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Aula 1
Todas as nossas manifestações, seja numa ópera, campo de futebol, são determinadas de
símbolos, comportamentos, etc, são dotados de códigos.
Determinismos
Nesta aula procuramos desconstruir outra ideia presente em nosso dia a dia: a que estabelece
que alguns comportamentos são influenciados por fatores externos à cultura. Fatores como
clima, geografia, instintos ou in uência genética seriam determinantes em diferentes aspectos
da vida.
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Fal a-se muito em “ins nto de sobrevivência” e “instinto materno”, mas, ao contrário do que se
pensa, há pouca influência dos ins ntos em nosso comportamento. Pensar o suicídio como
fato social nos permi rá desconstruir essa ideia. Ao ques onar a noção de determinismo
abrimos caminho para uma interpretação na qual a cultura e o social são protagonistas.
Determinismo Geográfico
Acredita-se que o clima e a geografia influenciam:
Desenvolvimento Econômico
Comportamentos coletivos ou individuais
Determinismo biológico
Comportamento fortemente determinado pelos ins ntos
Comportamento influenciado pelo código genético ou caracterís cas sicas
Quando falamos em instinto materno ou instinto de preservação, dizemos que é um conceito
pré-determinado.
Um exemplo importante
Cérase Lombroso [acreditava que existiam determinadas caracterís cas físicas no corpo da
pessoa que mostrava que ela tinha maior propensão a criminalidade].
Surgimento do biocriminalismo no século XIX
Biocriminalismo +polí cas raciais = repressão
Essas teorias biocriminalistas foram essenciais para polí cas discriminatórias de repressão.
No século 19, havia uma polí ca de castração em criminosos nos EUA, assim como na
Alemanha [foi além das tendências criminais, foram aplicados também casos de histeria,
homossexualidades, ou seja, qualquer coisa que pudesse ser passada de pais para lhos].
Nunca pensaram, naquela época, que as condições sociais seriam os determinantes disso,
somente os aspectos sicos que eram os determinantes.
Visão da Antropologia:
Os instintos exercem pouca influência sobre o comportamento humano
O homem é influenciado pelo meio em que vive e não pela genética [ele procura
estratégia para viver nesse meio, e não o meio que determina o seu comportamento]
Fatores climáticos ou geográficos influenciam estratégias, mas não determinam
comportamentos
Natureza e cultura
A relação entre natureza e cultura é um tema antigo e presente no pensamento ocidental.
O pensamento dos contratualistas é emblemá co para entender que natureza e cultura foram
pensadas como domínios opostos. No contratualismo acreditava-se que a passagem do estado
de natureza para o estado de cultura constituía o estabelecimento do pacto social. A ideia de
pacto era sobretudo a de um princípio filosó co, e, portanto, não podia ser entendida no
sentido literal. No entanto, a passagem do estado de natureza para o estado de cultura
in uenciou a antropologia moderna.
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Neste sentido, Claude Lévi-Strauss argumentava que a cultura se estabelece quando a primeira
regra é criada e com ela vêm os processos de trocas e de comunicação entre diferentes
grupos. Outras abordagens passaram a cri car o dualismo implícito na relação
natureza/cultura. Para autores como Tim Ingold, não se trata de opor um ao outro, pois há um
con nuum entre eles.
Eles procuravam entender como o pacto social aconteceu. Quando os homens começam a se
ver como sociedade e como o pacto social se opõe ao estado de natureza.
Por detrás dessas teorias, havia um cunho político. Hobbes tratava do Estado absolu sta.
Locke nha traços liberais. Rousseau usava uma metáfora para entender o humanismo.
Hobbes:
Os homens no estado de natureza viviam livres, mas nham um medo constante. Era uma
violência sem limites. Então, os homens abrem mão da liberdade em troca da segurança, eles
precisam de regras, de autoritarismo.
Jean-Jaques Rousseau
Relações entre natureza e cultura
Comunicação: importante para passagem da natureza para a cultura
Ele é considerando o pai do humanismo, das ciências humanas.
Algumas caracterís cas distinguem Rousseau dos demais.
Para ele, o estado de natureza é um estado bom, posi vo. Tanto que nasce a ideia do bom
selvagem.
Ele nasce livre, pleno. E nessa plenitude, ele nasce com um poder criativo. Com capacidade de
pensar no cole vo. Para Rousseau, é a sociedade que corrompe o homem; que ra ele dessa
visão coletiva, integradora e o coloca na visão individualista. Essa era uma crí ca à sociedade.
Ele vê uma relação relacional com a cultura. O homem nasce com capacidades cognitivas que
permitem a criação, que potencialmente permite a criação e o desenvolvimento ar stico e da
comunicação. E é através da comunicação que o homem faz a passagem progressiva para
cultura, de manter uma relação com os demais indivíduos do coletivo.
Em Rousseau, não há um antagonismo, e sim uma con nuidade de seu pensamento.
Ele chama atenção para o aspecto comunicativo, que fala que a cultura e a sociedade é em si
linguagem, ou seja, trocas: de bens, materiais, matrimoniais.
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se ter relações com mulheres de outros grupos, ou seja, é uma aliança matrimonial, daí você é
inserido em outra cultura.
Trocas e linguagem
Cultura ordena a natureza
Pensamento Antropológico
Nesta aula veremos algumas escolas do pensamento antropológico, suas principais ideias e
in uências.
Desde que o conceito de cultura foi forjado por Tylor, no final do século XIX, foram abertos
outros caminhos para entender o homem e a diversidade cultural. A proposta conceitual de
Tylor era abrangente, envolvendo todas as dimensões da experiência humana. O conceito
antropológico de cultura, tal como foi utilizado pela antropologia norte-americana, abriu
caminho para compreender as relações entre indivíduo e sociedade, seja a par r do
aprendizado e dos processos de socialização, seja no diálogo entre psicologia e antropologia.
Para ele, cada sociedade podia ser entendida em sua totalidade. E nham características que
as diferenciavam das demais.
Ato cultural: embora cada cultura fosse única, elas poderiam ser enquadradas dentro de certos
padrões.
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Importância de Durkheim
Aspectos simbólicos
Representações coletivas
Totalidade orgânica
Conceito de função [função de cada instituição no todo social]
Embora ele não falasse em cultura, ele se preocupava com os aspectos de significação.
Ele via a sociedade como orgânica, pois se uma de suas estruturas parasse de funcionar, as
demais também parariam.
Cultura e história
Nesta aula veremos que a cultura não é algo estático, mas em permanente transformação.
Trata-se de uma questão importante, já que em nosso senso comum pensamos que a nossa
sociedade é a única capaz de mudar sem perder sua autenticidade.
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Ao longo das aulas foi possível evidenciar como a cultura está presente em diferentes
dimensões da experiência humana, e como possui ampla influência sobre nossos modos de
pensar e agir. Muitas vezes, dado o caráter internalizado da cultura, reproduzimos
comportamentos de maneira inconsciente, como se fossem naturais.
Vimos também que a cultura está em permanente mudança e, com base nesta premissa,
comportamentos e padrões sociais também se transformam. Pesquise em jornais e revistas
(impressos ou disponíveis na internet) propagandas publicitárias nas quais a mulher é
protagonista. Pesquise de forma compara va quais as mudanças – se é que estas existem –
vinculadas à imagem da mulher entre os anos 1960 e o ano de 2016. Ao longo de cinco
décadas, quais as transformações que você iden ca? Escreva um texto analisando essas
transformações.
AULA 2
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a relação entre diversidade e unidade lógica da espécie, ma zados pelos conceitos de Homem
e Cultura.
Antecedentes históricos
O europeu nas suas navegações encontrava diversas culturas e diferenças que para ele eram
ilógicas. Com o passar dos tempos, eles veram que adquirir uma visão desse mundo.
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Para o europeu do século 16, foi uma descoberta, para ele esse mundo não existia.
Ele coloca em cheque os limites de mundo.
Podemos ver que o que Rousseau colocou sobre o estado de natureza e de sociedade tem
muito a ver com os relatos feitos pelos navegadores.
Ao nos depararmos com o diferente somos levados a julgá-lo com base em nossos costumes,
os quais julgamos “naturais”. O etnocentrismo não é uma exclusividade do ocidente, e ocorre
em diferentes sociedades. No entanto, na sociedade ocidental o etnocentrismo foi
acompanhado pela expansão colonial, justificando mecanismos de subordinação, exclusão e
extermínio de populações inteiras. O relativismo cultural é uma postura oposta ao
etnocentrismo, segundo a qual procura-se valorizar a diversidade e o pensamento do “outro”.
Ao entender o outro a par r de seus próprios termos, os costumes e valores do observador
deixam de ser inatos e tornam-se passíveis de questionamento.
O etnocentrismo e a cultura
A cultura – lente com a qual se vê o Mundo (Ruth Benedict)
Valores e visões de mundo
Naturais, corretas
Para a Ruth, nós vemos o mundo através da nossa lente, no caso, a cultura.
Por isso é difícil se colocar em perspec va e ver os outros valores que são diferentes daqueles
que não são os que conhecemos.
“O grupo do eu faz da sua visão a única possível (...) a melhor, a natural, a superior, a certa. O
grupo do outro fica, nesta lógica como sendo o engraçado, absurdo, anormal ou ininteligível”.
(Rocha 1984:5)
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O evolucionismo surgiu no século XIX e foi uma forma de explicar como essa unidade era
possível a despeito das diferenças existentes. Para o evolucionismo havia uma unidade lógica.
Entretanto, a humanidade se encontrava em diferentes estágios de desenvolvimento. Assim, a
diferença entre um aborígene e um europeu estava em seu grau de desenvolvimento (técnico,
jurídico, cien fico etc.).
Formulou-se a ideia de uma história linear, na qual todas as sociedades saíam do estágio
primi vo para chegar à civilização. O ideal de civilização era o modelo europeu, industrial e
colonial do século XIX. Para o evolucionismo não cabiam múl plas possibilidades de
desenvolvimento social.
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É onde cria-se pontos de passagem-ligação entre um período da época entre si. Onde
se estabeleciam conjecturas a par r de dados e possibilidades de que foi assim que
aconteceu na história para veri car a sua con nuidade [esse conceito foi muito
cri cado]
Trabalho de “gabinete”
Foi-se questionado também que esses teóricos nunca estiveram em campo estudando essas
pessoas; eles apenas estudavam os relatos das pessoas que viveram essas diferenças. Uma
ruptura nesse modelo acontece quando o trabalho de campo emerge.
Para Radcliffe Brown, por sua vez, a dimensão histórica era meramente especula va em
sociedades sem escrita. O foco da pesquisa estava em compreender a totalidade do social tal
qual ocorria no momento da pesquisa. Foi com Malinowski que o trabalho de campo se
transformou no método etnográfico por excelência, baseado na imersão do pesquisador e na
observação par cipante.
Em comum
Estudos geograficamente limitados
Acreditava-se que as culturas eram difundidas, ou seja, as sociedades em contato com
as outras difundiam suas culturas e artefatos [que também foi baseada na história
conjectural]. Então, os estudos foram concentrados em uma área pequena, fazendo
uma imersão em um único grupo-sociedade.
Cada cultura tinha seus próprios processos, onde foi questionado que o progresso
unilinear não era real. E sim era um progresso plurilinear.
- A negação da perspec va histórica: quando se começa a se contestar os
evolucionistas, dizem que não estão interessados na história e sim como eles estão
naquele momento, com isso, elas querem limitar ou podar a ideia de se usar a história
de forma conjectural.
Ênfase na relação entre os elementos internos a sociedade
Método Etnográfico
Os Argonautas do Pacífico Ocidental Malinowski (1922)
Ele é o primeiro a usar o método de “Observação par cipante”, a qual não pode ser
feita de qualquer maneira, que existem tempo, forma e jeitos de produzir o método
etnográfico.
Esse método prevê que o antropólogo deve ter uma imersão na sociedade que
pesquisa, esquecer da sua origem, pois sem isso ele não será capaz que viver aquela