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Responda as questões abaixo:

 
 
Questão 01:
“No pano de fundo dos estudos holísticos do
Homem, que os eruditos de então começam a
propor, estavam à especulação e indagações de
gerações de filósofo e viajantes”.

Como é possível definir a área de estudo da antropologia. Qual o campo de


investigação e as divisões de estudo da antropologia?

R- O pensamento do homem sobre ele mesmo e a sua sociedade é uma reflexão


tão antiga quanto a própria sociedade, pois em todas as sociedades existiam
homens que observavam homens. Segundo Laplatine, apenas na segunda metade
do século XVIII é que começa um interesse em posicionar o homem como objeto de
estudo e foi a partir desse pensamento se deu o posicionamento dos primeiros
esboços de uma teoria que mais tarde, já no século XIX alcançou suas primeiras
realizações com o surgimento das ciências humanas, entre elas destacamos a
antropologia.

A partir do século XX, as abordagens antropológicas ganham uma postura


epistemológica. Foram adotando conceitos que a antropologia não estaria ligada a
um espaço geográfico, cultural ou histórico particular e sim, para um estudo do
homem inteiro e do homem em todas as sociedades, estados e épocas.

Só podemos considerar antropológica, uma abordagem integrativa que possa levar


em consideração as várias dimensões do entendimento do ser humano entre ele
mesmo e em sociedade em todos os seus estados e em todas as épocas,
considerando as múltiplas dimensões do ser humano em sociedade.

A professora Neivalda destacou que o estudo da antropologia estava dividido entre a


antropologia ligada à física, da qual os objetos e artefatos estudados teriam que
passar por testes químicos comprobatórios de autenticidade (carbono 14), já a
antropologia cultural/social estaria ligada ao estudo de uma construção das
características culturais de uma determinada localidade.

Ligadas à física

A antropologia biológica- Estudo das variações dos caracteres biológicos do homem


no espaço e no tempo. Leva em consideração os fatores culturais que tiveram
influência no crescimento do indivíduo, pode-se destacar a relação entre o
patrimônio genético e o meio, a morfologia e a fisiologia.

A antropologia pré-histórica- Estudo do ser humano por objetos e vestígios


encontrados no solo (arqueologia).

A antropologia criminal- Analisa as raízes do crime e suas causas, traçando os perfis


e traços reveladores do caráter do criminoso.

Ligadas à cultura/social

A antropologia linguística- Tende a especialização do entendimento do ciclo


linguístico e suas manifestações que podem ser pela literatura, tradição oral e
mídias.

A antropologia psicológica- Estuda os comportamentos (conscientes e


inconscientes) dos seres humanos.

A antropologia médica- Estuda a abordagem bio-cultural da saúde e da doença, com


a questão de como a vida embebida de uma cultura pode influenciar o biológico de
cada indivíduo.

A antropologia religiosa- Estuda o universo mágico religioso (ideia mítica).


A antropologia indígena- Estuda as comunidades indígenas.

A antropologia alimentar- Estuda temas ligados ao simbolismo da alimentação


(comidas sagradas, tabus alimentares, comida com interação social, alimentação e
saúde física).

A antropologia ambiental- Estuda a relação entre a população e o meio ambiente,


dando enfoque para abordagens ecológicas a fim de promover o ambientalismo
como movimento social.

 
Questão 02:
 
Interprete essa assertiva.
 
 “O lugar comum ao Antropólogo e aqueles de
quem ele fala é precisamente aquele que ocupam
os indígenas que nele vivem, nele trabalham, que o
defendem, que marcam nele seus pontos fortes,
que guardam suas fronteiras...”.

R- O principal enfoque da antropologia contemporânea é que as sociedades não são


iguais, são apenas diferentes. Outro aspecto importante e bastante discutido é o
relacionamento entre a natureza e a cultura. A natureza em si, não é nada, mas ela
começa a ter significados, graças a atribuições dadas pelos seres humanos, pois a
cultura é todo o comportamento que dá identidade a um grupo social e a partir dela é
que transforma o que foi fornecido pela natureza.

Nas aulas foi bastante discutido o conceito de etnocentrismo, que incide sobre um
indivíduo em tomar a sua cultura e a sua sociedade como medida de julgamento
sobre outras culturas. Vimos que as sociedades interiorizam valores, posturas e até
na forma de pensar, então, relativizar as culturas é primordial para o estudo
antropológico, pois sem essa relatividade, pode-se surgir problemas como
discriminação e preconceito.

A partir do momento que a antropologia moderna deixa de lado as informações


indiretas e o antropólogo passa a ter contato com as culturas que irão ser
estudadas, surge então a pesquisa de campo.

A pesquisa de campo é essencial na antropologia, pois foi a partir dela que houve
uma constatação da existência de práticas sociais e simbólicas equivalentes nas
culturas diversas.

Segundo Roberto Cardoso de Oliveira, o trabalho do antropólogo consiste na ida ao


local de pesquisa que constitui no saber olhar, ouvir e escrever. O autor entende que
realiza-se nossa percepção será no escrever que o nosso pensamento exercitar-se-
á de forma mais cabal, como produtor de um discurso que seja tão criativo como o
próprio das ciências voltadas para a construção da teoria social. O saber olhar e
ouvir, segundo o autor devem estar disciplinadas pela antropologia, elas se
completam e servem para o pesquisador como duas muletas que permitem
caminhar na estrada do conhecimento. O saber escrever é empregado a análise de
uma determinada cultura, empregando a interpretação antropológica da relatividade,
pois sem o relativismo o pesquisador pode cair na “armadilha do etnocentrismo”.

É de suma importância a presença do antropólogo in loco para estudar o cotidiano


das pessoas. Trata-se de uma observação direta a partir da relação humana.
Contudo, deve-se deixar de lado o etnocentrismo e começar a ter uma convivência
em comunidade (adquirindo confiança entre o pesquisador e o pesquisado). Daí o
antropólogo entra no convívio social da comunidade (muito discutido no texto um
jogo absorvente: notas sobre a briga de galos balinesa).

Geertz discute sobre a antropologia como uma forma de compreender e de


interpretar a cultura de um povo. Entende o autor que as sociedades como as vidas,
contém suas próprias interpretações. É preciso descobrir o acesso a elas.

 
Questão 03:
 
“Não se trata de algo inerte, mas de uma entidade viva, cheia de auto-
reflexão e consciência: algo que se estreita e se alarga para o futuro e
para o passado num movimento próprio. É uma sociedade onde pessoas
seguem certos valores e julgam as ações humanas dentro de um
padrão”.  (Roberto Da Matta)
 
1 – O que constitui cultura.
2 – Que características da cultura estão expostas na assertiva acima?
Explique cada uma delas.
3 - O que é determinismo biológico e determinismo geográfico?

Resposta 1 – Segundo a professora Neivalda, cultura é todo o comportamento que


dá identidade a um grupo social, por isso é que as culturas são variadas. A cultura é
adquirida socialmente, logo, todos que vivem em sociedade tem cultura. Já Laraia
define que a natureza de todos os homens é idêntica e a cultura praticada por eles é
o que separam, os tornam estranhos uns aos outros.

Resposta 2- a cultura é dinâmica e está em constante processo de mudança. O


homem tem a capacidade de questionar seus hábitos sendo assim, capaz de
modificar a maneira de relacionar-se com a vida. Portanto, a cultura seria um
processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações
anteriores.

Seria a influência da cultura nas diferentes sociedades. O homem vê o mundo


através da sua cultura, sendo assim, ele considera o seu modo de vida o mais
correto e o mais natural, nisso, dá a relação dos conflitos etnocêntricos. Cada povo
tem a sua própria cultura, com suas próprias características é o que distingue um
povo do outro, deste modo se dá a autenticidade da cultura, pois o homem é o
produto do meio e produto para o meio, assim faz com que o indivíduo pertença a
um processo coletivo e não individual.
Resposta 3- determinismo biológico – afirma que a biologia do homem é quem
determina seus comportamentos. O autor Roque de Barros Laraia alega que os
antropólogos da época presente não acreditam nesse conceito, visto que o
comportamento do indivíduo é consequência de um aprendizado, um processo
chamado de endoculturação. O autor ainda traça um exemplo de que um indivíduo
que nasceu em uma determinada sociedade e foi para outra sociedade (ainda
criança), crescerá e não ficará diferente culturalmente dos outros que estão no seu
convívio.

Determinismo geográfico- esse acredita que o ambiente físico condiciona a


diversidade cultural. A antropologia concluiu que existem limitações da influência
geográfica sobre a cultura e é possível existir diversidades dentro do mesmo
ambiente geográfico. Vimos exemplos na aula quando a professora citou o caso dos
esquimós e dos lapões, pois estes vivem em condição geográfica semelhantes, mas
tem culturas distintas. Então, a partir desse exemplo pode-se concluir que não é
possível usar o determinismo geográfico para dar uma definição sobre modos e
costumes de uma região. O autor deixa claro que não é o meio que influência o
comportamento do homem, mas o homem é que modifica o meio para que este
possa adequar ao seu modo de vida.

Questão 04:
 
Relacione com o conceito de cultura às ideias de Identidade Cultural e
Etnocentrismo. 

Vimos nas aulas de antropologia que a identidade é o que diferencia e caracteriza


um grupo social do outro. Ela é definida como o conjunto de papéis desempenhados
pelos indivíduos e é determinada pelas condições sociais decorrentes da produção
da vida material.

Quando dá referência a identidade cultural logo é passada a ideia da cultura que o


indivíduo adota assim que nasce e que é absorvida ao longo da sua vida. Porém, a
identidade não é natural e nem geneticamente herdada (ligação de sangue). A
aprendizagem se dá no lugar em que a pessoa vive socialmente, construindo e
modificando de acordo com a forma de como o sujeito é interpelado ou
representado.

Como foi definido pela professora Neivalda, a identidade cultural seria como uma
auto- identificação com as relações culturais de uma localidade e que as relações
histórico-sociais fizeram com que as comunidades construíssem a sua própria
cultura. Foi comentado também o aspecto de que os homens constroem
“necessidades culturais”, que seriam conceitos que só essa cultura teria para dar
uma representatividade para as suas necessidades da decorrência da vida,
resultando a sua sobrevivência na localidade, foi nos dado o exemplo da escala da
cor verde dos índios para a sobrevivência da floresta assim como os tons de branco
dos esquimós para a sobrevivência nos polos.

Portanto, cada povo tem a sua própria cultura com suas próprias características,
nisso é o que distingue um povo ou grupo social do outro.

O etnocentrismo seria uma visão do mundo, ocorrendo quando um grupo ou um só


individuo com hábito e caráter social específico de discriminar o outro, usando como
parâmetro a sua cultura, julgando esta como a melhor. O etnocentrismo centraliza
modelos de valores que podem ser pela condição social, hábitos diversos e pelo
modo de entendimento da vida do outro, estes vistos como sempre inferiores aos
olhos do observador etnocêntrico.

Nas aulas anteriores foram dados vários exemplos e um dos mais comentados foi o
tratamento dado pelos esquimós aos seus pais e familiares quando atingem uma
idade avançada, outro exemplo seria as vacas na Índia e a questão do
homossexualismo em diferentes países, dos quais vimos que tinham países que
reconheciam o casamento homossexual e outros países que o ato homossexual é
considerado inaceitável, levando até para a pena de morte. Foram analisadas essas
histórias e muitas vezes foram julgadas, colocando a nossa sociedade como o
centro de valores morais, pois essas histórias são vistas como estranhas e de difícil
compreensão.
A professora Neivalda enfatizou que não podemos só olhar as diferenças, mas
devemos aprender com elas, pois a cultura se alimenta do natural e do social para
se expressar. A cultura é uma linguagem que ao mesmo tempo ela faz a
aproximação ela pode reprimir o outro. Portanto, cada cultura é uma unidade
integrada, fruto de um desenvolvimento histórico peculiar, definindo o
comportamento do homem e suas realizações. Então, cabe a antropologia dar
significados aos comportamentos de uma sociedade.

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