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Introdução

Os modos de vida de outras partes do mundo costumam fascinar, estranhar ou gerar uma
visão exótica. A antropologia oferece um conhecimento humano e comparativo do mundo e
da sua diversidade cultural.

O seguinte trabalho surge no âmbito da cadeira de Antropologia Cultural onde será abordado
o tema referente as correntes teóricas da Antropologia, sendo, o Evolucionismo, o
Difusionismo, o Funcionalismo e o Estruturalismo.

Objectivos

Objectivo Geral
 Compreender as correntes antropológicas.

Objectivos Específicos
 Demonstrar as correntes teóricas da Antropologia;
 Diferenciar as correntes teóricas da Antropologia;
 Localizar as correntes teóricas da Antropologia no tempo.

Metodologia

Para realização deste trabalho, recorreu-se a pesquisa bibliográfica, baseamo-nos em material


elaborado, manuais de ensino e documentos encontrados na nuvem para fazer a
fundamentação teórica e estruturar o trabalho sob o tema as correntes teóricas da
Antropologia.
Antropologia

A origem etimológica da palavra antropologia deriva das palavras gregas logos=estudo e


anthropos=humanidade e significa, literalmente, estudo da humanidade.

Porém, a antropologia, na época antiga, não era exactamente o que é actualmente. Para os
gregos e romanos, a antropologia era uma ciência dedutiva, isto é, uma discussão baseada em
deduções abstractas sobre a natureza dos seres humanos e o significado da existência
humana. O seu método de verificação do conhecimento era o método dedutivo, que consistia
em chegar a uma conclusão particular, partindo de premissas universais. Tratava-se, portanto,
de um caminho que vai do geral ao particular.

A verdade radicava no facto do particular ser uma parte mais do geral, partia-se de uma teoria
geral para testar hipóteses derivadas dessa teoria, ou seja, propostas de relações entre
variáveis e dados que variam de caso em caso.

Nos dias de hoje a antropologia é:

1. O estudo dos seres humanos enquanto seres biológicos, sociais e culturais.


2. Uma forma de olhar a diversidade, uma atitude de sensibilidade e empatia face os outros.
3. Uma profissão na qual se aplicam conhecimentos, métodos, técnicas, sensibilidades e
olhares para melhor compreender e lidar com o mundo (LIMA, MARTINEZ & LOPES,
1991).

O objectos de estudo da antropologia

A antropologia tem os seguintes objectos de estudo:

 Estudar os seres humanos em geral, e estabelecer leis válidas para o conjunto da


humanidade.
 Estudar os produtos e as acções dos seres humanos: comportamento social, costumes,
cultura, rituais, parentesco, vida quotidiana, cultura material, tecnologia, de entre outras
acções.
 Estudar grupos humanos ou culturas de todas as épocas e partes do mundo.
 Estudar alguns tipos de sociedades: primitivas, pré-industriais, simples, complexas,
tradicionais, industriais, pós-industriais, não ocidentais e ocidentais (LIMA, MARTINEZ
& LOPES, 1991).
A crise do objecto de estudo da antropologia

Anteriormente, a antropologia era pensada como o estudo das sociedades sem escrita,
etiquetadas, sob uma perspectiva evolucionista como sociedades primitivas.

Nesta perspectiva, essas sociedades coincidiam basicamente com as sociedades não


ocidentais.

O termo de primitivo foi abandonado devido à sua notação pejorativa e ao falso binómio
selvagem ou civilizado.

A partir de então, a antropologia foi pensada como o estudo de pequenas comunidades


camponesas, nas quais as relações interpessoais e a falta de especialização económica eram
muito importantes, assim como a sua homogeneidade e o seu equilíbrio internos.

A antropologia virou-se assim para o ocidente. Posteriormente, a antropologia dos primitivos


e dos camponeses passou a ser uma antropologia “no” e “do” espaço urbano e do urbanismo.
Desta forma, a antropologia passou a ser uma ciência que estuda qualquer problema
sociocultural, em qualquer parte do mundo.

Em síntese, actualmente, podemos pensar a antropologia como uma disciplina que:

 Estuda a cultura inserida num contexto social.


 Estuda a conduta humana e o seu pensamento, no seu contexto social e cultural.
 Estuda as semelhanças e as diferenças entre as culturas: o que nos faz iguais e o que nos
faz diferentes, relativamente ao(s) outro(s).
 Estuda as formas de pensar, perceber e lidar com os múltiplos “outros” (LIMA,
MARTINEZ & LOPES, 1991).

Funções gerais do Antropólogo

No trabalho de campo, há integração dos pesquisadores no grupo humano estudado, tendo


como objectivo a compreensão das suas pautas culturais, e estes, recolhem dados sobre a
cultura e descrevem fenómenos socioculturais.

Comparam culturas com outras, descrevendo as suas semelhanças e diferenças .

Interpretam a realidade humana, descobrem os seus sentidos e significados e criam teorias


socioculturais.
Aplicam a antropologia, ou melhor, suas teorias, métodos e conhecimentos, para melhorar as
condições de vida das populações (LIMA, MARTINEZ & LOPES, 1991).

As correntes teóricas da Antropologia

A antropologia desenvolveu-se graças a existência de diversas correntes antropológicas que


se debruçaram sobre diversos temas referentes à ciência antropológica: o evolucionismo, o
difusionismo, o funcionalismo, o estruturalismo.

O Evolucionismo

Na segunda metade do séc. XIX, nasce a antropologia como campo profissional. Esta foi uma
época de hegemonia mundial europeia, em que predominva um clima intelectual
evolucionista e uma influência das ciências naturais nas ciências sociais.

Uma das teorias dominantes foi o evolucionismo uni-linhar que defendia uma evolução
paralela. De acordo com esta teoria, as culturas foram criadas, independentemente, seguindo
um percurso por estádios fixos: barbárie, primitivismo, selvagismo e civilização.

Para o evolucionismo, as culturas encontravam-se em movimento, através de diferentes


etapas de desenvolvimento, até alcançarem a etapa de desenvolvimento da cultura ocidental.
Todas as culturas evoluiriam da mesma maneira e passariam pelos mesmos estádios. Seria,
pois, necessário pensar numa evoluçao unitária do conjunto da humanidade.

O evolucionismo era uma ideia Darwinista. Darwin (1809-1882) tinha escrito, em 1859, a
obra “A Origem das Espécies”.

Antropólogos evolucionistas:

J.J. Bachofen (1815-1887), um jurista suíço, foi o primeiro a chamar a atenção para
sociedades que seguem a linha de descendência através da mulher (culturas materlinhares).
Imaginou que nessas sociedades não se reconhecia a paternidade; construiu um mundo greco-
latino matriarcal.

J.F.McLennan (1827-1881) (escocês) escreveu Studies in Ancient History e Primitive


Marriage em 1865, nesta última obra, afirmou que a forma mais antiga de família era
caracterizada pelo matriarcado. Observou a simulação do rapto da noiva pelo noivo, para
logo atingir o casamento. A si se devem os termos “exogamia” (matrimónio fora do próprio
grupo) e “endogamia” (matrimónio dentro do próprio grupo).
Henry Sumner Maine (1822-1888) foi um etnólogo jurídico, membro do conselho britânico
do vice-rei da Índia. Encontrou semelhanças entre as antigas leis de Roma, da Índia e da
Irlanda (sociedades patrilinhares). O seu livro mais famoso é “Ancient Law” (1861), no qual
defendeu que a mais antiga forma de família era a família patriarcal dos indo-europeus.

crítica do evolucionismo •

Os dados não falam por si próprios: é preciso organizar os dados, em relação à teoria. Os dados são
apenas barulho, se não aportam um contributo à teoria antropológica.

• Foram quase todos antropólogos de gabinete (só Morgan fez algo de trabalho de campo com os
iroqueses), sem sair para o terreno. Trabalharam, fundamentalmente, com fontes documentais e
com dados fornecidos por outros (misionários, agentes coloniais, viageiros, comerciantes). Têm,
contudo, o mérito de tentarem fazer da antropologia uma ciência de rigor.

• Introduziram o método comparativo, na antropologia.

• Foi o primeiro paradigma da antropologia.

• Um dos seus eixos foi o das semelhanças e as diferenças culturais. Ainda que os evolucionistas se
tenham preocupado mais com as semelhanças do que com as diferenças entre os grupos humanos.
É complicado abarcar um objecto tão alargado: é começar a casa pelo telhado.

• Para eles, as sociedades eram organismos naturais que evoluíam.

• O seu modelo de civilização era a sociedade vitoriana inglesa (Ocidente): o resto do mundo tinha
um desenvolvimento inferior.

• Pensaram, erradamente, que os “povos primitivos” teriam que elaborar instituições semelhantes
às da sua tecnologia.

• Partem muitas vezes de supostos etnocéntricos.A teoria da sobrevivência de costumes é uma


perspectiva errada, porque, na realidade, muitos dos costumes foram inventados recentemente ou
provocados pelos contactos com ocidente.

• Os evolucionistas foram os primeiros a iniciar os grandes temas da antropologia: parentesco,


religião, política, economia, etc.

• Estudaram mais de 300 sociedades, através do método comparativo. Este trabalho foi continuado,
nos E.U.A., por Murdock no seu projecto “Humam Relations Area”.

• Os dados apresentados delatam um desejo de rigor, mas encontram-se, frequentemente,


abstraídos do seu contexto. Os dados não são meramente empíricos: tem significado.

• Para os evolucionistas, para que aconteça uma mudança tem que haver um lugar, um espaço
concreto, a identidade de um grupo em concreto: não a humanidade, no seu conjunto. • A crença
não é um erro, como afirmava Tylor. A crença dá sentido à experiência humana. A mente não pode
esperar que a ciência resolva todos os seus problemas, daí que se alimente a crença (tal disse
Durkheim).

O Difusionismo
Segundo MARTINEZ (2002:104), o difusionismo foi uma reacção contra o evolucionismo,
mas coexistiu com ele. Foi uma escola antropológica que tentou entender a natureza da
cultura, em termos da origem da cultura e da sua extensão de uma sociedade a outra. O
empréstimo cultural seria um mecanismo básico de evolução cultural.
Defendeu que as diferenças e semelhanças culturais eram causa da tendência humana para
imitar e a absorver traços culturais.
A diversidade cultural explica-se pelas relações de empréstimo e não pela invenção
independente.
Bastian (1826-1905) (médico de um barco) interessou-se pelas crenças religiosas, mitos e
rituais semelhantes. As suas conclusões levaram-no a falar de "unidade psíquica da
Humanidade". Ratzel (1844-1904), oposto às teorias de Bastian, interessou-se mais pelos
utensílios do que pelas ideias: utensílios inventados em lugares concretos e que se difundiam,
para outros lugares, através das migrações. Procurou semelhanças entre objectos. Outros
autores: no Reino Unido, Grafton Elliot Smith (1871-1937, antropólogo físico), William
James Perry (1887-1949). W.H. Rivers (1864-1922) integrou a expedição que estudou os
nativos do Estreito de Torres. Na Alemanha, destacam-se: Fritz Graebner (1877-1934) que
publicou, em 1911, um manual de antropologia (“Methode del Ethnologie”); e o padre
católico Fr. Wilhelm Schmidt (1868-1959), fundador da revista Anthropos, que inverteu as
séries evolutivas dos evolucionistas, pois tentouk demonstrar que a religião tinha origem no
monoteísmo – ex.: pigmeus caçadores e recolectores.

Os alemães postularam a formação de diversas culturas, a partir de poucos “círculos


culturais”. Essas culturas estender-se-iam a outras culturas sob forma de traços, através da
migração de populações e da melhoria dos meios de transporte.
Crítica ao difusionismo: Apesar da sua grande importância na recolha de dados, salientou
demasiado a forma (unicamente uma dimensão das características culturais), em detrimento
do significado que cada característica tem para os membros de cada cultura em particular.
Ignorou também as relações com outras características.
2. Funcionalismo
O enfatizava a interconexão orgânica de todas as partes de uma cultura pondo em primeiro
plano a idéia de totalidade. Desta maneira, postulava uma universidade funcional que se opõe
ao difusionismo.

Análise funcional é uma explicação de fatos antropológicos em todos os níveis de


desenvolvimento de acordo com o papel que jogam dentro do sistema total da cultura, de
modo que estão inter-relacionados com o interior do sistema e pela forma que o sistema se
vincula ao meio físico. O conceito de função, de acordo com Malinowski se refere ao que
joga um aspecto em relação ao resto da cultura e em última instância, orientado sempre a
satisfação das necessidades humanas, isto é, a sobrevivência. Esta corrente procura estudar a
estrutura ou a organização interna ou endógena dos parâmetros sociais. Tem como principais
representantes: Bronislaw Malinowski (1884-1943), Radcliffe-Brown (1881-1955).

Para Silva et all., (2003:3), uns dos médotos da abordagem funcional é descobrir as
convenções existentes em uma cultura e saber como funciona. Averiguar as funções de usos e
costumes de determinada cultura que levam a uma identidade cultural, observação, entrevista.

2.1. Estruturalismo
O estruturalismo busca superar algumas deficiências observadas em outras teorias e tem a
pretensão de alcançar uma explicação da lógica das organizações sociais em sua dimensão
sincrónica, sem deixar de lado a dimensão diacrónica. A metodologia do estruturalismo se
deve particularmente à linguística, e desenvolve a noção de estrutura. Os fatos sociais
poderiam serem compreendidos como processos de comunicação definidos por regras,
algumas delas conscientes (ainda que apenas superficialmente já que podem estar ocultando
aspectos da realidade) e outras em nível profundo do inconsciente.
Principais representantes: Levi-Strauss, Needham, Douglas, Turner e Dumont.
As críticas mais frequentes ao estruturalismo antropológico se concentram no uso seletivo das
fontes etnográficas secundárias e que na maioria das vezes a teoria é forçada e não se ajusta à
realidade empírica.

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