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1-

As teorias do determinismo geográfico e biológico foram desenvolvidas em um


período em que a ciência e a antropologia estavam preocupadas em entender o que
tornava uma sociedade mais avançada do que outra. Essas teorias foram criticadas
por diversos autores, incluindo Ulpiano T. Bezerra de Meneses e Marvin Harris, mas
o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro foi um dos primeiros a refutá-las.

Em seu livro "Culturas e Línguas Indígenas do Brasil", Darcy Ribeiro argumentou


que a cultura é uma criação social e não pode ser reduzida a fatores geográficos ou
biológicos. Em outras palavras, as culturas não são simplesmente determinadas por
seu ambiente ou por suas características biológicas, mas são formadas por uma
variedade de fatores, incluindo a história, a política e as interações sociais.

Laraia, outro importante antropólogo brasileiro, também criticou as teorias do


determinismo geográfico e biológico. Ele argumentou que essas teorias são
simplistas e deterministas, e ignoram a complexidade da cultura humana. Segundo
Laraia, a cultura é moldada por uma variedade de fatores e não pode ser reduzida a
apenas um fator determinante.

Em suma, as teorias do determinismo geográfico e biológico são consideradas


ultrapassadas e insuficientes para explicar a complexidade da cultura humana. A
cultura é uma criação social e é formada por uma variedade de fatores, incluindo a
história, a política e as interações sociais.

2- Edward Tylor (1832-1917) foi um antropólogo britânico e é considerado um dos


fundadores da antropologia cultural. Em seu livro "A Cultura Primitiva" (1871), Tylor
definiu a cultura como um "todo complexo que inclui conhecimento, crenças, arte,
moral, direito, costumes e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo
homem como membro da sociedade".
Segundo Tylor, a cultura é o resultado do desenvolvimento humano ao longo do
tempo e é transmitida de geração em geração por meio da aprendizagem social. Ele
argumentou que todas as sociedades humanas possuem cultura, e que a cultura é
um fenômeno universal que pode ser estudado de forma sistemática.

Tylor também cunhou o termo "sobrevivência" cultural, que se refere a elementos da


cultura que persistem mesmo depois de terem perdido sua função original. Esses
elementos são importantes para entender a história e o desenvolvimento da cultura.

Além disso, Tylor enfatizou a importância do método comparativo na antropologia


cultural. Ele argumentou que o estudo de diferentes culturas é essencial para
entender a diversidade cultural e para identificar os traços universais da cultura.

Em resumo, as principais ideias de Tylor sobre o conceito de cultura incluem a


definição de cultura como um todo complexo que inclui conhecimento, crenças, arte,
moral, direito e costumes, a ideia de que a cultura é transmitida por meio da
aprendizagem social, a importância da sobrevivência cultural e do método
comparativo na antropologia cultural.

3- Kroeber ampliou o conceito de cultura de Edward Tylor, argumentando que a


cultura é uma parte integrante da vida social e que está em constante evolução e
mudança. Ele também enfatizou a importância da antropologia como uma disciplina
que busca compreender a diversidade cultural e a complexidade da vida humana.

Uma das contribuições mais famosas de Kroeber é o estudo de caso sobre os


bebês Frances, publicado em seu livro "Anthropology" (1948). O estudo foi baseado
em um relato de duas mulheres americanas que criaram seus filhos na China,
seguindo os costumes locais de não abraçar ou acariciar as crianças, na crença de
que isso poderia fazer com que eles se tornassem mimados e inseguros.

Kroeber usou o exemplo dos bebês Frances para demonstrar como a cultura pode
afetar o desenvolvimento humano. Ele argumentou que a cultura molda nossa
percepção do mundo e determina nossos comportamentos e emoções. No caso dos
bebês Frances, a ausência de contato físico e afeto pode ter afetado o
desenvolvimento emocional e social das crianças, tornando-as mais retraídas e
inseguras.
O estudo dos bebês Frances é um exemplo de como a antropologia pode ajudar a
compreender a complexidade da cultura e sua influência no comportamento
humano. Kroeber mostrou que a cultura é um aspecto central da vida humana e que
sua compreensão é essencial para entender a diversidade e complexidade da vida
social.

4- Julgar o incomum

Sim, a cultura condiciona a visão de mundo das pessoas. A cultura molda nossa
percepção do mundo e determina nossos comportamentos, valores, crenças e
atitudes. Ela é um aspecto central da vida humana e influencia todos os aspectos de
nossa existência.
Através da cultura, aprendemos o que é certo e errado, o que é considerado belo ou
feio, o que é aceitável ou não em diferentes contextos sociais. Nossas experiências
culturais moldam nossa maneira de ver e entender o mundo.
Por exemplo, em algumas culturas, o tempo é visto como algo linear e progressivo,
enquanto em outras culturas, é visto como algo cíclico e circular. Em algumas
culturas, a individualidade é valorizada, enquanto em outras, o coletivismo é mais
importante. Essas diferenças culturais influenciam a maneira como as pessoas
veem o mundo e se comportam.
No entanto, é importante lembrar que a cultura não é determinante. As pessoas têm
a capacidade de refletir sobre suas experiências culturais e questionar suas visões
de mundo. A antropologia cultural busca entender a complexidade e diversidade das
culturas humanas, e ajuda a compreender como a cultura influencia a vida humana.

O antropólogo brasileiro Roberto Cardoso de Oliveira Laraia argumentou que a


cultura é transmitida de geração em geração, e que a nossa herança cultural nos
condiciona a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que
agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade.
Laraia sugere que as normas e valores culturais são internalizados desde a infância,
e que as pessoas são socializadas para seguir esses padrões culturais. Quando
alguém se comporta de maneira que vai contra as expectativas culturais, essa
pessoa pode ser vista com desconfiança, desprezo ou até mesmo hostilidade.
Esse fenômeno pode ser observado em muitos contextos culturais, onde as
pessoas tendem a ser críticas em relação a comportamentos que fogem do
esperado. Por exemplo, em algumas culturas, o comportamento sexual fora do
casamento é visto como imoral e inadequado, e as pessoas que agem dessa forma
podem ser julgadas e excluídas socialmente.
Laraia argumenta que esse tipo de comportamento é resultado da nossa herança
cultural, que nos condicionou a reagir dessa maneira. Ele enfatiza, no entanto, que a
cultura não é estática e que ela está em constante evolução e mudança. Portanto,
as normas culturais que hoje são amplamente aceitas podem ser questionadas e
modificadas no futuro.
5- Alguns exemplos que ajudam a entender como a cultura interfere no biológico
são:
1. Alimentação: a escolha dos alimentos que consumimos é influenciada pela
cultura. Em algumas culturas, é comum consumir alimentos que em outras
culturas são considerados repugnantes, como insetos ou animais
considerados de estimação. Além disso, as práticas alimentares podem ter
impacto na saúde física e biológica das pessoas.
2. Corpo: a cultura influencia a forma como vemos e lidamos com o corpo. Em
algumas culturas, o corpo é valorizado por sua força física, enquanto em
outras, a magreza é vista como ideal. A cultura também pode influenciar a
maneira como lidamos com a sexualidade e a reprodução.
3. Comportamento: o comportamento humano é influenciado pela cultura. Por
exemplo, a maneira como lidamos com a morte, com as emoções e com a
violência é moldada pela cultura em que vivemos.
4. Linguagem: a linguagem é uma expressão da cultura e influencia a maneira
como pensamos e nos comunicamos. A cultura em que crescemos determina
as palavras que usamos e os significados que atribuímos a elas.

Laraia argumenta que esses exemplos mostram como a cultura está


intrinsecamente ligada ao biológico e como é impossível separar totalmente esses
dois aspectos da vida humana. A cultura molda o comportamento humano, e esse
comportamento, por sua vez, pode ter impacto na saúde física e biológica das
pessoas.

6- Essa afirmação se baseia em algumas proposições, que são:

1. A cultura é um sistema aberto: a cultura é dinâmica e está em constante


mudança. Ela não é um sistema fechado e imutável, mas sim um sistema
aberto, que pode ser influenciado por fatores externos e internos.
2. A cultura é aprendida: a cultura é transmitida de geração em geração por
meio da socialização. Cada indivíduo aprende sua cultura por meio da
interação com outras pessoas de sua comunidade.
3. Os indivíduos são ativos na construção da cultura: embora a cultura seja
transmitida de geração em geração, os indivíduos também são ativos na
construção da cultura. Eles podem modificar e transformar as normas e
valores culturais de acordo com suas experiências e vivências.
Com base nessas proposições, Laraia argumenta que os indivíduos participam
diferentemente de sua cultura. Isso significa que cada indivíduo aprende sua cultura
de maneira única e que, mesmo dentro de uma mesma cultura, pode haver
variações no modo como as pessoas vivenciam e interpretam as normas e valores
culturais.
Laraia usa como exemplo os indígenas brasileiros, que são frequentemente
retratados como homogêneos e que compartilham uma cultura comum. No entanto,
ele argumenta que, mesmo entre os indígenas, há diferenças na maneira como
cada grupo lida com sua cultura e como eles a interpretam. Além disso, os
indivíduos dentro de cada grupo também podem ter experiências e vivências
culturais únicas.
Dessa forma, Laraia destaca a importância de se reconhecer a diversidade cultural
e a maneira como os indivíduos participam de sua cultura de maneira singular e
ativa.

7- Uma dessas proposições é que a cultura é aprendida, ou seja, ela é transmitida


de geração em geração por meio da socialização. Dessa forma, a cultura não é um
sistema imutável, mas sim um sistema que está em constante transformação, pois
os indivíduos que a aprendem e a reproduzem também podem modificar e
transformar suas normas e valores culturais.
Além disso, a cultura é influenciada por fatores externos e internos. Fatores
externos, como mudanças políticas, econômicas e tecnológicas, podem impactar a
cultura de uma sociedade. Fatores internos, como conflitos e tensões sociais,
também podem levar a mudanças na cultura.
Laraia também argumenta que a cultura é um sistema aberto, o que significa que
ela pode ser influenciada por outras culturas e pela globalização. Isso pode levar a
um processo de hibridização cultural, no qual elementos de diferentes culturas são
combinados para criar novas formas culturais.
Por essas razões, Laraia afirma que a cultura é dinâmica e está em constante
mudança. A compreensão da dinamicidade da cultura é importante para
entendermos como as sociedades mudam e se adaptam às transformações que
ocorrem ao seu redor.

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