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MBA 32ª Edição

2015-2017

Dilemas Éticos nos Negócios e nas Práticas Empresariais

ANÁLISE DO CASO ERIN BROCKOVICH: PERSPETIVA ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Maria Nunes
Professor Dr. Fernando Lopes Ribeiro Mendes
Índice

I. SUMÁRIO EXECUTIVO_______________________________________________________________ 2
II. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ________________________________________________________ 2

Ética: Ética utilitarista de Mill Versus Ética deontológica de Kant ___________________________________________________ 2


Ética Utilitarista – Abordagem Consequentalista __________________________________________________________________ 2
Ética deontológica – Abordagem Universalista ___________________________________________________________________ 3

Ética nos Negócios ___________________________________________________________________________________________ 3


Responsabilidade Social das Empresas __________________________________________________________________________ 4

III. ANÁLISE DO CASO __________________________________________________________________ 4


Perspetiva utilitarista e deontológica ___________________________________________________________________________ 5
Discussão do Caso _________________________________________________________________________________________ 5
Postura da Empresa _________________________________________________________________________________________ 6
Recomendações: Qual o caminho que teria seguido? _______________________________________________________________ 6

IV. BIBLIOGRAFIA ______________________________________________________________________ 8


V. ANEXO A ____________________________________________________________________________ 8

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I. Sumário Executivo
Este trabalho, que envolve os Dilemas Éticos Nos Negócios e Nas Práticas Empresariais como objeto de
estudo, tem como objetivo estudar as atitudes éticas e de responsabilidade social na tomada de decisão de alguns
gestores. O trabalho apresenta-se na modalidade de pesquisa exploratória, complementada por um estudo de caso.
Este trabalho acadêmico encontra-se alicerçado sobre um arcabouço teórico que fundamenta os tópicos Ética, Ética
nos Negócios, Modelos de Gestor Moral e de Mercado Moral e Responsabilidade Social das Empresas (RSE). À
luz dessas considerações preliminares faz-se uma análise crítica do caso em estudo.

II. Enquadramento Teórico


O vetor/força de mudança como sendo a emergência da Responsabilidade Social (RS) das organizações pode ser
considerado como uma oportunidade ou ameaça à aprendizagem organizacional. As empresas estão, hoje, perante
um ambiente de constante mudança, refletido pelas diferentes exigências dos novos consumidores, pela forte
pressão dos concorrentes e sobretudo pelo acelerado desenvolvimento tecnológico onde a RS é vista como uma
exigência feita às organizações. Neste contexto, a competitividade entre empresas leva a que estas tenham que estar
preparadas para acompanhar estas mudanças e responder a esse desafio. Perante tal cenário tão agressivo as
empresas têm de encontrar o seu ponto de equilíbrio entre o lucro, relacionamentos e uma boa carteira de clientes,
visando não permitir que a ganância conduza os gestores para o precipício do capitalismo selvagem. De facto,
diversos são os escândalos relacionados com desvios de conduta nos negócios que destroem os pilares da ética e
frustram a sociedade.

Ética: Ética utilitarista de Mill Versus Ética deontológica de Kant


A ética pode ser considerada como um conjunto de valores e regras sociais que distinguem o que está certo do que
está errado, ou seja, indicam quando um comportamento é socialmente aceitável ou não. De uma forma geral e
tendo em conta o pensamento ocidental, os dois grandes pilares do edifício da fundamentação da moral são a ética
deontológica e a ética utilitarista. Estas duas teorias distinguem-se, essencialmente, na forma como valorizam os
dois critérios mais frequentemente utilizados para distinguir uma ação moralmente correta de uma moralmente
errada – A intenção e as consequências ou resultados da ação.

Ética Utilitarista – Abordagem Consequentalista


John Stuart Mill (1806-1873) defendia que o objetivo da ética é a maior felicidade para o maior número de pessoas
possíveis, sendo que o padrão ético do utilitarismo seja “estão certas as ações que produzam a maior quantidade
possível de bem-estar”. Segundo Mill, no momento de tomar uma decisão, o gestor utilitarista pensa que a melhor
ação a fazer é aquela que, entre todas as alternativas disponíveis, mais promove o bem-estar ou felicidade do maior
número possível de pessoas que são afetados pelas nossas ações. O utilitarista advoga “o maior bem para o maior
número”. Para o utilitarista, na perspetiva dos seus críticos, uma pessoa pode desrespeitar uma das regras morais
básicas, como a de “não matar” ou de “não mentir”, e, ainda assim, agir moralmente, desde que essa sua ação
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proporcione uma maior quantidade de felicidade a um número de pessoas maior do que as pessoas a quem provocou
dor ou sofrimento. Por exemplo, nesta perspetiva é correto matar um indivíduo inocente se se souber que a morte
desse indivíduo vai permitir salvar a vida a outras quatro pessoas.

Ética deontológica – Abordagem Universalista


Por sua vez, a ética Kantiana é deontológica porque defende que o valor moral de uma ação reside em si mesma –
na sua intenção – e não nas suas consequências. Em geral, uma teoria deontológica considera que agir moralmente
consiste em cumprir o dever pelo dever e que há deveres absolutos, ou seja, deveres que é obrigatório cumprir
independentemente das consequências. Segundo Kant, uma ação pode ter boas consequências e não ter valor moral.
As consequências de uma ação não têm qualquer relevância para determinar o valor moral dessa ação, quer essas
consequências sejam boas ou más, uma vez que o valor moral de uma ação é determinado pela intenção do agente.
Uma ação com valor moral pode ter boas consequências mas não são as boas consequências que a tornam
moralmente valiosa. Para Kant, basta cumprir o dever, pois o que realmente importa é o modo ou a forma como
cumprimos o dever.

Ética nos Negócios


O conceito de ética nos negócios surge estritamente relacionado com o conceito de responsabilidade social das
organizações. No plano empresarial, a ética tem a ver com a tomada de decisões de gestão, isto é, quais as escolhas
efetuadas pelos gestores face a uma pluralidade de opções, tendo como plano de fundo a moralidade. Se por um
lado é dado adquirido que as organizações contribuem para o bem-estar das pessoas através da qualidade da gestão
pelo simples facto de procurarem atingir os seus objetivos pré-determinados, por outro lado há que ter em conta
que existem inúmeras situações em que os interesses da organização são diferentes dos interesses da sociedade,
levando, por vezes, a atuações menos éticas. Ainda, no que a este tópico diz respeito Boatright (1999) defende que
a ética nos negócios tem vindo a assentar as suas afirmações teóricas e académicas num modelo concetualmente
errado, referindo-se a este como o Modelo de Gestor Moral (Moral Manager Model), por oposição ao modelo que
o próprio defende como sendo o correto, o Modelo de Mercado Moral (Moral Market Model). Para este autor o
primeiro modelo assume o principal enfoque na gestão de topo das organizações. Estes são os principais
responsáveis pelo desenvolvimento da cultura organizacional das suas organizações e devem por tal não só atuar
moralmente, como também pensar moralmente. Por sua vez o Modelo de Mercado Moral defende que esta
responsabilidade não deve estar inteiramente assente na gestão de topo, que no entender do autor é facilmente
corruptível, especialmente quando o lucro tem mais relevância e se eleva para lá da ética e do moralmente correto.
Por tal, este mercado moral deverá se regulado por legislação própria que defenda os princípios morais e éticos.
Desta forma, qualquer decisão tomada de forma incorreta do ponto de vista ético, deixaria de ser uma opção
passando assim a ser uma infração ao conjunto de leis que então regulasse esse Mercado Moral. Ora tendo em
conta a teoria deontológica de Kant assim como a teoria defendida por Smith (2005) os dois modelos acima

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propostos não são de todo opostos, como defende Boatright, e muito menos impossíveis de coexistir. De facto
através da aplicação simultânea dos dois modelos pode criar-se um ambiente organizacional verdadeiramente ético
e moral. Se a empresa não possuir uma cultura organizacional que privilegie um Modelo de Gestor Moral, no qual
a gestão de topo tem um papel preponderante na sua condução, não serão o conjunto de leis que obrigaram a
organização a criar essa cultura – recorde-se que segundo Kant “ Para que uma ação seja correta não basta
cumprimos os nossos deveres, porque não é o que fazemos mas a intenção com que o fazemos que determina se a
nossa ação é moralmente valiosa”.

Responsabilidade Social das Empresas


A RSE é a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais nas operações quotidianas das organizações
e na interação com todas as partes interessadas. Trata-se de um modo de contribuir para a sociedade de forma
positiva e de gerir os impactos sociais e ambientais da organização como forma de assegurar e aumentar a
competitividade (Wheelen, et al., 2015). Assim sendo, uma organização que seja socialmente responsável deverá
ter em consideração, nas decisões que toma, a comunidade onde se insere e o ambiente em que opera. Existem
assim três perspetivas inerentes à RES (Wheelen, et al., 2015): 1ª Perspetiva. Milton Friedman apresenta uma
visão tradicional sobre este conceito, na medida em que o mesmo está em desacordo com a noção de
responsabilidade social, acrescentando ainda que tal conceito se traduz apenas em ineficiência organizacional,
sendo claro no que respeita ao objetivo das empresas – maximização dos lucros. 2ª Perspetiva. Archie Carroll
apresenta-nos a sua visão de responsabilidades do negócio considerando que uma empresa tem mais
responsabilidades para além da geração de lucros. Este autor defende uma hierarquia de responsabilidades, que
segundo a sua visão, as empresas devem cumprir, sendo estas: (i) Económicas; (ii) Legais; (iii) Éticas; (iv)
Filantrópicas. Este autor defende ainda que as responsabilidades éticas /filantrópicas deveriam ser implementadas
pelo governo com responsabilidades legais, desta forma assegura-se que são cumpridas em todas as empresas.
Temos aqui uma clara postura que se enquadra no Modelo de Mercado Moral abordado no ponto anterior. 3ª
Perspetiva. A teoria de stakeholders proposta por (Freeman, 1984) defende que o gestor de uma empresa deve
atuar segundo múltiplos objetivos que devem atender as necessidades dos seus stakeholders, isto é, dos seus
acionistas, colaboradores, clientes, fornecedores, financiadores e sociedade. Sousa e Almeida (Sousa 2006)
ampliam a rede, acrescentando a ela os sindicatos e os concorrentes. Mais tarde, Oliveira (Oliveira, et al., 2008)
adiciona a essa rede de interessados o governo, média e Organizações Não Governamentais. Nesta ótica, a gestão
empresarial deverá ser conduzida para garantir o apoio de cada um desses interessados.

III. Análise do Caso


A descrição do caso em estudo consta do Anexo A. A sua análise será realizada à luz dos conceitos apresentados
na seção enquadramento teórico. Primeiramente faz-se uma análise segundo as perspetivas utilitaristas e
deontológicas finalizando-se com uma análise crítica do caso e recomendações.

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Perspetiva utilitarista e deontológica
Perspetiva Utilitarista. As proposições básicas da teoria utilitarista partem do princípio que uma ação é
moralmente correta ou errada apenas em função estrita das suas consequências. Neste caso as consequências teriam
de ser avaliadas de forma a poder escolher a melhor alternativa eticamente aceitável. Um utilitarista faria um estudo
de custo-benefício de forma a identificar qual a estratégia que faz aumentar mais a utilidade para o maior número
de pessoas – antes de emitirmos juízos de valor sobre as suas ações temos olhar para as suas consequências. A
PG&E é moralmente responsável pela morte e doenças das pessoas da pequena cidade. No entanto, quais foram as
consequências desse ato? Dele resultou mais ou menos bem-estar no mundo? Quantas pessoas foram prejudicadas
pelos danos provocados em Hinkley? Foi maior o número de pessoas prejudicadas ou o de beneficiadas? Se
estivermos atentos ao filme poderemos ver que as pessoas que beneficiam dos serviços da empresa é bastante
superior ao número de pessoas afetadas pelo impacto da utilização do crómio 6 na fábrica perto da pequena cidade
de Hinkley. Numa perspetiva utilitarista as doenças e mortes estão a ser mais do que compensadas pela felicidade
e bem-estar dos 30 milhões de habitantes que utilizam a energia elétrica fornecida pela PG&E. Portanto, neste caso
falamos de medir a preservação da vida de algumas pessoas de Hinkley cuja indeminização custou 333 milhões ou,
por sua vez, fornecer energia a cerca de 30 milhões de pessoas? Para um gestor utilitarista a resposta a esta questão
irá definir a justiça da ação da empresa.
Segundo a autora deste trabalho coloca-se uma nova questão: será que a compensação de 333 milhões é
representativa dos custos associados à dignidade humana? De facto, para a intuição moral comum trata-se de um
ato moralmente errado e por tal os fins não justificam os meios. Desta forma trata-se de uma ação não ética pelo
facto de se encontrarem violados os direitos humanos.
Perspetiva Deontológica. Segundo esta perspetiva estamos perante uma empresa que apenas busca o lucro a
despeito da vida das pessoas. Erin Brockovich foi motivada pela ética deontológica dos direitos e da justiça.
Recorrendo à aplicação de princípios utilitaristas por parte de PG&E conseguiu fazer justiça apelando para tal à
violação dos direitos humanos. De facto, as declarações enganadoras feitas pela empresa em relação à segurança
da água para consumo próprio, assim como a chantagem feita a algumas famílias, representam uma violação dos
seus deveres. Acrescenta-se ainda as medidas tomadas para esconder provas incriminatórias que mostra que as
ações não são universalmente aceites e por tal, segundo Kant, são antiéticas.
Na opinião da autora deste trabalho, tendo por base a teoria deontológica, PG&E deveria ter dito a verdade
independentemente das consequências pois esse era o seu dever. Mentir é um ato moralmente incorreto e que viola
as exigências do imperativo categórico.

Discussão do Caso
O caso alavanca consigo uma série de questões éticas e de falta de responsabilidade social, na medida em que a
empresa em estudo havia, sistematicamente, cometido crimes ambientais que resultaram em inúmeros casos de

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mortes, doenças como cancro e más formações de crianças, entre os habitantes da pequena cidade de Hinkley. Uma
organização socialmente responsável deveria ter em consideração, nas decisões que toma, a comunidade onde a
mesma se insere e o ambiente em que opera. Tendo por base a teoria de Freeman a organização deveria ter feito a
identificação e análise dos stakeholders com peso direto para afetar as atividades da empresa, assim como,
identificado os interessados que seriam afetados indiretamente e negativamente pelas atividades da empresa.
A questão ética que mais se destaca neste caso está relacionada com a deceção dos membros da comunidade de
Hinkley ao descobrir que a PG&E os tinha enganado em relação à qualidade da água – a mentira. A empresa
mentiu quando deu garantias que a água da cidade era de perfeita qualidade para consumo próprio sem que tal fosse
verdade. Outra questão ética que se destaca neste caso está relacionada com suborno – a corrupção evidente via
ofertas monetárias a algumas famílias e ao escritório de advogados onde Erin trabalhava. Este caso envolve também
questões de suborno feitos pela empresa a alguns membros de Hinkley para retirar as queixas contra eles aceitando
que os seus problemas de saúde nada tinham a ver com os impactos causados pela empresa. De entre as normas e
princípios éticos derrubados destacam-se os seguintes: Confiança; Falta de respeito; Negligência; Responsabilidade.
Ela faltou com a sua palavra à comunidade de Hinkley assim como ao Planeta Terra!
Este caso é levado a tribunal e a PG&E é condenada a pagar 333 milhões de dólares em indeminizações. Este caso
levou ainda à necessidade de se criarem “regras e leis” que satisfizessem as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de gerações futuras. Note-se aqui uma postura que se enquadra perfeitamente no Modelo
de Mercado Moral apresentado no enquadramento teórico.

Postura da Empresa
A abordagem adotada pela organização não foi satisfatória devendo-se tal, principalmente, às causas relacionadas
com as questões éticas levantadas. Embora a empresa tenha pago aos membros da comunidade, conforme indicado
pelo tribunal, uma indeminização, a verdade é que ela deveria ter sido mais responsável e cuidadosa demonstrando
mais preocupação para com a sociedade e com a comunidade Hinkley. No mundo atual, o individualismo e a
competição entre empresas parece fazer triunfar o utilitarismo: os fins justificam os meios!

Recomendações: Qual o caminho que teria seguido?


De seguida sugerem-se algumas medidas que poderiam ser tomadas pela empresa:
 Atuando como gestor moral e tendo por base o Modelo de Mercado Moral, sugere-se que sejam tomadas
as medidas necessárias para monitorizar a qualidade da água de forma a evitar que a mesma fosse fornecida
à população, se infetada;
 Assim que foi detetado que a água se encontrava poluída a empresa deveria ter informado a população,
evitando os riscos de doenças e as mortes que se vieram a verificar;
 Sugere-se que todos os colaboradores que não atuaram de forma ética durante o processo sejam afastados
da organização. Uma conduta ética só é possível se cada um dos intervenientes atuar nesse sentido,

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particularmente não colocando os seus interesses pessoais à frente dos interesses da organização e da
sociedade.
Em suma, as situações de falta de ética são originadas, na maior parte dos casos, pela incompatibilidade entre os
interesses da organização, os interesses pessoais dos seus membros ou entre os interesses da própria organização e
os da sociedade. Estas situações ocorrem geralmente quando se tentam atingir benefícios, financeiros ou outros, no
curto prazo, a “qualquer preço” e por quaisquer meios (sem olhar a meios - mesmo ilegais, ilícitos ou injustos).
Tomar medidas de prevenção para evitar que os gestores das organizações se desviem da conduta ética desejada
exige um empenho total das empresas e da sociedade. Neste cenário o Modelo de Mercado Moral não deixa de ser
relevante, devendo a legislação evoluir cada vez mais no sentido de estimular e servir de suporte à tomada de
decisão empresarial ética e socialmente responsável. A análise das duas perspetivas, utilitarista e deontológica, foi
uma demonstração clara da dificuldade da aplicação das normas de ética empresarial na tomada de decisão.
As empresas devem assumir as suas responsabilidades na vida quotidiana e contribuir para aspetos como, a coesão
social, o respeito pelos direitos humanos e a proteção do meio ambiente. A responsabilidade social das empresas
passa por apostar no desenvolvimento sustentável, e também, no diálogo das empresas com os diferentes
stakeholders não esquecendo as organizações que defendem o consumidor, o meio ambiente e os direitos humanos.
Num mundo onde, infelizmente, a violência e os maus hábitos já se tornaram comuns há que acreditar que ser ético
é ser diferente, portanto, construir a reputação de uma marca com base em valores e ética pode ser visto como um
diferencial competitivo que contribui para a longevidade dos negócios e para a sua permanência no mercado!

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IV. Bibliografia

Boatright, john R. 1999. Does Business ethics Rest on a Mistake? Journal of Business Ethics. 4 de Quartely 9 de
1999, pp. 583-591.
Carroll, A. B. 1979. A Three dimensional conceptual model of corporate performance. Academy of management
review (pre-1986). 4 de Outubro de 1979, p. 282.
Freeman, R E. 1984. Strategic Management: A Stakeholders Approach. . Boston : Pitman, 1984.
Nash, L L. 1993. Ética nas empresas: boas intenções à parte, . São Paulo : Makron Books, 1993.
Oliveira, José A and Puppim. 2008. Empresas na sociedade: sustentabilidade e responsabilidade social. Rio de
Janeiro : Elsevier, 2008.
Smith, Jeffery D. 2005. Moral markets and moral managers revisited. Journal of Business Ethics. 2005, pp. 129-
141.
Sousa, Almir Ferreira and Jose, Ricardo. 2006. O Valor da Empresa e a influência dos Stakeholders. São Paulo :
Saraiva, 2006.
Wheelen, Thomas L., et al. 2015. Srategica Management and Business Policy - Toward Global Sustainability.
14th. s.l. : Pearson, 2015.

V. Anexo A
A empresa Pacific Gas & Electric (PG&E) responsável pela produção de petróleo para gás natural – através de
químicos usados na sua atividade (crómio hexavalente), disseminados no lençol freático, contaminou a água da
pequena cidade Hinkley. Na localidade os moradores, em larga escala, mostravam sintomas de padecimento, tendo
sido diagnosticadas doenças cancerígenas, falhas de órgãos vitais e bebés com deficiências à nascença. Foi alegado
que estas consequências advinham da água que a população bebia. O filme, do realizador Steven Soderberg, “Erin
Brockovich”, datado de 2000 é baseado neste caso verídico de uma ação nos EUA. Esta história tornou-se famosa,
pois retrata a história de uma mulher solteira que mesmo sem os conhecimentos em advocacia, envereda por uma
investigação deste caso que confronta esta grande empresa, a PGE, acabando por descobrir que a empresa está a
contaminar as águas de uma pequena cidade localizada na Califórnia, Hinkley.
A empresa PG&E fornecedora de gás e energia elétrica para cerca de 30 milhões de pessoas detém um
património estimado em 30 bilhões de dólares. A empresa faliu em 2001 e recuperou em 2004. A PGE utilizava
crómio em tubos de refrigeração para evitar a corrosão das torres de compressão na unidade próxima da cidade de
Hinkley. A utilização desta substância acabava por contaminar os lençóis freáticos utilizados pela população de
Hinkley para o seu abastecimento de água. Os riscos ao ambiente e à saúde da população criados pela PG&E eram
concretos e iminentes. Salienta-se que a poluição dos lençóis freáticos é dos tipos de poluição mais nocivas, tendo

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em conta que põe em causa o acesso a água potável. Logo, analisando o caso à luz do ordenamento nacional e
europeu - art.66/2 CRP e art.3º a) da Lei de Bases do Ambiente, bem como a diretiva 2000/EC/53 (que explicita
as substâncias proibidas do qual o crómio hexavalente faz parte) – facilmente este efeito pode ser evitado havendo
um monitorização das águas e conhecimento da profundidade das mesmas nos locais onde estão instaladas fábricas
que pressupõe na sua actividade a utilização de susbtâncias de risco e ainda se necessário, ordenar às empresas a
instalação de filtros biológicos. A dificuldade probatória, nos casos de exposição a substâncias químicas prende-se
essencialmente com a comprovação da relação causa/efeito do produto tóxico específico com a hipotética fonte,
visto que por mais perigosas que sejam as substâncias, os efeitos produzidos no organismo humano dependem
sempre do tempo e do grau de exposição.
A ausência na proteção de um bem natural terá sempre consequências no globo e na vida do Homem, estas podem-
se manifestar direta ou indiretamente.

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