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RESUMO
Este estudo apresenta os resultados de uma pesquisa relacionada à importância da elaboração
do Plano de Automonitoramento de Efluentes Líquidos (PAEL) e seus benefícios relacionados
à criação de série histórica de dados integrados para o gerenciamento de recursos hídricos.
Nesse sentido, foram destacados os procedimentos para elaboração e implementação do PAEL,
bem como o mesmo se relacionará com o sistema INFOÁGUAS objetivando a criação de uma
série histórica de dados sistemáticos e inter-relacionados. O estudo aponta o arcabouço legal
orientador e os principais passos a serem seguidos na elaboração do PAEL. O resultado mostra
a importância de todo Sistema de Tratamento de Efluentes Líquidos (STEL) possuírem o PAEL
como instrumento de controle e gestão para contribuir com os dados que visam alimentar uma
série histórica que pode ser analisada de forma sistemática pelo órgão gestor e
consequentemente trazer melhorias na qualidade ambiental e saúde pública.
Palavras-chave: Automonitoramento; Saneamento Básico; Tratamento de Efluentes.
ABSTRACT
This study presents the results of a research related to the importance of preparing the Self-
Monitoring Plan for Liquid Effluents (PAEL) and its benefits related to the creation of a
historical series of integrated data for the management of water resources. In this sense, the
procedures for the elaboration and implementation of the PAEL were highlighted, as well as
how it will be related to the INFOÁGUAS system, aiming at the creation of a historical series
of systematic and interrelated data. The study points out the guiding legal framework and the
main steps to be followed in the elaboration of the PAEL. The result shows the importance of
the entire Liquid Effluent Treatment System (STEL) having the PAEL as a control and
management instrument to contribute with the data that aim to feed a historical series that can
be systematically analyzed by the managing body and consequently bring improvements on
environmental quality and public health.
Key-words: Self-monitoring; Sanitation; Wastewater treatment.
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INTRODUÇÃO
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forma, o presente estudo busca destacar os principais pontos que tornam o PAEL um
instrumento de gestão indispensável para obtenção de dados em larga escala e a criação de uma
série histórica dos diferentes Sistemas de Tratamento de Efluentes Líquidos (STEL) existentes
nos municípios e para os gestores das organizações responsáveis pelos sistemas de
abastecimento público de água.
MATERIAL E MÉTODOS
Conceito de automonitoramento
Aspectos Legais
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A Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, atualmente tem a principal função de
classificação e enquadramento dos diferentes tipos de corpos hídricos, bem como a definição
dos parâmetros adequados a cada classe a partir dos usos preponderantes que são feitos destas
águas. No quesito condições e padrões de lançamento de efluentes, foi atualizada pela
CONAMA nº 430 que passou a assumir essas definições. (BRASIL, 2005).
Já a Resolução CONAMA nº 430, de 13 de maio 2011 dispõe sobre as condições e
padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março
de 2005, essa resolução também estabelece que os efluentes de qualquer fonte poluidora
somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e
desde que obedeçam às condições, padrões orgânicos e inorgânicos, e às exigências legais.
Além disso, ela determina que os responsáveis pelas fontes poluidoras dos recursos hídricos
deverão realizar o automonitoramento para controle e acompanhamento periódico dos efluentes
lançados nos corpos receptores, e estabelece padrões de faixas e valores definidos a saber:
(Brasil, 2011¹)
Faixa admitida de pH entre 5 e 9;
Temperatura inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo
receptor não deverá exceder 3°C no limite da zona de mistura;
Sólidos sedimentáveis até 1 ml/L em teste de 1 hora em cone Inmhof, sendo
que para o lançamento em lagos e lagoas os materiais sedimentáveis deverão
estar virtualmente ausentes;
Ausência de materiais flutuantes;
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) de 5 dias e 20°C até máximo de 120
mg/L, sendo que este limite somente poderá ser ultrapassado no caso de
efluente de sistema de tratamento com eficiência de remoção mínima de 60%
de DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove
atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor;
Óleos & graxas até 100 mg/L;
Nitrogênio amoniacal presente no efluente final até 20 mgN/L, mas exime a
exigência deste padrão os efluentes que são provenientes de sistemas de
tratamento de esgotos sanitários.
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Figura 1 - Faixas de classificação do potencial poluidor remanescente dos efluentes tratados e da vulnerabilidade
do corpo receptor dos efluentes tratados.
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previamente definido.
O Relatório Anual de Automonitoramento (RAM) deve conter informações cadastrais
do STEL, um desenho esquemático do mesmo e uma descrição das condições operacionais da
planta e do sistema de tratamento. No RAM é necessário apresentar as informações do resultado
do automonitoramento acompanhado de declaração de responsabilidade a serem entregues de
forma digital para CETESB até o dia 31 do mês de março do ano subsequente às medições
anuais realizadas, conforme estabelecido no PAEL. No PAEL deve estar claro quem são os
responsáveis legal e técnico devidamente qualificados.
Também compõe a DD 54/2022/C/E/I o Anexo 1 que apresenta quais são os parâmetros
de monitoramento do efluente (básicos e complementares) divididos por atividade.
Sistema INFOÁGUAS
O Sistema INFOÁGUAS é uma ferramenta de acesso público que foi criado para
consultas sobre diversas informações sobre qualidade das águas brutas e assuntos de interesse
sobre a Gestão de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. A CETESB, ao longo dos anos
vem consolidando suas bases de dados sobre a qualidade das águas superficiais (rios, lagos e
reservatórios) e subterrâneas (sistemas aquíferos), condição de saneamento básico dos
municípios e localização dos principais empreendimentos licenciados que lançam efluentes
tratados em rios ou redes coletoras (CETESB, 2022).
Este acervo de informações, frequentemente atualizado, pode ser consultado por meio
do INFOÁGUAS que disponibiliza diferentes formas de acesso, podendo ser por meio de
representações gráficas (mapas, gráficos e tabelas) visualizadas no sistema ou mesmo
descarregamento local de planilhas formatadas com dados brutos.
Desenvolvido com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FEHIDRO, o
sistema coloca à disposição do interessado dados de monitoramento de qualidade das águas de
rios e reservatórios paulistas, desde 1978. Após cadastrar-se no sistema, o usuário poderá fazer
consultas de parâmetros e índices de qualidade. Poderá, ainda, visualizar em mapas, os pontos
de amostragem, os corpos hídricos, as divisas municipais, os limites da bacia hidrográfica e as
rodovias.
O Infoáguas coloca à disposição dos usuários dados de monitoramento de qualidade dos
rios e reservatórios, num total de 356 pontos de amostragem, sendo 163 pontos de amostragem
de água da rede básica; 124 pontos de amostragem de água de monitoramento regional; 13
pontos de amostragem de água da rede de monitoramento automático; índices de balneabilidade
de 33 praias de reservatórios e rios; e 23 pontos de amostragem da rede de sedimentos. Dezenas
de parâmetros são avaliadas em cada um desses pontos de monitoramento.
A seguir a Figura 1 apresenta a visualização da tela do sistema INFOÁGUAS com
destaque para um mapa dos pontos de lançamento de efluentes cadastrados.
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Figura 3 – Tela do INFOÁGUAS com visualização do mapa de pontos de lançamento
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise do PAEL como instrumento de gestão parte do princípio que sua premissa
básica é o atendimento das diretrizes previstas na Resolução CONAMA 430 e que os ensaios
deverão ser realizados por laboratórios acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). O não seguimento dessa premissa poderá
comprometer qualquer ação relacionada ao PAEL.
Evidencia-se na pesquisa a importância da obrigação de responsável técnico para
operação e manutenção das atividades potencialmente poluidoras e das fontes poluidoras dos
corpos hídricos, bem como para elaboração e implementação do PAEL. Assim, esta exigência
corrobora com outros instrumentos que vinculam as fontes poluidoras a terem um profissional
habilitado para o gerenciamento do controle ambiental, minimizando possíveis danos
ambientais decorrentes do mau funcionamento das medidas de controle adotadas.
Ressalta-se ainda, que, o monitoramento dos efluentes e esgotos sanitários são
essenciais para avaliação do atendimento à legislação pertinente, avaliação do desempenho,
controle operacional e outros. Assim, o estabelecimento de um programa de automonitoramento
eficiente e proporcional, permite garantir a qualidade ambiental dos corpos receptores e a
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verificação do desempenho satisfatório do sistema de tratamento, bem como a criação de séries
históricas de dados confiáveis ao serem incorporados ao sistema INFOÁGUAS.
Destaca-se aqui a importância do PAEL que vai possibilitar integrar os instrumentos
de licenciamento ambiental e de outorga do uso de recursos hídricos para o lançamento de
efluentes, colaborando para o controle, fiscalização e acompanhamento dos efluentes lançados
nos corpos receptores do estado de São Paulo, indo ao encontro dos preceitos estabelecidos na
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e Política Nacional de Meio Ambiente
(PNMA) para o desenvolvimento sustentável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
AGUIAR, M. R. M. P., NOVAES, M. C. GUARINO, A. W. S. Remoção de metais pesados de
efluentes industriais por aluminossilicatos. Química Nova, 25, 6b, 12 2002.
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http://pnqa.ana.gov.br/rede/rede_avaliacao.aspx. Acesso em: 08 de dezembro de 2022.
BRASIL, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição
Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990,
de 28 de dezembro de 1989. Brasília, 1997.
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Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Brasília, 2007.
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Atualiza o marco legal do saneamento básico. Brasília, 2020.
SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. rev. e
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WHO. World Health Organization. Water Safety Plans – Managing drinking-water quality from
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Geneva, 2005.