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(ORG.

)
Se o jogo de correlações de forças sociais sempre Uma Antropologia do Estado com alto teor de

CAIO GONÇALVES DIAS


ANTONIO CARLOS DE SOUZA LIMA
presentes, pressupõe a produção de hegemonia e a reflexão teórica e envolvimento etnográfico é o que
produção de desigualdades e exclusão de alteridades, oferecem com maestria os textos dos organizadores
não há espaço teórico para entender a hegemonia e autores deste livro. Sua leitura é um convite e um
produzida como reificada. Há espaço teórico Adriana Facina desafio ao diálogo entre antropólogos, cientistas
para analisar o impacto dos movimentos contra- políticos e sociólogos que se debruçam sobre as
André Mattos
hegemônicos de segmentos subalternos que buscam práticas estatais. O Estado, suas políticas e seus
o acesso a direitos, assim como o impacto dos
Antonio Carlos de Souza lima efeitos , sua unidade e sua dispersão, são analisados
movimentos de elites que busquem mais privilégios, Caio Gonçalves Dias em seus contextos brasileiro e latino-americano
mais poder e imponham maior desigualdade. Carla Costa Teixeira em algumas áreas diversas: política indigenista,
políticas culturais e a relação do Estado com a
O Estado não é assim redutível a um Cristiane Gomes Julião Pankararu
religião. A principal enunciação teórica é concisa:
entendimento como se fosse apenas o exercício Francesca Repetto os Estados não são formados de uma vez por
de “tecnologias de poder” sobre “os dominados”. João Paulo Macedo e Castro todas. Contrapõe-se assim à a noção de Estado
Embora as práticas estatais sejam exercidas como
Laura Navallo como “ser”, ou “ente coeso”, presente na linguagem

bordas da dispersão
Maquinaria da unidade;
tecnologias de poder, impactam diferentemente
cotidiana e jurídica e que muitas vezes se deixa
os segmentos sociais e não são impermeáveis a Lucas Odilon
aparecer como tal na linguagem das ciências
transformações contínuas ou disruptivas. Está Marcos Cristiano Zucarelli ANTONIO CARLOS DE SOUZA LIMA sociais. Embora concisa, a enunciação é altamente
em jogo tanto a expansão da democratização Monique Florencio de Aguiar
como a configuração de um Estado autoritário. O
CAIO GONÇALVES DIAS (ORG.) complexa. Leva a sério que os vários momentos
Pedro Gondim e faces do Estado e das suas práticas políticas
último capítulo e o posfácio se voltam para o atual
respondem a jogos constantes de correlações de
momento político no Brasil. Um governo que busca Raquel Sant’Ana
forças entre classes, etnias, raças e gêneros.
um poder autoritário produz o paradoxo de um Raúl Alejandro Delgado
notório desmonte de instituições estatais que até Taiguara de Souza Moreira MAQUINARIA DA UNIDADE; O Estado visto como processo e não como ente,
então se voltavam para a defesa (ainda que parcial permite a articulação do passado, do presente e do
e precária) dos povos indígenas, dos quilombolas BORDAS DA DISPERSÃO futuro, de tal modo que formas antigas coloniais
e do meio-ambiente. Não só : lado a lado, notório podem ser reveladas ao se apresentarem com novas
desmonte das instituições em favor dos direitos Estudos de antropologia do Estado roupagens no período pós-colonial. Antonio Carlos
humanos, de instituições científicas, de ataque aos de Souza Lima ao analisar a gestação (formação) e a
antropólogos que parecem estar “incomodando” gerência do poder tutelar sobre os povos indígenas
e de uma necrofilia produzida pelo descaso em introduzida e regulamentada pelo Estado brasileiro
relação à pandemia. sob o regime republicano nos anos 1910/20 do
Lia Zanotta Machado século passado revela, de forma clara, os princípios
Professora Emérita da colonialidade advindas do passado e suas
Universidade de Brasília atualizações colonialistas presentificadas.
(ORG.)
Se o jogo de correlações de forças sociais sempre Uma Antropologia do Estado com alto teor de

CAIO GONÇALVES DIAS


ANTONIO CARLOS DE SOUZA LIMA
presentes, pressupõe a produção de hegemonia e a reflexão teórica e envolvimento etnográfico é o que
produção de desigualdades e exclusão de alteridades, oferecem com maestria os textos dos organizadores
não há espaço teórico para entender a hegemonia e autores deste livro. Sua leitura é um convite e um
produzida como reificada. Há espaço teórico Adriana Facina desafio ao diálogo entre antropólogos, cientistas
para analisar o impacto dos movimentos contra- políticos e sociólogos que se debruçam sobre as
André Mattos
hegemônicos de segmentos subalternos que buscam práticas estatais. O Estado, suas políticas e seus
o acesso a direitos, assim como o impacto dos
Antonio Carlos de Souza lima efeitos , sua unidade e sua dispersão, são analisados
movimentos de elites que busquem mais privilégios, Caio Gonçalves Dias em seus contextos brasileiro e latino-americano
mais poder e imponham maior desigualdade. Carla Costa Teixeira em algumas áreas diversas: política indigenista,
políticas culturais e a relação do Estado com a
O Estado não é assim redutível a um Cristiane Gomes Julião Pankararu
religião. A principal enunciação teórica é concisa:
entendimento como se fosse apenas o exercício Francesca Repetto os Estados não são formados de uma vez por
de “tecnologias de poder” sobre “os dominados”. João Paulo Macedo e Castro todas. Contrapõe-se assim à a noção de Estado
Embora as práticas estatais sejam exercidas como
Laura Navallo como “ser”, ou “ente coeso”, presente na linguagem

bordas da dispersão
Maquinaria da unidade;
tecnologias de poder, impactam diferentemente
cotidiana e jurídica e que muitas vezes se deixa
os segmentos sociais e não são impermeáveis a Lucas Odilon
aparecer como tal na linguagem das ciências
transformações contínuas ou disruptivas. Está Marcos Cristiano Zucarelli ANTONIO CARLOS DE SOUZA LIMA sociais. Embora concisa, a enunciação é altamente
em jogo tanto a expansão da democratização Monique Florencio de Aguiar
como a configuração de um Estado autoritário. O
CAIO GONÇALVES DIAS (ORG.) complexa. Leva a sério que os vários momentos
Pedro Gondim e faces do Estado e das suas práticas políticas
último capítulo e o posfácio se voltam para o atual
respondem a jogos constantes de correlações de
momento político no Brasil. Um governo que busca Raquel Sant’Ana
forças entre classes, etnias, raças e gêneros.
um poder autoritário produz o paradoxo de um Raúl Alejandro Delgado
notório desmonte de instituições estatais que até Taiguara de Souza Moreira MAQUINARIA DA UNIDADE; O Estado visto como processo e não como ente,
então se voltavam para a defesa (ainda que parcial permite a articulação do passado, do presente e do
e precária) dos povos indígenas, dos quilombolas BORDAS DA DISPERSÃO futuro, de tal modo que formas antigas coloniais
e do meio-ambiente. Não só : lado a lado, notório podem ser reveladas ao se apresentarem com novas
desmonte das instituições em favor dos direitos Estudos de antropologia do Estado roupagens no período pós-colonial. Antonio Carlos
humanos, de instituições científicas, de ataque aos de Souza Lima ao analisar a gestação (formação) e a
antropólogos que parecem estar “incomodando” gerência do poder tutelar sobre os povos indígenas
e de uma necrofilia produzida pelo descaso em introduzida e regulamentada pelo Estado brasileiro
relação à pandemia. sob o regime republicano nos anos 1910/20 do
Lia Zanotta Machado século passado revela, de forma clara, os princípios
Professora Emérita da colonialidade advindas do passado e suas
Universidade de Brasília atualizações colonialistas presentificadas.

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