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A IMPORTÂNCIA DO PLANO AUTOMONITORAMENTO DE

EFLUENTES LÍQUIDOS (PAEL)

RESUMO
Este estudo apresenta os resultados de uma pesquisa relacionada à importância da elaboração
do Plano de Automonitoramento de Efluentes Líquidos (PAEL) e seus benefícios relacionados
à criação de série histórica de dados integrados para o gerenciamento de recursos hídricos.
Nesse sentido, foram destacados os procedimentos para elaboração e implementação do PAEL,
bem como o mesmo se relacionará com o sistema INFOÁGUAS objetivando a criação de uma
série histórica de dados sistemáticos e inter-relacionados. O estudo aponta o arcabouço legal
orientador e os principais passos a serem seguidos na elaboração do PAEL. O resultado mostra
a importância de todo Sistema de Tratamento de Efluentes Líquidos (STEL) possuírem o PAEL
como instrumento de controle e gestão para contribuir com os dados que visam alimentar uma
série histórica que pode ser analisada de forma sistemática pelo órgão gestor e
consequentemente trazer melhorias na qualidade ambiental e saúde pública.
Palavras-chave: Automonitoramento; Saneamento Básico; Tratamento de Efluentes.

THE IMPORTANCE OF THE SELF-MONITORING PLAN


FOR LIQUID EFFLUENTS (PAEL)

ABSTRACT
This study presents the results of a research related to the importance of preparing the Self-
Monitoring Plan for Liquid Effluents (PAEL) and its benefits related to the creation of a
historical series of integrated data for the management of water resources. In this sense, the
procedures for the elaboration and implementation of the PAEL were highlighted, as well as
how it will be related to the INFOÁGUAS system, aiming at the creation of a historical series
of systematic and interrelated data. The study points out the guiding legal framework and the
main steps to be followed in the elaboration of the PAEL. The result shows the importance of
the entire Liquid Effluent Treatment System (STEL) having the PAEL as a control and
management instrument to contribute with the data that aim to feed a historical series that can
be systematically analyzed by the managing body and consequently bring improvements on
environmental quality and public health.
Key-words: Self-monitoring; Sanitation; Wastewater treatment.

1
INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a água como essencial para a


manutenção da vida, devendo todas as pessoas, em quaisquer estágios de desenvolvimento e
condições sócio econômicas, terem o direito de acesso a um suprimento adequado e seguro de
água potável.
A Lei Federal n° 9.433/97 que institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos
(PNRH) estabelece em seus fundamentos e objetivos a necessidade do uso múltiplo das águas,
assegurando à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de
qualidade adequados aos respectivos usos (BRASIL, 1997).
Antes de qualquer definição é necessário destacar que a água potável possui uma
relevante importância sanitária, social e econômica, pois sua oferta de forma adequada visa o
controle e a redução de doenças, o conforto, o bem-estar e o lazer da população, além da garantia
de uma segurança alimentar, do aumento da esperança de vida e da diminuição da mortalidade
(BRASIL, 2019). Dessa maneira, é importante destacar que o abastecimento de água com
quantidade suficiente e qualidade necessária para as populações é importantíssimo,
principalmente, porque o Brasil pouco avançou em busca universalização da prestação desse
serviço que é estabelecida na Lei Federal nº 11.445/2007, que estabelece a Política Nacional de
Saneamento Básico (BRASIL, 2007).
Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que água utilizada para
abastecimento humano apresenta vários riscos à saúde da população, os quais estão associados
à potencial presença de contaminantes químicos e microbiológicos, resultantes de diversas
fontes, incluindo, em alguns casos, o próprio sistema de tratamento e distribuição de água
(WHO, 2005).
A poluição das águas ocorre quando matérias, ou energia, são lançadas no meio
ambiente podendo afetar a vida dos seres vivos (SÁNCHEZ, 2013). Um exemplo de introdução
de matérias poluidoras é o lançamento sem tratamento de efluentes domésticos e industriais nos
corpos hídricos (AGUIAR, 2002).
O monitoramento e a avaliação das águas são procedimentos que permitem a
caracterização e a análise de tendências em bacias hidrográficas, sendo essenciais para várias
atividades, tais como planejamento, outorga, cobrança e enquadramento dos recursos hídricos
(ANA, 2022).
De acordo com o Art. 24 da Resolução CONAMA 430, os responsáveis pelas fontes
poluidoras dos recursos hídricos deverão realizar o automonitoramento para controle e
acompanhamento periódico dos efluentes lançados nos corpos receptores, com base em
amostragem representativa dos mesmos.
O mesmo artigo em seu parágrafo primeiro informa que o órgão ambiental competente
poderá estabelecer critérios e procedimentos para a execução e averiguação do
automonitoramento de efluentes e avaliação da qualidade do corpo receptor.
Na sequência, em seu parágrafo segundo, informa ainda, que para fontes de baixo
potencial poluidor, assim definidas pelo órgão ambiental competente, poderá ser dispensado o
automonitoramento, mediante fundamentação técnica.
Dessa forma, a CETESB publicou em 22 de fevereiro de 2022 os procedimentos para
elaboração e implementação do Plano de Automonitoramento de Efluentes Líquidos – PAEL
através da Decisão de Diretoria Nº 019/2022/C/E/I, tais procedimentos foram revisados com a
publicação da Decisão de Diretoria Nº 054/2022/C/E/I em 25 de maio de 2022.
Sobremaneira, a avaliação da qualidade da água dos mananciais de abastecimento é
fundamental para se determinar os riscos ambientais e de saúde pública, bem como os riscos
ocupacionais aos quais estão expostos profissionais que atuam no dia a dia para garantir que a
água chegue até as torneiras bem como para os usuários desse recurso essencial à vida. Dessa

1
forma, o presente estudo busca destacar os principais pontos que tornam o PAEL um
instrumento de gestão indispensável para obtenção de dados em larga escala e a criação de uma
série histórica dos diferentes Sistemas de Tratamento de Efluentes Líquidos (STEL) existentes
nos municípios e para os gestores das organizações responsáveis pelos sistemas de
abastecimento público de água.

MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa foi realizada através de pesquisa bibliográfica com vistas às


legislações pertinentes ao tema, a base para a realização da pesquisa foi a publicação da Decisão
de Diretoria 019/2022/C/E/I (CETESB, 2022).

Conceito de automonitoramento

O automonitoramento dos efluentes líquidos pode ser definido como o planejamento,


a coleta e análise de amostras e interpretação sistemática dos resultados analíticos obtidos e a
tomada de decisão, executados pelo responsável legal do empreendimento e submetidos à
apreciação do órgão gestor, para o exercício das ações de controle de poluição. (CETESB,
2022).
A CETESB destaca que um automonitoramento eficaz requer que os resultados
analíticos sejam continuamente avaliados e confrontados a resultados anteriores e a critérios
relevantes, visando, inclusive, identificar tendências.

Aspectos Legais

Em todos os países é notório a importância dos aspectos legais inerentes à temática


água e visando a melhoria das ações que possam garantir a qualidade da água para consumo
humano, não podemos deixar de fazer a correlação com a existência de legislação específica
responsável pelo abastecimento de água para consumo humano, que estabeleça as competências
e obrigações da vigilância e do controle (RASHON, 2009). A seguir serão apresentadas as
principais leis, decretos, portarias e resoluções vigentes no Brasil.
Já no Brasil, existem variados órgãos responsáveis pela legislação ambiental e normas
tanto federais quanto estaduais e municipais que regulamentam o despejo de efluentes. Nessa
temática, quando ocorrer a existência de mais de uma legislação para um dado assunto, deve
sempre prevalecer aquela que possuir os valores e regras mais restritivos.
No âmbito federal, destaca-se as seguintes resoluções do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA), resolução CONAMA nº 357, resolução CONAMA nº430 e a Lei
Federal nº14.026/2020.
A Política Nacional do Saneamento Básico (PNSB) instituída pela Lei nº 11.445, de 5
de janeiro de 2007, a qual estabelece os objetivos e as diretrizes nacionais para o saneamento
básico e para a política federal de saneamento básico. Essa política determina os princípios
fundamentais que devem ser seguidos pelos prestadores de serviços públicos de saneamento
básico e os princípios para o exercício da função de regulação (Brasil, 2007). Ressalta-se aqui
que ela foi alterada pelo no marco legal do saneamento, sancionado em 2020 através da Lei nº
14.026 de 15 de julho de 2020 e que aborda uma série de alterações em outras legislações
inerentes ao tema além de atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
competência para editar normas de referência sobre o serviço de saneamento (Brasil, 2020).

2
A Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005 dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, atualmente tem a principal função de
classificação e enquadramento dos diferentes tipos de corpos hídricos, bem como a definição
dos parâmetros adequados a cada classe a partir dos usos preponderantes que são feitos destas
águas. No quesito condições e padrões de lançamento de efluentes, foi atualizada pela
CONAMA nº 430 que passou a assumir essas definições. (BRASIL, 2005).
Já a Resolução CONAMA nº 430, de 13 de maio 2011 dispõe sobre as condições e
padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março
de 2005, essa resolução também estabelece que os efluentes de qualquer fonte poluidora
somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e
desde que obedeçam às condições, padrões orgânicos e inorgânicos, e às exigências legais.
Além disso, ela determina que os responsáveis pelas fontes poluidoras dos recursos hídricos
deverão realizar o automonitoramento para controle e acompanhamento periódico dos efluentes
lançados nos corpos receptores, e estabelece padrões de faixas e valores definidos a saber:
(Brasil, 2011¹)
 Faixa admitida de pH entre 5 e 9;
 Temperatura inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo
receptor não deverá exceder 3°C no limite da zona de mistura;
 Sólidos sedimentáveis até 1 ml/L em teste de 1 hora em cone Inmhof, sendo
que para o lançamento em lagos e lagoas os materiais sedimentáveis deverão
estar virtualmente ausentes;
 Ausência de materiais flutuantes;
 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) de 5 dias e 20°C até máximo de 120
mg/L, sendo que este limite somente poderá ser ultrapassado no caso de
efluente de sistema de tratamento com eficiência de remoção mínima de 60%
de DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove
atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor;
 Óleos & graxas até 100 mg/L;
 Nitrogênio amoniacal presente no efluente final até 20 mgN/L, mas exime a
exigência deste padrão os efluentes que são provenientes de sistemas de
tratamento de esgotos sanitários.

Procedimentos para elaboração do PAEL

Em seu artigo 2º a Decisão de Diretoria nº 54/2022/C/E/I define que os procedimentos


para elaborar e implementar o PAEL são aqueles constantes do Anexo Único, que deverá ser
utilizado pelas fontes prioritárias de geração de efluentes líquidos no Estado de São Paulo.
O referido Anexo apresenta de forma detalhada os principais elementos a serem
observados pelo responsável pelo Sistema de Tratamento de Efluentes Líquidos (STEL) durante
a elaboração do PAEL.
O primeiro passo a ser observado são as diretrizes e critérios para enquadramento de
STEL no PAEL, que devem levar em consideração potencial poluidor e/ou vulnerabilidade do
meio receptor dos efluentes. Para os empreendimentos que já realizam automonitoramento, os
mesmos deverão se adequar aos termos da DD 54/2022/C/E/I.
Segundo passo é definir a prioridade e da classificação do regime de monitoramento
do STEL, a avaliação da prioridade do STEL deverá ser realizada pelo responsável técnico do
empreendimento com base no potencial poluidor na vulnerabilidade do meio receptor, de
acordo com os critérios da Figura 1.

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Figura 1 - Faixas de classificação do potencial poluidor remanescente dos efluentes tratados e da vulnerabilidade
do corpo receptor dos efluentes tratados.

Fonte: CETESB, 2022

Posteriormente é necessário estabelecer o regime de monitoramento do STEL a partir


do potencial poluidor e da vulnerabilidade do corpo receptor, é necessário utilizar a matriz de
correlação apresentada na Tabela 2.

Figura 2 - Matriz de Correlação do Regime de Monitoramento do STEL

Fonte: CETESB, 2022

Após a definição do regime de monitoramento é necessário iniciar a caracterização geral


do STEL, em seguida a caracterização do meio receptor.
Em seguida é necessário definir as frequências de monitoramento para efluente e corpo
receptor, após essa etapa é definido quais são os parâmetros de monitoramento dos efluentes
brutos e tratados do STEL, bem como do corpo receptor, tais parâmetros estão baseados na
legislação ambiental vigente.
Na sequencia devem ser observados e definidos os pontos de amostragem, esses deverão
possuir fácil acesso e serem seguros, tanto para os operadores quanto para as ações de
fiscalização da CETESB.
Devem ser observados os procedimentos de amostragem que devem seguir as normas
técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os métodos analíticos e
controle de qualidade, bem como o registro dos dados do processo de amostragem e medidas
de vazão de efluentes brutos e tratados e do corpo receptor.
Também é necessário observar a amostragem para avaliação da qualidade dos efluentes
brutos e tratados e medidas de concentração de poluentes nos efluentes bruto e tratado, onde, a
critério da CETESB poderá ser definido número de amostras do corpo receptor superior ao

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previamente definido.
O Relatório Anual de Automonitoramento (RAM) deve conter informações cadastrais
do STEL, um desenho esquemático do mesmo e uma descrição das condições operacionais da
planta e do sistema de tratamento. No RAM é necessário apresentar as informações do resultado
do automonitoramento acompanhado de declaração de responsabilidade a serem entregues de
forma digital para CETESB até o dia 31 do mês de março do ano subsequente às medições
anuais realizadas, conforme estabelecido no PAEL. No PAEL deve estar claro quem são os
responsáveis legal e técnico devidamente qualificados.
Também compõe a DD 54/2022/C/E/I o Anexo 1 que apresenta quais são os parâmetros
de monitoramento do efluente (básicos e complementares) divididos por atividade.

Sistema INFOÁGUAS

O Sistema INFOÁGUAS é uma ferramenta de acesso público que foi criado para
consultas sobre diversas informações sobre qualidade das águas brutas e assuntos de interesse
sobre a Gestão de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. A CETESB, ao longo dos anos
vem consolidando suas bases de dados sobre a qualidade das águas superficiais (rios, lagos e
reservatórios) e subterrâneas (sistemas aquíferos), condição de saneamento básico dos
municípios e localização dos principais empreendimentos licenciados que lançam efluentes
tratados em rios ou redes coletoras (CETESB, 2022).
Este acervo de informações, frequentemente atualizado, pode ser consultado por meio
do INFOÁGUAS que disponibiliza diferentes formas de acesso, podendo ser por meio de
representações gráficas (mapas, gráficos e tabelas) visualizadas no sistema ou mesmo
descarregamento local de planilhas formatadas com dados brutos.
Desenvolvido com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos – FEHIDRO, o
sistema coloca à disposição do interessado dados de monitoramento de qualidade das águas de
rios e reservatórios paulistas, desde 1978. Após cadastrar-se no sistema, o usuário poderá fazer
consultas de parâmetros e índices de qualidade. Poderá, ainda, visualizar em mapas, os pontos
de amostragem, os corpos hídricos, as divisas municipais, os limites da bacia hidrográfica e as
rodovias.
O Infoáguas coloca à disposição dos usuários dados de monitoramento de qualidade dos
rios e reservatórios, num total de 356 pontos de amostragem, sendo 163 pontos de amostragem
de água da rede básica; 124 pontos de amostragem de água de monitoramento regional; 13
pontos de amostragem de água da rede de monitoramento automático; índices de balneabilidade
de 33 praias de reservatórios e rios; e 23 pontos de amostragem da rede de sedimentos. Dezenas
de parâmetros são avaliadas em cada um desses pontos de monitoramento.
A seguir a Figura 1 apresenta a visualização da tela do sistema INFOÁGUAS com
destaque para um mapa dos pontos de lançamento de efluentes cadastrados.

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Figura 3 – Tela do INFOÁGUAS com visualização do mapa de pontos de lançamento

Fonte: INFOÁGUAS, 2022

De acordo com os procedimentos para elaboração e implementação do PAEL o


INFOÁGUAS é um sistema de informações corporativo de gestão de qualidade das águas da
CETESB, disponível em www.cetesb.sp.gov.br, que se destinará a:
 Incorporar o cadastro do PAEL aprovado, a ser preenchido pela Agência
Ambiental;
 Notificar o responsável legal pelo STEL sobre os prazos para a inserção dos
resultados do monitoramento e para juntada do RAM à pasta administrativa
digital;
 Receber os resultados do automonitoramento a serem inseridos pelo STEL
num prazo de até 30 (trinta) dias após a amostragem;
 Notificar o STEL e a Agência Ambiental sobre as desconformidades
constatadas; e
 Gerar relatórios sobre os resultados do automonitoramento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise do PAEL como instrumento de gestão parte do princípio que sua premissa
básica é o atendimento das diretrizes previstas na Resolução CONAMA 430 e que os ensaios
deverão ser realizados por laboratórios acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). O não seguimento dessa premissa poderá
comprometer qualquer ação relacionada ao PAEL.
Evidencia-se na pesquisa a importância da obrigação de responsável técnico para
operação e manutenção das atividades potencialmente poluidoras e das fontes poluidoras dos
corpos hídricos, bem como para elaboração e implementação do PAEL. Assim, esta exigência
corrobora com outros instrumentos que vinculam as fontes poluidoras a terem um profissional
habilitado para o gerenciamento do controle ambiental, minimizando possíveis danos
ambientais decorrentes do mau funcionamento das medidas de controle adotadas.
Ressalta-se ainda, que, o monitoramento dos efluentes e esgotos sanitários são
essenciais para avaliação do atendimento à legislação pertinente, avaliação do desempenho,
controle operacional e outros. Assim, o estabelecimento de um programa de automonitoramento
eficiente e proporcional, permite garantir a qualidade ambiental dos corpos receptores e a

1
verificação do desempenho satisfatório do sistema de tratamento, bem como a criação de séries
históricas de dados confiáveis ao serem incorporados ao sistema INFOÁGUAS.
Destaca-se aqui a importância do PAEL que vai possibilitar integrar os instrumentos
de licenciamento ambiental e de outorga do uso de recursos hídricos para o lançamento de
efluentes, colaborando para o controle, fiscalização e acompanhamento dos efluentes lançados
nos corpos receptores do estado de São Paulo, indo ao encontro dos preceitos estabelecidos na
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e Política Nacional de Meio Ambiente
(PNMA) para o desenvolvimento sustentável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente documento buscou apresentar de forma sistemática, as etapas fundamentais


para a elaboração e aplicação de um Plano de Automonitoramento de Efluentes Líquidos
(PAEL) e evidenciando a sua importância, visando a orientar os setores envolvidos para o
desenvolvimento do processo de avaliação e gestão dos sistemas e soluções alternativas
coletivas de criação de séries históricas de dados.
Cabe um relevante destaque da contribuição do automonitoramento dos efluentes
líquidos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU
(Organização das Nações Unidas) para promover mudanças positivas no mundo do futuro. Sua
aplicação está alinhada diretamente para a melhoria da qualidade da água e possibilita o
acompanhamento da redução da poluição, atendendo ao objetivo de garantir a disponibilidade
e manejo sustentável da água.
Por fim, é importante destacar que é necessário que o PAEL esteja interconectado com
os diversos planos e programas associados à gestão de recursos hídricos e saneamento básico e
do uso e ocupação do solo, considerando-se o contexto da Bacia Hidrográfica como base
territorial para aplicabilidade de seus dados, de maneira análoga às metas de saúde de âmbito
local e regional existentes nos programas de saúde pública.

2
REFERÊNCIAS
AGUIAR, M. R. M. P., NOVAES, M. C. GUARINO, A. W. S. Remoção de metais pesados de
efluentes industriais por aluminossilicatos. Química Nova, 25, 6b, 12 2002.

ANA - Agência Nacional das Águas. Portal da Qualidade das Águas. Disponível em:
http://pnqa.ana.gov.br/rede/rede_avaliacao.aspx. Acesso em: 08 de dezembro de 2022.

BRASIL, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição
Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990,
de 28 de dezembro de 1989. Brasília, 1997.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 357, de 17 de março de 2005.


Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá
outras providências. Brasília, 2005¹.

BRASIL, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007.
Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Brasília, 2007.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 430, de 13 de maio de 2011.


Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a
Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Brasília, 2011¹.

BRASIL, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020.
Atualiza o marco legal do saneamento básico. Brasília, 2020.

CETESB – COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. DECISÃO DE


DIRETORIA Nº 019/2022/C/E/I, de 22 de fevereiro de 2022. São Paulo: CETESB, 2022.

CETESB – COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. DECISÃO DE


DIRETORIA Nº 054/2022/C/E/I, de 25 de maio de 2022. São Paulo: CETESB, 2022.

RASHON. Red de Agua y Saneamiento de Honduras. Guía para La implementación de Planes


de Seguridad de agua em el Sector Rural de Honduras. Guía Técnica del Instructor para
aplicación com las Juntas Administradoras de Agua Potable. 104p. 2009.

SÁNCHEZ, Luis Enrique. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. rev. e
atual. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. ISBN 978-85-7975-090-8. Disponível
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WHO. World Health Organization. Water Safety Plans – Managing drinking-water quality from
catchment to consumer. Water, Sanitation and Health Protection and the Human Environment.
Geneva, 2005.

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