidamente identificado;
• Fechar o frasco e refrigerar a amostra a 4±1ºC até o
momento da entrega no laboratório.

Amostras líquidas ou de lodos coletadas em tubulações de fluxo


contínuo

• Enxaguar duas vezes o coletor com o material a ser


amostrado;
• Coletar a amostra;
• Medir na proveta o volume necessário e transferi-lo
para o frasco devidamente identificado;
• Fechar o frasco e refrigerar a amostra a 4±1ºC até o
momento da entrega no laboratório.

Amostras líquidas ou de lodos coletadas em tanques ou caixas


abertos

• Enxaguar duas vezes o coletor com o material a ser


amostrado;
• Coletar a amostra;
• Medir na proveta o volume necessário e transferi-lo
para o frasco devidamente identificado;
• Fechar o frasco e refrigerar a amostra a 4±1ºC até o
momento da entrega no laboratório.

Amostras líquidas em vertedores (Lagoas)

• Enxaguar duas vezes o coletor com o líquido a ser


amostrado;
• Coletar a amostra na parte central do vertedor (na
queda do efluente);
• Medir na proveta o volume necessário e transferi-lo
para o frasco devidamente identificado;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 165


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• Fechar o frasco e refrigerar a amostra a 4±1ºC até o
momento da entrega no laboratório.

Amostras líquidas em vertedores (RAFA ou UASB)

• Enxaguar duas vezes o coletor com o líquido a ser


amostrado;
• Coletar a amostra na queda do efluente, na caixa de
saída de cada reator;
• Medir na proveta o volume necessário e transferi-lo
para o frasco devidamente identificado;
• Fechar o frasco e refrigerar a amostra a 4 ± 1ºC até o
momento da entrega no laboratório.

Areia

Em algumas ETEs são coletadas amostras da areia


removida no desarenador para verificar o teor de material
orgânico presente. Nestes casos, deve-se seguir os
seguintes passos:

• Misturar a areia dentro da caçamba com a enxada, de


modo a obter uma amostra homogênea;
• Coletar a quantidade determinada de amostra e
transferi-la para o frasco devidamente identificado;
• Enviar ao laboratório logo após a coleta.

Coletas Automáticas

• Para programação do coletor automático, proceder


conforme instruções da área;
• O volume a ser coletado varia conforme programação
prévia para cada hora, durante 24 horas, em dias pré-
determinados, conforme instrução específica para
cada ETE;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 166


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• Fazer a compostagem após a última coleta, conforme
instrução específica para cada ETE.

Torta da desidratação

• Coletar o volume determinado de amostra na saída


de cada equipamento ou diretamente na caçamba ou
na correia transportadora, conforme determinação da
área;
• Compostar quantidades iguais de amostra de cada
equipamento em um frasco maior e devidamente
identificado (quando houver);
• Fechar o frasco e refrigerar a amostra a 4±1ºC até o
momento da entrega no laboratório.

Amostras filtradas
filtradas

Estas análises são realizadas principalmente para se


verificar a remoção de nutrientes. Como o fósforo fica retido
nos sólidos (biomassa), é necessário remover estes sólidos
para que eles não liberem o fósforo, contaminando a
amostra. Esta é um coleta muito delicada e em caso de
problemas de contaminação deve-se descartas a amostra e
realizar uma nova coleta.

• Separar o material para filtração das amostras antes


da realização das coletas para evitar demora e
liberação de fósforo;
• O material para filtração consiste em:
• Conjunto de filtração (papel de filtro + funil)
• Frasco que suporte o conjunto de filtração
• Ajustar o papel de filtro ao funil;
• Colocar o conjunto de filtração nos frascos de coleta
previamente identificados;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 167


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• Realizar a coleta conforme descrição de coletas de
lodos ativados;
• Filtrar as amostras imediatamente após a coleta*;
• Retirar o conjunto de filtração logo após a filtração;
• Fechar o frasco e refrigerar a amostra a 4±1ºC até o
momento da entrega no laboratório;
• Realizar a limpeza do material de filtração utilizando
somente água para que possa ser reutilizado e
descartar o papel de filtro em recipiente específico
para material contaminado.

*Cabe ressaltar que para análises de ortofosfato, cada


alíquota deve ser filtrada imediatamente após a coleta, pois
há a possibilidade de os sólidos contidos na amostra
liberarem fósforo.

13.3 - Coleta para


para Análises Microbiológicas

Amostras líquidas para análise bacteriológica

• Enxaguar duas vezes o coletor com a água residuária


a ser amostrada;
• Retirar a tampa do frasco juntamente com o papel
alumínio protetor e verter uma alíquota (80mL) de
água residuária no seu interior, evitar tocar com os
dedos o interior da tampa ou a boca do frasco;
• Fechar o frasco imediatamente fixando o papel
protetor à tampa. Transportar as amostras em uma
caixa de térmica, devidamente refrigerada, até o
laboratório. Obs.: A parede do frasco contendo a
amostra deverá ser isolada do gelo com uma camada
de papelão ou outro material de fácil absorção de
água.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 168


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• Não encher o frasco até a boca, para que, ao chegar
ao laboratório seja possível homogeneizar a amostra;

O tempo ideal • O tempo ideal entre a coleta e o início da análise é de


entre a coleta 8 horas, sendo que o tempo limite não deve exceder
e o início da
análise é de 8 24 horas.
horas, sendo
que o tempo Amostras de Lodos Ativados
limite não deve
exceder 24 • Enxaguar duas vezes o coletor com o lodo ativado a
horas.
ser amostrado;
• Retirar a tampa do frasco de coleta e verter uma
alíquota de 1,5 L de lodo ativado. Deve-se utilizar um
frasco com capacidade mínima de 2 L, pois o frasco
não pode ser cheio até a boca;
• A amostra deverá ser coletada na saída do reator,
evitando coletar escuma;
NÃO conservar
a amostra em • Fechar o frasco imediatamente;
geladeira e
transportá-la • NÃO conservar a amostra em geladeira e transportá-
imediatamente la imediatamente para o laboratório;
para o
laboratório. • O tempo entre a coleta e o início da análise não
deverá exceder 1:30 h.

Amostras de Torta para Análises Parasitológicas e


Bacteriológicas

• Amostras coletadas diretamente nos equipamentos


de desidratação (prensas, centrífugas, etc) devem ser
compostas, coletadas conforme instruções da área e
com periodicidade determinada. As amostras,
obrigatoriamente, devem ser conservadas à
temperatura de 4±1ºC e o intervalo entre a primeira
coleta e o horário de chegada ao laboratório não deve
ultrapassar 23 h.
• A amostra deverá ser colocada em bolsa plástica ou
frasco de boca larga com tampa de rosca, de forma

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 169


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que, ao chegar ao laboratório seja possível
homogeneizar a amostra dentro do frasco. A bolsa
plástica deverá ser nova e o frasco limpo com água e
sabão, ambos deverão estar secos;
• As amostras coletadas em pátios de armazenagem
e/ou silos de compostagem deverão ser retiradas das
camadas: superficial, mediana e profunda em, no
mínimo, 10 pontos diferentes, ou conforme
recomendação da unidade;
• O recipiente contendo a amostra deve estar
identificado com o local, o horário e o ponto de coleta,
conforme modelo do ANEXO 01;
• As amostras devem ser transportadas em caixas
térmicas refrigeradas a 4±1ºC e transportadas ao
laboratório logo após a coleta. O gelo não poderá
estar em contato direto com a amostra, que deverá
ser isolada com uma camada de papelão ou outro
material de fácil absorção de água.
• Amostras Líquidas para Análise Parasitológica
• Coletar no mínimo 2 L em recipiente plástico com
tampa de rosca;
• O recipiente contendo a amostra deve estar
identificado e ser mantido à temperatura ambiente.
• As amostras devem ser transportadas em caixas
térmicas refrigeradas a 4±1ºC e transportadas ao
laboratório logo após a coleta. O gelo não poderá
estar em contato direto com a amostra, que deverá
ser isolada com uma camada de papelão ou outro
material de fácil absorção de água.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 170


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CAPÍTULO 14 – MANUTENÇÃO OPERACIONAL

Considera-se como manutenção operacional, toda e


Toda e
qualquer manutenção/conservação a ser executada pela
qualquer
manutenção/co equipe ou pelo operador responsável pela unidade
nservação a
operacional.
ser executada
pela equipe ou
pelo operador
Todos os serviços e atividades a serem desenvolvidas pelos
responsável
pela unidade operadores devem estar relacionados nos manuais ou
operacional.
procedimentos operacionais de cada unidade, os quais são
desenvolvidos ainda no projeto ou em sistemas de gestão
aplicados na estação.

Cabem ao operador as manutenções básicas dos sistemas


e dos equipamentos, desde que não necessitem de um
amplo e técnico conhecimento de mecânica, hidráulica ou
eletro eletrônico, assim como ferramentais específicos de
manutenção.

Como os ferramentais, EPIs e as diversas atividades dos


operadores, as tarefas de manutenção programadas ou
rotineiras para a operação devem ser relacionadas nos
manuais ou documentos de procedimentos operacionais da
área, tais como:

1. Limpeza do gradeamento (manual e mecanizado),


com transporte dos resíduos sólidos para um
container apropriado (preferencialmente coberto);
2. Suspensão do material decantado no canal de
entrada, utilizando um sistema de hidrojateamento
ou por meio de ar comprimido. Eventualmente é
necessária a utilização de retro escavadeira.
Neste caso o material removido deve ser

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 171


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depositado em um container e transportado para o
mesmo deposito do material desarenado;
3. Lubrificação primária (componentes não móveis e
de fácil acesso) das hastes e guias das
comportas/registros;
4. Desobstruções e limpeza de bombas, quando esta
possuir visita para limpeza;
5. Avaliar, registrar e informar as possíveis causas
de paradas de unidades do tratamento;
6. Acompanhar as equipes de manutenção e
serviços de apoio a limpeza (caminhões limpa
fossa);
7. Descarga dos compressores para remoção da
mistura água/óleo do balão de ar comprimido
(purga);
8. Limpeza dos vertedouros e calhas, utilizando
esfregões ou pá e enxada;
9. Deslocamento da massa de escuma flutuante,
direcionando para os pontos de descarte;
10. Lavagem de pisos onde ocorreram respingos ou
vazamentos de esgotos ou material contaminado,
assim como derrame de produtos químicos;
11. Capina ou remoção/poda de plantas dos taludes
de lagoas, principalmente a vegetação que se
encontra próximo da lamina d água, de modo a
evitar a proliferação de insetos;
12. Correção de pequenos danos nos taludes das
lagoas, inclusive aplicação de pesticidas para
formigas;
13. Transporte em carrinho de mão, do material
removido para locais específicos de descarga e
armazenamento;

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 172


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O operador ou o responsável pela estação deve ter
conhecimentos básicos da manutenção, limpeza e
conservação dos equipamentos de controle operacional
instalado ao longo do processo (pHmetro, coletor
automático, dosadores de produtos químicos, sondas, etc.).

Para um bom desempenho de todas as atividades, o


operador deve ter conhecimento e posse das plantas de
cadastro dos diversos sistemas da estação, de modo que
qualquer problema que venha a ocorrer, possa ser
identificado e sanado com a maior brevidade possível.

14.1 - Ferramentas/Equipamentos

Os ferramentais a serem utilizados pela operação são


básicos para pequenas manutenções, coletas de amostras e
limpezas de estruturas, portanto devem ser confeccionadas
de acordo com as necessidades locais.

Após sua utilização, todas as ferramentas devem ser limpas


e lavadas, de modo a guardá-las isentas de incrustações ou
resíduos. Esta atividade deve ser executada em um local
próprio, com cobertura, piso em concreto e água em
abundancia. O efluente deste local deve ser direcionado
para retornar aos canais que contem o fluxo de processo,
sem a presença de águas pluviais.

Cada um dos tipos de ferramentas utilizadas na limpeza dos


canais, grades, bordas de tanques, calhas de coleta sob as
esteiras ou áreas de descarga de resíduos, entre outros,
devem ser adaptados para que o operador venha a executar
suas atividades de maneira confortável e segura. Portanto o
cabo ou a forma do ferramental deve ser adaptado a cada

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 173


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serviço específico a ser desenvolvido para limpeza e
manutenção do sistema.

Figura 49 - Local de armazenamento


armazenamento e limpeza de
ferramentas.

Nas unidades de tratamento ou quando do atendimento a


elevatórias, a operação deve ter como previsão os serviços
de caminhão limpa fossa, de modo a promover a remoção
de detritos de caixas de areia.

Outro equipamento essencial para uma manutenção e


limpeza adequada das unidades operacionais, é um
hidrojato portátil (“equipamento de hidrojateamento de
pequeno porte, com no mínimo 30 m de mangueira – Ø ½”,
80 bar de pressão e 30 L/s de vazão) com uma pistola de
lavagem. Este equipamento é utilizado para promover
desobstruções em tubulações de pequeno diâmetro e lavar
peças após a limpeza.

(1)
1) (2)
2)
Figura 50 - (1) Caminhão Fossa e (2) Hidrojato Portátil

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 174


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CAPÍTULO 15 - SAÚDE E SEGURANÇA EM ETEs

Quando se fala em saúde e segurança em ambiente de


trabalho, deve procurar identificar as fontes de risco e
aquelas que apresentam condições inseguras. O operador,
agente mais próximo da atividade desenvolvida, é
certamente aquele que, juntamente com um técnico em
segurança no trabalho, mais facilmente pode realizar esta
identificação com o detalhamento necessário. Por essa
razão, as condições inseguras devem ser relatadas, mesmo
que não estejam, no projeto ou num primeiro momento,
relatada como tal. Esta atitude pró-ativa é essencial quando
o objetivo é a prevenção.

A manutenção de condições seguras é de responsabilidade


A manutenção
do corpo gerencial responsável, mas os atos inseguros
de condições
seguras é de devem ser evitados por todos os trabalhadores. Para isso,
responsabilida
toda a equipe deve ter conhecimento básico das premissas
de do corpo
gerencial da saúde e segurança em uma área industrial e das
responsável,
condições/atos inseguros de sua área. A seguir listamos
mas os atos
inseguros alguns procedimentos que auxiliam na prevenção de
devem ser
acidentes, entendendo que cada área tem suas
evitados por
todos os peculiaridades:
trabalhadores.

• Quando colocar equipamentos em manutenção,


sempre sinalizar, em local visível, para evitar que
sejam ligados indevidamente;
• Quando houver derramamento de produtos químicos,
providenciar a remoção segura, conforme
recomendações locais;
• Movimentar e limpar equipamentos apenas se
estiverem desenergizados;
• Não efetuar manutenções em partes elétricas,
lembrando que toda e qualquer ação sobre

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 175


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equipamentos, caixas ou outra estrutura energizada,
o trabalhador deve estar devidamente capacitado;
• Manter o local de trabalho livre de obstáculos;
• Manter as ferramentas de trabalho guardadas e
limpas, em local adequado;
• Manter as saídas livres;
• A equipe de operação deve participar de todos os
eventos promovidos pela segurança do trabalho, de
modo a adquirir um maior conhecimento acerca dos
riscos e perigos que envolvem a sua atividade. Assim
como as formas de prevenção;
• As coletas em locais abertos devem ser feitas de
maneira segura, preferencialmente em local
específico protegido por guarda corpo;
• Toda atividade a ser realizada a uma altura acima de
2 metros do solo, deve ser realizada com uso do cinto
de segurança;
• As atividades a serem realizadas em locais com alta
concentração de gás devem ser realizadas com
equipamentos especiais para o caso e acompanhada
por técnicos de segurança;
• Ao abrir qualquer caixa que possa ter concentração
de gases, deve-se abrir e aguardar um tempo antes
de observar o seu interior;

Quanto ao risco de contaminação, a recomendação é


manter bons hábitos de higiene, principalmente quando
houver algum tipo de ferimento na pele. Alguns cuidados
adicionais devem ser tomados:

• Identificar torneiras de água potável e de água de


serviço;
• Colocar os EPIs recomendados para evitar contato do
esgoto ou lodo, e a inspiração de aerossóis formados,

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 176


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principalmente após o trabalho, antes de comer,
antes de fumar, antes de tocar no próprio corpo, ou
antes, de cumprimentar os colegas;
• Evitar colocar dedos nos olhos, boca e nariz, caso
não tenha higienizado as mãos. As mãos são grandes
veículos de transporte de microrganismo;
• Lavar sempre as mãos com água e sabão, pelo
menos;
• Se alimentar apenas em local apropriado,
preferencialmente sem o uniforme de trabalho;
• Manter as unhas curtas;
• Manter as vacinas e exames periódicos em dia;
• Não descer para a área operacional com roupas
inadequadas (blusa de alça, shorts, etc);
• Os uniformes não devem ser lavados em casa, cabe
a gerencia providenciar formas adequadas para
realizar esta atividade;
• Em toda área de uma ETE, que tenha ou não mapa
de risco, deve ser utilizado os devidos EPIs.

15.1 - Doenças de
de Veiculação
Veiculação Hídrica

Considerando os inúmeros microrganismos que chegam à


estação, a tabela a seguir apresenta algumas das doenças
que podem ser transmitidas pelo esgoto e pelo lodo. Atender
aos requisitos de segurança auxilia na prevenção da
contaminação por doenças de veiculação hídrica.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 177


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Tabela 15.1 – Organismos causadores de seguintes doenças
com respectivos sintomas
ORGANISMOS DOENÇAS / SINTOMAS
Bactérias:
Salmonella sp Salmonela, Ferbre Tifóide
Shigella sp Disenteria bacilar
Yersinia sp Gastroenterite aguda (diarréias e dores abdominais)
Vibrio da Hepatite A Cólera
Campylobacter jejuni Gastroenterite
Escherichia coli Gastroenterite
Vírus Entéricos:
Vírus da Hepatite A Hepatite infecciosa
Rotavírus Gastroenterite aguda e diarréia grave
Enterovírus Gastroenterite
Polivírus Poliomielite
Coxsackievirus Mernigite, pneumonia, hepatite, febre, sintomas
parecidos com gripe
Ecovírus Mernigite, pneumonia, hepatite, febre, diarréia, sintomas
parecidos com gripe
Reovírus Infecções respiratórias, gastroenterite
Astrovírus Gastroenterite epidêmica
Calicivírus Gastroenterite epidêmica
Protozoários:
Gastroenterite
Cryptosporidium sp Enterite aguda
Entamoeba Giardíase (inclusive diarréia, câimbras abdominais e
histolytica perda de peso)
Giardia lamblia Diarréia e disenteria
Toxoplasmose
Balantidium coli
Toxoplasmagondii
Helmitos:
Distúrbios digestivo e nutricionais, dores abdominais,
Ascaris lumbricóides vômitos, cansaço
Dor no peito, tosse e febre
Ascaris suum Dores abdominais, diarréia e anemia, perda de peso
Trichuris trichiura Febre, desconforto abdominal, dores musculares,
Toxocara canis sintomas neurológicos
Nervosismo, insônia, anorexia, dores abdominais
Taenia solium Doença de Hookworm
Necator americaus Teníase
Hymenolepis nana

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 178


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EPIs

Os equipamentos de proteção individual são


disponibilizados conforme a atividade desenvolvida. A área
de segurança no trabalho de cada companhia deve orientar
as equipes quanto ao equipamento mais apropriado para
cada atividade, mas de modo geral, os mais comuns são os
apresentados nas figuras a seguir:

Botina de couro Protetor facial Luvas de látex

Macacão de saneamento Botas de borracha Creme protetor solar

Abafador de Ruído Máscara semifacial para Máscara Tipo PFF- PFF-I


partículas PFF-
PFF-2
Figura 51 - Equipamentos
Equipamentos de proteção individualmais utilizados

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 179


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Deve-se ter sempre em mente que o uso é o meio mais
adequado de evitar acidentes e contaminações. Portanto, a
postura do operador em usar o equipamento indica o
comprometimento deste com a unidade e consigo mesmo.

Os profissionais ligados às atividades operacionais deverão


estar devidamente equipados com os respectivos EPI’s
discriminados neste PO. A não utilização dos mesmos pode
implicar em demissão por justa causa, conforme artigo 482
da CLT, e a recusa injustificada do empregado quanto ao
uso do EPI constitui ato faltoso, conforme artigo 1.8.1 da
NR-1;

15.2
15.2 - Normas Regulamentadoras

NR -10 - Segurança em instalações e serviços em


eletricidade

A norma regulamentadora no. 10 “estabelece requisitos e


condições mínimas objetivando a implementação de
medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a
garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que,
direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e
serviços com eletricidades”. Toda empresa deve, por força
de lei, treinar seus colaboradores que possam ter alguma
atividade relacionada com eletricidade. A norma apresenta,
inclusive, o programa a ser contemplado no treinamento.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 180


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NR-
NR-13 - Caldeiras e vasos de pressão

Esta norma estabelece procedimentos para revisar e para


gerar relatórios dos vasos de pressão que se enquadram em
determinadas especificações. Desta forma, procura-se
manter a segurança da operação daquelas unidades para
que se evite riscos ao operador e se preserve o
funcionamento do equipamento.

Esgotamento Sanitário – Controle Básico de ETEs 181


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