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Ética: Estudo teórico dos princípios que regem as escolhas práticas. O seu objeto de estudo é a moral
(bem/justo).
Lei: Conjunto de valores/princípios que regem as ações dos indivíduos. Têm um caráter mais formal, ou
seja, obrigatório.
A Ética Empresarial consiste na aplicação de princípios éticos às decisões que tomamos em contexto
organizacional.
o A Ética Empresarial excede a Lei: As linhas orientadoras da Lei podem não ir de encontro, ou
podem não ser suficientes para a complexidade dos valores pessoais conscientes inerentes à
Ética Empresarial.
o A Ética Empresarial excede a responsabilidade social corporativa.
O gestor atua num campo complexo onde encontra desafios económicos, legais e éticos, tais como
decidir na base do compromisso, tomar decisões finais com base em informação incompleta, aceitar as
responsabilidades pelos erros dos subordinados, decidir num contexto muito competitivo. Lidar com
múltiplos stakeholders pode traduzir-se na dificuldade em conciliar os diferentes interesses, como os da
própria empresa, do mercado e os do cliente. Neste sentido, há gestores a adotarem ações menos
éticas.
Ética
Lei Lucro
Efeitos da ética no longo prazo – a sua ausência acaba por implodir organizações;
Em termos de negócios, a ética contribui para a confiança, reputação e o bem-estar da
sociedade;
Os códigos de ética permitem perpetuar as relações pessoais e de negócio.
Estamos perante um dilema ético quando não existe uma opção totalmente certa, sendo que as teorias
éticas surgem como orientação na tomada de decisões éticas.
Teorias Normativas:
A. Utilitarismo:
O valor moral de uma ação ser ditado exclusivamente pelas consequências que ela produz.
Visa a maximização da utilidade, sendo que a ação correta é aquela que maximiza a utilidade,
ou seja, a que permite alcançar o equilíbrio mais favorável entre bons e maus resultados.
Outro fator relevante do utilitarismo é o hedonismo, o que significa que a utilidade é
identificada com o prazer individual, associado também ao conceito de felicidade.
Universalismo: a avaliação moral das ações deve considerar as consequências para todas as
pessoas, sem discriminação entre indivíduos.
Intencionalidade: a moralidade da ação depende da intenção do agente e do resultado
previsível do seu ato.
No utilitarismo do ato, devem ser praticados os atos que conduzem ao maior bem para a maior
quantidade de pessoas, verificando-se uma avaliação isolada do ato.
No utilitarismo da regra, as regras ocupam uma posição central na ética, a qual não pode ser
comprometida devido a situações particulares. As boas regras são definidas em função das
consequências: são boas as regras que permitem alcançar os melhores resultados para o maior
número possível de pessoas.
Críticas:
B. Egoísmo Ético:
Crença de que o ser humano é, por natureza, egoísta nas suas motivações primárias, atuando
sempre em função da preservação dos seus interesses individuais.
Convicção de que a racionalidade dos agentes promove a preferência individual por uma
sociedade equilibrada e justa. Por outras palavras, a soma dos interesses individuais gera uma
sociedade equilibrada e justa, em consequência da racionalidade que incute a ideia de um bem
geral.
Assim, defende a liberdade de cada pessoa prosseguir exclusivamente os seus interesses confiando que,
desta forma, o bem geral é igualmente alcançado.
Egoísmo Ético vs Utilitarismo – o egoísmo ético não determina a totalidade dos comportamentos
empresariais e organizacionais, uma vez que só lhe interessa o lucro e não os interesses pessoais
(componentes humanas)
C. Ética Kantiana:
Segundo esta teoria, o dever (Deontologia) prevalece, desvalorizando-se as consequências dos
atos e definindo-se o valor moral da ação em função do respeito por determinados princípios e
regras universais.
É necessário atender às razões que subjazem às ações para determinar se estas são ou não
moralmente corretas (racionalidade da ação). A aceitabilidade moral da ação depende da regra
que determina a vontade do agente.
Inclui:
o Imperativo categórico: trata-se de uma obrigação incondicional, independente da
nossa vontade ou dos nossos desejos. Implica dois princípios:
Princípio da universalidade – as máximas que comandam a ação devem ser
aplicáveis a todas as pessoas que se encontram em situação idêntica. “Age
apenas segundo uma máxima que possas querer que se torne lei universal”;
Princípio do querer – a universalização decorre da vontade livre (desejo
racional) do sujeito. “Age de tal forma que os efeitos da tua ação sejam
compatíveis com a preservação de uma verdadeira vida humana na terra”
o Imperativo hipotético: não é um imperativo moral, mas sim um meio para alcançar
qualquer coisa que se quer ou que é possível que se queira (desejo relevante).
o Princípio prático supremo: Baseia-se no respeito pela dignidade humana, sendo que o
ser humano não pode ser usado como um meio para atingir outros fins.
Críticas:
Ética desprovida de emoções morais ou sentimentos, como a simpatia e o zelo pelos outros;
A universalidade das regras (menos alternativas do que o utilitarismo).
Estas teorias defendem a existência de uma moralidade comum a toda a sociedade. As regras são
definidas a partir do maior equilíbrio entre o certo e o errado em determinado contexto, implicando a
distinção de dois tipos de obrigações:
Obrigações prima facie: obrigações que devem ser levadas a cabo a não ser que sejam
conflituosas com uma obrigação de igual ou de maior valia. Segundo Ross, há 7 deveres
prima facie:
o Dever de fidelidade
o Dever de reparação
o Dever de gratidão
o Dever de justiça e equidade
o Dever de benevolência
o Dever de autoaperfeiçoamento
o Dever de não-maleficência
Ao decidir o que fazer, deve-se ponderar todos os deveres prima facie relevantes. Estes deveres, muitas
vezes entram em conflito, pelo que se deve analisar o contexto antes de agir, de forma a articular os 7
deveres prima facie (‘Um ato X realizado pela pessoa P no tempo T é moralmente correto se e só se é o
ato que melhor balança os sete deveres prima facie que podem ser aplicados pela pessoa P no momento
T.’)
Segundo estas teorias, deve ter-se em conta não só os direitos que estão espelhados na
lei/obrigações, mas também os direitos universais para as empresas, utilizando essencialmente estes
últimos na avaliação das decisões éticas. Existe uma necessidade de hierarquização dos direitos, na
medida em que estes têm pretensões prima facie (não são pretensões absolutas, logo, nenhuma
entidade pode moralmente impedir a prossecução desses direitos – ex.: o direito dos consumidores
serem informados sobre os aspetos positivos e negativos de determinado produto; o direito à igualdade
de oportunidades; entre outros).
Segundo esta teoria, a reflexão ética passa a estar situada no comportamento individual (enfatiza-se o
caráter moral dos agentes como elemento central) e não sobre a obrigação ou dever. Neste sentido,
destaca-se o papel da responsabilidade individual na ação, valorizando-se mais a disposição de cada
pessoa para fazer o que é correto do que o esforço teórico de definição abstrata das ações que são
corretas.
Entende-se por virtude moral o traço de caráter, manifestado nas ações habituais, que é bom uma
pessoa possuir. Estamos perante uma disposição treinada, ou seja, o caráter virtuoso cultiva-se e torna-
se parte integrante do indivíduo.
As virtudes definem-se por não serem características de excesso, nem de carência, encontrando-se no
meio termo:
Enquanto critério ético, defende que a conduta ética é reflexo do desenvolvimento de virtudes morais
que constituem um bom caráter e que contribuem para uma “vida boa” (felicidade). Desta forma, a
felicidade alcança-se com atos virtuosos.
Liderança transcendental: considerada uma liderança virtuosa e como uma liderança ética, na
medida em que se apoia em 4 virtudes sem as quais não é possível aplicar as seguintes práticas
fundamentais de liderança:
D. A Ética do Cuidar:
E. Teorias da Justiça:
Estas teorias abordam a forma como são atribuídos os direitos e deveres na sociedade e como
devem ser distribuídos os benefícios e os encargos entre os cidadãos. Procuram definir um critério
do que é socialmente justo. As teorias da justiça podem ser classificadas como:
Teoria da justiça como equidade (Rawls): Surge como alternativa ao Utilitarismo Clássico,
apresentando uma conceção ética diferente deste:
o A visão utilitarista da justiça não se preocupa com a forma como a utilidade é
distribuída entre os indivíduos nem com a forma como eles a distribuem no
tempo. Tendo em conta a pluralidade dos sujeitos, procura-se definir princípios de
justiça que regulem a vida em sociedades compostas por indivíduos com diversas
conceções de bem, de modo a maximizar a utilidade que difere entre indivíduos e
consoante o tempo;
o A teoria da justiça como equidade defende um critério de justiça prévio ao
conceito de bem, enquanto os utilitaristas definem o conceito de bem previa e
independentemente do conceito de justo (justo é o que maximiza o bem).
Concluímos que a sociedade justa é aquela que é constituída por instituições justas que
evitam a discriminação arbitrária na atribuição dos direitos e deveres básicos.
Para atingir os princípios mencionados anteriormente, Rawls defende a necessidade da
dispersão do capital e dos recursos, através das leis de sucessões e doações; da igualdade
equitativa de oportunidades, através da formação e educação; da existência de instituições
destinadas a defender a liberdade política.
A aplicação dos dois princípios de justiça social de John Rawls ao contexto empresarial
pode ser sistematizada da seguinte forma:
Quatro abordagens:
Quando os interesses dos vários stakeholders são incompatíveis, quais devem prevalecer?
Os interesses dos acionistas ou os de outras partes interessadas?
Quem interpreta os interesses dos vários stakeholders? São os gestores que os inferem, ou
são as próprias partes interessadas que os afirmam? Nesse caso que mecanismos deve a
empresa usar para identificar esses interesses e escutar as partes interessadas?
Se a empresa tem deveres para com as várias partes interessadas, terão estas, por sua vez,
obrigações para com a empresa? Por exemplo, terão os empregados obrigação de
permanecer na empresa, depois de esta os ter apoiado na formação, mesmo que as
propostas de outras empresas sejam mais favoráveis?
Esta teoria tem sido acolhida no seio da União Europeia, mas suscita questões cuja resposta
pode ser complexa. Nesse sentido é que as empresas têm princípios que codificam as
responsabilidades dos vários grupos, como por exemplo: United Nations Global Compact e
Caux Round Table (Principles for Business).
A. Fatores culturais:
De entre os fatores culturais, as características nacionais e culturais são as mais influentes no
processo de tomada de decisão ética, explicando-se as diferenças em 4 fatores:
B. Fatores Individuais:
Fatores psicológicos
- Locus de controlo: Determina o que cada indivíduo acredita ser a sua capacidade de controlo sobre os
acontecimentos da sua vida. Os indivíduos com locus de controlo interno tendem a responsabilizar-se
pelas suas ações e respetivas consequências e a resistir mais à pressão dos pares para agir de uma forma
contrária ao que acreditam. Verifica-se a inexistência de um número significativo de investigação
empírica que demonstre os efeitos do locus de controlo na decisão ética.
C. Fatores organizacionais:
Tendo em consideração que a cultura é se refere ao conjunto de crenças aprendidas, tradições, e
linhas de conduta partilhados entre os membros de um grupo, quando se aplica à organização esta
exprime a partilha de valores e crenças e manifesta-se de diversas formas (regras formais, normas para
o comportamento quotidiano, formas de vestir, linguagem, mitos, rituais, heróis, histórias). A cultura
une grupos/pessoas numa organização, variando, portanto, consoante a organização.
No que respeita à Cultura Ética, esta pode ou não estar embebida na cultura da organização, sendo
que envolve um quadro multisistémico (processo dinâmico) que afere se a organização tem ou não uma
cultura ética. Assim, alinham-se dois sistemas para conferir se a organização tem ou não
comportamentos éticos:
Modelo de Desenvolvimento Moral das Organizações (Reidenbach & Robin, 1991): Serve
como instrumento para construir uma cultura ética numa organização, fazendo o balanço
entre o lucro e ética em 5 etapas. No entanto, nem todas as organizações passam por
todas as etapas, sendo que uma organização pode iniciar-se em qualquer etapa e o
processo pode ser regressivo:
o Etapa 1 – Organização Amoral: O lucro e produtividade são valores dominantes,
pelo que o sucesso se ganha a qualquer custo. Existe um grande poder e
autoridade, sendo os empregados vistos como meros fatores de produção;
o Etapa 2 – Organização Legalista: O que importa é a lei: aquilo que é legal, é justo.
O lucro continua a ser o valor dominante, mas aqui verifica-se uma obediência à
lei que está ausente na etapa anterior, pelo que o lucro deve ser legal;
o Etapa 3 – Organização recetiva: Inclui valores para além da produtividade e
legalidade, ou seja, inclui deveres sociais e obrigações (consciencialização da
importância dos empregados e da comunidade onde se encontram inseridos),
mas por uma questão de interesse (obtenção de boa imagem no mercado). O
código de ética começa a assumir importância, mas para orientação interna;
o Etapa 4 – Organização ética emergente: Verifica-se um balanço entre a ética e o
lucro, reconhecendo-se a existência de um contrato social entre os negócios e a
sociedade. O código de ética passa a ter componentes de orientação externa,
contemplando os diversos stakeholders (manuais de conduta, declarações dos
líderes, provedores de ética, meios de denúncia).
o Etapa 5 – Organização ética: Verifica-se um equilíbrio entre a ética e o lucro.
Recorre-se à análise SWOT para antecipar problemas e analisar alternativas. A
aplicação do código de ética assume uma elevada importância. Os colaboradores
são treinados, recompensados ou punidos tendo em vista a adoção de condutas
eticamente corretas.
Modelo de cultura ética: Há um conjunto de etapas pelas quais uma empresa deve passar
para ter uma cultura considerada ética:
Estas etapas têm por base intervenções de caráter opcional, no entanto são cada vez mais importantes
para assegurar a ética nas organizações:
Auditorias éticas: Têm como objetivo analisar se o código de ética está a ser cumprido.
Destinam-se principalmente às grandes empresas.
Meios de denúncia: Têm como objetivo incentivar a aplicação de comportamentos éticos.
Comissão de ética: Têm como objetivo fiscalizar e assegurar o cumprimento de normas, bem
como punir práticas indesejadas, nomeadamente fraudes, corrupções e assédios, por exemplo.
Nem todas as empresas têm uma comissão de ética. Em empresas mais pequenas, é o GRH que
tem este papel.
Há que ter em conta que existem fatores que influenciam a eficácia dos códigos de ética,
nomeadamente:
O tom positivo/negativo
A legibilidade
A relevância
O realismo
O apoio da gestão de topo
A formação
O reforço
A atuação quotidiana de acordo com os ditames do código
Os requisitos sobre a obrigatoriedade de comunicar as violações
A linha telefónica anónima
A publicitação das violações
A execução/cumprimento.
Códigos Deontológicos: A Deontologia é uma disciplina da Ética adaptada ao exercício de uma profissão,
ensinando o homem a agir corretamente na sua profissão, tendo em vista os princípios fundamentais da
moral. Os valores de uma profissão não podem ser incompatíveis com os valores sociais, mas têm de ir
mais além na sua aplicação a situações específicas.
Este tipo de códigos tem como objetivo proteger os interesses e direitos dos destinatários dos serviços
da profissão e dos próprios profissionais, bem como reforçar o sentimento de pertença a uma
comunidade profissional de valores, saberes e interesses, promovendo, desta forma, a identidade,
dignidade e prestígio da profissão.
Recrutamento e Seleção:
o Dilemas de origem discriminatória a nível de idade, sexo e etnias;
o Situações de R&S impostas pelos gestores de topo;
o Dificuldades de distanciamento em determinados processos de R&S;
o Recrutamentos realizados a partir do LinkedIn onde se pede diretamente o contacto
ao candidato e não o CV;
o Recrutamento omitindo dimensões dos projetos ou elogiando em excesso.
Avaliação de Desempenho:
o Avaliação de desempenho com critérios subjetivos;
o Dificuldades de distanciamento;
o Avaliação de desempenho sem o acompanhamento de todo o percurso do
colaborador;
o “O que fazer com os resultados?”.
Situações de despedimento:
o Despedimentos com critérios injustos;
o Dificuldade em comunicar o despedimento por receio da reação do colaborador.
Remunerações e benefícios:
o Injustiças na atribuição de salários;
o Inexistência de métricas que permitam a equidade na atribuição de prémios e regalias;
o Retirada de regalias por alegação de uso pessoal.
Como recrutar?
Como selecionar?
Critérios utilizados para a seleção dos candidatos: Os critérios utilizados para a seleção dos
candidatos deverão ter apenas a ver com as competências necessárias para o desempenho da
função, independentemente do género, raça/etnia, deficiência, idade, crença e outros temas
específicos, tais como a orientação sexual. Nas entrevistas deve-se avaliar a adequação da
pessoa ao emprego em questão e focar-se nas capacidades individuais do candidato.
Utilizar políticas de discriminação positiva: Como política de discriminação positiva, poder-se-á
facilitar o acesso de candidatos de grupos minoritários à fase de pré-seleção e tentar incluir os
mesmos no grupo dos candidatos finais, desde que estes detenham as competências
necessárias para o desempenho da função.
Indicadores Quantitativos:
o Mulheres na organização;
o Mulheres em cargos de chefia;
o Colaboradores com idade superior a 45/50 anos;
o Colaboradores de etnias diferentes;
o Colaboradores provenientes de instituições de ensino especial;
o Colaboradores com incapacidades permanentes.
Indicadores Qualitativos:
o Programas especiais com vista à contratação de pessoas com deficiência, com
capacidade de trabalho reduzida ou com doença crónica (para além do limite legal);
o Programas para a inserção e/ou reinserção na organização de ex-reclusos, de jovens
em risco, de toxicodependentes e de pessoas que adquiriram alguma deficiência;
o Programas de recrutamento e seleção de indivíduos com idade superior a 45 anos ou
desempregados há mais de 2 anos;
o Processos de formação para além do estabelecido legalmente;
o Projetos/programas em parcerias com entidades locais para oferta de serviços de
apoio ao colaborador ou à sua família.
A corrupção geralmente é definida como "o uso indevido do poder confiado para ganho privado". A
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção exige que os Estados ratificantes proíbam, no
mínimo:
No entanto, cada Estado Membro é livre para ir além dos padrões mínimos estabelecidos na Convenção.
O 10º Princípio do Pacto Global da ONU exige que as empresas trabalhem contra a corrupção em todas
as suas formas, incluindo extorsão e suborno.