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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

Departamento de Ciências Sociais Aplicadas


Colegiado de Direito
Antropologia Jurídica

Nome: Givanei Lima Dias Júnior Matrícula 202210170

ATIVIDADE AVALIATIVA 1

1 - Produza de um a dois parágrafos sobre como a Antropologia faz parte das


Ciências Sociais e se afasta das Ciências Naturais. Ao mesmo tempo, procure
trazer a reflexão da importância dela se enquadrar como uma ciência. O texto base
deste tema é o do Roberto Da Matta.
A Antropologia possui um fenômeno de estudo sociocultural. Por isso, ela
compõe o quadro das Ciências Sociais, não Naturais. Nesse sentido, este campo do
saber estuda os fatos naturais, que possuem repetitividade, sincronia, simplicidade,
conseguem ser reproduzidos em laboratório e permitem ao cientista uma distância
do objeto analisado. Já aquele lida com fatos sociais, situados em planos de
casualidade, complexos, subordinados ao comportamento social e humano,
impossíveis de serem reproduzidos em laboratório e de haver uma distância entre
pesquisador e objeto de pesquisa - pois estão em uma mesma escala.
Sob outro aspecto, ao investigar a formação da humanidade em seus vários
aspectos - culturais, físicos e históricos -, a Antropologia contribui para o
entendimento da formação e das manifestações humanas, evidenciando a
variedade dessas organizações e a inexistência de um ideal cultural e social. Por
esse ângulo, infere-se a premência da inclusão desse saber no campo das ciências,
visto que, para além de sua relevância à mitigação de conceitos etnocêntricos, ele
se afasta do senso comum ao adotar métodos científicos que viabilizam a
construção de um saber sólido, objetivo e confiável. Além disso, é evidente que a
Antropologia goza de instrumentos, linguagem e ordenação próprios, e que atendem
às particularidades de seu objeto de estudo.

2 - Produza pelo menos dois parágrafos com explicações do que era constituída a
Antropologia Evolucionista, citando autores, obras e abordagem e como a
Antropologia Social ou Cultural se construiu, quais autores e principais abordagens
que afastam do evolucionismo social. Os textos bases são as obras do Celso de
Castro, Laplantine e Thomas Eriksen & Finn Nielsen.
A Antropologia Evolucionista busca a aplicação da concepção de evolução
biológica - oriunda dos estudos de Charles Darwin - ao âmbito social. Nessa
perspectiva, as diferentes populações humanas e suas culturas possuem diferentes
graus de desenvolvimento, indo do primitivo ao civilizado, que seguem um caminho
uniforme, linear e ascendente. Tal pensamento teve seu ápice durante o período de
colonização europeia, no século XIX, e embasou a necessidade dessas “conquistas”
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e dominações, no fito de levar o avanço e a civilização - entendida como o padrão


cultural industrial europeu - às comunidades que possuíam modelos socioculturais
destoantes - e, portanto, “primitivos” e inferiores. Estudando esses comportamentos
seria possível conhecer o passado da humanidade, já que eles não passaram pelo
processo “evolutivo”. Dentre os autores que defendiam essa corrente de
pensamento, destacam-se:
Lewis Henry Morgan: estudou profundamente a comunidade indígena dos
iroqueses. Antes dele, poucos haviam registrado com cuidado e de maneira extensa
a terminologia de parentesco de outros povos. Acreditava que o funcionamento das
mentes humana e animal era similar, diferenciando-se apenas em grau. Em sua
concepção, o desenvolvimento da ideia de propriedade teria sido um processo
decisivo para o surgimento da civilização e o curso da história humana estaria
atrelado a uma "Inteligência Suprema", que transformaria o selvagem em civilizado,
passando pelo bárbaro.
Suas principais obras são “A Liga dos Ho-dé-no-sau-nee, ou Iroqueses”, “Sistemas
de consanguinidade e afinidade da família humana”, “O castor americano e suas
obras”, “A sociedade antiga” e “Casas e vida doméstica dos aborígines americanos”.
Edward Burnett Tylor: pai da antropologia cultural por ter dado pela primeira
vez uma definição formal de cultura - palavra usada sempre no singular e
essencialmente hierarquizada em "estágios” -, sendo ela desenvolvida em todas as
populações humanas de forma linear e uniforme. Neste contexto, o desenvolvimento
das culturas realizava-se por etapas, sendo a Europa a civilização mais avançada.
Suas principais obras são: “Cultura primitiva”, “Antropologia: uma introdução ao
estudo do homem e da civilização” e “Sobre um método de investigar o
desenvolvimento das instituições, aplicado às leis de casamento e descendência”.
James George Frazer: dedicou-se com impressionante energia aos estudos
clássicos. Defendia que a evolução do pensamento e do conhecimento humano se
processou em três etapas fundamentais: magia, religião e ciência. Além disso,
desenvolveu importantes estudos nas áreas do folclore e totemismo.
Suas principais obras são: tradução de “Pausânias”, “O ramo de ouro” e “Folclore no
Antigo Testamento”
A Antropologia social, desenvolvida na França e na Inglaterra, destaca a
coesão das instituições, o caráter integrativo da família, da moral, e, sobretudo, da
religião. Tem como seu principal autor Bronislaw Malinowski. Ele rompe com a
noção de história conjectural – advinda do Evolucionismo –, para adotar uma
abordagem funcional, e se preocupa com a formação de antropólogos profissionais
para abandonar a necessidade de intérpretes e informantes - dando ênfase à
experiência etnográfica. Funda o funcionalismo, inspirado nas Ciências Naturais, o
qual afirma que a cultura busca satisfazer às necessidades humanas fundamentais,
e elucida a importância do estudo do Homem por meio da tripla articulação do
social, do psicológico e do biológico.
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Suas principais obras são “Argonautas do Pacífico Ocidental”, “The Sexual


Life of Savages in North-Western Melanesia” e “Magic, science and religion”.
A Antropologia Cultural, desenvolvida nos Estados Unidos, foi uma corrente
do pensamento que se opôs ao pensamento evolucionista da sociedade. Ela dá
ênfase aos comportamentos dos próprios indivíduos como reveladores de sua
cultura, colocando em plano secundário o funcionamento de suas instituições, e
estuda as distinções das condutas humanas em um mesmo grupamento, tendo em
vista as descontinuidades e a originalidade inerente a essa organização. Para atingir
tais objetivos, suas pesquisas realizam a observação direta dos comportamentos
dos seres, procurando compreender a natureza dos processos de aquisição e
transmissão de uma cultura, a qual modela o comportamento das pessoas, sem que
estas o percebam. Não interessava a essa corrente do pensamento classificar os
estágios de desenvolvimento dos povos nem distribuí-los em uma escala evolutiva.
Seus principais defensores são:
Franz Boas: defendeu, em sua análise antropológica, que cada grupo social é
uma unidade portadora de cultura e história próprias. A cultura era, portanto, tomada
como uma unidade específica. Seus estudos contribuíram para compreender
particularmente a subjetividade de um povo e revelar os seus elementos comuns,
entender sua psicologia e sua forma de comportamento social sem atribuir uma
hierarquia entre eles - como faziam os evolucionistas.
Suas principais obras são: “Arte primitiva”, “As limitações do método comparativo”,
“A mente do ser humano primitivo”.
Ruth Benedict: propõe que as culturas concedem um maior privilégio a certas
personalidades e rejeitam outras, formando determinados padrões de cultura,
influenciando a formação da personalidade de cada membro da sociedade.
Defendia que o importante na formação do comportamento individual é a cultura, e
não os aspectos biológicos, e que ela é o conjunto de configurações de crenças,
atitudes, conhecimentos e emoções que caracterizam uma sociedade
Suas principais obras: “Padrões de cultura” e “O Crisântemo e a espada: padrões da
cultura japonesa”.

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