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Entre as primeiras contribuições à teoria do Bem-estar, está o modelo proposto por Walras.
Para Reis (2016), Walras fez uma síntese de quatro proposições que muito influenciaram os
pensadores econômicos do século XIX. Trata-se da Fábula das Abelhas, de Bernard de
Mandeville; da mão invisível, mencionada por Adam Smith; da lei de Say, segundo a qual toda
oferta gera sua própria demanda; e do utilitarismo de Bentham. Essa estrutura de análise
atendia às prerrogativas da ciência moderna, bem como aos princípios políticos liberais de
liberdade individual e de Estado mínimo.
Deste modo, Walras foi o teórico que desenvolveu a construção do modelo de equilíbrio geral,
fundamentado em pressupostos como a autonomia individual dos agentes, racionalidade,
mercado de concorrência perfeita e considerando que os recursos produtivos são distribuídos
entre os proprietários dos fatores de produção, o que permitiria que o sistema econômico
chegasse a um resultado de equilíbrio de pleno emprego. Assim, a partir da ação individual e
maximizadora dos agentes (máximo de bem-estar possível), dados os recursos disponíveis, a
tecnologia e os gostos e preferências dos consumidores, alcançar-se-ia o máximo das
possibilidades produtivas da sociedade (REIS, 2016).
O modelo desenvolvido por Walras recebeu críticas de alguns teóricos e foi aprimorado por
outros, a exemplo de Vilfredo Pareto, que deu relevante contribuição lógica ao modelo de
Equilíbrio Geral. Autores como Bergson, Kaldor, Samuelson, Arrow, dentre outros, também
contribuíram para o desenvolvimento e aprofundamento da Teoria do Bem-estar social.
Dentre as contribuições de Pareto à Ciência Econômica destacam-se três para esta análise: a
criação de uma teoria ordinal de bem-estar; o desenvolvimento da teoria do equilíbrio geral de
Walras; e a criação de um critério de avaliação do bem-estar social (Ótimo de Pareto), que
inaugurou uma nova linha de pesquisa (GARCIA, 1996). Segundo Garcia (1996), Pareto partiu
do conceito de utilidade marginal desenvolvido por Jevons, Menger e Walras. A utilidade
marginal é o adicional de utilidade proveniente do incremento de consumo, que seria positivo
e decrescente. Como a utilidade, nessa abordagem, está relacionada com o consumo, há uma
restrição ao seu crescimento imposta pela renda, pois não é possível consumir para além do
limite de renda (Lei de Walras).
Pareto deixou evidente na sua análise que o equilíbrio de uma economia em concorrência
perfeita leva ao máximo de bem-estar da sociedade, reforçando a defesa de liberdade
econômica e não intervenção no mercado. Dado que cada estado social Pareto-ótimo é um
equilíbrio perfeitamente competitivo, tal instrumento analítico ―[...] permite discernir
profundamente a natureza do funcionamento do mecanismo de preços, explicando a natureza
mutuamente vantajosa da troca, produção e consumo regidos pelo auto interesse‖ (SEN, 1999,
p. 50). Com essa inovação analítica é possível comparar diferentes estados da economia, a
partir da observação do bem-estar de cada indivíduo, ou seja, se em uma situação o bem-estar
é maior ou menor do que em outra (GARCIA, 1996).
Uma vez que a sociedade (o todo) é vista como a soma dos indivíduos (as partes), para analisar
o
expandidos para o comportamento social. Assim, o bem-estar social pode ser definido como o
conjunto
de maximizações do auto interesse individual. Haveria uma força equilibradora natural que
garantiria que
mantido.
Observa-se que nessa estrutura de análise não há referência às dotações iniciais, sejam dos
representativo, que maximiza sua utilidade e que age racionalmente, não se considera a
heterogeneidade
existente entre as pessoas, tampouco que os interesses dos indivíduos e dos grupos ou classes
sociais a que
verbis, ―Um estado pode estar no ótimo de Pareto havendo algumas pessoas na miséria
extrema e outras
nadando em luxo, desde que os miseráveis não possam melhorar suas condições sem reduzir o
luxo dos
ricos‖ (SEN, 1999, p. 48). Ou seja, a definição de um ponto ótimo não leva em consideração
nenhum
elemento distributivo
natureza humana foi abandonada pelos teóricos da teoria econômica ortodoxa e, por
consequência, por
muitos dos estudiosos da Moderna Economia do Bem-Estar. Com o intuito de se construir leis
de
tornou cada vez mais distante da realidade. Paradoxalmente, a sofisticação matemática – cada
dia mais
muitos não percebam, é sobre esses pressupostos que a maioria das políticas e ações
econômicas são
estruturadas. Não surpreende, portanto, o distanciamento não raro que tais políticas
apresentam da
realidade concreta das sociedades nas quais elas atuam ou para as quais foram formuladas. A
ausência de
elementos distributivos, históricos, sociais e éticos – este último muito bem argumentado por
Sen (1999) –
contribuem para que as formulações propostas sejam muito mais abstratas do que reais
Na teoria microeconÙmica convencional, ao determinar as alocaÁıes de
Como este teorema sÛ È v·lido sob certas hipÛteses, ele estabelece as condiÁıes
no sentido que existe um mercado para cada bem relevante e que todos os
Ûtimo de utilidades, existe uma transferÍncia de riqueza (T1, ..., TI) satisfazendo
para que o segundo teorema seja v·lido È necess·rio tambÈm que exista
Uma das hipÛteses implÌcitas nos teoremas fundamentais do bem-estar que pode
ser violada È aquela que afirma que as caracterÌsticas de todos os bens s„o
distintos para bens com diferentes caracterÌsticas podem deixar de existir e ocorre
seleÁ„o adversa.2
emprestadores sabem da existÍncia dos dois tipos de tomadores, mas n„o possuem
somente o tipo desonesto, portanto preferem uma taxa de juros mais baixa, que
reduz o risco. Logo, para evitar o problema de seleÁ„o adversa, eles preferem
restringir o acesso ao crÈdito, deixando de financiar projetos que lhes dariam uma
em um projeto mais arriscado, que possua um alto retorno. Portanto, mesmo com
uma sÈrie de garantias, como um colateral. Como as pessoas que detÍm pequena
riqueza n„o tÍm como dar estas garantias, elas n„o conseguem crÈdito, investindo
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restriÁıes de crÈdito impostas aos agentes mais pobres. Neste caso, os ativos da
paga um alto retorno estoc·stico, caso se coloque uma certa quantidade de esforÁo
mercado nunca promove este seguro total, pois o mesmo gera uma perda de
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Logo, a diversificaÁ„o de todo o risco dos projetos individuais n„o ocorre. Usando
qual todas as pessoas podem investir no projeto. As pessoas com renda acima
deste nÌvel s„o aposentados que investem no ativo seguro e seus filhos ser„o mais
pobres que eles. Existe um outro nÌvel de renda, abaixo do qual a riqueza das
Estes nÌveis de renda n„o persistem ao longo do tempo de modo que a extrema
ir· convergir para uma distribuiÁ„o de renda est·vel. AlÈm disso, o processo
estoc·stico seguido por cada linhagem n„o È afetado pela distribuiÁ„o inicial de
racionamento de crÈdito para as pessoas que n„o tÍm como cumprir as exigÍncias
qualificados ou desqualificados.
distribuiÁ„o de renda. A tentativa de corrigir este problema foi feita por Aghion e
renda.
Existem trÍs classes de agentes neste modelo: os muitos ricos que se tornam
emprestadores, a classe mÈdia que investe no prÛprio projeto e os pobres que n„o
renda da classe mÈdia se aproxime do nÌvel da renda dos ricos e, como o custo do
capital diminui, alguns pobres conseguem investir em seus projetos. Este efeito
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gera uma curva de Kuznets, j· que nos est·gios iniciais os indivÌduos ganham
Quando os custos do capital s„o altos, os pobres preferem emprestar, j· que a taxa
querem tomar emprestado a esta baixa taxa, mas s„o impedidos devido a falta de
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cujo investimento possui tamanho fixo, como na maioria dos trabalhos citados
acima, este modelo baseia-se em uma funÁ„o de produÁ„o cÙncava, o que permite
ìmoral hazardî proposto por Aghion e Bolton (1997), porÈm as conclusıes s„o
bem diferentes. Neste modelo, È possÌvel sustentar altas e baixas taxas de juros.
sofrendo restriÁıes de crÈdito, o que leva a longo prazo a uma baixa acumulaÁ„o
juros s„o altas, os indivÌduos que sofrem restriÁıes credÌticias levam um longo
tempo para acumular capital. A cada nÌvel estacion·rio da taxa de juros est·
longo prazo. N„o h· armadilha da pobreza, mas cada estado estacion·rio apresenta
um certo grau de mobilidade social, esta ser· maior quando a taxa de juros for
produto agregado, aqueles que apresentam altas taxas de juros est„o associados a
um menor produto e baixo estoque de capital, j· que nestes uma grande proporÁ„o
m˙ltiplos equilÌbrios, a polÌtica do governo pode ser eficaz, a medida que uma
taxaÁ„o lump sum na riqueza ou uma mudanÁa na taxa de juros pode levar a
política moderna. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA ECONÔMICA, 5., 2003, Belo
BLACKORBY, C.; BOSSERT, W.; DONALDSON, D. Utilitarianism and Theory of Justice. Discussion
<http://www.nottingham.ac.uk/economics/documents/discussion-papers/99-30.pdf>. Acesso
em: 07
nov. 2016.
GARCIA, F. (Apresentação) In: PARETO, Vilfredo. Manual de Economia Política. São Paulo: Nova
LADERCHI, Caterina Rugger. Poverty and Its Many Dimensions: the role of income as an
indicator.
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Studies, vol.
PARETO, V. Manual de Economia Política. São Paulo: Nova Cultural, 1996 (Coleção Os
Economistas).
08 nov. 2016.
SEN, A. Sobre Ética e Economia. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
2016.